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Contração de preposição em estruturas coordenadas

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Academic year: 2021

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(1)

Cristina Saenger Ximenes

Contração de Preposição em

Estruturas Coordenadas

Dissertação apresentada ao Departamento de Lingüística do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas como requisito parcial para a obtenção do titulo de Mestre em lingüística.

Orientador: Prof. Dr. Jairo Morais Nunes

Universidade Estadual de Campinas Instituto de Estudos da Linguagem

(2)

'

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA

BIBLIOTECA

IEL -

UNICAMP

Ximenes, Cristina Saenger

X41c Contração de preposição em estruturas coordenadas I Cristina Saenger Ximenes.-- Campinas, SP: [s.n.], 2002.

Orientadores: Jairo Morais Nunes

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem.

1. Gramática gerativa. 2. Minimalismo. 3. Orações coordenadas. 4. Morfologia. L Nunes, Jairo Morais. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. III. Título.

(3)

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Jarro Morais Nunes (IEL/UNICAMP) Orientador

Profa. Dra. Charlotte Marie Chambelland Galves (IEL/UNICAMP)

Profa. Dra. Evani de Carvalho Viotti (USP)

Profa. Dra. Mary Aizawa Kato Suplente

(4)

Por rmior que seja a

minha

aUdez de conl:xrirrmto,

não

pc5so extrair

das

coisas

rruis

do que

o

que

(5)

A Alexandre, grande amor que aconteceu na minha

vida.

(6)

Agradecimentos

Poucas coisas, senão nada na vida, conseguimos fazer sem a ajuda de outras pessoas. Com essa dissertação não foi diferente. Agradeço

aqui

a todos os que estiveram comigo em

algum

momento tomando esses três anos de mestrado mais agradáveis. Em particular, agradeço:

../ à

F APE SP,

pelo

auxílio finarreiro m

dois

pri,rriim

ara desse m:strada

../ a

f

airo

N

WES, trm

orientador

e m:stre. Seus ensÍ11arr1!nl:a,

irm1tiw

e

a:rfiança

faram.fimdam;ntais para a mdização dessa dissertaçãa

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pelas aulas,

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e no m:strado, que

tanto

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dela.

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par

cuidar

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minha

filha

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tinha

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ter

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aca/;mp,

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mni.

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tomaram as

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e

interessantes,

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Então,

obrigada

Síhia, Tdmz, Maria Oara, Hely, Ltrrdinha, FláUa,

M

ôniat,

Mateus, Manuel,

É

rica,

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Mamei, Irê,

juanito

e

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que pan.entura

eu

tenha

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elencar.

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e

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que

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suas

du:ts

criarç;s.

Sem a sua ajuda e armr eu

não~

aqui.

../ à ninha filha A na, que m:srm sem sakr,

foi

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parto

de

descanso, às uzes

par

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terrpo

loJw

dermis .

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pais, ();WJ!do

e Dinah,

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quem

eu

aprmii

quase

tudo

o que eu sei. Eu sei

que essa dissertação é

rmtiw

de

rmito

argu/ho

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eles .

../ aa m:us

irmia;, juli.ana, Isabl e ]aio Via:nte

par

seremfam!li.a.

../ aa m:us sc.gm, Seb:istião e Re;jna, e aa m:us

atnhada,

Guilherm:,

Daniel,

Wágn:r

e Renato,

par

m:

damn

urm fam!li.a em

Carrpinas.

(8)

Resumo

Esta dissertação analisa a contração da preposição em ambientes de coordenação. A análise proposta está baseada na teoria de Princípios e Parâmetros, mais especificamente, no Programa Minimalista conforme desenvolvido por Chornsky (1995).

As preposições podem ser divididas em quatro grupos conforme sua aparição nos termos coordenados: (i) casos em que a preposição pode aparecer apenas no primeiro termo coordenado ou nos dois termos coordenados, como exemplificado em (1); (ü) casos em que a preposição pode aparecer apenas no primeiro termo coordenado ou nos dois termos coordenados, mas a segunda preposição não pode estar presente na sintaxe, como exemplificado em (2);

(ili)

casos em que a preposição é obrigatória nos dois termos coordenados e as duas preposições têm que ter sido inseridas na sintaxe, como em (3); e (iv) casos em que a preposição é obrigatória nos dois termos coordenados e pode ter sido inserida tanto na sintaxe quanto na morfologia, como em (4):

(1) a. Eu conversei com o João e a Maria. b. Eu conversei com o João e com a Maria.

(2) a. Não gosto da idéia do João e a Maria comprarem o livro. b. Não gosto da idéia do João e da Maria comprarem o livro. (3) a. *A Ana saiu sem mim e você.

b. A Ana saiu sem mim e sem você. (4) a. *Eu me lembrei do João e a Maria.

(9)

O caso em (1) é analisado por Nunes (2001, a sair) e Hornstein e Nunes (2002) como sendo derivações com numerações diferentes. Em (la) a numeração contém apenas uma preposição e em (lb), a numeração contém duas preposições. Esta dissertação identifica três outros casos, como especificado acima. Seguindo a teoria da Morfologia Distribuída (Halle e Marantz 1993), a proposta apresentada é que a preposição, quando contraída com o determinante, como nos casos em (2b) e (4), sofre concatenação na morfologia. O Requerimento de Paralelismo exige que a operação ocorra nos dois termos coordenados, se tiver ocorrido em um deles e é por essa razão que a preposição precisa ser repetida nesses casos. Para os casos em (3), a proposta é que a preposição precisa estar presente nos dois termos coordenados por exigência dos pronomes, que precisam ser fortes para serem coordenados.

Abstract

This thesis analyzes preposition contraction in coordination. The analysis adopted here is inserted in the Principies and Parameters theory, more specifically, in the Minimalist Programas developed by Chornsky (1995).

The Portuguese prepositions can be divided into four groups in relation to its presence in the conjuncts: (i) cases in which the preposition can be present in the first conjunct only or in both conjuncts as exemplified in (1 ); (ü) cases in which the preposition can be present in the first conjunct only or in both conjuncts, but the preposition in the second conjunct cannot be inserted in the syntax, as exemplified in (2); (ili) cases in which the two prepositions are obligatorily present in both conjuncts and must be inserted in the syntax, as exemplified in (3); and (iv) cases in which the preposition is obligatorily present in both conjuncts with the second preposition being inserted both in the syntax or morphology, as exemplified in (4):

(10)

(1) a. Eu conversei com o João e a Maria.

I talked to the John and the Mary

b. Eu conversei com o João e com a Maria.

I talked to the John and to the Mary

(2) a. Não gosto da idéia do João e a Maria comprarem o livro.

Not like(151) of-the idea of-the John and the Mary to buy the book

b. Não gosto da idéia do João e da Maria comprarem o livro.

Not like(l'1) ofthe idea of-the John and of-the Mary to buy the book

'I don't like the idea of John and Mary buying the book' (3) a. *A Ana saiu sem mim e você.

The Ana left without me and you

b. A Ana saiu sem mim e sem você.

The Ana left without me and without you

(4) a. *Eu me lembrei do João e a Maria.

I remembered oj-the John and the Mary

b. Eu me lembrei do João e da Maria.

I remembered ofthe John and of-the Mary

Nunes (2001, forthcoming) and Hornstein and Nunes (2002) analyze sentences in (1) as cases of derivations with different numerations. In (la) the numeration has only one preposition and in (lb) the numeration has two prepositions. This dissertation identifies the other three cases, namely (2), (3) and (4). Following the Distributed Morphology theory (Halle and Marantz 1993), the proposal presented here is that in the cases in which the preposition in contracted with the determiner following it, as in (2b) and (4), the operation of merger is taking place in morphology. The Parallelism Requirement obliges the operation to take place in both conjuncts if it took place in one of them and this explains the obligatory presence of the preposition in both conjuncts in theses cases. As for the cases in (3), the proposal is that the preposition must be present in both conjuncts as a requirement from the pronouns, which must be strong to

(11)

"'

Indice

Capítulo 1 Introdução ... l Capítulo2 Aparato Teórico ... 13 2.1. Formação e redução de cadeia ... l4 2.2. Uma estrutura para a oração coordenada ... l8 2.3. O Requerimento de Paralelismo ... 23 2.4. Morfologia Distribuída ... 27 2.5. Resumo ... 34

Capítulo 3

A Presença da Preposição no Segundo Termo Coordenado ... 37 3.1. A segunda preposição permitindo

a leitura de dois eventos ... 38 3.2. A preposição pode estar presente no segundo termo coordenado,

mas não pode ter sido inserida na sintaxe ... 47 3.3. A preposição precisa estar no segundo termo coordenado

(12)

3.4. A preposição precisa estar no segundo termo coordenado, mas pode ter sido inserida tanto na sintaxe

quanto na morfologia ... 52

3.5. Conclusão ... .53

Capítulo4 Contração de Preposição e Coordenação ... 55

4.1. A segunda preposição satisfazendo o Requerimento de Paralelismo ... 56

4.2. Quando a contração ocorre apenas no segundo termo coordenado ... 82

4.3. Resumo ... 90

CapítuloS Quando a Contração é Opcional ... 91

5.1. C interferindo na adjacência ... 92

5.2. Sobre a opcionalidade ... 99

5.3. Coordenando o sujeito da oração encaixada ... 103

(13)

Capítulo 6

Analisando a Coordenação dos Pronomes ... l15 6.1. Os pronomes segundo Cardínaletti e Starke (1999) ... 116 6.2. Pronomes fortes, fracos e sua coordenação ... 121 6.3. Os pronomes se contraem com a preposição ... 136 6.4. Quando a preposição não pode estar no segundo

termo coordenado ... 143 6.5. Resumo ... 148

Capítulo 7

Conclusão ... 151

(14)

Capítulo 1

Introdução

Esta dissertação analisa estruturas coordenadas envolvendo preposições. Os dados abaixo mostram que, aparentemente, a coordenação de complementos verbais preposicionados pode acontecer entre DPs ou entre PPs:

(1) a. Eu falei sobre [opa música] e [oP o filme]. b. Eu falei [PP sobre a música] e [PP sobre o filme].

(2) a. Eu joguei contra [DP o Sampras] e [DP o Agassi]. b. Eu joguei (ppcontra o Sampras] e (ppcontra o Agassi].

(3) a. Eu viajei com [oP o Pedro] e [DP a Ana]. b. Eu viajei [PP com o Pedro] e [PP com a Ana].

Almeida (1969) exemplifica extensamente essas duas possibilidades fazendo uma correlação entre o número de preposições e o número de eventos. 1

(15)

Suponhamos uma luta entre um indivíduo, João, e dois outros, Pedro e Paulo. Diremos: ')oão lutou contra Pedro e Paulo"

ou "João lutou contra Pedro e contra Paulo"?

A segunda construção tem significado diferente da primeira, pms denota duas lutas separadas; João lutou primeiro contra um, depois contra outro. Se a luta foi uma só, a preposição não se repete: "João lutou contra Pedro e Paulo". (Almeida 1969:311)

Segundo Almeida, se os elementos coordenados constituem um só regime, então a preposição não pode ser repetida; mas se constituem regimes diferentes, a preposição aparece, então, nos dois termos coordenados:2

Não cabe, em tais casos, verificar se as palavras, regidas pela

preposição, são ou não antônimas; importa, isto sim, observar se elas constituem um só regime, conjunto, contemporâneo, ou, ao contrário, regimes diferentes, isolados. Quando se diz ''Viaja por terra e por mar", diz-se bem, e não seria possível de outra forma dizer. Os elementos não podem constituir elemento conjunto de "viajar"; a repetição da preposição 1mpõe-se. Quando considerando-se o caso contrário - diz alguém: "Destruir a ferro e

2 Almeida (1969:306) explica a relação de regime do seguinte modo: "Os termos ligados pela preposição denominam-se antecedente (o que vem antes da preposição) e conseqüente (o que vem depois). O antecedente vem a ser o termo regente (que rege, que tem outro debaixo de sua dependência, subordinante), e o conseqüente vem a ser o regime, isto é, o termo regido, subordinado; a preposição, juntamente com o conseqüente, constituem o complemento do termo

(16)

fogo", procede corretamente em não repetindo a preposição, uma vez que as palavras "ferro" e Hfogo" indicam elementos contemporâneos de destruição. (Almeida 1969:311-12)

No entanto, os fatos empíricos mostram um quadro diferente deste apresentado por Almeida (1969). Nunes (2001, a saír) e Homstein e Nunes (2002) observam que as sentenças com duas preposições são ambíguas, diferentemente das sentenças com apenas uma preposição. Observe os dados abaixo:

(4) Eu conversei com o João e a Maria (não-ambígua)

(5) Eu conversei com o João e com a Maria (ambígua)

(6) a. Eu conversei ontem com o João e a Maria.

b. *Eu conversei ontem com o João e domingo a Maria.

(7) a. Eu conversei ontem com o João e com a Maria.

b. Eu conversei ontem com o João e domingo com a Maria.

As sentenças em (6) mostram que a sentença (4) só pode ter a leitura de um único evento, enquanto (7) mostra que (5) pode ter tanto a leitura de apenas um evento, quanto a leitura de dois eventos. Apesar de Almeida (1969),

(17)

prescritivamente, não admitir a leitura de um evento para a sentença em (5), os falantes consultados julgam que as duas leituras são possíveis. O mesmo teste pode ser aplicado às sentenças com duas preposições em (1)-(3) e obteremos os mesmos resultados:

(8) a. Eu falei ontem sobre a música e sobre o filme. b. Eu falei ontem sobre a música e hoje sobre o filme. c. E·u falei ontem sobre a música e o filme.

d. *Eu falei ontem sobre a música e hoje o filme.

(9) a. Eu joguei ontem contra o Sampras e contra o Agassi. b. Eu joguei ontem contra o Sampras e hoje contra o Agassi. c. Eu joguei ontem contra o Sarnpras e o Agassi.

d. *Eu joguei ontem contra o Sampras e hoje o Agassi.

(10) a. Eu viajei sábado com o Pedro e com a Ana.

b. Eu viajei sábado com o Pedro e domingo com a Ana. c. Eu viajei sábado com o Pedro e a Ana.

(18)

Almeida (1969) apresenta alguns exemplos em que a repetição da preposição é obrigatória apesar de o regime ser um só, contrariando sua regra básica para a repetição da preposição:

Regimes das preposições "a" e "por", seguidas de artigo definido: Deve-se repetir a

preposição, quando repetido vem o artigo: "Opor-se aos projetos e aos

desígnios de alguém"

O

amais: "aos projetos e os desígnios") -"Caracteriza-se pelo talento e pelos relevantes méritos" Oamais "pelo talento e os relevantes méritos'') ( ... ) "choravam pelo pai e pela mãe" ( ... )

Se não se repetir o artigo, poder-se-á não repetir a preposição ( ... ): "Opor-se aos projetos e desígnios de alguém" - "Flagelado pela peste e estragos".

(Almeida 1969:312)

A esses dados, somam-se as sentenças (11)-(13), em que a preposição é obrigatória nos dois termos coordenados, mesmo com a leitura de apenas um evento, como demonstrado nas sentenças (14)-(16):

(11) a. *Eu votei no Pedro e a Ana. b. Eu votei no Pedro e na Ana.

(12) a. *Eu me lembrei do João e a Maria. b. Eu me lembrei do João e da Maria.

(19)

(13) a. *Ele se referiu ao Pedro e o Paulo. b. Ele se referiu ao Pedro e ao Paulo.

(14) a. *Eu votei no ano passado no Pedro e a Ana. b. Eu votei no ano passado no Pedro e na Ana.

(15) a. *Eu me lembrei ontem do João e a Maria. b. Eu me lembrei ontem do João e da Maria.

(16) a. *Ele se referiu ontem ao Pedro e o Paulo. b. Ele se referiu ontem ao Pedro e ao Paulo.

Os exemplos (11)-(13) mostram que não são só as preposições a e por que precisam ser repetidas obrigatoriamente, como apontado por Almeida, mas também as preposições de e em. O que podemos observar nos exemplos de Almeida e em (11)-(13) é que a preposição está contraída com o artigo e pode ser essa a motivação da repetição obrigatória da preposição.

Uma evidência de que é a contração que obriga a repetição da preposição é o fato de o dialeto que não exige artigo antes de nomes próprios admitir as sentenças (17) e (18) abaixo, com apenas uma preposição (com a leitura de apenas

(20)

um evento).3 Além disso, em ambos os dialetos, quando o complemento da preposição não sofre contração, as sentenças são aceitáveis com uma única preposição, como mostra (19):

(17) Eu me lembrei de João e Maria.

(18) Eu votei em João e Maria.

(19) Eu me lembrei de dois meninos e duas meninas.

Partindo dessas observações, uma das hipóteses defendidas nesse trabalho é a de que a preposição, em uma estrutura coordenada, deverá ser repetida quando estiver contraída com o artigo.

Apresento abaixo, no entanto, alguns exemplos que mostram que não é só quando a preposição se contrai com o artigo que deve ser repetida:

(20) a. *0 João se lembrou de mim e você. b. O João se lembrou de mim e de você.

(21)

(21) a. *A Ana saiu sem mim e você. b. A Ana saiu sem mim e sem você.

(22) a. *Pedro lutou contra mim e você. b. Pedro lutou contra mim e contra você.

(23) a. *Eu me lembrei de você e o João. b. Eu me lembrei de você e do João.

(24) · a. *0 João conversou comigo e você. b. O João conversou comigo e com você

(25) a. *0 João conversou com ele e você. b. O João conversou com ele e com você.

Em (20)-(22) vemos que também os pronomes precisam estar sempre acompanhados da preposição, mesmo que não aconteça contração e mesmo que a preposição não seja uma preposição que sofre contração, como as preposições sem e contra. (23) mostra que a repetição da preposição é obrigatória mesmo que apenas um dos termos coordenados seja pronome. Em {24), o primeiro termo coordenado é uma forma cristalizada no português, em que não se faz mais distinção entre preposição e pronome, ou seja, não existe a forma mígo no

(22)

português moderno, de modo que não é possível fazer a separação entre a preposição e o pronome. A existência dessa forma cristalizada e também de outras que estão em desuso, como consigo, conosco, pode nos fazer pensar que, em alguns casos, essa preposição se comporta como uma preposição do mesmo tipo das que se contraem. No entanto, (25) mostra que mesmo diante de pronomes com os quais o tipo de contração exemplificado em (24) não é possível, a preposição com continua sendo obrigatória nos dois termos coordenados. A minha proposta é que a preposição é obrigatória para tomar os pronomes fortes de modo que possam ser coordenados.

Para completar o paradigma, apresento abaixo um outro contraste interessante. Apesar de a contração ser obrigatória em casos como (12), repetido abaixo em (26), passa a ser opcional se o complemento da preposição for uma oração, como apontado por Mioto, Figueiredo Silva e Lopes (1999:128 n. 4) que apresentam os dados em (27) e (28):

(26) a. *Eu me lembrei do João e a Maria. b. Eu me lembrei do João e da Maria.

(27) a. O fato de os protestos terem sido veementes intimidou o presidente b. Apesar de os protestos terem sido veementes, o presidente não se

(23)

(28) a. *Quando os amigos de o presidente estão felizes, o povo está infeliz b. *Apesar de os protestos, o presidente saiu de férias

Acrescento ainda o dado em (29) para mostrar que se o sujeito da sentença encaixada for uma oração coordenada, a contração também é opcional. O dado em (30) mostra que a preposição também pode ser repetida nos dois termos coordenados, mas apenas se estiver contraída com o determinante:

(29) a. Não gosto da idéia de o João e a Maria comprarem o livro. b. Não gosto da idéia do João e a Maria comprarem o livro.

(30) a. *Não gosto da idéia de o João e de a Maria comprarem o livro. b. Não gosto da idéia do João e da Maria comprarem o livro.

A proposta que vou desenvolver nesta dissertação é a de que, nos casos de complemento sentencia!, a preposição presente no segundo termo coordenado é uma cópia feita no componente morfológico.

Pelos julgamentos que pude obter em português europeu,4 as propostas desenvolvidas nesta dissertação são válidas tanto para o português brasileiro quanto para o europeu, com uma única diferença referente à contração da

4 Agradeço a Ana Maria Martins, Telmo Móia e Pilar Barbosa pelos julgamentos em português

(24)

preposição quando seu complemento é uma sentença. Apontarei o contraste quando discutir esses casos no capítulo 5.

Esta dissertação está enquadrada dentro da teoria de Princípios e Parâmetros, mais precisamente do Programa Minimalista (Chomsky 1995), com algumas modificações introduzidas por Nunes (1995, 1999, 2001, a sair). Também assumo a teoria da Morfologia Distribuída (Halle e Marantz 1993) em que as palavras não são formadas no léxico, mas sim em vários pontos da derivação, inclusive na morfologia.

A dissertação está dividida da seguinte forma: no capítulo 2 apresento as teorias de maior relevância para o desenvolvimento da minha análise; no capítulo 3 apresento a relação entre número de preposições e número de eventos. Seguindo Nunes (2001, a sair) e Homstein e Nunes (2002), mostro que nos casos em que a preposição é obrigatória nos dois termos coordenados, existe uma derivação em que a numeração tem apenas uma preposição. No capítulo 4 apresento a minha proposta para a obrigatoriedade da preposição no segundo termo coordenado quando contraído com o artigo. No capítulo 5 trabalho a questão da opcionalidade da contração nos casos em que a preposição tem como complemento uma oração. O capítulo 6 trata da preposição diante de pronomes e o capítulo 7 é a conclusão da dissertação.

(25)

Capítulo

2

Aparato Teórico

Esta dissertação se desenvolve dentro do quadro teórico de Princípios e Parãmetros, mais precisamente do Programa Minimalista, seguindo Chomsky (1995), mas com algumas modificações apresentadas em Nunes (1995, 1999, 2001, a sair).

Na sessão 2.1., farei uma breve apresentação das propostas de Nunes (1995, 1999, 2001, a sair) no que diz respeito à formação, redução e linearização de cadeias. Essas propostas são importantes para a discussão da análise de Nunes (2001, a sair) e Hornstein e Nunes (2002) que será apresentada no capítulo 3.

Na sessão 2.2., apresentarei a estrutura que será utilizada para as orações coordenadas. Na sessão 2.3., tratarei do Requerimento de Paralelismo, e na sessão 2.4., apresentarei os pontos da Morfologia Distribuída mais relevantes para essa dissertação.

(26)

2.1. Formação e redução de cadeias

Dentro do quadro teórico do Programa Minimalista (Chomsky 1995), as sentenças são derivadas a partir de uma numeração, que é um arranjo de itens retirados do léxico. Esses itens lexicais são conectadosl entre si de modo a formar uma estrutura sintática legível tanto em forma fonética (PF), quanto em forma lógíca (LF). Depois que a computação trabalha com os itens lexicais, a estrutura formada é enviada para PF e LF, onde é legítimada se satisfizer o requerimento da Interpretação Plena, que requer que todos os elementos que chegam a um nível de interface possam ser interpretados nesse níveL

O modelo prevê um sistema econômico, em que é usado o menor número possível de operações. Nesse sentido, faz parte da agenda do programa a eliminação de operações desnecessárias, primitivos teóricos não motivados e mesmo níveis de representação que não sejam níveis de interface. Como é o caso de Estrutura-D e Estrutura-S. Dentro dessa perspectiva e assumindo que a computação não pode inserir na derivação sintática elementos que não tenham saído da numeração, vestígio de movimento também deve ser eliminado do modelo, por ser um item que não está presente na numeração. Chomsky (1995) propõe que movimento deixa não um vestígío, mas uma cópia do elemento movido.

(27)

Vejamos como seria, então, a estrutura de uma sentença como (1), assumindo a teoria de movimento por cópia. O argumento externo sobe para o Spec de IP e deixa em seu lugar uma cópia, como ilustrado na estrutura em (2):2

(1)

Criança gosta de doce.

(2) Criança; I' ~ I VP

---Criança; V' ~ gosta PP ~ de doce

Segundo Chomsky (1995), a cópia no especificador de VP é eliminada para efeitos de PF. Nunes (1995, 1999, a sair) apresenta uma motivação para o apagamento da cópia mais baixa na estrutura, propondo que essa cópia precisa ser apagada para que a estrutura possa ser linearizada. A proposta de linearização utilizada está baseada no Axioma de Correspondência Linear (LCA) de Kayne (1994), conforme apresentado em (3):

z Como ilustração vou utilizar apenas as projeções relevantes. Mas o Programa Minimalista

prevê, além da projeção do complementizador C, a projeção do verbo leve que é o complemento deiP.

(28)

(3) Axioma de Correspondência Linear (LCA)

Sejam X, Y nós não-terminais e x, y nós terminais tais que X domina x e Y domina y. Então, se X c-comanda assimetricamente Y, x antecede y.

Na estrutura em (2), criança no especificador de IP c-comanda o núcleo I,

logo, deve preceder esse núcleo. Mas I também c-comanda criança· no especificador de VP, o que gera uma contradição, pois criança deverá, ao mesmo tempo, preceder e ser precedido pelo núcleo I. Nunes (1995, 1999, a sair) aponta que essa estrutura não pode ser linearizada justamente por conta dessa contradição. A solução é apagar uma das cópias.

Para o apagamento de cópias, Nunes propõe as operações de Formação e Redução de Cadeia. A operação Formar Cadeia tem as condições apresentadas em (4):

(4) Condições em Formar Cadeia:

Dois constituintes a e ~ podem formar uma cadeia não-trivial CH

=

(a, ~) se:

(i) a é não-distinto de ~;

(ii) a c-comanda ~;

(iii) existe pelo menos um traço F de a tal que F entra em relação de checagem com um sub-rótulo do núcleo da projeção com a qual a é

(29)

conectado e para qualquer traço F de a, o traço F de

p

correspondente está acessível para o sistema computacional; e

(i v) não há nenhum constituinte y tal que y possui um traço F que seja do

mesmo tipo que o traço F de a, e y está mais perto de a do que

P

está.

Ou seja, se duas cópias estão em relação de c-comando, a cópia que se encontra em posição diferente da posição irúcial teve algum traço checado na posição em que se encontra, e se entre as duas cópias não há nenhum outro elemento que poderia checar esse traço, então, as cópias formam uma cadeia.

Vamos analisar as cópias no exemplo (2). A cópia em Spec de IP está checando traço de Caso nessa posição, satisfazendo a condição (iíi) de (4). Como não há nenhum constituinte com o mesmo tipo de traço a ser checado que esteja mais próximo de Spec de IP que a cópia em Spec de VP, então, a condição (iv) de (4) também está sendo satisfeita. Veja que as condições (iíi) e (iv) nada mais são que as condições de Último Recurso3 e do Elo Mirúmo de Chomsky (1995). O constituinte criança em Spec de IP é não-distinto do constituinte criança em Spec de VP, satisfazendo a condição (i) de (4) e a cópia em Spec de IP c-comanda a cópia em Spec de VP, satisfazendo a condição (ii) de (4). Uma vez que todas as condições em ( 4) estão sendo satisfeitas, as cópias podem formar cadeia.

3 Dentro do Programa Minimalista (Chomsky 1995), Último Recurso é uma condição

(30)

Antes da linearização no componente fonológico, é aplicada a operação de Redução de Cadeia, que está descrita em (6):

(6) Redução de Cadeia

Delete o menor número de constituintes de uma cadeia não-trivial CH de modo que CH possa ser mapeada em uma ordem linear de acordo com o LCA.

Nunes (1995, 1999, a sair) propõe que as cópias que são deletadas são as que participaram de menos relações de checagem, porque assim elimina-se também a necessidade de se aplicar uma segunda operação nessas cópias que é a Eliminação de FF (FF-Elimination), que se aplica a traços formais não checados. Como os traços formais não são legiveis em PF, em algum momento da derivação precisarão ser eliminados. Levando em conta que um elemento se move para checar traços formais, as cópias mais baixas na estrutura são as que participam de menos relações de checagem; razões de economia em relação a aplicação de Eliminação de FF requerem que essas sejam as cópias deletadas.

2.2. Uma estrutura para a oração coordenada

(31)

conjuntivo, o primeiro termo coordenado está no seu especificador e o segundo termo coordenado é seu complemento, como ilustrado em (7):4,5

(7) &P ~ 1°. Conj. e &' ~ 2°. Conj.

Os traços do &P são herdados tanto do seu núcleo, quanto do seu especificador. Do especificador vêm os traços de seleção. Assim, se o primeiro

'Johannessen chama o sintagrna de CoP (para Conjunction Phrase). Escolhi usar aqui o símbolo usado por Progovac (1998 a, b) &P porque a meu ver ilustra melhor que se trata de uma

conjunção.

s Em caso de coordenação de mais de dois termos, cada conjunção tem um outro &P como

complemento, exceto a última conjunção, que tem o último termo coordenado como

complemento, conforme ilustrado em (i) abaixo. Os dados com coordenação de mais de dois

termos têm o mesmo julgamento que os dados com coordenação de dois termos, como

exemplificado em (ii)-(iv) abaixo, de modo que as propostas dessa dissertação produzem o

mesmo resultado nesses casos.

(i) &P1 ~ Tom &{ ~ &, &P, ~ Mary &z' ~ &, Jim

I

and

(ii) a. Eu conversei com o João, o Pedro e a Ana.

b. Eu conversei com o João, com o Pedro e com a Ana.

(iii) a. *Eu me lembrei do João, o Pedro e a Ana.

b. Eu me lembrei do João, do Pedro e da Ana.

(iv) a. Eu gosto da idéia do João, a Maria e a Ana comprarem o livro. b. Eu gosto da idéia do João, da Maria e da Ana comprarem o livro.

(32)

termo coordenado for um DP, todo o &P terá os traços selecionais de um DP. Esse ponto é importante, pois alguns dados mostram que categorias diferentes podem ser coordenadas, mas a categoria do primeiro termo coordenado deve ter os traços selecionados pelo núcleo que a precede:

(8) You can depend on [my assistant] and [that he will be on time]

(9) *You can depend on [that he will be on time]

(9) mostra que o segundo termo coordenado da sentença em (8) não pode ser complemento do verbo independentemente. A preposição em (8) pede um DP por complemento e este está no especificador do sintagma conjuntivo satisfazendo essas propriedades de seleção.

Johannessen (1998) não trata da concordãncia entre o argumento externo e o verbo. Progovac (1998a) aponta que, com relação à concordância, os dois termos coordenados são levados em consideração já que mesmo quando o primeiro termo coordenado (aquele que segundo Johannessen transfere suas propriedades ao &P) está no singular, a concordância acontece no plural, corno mostra o exemplo (10) (exemplo (32) de Progovac 1998):

(33)

Progovac apresenta a proposta de Babyonyshev (1997) para dar conta da concordância em russo. Nessa língua, se o sujeito for pré-verbal a concordância tem que ser no plural, como mostra o exemplo em (11 ):

(11) Molodaja zenscina i

young woman1-nom and

malen'kij mal' cik

little boy-m-nom

vosli/ *vosla/ *vosel/ *voslo v kornnatu

entered-pl/ sgf/ sing.m./ sg.n. into room

"Uma jovem mulher e um pequeno garoto entraram na sala."

Mas se o sujeito for pós-verbal, então a concordância pode ser no plural ou no singular, como mostra o exemplo (12):

(12)

v

kornnatu vosli/ vosla/ *voselj *voslo molodaja zenscina

into room entered-pl/ sgf! sing.m./ sg.n. young woman-fnom

i malen'kij mal'Cik.

and little boy-m-nom

'Into the room entered a young woman and a small boy.'

"Na sala entrou/ entraram uma jovem mulher e um pequeno garoto."

(34)

(13) O João e a Maria chegaram/*chegou.

(14) Chegou/Chegaram o João e a Maria.

Babyonyshev propõe que quando o sujeito é pré-verbal, todo o sintagma conjuntivo se moveu abertamente para a posição de checagem de concordância, enquanto que essa checagem acontece cobertamente nos casos em que o sujeito é pós-verbal. Nesse caso, os traços de todo o sintagma conjuntivo podem se mover, resultando em concordância no plural, ou apenas os traços do primeiro termo coordenado, resultando na concordância no singular.

Existem outras propostas de estrutura para orações coordenadas, como a de Munn (1993) e a de Kayne (1994), por exemplo. Para Munn, o sintagma conjuntivo é um adjunto à direita do primeiro termo coordenado. E para Kayne, como a sua proposta assume que todos os especificadores são adjuntos, o primeiro termo coordenado é um adjunto do sintagma conjuntivo. Não vou entrar nos méritos de cada proposta, mas as hipóteses que defendo aqui são, aparentemente, compatíveis com qualquer dessas estruturas. Estarei utilizando a estrutura de Johannessen, pois seu modelo não acrescenta as complicações que uma adjunção pode trazer para a teoria.

(35)

2.3. O Requerimento de Paralelismo

Uma característica das orações coordenadas que é crucial para esse trabalho é o Requerimento de Paralelismo, que age corno uma condição sobre a formação de estruturas coordenadas e tem sido motivo de grande debate na literatura (cf. George 1980, Munn 1993, Chomsky 1995, Fox 2000, e Hornstein e Nunes 2002, entre outros). Como já apontei na sessão anterior, dois termos não são coordenados aleatoriamente.

Chomsky (1957) já faz referência a essa característica especial das estruturas coordenadas apresentando o seguinte contraste (exemplos (21) e (25) de Chomsky):

(15) The scene [ of the movie] and [ of the play] was in Chicago.

(16) *The scene [of the rnovie] and [that I wrote] was in Chicago.

Partindo desses dados, Chomsky (1957) sugere que elementos coordenados devem ser da mesma categoria. Essa condição ficou conhecida como Coordination of Likes Constraint (CLC). Schachter (1977) propõe o Coordinate Constituent Constraint (CCC), em que acrescenta que os constituintes de uma coordenação têm que pertencer não só à mesma categoria sintática, mas também deve ter a

(36)

mesma função semântica. Mas exemplos como (8) acima, repetido abaixo, são problema para as duas propostas, pois a sentença tem uma coordenação de dois constituintes diferentes.

(17) You can depend on [my assistant] and [that he will be on time]

Ross (1967) propõe o Coordinate Structure Constraint (CSC), que diz que em uma estrutura coordenada, nenhum termo coordenado pode se mover, como ilustrado em (18), nem nenhum elemento pode se mover de dentro de um dos termos coordenados, como ilustrado em (19a). A extração só pode se dar se acontecer de dentro de todos os termos coordenados (em construções conhecidas por Across-the-Board (ATB)), como em (19b).

(18) *Quem o João viu te a Maria?

(19) a. *O que o João comprou te a Maria leu o livro? b. O que o João comprou te a Maria leu t?

Esses casos sugerem que as estruturas coordenadas obedecem a uma regra de "semelhança" entre os termos coordenados. O CSC mostra que essa "semelhança" não é apenas com relação à composição inicial da estrutura, mas

(37)

também com relação a operações que acontecem durante a derivação modificando essa estrutura.

O Requerimento de Paralelismo também tem sido invocado como licenciador de apagamento de elipses no componente fonológico, como no exemplo em (20):

(20) John said that he was Iooking for a cat, and so did Bill [e].

Chomsky (1995) assume que nessa estrutura, a categoria vazia deve ter a mesma interpretação dada à sentença no primeiro termo coordenado; por exemplo, se o pronome he no primeiro conjunto for interpretado como sendo

Tom, então a interpretação no segundo conjunto também tem que ser a de que Bill disse que Tom estava procurando um gato.6

Hornstein e Nunes (2002) mostram que o Requerimento de Paralelismo também é responsável pelo licenciamento de algumas operações na sintaxe.

6 Cf. Zocca (2002) para uma análise que mostra que mesmo em estruturas como (i) abaixo, em que o termo elidido está no infinitivo e a que está no primeiro termo coordenado está no passado, o

paralelismo está sendo obedecido.

(i) O João dormiu e a Maria também vai [e]. [dormir]

Zocca argumenta que os verbos de (i) são idênticos quando entram na computação, pois

entram não-valorados, com uma representação como em (iia). O licenciamento da elipse acontece

antes da valoração, que acontece com a operação Agree, segundo os passos em (ií): (íí) a. O João [T +passado] [donn +afixo de tempo não valorado] e a Maria

também vai [T+ínfinitívo] [donn +afixo de tempo não valorado] b. O João [T+passado] [donn +afixo de tempo não valorado] e a Maria

também vai [T+ínfinitívo] [àe"" + afi!Ee ele teffi!'S fiâe valeraelel c. O João [T+passado] [donn +passado] e a Maria também vai.

(38)

Nesse texto, os autores procuram tratar das diferenças entre construções que envolvem lacunas parasitas e extração do tipo Across-the-Board (ATB) da mesma maneira, como ilustrado no contraste entre (21) e (22) (exemplos (21a) e (22a) de Homstein e Nunes, tirados de Postal1993).

(21) *Howi did Deborah cook the pork ei after cooking the chicken ei (22) Howi did Deborah cook the pork ei and Jane cook the chicken ei

Hornstein e Nunes (2002) assumem que Último Recurso, enquanto condição sobre a operação Copiar é satisfeita por checagem de traços formais ou atribuição/checagem de papel temático. Na derivação de (21), essa condição é violada porque o verbo cook não checa nenhum traço de how, nem lhe atribui papel temático. Como a cópia não é licenciada pelo Último Recurso, a sentença não pode ser derivada. Já em (22), apesar de o verbo cook no primeiro termo coordenado também não checar traço nem atribuir papel temático a how, o Requerimento de Paralelismo exige que a estrutura do segundo termo coordenado seja semelhante à do primeiro termo, autorizando, assim, uma cópia de how dentro do primeiro termo coordenado. Para Hornstein e Nunes (2002), o Requerimento de Paralelismo é uma condição imposta às estruturas coordenadas pela interface Conceptual-Intencional.

(39)

2.4. Morfologia Distribuída

Estarei utilizando nesse trabalho a teoria da Morfologia Distribuída ( cf. Halle e Marantz 1993, Harley e Noyer 1999, 2000, entre outros). A teoria tem esse nome porque propõe que propriedades que antes eram atribuídas ao léxico, agora estão distribuídas em vários pontos da derivação. Segundo essa teoria não existe léxico. O que existe são pacotes de traços que são combinados entre si pela computação para formar o que chamamos de palavra. As palavras são inseridas apenas na morfologia de acordo com a combinação de traços presente em um nó, por um processo de Inserção de Vocabulário.

Os pacotes de traços são divididos em duas partes: os núcleos-f e os núcleos-/. Os primeiro são determinados pela gramática e correspondem ao que comumente chamamos de nós funcionais (v, I, D, C); já os núcleos-/, que correspondem tradicionalmente aos nós lexicaís, são determinados apenas quando acontece a Inserção de Vocabulário. A título de exemplificação, observe as sentenças abaixo tiradas de Harley e Noyer (2000):

(23) a. The cat chased the mouse. b. The shark chased the fish. c. The físh chased the shark.

(40)

Nessas sentenças, os Itens de Vocabulário the, -ed e a são determinados pela

gramática quando a estrutura apropriada se apresenta com traços como [definido], [passado] e [indefinido]. Já os Itens de Vocabulário cat, shark, e fish não são determinados. O falante poderia escolher igualmente qualquer um deles para qualquer posição (pondo de lado Caso, por exemplo).

Baseando-nos nessas informações, vamos analisar a sentença (24) abaixo, que na sintaxe, apresenta a estrutura simplificada em (25):

(24) O João comprou um caderno e uma caneta.

(25) vP ~ DP ~ v' ~ o João v VP ~ comprou &P ~ DP ~ um caderno e &' ~ DP ~ uma caneta

(41)

Na teoria da Morfologia Distribuída, no lugar de cada uma das palavras em (25) estariam traços, como ilustrado em (26) abaixo. Os itens uma, um, e, e o, correspondem aos chamados núcleos-f e estão especificados em (27). 7

(26) vP

---DP v'

~ ~

[+def.+masc.] núcleo-! [+causa] VP

(27) a. o b. v ~ núcleo-I &P

---DP ~

&'

~

[-def.+masc.] núcleo-I [+conj] DP

~

[-def. +fem.] núcleo-I

é um determínante definído [ +def] e está no masculino [ +masc.]

para Halle e Noyer (2000), v carrega traço causativo quando o verbo é transitivo, logo possui traço [+causa]

7 Possivelmente, essas categorias possuem mais traços do que estou apontando aqui, mas para efeito de exposição nesta dissertação os traços apresentados bastam.

(42)

c. um, uma

d. e

ambos são determinantes não definidos [-def]; está no masculino, [+masc.], outro no

feminino ( +fem.]

é uma conjunção [ +conj.]. Johanessen (1998) atribui à conjunção traços que indicam se os

termos coordenados precisam ou não ser idênticos. Isso colocaria uma parte do Requerimento de Paralelismo ainda antes que os traços entrem na numeração.

Os núcleos-/ correspondentes a João, comprou, caderno e caneta, por sua vez, só são determinados quando acontece a Inserção de Vocabulário.

Harley e Noyer (2000) apontam ainda que, presumivelmente, os itens de vocabulário possuiriam também traços selecionais. Por exemplo, o v causativo acima, além do traço [+causa] teria um outro traço como [+DP], indicando que v necessita de um DP em seu especificador.s

(43)

2.4.1. As operações na Morfologia Distribuída

Como apontado acima, de acordo com a Morfologia Distribuída, os itens lexicais entram na numeração como um conjunto de traços. Ao longo da derivação, uma série de operações reúne esses traços de modo que a Inserção de Vocabulário, quando ocorrer, nos dá como output as palavras flexionadas do modo como as percebemos. Algumas dessas operações se dão na morfologia, depois que a estrutura sintática é mandada para PF. As duas operações que nos interessam mais diretamente nesta dissertação são as operações concatenação e fusão, que se aplicam a nós terminais.

A operação concatenar junta dois nós terminais sob um único nó categoria!, porém preservando os traços de cada nó independentemente, de modo que quando Inserção de Vocabulário for aplicada, dois itens de vocabulário independentes serão inseridos nessa posição. O exemplo dado por Halle e Marantz (1993) para concatenar é a flexão do verbo em tempo, como na estrutura (28) abaixo (exemplo (13b) de Halle e Marantz). No inglês, o verbo não sobe até T na sintaxe, mas V precisa do morfema de tempo. Ao chegarem na morfologia, Te V, uma vez adjacentes, são concatenados, como ilustrado em (28).

(44)

(28)

CP

~

c

TP ~

DP

T'

I

I

D'

VP

I

~

D

v

AP

I

~

é::.

3rd

v

T FAdv [+pl]

I

[-participle] Fverb 1-past]

A operação de fusão também junta dois nós terminais independentes em um único nó, mas, diferentemente do que acontece com concatenar, o resultado é um único nó terminal, de modo que apenas um Item de Vocabulário será inserido naquela posição. Uma propriedade importante dessa operação é que fundir só pode acontecer com nós irmãos. Como a operação concatenar torna nós independentes em nós irmãos, o resultado de concatenar pode ser input para fusão. Como exemplo dessa operação, Halle e Marantz (1993) apontam a flexão verbal do inglês. O núcleo I, nessa língua, pode ser preenchido, ao menos, pelos traços [± passado] e [± particípio] sendo que quando o traço [-particípio] está presente, os traços de concordância de pessoa são inseridos na morfologia. O morfema de concordância e os morfemas de I são, então, fundidos em um único nó. Acrescentar os exemplos mais concretamente.

(45)

2.4.2. A contração da preposição

Para exemplificar melhor essas duas operações e já apresentar aqui a análise que estarei adotando nessa dissertação, vamos analisar o caso da contração da preposição com o artigo em português, a partir da sentença em (31):

(31) O João gosta da Maria.

Por um lado, a contração não pode acontecer apenas pela operação fundir, porque a preposição e o artigo não são irmãos, como mostra (32):

(32) ~

[prep.] ~

[det. masc.] NP

Por outro lado, é um único Item de Vocabulário que é inserido nessa posição, a saber, do, que contém traços tanto da preposição, quanto do artigo. É

necessário, portanto, que a operação concatenar aconteça antes da operação de fusão para tornar irmãos os nós relevantes.

Vamos assumir, para efeito de ilustração, que (32) chega à morfologia. Como os traços da preposição e do artigo estão adjacentes, seus nós podem ser concatenados, tomando-se irmãos, como ilustrado em (33) abaixo. Uma vez que os nós se tornaram irmãos, a operação de fusão pode acontecer, e a Inserção de

(46)

Vocabulário insere um único item a essa estrutura, a saber, a preposição do, ilustrado em (34):

(33) ~

~I

[prep.] [det. masc.] NP

(34) ~

[prep. det. masc.]

I

do 2.5. Resumo NP

I

João [Inserção de Vocabulário]

Neste capítulo apresentei o aparato teórico que será utilizado nesta dissertação. Estarei trabalhando com a teoria de Princípios e Parâmetros, mais especificamente, com o Programa Minimalista, conforme apresentado em Chomsky (1995), porém com algumas modíficações desenvolvidas em Nunes (1995, 2001, a sair). Na sessão 2.1. tratei dessas modificações apresentadas por Nunes, mais específicamente da sua proposta de teoria de movimento que inclui as operações Copiar, Conectar, Formar Cadeia e Reduzir Cadeia.

Na sessão 2.2. apresentei o modelo de estrutura coordenada que estarei utilizando e em seguida, na sessão 2.3., apresentei o Requerimento de Paralelismo ao qual essas estruturas estão sujeitas.

(47)

Na sessão 2.4. fiz um breve resumo das questões mais centrais da Morfologia Distribuída e apresentei as duas operações mais importantes para o meu trabalho. Também propus que a contração da preposição com o artigo no português é resultado primeiro da operação concatenar que torna irmãos os traços da preposição e do artigo, e posteriormente a operação fundir une esses traços sob um único nó que receberá um único Item de Vocabulário. No próximo capítulo vou tratar da coordenação dos complementos preposicionados.

(48)

Capítulo 3

A Presença da Preposição no

Segundo Termo Coordenado

Este capítulo distingue quatro tipos de coordenação envolvendo preposição no que diz respeito à sua presença no segundo termo coordenado:

1. casos em que a segunda preposição é opcional, mas sua presença pode licenciar uma leitura com mais de um evento.

2. casos em que a segunda preposição pode estar presente no segundo termo, mas deve ter sido inserida na morfologia.

3. casos em que a preposição precisa estar no segundo termo coordenado, mas tem que ter sido inserida na sintaxe; e

4. casos em que a preposição ptécisa estar no segundo termo coordenado, mas pode ter sido inserida tanto na sintaxe quanto na morfologia.

(49)

3.1. A segunda preposição permitindo a leitura de dois eventos

Nunes (2001, a sair) e Homstein e Nunes (2002) tratam da assimetria entre os exemplos (1) e (2) abaixo. (1) não é ambígua, permitindo apenas uma leitura de um único evento, e (2) é ambígua, permitindo tanto uma leitura de um único evento, quanto uma leitura de dois eventos. Essas possibilidades ficam mais claras se acrescentarmos advérbios modificando cada um dos eventos da sentença, como respectivamente ilustrado em (3) e (4):

(1) Eu conversei com o João e a Maria (não ambígua)

(2) Eu conversei com o João e com a Maria. (ambígua)

(3) a. Eu conversei ontem com o João e a Maria.

b. *Eu conversei ontem com o João e domingo a Maria.

(4) a. Eu conversei ontem com o João e com a Maria.

b. Eu conversei ontem com o João e domingo com a Maria.

Segundo a análise proposta nesses trabalhos, uma diferença básica entre as sentenças (1) e (2) é que (1) tem apenas uma preposição na numeração, enquanto que (2) tem duas preposições na numeração. A derivação com duas

(50)

preposições permite duas opções de coordenação: pode-se coordenar PPs ou VPs. No primeiro caso, o resultado é a sentença (2) com a leitura de um evento, e a coordenação de VPs resulta na sentença (2) com a leitura de dois eventos. Por outro lado, a sentença em (1), por conter apenas uma preposição na numeração, só permite a coordenação de dois DPs, que será complemento da preposição. Vamos ver passo a passo como cada um desses resultados é obtido.

Para a derivação de (2) com a leitura de um evento, a computação forma os objetos K e L em (6), a partir da numeração (simplificada) em (5) abaixo. A seguir, conecta um ao outro, formando o &P em (7) e prossegue com a derivação até formar o vP apresentado em (8).

(5) {eu1, converseh, comz, 01, ]oão1, e1, a1, Maria1}

(6) K = [&P e [rr com a Maria]]

(7) L= [rr com o João] &P ~ &' pp ~ ~ com DP e ~ PP ~ o João com DP ~ a Maria

(51)

(8) vP ~ eu v' ~ conversei+v VP ~ \ conversei

5!:_

cadeia \ _ / ' ~ ..._ pp &' ~ ~ com DP e ~ pp ~ o João com DP ~ a Maria

A cópia que está adjungida ao verbo leve c-comanda a cópia no VP formando uma cadeia. A proposta dos autores é que cada cadeia de verbo corresponda a um evento. Nesse caso, apenas uma cadeia de verbo é formada, logo, a leitura é de apenas um evento.

Para a derivação que gera a leitura de dois eventos, os autores utilizam a noção de movimento lateral desenvolvida em Nunes (1995, 2001). Essa proposta surge com a possibilidade de a computação trabalhar com mais de um objeto sintático ao mesmo tempo1. O movimento lateral consiste no movimento de um

1 Na medida em que a computação retira os itens da numeração e os conecta entre si, forma várias pequenas árvores sintáticas, mas sem conectá-las entre si. A título de exemplo, tomemos

uma oração com um sujeito complexo como (i). Para que a derivação dessa sentença aconteça

ciclicamente, é preciso que, antes de conectar o argumento externo do verbo ao vP [vP gosta da

professora], a computação já tenha formado o constituinte {opo homem que acabou de entrar].

(52)

elemento de um objeto sintático para outro objeto sintático independente, ambos já formados pela computação, como ilustrado em (9):

(9) K L

~ ~

... ai··· ... ai ...

~

movimento lateral

A derivação de (2) com a leitura de dois eventos tem, portanto, os seguintes passos: a computação começa formando os objetos K e L em (10) abaixo. A diferença crucial entre os passos derivacionais de (6) e de (10) é o fato de que em (6) a computação conecta a conjunção e logo depois que o PP é formado, enquanto que em (10), a conjunção e só é conectada depois que o verbo foi conectado ao PP.

(10) K = [&P e [vr conversei com a Maria]] L= [rr com o João]

Como em (10) a conjunção é conectada com um VP, o Requerimento de Paralelismo (sessão 2.3) motiva a formação de um outro VP. Não havendo mais verbos na numeração em (11) abaixo, a computação então copia o verbo de K em

(53)

(10) e, por movimento lateral, o conecta ao objeto L formando o VP desejado, como ilustrado em (12):

(11) {eu1, converseio, como, oo, Joãoo, eo, ao, Mariao}

(12) &P ~ e VP ~ conversei; a Maria

VP

~ converseh PP ~ com DP ~ o João

Agora, o VP formado com a cópia do verbo pode ser conectado ao &P e a derivação prossegue até derivar o vP em (13).

(13) vP ~ eu v' ~ conversei;+v &P

V~'

ers~P e~VP

cadei ~ ~ com DP conversei; PP ~ ~ o João com DP ~ a Maria

(54)

As cópias que estão nos sintagmas coordenados não entram em relação de c-comando; logo, não formam cadeia uma com a outra. A cópia adjungida ao verbo leve, por outro lado, c-comanda cada uma das cópias formando uma cadeia com cada uma delas. Uma vez que a derivação forma duas cadeias de verbo, e os autores assumem que cada cadeia de verbo corresponde a um evento, então, deriva-se a leitura de dois eventos para (2). No componente fonológico, cada cadeia é reduzida e as cópias mais baixas são apagadas.

Vamos agora considerar as derivações de (1), repetida em (14), com apenas uma preposição na numeração, como ilustrado em (15).

(14) Eu conversei com o João e a Maria.

A computação forma o DP a Maria e pode optar por conectar a conjunção e ou a preposição. Vamos ver as conseqüências de cada uma delas. Se a computação opta por conectar a conjunção, o Requerimento de Paralelismo motiva a formação de outro DP para ser conectado ao &P já formado, de modo que a coordenação será entre DPs. A esse &P é conectada a preposição, e a derivação prossegue até se formar o vP em (16). Como só há uma cadeia de verbo, a leitura é de apenas um evento, como havíamos apontado na introdução.

(55)

(16) vP ~ eu v' ~ conversei+v VP /

convers~

b-J

com &P ~ DP &' ~ ~ o João e DP ~ a Maria

Por outro lado, se depois de formar o DP a Maria, a computação optar por conectar a preposição, então, o objeto em (17) será formado. Corno o nosso objetivo é derivar urna sentença com duas cadeias verbais, teremos que coordenar dois VPs. Vamos supor, então, que a computação opta nesse ponto em conectar o verbo e em seguida a conjunção, corno ilustrado em (18):

(17) [rr com [ora Maria]]

(18) [&P e [ VP conversei [rr com [ora Maria] ]

O Requerimento de Paralelismo agora motiva a formação de um outro VP. Com o que restou na numeração em (19) abaixo, só é possível formar o DP em (20). A computação precisará, então, copiar o verbo, mas esse verbo pede como

(56)

complemento um PP e não um DP, de modo que o sistema deve copiar antes a preposição de (18) para conectá-la ao DP em (20) resultando no PP em (21) (uma instância de movimento lateral). Agora o verbo pode ser também copiado de (18) e ser conectado ao PP em (21) (outra instância de movimento lateral), gerando (22). A seguir, o VP em (22) é conectado a (18), como ilustrado em (23). Em (24) temos, enfim, a estrutura resultante da adjunção de conversei ao verbo leve.

(19)

(20)

(21)

(22)

(23)

{eu1, converseio, como, 01, João1, eo, ao, Mariao}

[oro João]

[rr com; [DP o João]]]

[VP converseik [rr com; [oro João]]]

VP

/'-.-..

converseik PP

/'-.-..

e &' ~ VP

/'-.-..

com; DP converseik PP

/'-.-..

/'-.-..

o João com; DP

/'-.-..

a Maria

(57)

(24) vP ~ eu v' ~ converseík+v &P ~ &' ~ converseik PP e ~ ~ VP converseik PP ~ o João com; DP ~

não há c-comando a Maria

· Essa estrutura é praticamente idêntica à estrutura em (13) que permite a leitura de dois eventos para a sentença (2). A diferença crucial é que em (24), as preposições, assim como os verbos, são cópias. Os verbos que estão nos sintagmas coordenados formam cada um uma cadeia com o verbo que está adjunto ao verbo leve e são apagados pela operação de Redução de Cadeia conforme apresentado na sessão 2.1. Mas as cópias da preposição não entram em relação de c-comando, de modo que não é possível formar cadeia. Se não formam cadeia, a operação de Redução de Cadeia não se aplica e a estrutura com duas cópias não-distintas do mesmo objeto não pode ser linearizada: o LCA recebe a informação contraditória de que a conjunção e, por exemplo, deve preceder e ser precedida pela preposição

com.

Exclui-se, assim, a leitura de dois eventos para (14).

(58)

3.2. A preposição pode estar presente no segundo termo coordenado, mas não pode ter sido inserida na sintaxe

V amos tratar agora dos casos em que a preposição pode ou não aparecer no segundo termo coordenado, porém, se estiver presente, não pode ter sido inserida na sintaxe. Os dados são os seguintes:

(25) a. Eu não gosto da idéia do João e a Maria comprarem o livro.

b. Eu não gosto da idéia do João e da Maria comprarem o livro.

(26) a. Eu pensei no João e a Maria comprarem o livro. b. Eu pensei no João e na Maria comprarem o livro.

(27) a. Eu falei pro João e a Maria comprarem o livro. b. Eu falei pro João e pra Maria comprarem o livro.

Nessas sentenças, a preposição pode ou não aparecer nos dois termos coordenados. No entanto, o verbo no infinitivo concorda com o sintagma conjuntivo. Assumindo que a concordância acontece por uma relação de checagem de traços entre o núcleo I e um DP /NP em seu especificador, como é possível haver concordância entre o João e a Maria e o verbo no infinitivo em

(59)

Na sessão 2.2. vimos que a concordância verbal com os sujeitos coordenados requer a subida de toda a estrutura coordenada para Spec de IP. Vimos também que o &P herda as propriedades do seu especificador e para efeitos de concordância, leva em consideração os dois termos do sintagma conjuntivo. Mas nos exemplos (25b), (26b) e (27b) acima, tanto o especificador, quanto o complemento, aparentemente, são PPs, como ilustrado na estrutura de (25b), por exemplo, ilustrada em (28).

(28) IP ~ &P; ~

&'

pp /'--..__ /'--..__ de DP e /'--..__ PP /'--..__ I o João de DP /'--..__ a Maria vP /'--..__ &P; v' /'--..__ v VP ~ comprarem o livro

Assumindo que um sintagma preposicional não pode desencadear concordância, o único meio de o sujeito e o verbo de (25b) concordarem é coordenando dois DPs e não dois PPs, corno na estrutura em (29).

(60)

(29) a DP ~ NP ~ idéia PP ~ de CP ~ C IP ~ &P; ~ DP ~ &' I ~ vP ~ o João e DP &P; v' ~ ~ a Maria v VP ~ comprarem o livro

Mas para obtermos essa estrutura, a derivação tem que ter começado com apenas uma preposição na numeração. Se tivéssemos duas preposições, ou a coordenação teria que ser entre PPs, como em (28), ou a derivação não se completaria, pois a numeração não seria esgotada, já que uma preposição não teria sido usada.

Os dados em (25)-(27) sugerem que mesmo nos casos em que a preposição aparece nos dois termos coordenados, uma derivação com apenas uma preposição na numeração pode, em princípio, ser derivada. Sendo assim, falta explicar o aparecimento da segunda preposição nesses casos. A hipótese mais plausível é que a preposição seja inserida na morfologia, como argumentarei no

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