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Cálculos de Revisional de Contratos PARECER TÉCNICO

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PARECER TÉCNICO

1 - INTRODUÇÃO

O presente Parecer Técnico tem por objetivo calcular, analisar e emitir comentários sobre o Contrato de Empréstimo de (cliente do banco) junto ao BANCO xxx S/A., no valor de R$ 36.024,62 dividido em 24 parcelas de R$ 1.970,64 cada uma, ven-cendo-se a primeira em 01/09/2013. (Anexo 1)

2 – MATÉRIA EM EVIDÊNCIA

O objeto principal dos nossos trabalhos é o de enfocar a capitalização dos juros de acordo com a legislação e não quanto ao tempo decorrido a partir da assinatura do contrato, que já foi objeto de aprovação pelo Supremo Tribunal Federal.

Tanto é verdade que as parcelas do contrato tiveram início de vencimento 30 dias após a assinatura do contrato e não se discute se este prazo está ou não compa-tível com a capitalização.

O que se discute é que a capitalização projetada pela Tabela Price não segue o que prevê a legislação brasileira a respeito.

A legislação brasileira ADMITE a capitalização (Decreto 22.626, Decreto-Lei 167, Decreto 413, Decreto-Lei 6.313, Decreto-Lei 6.840 e Decreto-Lei 10.931), somente a partir do inadim-plemento do devedor, não entrando no mérito do prazo para a cobrança dos juros capi-talizados. (vide item 9)

3 – ABRANGÊNCIA DOS CÁLCULOS

Faremos os cálculos para apurar o Saldo Devedor real do contrato com expurgos de diferença de taxas de juros, juros capitalizados e tarifas.

Os excessos sobre as parcelas pagas serão objeto de correção monetária e juros de mora e os excessos sobre as parcelas vincendas serão expurgados pelo valor original calculado.

Em seguida projetaremos as parcelas considerando a parte não contro-versa da dívida, objetivando o depósito judicial até o julgamento do mérito do processo, para cumprir a Lei 12.810, de 15/05/2013.

4 – O FINANCIAMENTO

O financiamento compreende o valor do empréstimo + IOF + TAC e sua formação e custo são os seguintes:

4.1 – Composição do Financiamento

O financiamento está composto pelos seguintes itens:

Descrição Valor

Valor do Empréstimo 35.000,00

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TARIFAS - Tarifa de Cadastro - TAC 450,00

Total Financiado: 36.024,62

4.2 – Formação do Custo do Contrato (Anexo 3)

As parcelas foram projetadas pela Tabela Price, portanto com juros capi-talizados antes inadimplemento de cada parcela.

A composição total da dívida foi a seguinte:

Descrição Valor

Total financiado 36.024,62

(+) Juros Simples 10.302,49

(+) Diferença da taxa de juros 67,65

(+) Capitalização 900,59

(=) Total a pagar 47.295,35

De acordo com a formação do custo, a Tabela Price já transferiu ao deve-dor o ônus da capitalização de R$ 900,59, mesmo que ele venha a pagar todas as parce-las nos respectivos vencimentos.

A legislação brasileira admite a capitalização somente quando houver a inadimplência.

4.3 – Cláusula Ambíguas ou Contraditórias

O Código Civil, ao tratar das cláusulas contratuais, assim estabelece:

“Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.”

De acordo com o Dicionário Aurélio o termo contraditório é: “Incoerência entre afirmações atuais e anteriores, entre palavras e ações; ...”

No contrato a taxa nominal de juros é 2,27% ao mês. A Tabela Price foi alimentada com a taxa de juros de 2,3029% ao mês (Anexo 1).

Neste caso a taxa de juros nominal é contraditória, pois no contrato (pala-vras) é 2,27% ao mês e na Tabela Price (ação) é de 2,3029% ao mês.

4.4 – Pagamentos de Parcelas

Foram pagas 3 parcelas até a elaboração destes trabalhos, de acordo com informações do devedor.

5 – O CÁLCULO DOS JUROS (Anexo 2)

A capitalização de faz presente, antecipadamente, em todas as parcelas a começar pela primeira que sofre a capitalização pela quantidade total de meses que o financiamento foi concedido. Por isso ela recebe o maior valor de juros do que as demais parcelas.

Na 10ª parcela o processo é o mesmo, porém com início da capitalização a partir da data do vencimento.

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capita-lização iniciando na data do vencimento.

Não há cálculo de juros antes do vencimento porque os juros já foram objeto de pagamento nas parcelas que antecederam.

Esta capitalização é calculada por antecipação e mesmo que o devedor pague todas as parcelas nos seus vencimentos, estará pagando a capitalização.

6 – O JURO ABUSIVO

Inicia-se a formação dos juros com a captação do dinheiro pelo Banco e termina com o dinheiro emprestado ao cliente, quando a taxa é capitalizada pela quanti-dade de meses de amortização da dívida que no caso são 24 meses.

Os parâmetros que regulam o contrato são limitados pelo art. 421 do Có-digo Civil que assim estabelece:

“Art. 421 – A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.” (grifo nosso)

Sobre a licitude do contrato assim estabelece o Código Civil em seus arts. 186 e 187:

“Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilí-cito.

Art. 187 – Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa fé ou pelos bons costumes.” (grifo nosso)

A capitalização eleva o custo do contrato do razoável para a abusividade. A abusividade da cobrança de juros é tratada no Código de Defesa do Consumidor em seus Artigos 39 e 51, como segue:

Artigo 39 - Inciso V

“Art. 39 - É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: ...

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;” Artigo 51 - Inciso IV

“Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

...

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consu-midor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüida-de;”

Sobre este assunto inúmeras são as decisões dos Tribunais entre as quais destacamos o ACÓRDÃO do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, cujo número verificador na internet é 7004339683720111422361, através do Site:

http://www.tjrs.jus.br/site_php/assinatura, do Excelentíssimo Ministro relator o DES. DR JOÃO MORENO POMAR, de onde tiramos o seguinte ensinamento:

“Fls. 167 – É lógico, segundo análise isolada dos critérios estabelecidos no Código de Defesa do Consumidor, que constatado o abuso na contratação, os juros

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remunerató-rios deveriam ser limitados ao percentual de 12% ao ano. No entanto, extrai-se da Súmula 382 do STJ que para se configurar a cláusula abusiva não basta apenas que os juros remuneratórios tenham sido fixados em percentual superior a 12%. É imprescin-dível que haja exorbitância, assim configurada em pacto capaz de colocar o consumi-dor em desvantagem exagerada frente à instituição financeira.”

O STJ, através da Súmula 382 conclui que: “A estipulação de juros remuneratórios su-periores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade.”

Assim sendo, vamos analisar tecnicamente a formação do custo real do contrato, considerando as várias fases da formação dos juros, por ser esta a condição básica para deixar transparente a sua abusividade.

6.1 – Evolução do Custo do Contrato (Anexo 3)

No Anexo 3 demonstramos a evolução do custo do dinheiro, desde a sua captação pelo Banco até a sua capitalização pelo empréstimo, estando assim composto:

Lucro em Lucro

Descrição Taxa Escala Acumulado

Taxa de Custo de Captação 0,71%

Taxa pela Lei 1.521 0,85% 20,00% 20,00%

Taxa de Contrato 2,27% 166,43% 219,72%

Taxa da Tabela Price 2,30% 1,45% 224,35%

Taxa Capitalizada 2,77% 20,13% 289,63%

Veja que o dinheiro custou ao Banco 0,71% ao mês, que transferiu ao seu cliente ao custo de 2,77% ao mês, auferindo um lucro de 289,63%.

Fica pois, evidente o lucro abusivo, extrapolando muito o lucro projetado pelo próprio Setor Financeiro como se verá a seguir.

7 – LUCRO DO BANCO x LUCRO DO SETOR

Abaixo estamos comparando o lucro alcançado pelo Banco neste contrato e o lucro médio do setor bancário de acordo com dados do Banco Central do Brasil.

7.1 – Lucro Médio do Setor Bancário

O spread dos Bancos é acompanhado pelo Banco Central que analisa o custo de captação do sistema financeiro e os juros cobrados por ele, cuja diferença é expressa em lucro (spread).

No Relatório de Economia Bancária e Crédito – 2013 do Banco Central

(http://www.bcb.gov.br/pec/depep/spread/REBC_2013.pdf), em fls. 14, o Banco Central demonstra a

média do spread dos Bancos Brasileiros, como segue:

Tabela 6 – Decomposição do spread bancário prefixado – TPB Em pontos percentuais (p.p.)

Discriminação 2012

A – Taxa de aplicação 14,3

B – Taxa de captação 8,8

1 – Spread total 5,5

O Lucro do Banco é, portanto, a diferença entre a taxa de juros cobrada do cliente (ao ano) e o seu custo de captação que é medido pela Taxa Selic, também ao ano.

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7.2 – Lucro do Banco x Lucro do Setor Bancário

De acordo com nossas análises o spread do Banco ficou muito acima do

spread médio do Setor Bancário, como veremos a seguir:

Em pontos percentuais ao ano

Discriminação Banco Bacen

A – Taxa de aplicação 33,20 14,3 1

B – Taxa de captação 8,52 8,8 2

1 – Spread total 24,68 5,5 3 = 1-2

Muito embora o custo de captação do Banco tenha ficado pouco abaixo do custo real médio do Setor Bancário (8,52 para 8,80), o spread do Banco superou mui-to o spread do Semui-tor Bancário alcançando uma lucratividade de 289,63%, contra 62,50% apurada no Setor Bancário, como abaixo:

Discriminação Banco Bacen

B – Taxa de captação 8,52 8,80 1

1 – Spread total 24,68 5,50 2

Lucro 289,63% 62,50% 3 = 2/1

Lucro Banco/Bacen 4,63

Em função da alta taxa de juros cobrada pelo Banco e sua capitalização, o lucro representou quase 5 vezes a média nacional; um verdadeiro absurdo.

Fica, portanto, evidente a abusividade de juros que está representada pe-la taxa utilizada na projeção da Tabepe-la Price, que está acima da taxa de contrato e com-plementada pela sua capitalização.

A Lei 12.529 veda o aumento arbitrário do lucro, estabelecendo que:

“Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:

...

III - aumentar arbitrariamente os lucros;”

8 – APROVAÇÃO DA CAPITALIZAÇÃO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Em matéria recente o Supremo Tribunal Federal aprovou a capitalização de juros antes de um ano para os empréstimos e financiamentos bancários, como se-gue:

8.1 – Exposição de Motivos

O Procurador Geral do Banco Central, em sustentação oral defendeu a capitalização de juros com prazo inferior a um ano, como segue:

“Discute-se, no apelo extremo, a constitucionalidade de dispositivo veiculado em Me-dida Provisória1 editada no dia 30 de março de 2000, cujo teor trouxe clareza e

transparência para questão antes marcada por incertezas e distorções de toda ordem.

Até o advento desse dispositivo legal, que, registre-se, vigora há quase 15 anos, grassava intensa controvérsia jurídica sobre a possibilidade, ou não, da capitaliza-ção de juros, nos empréstimos bancários, com periodicidade inferior a um ano.”

1 Art. 5º da MPv nº 2.170-36, de 23.8.2001, na qual se converteu, após sucessivas reedições, a MP nº 1.963-17, de 30.3.2000.

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http://jota.info/wp-content/uploads/2015/02/Sustenta%C3%A7%C3%A3oOral_PGBC_STF_RE592377-RS-2.pdf

8.2 – Aprovação do STF

Em decisão de 04 de fevereiro de 2015, ao apreciar a matéria de capitali-zação antes de um ano o STF decidiu:

“Por sete votos a um, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deu provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 592377 em que o Banco Fiat S/A questionava decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) que declarou inconstitucional dis-positivo de uma medida provisória editada em 2000, que permitiu a capitalização mensal de juros no sistema financeiro. Em razão da repercussão geral reconhecida neste processo, a decisão desta tarde tem impacto em 13.584 processos que estavam sobrestados (com tramitação suspensa) em todo o País e que agora serão soluciona-dos.

No julgamento de hoje não se discutiu o mérito da questão, ou seja, a possibilidade de haver capitalização de juros (incidência de juros sobre juros) nas operações inferiores a um ano, mas sim se os requisitos de relevância e urgência, necessários a edição das MPs, estavam presentes no momento da edição do ato normativo. A questão da capi-talização mensal de juros é objeto de outro processo em tramitação no STF, a Ação Di-reta de Inconstitucionalidade (ADI) 2316, que está pendente de conclusão.”

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=284716

8.3 – O Mérito da Capitalização de Juros

Veja que o STF não julgou o mérito se pode ou não haver a capitalização; decidiu somente se o fato pode ocorrer antes de um ano.

Neste caso, abaixo estamos comentando a natureza da capitalização à luz da legislação brasileira.

9 – A LEGISLAÇÃO E O CONTRATO

Para o cálculo do saldo devedor real do contrato, calculamos os encargos de acordo com a lei, expurgando o excesso de juros que é representado pela sua capita-lização, assim como a diferença entre taxas de juros de contrato e da Tabela Price e também das tarifas.

9.1 – Capitalização Price x Legislação

A capitalização de juros pela Tabela Price ocorre antecipadamente, isto é, na assinatura do contrato e tem por objetivo elevar o lucro ao Banco acima da taxa de juros de contrato.

Pela Legislação Brasileira o processo da capitalização é no sentido de não causar prejuízo ao Banco quando da inadimplência do devedor e só ocorre após o venci-mento da prestação, como veremos a seguir:

a) Decreto 22.626, de 07/04/1933 - Conceito de Capitalização “Art. 4 - É proibido contar juros dos juros: esta proibição não compreende a acumula-ção de juros vencidos aos saldos líquidos em conta corrente de ano a ano.” (grifo nos-so)

Veja que a legislação ADMITE a capitalização, porém quando houver ina-dimplência, por isso ela diz “juros vencidos”, isto é, juros existentes após o seu fato ge-rador, nunca antes.

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b) Decreto-Lei 167 de 14/02/1967

“Art 5º As importâncias fornecidas pelo financiador vencerão juros as taxas que o Conselho Monetário Nacional fixar e serão exigíveis em 30 de junho e 31 de dezem-bro ou no vencimento das prestações, se assim acordado entre as partes; no ven-cimento do título e na liquidação, por outra forma que vier a ser determinada por aquele Conselho, podendo o financiador, nas datas previstas, capitalizar tais encargos na conta vinculada a operação.” (grifo nosso)

As datas previstas são aquelas que os juros se tornam exigíveis, isto é, vencem. Se são exigíveis é porque eles devem ser calculados até aquela data como juros simples.

c) Decreto-Lei 413 de 09/01/1969 “Art 11. ...

§ 2º A inadimplência, além de acarretar o vencimento antecipado da dívida resultan-te da cédula e permitir igual procedimento em relação a todos os financiamentos con-cedidos pelo financiador ao emitente e dos quais seja credor, facultará ao financia-dor a capitalização dos juros e da comissão de fiscalização, ainda que se trate de crédito fixo.” (grifo nosso)

Neste Decreto, a inadimplência, além de acarretar uma série de transtor-nos para o devedor, também faculta ao credor capitalizar os juros, isto é, remunerar os próprios juros (capitalização) após sua formação que vai da data que o dinheiro ou bem ficou à disposição do devedor, até o vencimento da parcela.

Novamente os juros deverão ser calculados como Juros Simples até o seu vencimento e só a partir daquela data (inadimplência) é que ficará facultado ao credor capitalizá-los. Isto porque deve haver remuneração dos juros não pagos no vencimento.

d) Lei 6.313, de 16/12/1975

“Art 3º Serão aplicáveis à Cédula de Crédito à Exportação, respectivamente, os dispositivos do Decreto-lei número 413, de 9 de janeiro de 1969, referente à Cédula de Crédito Industrial e à Nota de Crédito Industrial.

Art 4º O registro da Cédula de Crédito à Exportação será feito no mesmo livro e observados os re-quisitos aplicáveis à Cédula Industrial.

Art 5º A Cédula de Crédito à Exportação e a Nota de Crédito à Exportação obedecerão aos mode-los anexos ao Decreto-Lei nº 413, de 9 de janeiro de 1969, respeitada, porém, em cada caso, a respectiva denominação.” (grifo nosso)

A Cédula de Crédito à Exportação, além de adotar os dispositivos do De-creto-Lei 413, portanto, ADMITIR a capitalização somente após a inadimplência do deve-dor, também adota os mesmos modelos daquele Decreto-Lei.

e) Lei 6.840 de 03/11/1980

“Art. 5º Aplicam-se à Cédula de Crédito Comercial e à Nota de Crédito Comercial as normas do Decreto-lei nº 413, de 9 de janeiro 1969, inclusive quanto aos modelos anexos àquele diploma, respeitadas, em cada caso, a respectiva denominação e as disposições desta Lei.”

Esta Lei adota os mesmos critérios do Decreto-Lei 413, assim como seus modelos.

Novamente estamos diante de uma Lei que ADMITE a capitalização so-mente se houver a inadimplência do devedor.

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Veja que a Lei, ao admitir a capitalização (remuneração dos juros) a par-tir da inadimplência, deixa claro que os juros só serão remunerados quando integrarem o principal e isto só deverá ocorrer se houver a inadimplência do devedor.

f) Lei 10.931 de 02/08/2004 “Art. 28. ...

§ 1o Na Cédula de Crédito Bancário poderão ser pactuados:

I – os juros sobre a dívida, capitalizados ou não, os critérios de sua incidência e, se for o caso, a periodicidade de sua capitalização, bem como as despesas e os demais encargos decorrentes da obrigação;” (grifo nosso)

Esta Lei ADMITE que os juros capitalizados poderão ser pactuados entre credor e devedor, quanto à sua incidência e a periodicidade.

A Lei não modifica o conceito da capitalização, portanto, continua o que a legislação anterior ADMITE: capitalização somente após a inadimplência do devedor.

Não sendo modificado o conceito da capitalização, tudo o que “poderão ser pactuados” só poderá existir a partir do inadimplemento, nunca antes.

De acordo com o acima exposto, toda legislação ADMITE a capitalização de juros, isto é, o acréscimo de juros ao Saldo Devedor, para ser base para novos juros, somente se houver a inadimplência do devedor, portanto, aplicada a cada parcela venci-da e não no contrato todo e antecipavenci-damente à inadimplência.

9.2 – A Capitalização neste Contrato

Através do Anexo 4 demonstramos como é formada a capitalização dos juros. Ela inicia-se na penúltima parcela e vai se acumulando até a primeira parcela que recebe a maior taxa da capitalização, como abaixo demonstrado:

Taxa Taxa

Parcela Nominal Capitalização Cobrada

1 55,27% 17,44% 72,71% ... 22 6,91% 0,16% 7,07% 23 4,61% 0,05% 4,66% 24 2,30% 0,00% 2,30%

Veja que a primeira parcela recebeu a maior taxa da capitalização. Esta capitalização representa a utilização do dinheiro durante todo o contrato, quando, na realidade o devedor ainda nem começou a desfrutar daquele crédito. Com isso, qualquer que seja a interrupção do contrato, o devedor vai estar pagando muito mais juros do que a própria taxa média capitalizada.

Abaixo destacamos o reflexo da capitalização na primeira parcela deste contrato e paga, hipoteticamente, 30 dias após o seu vencimento:

CAPITALIZAÇÃO PELA TABELA PRICE

Período de Adimplência Per. de Inadimplência

Parcela Base de % Juros Juros Base de 2ª Capitaliz. Valor

Qtd Venc. Pagto. Cálculo Simples Capitaliz. R$ Cálculo % Valor Pago

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1 01/09/13 1.141,03 55,27% 17,44% 829,61 1.970,64

01/10/13 1.970,64 2,30% 45,38 2.016,02

Até o vencimento, portanto, sem inadimplemento, o devedor já vai pagar os juros capitalizados pela Tabela Price. (coluna 3)

No inadimplemento o devedor pagará a segunda capitalização (coluna 7) que é o cálculo de juros sobre uma base já afetada pela capitalização na adimplência.

A legislação admite a capitalização após o inadimplemento da parcela. Veja abaixo a capitalização de acordo com a legislação Brasileira.

CAPITALIZAÇÃO PELA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Período de Adimplência Período de Inadimplência

Parcela Base de Juros Simples Base de Capitaliz. Única Valor

Qtd Venc. Pagto. Cálculo % Valor Cálculo % Valor Pago

1 2 3 = 1*2 4 = 1+3 5 6 = 4*5 7 = 4+6 1 01/09/13 1.141,03 55,27% 630,64 1.771,67 01/10/13 1.771,67 2,30% 40,80 1.812,47

Até o vencimento são calculados somente juros simples.

Após o inadimplemento capitaliza-se os juros simples calculados anteri-ormente e sobre o total (principal + juros simples = base capitalizada) aplica-se a taxa de juros de contrato (Resolução 1.129 do Bacen), que vai originar os juros capitalizados uma vez que estará incidindo sobre uma base já com juros simples capitalizados.

Neste caso haverá uma só capitalização e não 2 capitalizações como de-monstrado nos procedimentos da Tabela Price.

A Lógica do Legislador

Parece lógico o procedimento, pois se o credor recebesse o valor dos ju-ros no vencimento da parcela, poderia emprestá-lo e ganhar mais juju-ros do novo deve-dor. Não recebendo os juros ele estaria sendo penalizado, daí a legislação ADMITIR a sua capitalização quando ocorrer a inadimplência.

10 – O SALDO REAL DO CONTRATO

Afastando, portanto, os efeitos da capitalização, diferença de taxa de ju-ros e tarifas cobradas pelo Banco, o saldo real devido pelo cliente passa a ser o seguinte: (Anexo 8)

Descrição Valor a Pagar

Saldo devedor pelo Banco 41.383,43

(-) Expurgo s/parcelas a pagar (a) (1.177,28)

(-) Juros vincendos (b) (658,39)

(-) Indébito (c) (897,22)

(=) Total a Pagar 38.650,54

(a) = Expurgo de anatocismo, tarifas e diferenças de juros sobre as parcelas vincendas; (b) = Juros vincendos sobre as parcelas quitadas com o Indébito nesta data;

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Assim, o saldo devedor real do contrato é de R$ 38.650,54 e não de R$ 41.383,43 como quer o Banco.

Como o Indébito foi suficiente para compensar os valores das parcelas 2 e 3 e parte da parcela 4, o pagamento deverá iniciar em 01/12/2013, como segue:

Descrição Valor a Pagar

Parcela 4 – 01/12/2013 309,21

Parcelas de 5 a 24 38.341,33

Total a ser pago 38.650,54

Estas parcelas estão com juros simples até as datas dos ven-cimentos.

Se houver pagamento antecipado, os juros simples deverão ser expurgados para a data do respectivo pagamento.

11 – VALOR INCONTROVERSO

A Lei 12.810, de 15/05/2013 determina que sejam discriminadas todas as obrigações controvertidas, como segue:

“Art. 21. A Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 285-B:

“Art. 285-B. Nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de emprésti-mo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, quantifi-cando o valor incontroverso.

Parágrafo único. O valor incontroverso deverá continuar sendo pago no tempo e modo contratados.””

11.1 – Valor Incontroverso (Anexo 9)

O que o devedor acha justo de pagar ao Banco são as parcelas calculadas com Juros Simples e que se acham projetadas no Anexo 9, com valor unitário de R$ 1.902,87.

11.2 – Valor Controverso

As obrigações contratuais consideradas controversas pelo devedor são as diferenças da taxa de juros de contrato para a taxa que alimentou a tabela price, assim como a capitalização dos juros que contrariam a legislação brasileira, e a TAC que estão sendo cobrados do devedor por força da projeção das parcelas pela Tabela Price.

Essa capitalização, juntamente com as diferenças das taxas de juros e TAC geraram um valor pago a maior e corrigido até a presente data com juros de mora cujo montante será discutido no decorrer do processo, até que seja julgada a incompati-bilidade da cobrança das diferenças de taxas, TAC e da capitalização de juros.

Referências

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