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FORMAÇÃO DE PENSAMENTO HISTÓRICO PARA A HISTÓRIA DA ARTE DE CUIDADO E DO NÃO CUIDADO LA FORMACIÓN DE PENSAMIENTO HISTÓRICO PARA LA HISTÓRIA

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FORMAÇÃO DE PENSAMENTO HISTÓRICO PARA A HISTÓRIA DA ARTE DE CUIDADO E DO NÃO CUIDADO

LA FORMACIÓN DE PENSAMIENTO HISTÓRICO PARA LA HISTÓRIA DE LA ARTE DE CUIDADO E DO NÃO CUIDADO

FORMATION OF HISTORICAL THINKS FOR THE CARE OF ART HISTORY AND OF NO CARE

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RESUMO

Apresentando os resultados da pesquisa de conclusão do curso de mestrado em enfermagem, realizado entre 2001 e 2003, o autor faz reflexões epistemológicas sobre os mesmos, desenvolvendo um diálogo com a Escola Histórica de Pensamento de Wilhelm Guillermo Dilthey –considerado o pai do Historismo Alemão. Nesse diálogo reflexivo, propõe o subcampo Historística para o estudo da Arte de Cuidado e do Não Cuidado na América Latina em geral e no Brasil em particular e pelo qual advoga o advento da Ciência do Cuidado e de uma Nova Enfermagem.

Palavras-chave: Cuidado, Enfermagem, História da Enfermagem.

ABSTRACT

Presenting the results of the conclusive research the mestrado course of in nursing, carried through between 2001 and 2003, the author makes epistemologics reflections on the same ones, developing a dialogue with the Historical School of Thought of Wilhelm Guillermo Dilthey - considered the father of the German Historismo. In this reflective dialogue, he considers the Historística subcarrier for the study of the Care of Art and of Not Care in the Latin America in general and Brazil in particular and for which he advocates the advent of the Care of the Science and a Nursing New.

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RESUMEN

Presentando los resultados de la investigación de la conclusión del curso del mestrado en enfermería, llevado a través entre 2001 y 2003, el autor hace las reflexiones epistemológicas sobre los mismos, desarrollando un diálogo con la escuela histórica del pensamiento de Wilhelm Guillermo Dilthey -considerabo lo padre del Historismo alemán. En este diálogo reflexivo, él considera el subcampo de Historística para el estudio del arte del cuidado y del no cuidado en América latina en general y el Brasil en detalle y para cuál él aboga el advenimiento de la ciencia del cuidado y de una nueva enfermería.

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1-Introdução de estudos preliminares

No período entre 2001 e 2003, ao pesquisar concepções de corpo na enfermagem,1 minha primeira dificuldade foi definir o que é concepção dentro de uma concepção histórica de mundo.

Numa concepção histórica de mundo, concepção não é idéia, noção, opinião, ponto de vista e, num extremo, palpite.

O uso que faço do vocábulo concepção, aproxima-se do sentido de processo gestatório, empregado quando a referência é ato de conceber, de gerar, de formar.

Ato e processo de formação, de geração ou de gestação, concepção evoca trajetória, caminho, curso de vida, percurso, desenvolvimento e desenrolar, no sentido mesmo de desdobramento de sucessividades não necessariamente evolutivas. Essa evocação traz a relação indissociável entre concepção e história que, por sua vez, referencia à memória, não no sentido de algo passado, mas de vivências e experiências reais e vivas, sempre presentes. Trata-se, pois, de concepção histórica.

A concepção histórica estrutura-se num processo histórico de formação – e não de construção – de conhecimentos e saberes, gerados e desenvolvidos na trajetória de vida de uma pessoa ou comunidade de pessoas. Sua característica é a de um processo de conhecer em que a pessoa (ou o pesquisador) se orienta diante do que a (o) rodeia, em relação a si mesma (o), quanto ao que pensa, sente, deseja e experiencia; de igual modo, é um processo que a (o) vincula ou desvincula em relação às demais pessoas, com as quais coexiste e relaciona, influencia e é influenciada.

Concepção histórica é, pois, processo de conhecimento, de orientação, de identidade e de vinculação, formado e desenvolvido (= desenrolado) na trajetória de vida mais ou menos longa de pessoas, comunidades, povos, instituições e organizações.

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Duas influências estão contidas no que entendo por concepção: Wilhelm Guillermo Dilthey (1833-1911), o pai do Historicismo Alemão; e a obra de Giordan e de Vecchi.2

Com Guillermo Dilthey, densifiquei a concepção de formação, trajetória, história e memória; com Giordan e de Vecchi aclarou-se-me o fato de que concepções não são destruídas, produzidas nem transmitidas porque são formações históricas, pessoais, embora os seus conteúdos tenham se formado num vínculo não fragmentável da pessoa com o mundo histórico em que nasce, se forma e se desenvolve.

O vínculo não fragmentável assinalado é um movimento contínuo, interconexo de com-versação.

Versar, do latim versare, significa voltar, revirar, volver, manejar, examinar, compulsar, praticar, exercitar, estudar, considerar. Com-versar, com-versação é fazer tudo aquilo consigo, com os outros e com o mundo das coisas: por isso, é uma rede, uma trama de experiências, um tecido emaranhado de história, um circulo de fatos, um círculo de vida, um círculo de qualidades, um círculo afetivo, um círculo de experiência, um círculo histórico, em suma, um círculo hermenêutico. É o mundo histórico, a realidade humano-sócio-histórica, a vida ou mar empírico de história, formado e desenvolvido naquela com-versação, destacando que todas as expressões em itálico pertencem a Dilthey.3

A com-versação de experiência, formadora do círculo histórico ou circulo hermenêutico, desenvolve-se numa aglutinação e potencialização de fatos, pessoas e coisas significativas, na coexistência e inter-influência de trajetórias de vida. Pode haver novos vínculos, mudanças, transformações, mas há uma trajetória, mais ou menos longa, para que ocorram e, talvez, não alterem a estrutura de concepções da pessoa, ainda que as amplie, redimensione e ressignifique: trata-se de histórias e memórias de

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vida, não descartáveis, dificilmente dissociáveis e não redutíveis ao arbitrário conceito de dados, amostras.

Ao analisar concepções de corpo na enfermagem, construí o conceito trajetórias e memórias de corpo vinculado à concepção histórica. Ou seja, as raízes das concepções de corpo são histórias e memórias, vivas no corpo de quem as expressa e não idéias, noções, opiniões e abstrações conceituais sobre corpo. Mais que isso, são formações, enraizadas e nutridas de vivências e experiências, histórias ou trajetórias, fixadas em concepções de corpo. Essas fixações são memórias –expressões de trajetórias. Tais referências evocam a tradição histórica da Escola Diltheyana de Pensamento e o seu enfoque não universalista nem relativista mas historicista do mundo aonde os conceitos não devem e não podem ser desvinculados da realidade humano-sócio-histórica, das vivências e experiências das pessoas, ou seja, das suas trajetórias e memórias: nessa direção de pensamento, conceitos e teorias nascem de um processo de historicização e não de um processo de abstração.

Não existindo vida humana, pessoa, realidade humana sem corpo, refiro-me a um processo de historicização de trajetórias e memórias de corpo; conseqüentemente, concepções de corpo, concepções de cuidado, artes e saberes do cuidar e do não cuidar, sistemas de saúde, sistemas culturais, atitudes e ações do cuidado, processo saúde-doença, sistemas de enfermagem, sistemas de cuidado, concepções de enfermagem, agravos à saúde, políticas de saúde, entre inúmeros outros possíveis objetos de estudo, são memórias de corpo, nascidas de trajetórias de corpo.

A formação de memórias de corpo, significando estas a historiografia de trajetórias de corpo, desenvolve-se num processo aonde as concepções históricas vão sendo modeladas e organizadas, de acordo com as relações, atitudes e ações recíprocas das pessoas ou das comunidades de pessoas, inclusive comunidades epistêmicas e o

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mundo das coisas: essa modelação e organização formam a estrutura conceptual de vida da pessoa.

A modelação e a organização da concepção histórica formam-se de, pelo menos, cinco memórias, interconexas e irredutíveis:a

1ª.) Memória fluente: é o conjunto de memórias que, numa situação ou momento, predispõe ou desencadeia inquietações, interesses, interrogações, reflexões, questões, problemas.

O conjunto de memórias flui da trajetória de vida da pessoa, de tudo que ela já conhece do mundo das coisas e das pessoas ou o que ainda não conhece e, por isso, geram interesses e inquietações, rogações e interrogações, reflexões e inflexões, problemas e busca de soluções, diante de situações e momentos variados, desencadeadores de tudo isso.

A memória fluente é lógico-vivencial, ou seja, é formada conceptualmente das vivências, sensações, percepções, representações, juízos, pensamentos, sentimentos, vontades, raciocínios e de tudo quanto a pessoa vivencia e vivenciou enquanto pessoa, desde o seu nascimento.

2ª.) Memória afluente: é o conjunto de conhecimentos e de saberes que se aproximam, se dirigem para perto da trajetória de vida da pessoa e que, inicialmente, pertencem a um amplo repertório exterior de referenciais significativos: as memórias dos outros, fixadas de inumeráveis modos, tendem, dirigem-se para o campo experiencial da pessoa, influenciando-a.

Independente da consecução da influência, as memórias dos outros, a mim comunicadas, querem ser acrescentamento às memórias de vida da pessoa: às memórias

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de acrescentamento, por influências das memórias de referenciais significativos, denomino afluentes.

A memória afluente é lógico-referencial, no sentido de ser uma experiência adquirida pela pessoa a partir das influências recebidas por referenciais externos significativos e selecionados.

3ª.) Memória influente: diante do conjunto de memórias afluentes, a pessoa, num movimento de reflexione e inflexione, aprecia, integra, seleciona e metaboliza aquele amplo repertório de referenciais significativos.

Na reflexione há um movimento para trás, não no sentido de regressão, mas de ver o antes, ver e relacionar (ou não) trajetórias próprias às de outrem, mediatas, imediatas e remotas; na inflexione, inflexão, há um movimento para dentro, ou seja, para as próprias trajetórias.

Os movimentos de reflexione e inflexione são realizados para que os conteúdos da memória afluente sejam codificados, decodificados, recodificados, amadurecidos e transformados em memória influente; quer dizer que a lógica referencial da memória afluente se interage com a lógica vivencial da memória fluente da pessoa e estas, ao se interagirem podem transformar-se em memória influente.

Se ocorrer a transformação, a memória influente torna-se experiência adquirida de vida da pessoa, formando, recontextualizando, ampliando ou ressignificando suas concepções. Noutros termos, a memória influente é o resultado da digestão ou metabolização dos conteúdos da memória fluente interagidos aos conteúdos da memória afluente.

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4ª.) Memória defluente: é o conjunto de vivências e experiências ou trajetórias, de expressões dessas trajetórias ou memórias que a pessoa descarta, rejeita, critica e afasta do campo significativo de suas memórias porque lhe são hostis, desagradáveis, percebidas como erradas, equivocadas, comprometidas, distorcidas, não referencialmente significativas.

A memória defluente é, pois, lógico-crítica, permitindo, inclusive, um processo de catarse de concepções internalizadas que serão ou deverão ser expurgadas ou, ainda, mantidas sob reserva.

5ª.) Memória confluente: é o conjunto de conexões vivenciais, lógico-experienciais, lógico-reflexivas e lógico-críticas, desenvolvidas mediante uma atitude lógico-analítica de todas as memórias, anteriormente conceituadas.

A memória confluente é, pois, lógico-sintética.

As memórias fluentes, afluentes, influentes, defluentes e confluentes, interconexas, expressam o conceito formativo de memórias de corpo, sendo os ingredientes de uma ou de inúmeras concepções históricas.

Estas concepções históricas podem desenvolver-se e estruturar-se para a formação de saberes ou ficarem detidas no limite de conhecimento do mundo das coisas e das pessoas: isso ratifica o fato de que conhecimento não é saber, ainda que seja a estrutura a partir da qual ou sobre a qual se formarão saberes.

Nesse leque de exposições introdutórias, apresentado até o momento, reacentuo: - tudo o que se chama por conhecimento forma-se e desenvolve-se de trajetórias de vida: todos os modos e processos de conhecer, geradores de conhecimentos, todos os modos e processos de entender-compreender, geradores de saberes, todos os modos e processos de esclarecer, geradores de métodos, são empíricos.

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- todas as trajetórias de vida fixam-se e expressam-se, primeiramente, no corpo e, posteriormente, em tudo o que o homem e a mulher fazem, inclusive as grandes objetivações do pensamento, ou seja, os sistemas culturais.

- as expressões ou fixações de trajetórias são memórias.

- concepções, conceitos, conhecimentos e saberes são memórias de trajetórias de vida. - todas as memórias são conhecimentos mas, por si sós, não são saberes.

- para a formação e o desenvolvimento de saberes, as memórias devem ser estudadas e comunicadas com scientia, ciência.

- trajetórias e memórias são práxis humana; não existindo pessoas e humanidade sem corpo, trata-se de trajetórias e memórias de corpo.

Todas estas acentuações antecederam à pesquisa sobre concepções de corpo na enfermagem, realizada por mim entre 2001 e 2003.

Para a abordagem das concepções de corpo, tive que formar conhecimentos sobre a minha concepção de concepções para não confundi-las com idéias, opiniões, abstrações mentais, palpites e noções sobre corpo – minhas e das escrituras analisadas. Para conhecer-entender-compreender-esclarecer as concepções de corpo na enfermagem, parti das cinco memórias, organizadas por mim, e desenvolvi um modelo de cinco concepções para identificar, discriminar e classificar as concepções de corpo, possivelmente expressas nas escrituras analisadas:

Da memória fluente → à concepção fluente; Da memória afluente → à concepção afluente; Da memória influente → à concepção influente+.; Da memória defluente → à concepção defluente;

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Da memória confluente → à concepção confluente.

A concepção fluente (coflu) é a das trajetórias e memórias da pessoa que se quer analisar.

A concepção afluente (caflu) é a das trajetórias e memórias dos referenciais significativos (teóricos, bibliográficos, metodológicos e demais pessoas, inclusive as possíveis pesquisadas pela pessoa que se quer analisar).

A concepção influente (cinflu) é a que traduz as concepções do autor que se quer analisar, mas onde se vê que são posteriores às suas próprias vivências e experiências; ou seja, depois de metabolizar as caflus, o autor sob análise expressa concepções, desencadeadas por análise e reflexão das trajetórias e memórias dos referenciais significativos, postas, pospostas ou contrapostas às suas próprias trajetórias e memórias (as coflus).

A concepção defluente (deflu) é a das trajetórias e memórias rejeitadas, criticadas, afastadas, descartadas pelo autor que se quer analisar.

A concepção confluente (conflu) é a síntese não redutiva de todas as anteriores concepções e onde entendo que haverá possível formação e desenvolvimento do saber.

As cinco concepções históricas, enlaçadas no conjunto de uma escritura, são um modelo para análise das origens e alcances epistemológicos dos saberes sobre corpo, expressos nas escrituras, sem uma concepção fragmentária e parcelada de análise e sem uma abordagem ideológica – restrita e circunscrita à investigação fenomenológica de discursos e de sentidos. Por isso, chamo de análise epistemológica a todo esse processo investigativo.

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O modelo das cinco concepções, funcionando como estruturas analíticas, permitiram-me compor oito concepções de corpo na enfermagem, nomeados de tipos vivenciais:

- concepção de corpo fundamento do cuidado; - concepção de corpo fundamento da enfermagem;

- concepção de corpo da enfermagem como instrumento de trabalho; - concepção histórica de corpo;

- concepção de corpo sintoma;

- concepção de corpo no sistema nightingale; - nova concepção de corpo cuidador;

- concepção de não corpo.

Eis uma apresentação sumária da análise de cada um dos tipos vivenciais ou concepções de corpo em termos de tendências e perspectivas epistemológicas:1

-a concepção de corpo no sistema nightingale, a concepção de não corpo e a concepção de corpo sintoma permitem a revisão analítico-crítica do sistema pedagógico de ensino e treinamento de enfermeiras, na implantação e desenvolvimento da Enfermagem Moderna no Brasil, suas ligações com as políticas e práticas de saúde, ditadas pelo Estado brasileiro, suas mudanças e diferenças na enfermagem hospitalar, na enfermagem de Saúde Pública, na enfermagem de Saúde Coletiva e na enfermagem comunitária. Dessas concepções, fiz três distinções, prenunciando o fim da Enfermagem Moderna e o advento de uma Nova Enfermagem: do sistema pedagógico nightingale, de ensino e treinamento de mulheres; do sistema assistencial enfermagem -tanto hospitalar quanto de saúde pública; e de um novo sistema, cujas raízes reaproximam-se da filosofia

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nightingale ou filosofia nursing, substituída pelo taylorismo, quando houve a versão norte-americana do sistema nightingale.

-a concepção de corpo fundamento do cuidado, desenvolvendo a proposição de que as trajetórias e memórias de corpo são o objeto epistemológico do novo campo epistêmico, permite a reconstrução e análise crítica das artes e dos saberes sobre cuidados com o corpo, com a vida e com a morte, formados e desenvolvidos pelas comunidades brasileiras, em seus vários momentos históricos, inclusive as atenções e cuidados diante dos agravos à vida e dos agravos à saúde das mesmas.

-a concepção de corpo fundamento da enfermagem, discutida em seu alcance epistemológico, coloca a Enfermagem como uma profissão, uma prática social, uma arte do corpo e para o corpo. Isto permite a definição do que é corpo para a Ciência do Cuidado e a sistematização dos conhecimentos de corpo, imanentes à prática de enfermagem. Da concepção de corpo fundamento da enfermagem, propus que uma Nova Enfermagem se consolidasse dentro ou a partir de uma filosofia, antropologia e psicologia do corpo -próprias dos terapeutas do corpo e do cuidado;

-a concepção de corpo da enfermeira como instrumento de trabalho é analisada em suas conseqüências minimizadoras dos fetiches de técnicas e das tecnologias como exclusivas e mais importantes mediadoras das ações cuidadoras, tendo o corpo da enfermeira, em ação recíproca com o corpo cuidador, a fonte, a mediação do saber e das terapias e terapêuticas do cuidado. Da concepção de corpo da enfermeira como instrumento de trabalho destaquei que a criação, determinação e promoção das ações de cuidado estão nas situações de cuidado, onde se desenvolve o processo de cuidado. -a concepção histórica de corpo é a fundamentação para se abordar o corpo em termos de trajetórias e memórias da pessoa e das comunidades: não existindo vida humana,

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pessoa humana sem corpo, a historiografia dessa vida e pessoa dá-se no corpo; portanto, todas as realizações humanas são memórias de corpo.

A concepção histórica de corpo é conseqüência lógica e direta da concepção histórica da vida e do mundo no Sistema de Dilthey.

-na nova concepção de corpo cuidador estão os conteúdos empíricos para uma epistemologia do corpo onde o corpo é fonte, mediação e expressão de conhecimento. E é, também, por essa nova concepção de corpo cuidador que advogo para a Nova Enfermagem a formação de uma filosofia e uma pedagogia do corpo, exclusiva de enfermeiros e enfermeiras ou terapeutas do corpo e do cuidado. Trata-se de uma perspectiva para o aprofundamento de pesquisas sobre terapias e terapêuticas, inerentes às ações de cuidado, conseqüentes aos processos de cuidado, desencadeantes e expressivas do cuidado de enfermagem.

Ao final da pesquisa apresentei duas proposições, sempre em termos de tendências e perspectivas epistemológicas:

1ª.) as trajetórias e memórias de corpo são o objeto epistemológico para um novo campo de saber, cujo advento se deve às próprias vivências e experiências inter-relacionais entre corpo cuidador dos terapeutas do corpo e do cuidado e corpo cuidado. Esse novo campo de saber é a Ciência do Cuidado da qual a Nova Enfermagem é subcampo especial.

2ª.) as trajetórias de corpo, anteriormente às concepções de corpo, determinam, criam e fundamentam as ações de cuidado e os processos de cuidado: a ênfase da anterioridade das trajetórias às concepções de corpo abre campo para os estudos históricos na Ciência do Cuidado, compreendidos tais estudos como historiografias de trajetórias de corpo.

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2 – Novos conceitos construtores de um pensamento histórico

Na Introdução de estudos preliminares apresentada são propostos cinco conceitos centrais para a construção de um pensamento histórico no campo da Ciência do Cuidado e expressivos de uma concepção histórica de mundo: concepção histórica, formação, mar empírico de história, tecido emaranhado de história, trajetórias e memórias de corpo. Embora sumariamente, a interconexão entre todos esses conceitos será explicitada a seguir.

Concepção histórica é estrutura de conhecimento, de orientação, de identidade e de vinculação formada e desenvolvida na trajetória de vida mais ou menos longa de pessoas, comunidades, povos, instituições e organizações. Dessa conceituação de concepção histórica nascem os conceitos, sobre os quais se erguem teorias e saberes nos diversos sistemas ou conexões de fim, sejam sistemas culturais ou sistemas de organização interna e externa da sociedade.

A concepção de sistemas ou conexões de fim procede de outra classificação das ciências na Escola Histórica de Pensamento Diltheyano e por mim denominado Sistema de Dilthey.

Sistema de Dilthey é o nome dado ao paradigma constituído pelo seu pensamento no conjunto de sua obra e que pode ser melhor apreendido no diagrama de sua classificação das ciências da vida ou ciências do espírito:

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CIÊNCIAS DA VIDA

CIÊNCIAS DA PESSOA

CIÊNCIAS DA REALIDADE

HISTÓRICO-SÓCIO-HUMANA

HISTÓRIA

CIÊNCIAS DOS SISTEMAS CULTURAIS SISTEMAS DE ORGANIZAÇÃO INTERNA DA SOCIEDADE SISTEMAS DE ORGANIZAÇÃO EXTERNA DA SOCIEDADE CIÊNCIAS DE ORGANIZAÇÃO

No diagrama apresentado, além de renominação das Ciências do Espírito por Ciências da Vida, há a renominação das Ciências do Indivíduo para Ciências da Pessoa, o que poderia ser traduzido como Ciências das Unidades de Vida, hoje denominadas Ciências Humanas, Psicológicas, Comportamentais: a força dessa última expressão deve-se ao fato de que a primeira obra de Dilthey, Introdução às Ciências do Espírito,

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publicada originalmente na Alemanha em 1883, foi traduzida e publicada na França com o título Introduction a l’étude des sciences humaines (Introdução ao estudo das Ciências Humanas), em 1942.

Sistemas são nexos finais e conexões de fim: as Ciências da Pessoa são sistemas procedentes das conexões ou nexos vivenciais ou conexão unitária da vida onde estão os conteúdos descritivos do conhecimento; as Ciências da realidade histórico-sócio- humana são sistemas procedentes de conexões ou nexos volitivos de onde nascem os juízos de valor e as regras da sociedade.

As Ciências da realidade histórico-sócio-humana, sendo conexões ou nexos volitivos e finais, dividem-se em ciências dos sistemas culturais, ciências dos sistemas de organização interna da sociedade e ciências dos sistemas de organização externa da sociedade.

As Ciências dos sistemas culturais são nexos finais da cultura de onde nascem as teorias ou o campo dos conteúdos teórico-abstratos.

As Ciências de organização são nexos volitivos da cultura.

Cultura, do alemão Kultur, significa manifestações criadoras; portanto, todas as ciências dos sistemas da realidade humano-sócio-histórica são culturais.

A Ciência Fundamental e abarcadora de todas as ciências de todos os sistemas é a História, uma vez que a unidade de vida procede da (é conhecida pela) história, tanto quanto a história procede e é conhecida pela unidade de vida:b história é “realização da vida no curso do tempo e na simultaneidade”4: 236, “o que o homem é não se conhece mediante introspecção sobre si mesmo nem tampouco mediante experimentos psicológicos, mas mediante a História.”5:229

As Ciências da Pessoa, nascendo dos conteúdos histórico-descritivos do conhecimento, erguem-se com fatos, objetos e teorias de primeira ordem; as ciências

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da realidade histórico-sócio-humana, tanto as ciências dos sistemas culturais quanto as ciências dos sistemas de organização, erguem-se com fatos, objetos e teorias de segunda ordem e “como cada um deles é um conteúdo parcial da vida real, nenhum [dos sistemas culturais e de organização] poderá ser tratado histórica ou teoricamente sem referência ao estudo científico dos outros”.3:49

A História funda, fundamenta e abarca todos os fatos, objetos e teorias de primeira e de segunda ordem.3

No triádico grupo de enunciados (fatos, teorias, juízos e regras), procedentes da classificação das Ciências da Vida no Sistema de Dilthey, tem-se que nas Ciências da Pessoa o campo é o da vivência, nas Ciências dos Sistemas Culturais e de Organização o campo é o da expressão da vivência e a História, fundante e fundamentadora, é o campo da compreensão.

Se se insistir em momentos do pensamento diltheyano, sempre interconexos, pode-se dizer que os estudos no campo da vivência são o momento da fundamentação psicoempírica, de construção do Empirismo Histórico do Sistema de Dilthey; os estudos no campo da expressão da vivência são o momento epistemológico, de construção da Epistemologia Histórica do Sistema de Dilthey; os estudos no campo da compreensão são o momento hermenêutico, de construção da Hermenêutica Histórica do Sistema de Dilthey, em suas duas dimensões de Ciência Filosófica de Esclarecimento e de Ciência Metodológica das Ciências da Vida.

As Ciências da Pessoa, nascidas dos enunciados factuais descritivos, fundam-se na Psicologia Histórica, uma psicologia analítica, descritiva, compreensiva, real, concreta, de conteúdo, oposta em tudo à chamada Psicologia Experimental, explicativa, clínica; a Psicologia Histórica do Sistema de Dilthey é a um só tempo antropológica e histórica.

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As Ciências dos Sistemas Culturais, dos enunciados teóricos, englobam todos os sistemas filosóficos, científicos, religiosos, artísticos, pedagógicos, poéticos, entre vários outros.

As Ciências dos Sistemas de Organização Externa da Sociedade, dos enunciados práticos, são as associações de família, Estado, igreja, comunidade, Direito, Economia e Economia Política, entre tantas outras: hoje, serão as Ciências da Família, Ciências Políticas, Ciências Teológicas, Ciência do Direito, Ciências Econômicas, Ciências Comunitárias ou da Comunidade.

As Ciências dos Sistemas de Organização Interna da Sociedade, também dos enunciados práticos, são todas as associações particulares dentro da sociedade, tais como corporações, sindicatos, organizações não governamentais, associações de bairro e de determinados grupos populações (mulheres, negros, índios, sem-teto, sem-terra, sem-escola...) hoje denominados Movimentos Sociais.

Todas as Ciências em todos os Sistemas, segundo a classificação das Ciências da Vida, são nexos e conexões de concepções da vida e do mundo de quem as criaram; nasceram do mar empírico da história no tecido emaranhado da história e não do pensamento conceptual ou de uma vontade de saber. Portanto todas as ciências e todas as filosofias são empíricas, ciências e filosofias da experiência – definindo-se experiência como o conhecimento procedente da percepção.

Mar empírico da história é o conceito para o que se chama vida, realidade, mundo histórico.

Todo o Sistema de Dilthey esquematizado e sumariamente comentado, no qual está fundado o meu pensamento e todo o meu trabalho de pesquisa, estrutura-se na racionalidade hermenêutica.

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A estrutura conceitual da racionalidade hermenêutica, expressa em todo o Sistema de Dilthey, tem pelo menos quatro conceitos fundamentais: razão histórica, consciência histórica, memória histórica e crítica da razão histórica.

Os modos e processos de conhecer coisas e pessoas formaram os grupos de ciências naturais e da realidade histórico-sócio-humana, pelas quais se reconhecem pelo menos quatro tipos de racionalidades: metafísica, dialética, fenomenológica e hermenêutica.

A concepção metafísica de mundo eleva à validade universal visões ou concepções de mundo e da vida captadas e fundamentadas conceptualmente, sem percebê-las como abstrações da realidade histórico-social-humana.

A concepção dialética de mundo, do ponto de vista geral, vê a vida como processo dialógico ou comunicativo, sabendo-se que existem várias dialéticas particulares, desde as teorias das idéias na Grécia Antiga até o século XX, como a Dialética de Hegel e a Dialética de Marx por exemplo.

A concepção fenomenológica de mundo interpreta tudo o que se apresenta ao mundo psíquico da pessoa como fenômeno a ser descoberto, descrito, esclarecido tal qual se dá na percepção e na experiência imediata do ser.

A concepção hermenêutica de mundo, cuja referência é o pensamento e a obra de Guillermo Dilthey, vê a vida ou realidade histórico-sócio-humana, única e originariamente como conexão; quer dizer que não são os movimentos tese-antítese-síntese os engendradores de conexão, mas esta é uma estrutura tácita, inerente àquela realidade.

As diferenças entre as quatro racionalidades, gerando as incompatibilidades entre os dois grandes grupos de ciência e os seus métodos, procedem da suprema diferença, na linguagem diltheyana, dos conteúdos de cada grupo: as ciências naturais

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ou experimentais pesquisam fenômenos do mundo quimiobiofísico e as ciências da vida ou experienciais pesquisam fatos do mundo histórico-sócio-humano. A teleologia das primeiras são os experimentos, as explicações, as generalizações, as análises redutivas e as predições; ao contrário, a teleologia das segundas são as explicitações de regularidades e nexos, as análises complexas, sistêmicas ou compreensivas.

Inúmeros nomes foram inventados, segundo a concepção de mundo de seus inventores para ciências experimentais e ciências experienciais: assim, e respectivamente, tem-se, entre outras, as redenominações de ciências naturais e ciências do espírito, ciências naturais e ciências culturais, ciências nomotéticas e ciências ideográficas, ciências quantitativas e ciências qualitativas. Doravante, proponho e utilizo as denominações de ciências experimentais e ciências experienciais.

As racionalidades hermenêutica, fenomenológica e dialética dividem, internamente, as próprias ciências experienciais entre pelo menos três concepções: respectivamente, a concepção histórica, a concepção fenomenológica e a concepção materialista de mundo.

Dos conhecimentos gerados pela observação e experimentação de fenômenos geram-se saberes das ciências experimentais e suas afluentes; dos conhecimentos gerados pela captação objetiva, histórica ou hermenêutica e compreensão dos fatos experienciais geram-se saberes das ciências experienciais.

Entre as ciências experimentais e as ciências experienciais não há identidade ou analogia de abordagens e métodos, apesar de ambos os grupos usarem idênticos processos lógicos elementares: associar, reproduzir, comparar, diferenciar, apreciar graus, separar, unir, destacar, prescindir.

Nas ciências experienciais, a base da lógica são os processos histórico-sócio-humanos e não os processos mentais, mas: é a história e não a psicologia experimental,

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o fundamento daquelas ciências; por isso, no Sistema de Dilthey, a via de acesso para conhecer é a crítica da razão histórica, definida como a capacidade da pessoa humana perceber que é histórica e que a sociedade e a história são fixações, expressões ou memórias daquela historicidade.

O desenrolar metodológico da crítica da razão histórica na racionalidade hermenêutica consiste em correlacionar permanentemente vivências e conceitos: nenhum conceito deve ser uma elaboração abstrata, formal, representativa, mas a expressão do que é essencial e necessário das realidades históricas estudadas, estruturalmente conexa. A esse desenrolar metodológico nomeia-se, em linguagem diltheyana, de consciência científico-experiencial ou consciência científico-espiritual.

A consciência científico-experiencial é, ao mesmo tempo, explicitação das metas do pesquisador em suas investigações nas ciências experienciais e, de igual modo, a expressão de que aquela consciência é histórica, política, social, crítica, cultural.

Nesse sentido, uma tarefa das ciências experienciais, dentro do tecido emaranhado do mundo histórico, é realizar a crítica da razão histórica para conhecer o especial e o geral, o essencial e o necessário ao mundo histórico. E, por isso, nas ciências experienciais o pensamento não pode ir além do mundo histórico-sócio-humano porque o pensamento é formado e plasmado nesse mundo. Eis o conceito de razão histórica, definidor da historicidade da consciência humana– um fundamento da racionalidade hermenêutica.

Pela razão histórica,

O homem individual, como ser isolado, é mera abstração. O parentesco de sangue, a convivência local, a cooperação no trabalho, na competência e no esforço comum, as múltiplas conexões que se produzem da prosecução comum dos fins, as relações de poder no mando e a obediência, fazem do indivíduo membro da sociedade. Como esta sociedade se compõe de indivíduos estruturados, nela operam também as mesmas regularidades estruturais. A teleologia

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subjetiva e imanente dos indivíduos se manifesta na história como desenvolvimento. As regularidades psico-individuais transformam-se em regularidades da vida social. 6: 35

Conseqüentemente, e ratificando, subjetividade é uma abstração; subjetividade é historicidade, indivíduo é sempre individuocoletivo, metodologicamente conhecível por crítica da razão histórica.

A racionalidade hermenêutica, sendo histórico-crítica porque parte da crítica da razão histórica, traduz exercício de consciência histórica, definida como conhecimento das

grandes objetividades engendradas pelo processo histórico, dos nexos finais da cultura, das nações, da humanidade mesma, da formação em que se desenvolve a vida, segundo uma lei interna [; aquelas grandes objetividades e nexos finais] atuam como forças orgânicas, de onde surge a história das lutas de poder dos estados

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Ora, não se forma consciência histórica nem se desenvolve crítica da razão histórica sem conhecimento e reconhecimento da realidade histórico-sócio-humana onde se nasce e se vive; a esse (re)conhecimento nomeio de memória histórica, englobadora de memória genética, social, biológica, cultural, familiar, étnica, política, econômica, psicológica, antropológica, moral.

Memória histórica é o conteúdo das vivências e experiências, formadoras do mar empírico da história em linguagem diltheyana; esse conteúdo, além de estar primariamente fixado no corpo, tende a fixar-se em grandes objetividades do pensamento – os sistemas culturais e de organização da sociedade.

Sem memória histórica não há formação de consciência histórica nem desenvolvimento de crítica da razão histórica: se sistemas se erguem mutilando o mar empírico da história, no qual se forma a memória histórica, constróem-se sistemas a-históricos, a-sociais, anti-humanos; em suma, negadores, condenadores e desqualificadores da realidade histórico-sócio-humana.

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Na evitação de ciências histórico-sócio-humana anti-históricas, anti-sociais e anti-humanas, a racionalidade e os métodos científico-experienciais, segundo o Sistema de Dilthey, não devem construir conceitos formais, não procedentes do mar empírico da história; noutros termos, nelas não há razão pura, mas razão histórica. Razão histórica, consciência histórica, crítica da razão histórica, memória histórica são, pois, inerentes e exclusivos conceitos históricos da racionalidade hermenêutica.

A explicitação desses conceitos quer, pois, propor o alinhamento de uma Nova Enfermagem e a Ciência do Cuidado à racionalidade hermenêutica diltheyana – um alinhamento iniciado na minha pesquisa sobre concepções de corpo na enfermagem brasileira: nesta, introduzo uma nova concepção de história e de historiografia, expressa em termos de trajetórias e memórias, respectivamente, até chegar à proposição de que trajetórias e memórias de corpo são o objeto epistemológico dos terapeutas do corpo e do cuidado.

Tendo por conceitos históricos estruturais da racionalidade hermenêutica os de memória histórica, consciência histórica, razão histórica e crítica da razão histórica, o estudo das trajetórias e memórias de corpo, na Nova Enfermagem e na Ciência do Cuidado, é tarefa dos terapeutas do corpo e do cuidado: sendo objeto epistemológico, o estudo das histórias (trajetórias) e das historiografias (memórias) doe cuidar e do não cuidado abre o campo de investigação por mim denominado Historística – já inaugurado por Florence Nightingale.

Entre as inúmeras possíveis memórias de corpo, ao mesmo tempo objetos de estudo e objetos de cuidado, estão: os próprios agravos, riscos e danos à vida, à saúde, à qualidade de vida das pessoas e das comunidades de pessoas; as políticas de saúde; o processo de trabalho de saúde e de enfermagem; o processo de enfermagem e o processo de cuidado; as próprias histórias da arte de cuidado e da arte de enfermagem; a

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história dos saberes, das idéias, dos sistemas e das práticas de saúde, de cuidado e de enfermagem; o próprio cuidado de enfermagem.

3) Algumas conseqüências dos novos conceitos para a Nova Enfermagem e para a Ciência do Cuidado

- Quanto à classificação dos sistemas na Escola Histórica de Pensamento Diltheyano, aplicada na Ciência do Cuidado, tem-se a necessidade de se investigar História da Enfermagem numa concepção de mundo historicista e não histórico-materialista ou histórico-materialista dialética; por esta investigação será possível historiografar os sistemas da pessoa, os sistemas culturais e os de organização interna e externa da Arte de Cuidado e do Não Cuidado, criados e montados nas sociedades latinoamericanas em geral e brasileiras em particular : este é o campo da Historística. - O conceito de formação exige (re)conhecimento da Arte de Cuidado latino-americana em geral e brasileira em particular, antes, durante e depois da implantação da versão norte-americana do sistema pedagógico nightingale no Brasil; tal conceito é o fundamento para a constituição de uma Nova Enfermagem.

- O conceito de trajetórias e memórias de corpo exige estudos culturais e multiculturais da Arte de Cuidado na América Latina e no Brasil, (re)conhecendo, por exemplo, os

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Paradigmas de Cuidado dos povos indígenas e africanos; tal conceito é o fundamento para a constituição de uma Ciência do Cuidado perante a qual a Nova Enfermagem é subcampo especial e para a ressignificação e recontextualização da História da Enfermagem na América Latina.

- O conceito de mar empírico da história exige uma (nova) leitura da história da Arte de Cuidado latinoamericana e brasileira; essa nova leitura tende a uma concepção de mundo histórico-historicista.

- O conceito de tecido emaranhado de história (re)compõe os estudos sobre a formação da noção e do conceito de pessoa na América Latina e no Brasil, sobretudo quanto à formação histórica dos saberes e das práticas da Arte de Cuidado.

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

a Pertence a mim a construção do modelo de cinco memórias e posterior cinco concepções, bem como a conceituação de cada uma delas.

b As citações textuais são Tradução minha.

c As afirmações a partir dessa referência pertencem à minha interpretação do Pensamento de Dilthey, exposto em suas atuais vinte e quatro obras traduzidas para o espanhol.

REFERÊNCIAS

1 Fernandes CR. Concepções de corpo na enfermagem dos anos noventa no Brasil: uma abordagem com Wilhelm Guillermo Dilthey. 2003. 179p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Enfermagem da UFMG.

2 Giordan A, DeVecchi G. As Origens do saber: das concepções dos aprendentes aos conceitos científicos. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas. 1996

3 Dilthey WG. Introducción a las ciencias del espiritu. 2. ed. México: Fondo de Cultura Económica. 1949

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5 Dilthey WG. Psicologia y teoria del conocimiento. 2. ed. Espanhol. México: Fondo de Cultura Económica. 1951

6 Dilthey WG. Teoria de la concepción del mundo. México: Fondo de Cultura Económica. 1954.

Referências

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