12ª. AULA – INTRODUÇÃO À ECOTOXICOLOGIA DOS AGROTÓXICOS Doutoranda Naiara Fernanda Ignácio
Responsável Prof. Dr. Joaquim Gonçalves Machado Neto
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CÂMPUS DE JABOTICABAL
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS DEPARTAMENTO DE FITOSSANIDADE
unesp
12ª. AULA – ECOTOXICOLOGIA DOS AGROTÓXICOS
1 – Introdução
2 – Dinâmica ambiental dos agrotóxicos: entrada, distribuição e destino
3 - Contaminação dos componentes físicos: solo e água
4 – Testes de avaliação da toxicidade aguda de agrotóxicos para minhocas
PRÁTICA: Instalação de testes de avaliação de toxicidade aguda de agrotóxicos para organismos do solo – minhocas e microrganismos.
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL DOS SERES VIVOS PELO
USO DOS AGROTÓXICOS: INVERTEBRADOS,
VERTEBRADOS E HOMEM
Prejudicial para microrganismos do solo → fungos e bactérias
Micorriza
arbúsculos
Tóxico para invertebrados e
vertebrados aquáticos
Exemplar de Daphnia magna adulta (A) e neonato (B)
A
B
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL DOS SERES VIVOS PELO
USO DOS AGROTÓXICOS: INVERTEBRADOS,
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL DOS SERES VIVOS PELO
USO DOS AGROTÓXICOS: INVERTEBRADOS,
VERTEBRADOS E HOMEM
Toxicidade para o Homem
→ Mulheres na Índia com câncer
de mama possuíam elevadas
concentrações de DDT no sangue
(MATHUR et al., 2002)
Resíduos de
inseticidas
clorados no
homem
(ALMEIDA,
1974).
PAÍSES INSETICIDAS CONC. (ppm)
Africa do Sul DDT total 6,38 Alemanha R.F DDT total 2,20 Alemanha R.D DDT total 3,70 Argentina DDT total 13,17 Australia (Melbourn) DDT total 1,81 Australia (Oeste) DDT total 9,30
Brasil (São Paulo) DDT total 7,88
- BHC 0,25 DIELCRIN 0,67 Canadá DDT total 4,90 Espanha DDT total 14,80 U.S.A DDT total 9,60 BHC 0,48 França DDT total 7,10 Holanda DDT total 1,75 Índia DDT total 31,00 Israel DDT total 19,20 Itália DDT total 15,48
FONTES DE ENTRADA DE AGROTÓXICOS NA
ATMOSFERA
A – Prática de pulverização
- Mecanismos de aplicação
das gotas
- Deriva
B – Volatização das plantas e dos solos
C – Erosão eólica
D – Evaporação da água na aplicação ou dos alvos
E – Processos de formulação e manufatura
F – Comercialização
FONTES DE ENTRADA DE AGROTÓXICOS NA
ATMOSFERA
A – Prática de pulverização
- Mecanismos de aplicação
das gotas
- Deriva
B – Volatização das plantas e dos solos
C – Erosão eólica
D – Evaporação da água na aplicação ou dos alvos
E – Processos de formulação e manufatura
F – Comercialização
FONTES DE ENTRADA DE AGROTÓXICOS NO
AMBIENTE AQUÁTICO
A – Junto com poeiras ou na chuva
B – Junto com partículas de solo erodidas
C – Diretamente da aplicação
D – Efluentes industriais
E – Água de esgotos
AGROTÓXICO: Estrutura molecular Solubilidade em água Polarização Fotodecomposição Aditivos Grau de ionização Lipossolubilidade Volatilização Formulação Dose aplicada
FATORES ENVOLVIDOS NA DISSIPAÇÃO NO SOLO
SOLO: Textura Estrutura pH Temperatura Composição mineral Matéria Orgânica Umidade, etc CLIMA: Chuvas Temperatura Ventos Luminosidade Umidade relativa do ar HOMEM Qualidade da aplicação
Escolha certa – produto /dosagem
Valores gerais de persistência de agrotóxicos no solo (HURTING, 1972)
Agrotóxicos Persistência no solo
Inseticida hidrocarbonetos clorados + 18 meses Herbicidas, ureia, triazinase picloran 18 meses Herbicidas ácido benzóico e amida 12 meses Herbicida fenoxix, toluidinas e nitridos 6 meses Herbicidas carbamatos e alifáticos 3 meses Inseticidas fosfatos 3 meses
Clordane + 5 anos
DDT + 4 anos
BHC, Dieldrin + 3 anos Heptacloro, Aldrin + 2 anos
Diazinon + 12 semanas
Disulfoton 4 semanas
Forate 2 semanas
Malation, Paration - 1 semana Propazine, Picloran 18 meses
Simazine 12 meses
Atrazine, monuron 10 meses
Linuron 3 meses
Difluamide 10 meses
Herbicida
Persistência no solo
Decomposição
Monuron
4-12 meses
Pseudomonas
Achromobacter
Flavobacterium
2,4-D
2-8 meses
Achromobacter
Corynebacterium
Flavobacterium
Dapalon
2-4 semanas
Agrobacterium
Pseudomomas
MCPA
3-12 semanas
Achromobacter
Mycoplana
TCA
2-9 semanas
Pseudomonas
DECOMPOSIÇÃO MICROBIANA E PERSISTÊNCIA DE
Sementes não Tratadas Sementes Tratadas Inoculantes Biomassa (mg) Peso N (mg) Biomassa (mg) Peso N (mg)
ALFAFA TRATADA COM THIRAM
Sem Inoc. 290 6,8 270 5,9
Rhizob. sens.
440 12,2 280 6,6
Rhizob. res. 500 14,6 490 13,2
COWPEAS TRATADO COM PHYGON
Sem Inoc. 1.100 23,2 1.150 21,7
Rhizob. sens.
3.820 97,0 1.820 36,4
Rhizob. res. 3.790 106,0 3.930 105,0
EFEITOS DO TRATAMENTO DE SEMENTES NO CRESCIMENTO DAS PLÂNTULAS E NA FIXAÇÃO DE N, EM CASA-DE-VEGETAÇÃO
Toxicologia
Estuda os efeitos adversos de agentes químicos, biológicos, ou
físicos nos seres vivos
Ecotoxicologia
Estuda os efeitos adversos de agentes químicos, biológicos ou físicos
no ecossistema (Truhaut, 1969; Moriarity,1985)
Toxicologia Descritiva → Testes Agudos/Crônicos
Áreas da Toxicologia
Toxicologia Mecanística → Mecanismos de ação
TOXICOLOGIA REGULAMENTADORA – (Registro )
Baseada em dados obtidos em
testes realizados pela toxicologia
descritiva
Responsável pelas decisões sobre um produto químico
Se oferece ou não riscos
ao ser comercializado
dentro de fins específicos
Remédios, cosméticos, aditivos em alimentos, agrotóxicos,
Normas sobre o total permitido no ambiente, nas águas, no
solo
Portaria Normativa N. 84 (15/10/96) – IBAMA
Art. 4. Para efeito de classificação quanto ao Potencial de Periculosidade
Ambiental (PPA de agrotóxicos), seus componentes e afins o interessado
deverá apresentar a documentação completa conforme estabelecida nos
anexos I, III, IV, V e X
ANEXO IV
PARTE C – CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
PARTE D – TOXICIDADE PARA ORGANISMOS NÃO-ALVO
PARTE E – COMPORTAMENTO NO SOLO
PARTE F – TOXICIDADE PARA ANIMAIS SUPERIORES
D.1 – Microrganismos. D.2 – Algas.
D.3 – Organismos do solo (minhocas)
D.4 – Abelhas.
D.5 – Microcrustáceos. D.5.1 – Agudo. D.5.2 – Crônico D.6 -- Peixes. D.6.1 – Agudo. D.6.2 – Crônico.
D.7 – Bioconcentração em peixes.
D.8 – Aves. D.8.1 – Dose única. D.8.2 – Dieta. D.8.3 – Reprodução. D.9 – Plantas. D.9.1 – Fitotoxicidade para plantas não-alvo
IBAMA (1987) - PARTE D – TOXICIDADE PARA
ORGANISMOS NÃO-ALVO
IMPORTÂNCIA DAS MINHOCAS PARA O SOLO E VEGETAIS
RESTOS ORGÂNICOS NO SOLO (ANIMAIS E VEGETAIS) Nutrientes Microrg. úteis Penetração de ar no solo Penetração e retenção de água no solo VEGETAIS
FATORES LIMITANTES DO
CRESCIMENTO DAS MINHOCAS
- Umidade
- Matéria Orgânica em decomposição
POPULAÇÃO DE MINHOCAS NOS SOLOS
DE BOA PASTAGEM (MEINICKE, 1993)
- ADULTAS – 800/m
2, Peso = 400 g/m
2Portaria Normativa N. 84 (15/10/96) – IBAMA
Art. 3. A classificação quanto ao Potencial de Periculosidade Ambiental
(PPA) baseia-se nos parâmetros biocumulação, persistência, transporte,
toxicidade a diversos organismos, POTENCIAL MUTAGÊNICO,
TERATOGÊNICO, CARCINOGÊNICO, obedecendo a seguinte graduação:
Classe I – Produto altamente perigoso
Classe II – Produto Muito perigoso
Classe III – Produto Perigoso
TESTE PARA AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA DE
AGROTÓXICOS PARA MINHOCAS
(OECD – Protocolo nº 207)
1- TESTE POR CONTATO EM PAPEL DE FILTRO
2- TESTE DO SOLO ARTIFICIAL (ABNT NBR 15537:2007) 3- TESTE DO ARTISOL (EDWARDS, 1984) (IBAMA, 1987) 4- TESTE COM A UTILIZAÇÃO DE SOLOS
1. TESTE POR CONTATO EM PAPEL DE FILTRO
(OEDC – Protocolo nº 207)
SUBSTRATO TESTE: Papel de filtro qualitativo padrão (WHATMAN nº 180. PESO = 85 mg/m2)
SOLUÇÃO: Água deionizada, concentrações crescentes (mg/cm2), colocar com pipeta sobre o papel.
SUBSTRATO CONTROLE: Papel + água deionizada.
RECIPIENTE: Frasco de vidro: 8,0 1 cm de altura e de 3 0,5 cm
CONDIÇÕES – Sala climatizada (20 2°C), ESCURO
AVALIAÇÃO DA MORTALIDADE: 48 h de exposição
ESPÉCIE – Eisenia foetida
RESULTADOS: % Mortalidade – CL50 (mg/cm2).
2 - TESTE DO SOLO ARTIFICIAL (OECD - Prot. nº 207)
SUBSTRATO TESTE: Substrato básico (10% de turfa (pH 6,0), finamente moída; 20% de caolinita; 69% de areia de quartzo industrial, com + de 50% de part. de 0,05 - 0,2 mm ; e 1% CaCO3 pulverizado
UMIDADE: Água deionizada (25 - 42% peso. sub. básico)
CONDIÇÕES - Sala Climatizada (20 2°C), CLARO.
ANIMAIS – Adulto e com Clitélo. Peso = 300 - 600 mg/indivíduo Aclimatados por 24 h no substrato básico
TESTE DEFINITIVO: 5 Concentrações. 10 animais /recipiente
AVALIAÇÃO: 14 dias de exposição
SUBSTÂNCIA REFERÊNCIA: Cloroacetamida.
RESULTADOS: % mortalidade - CL50 (mg/kg)
VANTAGEM – Resultados são usados para se estabelecer as dosagens no teste
3. TESTE DO ARTISOL (EDWARDS, 1984)
FUNDAMENTO: Exposição de minhocas adultas por 14 dias, em substrato ARTISOL
SUBSTRATO ARTISOL: 1.425 g de bolas de vidro com 1 - 1,5 cm ; 90 g de sílica amorfa - sílica gel em pó, impalpável; 215 ml de água destilada com a concentração da substância dissolvida.
Misturar tudo em um cristalizador de vidro.
Colocar 10 Animais adultos, com clitélo, manter por 14 dias em sala climatizada, 20 2°C, ESCURO.
AVALIAÇÃO: CL(I)50, 14 dias – Conc. Letal Inicial Média.
CONTROLE DE QUALIDADE:
a. < 10% de Mortalidade na testemunha
b. CL(I)50, 14 dias para a CLOROACETAMIDA deve estar entre: 35 a 160 mg/kg de sílica.
Cloroacetamida CL(I)50 = 110,06 mg/kg
Controle de Qualidade
IBAMA (Sílica)
35 < CL
(I)50< 160 mg/kg
ICHINOSE,
1992)
CL (I) 50 (mg/kg)
Intervalo de confiança
(mg/kg)
110,06
95,48 - 126,95
RELAÇÃO ENTRE CONCENTRAÇÃO DE CLOROACETAMIDA E
RESPOSTA DAS MINHOCAS EM SUBSTRATO ARTISOL
Cloroacetamida CL(I)50 = 110,06 mg/kg
Controle de Qualidade
IBAMA (Sílica)
35 < CL
(I)50< 160 mg/kg
ICHINOSE,
1992)
CL (I) 50 (mg/kg)
Intervalo de confiança
(mg/kg)
110,06
95,48 - 126,95
RELAÇÃO ENTRE CONCENTRAÇÃO DE CLOROACETAMIDA E
RESPOSTA DAS MINHOCAS EM SUBSTRATO ARTISOL
Benomil
Substrato CL (I) 50 Int. Confiança
Artisol 8,06 c 4,60 – 14,57
Areia 0,58 d 0,31 – 1,21
Latossolo Ver. Escuro 13,06 b 9,26 – 18,54 Latossolo Roxo 10,82 bc 6,42 – 18,67
Litossol 45,40 a 26,73 – 78,77
Parathion methyl
Substrato CL (I) 50 Int. Confiança
Artisol 73,61 b 52,15 – 109,65
Areia 8,81 d 7,10 – 10,94
Latossolo Ver. Escuro 86,69 b 64,14 – 117,79 Latossolo Roxo 53,59 c 40,54 -- 86,51
Litossol 191,73 a 132,25 – 269,73
Paraquat
Substrato CL (I) 50 Int. Confiança
Artisol 929,47 b 779,57 – 1.108,88
Areia 207,44 d 157,06 – 274,11
Latossolo Ver. Escuro 783,43 c 658,12 – 934,54 Latossolo Roxo 752,65 c 631,27 – 899,35 Litossol 1.458,80 a 1.316,01 – 1.618,26
AVALIAÇÃO DE RISCOS RELATIVOS AOS EFEITOS DE
AGROTÓXICOS SOBRE MINHOCAS (KOKTA & ROTHERT, 1992)
TOXICIDADE AGUDA
CL
50Con. Ambiental Estimada
CAE
RELAÇÃO
CL
50:
CAE
CL
50<
10 x
CAE
10 x CAE < CL50< 100 x CAECL
50>
100 x
CAE
80 < 10 x 10 Testes subletais Testes de campo 10 x 10 < 500 < 100 x 10 Estudos de efeitos sobre o peso, etc2.000 > 100 x 10
Provavelmente baixo Risco
AVALIAÇÃO DE RISCOS RELATIVOS AOS EFEITOS DE
AGROTÓXICOS SOBRE MINHOCAS (KOKTA & ROTHERT, 1992)
TOXICIDADE AGUDA
CL
50Con. Ambiental Estimada
CAE
RELAÇÃO
CL
50:
CAE
CL
50<
10 x
CAE
10 x CAE < CL50< 100 x CAECL
50>
100 x
CAE
80 < 10 x 10 Testes subletais Testes de campo 10 x 10 < 500 < 100 x 10 Estudos de efeitos sobre o peso, etc2.000 > 100 x 10
Provavelmente baixo Risco