Supositórios
Óvulos
Profa. Françoise Carmignan
Supositórios,
óvulos
Conceito:
Formas farmacêuticas de consistência firme, de forma cônica ou ogival, destinadas a aplicação retal, vaginal ou uretral. São obtidos por solidificação ou compressão, em moldes, de massa adequada, encerrando substâncias medicamentosas.
Fundem a temperatura corporal ou se dissolvem em meio aquoso. Derretem, amolecem ou dissolvem na cavidade corporal, usados para ação local e/ou sistêmica.
Supositórios,
óvulos
Tipos:
Retais: são geralmente cilíndricos; pesam de 1 a 1,5g (pediatria) e 2 a
3g (uso adulto);
Óvulos ou Supositórios Vaginais: são geralmente ovóides ou
globulares, para uso vaginal, pesam de 3 a 5 gramas não podendo exceder a 15 gramas;
Supositórios Uretrais ou Velas Uretrais: somente empregados para
uso local, suas dimensões variam de acordo com o sexo do paciente; os de uso feminino possuem cerca de 5 mm de diâmetro e 50 mm de comprimento e de 1 a 2 gramas de peso e, o de uso masculino possuem cerca de 5mm de diâmetro, 125 mm de comprimento e de 1 a 4 gramas de peso.
Vantagens sobre a via ORAL:
Permite a adm. de S.A.:
- irritantes ao TGI
- de sabor desagradável (náuseas)
- durante o estado de inconsciência
- qdo. há impossibilidade ou dificuldade de deglutir
- inativadas pelo TGI
Especial importância em pediatria
Supositórios,
óvulos
Vantagens sobre a via PARENTERAL
- baixo risco de infecção
- diferente velocidade de resposta
Supositórios,
óvulos
Usos dos supositórios e óvulos
• no caso de fármacos que após ingestão oral, sofrem alteração pela primeira passagem hepática, que venham a interferir, diminuir a potência, ou até desativar o medicamento;
• na dificuldade/impossibilidade de deglutição (em pediatria, geriatria e pacientes especiais); • nos casos de presença de náuseas e vômitos; • quando necessitamos ação medicamentosa local:
Usos dos supositórios e óvulos
• A via retal tem alguns inconvenientes para administração de alguns fármacos, principalmente nos casos que requerem uma ação mais rápida; pois o início da atividade terapêutica é muitas vezes mais demorado que em outras vias. • A absorção dependerá de vários fatores tais como
solubilidade, coeficiente de partição, pKa, tamanho da partícula, peso molecular, afinidade com o excipiente base; da concentração de fármaco e da idade do paciente (criança tem absorção retal mais rápida que idosos, por exemplo).
Supositórios,
óvulos e velas
Mecanismos de ação
Ação Mecânica: a presença de corpo estranho no reto estimula a defecação. Ex.: supositórios laxativos.
Ação Local: ex. antiparasitários, anti-hemorroidários, anestésicos. Ação Sistêmica: o fármaco passa para a circulação geral produzindo efeitos sistêmicos.
O que é preciso saber sobre o fármaco
•Estrutura química - Diversos fármacos possuem estruturas químicas e fórmulas semelhantes, que podem ser um bom começo para o processo de formulação, uma vez que podem ajudar a garantir a estabilidade e a biodisponibilidade. O conhecimento da estrutura química pode fornecer indicações sobre as possíveis etapas de degradação
.
O que é preciso saber sobre o fármaco
Por outro lado, um sólido necessita de um tamanho de partícula reduzido para maximizar a biodisponibilidade (desde que o processo de pulverização não destrua o fármaco, o que pode ocorrer com antibióticos e com fármacos com baixo ponto de fusão, etc) ou mesmo dissolução em um solvente apropriado - como por exemplo o óleo de lanolina - para um fármaco solúvel em óleo.
•A solubilidade em água ou em óleo, o coeficiente de partição, a molhabilidade e o grau de dissolução irão influenciar na seleção da base para supositório.
O que é preciso saber sobre o fármaco
•pKa - O pH influencia a compatibilidade do fármaco com bases de gelatina glicerinada e tende a controlar o pH do reto, em vista da pequena capacidade tamponante dos fluidos ali presentes. Isto por sua vez influencia a biodisponibilidade, conforme descrito na teoria da partição influenciada pelo pH.
•Higroscopia - Água é incompatível com muitas bases para supositórios, assim um fármaco higroscópico preparado em qualquer forma farmacêutica necessita ser acondicionada em embalagem hermética, de preferência com dessecantes.
Excipientes ou Bases
• Lipofílicas:
1. Naturais
2. Sintéticas
• Hidrofílicas:
1. PEG
2. Gelatinosa glicerinada
Requisitos para as bases:
Inércia fisiológica
Inércia química
Pequeno Intervalo entre PF e PS
Viscosidade adequada
Fusão ou dissolução em pouco tempo (T corporal)
Boa cedência e absorção do fármaco
Conservabilidade e armazenagem
Incorporar líquidos hidrófilos e lipófilos
Excipientes ou Bases
LIPOFÍLICAS NATURAIS:
MANTEIGA DE CACAU (Óleo de Theobroma) Graxa vegetal
Theobroma cacau (sementes secas e tostadas)
Tato untuoso agradável
Funde rapidamente a temperatura corporal Química e fisiologicamente inerte Pequena margem de fusão (29-34°C) Mantém sua forma a temperatura ambiente Rançamento
Excipientes ou Bases
LIPOFÍLICAS NATURAIS:
MANTEIGA DE CACAU (Óleo de Theobroma)
DESVANTAGENS:
Técnica de preparo: controle de temperatura
polimorfismo
resfriamento lento
incompatibilidades
alteração do PF
sedimentação da S.A.
A manteiga de cacau não é absorvida no reto,
forma uma película sobre a mucosa.
Excipientes ou Bases
LIPOFÍLICAS SINTÉTICAS (Witepsol®, Lipobase® , Novatta®) Novatta BBC, BC, BD, B75, 299
Constituída por misturas de mono/di e triglicerídeos de ácidos graxos saturados de origem animal (C12 a C18). Diferenças são características físicas (ponto de fusão, densidade, índice de refração) e químicas, que são muito pequenas quando se compara uma com a outra.
Vantagens:
Rapidez de produção dos supositórios e óvulos e a obtenção de produtos com uma melhor apresentação.
Excipientes ou Bases
HIDRODISPERSÍVEIS
PEG (Polietilenoglicóis) HOCH2-(CH2-O-CH2)n-CH2OH Polímeros de óxido de etileno, com cadeias alcoólicas primárias. Não são tóxicos e possuem a desvantagem de apresentar maior probabilidade de incompatibilidades com fármacos, quando comparados aos outros excipientes.
As fórmulas de supositórios ou óvulos utilizando estes excipientes consistem em misturas de polietilenoglicóis com PM diferentes, em proporções que obtenha um produto final com ponto de fusão por volta de 37ºC.
Excipientes ou Bases
HIDRODISPERSÍVEIS
Gelatina glicerinada:
São preparadas dissolvendo-se gelatina granulada (20%) em glicerina (70%), acrescentando-se uma solução ou suspensão do fármaco (10%).
Mais usadas na preparação de óvulos, nos quais a ação prolongada do fármaco é desejada (amolece e se mistura com os líquidos fisiológicos mais lentamente do que a manteiga de cacau e, portanto, permite liberação mais prolongada).
Tendem a absorver água devido à natureza higroscópica da glicerina, portanto devem ser protegidos da umidade para manterem a forma e
Método de preparação
• Solidificação: massa base é fundida e aditivada com os ingredientes, posteriormente vertidos em moldes apropriados, previamente untados com vaselina líquida ou óleo mineral (moldes metálicos). Sendo do tipo "moldes-embalagens" não é necessário untá-los.
• Os moldes devem ser calibrados previamente, vertendo-se a base pura fundida sobre os mesmos, preparando um branco dos supositórios. Determina-se o peso médio para determinado tipo de base que se pretende utilizar e registra-se para utilizar este parâmetro em cálculos futuros.
Fator de deslocamento
CONCEITO
“massa em gramas do excipiente deslocada por 1 g de
princípio ativo “ (LE HIR, 1995)
É importante o conhecimento do fator de deslocamento
para estabelecer a fórmula em peso dos supositórios,
cuja distribuição é realizada em volume: volume dos
alvéolos dos moldes.
Determinação da quantidade de excipiente
CÁLCULO DA MASSA DO EXCIPIENTE
M = F - (f x S)
onde:
M = quantidade total do excipiente (g)
F = capacidade total do molde para o número de
supositórios a serem fabricados
f = fator de deslocamento do p.a no excipiente utilizado
S = quantidade de s.a. (g)
Determinação da quantidade de excipiente
ADITIVAÇÃO (cálculo da quantidade de fármaco e
base) – (Guia Prático da Farmácia Magistral)
Em geral, o máximo de componentes que podem ser
incorporados deve corresponder à aproximadamente, 30
% do peso do supositório.
Quantidade total da base = (quantidade de base por
supositório x número de supositórios) + 10 % (excesso)
Cálculo da quantidade de ativo = (dose unitária x
número de unidades) + 10 % (excesso)
Determinação da quantidade de excipiente
Quantidade de base deslocada por supositório =
dose unitária x 0,7 (fator de deslocamento universal ou
outro específico)
Quantidade de base por supositório = peso médio do
supositório sem ativo – quantidade de base deslocada
por supositório
Exemplo:
Calcular a quantidade de base para supositório necessária para a manipulação de 6 supositórios de ibuprofeno 800 mg. Calcular, também, a quantidade de ativo necessária levando em conta a perda durante o procedimento de preparo. O peso médio dos supositórios preparados somente com a base é de 6 g.
Quantidade de base deslocada pelo ativo para supositório = 0,8g (ibuprofeno) x 0,7 = 0,56g
Quantidade de base por supositório = 6g – 0,56g = 5,44g
Quantidade total de base necessária = 5,44g x 6 = 32,64 X 10% = 35,90g Quantidade total de ativo = 0,8g x 6 = 4,8g X 10% = 5,28g
Controle de qualidade dos supositórios:
ORGANOLÉPTICO
1. superfície uniforme, lisa e brilhante
2. isentos de rachaduras e pontos brancos
3. base deve se apresentar plana
FÍSICO (Farmacopéia Brasileira)
1. Uniformidade de peso: 20 unidades. Pode-se tolerar não mais
do que duas unidades fora do parâmetro de /- 5%, em relação ao peso médio, porém nenhuma poderá estar acima ou abaixo do dobro das porcentagens indicadas.
2. Dureza 3. Desintegração