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Crimes Ambientais em Unidades de Conservação Estaduais da Região Metropolitana de Manaus, junto à Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente do Amazonas

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO INPA

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM GESTÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS NA AMAZÔNIA – MPGAP

CRIMES AMBIENTAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS, JUNTO À DELEGACIA

ESPECIALIZADA EM CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE DO AMAZONAS, NO PERÍODO DE 2008 A 2012.

IZOLDA DE CASTRO E COUTO VALLE

Manaus, Amazonas Abril-2014

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IZOLDA DE CASTRO E COUTO VALLE

CRIMES AMBIENTAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS, JUNTO À DELEGACIA

ESPECIALIZADA EM CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE DO AMAZONAS, NO PERÍODO DE 2008 A 2012.

ORIENTADORA: Prof. Dra. Rita de Cássia Guimarães Mesquita CO-ORIENTADOR: Rogério Fonseca

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre

Manaus, Amazonas Abril - 2014

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Sinopse:

Este trabalho quantifica e caracteriza os crimes ambientais em Unidades de Conservação Estaduais da Região Metropolitana de Manaus, junto à Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente do Amazonas, no período de 2008 a 2012.

Palavras chave: Crimes. Meio Ambiente. Unidades de Conservação. Região Metropolitana. Delegacia do Meio Ambiente. Monitoramento. Fiscalização. Controle.

V175 Valle, Izolda de Castro e Couto

Crimes Ambientais em Unidades de Conservação Estaduais da Região Metropolitana de Manaus, junto à Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente do Amazonas / Izolda de

Castro e Couto Valle. --- Manaus: [s.n], 2014. x, 64 f. : il. color.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2014. Orientador : Rita de Cássia Guimarães Mesquita. Coorientador : Rogério Fonseca.

Área de concentração : Conservação e Uso de Recursos naturais. 1. Crimes Ambientais. 2. Unidades de Conservação. 3.Fiscalização ambiental. I. Título.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, pela saúde, força, coragem e sabedoria para entender e superar as dificuldades.

A todos os meus familiares, em especial a minha mãe, Maria Antônia Castro do Couto Valle, que, com carinho, incentivo e amor, compreenderam minha ausência.

“In memoriam” ao meu pai Fábio Antônio Teixeira do Couto Valle. Ao meu Esposo Fernando Nogueira pela dedicação e apoio incondicional. Aos meus orientadores, pela atenção dispensada.

A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que esse trabalho se realizasse.

Ao INPA por toda estrutura e disciplinas oferecidas.

À Coordenação de Pós-Graduação em Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia pelo apoio logístico e empenho em proporcionar um curso de qualidade.

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v

"Ah... mas quem sou senão uma formiguinha das menores, que anda pela terra cumprindo sua obrigação!." (Chico Xavier).

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RESUMO

A proteção de toda a riqueza natural existente no Estado do Amazonas ainda é um grande desafio para o governo e demais órgaõs defensores da natureza. Apesar de ter 98% da floresta preservada, diariamente se depara com situações de riscos ambientais e condutas lesivas ao meio ambiente natural, principalmente desmatamentos e queimadas. Fatores tais como, o desconhecimento da importância da região para o mundo e a ganância humana são destaques nesse cenário ameaçador ao ecossistema local. A presente dissertação tem por foco o estudo das Unidades de Conservação estaduais localizadas na Região Metropolitana de Manaus, no período de 2008-2012, procurando quantificar, identificar e analisar dados registrados junto à DEMA e ao Sistema Integrado de Segurança Pública – SISP, no que se refere à ocorrência de crimes ambientais nesses espaços. Para a consecução dos objetivos traçados foi realizada uma pesquisa multidisciplinar com ênfase no aspecto jurídico, visto que se realizou um estudo da legislação ambiental aplicável à proteção dessas áreas, especialmente a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998), que define os crimes ambientais e trata das sanções para as condutas lesivas contra o meio ambiente, relacionando-a aos dados estatísticos coletados. Conclui-se que se faz urgente soluções em curto e em médio prazo para combater os crimes ambientais no Estado do Amazonas, como a realização de operações mensais e melhorias na estruturação da Delegacia do Meio Ambiente e, em longo prazo, sugere-se a criação de um Departamento dentro da Instituição Polícia Civil, voltado exclusivamente ao combate dos crimes ambientais em todo o Estado do Amazonas, passando a DEMA a ser parte de integrante de um novo departamento.

Palavras-chave: Unidades de Conservação; Região Metropolitana de Manaus; Lei de Crimes

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ABSTRACT

The protection of all natural wealth existing in the state of Amazonas is still a major challenge for the government agencies and other defenders of nature. Despite having 98 % of preserved forest, daily faced with situations of environmental risks and harmful to the natural environment, particularly deforestation and burning behavior. Factors such as the lack of importance of the region to the world and human greed are featured in this scenario threatening the local ecosystem. This dissertation is focused on the study of conservation units state located in the Metropolitan Region of Manaus , in the period 2008-2012 , seeking to quantify , identify and analyze data recorded by the DEMA and the Integrated Public Safety System - SISP , as refers to the occurrence of environmental crimes such spaces. To achieve the objectives outlined multidisciplinary research with emphasis on the legal aspect was performed, since we carried out a study of the environmental legislation applicable to the protection of these areas, especially the Environmental Crimes Law ( Law 9605 of February 12, 1998), which defines crimes against the environment and deals with penalties for conduct detrimental to the environment, relating to the statistical data collected. We conclude that it is very urgent solutions to short and long term to combat environmental crimes in the State of Amazonas, such as making monthly operations and improvements in the structuring of the Police of the Environment and in the long term, we suggest the creation a Department within the Institution Civil Police, dedicated exclusively to combating environmental crimes throughout the state of Amazonas, where the DEMA would be an integral part of a new department.

Keywords: Conservation Units; Metropolitan Region of Manaus; Environmental Crimes Act;

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RESUMEN

La protección de toda la riqueza natural que existe en el estado de Amazonas sigue siendo un gran desafío para las agencias gubernamentales y otros defensores de la naturaleza . A pesar de tener el 98% de los bosques conservados , todos los días se enfrentan a situaciones de riesgos ambientales y perjudiciales para el medio natural, en particular la deforestación y comportamiento frente al fuego . Factores como la falta de importancia de la región para el mundo y la codicia humana se presentan en este escenario que amenaza el ecosistema local. Esta tesis se centra en el estudio de las unidades de conservación estado situado en la Región Metropolitana de Manaus, en el período 2008-2012 , a fin de cuantificar , identificar y analizar los datos registrados por el DEMA y el Sistema Integrado de Seguridad Pública - SISP , como se refiere a la ocurrencia de crímenes ambientales tales espacios. Para lograr los objetivos trazados de investigación multidisciplinar con énfasis en el aspecto legal se llevó a cabo , ya que se llevó a cabo un estudio de la legislación ambiental aplicable a la protección de estas áreas , especialmente la Ley de Delitos Ambientales (Ley 9605 de 12 de febrero , 1998) , que define los delitos contra el medio ambiente y se ocupa de las sanciones por conductas perjudiciales para el medio ambiente , en relación con los datos estadísticos recopilados . Llegamos a la conclusión de que es muy urgentes soluciones a corto y largo plazo para luchar contra los delitos ambientales en el Estado de Amazonas , como realizar operaciones mensuales y mejoras en la estructuración de la Policía de Medio Ambiente y en el largo plazo , se sugiere la creación un departamento dentro de la Policía Civil Institution , dedicado exclusivamente a la lucha contra los delitos ambientales en todo el estado de Amazonas , donde el DEMA sería una parte integral de un nuevo departamento .

Palabras clave: las unidades de conservación ; Región Metropolitana de Manaus ; Ley de

Delitos Ambientales ; delitos ambientales ; Especializado en Delitos de la Policía contra el Medio Ambiente.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURA ... XI

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 JUSTIFICATIVA ... 16

3 DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ... 20

3.1 BREVES CONSIDERAÇÕES ... 20

3.2 CONCEITO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ... 21

3.3 CLASSIFICAÇÕES DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ... 22

4 CRIMES AMBIENTAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO À LUZ DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA ... 24

4.1 A APLICABILIDADE DA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS NA PROTEÇÃO DAS UC‟S ... 25

4.2. CRIMES CONTRA A FAUNA (ART. 29 A 37) ... 27

4.3 CRIMES CONTRA A FLORA (ART. 38 A 53) ... 29

4.4 POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS (ART. 54 A 61) ... 32

5 A DELEGACIA ESPECILAIZADA EM CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE (DEMA) E A APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ... 34

5.1 CRIAÇÃO, IMPORTÂNCIA E ATRIBUIÇÕES DA DEMA ... 34

5.2 DOS PROCEDIMENTOS POLICIAIS ... 35

6. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS DO AMAZONAS ... 41

6.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS ... 43

6.1.1 Parque Estadual Sumaúma ... 46

6.1.2 Parque Estadual do Rio Negro Setor Sul ... 47

6.1.3 Parque Estadual do Rio Negro - Setor Norte ... 48

6.1.4 Área de Proteção Ambiental (APA) da Margem Esquerda do Rio Negro Setor Tarumã-Açu/Tarumã Mirim ... 49

6.1.5 Área de Proteção Ambiental (APA) da Margem Esquerda do Rio Negro Setor Aturiá/Apuazinho ... 49

6.1.6 Área de Proteção Ambiental da Margem Direita do Rio Negro Setor Paduari/Solimões ... 50

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x

6.1.7 Área de Proteção Ambiental (APA) da Caverna do Maroaga ... 51

6.1.8 Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro. ... 52

6.1.9 Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista ... 53

7. CRIMES AMBIENTAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS, JUNTO À DELEGACIA ESPECIALIZADA EM CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE DO AMAZONAS, NO PERÍODO DE 2008 A 2012 ... 55

7.1 OBJETIVOS ... 55

7.1.1 Objetivo Geral ... 55

7.1.2. Objetivo Específicos ... 55

7.2 MATERIAL E MÉTODOS ... 56

7.2.1 Localização e caracterização da área de estudo ... 56

7.2.2 Materiais Utilizados ... 56

7.2.3 Procedimentos Metodológicos ... 56

7.3 RESULTADOS E DICUSSÃO ... 57

CONCLUSÃO ... 72

(11)

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Sistema INFOPOL ... 17

Figura 2 - Sistema atual de gerenciamento de ocorrência - SISP... 18

Figura 3 - Sistema atual de gerenciamento de ocorrência – SISP ... 19

Figura 4 - Crimes contra a fauna ... 29

Figura 5 - Crimes contra a flora ... 31

Figura 6 - Crimes contra a flora ... 32

Figura 7 - Crimes contra a flora ... 32

Figura 8 - Procedimentos de Apuração dos Crimes Ambientais pela DEMA ... 38

Figura 9 - Distribuição das unidades de conservação estaduais do Amazonas (2008) ... 42

Figura 10 - Mapa da região metropolitana de Manaus ... 43

Figura 11 - Mapeamento do desmatamento das Unidades de Conservação do baixo rio Negro 45 Figura 12 - Área desmatada nas Unidades de Conservação em 2011 ... 45

Figura 13 - Distribuição das Unidades de Conservação na Região Metropolitana de Manaus46 Figura 14 - Parque Estadual Sumaúma ... 47

Figura 15 - Parque Estadual do Rio Negro Setor Sul ... 48

Figura 16 - Parque Estadual do Rio Negro - Setor Norte ... 48

Figura 17 - Área de Proteção Ambiental (APA) da Margem Esquerda do Rio Negro Setor Aturiá/Apuazinho ... 50

Figura 18 - Área de Proteção Ambiental (APA) da Caverna do Maroaga ... 52

Figura 19 - Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro ... 53

Figura 20 - Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista ... 54

Figura 21 - Crimes contra a flora ... 62

Figura 22 -Crimes contra a flora ... 63

Figura 23 -Desmatamento na RMM do município de Rio Preto da Eva, com carvoarias cladestinas ... 64

Figura 24 - Poluição atmosférica em olarias clandestinas na RMM ... 64

Figura 25 -Crime contra a Fauna resultante do desmatamento em ocupações irregulares ... 65

(12)

1 INTRODUÇÃO

O Estado do Amazonas, com aproximadamente 1,5 milhão de km², possui em seu território uma vasta área florestal, com cerca de 10% de toda reserva florestal dos trópicos úmidos do planeta, distribuída ao longo de mais de 96% desta superfície. A proteção de toda essa riqueza natural ainda é um grande desafio para o governo e demais órgaõs defensoreres da natureza, pois mesmo no Estado do Amazonas, que tem o mérito de ser o estado no qual 98% da floresta encontra-se preservada, diariamente se depara com situações de riscos ambientais e condutas lesivas ao meio ambiente natural, principalmente desmatamentos e queimadas. Fatores tais como, o desconhecimento da importância da região para o mundo e a ganância humana são destaques nesse cenário ameaçador ao ecossistema local.

É notório que muitas pessoas desconhecem os reais efeitos negativos da devastação da Amazônia para a vida no Planeta. No tocante a essa questão, Thiago de Mello (1991) afirmou que “o desconhecimento da Amazônia é tão vasto quanto ela própria e o homem está destruindo uma coisa que ele não sabe bem o que é”. Outros, contaminados pela ambição do lucro, pouco se importam com o futuro da humanidade e não se intimidam em lançar suas garras vorazes sobre as riquezas naturais da região.

De fato, o desconhecimento e a cobiça humana, nacional e internacional, já devoraram parte preciosa do maior pedaço verde do planeta – a floresta Amazônica e, apesar do decréscimo nos índices de desmatamentos das últimas décadas, divulgados anualmente pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE), surgem medidas preventivas que salvaguardem o que se encontra preservado e repressivas em relação ao que já foi destruído a fim de desestimular condutas maléficas ao meio ambiente local e a ocorrência de danos futuros.

Nesse aspecto, o Estado do Amazonas tem uma difícil tarefa de proporcionar aos seus habitantes um desenvolvimento social pautado na preservação do meio ambiente, levando-se em consideração que é possível o desenvolvimento da região com aproveitamento racional de seus recursos naturais, conforme já exposto London e Kelly (2007, p.9):

Para preservar a Amazônia, é preciso tocá-la. Não se pode erguer uma cerca ao seu redor para impedir a entrada das pessoas, nem expedir ordens de despejo para os 20 milhões que nela residem. Há que usá-la com cuidado nos locais em que é possível usá-la. E há que preservá-la nos lugares em que ela deve ser preservada. Ela não é nem um museu nem um terreno a ser indiscriminadamente devastado e desenvolvido sem critérios.

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13 A Constituição Federal de 1988 reconheceu o meio ambiente sadio como um direito fundamental e atribuiu ao Poder Público e à coletividade a tarefa de proteção e preservação do meio ambiente, e dentre suas inovações criou o instituto do “espaço territorial especialmente protegido” para designar uma área sob regime especial de administração, com o objetivo de proteger os atributos ambientais justificadores do seu reconhecimento e individualização pelo Poder Público.

Assim, com a missão de harmonizar a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico o legislador constitucional, no art.225, § 1°, inciso III atribuiu ao Poder Público o dever de:

III - Definir, em todas as unidades da federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.

Em consonância com a nova terminologia constitucional, a Lei 7.804 de 18.07.1989, deu uma nova redação ao art. 9, VI, da Lei nº 6.938/1981, incluindo o espaço territorial especialmente protegido no rol dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

É importante que se diga que o legislador constitucional não delimitou quais seriam as áreas consideradas especialmente protegidas ficando essa tarefa ao legislador infraconstitucional, que de acordo com as características de relevância ambiental do espaço poderá instituir, através de lei, esses espaços. Como espécie desses espaços temos as Unidades de Conservação que por suas características naturais se adaptam ao instituto.

Como instrumento normativo destinado a estabelecer diretrizes para a instituição, implantação e gestão das UC`s destaca-se a lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Em seu art. 2º, I define o termo unidade de conservação como “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. Estas áreas de proteção podem ser criadas no âmbito federal, estadual ou municipal e estão divididas em dois grupos: de Uso Sustentável e de Proteção Integral.

O Estado do Amazonas, segundo dados da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, através do Centro Estadual de Unidades de Conservação

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14 (CEUC) 1 possui 42 Unidades de Conservação Estaduais, totalizando aproximadamente 19 milhões de hectares de áreas protegidas.

O foco do presente projeto são as UC`s Estaduais, tanto de Uso Sustentável quanto de Proteção Integral, localizadas na região metropolitana de Manaus, que compreende atualmente os seguintes municípios: Manaus, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, Itacoatiara, Careiro da Várzea, Iranduba, Novo Airão e Manacapuru. Nesse espaço, existem 9 UCs Estaduais, a seguir relacionadas:

a) Parque Estadual (PAREST) Sumaúma; b) PAREST Rio Negro Setor Sul;

c) PAREST Rio Negro Setor Norte.

d) Área de Proteção Ambiental (APA) da Margem Esquerda do Rio Negro Setor Tarumã-Açu/Tarumã-Mirim;

e) APA da Margem Direita do Rio Negro Setor Paduari/Solimões; f) APA da Caverna do Maroaga;

g) APA da Margem Esquerda do Rio Negro Setor Aturiá/Apuazinho; h) Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro; i) RDS Puranga Conquista.

Conforme se pode notar, 06 (seis) são de Uso Sustentável e 03 (três) são de Proteção Integral, o que demonstra a vocação do Estado, por suas peculiaridades, em instituir na região áreas protegidas de uso sustentável.

O SNUC, bem como a Lei Complementar Estadual nº 53 de 05 de junho de 2007, que institui o Sistema Estadual de Unidades de Conservação do Estado do Amazonas, constituem-se em importantes instrumentos normativos na defesa e proteção desconstituem-ses relevantes espaços naturais, em harmonia como o sistema constitucional brasileiro e demais leis infraconstitucionais que direta ou indiretamente contribuem para a proteção do meio ambiente.

Apesar da existência no Brasil de um importante arcabouço jurídico destinado à proteção das Unidades de Conservação, a realidade mostra que a legislação ambiental em vigor não tem sido capaz de frear de forma eficaz e satisfatória as ações antrópicas nessas

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Disponívelem:< http://www.sds.am.gov.br/2011-09-27-04-55-44/noticias/conservacao-e-bioversidade

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15 áreas. Prova disso são as diversas infrações ambientais praticadas nesses espaços que chegam ao conhecimento das autoridades através de denúncias junto aos institutos de proteção ambiental, secretarias e órgãos ligados ao meio ambiente, Ministérios Públicos (estaduais e federais) e delegacias de combate aos crimes ambientais.

No que se refere à apuração de crimes contra o meio ambiente, ressalte-se a importância das Delegacias Especializadas em Crimes Ambientais na aplicação da Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. Nesse instrumento normativo, encontra-se um capítulo dedicado à previsão de infrações criminais contra a fauna, flora, poluição e outros crimes ambientais aplicáveis às condutas lesivas praticadas nas UC`s e entornos. Para efeitos penais, deve-se considerar crime ambiental como sendo qualquer conduta ou atividade lesiva praticada contra o meio ambiente, seja por pessoa física ou jurídica.

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2 JUSTIFICATIVA

Para a apuração dos crimes ambientais, o Estado do Amazonas dispõe de uma Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA), localizada em Manaus com circunscrição em todo o Estado. Entretanto, em decorrência da grande dimensão territorial do Amazonas e, consequentemente, das dificuldades nas comunicações e transportes para o deslocamento de pessoal para regiões distantes da capital, muitos crimes ambientais ocorridos em UC`s não chegam ao conhecimento dessa Especializada, sendo resolvidos em unidades policiais existentes em municípios do interior do Estado.

Por outro lado, a proximidade dos municípios da região metropolitana de Manaus em relação à capital apresenta um grau de dificuldade menor na atuação da DEMA na apuração dos crimes ambientais ocorridos nas UC`s localizadas nessa região em relação ao que ocorre nos municípios distantes da capital.

As ocorrências de crimes ambientais em Unidades de Conservação Estaduais localizadas na região metropolitana de Manaus, no período de 2008 a 2012, chegaram ao conhecimento da DEMA, através de informações prestadas pelo público em geral que compareceu à delegacia ou através de ofícios expedidos por diversos órgãos, a saber: Ministério Público Estadual, Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (IPAAM), Secretária Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMMAS), bem como pelas operações de fiscalização realizadas pelo Batalhão de Policiamento Ambiental.

Essas informações foram registradas em boletins de ocorrência manuais e eletrônicos através do antigo Sistema de Informações (Infopol -sistema eletrônico de registro de Boletins de Ocorrência que apenas armazenava as informações sem, contudo, integrá-las.)2 e mais recentemente, pelo Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP - computacional de alta disponibilidade para o registro de informações dos órgãos de Segurança Pública, cujo objetivo básico consiste na integração dessas informações, inclusive on line, no sentido de otimizar o trabalho realizado por estes órgãos resultando num melhor atendimento às demandas da população)3.

2O Infopol, sistema utilizado na Policia Civil do Amazonas antes da implantação do SISP, consistia num sistema

eletrônico de registro de Boletins de Ocorrência que apenas armazenava as informações sem, contudo, integrá-las.

3O SISP é um sistema computacional de alta disponibilidade para o registro de informações dos órgãos de

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17 Ressalte-se que o SISP foi implantado na Polícia Civil do Amazonas no ano de 2012, em substituição ao Sistema de Informações Policiais (Infopol).

Assim, os dados a serem utilizados neste projeto encontram-se dispersos em registros feitos manualmente na DEMA e pelo banco de dados do Centro Integrado de Operações de Segurança - CIOPS. No sistema eletrônico Infopol, os dados foram registrados no período de 2008 a 09 de julho de 2010; de julho de 2010 a março 2012 os registros foram feitos manualmente, através do preenchimento de Boletins de Ocorrência em Formulários (BOF`s) e a partir do dia 12 de março de 2012 as ocorrências passaram a ser registradas eletronicamente pelo SISP.

Figura 1 - Sistema INFOPOL.

Fonte: DEMA, 2010.

Surgindo a necessidade de integrar essas informações e formar um Sistema de Informações de Crimes Ambientais junto à Secretaria de Segurança Pública, onde se

informações,inclusive on line, no sentido de otimizar o trabalho realizado por estes órgãos resultando num melhor atendimento às demandas da população.

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18 disponibilizarão informações precisas acerca do quantitativo e tipos penais ocorridos nas UC`s estudadas e entre outras áreas, a fim de fomentar ações preventivas e repressivas no combate aos crimes ambientais.

Neste diapasão, o presente trabalho destina-se a um levantamento de informações e análise crítica acerca dos dados referentes aos crimes ambientais ocorridos em UC`s Estaduais Proteção Integral e de Uso Sustentável da região metropolitana de Manaus, no período de 2008 a 2012, que chegaram ao conhecimento das autoridades policiais no âmbito da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente, através de requisições do Ministério Público Estadual (MPE), ofícios de órgãos ambientais e denúncias do público em geral, e que se encontram dispersos em boletins manuais e eletrônicos do Sistema Infopol e SISP, necessitando de integração num banco de dados.

No âmbito da Polícia Civil do Estado do Amazonas, o sistema INFOPOL era utilizado por todas as delegacias da Capital para registrar ocorrências sobre crimes, no caso da Delegacia do Meio Ambiente, crimes ambientais. Como já foi dito acima, esse sistema foi utilizado pela secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP/AM) apenas para o armazenamento de informações, no período de 2008 até 2012.

Logo após, em março de 2012, a SSP/AM implantou um novo sistema, em substituição àquele, o Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP). Este sistema de software é utilizado atualmente não apenas para o registro de ocorrências de crimes, mas também como fonte de integração entre os órgãos da SSP/AM, a saber: Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.

Figura 2 - Sistema atual de gerenciamento de ocorrência – SISP.

Fonte: DEMA, 2012.

Segundo reportagem do Portal do Governo do Estado do Amazonas de 13/12/2011, “O Sisp foi desenvolvido pela empresa Processamento de Dados Amazonas S/A (Prodam) e vai englobar o atual software usado pela SSP. O Sisp é mais amplo que o sistema atual, o Infopol,

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19 que hoje apenas armazena ocorrências. O novo software permitirá o cruzamento de dados on line”.

Figura 3 - Sistema atual de gerenciamento de ocorrência – SISP.

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3. DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

3.1 BREVES CONSIDERAÇÕES

O Decreto n° 23.793, de 23 de janeiro de 1934 – O Código Florestal, já fazia menção para a importância de conservação de florestas perenes, bem como a parques nacionais, estaduais e municipais, criando a primeira Unidade de Conservação do Brasil, em 1937, o Parque Nacional de Itatiaia. O legislador infraconstitucional instituiu o Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza através da Lei n° 9.985 de 18 de julho de 2000, vindo a consolidar em um único diploma todas as Unidades de Conservação, estabelecendo critérios e normas para a criação, implantação e gestão com objetivas e diretrizes que tornaram a aplicabilidade do sistema nacional mais estável e firme no arcabouço jurídico.

O aparecimento das Unidades de Conservação Ambiental, veio ao encontro desta moderna expectativa globalizante, onde o termo preservar deixou de ser enfatizado, passando a se admitir que conservar, significa, antes de tudo, criar mecanismos ecologicamente controlados e economicamente promissores. Antunes (2001) define as Unidades de Conservação como “espaços territoriais que, por força de ato do Poder Público, estão destinados ao estudo e preservação de exemplares da flora e da fauna, podendo ser públicas ou privadas”.

Em termos legais, unidades de conservação são “espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivo de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.

Uma importante distinção que a Lei n° 9.985 de 18 de julho de 2000, em comento trouxe foi a divisão das Unidades de Conservação em dois grandes grupos (art.7°): Unidade de Proteção Integral e Unidade de Uso Sustentável. Aquela tem por objetivo básico a preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos recursos naturais, esta se destina à compatibilização entre a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

O legislador ordinário em harmonia com que prescreve o art.225, § 1°, inc. III, da Constituição Federal, dispões no § 7° do art.22, que “a desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só poderá ser feita mediante lei específica”, deste não comprometa a totalidade dos atributos que justificam a proteção desses espaços. Antunes

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21 (2001) deixa claro que lei específica se entende por “lei formal, votada e aprovada pelo Poder Público”.

As áreas ao entorno das unidades de conservação, num raio de 10 quilômetros, também foram protegidas pelo legislador, através da do Decreto n° 99.274/90, dispondo que “qualquer atividade que possa afetar a biota, ficará subordinado às normas emitidas pelo CONAMA”, cabendo a este órgão a competência para estabelecer normas gerais relativas às Unidades de Conservação.

3.2. CONCEITO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

As Unidades de Conservação são espaços territoriais com seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, garantindo a representatividade de amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação dos limites definidos sob regime especial de administração, aos que se aplicam garantias adequadas de proteção (Brasil, 2000).

Milaré (2004, p. 239) discorrendo sobre unidade de conservação como área protegida, destacou que:

As unidades de conservação, previstas e definidas na Lei nº 9.985/2000, constituem, portanto, uma das categorias de espaços territoriais especialmente protegidos previstos pelo Texto Constitucional. Toda unidade de conservação é uma área especialmente protegida, mas a recíproca não é verdadeira pois a própria Constituição traz exemplos de biomas que recebem tutela especial, e nem por isso são, na sua totalidade, unidades de conservação

Significa dizer que nem toda área protegida pode ser considerada uma unidade de conservação, para isso deve haver uma declaração expressa através de ato do Poder Público. Yanai (2010), citando vários autores destaca a importância das áreas protegidas:

São instrumentos estratégicos de proteção das florestas tropicais. Essas áreas têm um papel fundamental na proteção dos direitos das populações tradicionais e na preservação da biodiversidade, pois evitam que extensas áreas de florestas intactas sejam desmatadas. Além disso, são ferramentas que auxiliam na sustentabilidade social, desenvolvimento econômico da região e na manutenção dos serviços ambientais. Dependendo da categoria, as áreas protegidas podem garantir a preservação integral ou parcial dos recursos naturais. Neste sentido, essas áreas podem exercer um efeito na redução das taxas futuras de desmatamento.

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22 Portanto, as áreas protegidas, dentre estas as UC`s, são imprescindíveis nos aspectos social, econômico e ambiental das populações humanas; tanto daquelas ocupantes de suas áreas ou entornos quanto daquelas que, embora não ocupantes dessas áreas, usufruem, direta ou indiretamente, de seus benefícios ambientais.

As Unidades de Conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, Unidades de Proteção Integral e de Uso Sustentável que serão definidas e classificadas a seguir.

3.3 CLASSIFICAÇÕES DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

As Unidades de Conservações estão agrupadas de acordo com seu manejo e tipo de uso, podendo ser de Proteção Integral ou de Uso Sustentável. As de Proteção Integral tem como objetivo principal preservar a natureza, sendo admitido o uso indireto dos recursos naturais, como atividades de ecoturismo, pesquisa e educação ambiental, não sendo permitida a presença de moradores. As Unidades de Uso Sustentável têm como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos, conciliando com a presença humana.

O grupo de Unidades de Proteção Integral é composto por cinco categorias: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre, conceituados a segui, conforme o artigo 8º da Lei do SNUC, in verbis:

I- Estação Ecológica: “Áreas Públicas representativas de ecossistemas brasileiros, destinadas à realização de pesquisas básicas e aplicadas de ecologia, à proteção do ambiente natural e ao desenvolvimento da educação conservacionista (art.1° da Lei n° 6.902, de 27.04.81)”.

II- Reserva Biológica: “São áreas do domínio federal, dos Estados ou Municípios, com finalidades de conservação e proteção integral e permanente do ecossistema e recursos naturais, especialmente os renováveis, como reserva genética da flora e fauna, para fins científicos, educacionais e culturais, sendo proibida qualquer forma de exploração de seus recursos naturais (art.5°, alínea a do Código Florestal; idem, idem da Lei de Proteção à Fauna – Lei n° 5.197, de 03.01.67)”. III- Parque Nacional: “São áreas geográficas extensas e delimitadas, dotadas de atributos excepcionais, objeto de preservação permanente, submetidas às condições de inalienabilidade e indisponibilidade no seu todo, onde é proibida qualquer forma de exploração dos seus recursos naturais (art.5°, alínea a e seu parágrafo único do Código Florestal; art.1° do Decreto Federal n° 84.017, de 21.09.79)”.

IV- Monumento Natural: “São regiões, objetos ou espécies vivas de animais ou plantas, de interesse estético ou valor histórico ou científico, aos quais é dada proteção absoluta, com o fim de conservar um objeto específico ou uma espécie determinada da flora ou fauna, declarando-se uma região, um objeto ou uma espécie isolada, como sendo monumento natural, inviolável, exceto para realização de investigações cientificas devidamente autorizadas, ou inspeções oficiais (art.1°, III)

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23 da Convenção para Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América (Decreto Federal n° 58.054, de 23.03.66)”.

V- Refúgio da Vida Silvestre: “são áreas destinadas à conservação e sobrevivência de espécies da fauna, local ou migratória, e da flora. Podem incluir áreas particulares, desde que estas não entrem em conflito com os objetivos de conservação das espécies. A visitação pública e as atividades científicas são permitidas seguindo as normas estabelecidas pelo órgão administrador da unidade”.

O grupo de Unidades de Uso Sustentável é constituído por sete categorias de Unidades de Conservação, conforme art. 14 da Lei do SNUC: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular de Patrimônio Natural, conceituados a seguir:

Área de Relevante Interesse Ecológico – é uma área em geral de pequena

extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. Floresta Nacional – é uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de floretas nativas. Reserva Extrativista – é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. Reserva da Fauna – é uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequada para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. Reserva de Desenvolvimento Sustentável – é uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais, e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. APA- é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Reserva Particular do Patrimônio

Natural – é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de

conservar a diversidade biológica.

No Amazonas a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável (SDS) promove a conservação e implementação das áreas protegidas, por meio do Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC, que totaliza 42 Unidades de Conservação (34 de Uso Sustentável e ou 09 de Proteção Integral) distribuídas em mais 18 milhões de hectares gerenciados pelo Centro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC), que é vinculado à SDS e faz parte da Unidade gestora UGMUC, criada pela lei 3.244/2008.

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24

4. CRIMES AMBIENTAIS À LUZ DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

BRASILEIRA

No âmbito penal, o legislador infraconstitucional viu-se obrigado a editar uma lei que tipificasse as condutas lesivas ao meio ambiente que até então se encontravam esparsas em diversos dispositivos como o Código Penal, Leis das Contravenções Penais, Código Florestal (Lei n° 4.771/65), Lei de Proteção da Fauna (Lei n° 5.197/67) e a Lei de Proteção à Pesca (Lei n° 7.679/88) e outras leis. Essa multiplicidade de leis contribuía para dificultar a aplicabilidade da legislação até então existente.

A atuação do legislador infraconstitucional no sentido de criar uma lei penal específica, sancionadora das condutas lesivas ao meio ambiente, resultou na edição da Lei nº 9.605/98, Lei de Crimes Ambientais ou Lei da Natureza, como ficou popularmente conhecida. Essa lei tipifica os crimes contra o meio ambienta, dispondo ainda sobre o processo penal, a reparação ou indenização do dano e a cooperação internacional para a preservação do meio ambiente.

No âmbito administrativo, é importante destacar que a Lei nº 9.605/98 também dispõe sobre sanções administrativas em relação aos danos ambientais. O art. 70 considera infração administrativa ambiental “toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”, estabelecendo sanções administrativas, tais como advertência, multa, apreensão de animais, produtos e subprodutos da fauna e flora etc.

Na esfera cível, a Ação Civil Pública é o típico e mais importante meio processual de defesa ambiental, regulada pela Lei n. 7.437, de julho de 1985. Deste modo, se revela de suma a reflexão sobre instrumentos que possibilitam a preservação do meio ambiente. A Ação Civil Pública foi criada em benefício de todos para a proteção dos direitos transindividuais, difusos e individuais homogêneos, essa ação se apresenta como elemento primordial na defesa do meio ambiente, sendo o meio processual legítimo para pleitear a responsabilização por danos materiais e morais causados ao meio ambiente.

Nesse contexto jurídico, as proteções dos recursos naturais das Unidades de Conservação contam com uma legislação considerada por estudiosos do tema e juristas como uma das mais avançadas do mundo.

Por isso, Édis Milaré entende que “apesar de alguns senões apontados, houve inegável avanço no ordenamento jurídico ambiental como o tratamento agora mais sistêmico da tutela

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25 penal, por força da Lei 9.605/98. Com destaque, vale referir a inclusão de tipos culposos e a adoção de penas restritivas de direito, o que favorece o papel dos implementadores da legislação ambiental (agentes ambientais, polícia, Ministério Público e Poder Judiciário); possibilitou a construção de uma doutrina e jurisprudência adultas, aptas a consolidar as posições mais certas e as interpretações mais razoáveis”.

4.1 A APLICABILIDADE DA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS NA PROTEÇÃO DAS UCS

Conforme visto, a Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 , conhecida como Lei dos crimes ambientais, veio regulamentar o artigo 225 da Constituição Federal de 1988 visando cumprir e disciplinar a proteção jurídica do meio ambiente e unificar a legislação penal em matéria ambiental. Para Fiorillo (2004, p.19) o meio ambiente é “[...] constituído por solo, água, ar atmosférico, flora e fauna. Concentra o fenômeno da homeostase, consistente no equilíbrio dinâmico entre seres vivos e meio em que vivem [...]". Neste aspecto, ao prever crimes contra a fauna (Arts. 29ª 37), contra a flora (Arts. 38 a 53), e de poluição e outros crimes ambientais (arts. 54 a 61), destina -se também à proteção das unidades de conservação.

De início, no artigo 2° desta lei, traz a responsabilidade penal da pessoa física nos crimes ambientais e estabelece que autores, coautores e participes respondem pelo mesmo crime na medida de sua culpabilidade, além de diretores, administradores, membros de conselho e de órgão técnico, auditor, gerentes e preposto ou mandatário de pessoa jurídica que respondem pelo crime de ação ou omissão nos crimes ambientais.

Não se pode deixar de comentar neste estudo a responsabilidade penal da pessoa jurídica, prevista no artigo 225, §3º da Constituição Federal (1988) e regulamentada no artigo 3º da Lei Ambiental:

Art.3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou beneficio de sua entidade. Parágrafo Único. A responsabilidade da pessoa jurídica não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou participes no mesmo fato.

Outro importante aspecto da Lei de Crimes Ambientais é a não utilização do encarceramento como norma geral para as pessoas físicas criminosas, regulada pela Lei dos

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26 Juizados Especiais (Lei n° 9.099/95) e a valorização da intervenção da Administração Pública, através de autorização, licenças e permissões. A tônica da Lei é, portanto, a educação do infrator ambiental e a recomposição da natureza o que do ponto de vista ambiental é bem mais lógico, posto que uma vez destruído o meio ambiente, dificilmente poderá ser recuperado totalmente sua integridade.

Na aplicação da pena o juiz leva em consideração os danos causados a saúde pública e ao meio ambiente, os antecedentes do infrator em relação ao cumprimento da legislação de interesse ambiental e a situação econômica do infrator no caso de multa (artigo 6º lei 9605/98), considerando também os fatores que atenuam ou agravam a pena:

Art. 14 São circunstâncias que atenuam a pena: I – baixo grau de escolaridade do agente; arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; III – comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV – colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

São várias as situações que agravam a pena do infrator ambiental, frisando o que está estabelecido na alínea “e” do artigo 15 que há aumento de pena para os crimes cometidos em Unidades de Conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso.

Um importante instituto jurídico que a Lei em análise estabelece para a constatação do dano ambiental é a produção de um laudo pericial, com aduz o art.19 e o seu parágrafo único:

Art.19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeito de prestação de finança e cálculo de multa. Parágrafo único: A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.

A perícia ambiental, prevista no artigo 19, serve para constatar a materialidade do crime e, se possível, fixar o valor do prejuízo causado pelo crime ambiental e este valor apontado no laudo pericial servirá de subsídio para fixação de valor de fiança e cálculo da multa na sentença penal condenatória. Observa-se também o instituto jurídico da prova emprestada em seu parágrafo único, desde que instaurado o contraditório, abre-se as partes a oportunidade para a manifestação sobre a perícia realizada. As provas técnicas, civis ou criminais, possibilitam ao magistrado aplicar a medida legal prevista, reduzindo a impunidade e preservando a natureza.

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27 A importância da Lei de Crimes Ambientais para a prevenção ou repressão a crimes ambientais ocorridos no interior das Unidades de Conservação é incontestável, uma vez que condutas tais como desmatamentos, queimadas, danos à fauna, entre outras, que comumente ocorrem em UC‟s, encontram nessa lei uma tipificação que irá sujeitar o infrator a sanções penais que variam de meses a anos de reclusão. Assim, caso haja um desmatamento numa UC, a autoridade policial deverá buscar na referida lei um dispositivo que tipifique aquela conduta, como por exemplo, aquela contida no artigo 40, que considera crime ambiental “Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização” e prevê a pena de reclusão de um a cinco anos.

A lei além de prever crimes contra a fauna e flora, também trata de crimes de poluição, crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural e contra a administração ambiental, melhor especificados nos sub itens seguintes.

4.2. CRIMES CONTRA A FAUNA (ART. 29 A 37)

Segunda Édis Milaré fauna é o “Conjunto de animais que vivem numa determinada região, ambiente ou período geológico” (Milaré 2004, p.171), incluindo os animais da fauna terrestre e da fauna aquática.

A proteção da fauna representa a proteção do meio ambiente como um todo, pois ela faz parte de um ecossistema que necessita desse precioso elemento pa ra o equilíbrio ambiental.

O artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais preconiza que comete crime contra a fauna quem mata, persegue, caça, apanha, utiliza espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autoriz ação da autoridade competente ou em desacordo com a obtida e a pena deste crime é aumentada da metade, entre outros, se for cometido em Unidades de Conservação.

O artigo 32 da LA trata dos crimes de maus tratos, “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”, tendo a pena aumentada de um sexto a um terço se ocorre morte do animal.

Os crimes de pesca estão previsto nos artigos 34 a 36 da Lei Ambiental. O artigo 34 prevê a proibição da pesca em duas situações: Pescar em período proibido ou local proibido por órgão competente. Ressaltando que a lei define como pesca todo ato

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28 tendente a “Retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento, ameaçadas de extinção constante nas listas oficiais da fauna e da flora”. (Artigo 36 da Lei 9.605/98).

O artigo 29 da Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente, que protege especificamente a fauna, tutela também as unidades de conservação, prevendo como causa especial de aumento da pena de metade às condutas contra a fauna silvestre (por exemplo, utilizar ou matar espécime) quando praticadas em unidade de conservação (§4º, inciso V).

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. (...) § 4 A pena e aumentada de metade, se o crime e praticado: V - em unidade de conservação.

É evidente que o legislador ordinário, ao majorar a pena considerando que a ocorrência de crime contra fauna em Unidade de Conservação é agravante de penalidade, destaca a importância desses espaços protegidos para consolidar o que preconiza o Texto Constitucional quando diz acerca do equilíbrio ecológico e da proteção dos elementos bióticos, proporcionando o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas.

A LCA quando trata de crimes no interior de Unidades de Conservação demonstra mais severidade, pois quando as condutas assumirem, todavia, proporções a ponto de configurarem dano (significativo) à unidade de conservação, configurado estará o crime tipificado pelo artigo 40 da Lei n. 9.605/98, em concurso com o delito contra a fauna, já que atingidos distintos bens tutelados juridicamente por diferentes normais penais.

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Figura 4 - Crimes contra a fauna.

Fonte: DEMA, 2010.

4.3 CRIMES CONTRA A FLORA (ART. 38 A 53)

De acordo com Luís Paulo Sirvinskas, em seu Manual de Direito Ambiental, a definição de flora é entendida como:

“Flora é o conjunto de plantas de uma região, de um país ou de um continente. A flora não vive isoladamente, mas depende da interação constante entre outros seres vivos, assim como micro-organismos e outros animais. Trata-se do denominado ecossistema sustentado. Eugene P. Odum, citado por Érika Mendes de Carvalho, salienta “que toda comunidade de seres vivos – vegetais ou animais – interage com o meio circundante, com o qual estabelece um intercâmbio recíproco, contínuo ou não, durante determinado período de tempo, de tal forma que „um fluxo de energia produza estruturas bióticas claramente definidas e uma reciclagem de materiais entre as partes vivas e não-vivas‟. “Esse conjunto de fatores, respectivamente denominados biocenose e biótopo, dão origem a um complexo que recebe o nome de ecossistema sustentado graças às constantes trocas de matéria e energia, responsáveis por seu equilíbrio”. Não se pode dissociar o conceito de flora e fauna. Ambas estão intimamente ligadas, uma depende da outra e não pode viver sem a outra, denominando-se ecossistema sustentado, constituído pela interação constante e contínua entre flora e fauna [...].[...] A flora abrange as florestas (Floresta Amazônica, Mata Atlântica etc.) e quaisquer tipos de vegetação (cerrados, caatingas, restingas, manguezais, matas ciliares etc.).”(págs. 376-377)

Portanto, os crimes contra a flora configuram-se como qualquer interferência capaz de comprometer sua função ecológica ou ameace o futuro da espécie vegetal.

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30 Dentre os crimes contra a flora, destaca-se o desmatamento por ser um dos mais devastadores crimes ambientais, pelo altíssimo potencial de destruição dos e cossistemas, levando plantas e animais à extinção, alterando as condições climáticas, diminuindo as incidências de chuvas, elevando a temperatura da terra, alterando o nível de águas subterrânea e superficial, provocando a desertificação e outros malefícios ao planeta, Brandao, (2009).

No artigo 40 da lei de crimes ambientais está o crime de causar dano direto e indireto em Unidades de Conservação, tanto de proteção integral (Estações Ecológicas, Reservas Biológicas, Parques Nacionais, Monumentos Naturais e os Refúgios da Vida Silvestre) como de uso sustentável (Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas de Fauna, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares de Patrimônio Natural).

Para o crime de provocar incêndio em mata (extensões de terra onde se agrupam árvores nativas ou plantadas) ou florestas há um tipo penal específico, artigo 41 da lei ambiental, onde o autor pode ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário da área envolvida. A pena de reclusão é de 2 a 4 anos e este artigo protege qualquer floresta, mesmo que não se enquadre nas características de Floresta de Preservação Permanente.

Dentre os dispositivos aplicáveis aos crimes ambientais praticados contra UC`s, dois merecem destaque, por serem específicos a essas áreas protegidas, são os artigos 40 e 52 conforme exposto a seguir:

Art. 40. Causar dano direto ou indireto as Unidades de conservação e as áreas de que trata o art. 27 do Decreto n 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:

Pena – reclusão, de um a cinco anos.

§ 1. Entende-se por Unidades de conservação as Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, estações ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, áreas de proteção Ambiental, áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Publico.

§ 2. A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de conservação será considerada circunstancia agravante para a fixação da pena.

Pena - reclusão, de um a cinco anos. (...)

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:

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31 Conforme se vê, nos artigos supracitados o legislador utilizou o termo unidades de conservação em ambos os artigos facilitando a aplicabilidade dos dispositivos quando ocorrida uma das situações descritas. No art. 40, faz referência ao dano direto e indireto a essas áreas, segundo Freitas & Freitas (2001, p. 129) “Dano direto é aquele feito diretamente, como o abate de árvores de um parque nacional. O dano indireto é aquele causado não pelo resultado imediato da ação, mas sim por seus resultados posteriores [...]” prosseguindo em suas explanações os autores citam como dano indireto em uma unidade de conservação de uso sustentável a situação em que o diretor de uma empresa agropastoril manda derrubar a vegetação natural para o plantio de cultura em larga escala, sem proteger os recursos naturais da unidade, recursos estes utilizados pela população local para a própria sobrevivência.

O artigo 52 não traz grandes dificuldades de interpretação, bastando apenas esclarecer que instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais.

Podem ser consideradas substâncias próprias para caça, entre outras, armas de fogo, facas, gaiolas, armadilhas, apitos e alçapão. Instrumentos para exploração de produtos (por exemplo, árvores) ou subprodutos florestais (por exemplo, raízes, frutas e sementes) são todos os que permitam a extração total ou parcial daquelas riquezas naturais, como o machado, o serrote, a serra ou a enxada. (Freitas & Freitas, 2001, pp 154,155)

Figura 5- Crimes contra a flora

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Figura 6–Crimes contra a flora.

Fonte: DEMA, 2010.

Figura 7–Crimes contra a flora.

Fonte: DEMA, 2009.

4.4 POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS (ART. 54 A 61)

A Lei 9.605/98, no Capítulo intitulado “Da poluição e outros Crimes Ambientais”, artigos 54 a 61, contém a previsão de infrações penais referentes à poluição do ar, da água e do solo que causem danos à incolumidade dos seres humanos, dos animais e dos vegetais.

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33 De acordo com Hely Lopes Meirelles (apud Gilberto; Freitas 2001, p.168), poluição “é toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente, Revista F@pciência, Apucarana-PR, causada por agente de qualquer espécie, prejudicial à saúde, à segurança ou ao bem-estar da população sujeita aos seus efeitos.”

Nas palavras de Silva (2004, p.29), “a poluição é o modo mais pernicioso de degradação do meio ambiente natural. Atinge mais diretamente o ar, a água e o solo, mas também prejudica a flora e a fauna”.

Verificou-se que o conceito de poluição é amplo e abrange todos os tipos de poluição: do solo, da água, do ar, visual e sonoro. A poluição atmosférica e do solo são as mais comuns. A primeira se caracteriza pela emissão, no ar, de gases e produtos tóxicos nocivos ao meio ambiente, a segunda contamina a terra pelos dejetos líquidos ou sólidos das atividades industriais, comerciais e humanas, (Brandão, 2009).

No rol de crimes de poluição previstos na LCA, não há a previsão específica de crimes de poluição em Unidades de Conservação, porém utilizando analogicamente a previsão contida no art. 40 da norma tipificadora dos crimes ambientais se extrai que o legislador implicitamente previu o reconhecimento de crimes de poluição em UC`s, destaque o artigo.

Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata do art. 27 do Decreto n. 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização.

Neste diapasão, prevê o art. 54 da Lei 9.605/98: “Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”. Entendemos por poluição a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais.

Neste trabalho abordamos os crimes cometidos em Unidades de Conservação, que se trata de espaços especialmente protegidos por lei, tendo como um dos objetivos proteger da biota, e que conforme interpretação, poluição é qualquer degradação da qualidade ambiental, inclusive de afetação negativa da biota.

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34

5. A DELEGACIA ESPECILAIZADA EM CRIMES CONTRA O MEIO

AMBIENTE

(DEMA)

E

A

APLICAÇÃO

DA

LEGISLAÇÃO

AMBIENTAL

5.1 CRIAÇÃO, IMPORTÂNCIA E ATRIBUIÇÕES DA DEMA

No que se refere à apuração de crimes ambientais ressalte-se a importância das Delegacias Especializadas em Crimes Ambientais na aplicação da Lei n° 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, haja vista que o crime ambiental tem especificidades que reclamam um conhecimento técnico-jurídico especializado, visto que trabalha com vários conceitos a serem buscados em diversos ramos do conhecimento.

O principal instrumento legal de atuação das Delegacias Especializadas em Crimes Ambientais para efetivação dos procedimentos de apuração dos crimes ambientais é a Lei nº 9605/98. Nesse instrumento normativo há previsão de infrações criminais contra a fauna, flora, poluição e outros crimes ambientais aplicáveis às condutas lesivas praticadas nas UCs e entornos (Zonas de Amortecimento). No escopo de apurar os crimes ambientais, o Estado do Amazonas dispõe de uma Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Urbanismo (DEMAU), localizada em Manaus com circunscrição em todo o Estado. No contexto usual, a DEMAU é conhecida popularmente como DEMA, por sua atuação mais expressiva na apuração dos crimes ambientais.

A DEMA foi criada por meio da Lei Delegada nº. 60 de 29 de julho de 2005, pelo então governador Carlos Eduardo de Souza Braga, tendo como Sec. de Segurança Dr. Francisco Sá Cavalcante, como Delegado Geral da Polícia Civil Dr. Frederico de Souza Marinho Mendes e como Del. Geral Adjunto Dr. Luiz Humberto Monteiro, tendo na época como sede o prédio da Delegacia Geral da Polícia Civil. Anterior à criação da DEMA, o Estado contava apenas com um Núcleo de Proteção ao Meio Ambiental, dentro da estrutura organizacional da Polícia Civil, conforme o Decreto 22.773 de 22 de julho de 2002.

A Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente visa combater as infrações ambientais em todo o Estado do Amazonas, atuando na capital, Manaus e no interior, pautando-se na utilização da Lei 9605/98, combatendo os crimes contra: a fauna, a flora, a poluição de qualquer natureza e o ordenamento urbano e patrimônio cultural. Dentre as quais se destacam como infrações de maior incidência: o transporte ilegal de madeira, a

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35 pesca predatória, a extração ilegal de areia, de carvão, construção em solo não edificável, ausência de licenciamento ambiental, poluição sonora, queimada, desmatamento e outros crimes. Destaca-se também a repressão dos crimes contra a Administração Pública (Lei 6.766/79), tais como o parcelamento irregular do solo urbano e os loteamentos clandestinos.

Entretanto, em decorrência da grande dimensão territorial do Amazonas e, consequentemente, das dificuldades nas comunicações e transportes para o deslocamento de pessoal para regiões longínquas, muitos crimes ambientais ocorridos em UC`s não chegam ao conhecimento desta especializada, sendo resolvidos em unidades policiais existentes em municípios do interior do Estado. Por outro lado, a proximidade dos municípios da região metropolitana de Manaus em relação à capital facilita a atuação da DEMA na apuração dos crimes ambientais ocorridos nas UC`s localizados nesta região.

Neste sentido, a DEMA conta com o apoio do policiamento local, das Secretarias Municipais de Meio Ambiente e quando o crime ocorre em Unidade de Conservação, conta com a ajuda do órgão gestor da UC.

A DEMA está vinculada à Secretaria Estadual de Segurança Pública, por meio da Polícia Civil do Estado do Amazonas, no âmbito de sua atuação a Especializada tem conhecimento dos crimes ambientais através dos boletins de ocorrências, apresentações de flagrantes pelo Batalhão Ambiental, por requisições do Ministério Público e por ofícios de órgãos ambientais.

5.2 DOS PROCEDIMENTOS POLICIAIS

A notícia do crime chega à DEMA através do público, que comparece à delegacia para registrar Boletim de Ocorrência Policial, através da transferência de BO`s de outras unidades policiais, através de ofício do Ministério Público ou outros órgãos ligados ao meio ambiente como o IPAAM e a SEMMAS e apresentações dos infratores realizadas, principalmente, pelo Batalhão Ambiental da Polícia Militar.

O Ministério Público Estadual, através das promotorias de defesa do Meio Ambiente, recebem denúncias de crimes ambientais e solicitam via oficio sua apuração e levantamento dos elementos probatórios para embasar Ação Civil Pública ou Inquérito Civil.

No âmbito da Secretaria Estadual de Segurança Pública, tem-se as ocorrências de crimes ambientais que chegaram à DEMA através de memorandos das delegacias do interior do Estado ou através de transferência de Boletins de Ocorrência (BO`s) por meio do

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