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Fatores associados aos resultados clínicos ao comparar o uso de balão intragástrico não ajustável com o balão intragástrico ajustável de permanência prolongada

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Academic year: 2021

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Fatores associados aos resultados clínicos ao comparar o uso de

balão intragástrico não ajustável com o balão intragástrico

ajustável de permanência prolongada

Maíra L. Schwaab1, Eduardo N. Usuy Jr. 2, Maurício M. de Albuquerque 3,4, Daniel Medeiros Moreira2, Victor O. Derossi1 e Renata T. Usuy5.

OBJETIVOS: Analisar fatores associados aos resultados clínicos ao comparar o uso de balão intragástrico não ajustável com o uso de balão intragástrico ajustável de permanência prolongada.

MÉTODOS: Estudo transversal em 470 pacientes, com sobrepeso ou obesidade, submetidos ao tratamento entre outubro 2011 e julho de 2018. A associação entre as porcentagens da perda de excesso de peso (%PEP) e da perda do peso total (%PPT) com as variáveis demográficas e clínicas foram calculados com o teste qui-quadrado (p<0,05). Foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes para comparar variáveis quantitativas, com Intervalo de Confiança 95%. O cálculo para determinar o excesso de foi através de estimativa do peso ideal com IMC de 24,99kg/m2.

RESULTADOS: Os pacientes que realizaram o tratamento até o final foram 414, com %PPT média de 15,4 ± 7 no BINA e 15,5 ± 9,6 no BIA. Os com sobrepeso apresentaram maiores %PEP no BIA (157,2 ± 82,5) e os obesos maiores %PEP no BINA (56 ± 29,7), com p < 0,001. Mulheres (65,6 ± 62,2) apresentaram maiores %PEP do que homens (48 ± 27,1), com p < 0,001. Os indivíduos que atenderam a > 4 consultas com nutricionista obtiveram %PPT > 18% (60,8%), com p < 0,001. CONCLUSÃO: Obesos e mulheres tiveram maiores perdas ponderais. Maior perda

de peso foi identificada em pacientes com sobrepeso que utilizaram BIA e em obesos os quais utilizaram BINA. O BINA esteve associado com maiores taxas de %PEP. O acompanhamento nutricional impactou positivamente na %PPT.

Palavras-chave: obesidade, balão intragástrico, perda de peso

1Alunos do curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, Brasil; 2Médico Gastroenterologista da

Usuy Clínica Médica, Florianopolis, Brasil; 3Professor do curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina,

Palhoça, Brasil; 4Médico cirurgião do aparelho digestivo em Florianopolis, Brasil; 5Nutricionista da Usuy Clínica Médica,

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Introdução

A obesidade é definida como uma epidemia global 1,2 que leva a uma série de comorbidades as quais podem ser prevenidas com uma perda de 5-10% do peso3, porém o tratamento clínico apenas com medidas dietéticas não possui o melhor efeito a longo prazo4. Atualmente, a cirurgia bariátrica é o tratamento de escolha para pacientes com índice de Massa Corpórea (IMC) ≥ 40 kg/m2 ou IMC ≥ 35kg/m2 com comorbidades2,5. Contudo, para pacientes obesos com IMC inferior a esses e que não possuem perda de peso6 com terapia clínica, as terapias endoscópicas vêm ganhando espaço7.

O uso de Balão Intragástrico (BIG) é indicado para pacientes que não possuem IMC para cirurgia bariátrica8-10 e também em pacientes com contraindicações ou que necessitam diminuir peso antes da intervenção cirúrgica 10,11. É um procedimento minimamente invasivo aprovado pela ANVISA e tem sua eficácia influenciada pelo volume do balão, capacidade gástrica do paciente e duração do tratamento12.

Os dois principais modelos de balão intragástrico (BIG) atualmente são o Balão Intragástrico Não Ajustável (BINA) que possui permanência de 6 meses e o Balão Intragástrico Ajustável (BIA) com permanência prolongada de 12 meses13.

Os principais fatores associados a perda de peso são IMC inicial, gênero feminino, adesão dietética e o efeito placeboem estudo com endoscopia Sham7, que compara grupos com e sem balão. Enquanto uma revisão sistemática demonstra a eficácia do BINA com perda média do excesso de peso de 33,4% maior no grupo com balão em relação ao placebo, e de perda total de peso 36,2% maior no grupo com BIA (41,9%)11, há outros que divergem nos resultados como na revisão sistemática por Tate et al, em que a diferença da perda total de peso entre pacientes com (9,7%) e sem balão (5,7%) foi de 4,1%14.

Em relação ao IMC inicial nos resultados do uso do BIG, Fuller et al analisaram pacientes com IMC entre 30 a 40kg/m2 com BINA e a perda média da perda percentual de peso total (%PPT) foi de 14.2%11. Já em pacientes com IMC entre 38 e 52,4kg/m2, a perda percentual de excesso de peso (%PEP), após a retirada do BINA, foi de 7,4 a 47,2% e a %PPT foi de 4 a 18% (50.5% atingiram perda de ≥10% do peso)15. Uma comparação de IMC inicial e final, entre BINA e BIA, em estudo único de caso-controle mostra respectivamente perda de IMC de

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14,55% e 24%16. Atualmente, não há estudos randomizados com uso de BIA – apenas estudos transversais com pequenos números amostrais os quais mostraram perda de excesso de peso de 45 a 49% após 12 meses de sua inserção 17,18.

Há divergências na literatura sobre os resultados do BIG e a perda de excesso de peso, perda total de peso, redução de IMC, assim como em relação ao IMC inicial do paciente e a sua influência final no tratamento11,15,16. Em adição, estudos comparando resultados entre BINA e BIA são escassos entre as publicações nacionais e internacionais – tanto em estudos isolados quanto em comparação dos dois balões intragástricos.

Este estudo tem como objetivos contribuir academicamente com comparações entre os balões intragástricos não ajustável e ajustável, considerando suas características clínicas, IMC inicial, acompanhamento interdisciplinar, perda percentual de peso absoluto e perda percentual do excesso de peso, assim como verificar possíveis intolerâncias e demonstrar seus benefícios contra a obesidade.

Metodologia

Este estudo é do tipo transversal, realizado a partir de dados de uma clínica de gastroenterologia e endoscopia em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

Foram inclusos no estudo os pacientes maiores de 18 anos, de ambos os sexos, com sobrepeso (IMC > 27 kg/m2) ou obesidade e que foram submetidos ao tratamento no período entre outubro 2011 e julho de 2018. Foi critério de exclusão a retirada precoce do balão intragástrico. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Os BIG’s utilizados foram o Sistema de Balão Intragástrico ORBERA® (B-50000) de Apollo Endosurgery, Inc e o Sistema de Balão Intragástrico Ajustável Spatz3® de Spatz FGIA, Inc.

As variáveis dependentes utilizadas no projeto foram perda do peso total e perda do excesso de peso19, ambas em percentual, e as variáveis independentes foram gênero, tipo de balão intragástrico (BINA e BIA), IMC inicial, idade e o número de consultas com acompanhamento multidisciplinar (nutricionista e psicóloga). O cálculo para determinar o excesso de peso de cada paciente foi através de estimativa do peso ideal com IMC de 24,99kg/m2.

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O diagnóstico de sobrepeso ou obesidade foi feito em consulta prévia e através da medida de peso (em quilos) por balança profissional mecânica Filizola 300kg com estadiômetro, regulada mensalmente e calculado o IMC através do peso e altura (em centímetros), mensurada através de extensão da balança antropométrica mecânica. Na data dos procedimentos de implantação e retirada, os dados foram novamente aferidos através de balança profissional mecânica Filizola 300kg com estadiômetro, também com regulagem fixa mensal.

Os dados, tabulados utilizando o software Windows Excel, foram analisados por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Version

13.0. [Computer program]. Chicago: SPSS Inc; 2009. Na análise descritiva, os

dados qualitativos estão apresentados na forma de frequências simples e relativa e os dados quantitativos em medidas de tendência central (média) e suas respectivas medidas de variabilidade/dispersão (desvio padrão).

A associação entre variáveis categóricas de desfecho (percentual da perda de excesso de peso e percentual da perda de peso total) com as variáveis de exposição (demográficas e clínicas) foi calculada com o teste qui-quadrado. Foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes para comparar variáveis quantitativas, com os respectivos Intervalos de Confiança 95% (IC95%), assim como o nível de significância estabelecido foi o de p < 0,05. Os pesquisadores declaram ausência de conflitos de interesse.

Resultados

Entre outubro de 2011 e julho de 2018, 470 indivíduos foram submetidos à colocação e retirada de BIG – 326 com BIG não ajustável e 144 com o BIG ajustável. Foram excluídos da análise estatística os indivíduos que realizaram retirada precoce do balão, restando 414 indivíduos para o estudo.

A média de idade foi de 38 anos, variando de 18 a 74 anos. Entre os pacientes que fizeram uso do BINA a média foi de 40 anos, variando entre 19 e 69 anos e, no BIA, a média foi de 39,7 anos com variação entre 18 e 74 anos.

Em relação ao gênero, no total foram 322 mulheres (77,8%). As mulheres totalizaram 79,9% dos pacientes que utilizaram BINA e 72,4% dos que implantaram BIA. Já dos homens, 20,1% fizeram uso do BINA e 27,2% do BIA.

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Tabela 1 – Características demográficas e clínicas do uso de BINA e BIA.

Características BINA BIA p

(n = 298) (n = 116) Idade* 40 ± 10,84 39,7 ± 11 0,78 Gênero ∆ 0,09 Feminino 238 (79,9%) 84 (72,4%) Masculino 60 (20,1%) 32 (27,6%) IMC INICIAL* 35,5 ± 5,6 36,3 ± 6,3 0,18 25 – 29,9 36 (12%) 10 (11,6%) 30 – 34,9 125 (42%) 52 (44,8%) 35 – 40 75 (25,1%) 28 (24,1%) 40 – 49,9 54 (18,1%) 19 (16,4%) >50 5 (1,7%) 4 (3,44%)

Excesso de Peso inicial* 29,2 ± 15,8 32 ± 19,22 0,16

BINA = Balão Intragástrico Não Ajustável; BIA = Balão Intragástrico Ajustável;

* (Média%/desvio padrão); ∆ (n/%).

Fonte: Elaboração dos autores, 2018.

Na tabela 1 estão detalhadas as características demográficas. O excesso de peso inicial foi em média 29,19kg em pacientes com BINA (298) e de 32kg em pacientes com BIA (116), sendo a média da perda de peso de 19,07% nos pacientes que implantaram BINA e de 19,89% nos com BIA. As mulheres apresentaram maiores %PEP (65,6 ± 62,2) e de %PPT (15,5 ± 7,8) do que os homens, os quais obtiveram como valores 48 ± 27,1 e 15,1 ± 7,9 respectivamente, com valor de p < 0,001 referente à %PEP.

Tabela 2 – Retiradas precoces de BINA e BIA.

Retirada Precoce ∆ BINA BIA

Intolerância 22 (4,7%) 8 (1,7%) Gravidez 2 (0,4%) 3 (0,6%) Esvaziamento 1 (0,2%) 1 (0,2%) Hiperinsuflação 1 (0,2%) 3 (0,6%) Úlcera 0 1 (0,2%) Abandonou tratamento 1 (0,2%) 5 (1%) Arrependimento 1 (0,2%) 6 (1,3%) Total 28 (6%) 27 (5,7%)

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BINA = Balão Intragástrico Não Ajustável; BIA = Balão Intragástrico Ajustável;

∆ (n/%).

Fonte: Elaboração dos autores, 2018.

Na tabela 2, estão detalhadas as causas de retiradas precoces de acordo com o tipo de balão. No total, 28 e 27 pacientes retiraram precocemente o BIG não ajustável e ajustável, respectivamente. A causa mais frequente de retirada precoce foi a intolerância, em 22 pacientes com BINA e em 8 pacientes com BIA. No BIA, ocorreu 1 caso de retirada precoce por úlcera. O abandono de seguimento clínico ocorreu em 1 paciente com BINA e em 5 pacientes com o BIA.

Tabela 3 – Acompanhamento interdisciplinar de acordo com o número de consultas

Variáveis BINA BIA p

Consultas nutricionista ∆ 0,32 ≤ 4 159 (53,4%) 55 (47,4%) > 4 139 (46,6%) 61 (52,6%) Consultas psicóloga ∆ 0,91 ≤ 3 151 (50,7%) 60 (51,7%) > 3 147 (49,3%) 56 (48,3%)

BINA = Balão Intragástrico Não Ajustável; BIA = Balão Intragástrico Ajustável;

∆ = n (%).

Fonte: Elaboração dos autores, 2018.

Na tabela 3 está detalhado o número de consultas interdisciplinares com nutricionista e psicóloga, dividido em dois grupos – até o percentil 50 do número de consultas e acima desse – nos pacientes com balão ajustável e não ajustável.

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Tabela 4 – Taxa de responsividade ao BINA e BIA

Taxa de Resposta

BINA BIA p

ao BIG

Perda percentual de peso total ∆ 0,082

≥ 10% 242 (81,2%) 85 (73,3%)

< 10% 56 (18,8%) 31 (26,7%)

Perda percentual do excesso de peso ∆ 0,038

≥25% 264 (88,6%) 93 (80,2%)

< 25% 34 (11,4%) 23 (19,8%)

BINA = Balão Intragástrico Não Ajustável; BIA = Balão Intragástrico Ajustável;

∆ = n (%).

Fonte: Elaboração dos autores, 2018

Tabela 5 – Taxa de responsividade ao BIA com reajuste e ao BIA sem reajuste

Taxa de BIA BIA

p

Resposta com Reajuste sem Reajuste

ao BIG (n = 79) (n = 37)

Perda percentual de peso total ∆ 0,173

≥ 10% 61 (78,2%) 24 (64,9%)

< 10% 18 (21,8%) 13 (35,1%)

Perda percentual do excesso de peso ∆ 0,203

≥25% 67 (85,9%) 27 (73%)

< 25% 12 (14,1%) 10 (27%)

BIA = Balão Intragástrico Ajustável BIG = Balão Intragástrico

∆ = n (%)

Fonte: Elaboração dos autores, 2018.

Nas tabelas 4 e 5 estão detalhadas as taxas de resposta ao balão intragástrico 20,21, através de %PPT maior ou igual a 10% e %PEP maior ou igual a 25%. Houve significância estatística (p < 0,05) referente a taxa de resposta com %PEP, em que nos pacientes com BIG não ajustável e ajustável, respectivamente, 88,6% e 80,2% atingiram perda de excesso de peso maior que 25%.

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Tabela 6 – Relação entre o tipo de balão, perda de peso total e absoluto, excesso de peso e classificação sobrepeso e obesidade*.

Variáveis

BINA BIA p

Clínicas*

Perda percentual de peso total 0,221

Sobrepeso 13,1 ± 5,6 13,5 ± 6,7

Obesidade 15,8 ± 7,1 15,6 ± 9,8

Perda percentual do excesso de peso <0,001

Sobrepeso β 142,7 ± 152,9 † 157,2 ± 82,5 ‡

Obesidade µ 56 ± 29,7 54,6 ± 38,1

BINA = Balão Intragástrico Não Ajustável; BIA = Balão Intragástrico Ajustável;

* Média% ± desvio padrão;

† = p < 0,001 comparando pacientes com BINA com obesidade; ‡ = p < 0,001 comparando pacientes com BIA com obesidade; β = p < 0,001 comparando BINA com BIA;

µ = p < 0,001 comparando BINA com BIA.

Fonte: Elaboração dos autores, 2018.

Entre todos os pacientes que utilizaram o BIG, houve diferença entre a %PPT entre os pacientes com sobrepeso (13,2 ± 5,8) e obesos (15,7 ± 8), com p = 0,009. Na %PEP, também houve diferença estatística com p < 0,001 nos pacientes com sobrepeso e obesidade. Pacientes com sobrepeso tiveram %PEP (145,9 ± 140) maiores do que nos pacientes obesos (55,6 ± 32,3). No geral, os pacientes com BINA obtiveram perda percentual de peso de 15,4 ± 7 e do excesso de peso de 66,4 ± 65,8, enquanto os com BIA tiveram resultados de 15,5 ± 9,6 e 63,4 ± 52, respectivamente.

Na tabela 6, ao serem analisados isoladamente BINA e BIA, os pacientes com BINA e obesidade tiveram significativamente maiores %PEP comparado aos pacientes com sobrepeso. Já nos pacientes com BIA, houve maior %PEP nos pacientes com sobrepeso, também com valores de p < 0,001.

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Tabela 7 – Relação entre %PPT de ambos os tipos de BIG com variáveis qualitativas e as demográficas.

Variáveis Perda Percentual de Peso (%)

Demográficas ≤ 18% > 18% Total p IMC inicial ∆ <0,001 25 – 29,9 77 (36,7%) 26 (12,7%) 103 (24,9%) 30 – 34,9 58 (27,6%) 46 (22,5%) 104 (25,1%) 35 – 39,9 48 (22,9%) 56 (27,5%) 104 (25,1%) ≥ 40 27 (12,9%) 76 (37,3%) 103 (24,9%)

Consultas com nutricionista < 0,001

≤ 4 134 (63,8%) 80 (39,2%) 214 (51,7%) > 4 76 (36,2%) 124 (60,8%) 200 (48,3%) Consultas com psicóloga

≤ 3 115 (54,8%) 96 (47,1%) 103 (24,9%) 0,140 > 3 95 (45,2%) 108 (52,8%) 107 (25,8%)

∆ = valores divididos até percentil 50 (de -10 - 18) e acima do percentil 50 (de 18,01 - 68).

Fonte: Elaboração dos autores, 2018.

Na tabela 7 estão descritas características demográficas e o acompanhamento multidisciplinar de acordo com a perda de peso total – dividida em grupos até o percentil 50 e acima do percentil 50. Houve significância estatística em relação ao IMC inicial, em que 76 (37,3%) dos pacientes com obesidade grau III obtiveram perda de peso total acima do percentil 50 e 77 (36,7%) pacientes com sobrepeso obtiveram perda de peso até o percentil 50.

Com relação ao número de consultas com nutricionista, houve significância estatística com p <0,001 em que pacientes com mais de 4 consultas com nutricionista apresentaram significativamente maior %PPT (> 18%).

Discussão

A característica clínica idade deste estudo teve uma média de 40 anos nos pacientes com BINA e 39,7 anos nos com BIA – valores relativamente maiores do que em estudo semelhante de Genco et al 16. Em relação à variável gênero feminino, manteve padrão de outros estudos 16,22 com prevalência de 79,9% no uso de BINA e 72,4% com BIA, as quais obtiveram maiores índices de %PPT (15,5%) e de %PEP (70,6%) em comparação com homens (15,1% e 48%). O fato de haver

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maior procura do tratamento endoscópico pelo gênero feminino pode ser atribuído às motivações estéticas prevalecerem sobre a obesidade e suas morbidades, porém, há necessidade de outros estudos e com maiores detalhes comportamentais 23. Contudo, considerando-se unicamente a aderência ao tratamento dietético, as mulheres mostram-se mais ativas do que os homens e possuem um melhor padrão alimentar com seletividade dos alimentos ingeridos, e consequentemente, aderem melhor ao plano alimentar 24,25.

A retirada precoce teve uma incidência de 11,7%. A retirada por intolerância foi mais prevalente no uso de BINA (7,4%), sendo estimada em 4-7% na literatura 16,26-28. A menor prevalência de retirada por intolerância entre os pacientes com BIA (1,7%) decorre do fato de que o ajuste volumétrico pode ser feito diante de sintomas gastrointestinais a fim de amenizá-los. Porém, o BIA obteve maior taxa de retirada por arrependimento (1,27%) em comparação com BINA (0,21%), fato talvez explicado pela maior duração do tratamento com BIA e pela percepção dos autores de que os pacientes que escolhem BIA vêm com uma expectativa de tratamento mais fácil e possuem menor adesão ao tratamento. Entretanto, não há melhores conclusões tendo em vista que a retirada precoce não foi objeto de análise principal deste estudo.

Apesar do tempo de permanência do BIA ser o dobro comparado ao BINA, os pacientes que apresentaram taxas de %PEP significativamente maiores foram os que utilizaram BINA. Já em relação ao BIA, não houve significância estatística ao comparar o grupo com reajuste e sem reajuste, apesar de 84,7% dos que reajustaram terem uma %PEP maior ou igual a 25% contra 73% dos que não realizaram reajuste. Tais resultados podem ser devido uma não padronização nos volumes de reajuste, deixando a amostra susceptível a ajustes para níveis sub-terapêuticos, principalmente nos casos de intolerância ao balão e/ou outras queixas subjetivas. Como neste estudo a escolha do tipo de BIG foi voluntária e o volume de reajuste não foi padronizado, a não randomização impediu que se estimasse precisamente qual o tipo de balão com melhor taxa de responsividade ao tratamento. Para resultados com menores índices de vieses, acredita-se necessário estudos com categorização de pacientes em grupos para a implantação do BIG e com reajustes endoscópicos definidos nos casos de BIA. Alguns autores sugerem que após três meses de tratamento deva-se realizar um reajuste do volume para mais, tendo em vista que 80% da perda de peso ocorre nesse intervalo do BIG

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devido aumento da complacência gástrica e diminuição do efeito de saciedade precoce 18,29. Porém, ainda há divergências referentes ao reajuste na literatura 17,30. Referente ao IMC inicial, sua média neste estudo foi relativamente menor do que em outro estudo semelhante 16, tanto no BINA (41,6 ± 6,5) quanto no BIA (40,9 ± 4,8), porém dentro da média de acordo com a revisão sistemática de Tate que varia de 33 ± 2,7 a 50,4 ± 7,814. Tais disparidades podem ser decorrentes das características da amostra de acordo com localidade e centro de referência. Alguns estudos dessa revisão sistemática tendem à implantação de BIG em superobesos para posterior realização de bariátrica gerando um viés referente à variável IMC inicial. A população deste estudo mostrou-se efetivamente heterogênea com relação às variáveis clínicas como idade, gênero, IMC inicial e excesso de peso.

Em relação à %PPT nos pacientes com BIG, houve relação e significância diretamente proporcional com o IMC inicial, na qual os pacientes obesos obtiveram maiores perdas do que os pacientes com sobrepeso e não houve significância estatística comparando os dois tipos de balão. Referente à %PEP, foi identificada uma relação significativa e inversamente proporcional entre IMC e perda percentual do excesso de peso. Isso se deve ao fato de que indivíduos com IMC menor apresentam menos peso em excesso e também ao fato de que neste estudo esse grupo de pacientes atingiu IMC’s menores do que aquele utilizado como referência (24,99kg/m2) para o cálculo do peso ideal. Assim, há a necessidade de randomização e outros estudos para que a elucidação dos resultados seja melhor analisada baseada nas variáveis clínicas e demográficas.

Analisando os efeitos do tipo de balão em pacientes com diferentes IMC’s, percebeu-se que, entre os com sobrepeso, o BIA proporcionou maior %PEP e, entre os pacientes obesos, as maiores taxas foram alcançadas com BINA, sugerindo uma indicação seletiva de acordo com o IMC. Em estudo semelhante de

Fernandes et al, que compara apenas o uso de BINA em pacientes com sobrepeso

e obesidade, a %PEP foi maior nos com sobrepeso e a %PPT foi maior nos obesos 31, apesar de não ser comparativo com o tipo de BIG. Tais resultados também foram similarmente encontrados por Ribeiro da Silva et al, em que os pacientes com maiores IMC’s obtiveram maiores perdas ponderais 32.

Em relação à procura por acompanhamento interdisciplinar, não houve diferença entre os pacientes com BINA e BIA. Entretanto, este estudo identificou que o acompanhamento com profissional da nutrição impactou significativamente

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em maior perda percentual de peso. Estudos como o de Mazure et al mostram essa diferença relacionada ao acompanhamento nutricional, no qual a perda média de excesso de peso foi de 42,75% em quem implantou o BINA 33. Assim, este estudo demonstrou que os pacientes que atenderam a mais de quatro consultas com nutricionista obtiveram maior perda percentual de peso. O comprometimento do paciente com o tratamento endoscópico interdisciplinar aparentou ter maior importância nos resultados clínicos do que IMC inicial e tipo de balão, haja vista que essas variáveis, mesmo não padronizadas e diversas, possam ter uma relação associada ao grau de aderência às recomendações dietéticas e comportamentais com a dieta do paciente. Essa relação foi recentemente demonstrada por novo artigo de Genco et al, em que foram randomizados pacientes com BINA em dois grupos dietéticos diferentes e houve %PEP de 11% a mais em pacientes que realizaram dieta hipocalórica e hiperproteica 34.

Baseado neste estudo e em poucos semelhantes existentes é difícil estimar qual o melhor balão intragástrico de acordo com IMC inicial e desses, quais obtiveram melhores resultados clínicos com maiores perdas percentuais de excesso de peso e peso total – tendo em vista que este é um estudo retrospectivo, a população utilizada é bastante estratificada e quem decidiu o tipo de tratamento endoscópico foi o próprio paciente. Entretanto, apesar do viés de seleção, este estudo corrobora com a literatura com resultados significativos em relação ao IMC inicial, gênero feminino, tipo de balão, acompanhamento interdisciplinar e perdas percentuais de excesso de peso e peso total. Porém, há necessidade de mais estudos em maiores centros, com randomização dos casos e maior controle sobre os pacientes com estratificação de acordo com IMC e o tipo de balão, a fim de se obter melhores conclusões.

Conclusão

Mulheres atingiram maiores perdas ponderais do que homens, independentemente do tipo de BIG. Obesos tiveram maiores perdas de peso que pacientes com sobrepeso. Maior perda de peso foi identificada em pacientes com sobrepeso que utilizaram BIA e em obesos os quais utilizaram BINA. O BINA esteve associado com maiores taxas de %PEP. O acompanhamento nutricional impactou positivamente na perda de peso. Para melhores conclusões comparando

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um tipo de balão com o outro, necessita-se de estudos randomizados, prospectivos e controlados com endoscopia Sham.

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