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Um estudo sobre a regulamentação internacional e nacional das operações back-to-back

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA EVELIN SCHNEIDER DUARTE

UM ESTUDO SOBRE A REGULAMENTAÇÃO INTERNACIONAL E NACIONAL DAS OPERAÇÕES BACK-TO-BACK

Florianópolis 2012

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EVELIN SCHNEIDER DUARTE

UM ESTUDO SOBRE A REGULAMENTAÇÃO INTERNACIONAL E NACIONAL DAS OPERAÇÕES BACK-TO-BACK

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título em Bacharel em Relações Internacionais.

Orientador: Prof. Larissa Miguel da Silveira, Msc.

Florianópolis 2012

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EVELIN SCHNEIDER DUARTE

UM ESTUDO SOBRE A REGULAMENTAÇÃO INTERNACIONAL E NACIONAL DAS OPERAÇÕES BACK-TO-BACK

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais e aprovado em sua forma final pelo Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, __ de _________ de 2012.

______________________________________________ Profa. e Orientadora Larissa Miguel da Silveira, Msc

Universidade do Sul de Santa Catarina

___________________________________________ Prof. … , titulação

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________ Prof. … , titulação

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço à minha família pelo apoio incondicional e a constante motivação desde o início até a conclusão desta jornada.

Aos meus pais, Haroldo e Beatriz, pela presença, força e pelo esforço destinado à minha formação através das tantas oportunidades que me proporcionaram até hoje. Obrigada por acreditarem no meu potencial!

Vocês me inspiram a ser melhor todos os dias.

Aos meus amigos, fontes de energia para que eu conquiste os meus sonhos, pela companhia e por todos os momentos e experiências compartilhados.

À minha orientadora, Professora Larissa, pelo seu tempo, críticas e orientação deste trabalho.

A todos que de alguma forma contribuem para minha formação como pessoa e profissional.

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“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original”. (Albert Einsten)

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RESUMO

A operação back-to-back é cada vez mais utilizada pelas empresas brasileiras como forma de competir no mercado internacional. Trata-se de uma operação em que uma empresa compra determinado produto no exterior e o revende para o seu cliente em um terceiro país, sem que a mercadoria transite pelo Brasil. Este trabalho objetivou levantar informações pertinentes à regulamentação das operações back-to-back, através dos Acordos que regulam o comércio internacional de bens no âmbito da Organização Mundial do Comércio e das normas brasileiras. Procurou-se apontar os principais assuntos referentes ao Comércio Exterior Brasileiro e os aspectos que regem as operações de importação e exportação no país. Através da pesquisa bibliográfica, documental e de entrevistas às empresas que operam na modalidade foco deste estudo, foram descritos os motivos pelos quais as empresas optam por operar através do back-to-back, os riscos e vantagens, o tratamento tributário e o entendimento dos órgãos brasileiros.

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ABSTRACT

The operation back-to-back is increasingly used by Brazilian companies as a way to compete in the international market. This is an operation in which a company buys a product abroad and resells it to its client in a third country without the goods transiting through Brazil. This study aimed to gather information relevant to the regulation of operations back-to-back, through the agreements that regulate the international trade of goods under the World Trade Organization and Brazilian laws. We sought to identify the main issues related to the Brazilian Foreign Trade and aspects that conduct the import and export operations in the country. Through literature, documentary and interviews with companies that operate through the operation focus of this study, we described the reasons why companies choose to operate through the back-to-back, the risks and benefits, the tax treatment and understanding of Brazilian organs.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Países participantes das oito Rodadas...24

Figura 1 – Estrutura dos Acordos OMC...27

Quadro 2 – Contribuições Financeiras...34

Figura 2 – Órgãos gestores – Ministério da Fazenda...47

Figura 3 – Órgãos gestores – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior..49

Figura 4 – Departamentos Secretaria de Comércio Exterior...50

Figura 5 – Operacionalização tradicional importação/exportação...63

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LISTA DE SIGLAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APEX – Agência de Promoção de Exportações e Investimentos ASMC – Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias BB – Banco do Brasil

BCB – Banco Central do Brasil BM – Banco Mundial

CAMEX – Câmara de Comércio Exterior

COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social DDE – Declaração de Despacho de Exportação

DECEX – Departamento de Comércio Exterior DECOM – Departamento de Defesa Comercial

DEINT – Departamento de Negociações Internacionais

DENOC – Departamento de Normas e Competitividade no Comércio Exterior DEPLA – Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior DI – Declaração de Importação

DPF – Departamento da Polícia Federal FMI – Fundo Monetário Internacional

GATT - Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços IE – Imposto de Exportação

II – Imposto de Importação

IOF – Imposto sobre Operações Financeiras

IPI – Imposto sobre operações com Produtos Industrializados LI – Licenciamento de Importação

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MF – Ministério da Fazenda

OIC – Organização Internacional do Comércio OMC – Organização Mundial do Comércio

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PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público PICE – Política Comercial e de Comércio Exterior

PIS – Programa de Integração Social RE – Registro de Exportação

RMCCI – Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais SECEX – Secretaria de Comércio Exterior

SGP – Sistema Geral de Preferências

SISCOMEX – Sistema Integral de Comércio Exterior SRF – Secretaria da Receita Federal

TEC – Tarifa Externa Comum

UNCTAD – Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ... 13

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA ... 13

1.2 OBJETIVOS ... 15 1.2.1 Objetivo Geral... 16 1.2.2 Objetivos Específicos ... 16 1.3 JUSTIFICATIVA ... 16 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 17 1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA ... 19 2FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 21 2.1 O COMÉRCIO INTERNACIONAL ... 21

2.1.1 A Organização Mundial do Comércio ... 23

2.1.1.1 Princípios ... 25

2.1.1.2 Estrutura dos Acordos ... 27

2.1.2 O comércio internacional de bens ... 28

2.1.2.1 Tarifas ... 28

2.1.2.2 Salvaguardas ... 29

2.1.2.3 Comércio e desenvolvimento ... 30

2.1.2.4 Valoração aduaneira ... 32

2.1.2.5 Direitos Antidumping ... 32

2.1.2.6 Subsídios e Medidas Compensatórias ... 33

2.1.2.7 Regras de Origem ... 36

2.1.2.8 Barreiras Técnicas ao Comércio ... 36

2.1.2.9 Licenciamento de Importações ... 38 2.1.2.10 Inspeção Pré-embarque ... 39 2.2 COMÉRCIO EXTERIOR ... 40 2.2.1 Principais Conceitos ... 41 2.2.1.1 Exportação ... 42 2.2.1.2 Importação ... 43

2.2.2 Comércio Exterior Brasileiro ... 44

2.2.3 Principais Órgãos Intervenientes ... 46

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2.2.3.2 Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) ... 48 2.2.3.3 Outros órgãos ... 51 2.2.4 Tratamento Tributário ... 53 2.2.4.1 Importação ... 53 2.2.4.2 Exportação ... 54 2.2.5 Tratamento Administrativo ... 55

2.2.6 Documentos no Comércio Exterior ... 58

2.2.7 Câmbio ... 60

3ANÁLISE DE DADOS... 62

3.1 OPERAÇÃO BACK-TO-BACK ... 63

3.1.1 Regulamentação das operações back-to-back ... 65

3.1.2 Posicionamento órgãos gestores ... 68

3.1.3 Vantagens ... 70

3.1.4 Riscos ou Desvantagens ... 72

4CONSIDERAÇÕES FINAIS:... 74

REFERÊNCIAS ... 76

APENDICE A – QUESTIONÁRIO ENVIADO ÀS EMPRESAS ... 81

ANEXO A – REGULAMENTO DO IPI ... 82

ANEXO B – CONSULTA Nº 688/1994, DE 3/1/94 ... 83

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1 INTRODUÇÃO

A evolução das práticas comerciais em todo o mundo, por meio da globalização1 e através do avanço econômico, faz com que cada vez mais existam possibilidades de efetivação de negócios internacionais. Os negócios passaram a ser definidos em um ambiente global, onde as empresas estão forçadas a considerar o restante do mundo em sua análise estratégica competitiva (DORNIER et al, 2000).

Mais do que nunca, a competitividade de uma empresa resulta da sua capacidade produtiva acrescentada ao conhecimento e prática adequada de mecanismos que possibilitem a oferta de seus produtos, à mão de seus consumidores, atendendo satisfatoriamente os aspectos: preço, prazo e qualidade (LOPEZ;GAMA, 2005).

A logística mundial cada vez mais integrada, onde é possível que uma mercadoria chegue de um hemisfério ao outro em poucas horas, e a busca por operações que possibilitem a maximização de lucros por parte das empresas atuantes no comércio internacional, fazem com que as barreiras geográficas não mais signifiquem um obstáculo para a concretização dos negócios no mercado internacional.

Diante deste cenário, apresenta-se o enfoque central desta pesquisa, as chamadas operações back-to-back, que nada mais são operações de comércio internacional que conjugam a logística moderna com a busca pela redução de custos e conseqüente competitividade, os quais serão verificados ao longo desta pesquisa.

No próximo item serão apresentados os elementos iniciais do relatório de pesquisa, especialmente a exposição do tema e do problema. Em seguida, serão expostos os objetivos gerais e específicos que esta pesquisa deseja atingir. Prossegue-se com a justificativa da autora para a escolha do tema e os aspectos metodológicos que auxiliaram na elaboração deste trabalho, objetivando torná-lo mais claro para o leitor.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

Ao visualizar um mapa político, as fronteiras entre os países se vêem claras como sempre. Mas em um mapa competitivo, que demonstra os fluxos reais de atividades industriais e financeiras entre os países, a maioria das fronteiras desapareceu,

1 “O termo globalização refere-se à reorganização das estruturas produtivas e ao aumento dos fluxos comerciais e financeiros, configurando uma situação de crescente interdependência mundial, num contexto de aceleração do desenvolvimento tecnológico”. (LARRAÑAGA, 2003, p. 16)

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principalmente devido ao fluxo de informação cada vez mais veloz (MONTGOMERY;PORTER, 1998). Entende-se que a concorrência internacional rompeu fronteiras e ignorou bandeiras ou idiomas.

O contexto evidencia a necessidade de criação de novos métodos e formas de comércio para que se alcance a diminuição de custos, e para que uma empresa possa estar apta a disponibilizar um produto competitivo frente aos inúmeros concorrentes internacionais. Montgomery e Porter (1998) esclarecem: “Um ambiente competitivo em escalada força os participantes a fazerem tudo a seu alcance para se tornarem os concorrentes de menor custo. A eficiência em logística é particularmente importante [...]”

Neste ambiente, faz-se necessário a incorporação e o conhecimento sobre ferramentas modernas de gestão de logística e a compreensão dos objetivos desta gestão. A respeito da concepção de logística, para Larrañaga (2003, p. 31):

a palavra logística tem origem no verbo francês loger, que significa alojar e que era utilizada para identificar o abastecimento militar de grandes exércitos com tudo o que era necessário para a batalha na linha de frente, longe de suas bases e recursos. Embora a batalha pelo cliente nas linhas de frente dos negócios não seja uma atividade bélica, ela é um teste para a sobrevivência das empresas submetidas a grandes pressões no ambiente competitivo de hoje.

Este desafio é vivenciado pelas empresas brasileiras, uma vez que, apesar de nossas vantagens competitivas, estamos forçados a enfrentar o chamado “Custo Brasil”. Na formação de preço de nossos produtos, temos a incidência de diversos componentes cujo impacto é muito maior do que o verificado nos custos dos concorrentes internacionais.

Sobre este tema, Lopez (2005, p. 336) esclarece:

O diferencial entre os custos logísticos brasileiros e os dos demais países, que poderíamos chamar de concorrentes internacionais, é tão evidente que provoca inversão nos parâmetros de competitividade para os preços dos produtos nos mercados consumidores: temos em muitos casos melhores preços de fabricação/elaboração, decorrentes de vantagens naturais (insumos ou mão-de-obra), porém perdemos muitos mercados porque nosso preço final acaba ficando mais elevado, em função de possuirmos custos logísticos maiores.

Boa parte do sucesso das empresas depende de um processo eficaz de movimentação de mercadorias, ao menor custo possível, no momento e no local adequado. De acordo com Larrañaga (2003, p. 34), “Sistemas logísticos eficientes e

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eficazes, ao permitir a redução do custo final dos produtos, significam um melhor padrão de vida para toda a sociedade”.

Uma possível alternativa para alcançar a almejada redução de custo, no sentido de obter ou manter a competitividade dos produtos, é a operação back-to-back. Trata-se de operações triangulares, em que se realizam uma compra e uma venda, envolvendo três países, mas sem que as mesmas necessariamente transitem pelo Brasil. “A operação possibilita à sua empresa comprar um produto no exterior e vendê-lo a um terceiro, sem trânsito pelas fronteiras brasileiras” (BANCO DO BRASIL, 2012).

Nesta operação triangular não é necessário o processo de liberação aduaneiro da mercadoria no Brasil, uma vez que não ocorre o ingresso da mesma no território nacional, ocorrendo somente uma transação comercial da compra e venda e os respectivos pagamentos, reduzindo assim, a carga tributária e os custos operacionais incidentes sobre toda operação.

O conhecimento da regulamentação ou normas que regem as operações é de vital importância para que as empresas atuem com segurança e não estejam passíveis a quaisquer penalidades. Por sua vez, a falta de regulamentação ou de posicionamento oficial por parte dos órgãos intervenientes gera questionamentos e desfavorece a utilização destas operações, visto que as informações são pouco acessíveis ou difundidas.

Diante das idéias e conceitos acima mencionados, o seguinte estudo tem como questão central de pesquisa, que direciona e aprofunda o desenvolvimento do trabalho: Qual é a regulamentação existente no âmbito da Organização Mundial do Comércio e do Governo Brasileiro a respeito das operações back-to-back?

1.2 OBJETIVOS

A seguir, serão delineados o objetivo geral e os objetivos específicos, com o intuito de determinar as competências e finalidades do trabalho.

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1.2.1 Objetivo Geral

Verificar a existência de regulamentação no âmbito da Organização Mundial do Comércio e do Governo Brasileiro em relação às operações back-to-back.

1.2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos a serem alcançados no decorrer deste trabalho são:

a) Definir o Comércio internacional de bens e identificar as normas que o regulam;

b) Apresentar as normas e a estrutura organizacional do Comércio Exterior no Brasil;

c) Verificar os tratamentos administrativos e tributários nas operações de Comércio Exterior no Brasil;

d) Conceituar as operações back-to-back e averiguar suas vantagens e desvantagens.

1.3 JUSTIFICATIVA

O comércio exterior representa a troca de bens e de serviços entre diferentes países e possibilita o crescimento econômico do país, pois esse necessitará ampliar sua produção, expandir seus mercados consumidores e adaptar-se às novas formas de produção, distribuição e estoque dos produtos, para manter-se competitivo no mercado internacional.

O aumento da competitividade provoca o aparecimento de bens e serviços cada vez melhores, estabelecendo uma relação intrínseca entre aquele que produz e aquele que consome, que resulta num constante aprimoramento por parto do produtor para a conquista do consumidor. (LOPEZ, 2005, p. 29).

A busca por maneiras mais competitivas de se exportar, para que as empresas brasileiras possam competir no comércio internacional foi a principal motivação que levou a acadêmica ao desenvolvimento deste trabalho.

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Se o comércio exterior é uma atividade exclusivamente humana que tem por objetivo possibilitar trocas e satisfazer desejos, fica evidente que a luta por melhores condições em relação ao preço, qualidade e tempo, afetará diretamente todos os envolvidos nesta relação, ou seja, toda a sociedade.

É sabido que a burocracia excessiva para a importação e exportação, a alta carga tributária, custos trabalhistas, altos custos em logística, fazem com que muitos produtos brasileiros tornem-se inviáveis a exportação, uma vez que, com todos os custos envolvidos para a efetivação desta venda ao exterior, o preço não se torna competitivo no país de destino.

Por meio deste projeto, busca-se apresentar ao leitor novas informações sobre uma possível solução logística chamada “Back-to-Back”, que possibilita que uma empresa exportadora fabrique o seu produto em outro país, e o exporte para um terceiro, sem que a mercadoria transite pelo Brasil.

A carência de publicações oficiais de órgãos governamentais e artigos científicos fornecendo de forma clara e objetiva os procedimentos às empresas que pretendem operar dentro desta modalidade resulta em um processo pouco difundido, fazendo com que muitas empresas deixem de operar nesta modalidade pela falta de informação. Também por este motivo, a acadêmica motivou-se a elaborar este trabalho para expor ao leitor informações sobre a operação back-to-back.

Para os bacharéis em Relações Internacionais e para a academia será oferecida uma contextualização a respeito das normas que regulam o comércio internacional de bens, conceitos de comércio exterior, e demais informações do tema sob a ótica dos conhecimentos obtidos ao longo do curso, podendo servir como referência ao leitor para eventuais pesquisas.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Considerando que esta pesquisa não necessariamente visa gerar uma aplicação imediata, ela pode ser considerada como uma Pesquisa Básica.

Com base nos critérios de pesquisa e pela forma que será abordado o problema objeto deste estudo, é possível classificar esta abordagem como Pesquisa Qualitativa, uma vez que não se empregará dados estatísticos como foco da análise.

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Sobre a pesquisa qualitativa, segundo Oliveira (2002, p. 117):

As pesquisas que se utilizam de abordagem qualitativa possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interpretação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos.

Como o objetivo deste trabalho é levantar informações e fazer uma sondagem acerca do tema que é pouco difundido, considera-se o objetivo desta pesquisa como sendo exploratório.

Para Gil (2002, p. 41) em respeito da pesquisa exploratória:

Essas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou constituir hipóteses. Pode-se dizer que esta pesquisa tem como objetivo principal o aprimoramento de idéia ou a descoberta de instituições.

O presente estudo possui os tipos de pesquisa bibliográfica e documental, que serviram como base para análise e coleta de dados do tema abordado.

Quanto à pesquisa bibliográfica, Severino (2007, p 122) explana: “A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc.”. Os dados foram coletados por meio da bibliografia existente publicada em livros, revistas, periódicos, sites da internet, sites de órgãos públicos e materiais publicados pela mídia.

No que tange a pesquisa documental, Gil (2002, p. 45), relata que uma “pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa”.

A respeito do material utilizado para a pesquisa documental, foram utilizados documentos provenientes de órgãos intervenientes do Comércio Exterior no Brasil, como a Receita Federal, Banco Central do Brasil e Banco do Brasil, através da análise de regulamentos, soluções de consulta e informações encontradas nos sites destes órgãos. Também foram utilizados documentos publicados por organismos internacionais como a Organização Mundial do Comércio.

Para a coleta de dados utilizou-se ainda da entrevista, cujo questionário encontra-se no Apêndice deste trabalho. O questionário foi enviado a 7 empresas que operam através do back-to-back, sendo que 5 delas o responderam. Das 5 empresas que

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responderam, 3 optaram por não se identificar ao longo do trabalho. As entrevistas foram realizadas no intuito de obter uma melhor contextualização de como funciona a operação no dia-a-dia da empresa, visto que, desde o início da pesquisa, notou-se que existem poucos artigos e publicações oficiais acerca do tema.

Em relação às entrevistas Lakatos e Marconi (2005, p. 216) contribuem: “As entrevistas qualitativas são muito pouco estruturadas. O principal interesse do pesquisador é conhecer o significado que o entrevistado dá aos fenômenos e eventos de sua vida cotidiana, utilizando seus próprios termos.”

As principais limitações encontradas por meio desta ferramenta de coleta de dados é o fato de que os resultados podem estar vulneráveis à influência do pesquisador e da análise das informações prestadas pelas empresas.

O estudo limita-se pelo fato de não possuir uma visão generalista do assunto, ficando restrita às empresas escolhidas como amostragem. Ou seja, a análise feita pela autora, além daquelas advindas de outras fontes, foi baseada nas respostas das empresas entrevistadas, podendo não servir para demais empresas brasileiras.

As pesquisas documentais, bibliográficas e entrevistas foram utilizadas para melhor aclarar a temática abrangendo algumas das variáveis que poderiam influenciar as considerações finais do projeto.

1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA

O trabalho estrutura-se em 4 capítulos para auxiliar o entendimento da regulamentação do comércio internacional nos âmbitos da OMC e brasileiro, em especial o posicionamento existente até o presente momento para a operação back-to-back, buscando englobar os principais aspectos que a definem, suas vantagens e desvantagens entre outros aspectos que influenciam às empresas a utilizarem este tipo de operação nos dias de hoje.

O primeiro capítulo apresenta-se, dentro da introdução, a apresentação do tema e o problema de pesquisa, os objetivos geral e específico, assim como a justificativa e os procedimentos metodológicos que foram utilizados para captação de informações para o trabalho.

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No segundo capítulo, que se trata da fundamentação teórica desta pesquisa, introduz-se as definições para comércio internacional e o contexto em que foi criada uma organização internacional que pudesse regular este comércio e estimulá-lo, a OMC. Em seguida, apresentam-se os Acordos que regem o comércio de bens entre os países membros. Ainda no segundo capítulo, trata-se do comércio exterior brasileiro, levantando informações pertinentes à sua administração e regulamentação, seu tratamento tributário e administrativo, assim como as devidas definições de importação e exportação.

No terceiro capítulo, busca-se contextualizar o leitor sobre a definição da operação back-to-back e os motivos pelos quais as empresas optam por utilizá-la como fonte de competitividade e ganho logístico. Neste mesmo capítulo, foram feitas análises de suas vantagens e riscos, seu tratamento tributário, assim como foram expostos os posicionamentos dos órgãos brasileiros até o momento no que tange à possível regulamentação da operação.

No quarto e último capítulo, apresenta-se as considerações finais em relação ao conteúdo apresentado, expondo a visão da autora, através das devidas análises efetuadas a partir dos materiais disponíveis, a respeito do posicionamento dos órgãos brasileiros quanto às operações back-to-back e os possíveis efeitos gerados pela falta de regulamentação.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No primeiro subtítulo, para contextualização do tema, foram abordadas as definições de Comércio Internacional e as circunstâncias em que se criou a Organização Mundial do Comércio, com o objetivo de estimular o livre comércio internacional. Em seguida, foram apresentados os princípios e os principais Acordos desta Organização no que tange o comércio de bens, foco desta pesquisa.

No segundo subtítulo, pretendeu-se esclarecer os principais aspectos referentes ao comércio exterior no Brasil: primeiramente a partir da definição das operações de importação e exportação, o histórico da abertura comercial no Brasil a partir dos anos 90, os órgão intervenientes do comércio exterior no País, além do tratamento tributário e administrativo destas operações. Ao final, também se esclareceu alguns aspectos referentes ao Câmbio, os quais serão importantes para entendimento do tema central deste trabalho: as operações back-to-back.

2.1 O COMÉRCIO INTERNACIONAL

O conceito fundamental de comércio internacional está, historicamente, relacionado com as operações de troca, que existiam entre países de diferentes culturas ou hábitos, e com a evolução do fluxo de informações e meios de transporte, evidenciando a integração econômica entre os povos (RORATTO, 2006).

Maluf (2000, p. 23) apresenta o seguinte conceito:

O comércio internacional é o intercâmbio de bens e serviços entre países, resultantes das especializações na divisão internacional do trabalho e das vantagens comparativa dos países. Os fatores que contribuem para a decisão de inserção em um mercado alvo seriam o grau de mobilidade de fatores de produção, natureza do mercado, existência de barreiras aduaneiras, distância e variações monetárias e de ordem legal.

Para Luna (2000 apud RORATTO, 2006, p. 49):

Fluxo do intercâmbio de bens e serviços entre países ou empresas desses países, resultantes em grande proporção da divisão internacional do trabalho, as leis que regem o comércio internacional, as relações que integram as entidades econômicas internacionais e a harmonização dos interesses dos países entre si no campo do comércio.

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Portanto, o comércio internacional se refere às transações efetuadas entre os países, não somente em relação às trocas comerciais (exportação e importação de mercadorias e serviços), mas também aos investimentos externos, os empréstimos, e donativos (RORATTO, 2006).

Na etapa atual de integração econômica que vivemos, o comércio internacional vem desempenhando um papel cada vez mais relevante na economia mundial. Com a evolução das práticas comerciais em todo o mundo, por meio da modernização e globalização dos mercados, as barreiras geográficas cada vez menos significam um obstáculo à concretização de negócios internacionais.

Segundo Dornier e outros (2000), a criação de um ambiente global nos negócios está forçando as empresas, independente de sua localização ou base de mercado, a considerar o restante do mundo em sua análise estratégica competitiva. Todos acabam aceitando que hoje os negócios se desenvolvem dentro de uma economia globalizada, e isso quer dizer que, são raras as empresas cujos produtos e serviços não se originam ou têm destino no exterior, ultrapassando as fronteiras nacionais. A maneira como os negócios são realizados passa de uma base nacional para uma base mundial, “[...] reforçando o processo de globalização das atividades econômicas e contribuindo para a dinâmica do crescimento econômico e para os novos padrões de produção e de comércio.” (THORSTENSEN, 2003, p.25).

Pode-se ainda citar o aumento das necessidades dos Estados como uma ferramenta que proporcionou a evolução do comércio internacional.

O conforto e a satisfação das necessidades dos povos transformou o comércio internacional em algo de extrema importância e, em certos casos, essencial. Mesmo países que possuíam recursos naturais abundantes, como o ferro, carvão e outros, devido à utilização em tão larga extensão, transformaram-se em importadores desses insumos. (GUIDOLIN, 1991, p. 23)

Com a finalidade de estimular o comércio internacional sem obstáculos de qualquer natureza e com objetivo de trazer segurança e previsibilidade aos intercâmbios internacionais, consolidou-se, sob o apoio da Organização Mundial do Comércio (OMC), o sistema multilateral de comércio, sustentado pelos seus acordos resultantes das Rodadas de Negociação (BARRAL, 2004).

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A seguir, apresenta-se o contexto em que foi criada a Organização Mundial do Comércio, com o principal objetivo de regulamentar o comércio internacional, de forma livre e justa, seus princípios e os acordos que a instituem.

2.1.1 A Organização Mundial do Comércio

Ao final da Segunda Guerra Mundial, os esforços dos países vencedores estavam destinados à criação de organismos que pudessem reconstruir e regulamentar a economia mundial. Naquele momento, o propósito para criação de organizações que regulassem as relações econômicas era evitar a desvalorização da produtividade, criar mecanismos para diminuir as barreiras comerciais e gerar um ambiente de maior cooperação que pudesse impedir novas guerras (BARRAL, 2004).

Silveira (2007, p. 20) contribui:

Ao contrário do que se possa imaginar, a liberalização e a regulamentação da economia mundial por meio das instituições internacionais não são fatores antagônicos, mas sim complementares. Isto porque a regulamentação não permite que os Estados atuem de maneira unilateral, conseqüentemente, há a liberalização do comércio por uma maior segurança jurídica.

Neste contexto, em 1944, ocorreu a Convenção de Bretton Woods, na qual foi acordado entre os Estados participantes a criação de instituições que pudessem proporcionar cooperação na área da economia internacional. A primeira seria o Fundo Monetário Internacional (FMI), a segunda o Banco Mundial (BIRD) e a terceira seria a Organização Internacional do Comércio (OIC).

O FMI e o BIRD foram criados e iniciaram suas atividades logo após o término da Segunda Guerra Mundial. O primeiro com finalidade de manter a estabilidade das taxas de câmbio e auxiliar os países membros com eventuais desequilíbrios na balança de pagamentos, e o segundo, também conhecido como Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, tinha a função de financiar a reconstrução dos países atingidos pela guerra, além de fornecer recursos para apoiar projetos de desenvolvimentos dos países (SILVEIRA, 2007).

A OIC acabou não sendo estabelecida, pois os Estados Unidos optaram por não ratificar a Carta de Havana, que delimitava os seus objetivos e funções, uma vez que “[...] a maioria dos deputados temia que a nova instituição iria restringir

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excessivamente a soberania do país na área do comércio internacional” (THORSTENSEN, 2003).

Como os Estados Unidos já detinham vital importância no comércio internacional, seria inviável a criação de uma organização sem a sua ratificação. Barral (2004, p. 12) esclarece:

Quanto à Organização Internacional do Comércio, a política interna norte-americana, que havia levado ao Congresso uma maioria republicana, impediu sua aprovação. E a criação de uma organização em matéria comercial, sem a participação dos EUA seria impraticável, em virtude do peso deste país no comercial mundial, já em 1947.

Como solução, foi negociado um Acordo Provisório, em 1947, que adotava apenas um segmento da Carta de Havana, mais especificamente as negociações de tarifas e regras sobre o comércio. Este segmento passou a ser chamado Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio ou GATT.

As regras criadas através do GATT passaram a conduzir a liberalização do comércio internacional a partir das rodadas de negociação. Jank (2005, p. 21) menciona que “foram oito as rodadas iniciadas na década de 50, no âmbito do GATT, com o objetivo de reduzir a então mais visível barreira ao comércio – as tarifas praticadas por seus membros.”

O quadro 1, a seguir apresentado, identifica o número de países participantes de cada uma das oito rodadas assim como os principais temas debatidos e o comércio afetado em US$, demonstrando o aumento do interesse dos Estados em negociações no sistema multilateral de comércio nos últimos anos. Destaca-se especial atenção ao drástico aumento do comércio afetado na última rodada, resultando em aproximadamente 24 vezes mais do que o comércio afetado na sétima rodada.

Quadro 1 - Países participantes das oito Rodadas

Ano Rodada Nº Países Comércio Afetado

(US$) Temas principais

1947 Rodada Genebra 23 10 bilhões Redução de tarifas

1949 Rodada Annecy 13 - Redução de tarifas

1951 Rodada Torquay 38 - Redução de tarifas

1956 Rodada Genebra 26 2,5 bilhões Redução de tarifas

1960-61 Rodada Dillon 26 4,9 bilhões Redução de tarifas

1964-67 Rodada Jennedy 62 40 bilhões Redução de tarifas e

medidas antidumping

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barreiras não- tarifárias

1986-94 Rodada Uruguai 123 3,7 trilhões Criação OMC

Fonte: Elaboração: a própria autora, 2012 informações extraídas de BARRAL (2004).

A oitava rodada, a Rodada de Uruguai (1986 – 1994), tratou sobre as regras para novos setores como os de serviço, investimentos e propriedade intelectual, bem como reforço nas medidas antidumping, subsídios, salvaguardas além da diminuição das tarifas (BARRAL, 2004, p.14). Foi a mais ousada e complexa das rodadas e com o final da mesma, criou-se a Organização Mundial do Comércio (BARRAL, 2004), com o objetivo de fomentar o livre comércio.

Thortensen e Jank (2005, p. 22) reforçam as funções da Organização:

A OMC tem por funções básicas não só a criação de regras para o comércio internacional, mas a supervisão da adoção e implementação dessas regras pelos membros da organização. Uma das funções que a caracterizam como única no quadro das instituições internacionais é o mecanismo criado para dirimir os conflitos gerados pela aplicação dessas regras, o mecanismo de solução de controvérsias.

Para que o objetivo da Organização pudesse ser efetivado, foram estabelecidos os princípios básicos, os quais fundamentam a base de todo o sistema da OMC. Conforme Silveira (2007, p. 59), “[...] a OMC tem como princípios o comércio mais livre, a não-discriminação e a previsibilidade”. O princípio da Não-discriminação ainda pode ser dividido em dois: o da Nação Mais Favorecida e o do Tratamento Nacional.

A seguir será detalhado cada um destes princípios para que seja possível um melhor entendimento a respeito dos fundamentos da OMC.

2.1.1.1 Princípios

Conforme mencionado no item anterior, serão esclarecidos os princípios da OMC, estabelecidos nos Acordo desta Organização, que visam fomentar o comércio internacional: (1) Comércio mais livre; (2) Não-discriminação; (3) Previsibilidade.

O primeiro princípio é o do comércio mais livre que, que foi justamente uma das motivações pelo qual esta Organização foi criada. “Segundo a OMC, o comércio mais livre é oportunizado com a redução dos obstáculos ao comércio (direitos aduaneiros e medidas equivalentes (SILVEIRA, 2007, p. 59)”.

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A lista de produtos e as tarifas máximas são previamente determinadas e nenhuma outra forma de restrição ou proibição deverá ser efetuada no comércio internacional. As tarifas são as únicas formas permitidas para a proteção dos mercados e as barreiras não-tarifárias (quotas, licenças de importação etc.) são proibidas (THORSTENSEN, 2003).

O segundo princípio, o da Não-discriminação, pode ser dividido entre o da Nação Mais Favorecida e do Tratamento Nacional:

O princípio da Nação Mais Favorecida proíbe a discriminação entre os países membros da OMC, ou seja, toda vantagem, benefício ou imunidade que é concedida a uma parte contratante, deverá se estender imediatamente e incondicionalmente para todos os demais membros (THORSTENSEN, 2003). .

Silveira (2007, p. 60) ainda atenta para as possibilidades de exceção a este princípio: “Como toda regra, o sistema aceita exceções, como, por exemplo, os acordos regionais (que estabelecem uma Tarifa Externa Comum – TEC) e o acesso especial a países em desenvolvimento.”

Incluído ao princípio geral da Não-discriminação encontra-se a regra do Tratamento Nacional, o qual determina que o produto importado deverá ter o mesmo tratamento de um produto nacional. Ou seja, as taxas e legislações que cabem ao produto nacional devem ser aplicadas igualmente ao produto importado, evitando permitir que os países concedam benefícios apenas para a proteção dos produtos domésticos (THORSTENSEN, 2003).

O terceiro princípio trata da Previsibilidade, que se define através da Transparência e Consolidação das Tarifas:

Consolidação de tarifas: os países membros têm acesso prévio às normas de acesso aos mercados e seus compromissos tarifários consolidados. Após definidas as tarifas, as mesmas não poderão ser majoradas, possibilitando a previsibilidade nas operações no que diz respeito aos obstáculos tarifários (SILVEIRA, 2007). Os países devem conceder aos demais membros tratamento não menos favorável do que os definidos na lista de consolidação.

Transparência: cada país membro deve divulgar suas normas comerciais de forma clara, inclusive as mesmas deverão ser notificadas à OMC. Este princípio permite que os governos troquem informações sobre medidas normativas gerando confiança e estabilidade ao sistema multilateral de comércio e concede acesso a informações para

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reconhecimento de novos mercados e suas exigências, possibilitando com que os países membros busquem formas de se tornarem mais competitivos nas exportações (GADRET, 2009).

2.1.1.2 Estrutura dos Acordos

Ao final da Rodada de Uruguai foi instituída a Organização Mundial do Comércio, provida de personalidade jurídica própria, concedendo-lhe uma estrutura institucional e jurídica consistente. No que respeita a estrutura jurídica, foram firmados vários acordos.

Silveira (2007, p. 55) explica:

Os acordos têm uma estrutura simples com seis partes principais: um acordo geral (o acordo que estabelece a OMC); os acordos que dizem respeito a cada uma das três amplas esferas do comércio abraçada pela OMC (bens, serviços e propriedade intelectual); solução de controvérsias; e exames das políticas comerciais dos governos.

Os devidos acordos e anexos serão citados a seguir: Figura 1 - Estrutura dos Acordos OMC

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Levando em conta que esta pesquisa acadêmica pretende verificar a regulamentação, no âmbito da OMC, a respeito das operações back-to-back, que somente podem ser operadas no comércio de bens, no próximo capítulo serão expostos os principais acordos e negociações que regulam as relações comerciais envolvendo o Anexo 1A, relativo ao comércio internacional de mercadorias.

2.1.2 O comércio internacional de bens

A OMC define, no seu preâmbulo, que as relações dos seus membros na área do comércio e atividades econômica devem ser conduzidas com vistas à melhoria dos padrões de vida (THORTENSEN, 2003). Também menciona que, visando à obtenção de vantagens mútuas, as partes deverão contribuir com a efetivação das negociações que se destinam a real redução das tarifas e dos demais obstáculos ao comércio.

Baseado nos conceitos acima, as Rodadas de negociação do GATT deram fruto aos Acordos do comércio de bens, que influem e regulamentam o comércio internacional entre os países membros, os quais serão expostos a seguir.

2.1.2.1 Tarifas

Um dos principais acordos relacionados ao comércio internacional de bens é justamente a liberalização do comércio através das negociações sobre tarifas, que será detalhado a seguir.

As reduções tarifárias foram negociadas desde a primeira Rodada de Genebra, a qual deu início ao GATT. Conforme Jakobsen (2005, p.37): “Nas negociações que ocorreram entre 1947 (Genebra) e 1951 (Torquay), elas foram reduzidas, em média, 25%”. As concessões tarifárias entre os 23 países participantes da primeira rodada corresponderam a um comércio no valor de US$ 10 bilhões.

Durante as demais 7 rodadas de negociação, ao longo dos 32 anos, os resultados foram significativos e representam o grau de sucesso de cada rodada, uma vez que indicam [...] “o grau de liberalização que os membros estão dispostos a negociar em cada ocasião” (THORSTENSEN, 2003, p.56). Conforme também

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apresentado em tabela anterior, houve um aumento significativo do comércio afetado ao longo das 8 Rodadas do GATT, o qual pôde ser alcançado através das negociações tarifárias entre os países membros.

Na Rodada de Uruguai, novos objetivos para as negociações das tarifas foram alcançados. Conforme Thorstensen (2003, p.56):

Cada país apresentou e negociou com seus principais parceiros uma lista de reduções tarifárias que, uma vez aprovada como resultado da Rodada, passou a ser aplicada a todos os membros da OMC, através do princípio de Nação Mais Favorecida.

Além das reduções tarifárias, o objetivo era que os países aceitassem a consolidação das tarifas negociadas, ou seja, a partir do momento em que as tarifas máximas fossem notificadas à OMC e entrassem em vigor, as mesmas não poderiam ser majoradas por parte dos governos.

As negociações prevêem, no entanto, algumas situações em que é permitida a modificação da lista de concessão de tarifas, como é o caso das salvaguardas e do tratamento especial aos países em desenvolvimento.

2.1.2.2 Salvaguardas

As medidas salvaguardas foram regulamentadas na Rodada Uruguai, através do Acordo sobre Salvaguardas, com o objetivo de definir alguns mecanismos que pudessem ser utilizados pelos países a fim de proteger importações que, de alguma maneira, estivessem prejudicando e trazendo aspectos negativos para ordem econômica daquele país. Em outras palavras, Thortensen e Jank (2005, p. 159) definem:

Salvaguardas podem ser definidas como medidas que visam aumentar, temporariamente, a proteção a uma indústria doméstica que esteja sofrendo prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave decorrentes do aumento de importações de produtor que se destinem ao mesmo mercado em que essa indústria atua, segundo determinadas circunstâncias.

A medida de proteção utilizada com maior frequência pelos países é o aumento de tarifas ou a criação de quotas para os produtos das indústrias em que for comprovado ameaça de prejuízo ou prejuízo grave. A aplicação destes mecanismos

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deverá ser baseada na dimensão em que dano for comprovado, como forma de facilitar a recuperação da indústria afetada (BARRAL, 2004).

Portanto, Thorstensen e Jank (2005, p. 61) explicam que as medidas de salvaguarda “[...] deverão ser aplicadas somente no limite necessário para remediar ou prevenir o prejuízo grave e facilitar a adaptação da indústria nacional (artigo 5.1, Acordo sobre Salvaguardas).

Barral (2004) esclarece os requisitos básicos para que um país membro possa aplicar as medidas salvaguardas. Faz-se necessário um processo de investigação em que se cumpram algumas condições formais: será investigado o aumento efetivo das importações, o prejuízo ou ameaça de prejuízo à indústria nacional e um nexo de casualidade entre dois fatos.

Após a autoridade competente pela condução da investigação comprovar os requisitos para aplicação das medidas salvaguardas, as mesmas deverão acontecer de forma não discriminatória, ou seja, qualquer medida deve atingir todas as importações do produto independente da sua origem. Esta característica dá-se pelo motivo de que as “[...] medidas são aplicadas contra o produto e não contra um ou outro Estado, e demonstrar que se trata de medida adequada [...] (BARRAL, 2004, p. 255).

2.1.2.3 Comércio e desenvolvimento

No que tange às exceções aos princípios gerais da OMC, ainda pode-se citar o tratamento especial e diferenciado destinado aos países em desenvolvimento.

Jakobsen (2005, p. 40) contextualiza a necessidade de criação de mecanismos específicos para os países em desenvolvimento:

Não há dúvida de que a eliminação ou redução de obstáculos ao comércio de bens, como tarifas externas, condicionamentos técnicos, entraves burocráticos, entre outros, contribuem para o crescimento do comércio. O desafio sempre foi e continua sendo encontrar mecanismos que produzam acordos justos, que respeitem as diferenças existentes entre os países, possibilitando que estes disponham de mecanismos macroeconômicos para definir rumos autônomos para as duas economias, de modo que o comércio realmente contribua para o desenvolvimento de todos.

A reivindicação para o estabelecimento de políticas ou regras favoráveis ao crescimento econômico dos países em desenvolvimento dá-se principalmente pelo

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motivo de que estes países são dependentes da exportação de produtos primários e, por maior que seja a sua especialidade na produção de commodities, esta não assegura uma posição satisfatória no comércio internacional, pois não permite o acumulo de capital suficiente para o financiamento da sua própria industrialização. Além disso, diante do preço dos produtos industrializados a serem importados, o preço dos produtos primários exportados por estes países acaba sendo muito inferior, criando um ambiente de difícil competição. (JAKOBSEN, 2005).

Portanto, com o intuito de atender aos interesses específicos de cada membro da OMC, o GATT foi modificado com a inclusão de princípios gerais exclusivos para o comércio dos países em desenvolvimento, permitindo assim seu

crescimento econômico, conforme recomendações da UNCTAD2 (Conferência das

Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento) (THORTENSEN, 2003).

Entre as principais decisões adotadas pelo GATT, pode-se citar o princípio da não-reciprocidade agregado ao capítulo IV do Acordo Geral e o Sistema Geral de Preferências (SGP).

O princípio da não-reciprocidade dispõe que os países em desenvolvimento não são obrigados a seguir a cláusula da nação mais favorecida em relação aos países industrializados e ainda permite que conceda vantagens tarifárias a outros países em desenvolvimento, sem que se faça necessário a criação de zonas de livre-comércio ou uniões aduaneiras (JAKOBSEN, 2005).

O SGP permitiu que os produtos dos países em desenvolvimento obtivessem tratamento diferenciado e mais favorável, no que diz respeito ao tratamento tributário. O sistema foi praticado com base setorial, ou seja, “[...] os produtos em que os países em desenvolvimento eram considerados competitivos não entrariam no SGP (JAKOBSEN, 2005, p. 45).

O SGP permitiu que as mercadorias de países em desenvolvimento pudessem ter acesso privilegiado aos mercados desenvolvidos com intuito de superar o impasse da deterioração dos termos de troca e conseqüentemente facilitar o avanço e crescimento econômicos dos países beneficiados (BRASIL, 2012b).

2 Referente à UNCTAD: “O principal objetivo é aumentar ao máximo as oportunidades de comércio, investimento e progresso dos países em desenvolvimento, ajudando-os a enfrentar os desafios derivados da globalização e a integrar-se na economia mundial em condições eqüitativas (BRASIL, 2012a)”.

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2.1.2.4 Valoração aduaneira

O valor aduaneiro da mercadoria é a base de cálculo para os tributos devidos na importação, considerado um dos temas mais importantes no comércio exterior, pois é sobre este valor que incidirão tarifas e quotas, direitos antidumping ou medidas compensatórias. As mercadorias submetidas ao despacho aduaneiro estão sujeitas ao controle deste valor, onde é verificado se o valor declarado pelo importador está em conformidade com as regras estabelecidas pelo Acordo de Valoração Aduaneira (GUEIROS, 2011).

As regras sobre valoração são importantes tanto para os importadores quanto para os governos. Para os importadores, concedem maior segurança de que as alfândegas não usaram valores injustos no ato do desembaraço de bens importados. Para as autoridades, garante que os produtos não estão entrando com valores subestimados para contornar medidas de proteção, ou seja, para recolher tarifas menores do que as devidas, por exemplo. (THORTENSEN, 2003).

Algumas das regras previstas neste Acordo são: O valor aduaneiro é o valor de transação, ou seja, o preço efetivamente pago pelos bens. Cada membro deve estabelecer normas quanto à inclusão ou exclusão no valor de transação os custos de: transporte, seguro ou custos de movimentação da carga para o porto, os quais serão utilizados ou não como base de cálculo para os tributos. Outra regra diz respeito à taxa de câmbio, que deve ser utilizada de acordo com as publicadas pelas autoridades responsáveis do país de importação, na data de importação ou conforme estipulado por cada membro (THORTENSEN, 2003).

No Brasil, compõem o Valor Aduaneiro, independente do método de Valoração Aduaneira utilizado, os seguintes custos: custos de transporte das mercadorias até o porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado, custos relativos à carga, descarga e manuseio relacionados com o transporte até a chegada aos locais de entrada do território aduaneiro e o custo de seguro das mercadorias durante essas operações (BRASIL, 2012c).

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De acordo com Thorstensen (2003), o GATT, desde a sua criação reconhece o direito dos Estados membros em atuar contra o chamado comércio desleal. No comércio internacional, algumas barreiras impostas à entrada de produtos originários de outros países são legalmente aceitas e conhecidas como mecanismos de defesa comercial, como é o caso do direito antidumping.

Este mecanismo é aplicado contra a prática ilegal de dumping, ou seja, quando o preço de exportação de um produto está abaixo do preço do produto no país produtor (THORSTENSEN;JANK, 2005).

Barral (2004) contribui que o dumping pode ser definido como a distinção de preços entre dois mercados nacionais, mercado importador e mercado exportador, desconsiderando os elementos referentes ao transporte, seguro, tributos etc.

Para que um direito antidumping seja aplicado, é necessária a verificação de três requisitos por parte das autoridades investigadoras: a existência do dumping; a existência do dano ou ameaça de dano à indústria nacional e nexo de causalidade entre o dumping e o dano. (THORSTENSEN;JANK, 2005).

Barral (2004, p. 217) esclarece como as medidas antidumping são impostas:

Comprovada a existência destes elementos (dumping, dano, nexo causal), o país importador poderá impor medidas antidumping sobre o produto importado, as quais se materializam com a cobrança de direito antidumping, normalmente um percentual ad valorem sobre o produto importado.

A aplicação destas medidas é positiva na medida em que impede o intuito predatório de produtores estrangeiros. Verifica-se que, como conseqüência da redução das barreiras tarifárias no âmbito das negociações comerciais, o direito antidumping está sendo cada vez mais utilizado pelos países como instrumento para promover a proteção das indústrias nacionais, (THORSTENSEN;JANK, 2005).

2.1.2.6 Subsídios e Medidas Compensatórias

A negociação para definição do termo subsídios, durante a Rodada de Uruguai, representou progresso na história do GATT/OMC, uma vez que a falta de definição para o termo estava causando graves conflitos comerciais. Na referida Rodada foram abordados, pela primeira vez, os seguintes aspectos: o que é um subsídio, o

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aumento da lista dos subsídios proibidos, o esclarecimento daqueles que podem ser utilizados, além do fortalecimento das regras de aplicação das medidas compensatórias (THORTENSEN, 2003).

Os subsídios, por definição, são contribuições financeiras por parte do Estado para as empresas instaladas no seu território (THORSTENSEN;JANK, 2005).

Barral (2004) explica que estas contribuições financeiras podem ser materializadas das seguintes formas, conforme quadro 2:

Quadro 2 - Contribuições financeiras

Transferência direta de fundos (empréstimos, doações) ou potenciais transferências de fundos ou obrigações (quando houver o perdão de receitas públicas ou que deixem de ser recolhidas);

Fornecimento de bens ou serviços além daqueles já destinados à estrutura geral;

Formas de auxílio através de receita ou sustentação de preços, que colaboram para o aumento das exportações ou diminuição das importações.

Fonte: Elaboração: a própria autora, 2012 informações extraídas de BARRAL (2004).

O Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias (ASMC) esclarece a definição geral de subsídio, composta por três elementos: a comprovação de contribuição financeira ou apoio do Estado, a vantagem para quem o recebe e a especificidade do benefício dada a uma empresa ou indústria (BARRAL, 2004).

Baseado nos efeitos que os subsídios podem acarretar ao comércio internacional e o seu propósito, os subsídios ainda podem ser classificados em proibidos, acionáveis e não-acionáveis:

Os subsídios proibidos, conforme art. 3° do ASMC estão vinculados de direito ou de fato ao desempenho exportador, seja como condição única ou entre várias outras condições. Além disso, os subsídios proibidos podem também estar vinculados ao uso preferencial de produtos nacionais em detrimento aos importados. A proibição se dá pelo fato de que a aplicação destes subsídios intervém nos resultados do comércio, e por conseqüência, geram efeitos desfavoráveis aos interesses de outros membros (SILVEIRA, 2007).

Os subsídios acionáveis estão determinados no art. 5° do ASMC e se referem aqueles que geram efeitos negativos à indústria nacional de outro Estado-Membro.

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Sobre o tema, Silveira (2007, p. 112) esclarece:

Há três tipos de efeitos desfavoráveis: podem causar um dano a um ramo de produção do país importador; podem prejudicar aos exportadores rivais de outro país quando uns e outro competem em terceiro mercado; e quando os subsídios internos de um país podem prejudicar aos exportadores que querem competir no mercado interno de determinado país.

Sendo assim, pelo fato de não serem subsídios diretos à exportação ou ao uso preferencial de produtos nacionais, os acionáveis não são considerados proibidos. No entanto, ao causarem efeitos desfavoráveis de forma grave a outro Estado-membro, poderão ser impugnados através do Sistema de Solução de Controvérsias da OMC ou serem alvos de uma medida compensatória.

Quanto aos subsídios não-acionáveis, conforme o art. 8° do ASMC são aqueles que não são específicos a uma empresa ou indústria, ou casos específicos que atendam ao Acordo. São exemplos de subsídios não-acionáveis: apoio à atividade de pesquisa realizada por institutos especializados ou de educação superior, assistência para regiões desfavorecidas através de uma política de desenvolvimento regional ou em casos de apoio à empresa que visa cumprir exigências ambientais determinadas por lei (THORTENSEN, 2003).

Com o objetivo de compensar o dano causado à indústria doméstica no caso de subsídios acionáveis, o acordo prevê formas de proteção, como é o caso da aplicação de medidas compensatórias. Thorstensen e Jank (2005, p.187) explicam:

Os acordos internacionais prevêem a possibilidade de aplicação de medidas compensatórias, que, por sua vez, são um instrumento utilizado por um Estado para neutralizar os efeitos dos subsídios concedidos por outro Estado no seu mercado. Assim, se os produtos de empresas “subsidiadas” entram no mercado de determinado país de forma a acarretar dano à indústria nacional, o governo deste país pode impor sobretaxas na importação desses produtos para anular a vantagem que decorre dos subsídios recebidos no seu país de origem. Para que os membros possam aplicar as medidas compensatórias, se faz necessário uma investigação a fim de determinar a existência, o grau e efeito do subsídio, além da relação causal entre o subsídio e o dano, conduzidos de acordo com os dispositivos deste Acordo. Após a conclusão da investigação e a constatação dos

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requisitos por parte das autoridades competentes, os países estarão permitidos a aplicarem as medidas compensatórias (THORTENSEN, 2003).

2.1.2.7 Regras de Origem

O Acordo sobre as Regras de Origem busca trazer parâmetros para definir o que é considerado produto nacional e qual é o grau de insumo importado permitido (TORRES, 2000). O objetivo do Acordo é o de assegurar práticas a respeito das regras de origem, a fim de evitar obstáculos desnecessários ao comércio.

As Regras de Origem sendo instrumentos destinados a determinar a origem de um produto que entra no fluxo de comércio internacional, têm como objetivo evitar que uma restrição ao comércio ou uma preferência Tarifária (redução de tarifa) aplicada a um ou grupo de países, seja burlada através da adulteração da origem do produto importado (ROSAMARIA&COSTA, 2010).

Conforme o Acordo, alguns dos princípios que devem ser seguidos para harmonizar as regras de origem e criar mais previsibilidade para o comércio internacional são: “o país a ser determinado como dando origem a um bem deve ser: o país onde o bem tenha sido totalmente obtido ou, no caso de mais de um país ser envolvido, o país onde a última transformação substancial tenha sido realizada (THORTENSEN, 2003, p. 165)”; as regras de origem não devem ser aplicadas de modo a obter algum objetivo comercial e não devem causar efeitos restritivos ao comércio além de que as regras devem ser previsíveis e administradas de forma imparcial.

O Acordo foi considerado um avanço importante, pois negociou pela primeira vez, as normas para utilização deste mecanismo fundamental de comércio internacional (THORTENSEN, 2003).

2.1.2.8 Barreiras Técnicas ao Comércio

Antes da OMC, os esforços das negociações do GATT ao longo de suas rodadas se concentravam em limitar as barreiras tarifárias do comércio internacional, iniciativa na qual tiveram sucesso a partir da diminuição de níveis tarifários ou consolidação das tarifas. Como forma de garantir o controle das políticas econômicas e

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comerciais, os países passaram a buscar outras formas de garantir o efeito das tarifas até então aplicadas, por meio das barreiras não-tarifárias (BARRAL, 2004).

Sendo assim, o objetivo da liberalização comercial já alcançado nos Acordo sobre Tarifas era ameaçado na medida em que as tradicionais tarifas eram substituídas por outras formas de barreiras, as não-tarifárias.

Neste contexto, desenvolvem-se as barreiras técnicas, que se referem às exigências impostas por países quando da importação de produtos, em relação a padrões de qualidade e segurança, assim como a proteção da saúde dos consumidores e do meio ambiente.

No âmbito da OMC, Thortensen (2003, p. 171) esclarece o objetivo do Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT):

O objetivo do Acordo é o de assegurar que regulamentos técnicos e normas não criem obstáculos desnecessários para o comércio internacional, reconhecendo a importante contribuição que eles podem dar ao aumento da eficiência da produção e condução do comércio internacional.

Com base na citação anterior faz-se necessário descrever as características e diferenças pertinentes aos regulamentos técnicos e normas técnicas. Para Thorstensen (2003), os regulamentos técnicos são os documentos obrigatórios de serem cumpridos e dizem respeito aos que atestam as características de produtos importados assim como seus métodos de produção. Já as normas técnicas caracterizam-se por documentos aprovados por um órgão reconhecido acerca de regras ou características de produtos ou métodos de produção, não sendo obrigatório o seu cumprimento.

O Acordo determinou aspectos importantes relacionados à aplicabilidade das barreiras não tarifárias por parte dos países membros. Um dos aspectos indicou que as barreiras técnicas poderão abranger, além dos produtos, os métodos de produção que deram origem aos mesmos. Outra característica deste Acordo garante o princípio da Previsibilidade e a transparência da Organização, de modo que os membros devem cumprir a exigência de comunicarem ao Comitê sobre Barreiras Técnicas a adesão de novos regulamentos técnicos ou de normas internacionais (BARRAL, 2004).

Uma importante inovação proposta pelo Acordo é o Código de Boa Conduta, que busca assegurar que as normas e regulamentos não sejam criados e aplicados com intuito de criar obstáculos desnecessários ao comércio internacional, mas que sejam adotados para cumprimento de suas reais necessidades. Além disso, este

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código dispõe que os países membros devem conceder tratamento aos produtos importados de forma não menos favorável do que o produto nacional. (THORSTENSEN, 2003).

A principal dificuldade do Acordo das Barreiras Técnicas está em definir qual o limite para a imposição de barreiras técnicas, ou seja, até que ponto um país pode suspender a importação de um produto pelo não cumprimento de suas exigências técnicas.

Barral (2004) discorre a respeito da imposição de exigências técnicas na importação de alimentos transgênicos, por exemplo. No âmbito da ciência, haja vista a não existência de um posicionamento científico pacificamente aceito, qual seria o limite para a imposição de tais exigências? Ou ainda, na insuficiência de provas científicas, estaria o país obrigado a admitir a importação?

Diante da importância e da complexidade do tema, é de se presumir que a discussão sobre a utilização das barreiras técnicas no comércio internacional aumente nos próximos anos, visto que, sob pressão dos consumidores, o padrão de exigência técnica nas importações tem se elevado. À medida que estas barreiras representem obstáculos ao comércio ou forma de proteção ao produto nacional, o tema cumpre seu papel como ponto sensível no comércio internacional.

2.1.2.9 Licenciamento de Importações

No âmbito da OMC, o artigo 1 do Acordo sobre Procedimento para os Licenciamentos de Importação define que, para fins do acordo, o licenciamento será caracterizado como:

Procedimento administrativo utilizados na operação de regimes de licenciamento de importações que envolvem a apresentação de um pedido ou de outra documentação (diferente daquela necessária para fins aduaneiros) ao órgão administrativo competente, como condição prévia para a autorização de importações para o território aduaneiro do Membro importador. (BRASIL, 2012d).

A criação de métodos e regras para a obtenção de Licenças de Importações fez-se necessário para evitar que tais licenças fossem transformadas em mais uma maneira de barreira administrativa à importação, como é o caso de procedimentos poucos transparentes ou morosidade na sua liberação.

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Baseado nesta necessidade, Oliveira3 (2012, p.1) relata as principais intenções do Acordo sobre os Procedimentos para os Licenciamentos de Importação: “[...] se pregava a simplificação e a transparência de procedimentos, a não discriminação de países e fornecedores e, principalmente, se condenava a adoção de sistemas de licenciamento como método de barreira não-tarifária”.

Visando a transparência de procedimentos, o Acordo também dispõe que cada Estado deverá adequar suas leis, regulamentos e procedimentos administrativos de acordo com os termos do Acordo, de modo que as listas de produtos sujeitos a licenciamento e qualquer mudança em suas leis deverá ser imediatamente comunicado à OMC, para que todos os membros tenham acesso às mesmas. (BRASIL, 2012d). (Artigo 1, parágrafo 4)4.

Oliveira (2012) destaca importância ao fato de que o Acordo possui caráter eminentemente processual ou administrativo e que suas regras não podem ser utilizadas pelos países membros para justificativa das decisões de política comerciais.

As regras previstas no Acordo demonstram claramente a constante preocupação da Organização com a liberalização do comércio mundial, criando condições desfavoráveis para que os países utilizem o licenciamento como obstáculo ao comércio.

2.1.2.10 Inspeção Pré-embarque

No âmbito da OMC, conforme o Artigo 1, parágrafo 1, do Acordo sobre Inspeção Pré-Embarque, a definição das atividades consideradas de inspeção pré-embarque são as seguintes: “[...]verificação da qualidade, quantidade, preço, incluindo a taxa de câmbio e termos financeiros, e/ou a classificação aduaneira das mercadorias a serem exportadas para o território do Membro usuário.” (BRASIL, 2012e).

Tais inspeções se tornam necessárias principalmente em países em desenvolvimento, que não possuem uma estrutura alfandegária apropriada e por este motivo, ocasionalmente enfrentam problemas como superfaturamento, fraudes no comércio internacional, ocasionando perdas de divisas estrangeira na exportação ou perda de receitas com direitos aduaneiros sobre importações. (THORSTENSEN, 2003).

3 Assessora do Departamento de Negociações Internacionais - DEINT, da SECEX 4 Acordo sobre os Procedimentos para o Licenciamento de Importação.

Referências

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