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A interdisciplinaridade nas aulas de Educação Física

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

DHE - DEPARTAMENTO DE HUMANIDADE E EDUCAÇÃO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

ÂNGELA CARLISE DE OLIVEIRA FERREIRA

A INTERDISCIPLINARIDADE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Ijuí –RS 2018

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ÂNGELA CARLISE DE OLIVEIRA FERREIRA

A INTERDISCIPLINARIDADE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ para obtenção do Título de Licenciada em Educação Física, no Curso de Educação Física.

Orientadora: Prof. Ms Fabiana Ritter Antunes

Ijuí –RS 2018

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ÂNGELA CARLISE DE OLIVEIRA FERREIRA

A INTERDISCIPLINARIDADE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Conceito Final: Aprovado em:_______de_________________________de______________ Banca Examinadora _________________________________________________ Orientador: Prof. Ms. Fabiana Ritter Antunes

__________________________________________________ Examinador Titular: Prof. Dr. Sidinei Pithan da Silva

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por me dar saúde е força para superar as dificuldades e concluir meu Ensino Superior. Aos professores pôr proporcionar о conhecimento não apenas lógico, mas também de caráter ético е humano na educação e no processo de formação profissional. A minha orientadora Fabiana Ritter Antunes pelo suporte, pelas suas correções e seu exemplo como educadora.

Agradeço à minha mãe/melhor amiga Glaci T. de Oliveira Ferreira heroína, sempre me dando apoio e incentivo nas horas difíceis de desânimo е cansaço, essa conquista é para ti. Ao meu pai João Carlos R. Ferreira que apesar de tudo me fortalece е me exige quando necessário,para mіm, é meu maior exemplo. Á minha querida tia-avó Enedina de Oliveira pеlа contribuição valiosa, tu és minha segunda mãe.

Ao meu noivo Felipe da Cruz por toda a dedicação nessa caminhada, sem você isso não seria possível. E as amigas Ronise e Jessica que conheci nessa longa e encantadora trajetória.

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RESUMO

A Interdisciplinaridade tem cada vez mais conquistado espaço no cenário brasileiro, no processo de ensino e aprendizagem de crianças e adolescentes, dos profissionais de educação, além de sua influência na legislação e nas propostas curriculares. Sua importância está cada vez mais presente no espaço escolar, porém, sua influência no meio pedagógico pode acarretar também um discurso de modismo sobre a mesma, justificando certas propostas disciplinares, criando muitas vezes conteúdos vazios. Nessa perspectiva a Educação Física se encontra em um espaço de conflito e problematizações nesse processo, pois se percebe na prática educacional, que o tema a ser trabalhado de forma interdisciplinar, muitas vezes auxilia apenas as disciplinas principais, tornando assim, a Educação Física (EF), uma figurante desse conteúdo. O presente estudo tem como objetivo analisar a percepção de professores de Educação Física sobre o trabalho interdisciplinar na escola, através de uma pesquisa descritiva, com profissionais da área, na tentativa de reconhecer a importância e a interpretação dos mesmos sobre a temática, para isso foi utilizado uma pesquisa de modelo qualitativo através de uma entrevista com múltiplas perguntas, divididas em três categorias: : a Categoria 1 – refere-se aos “Aspectos da Formação inicial”, Categoria 2 – refere-se à “Formação continuada” e a terceira Categoria de análise refere-se à “Atuação profissional na contemporaneidade” onde através do uso de matrizes e gráficos foi avaliado de forma sistemática, priorizando a individualidade de cada profissional, revelando mais dúvidas do que soluções em relação ao Ensino Escolar, à Educação Física e à Interdisciplinaridade, os resultados apontaram muitas lacunas a serem preenchidas, não apenas na temática em questão, mas em tudo que os professores apontam.

Palavra-chave: Educação Física; Ensino; Escola; Interdisciplinaridade.

SUMMARY

Interdisciplinarity has increasingly gained space in the Brazilian scenario, in the process of teaching and learning of children and adolescents, educational professionals, in addition to its influence on legislation and curricular proposals, its importance is increasingly present in the school space, however, its positive influence in the pedagogical environment can also lead to a repetitive discourse about it, since it points to something innovative, justifying certain disciplinary proposals, often creating empty content. In this perspective Physical Education is in a space of conflict and problematizations in this process, because it is perceived in educational practice, that the subject to be worked in an interdisciplinary way, often helps only the main disciplines, thus becoming Physical Education, an addressee of that content. This study aims to analyze the perception of Physical Education teachers about the interdisciplinary work in the school, through a content analysis, with professionals in the area of EF in an attempt to recognize the importance and interpretation of the same on the subject, to this was used a qualitative model research through an interview with multiple questions divided into three categories: Category 1 - refers to the "Aspects of Initial Formation", Category 2 - refers to "Continuing Education" and the third Analysis category refers to "Professional performance in the contemporaneity" where through the use of arrays and graphs was evaluated in a systematic way, prioritizing the individuality of each professional, revealing more doubts than solutions in relation to School Education, Physical Education and Interdisciplinarity, because it presented many gaps to be filled, not only in the but in everything teachers have reported, I therefore believe in the need to conduct action research in the future, relating the problems described here.

Palavra-chave: Physical Education; Teaching; School; Interdisciplinarity.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Carta de apresentação...38 Quadro 2 – Termo livre e esclarecido...39 Quadro 3 – Entrevista semiestruturada...41

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 088 1REFERENCIAL TEÓRICO ...1010

1.1 O princípio da Interdisciplinaridade ... 10Erro! Indicador não definido. 1.2 A Interdisplinaridade na Educação contemporanêa ... 11Erro! Indicador não definido. 1.3 O papel do professor na Interdisciplinaridade ... 12Erro! Indicador não definido. 1.4 Educação Física Escolar na contemporaneidade ... 14Erro! Indicador não definido.

1.5 A Interdisciplinaridade e a sua relação com a Educação Física15Erro! Indicador não definido.

2PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...1717

2.1 Abordagem da Pesquisa... 17Erro! Indicador não definido. 2.2 Tipo de Pesquisa ... 17Erro! Indicador não definido. 2.3 Contexto da Pesquisa ... 18Erro! Indicador não definido. 2.4 Sujeitos ... 18Erro! Indicador não definido. 2.5 Instrumentos e Procedimentos de Pesquisa ... 18Erro! Indicador não definido. 2.6 Análise e Interpretação da Pesquisa ... 19Erro! Indicador não definido. 2.7 Cuidados Éticos ... 19Erro! Indicador não definido.

3RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 21Erro! Indicador não definido.

3.1 Categoria 01 “Aspectos da Formação Inicial” ... 21Erro! Indicador não definido. 3.2 Categoria 02 “Formação Continuada” ... 25Erro! Indicador não definido. 3.3 Categoria 03 “Atuação profissional na contemporaneidade”30Erro! Indicador não definido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...3334 REFERÊNCIAS ... 35Erro! Indicador não definido. ANEXOS ... 38Erro! Indicador não definido. APÊNDICES ... 41Erro! Indicador não definido.

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INTRODUÇÃO

Atualmente a escola passa por inúmeras transformações, uma delas e de grande importância consiste em oferecer maior autonomia aos alunos e assim estimular a independência dos mesmos, buscando assim, uma educação mais reflexiva e criativa para o desenvolvimento do indivíduo, o tornando mais preparado para as decisões no futuro, porém para isso se concretizar é necessário o envolvimento do professor, seja na construção de conteúdos com relevância, ou na elaboração de determinados conceitos, para que eles tenham significados.

A Interdisciplinaridade emerge com potencialidade para auxiliar no processo de mudanças pedagógicas, visto que tem cada vez mais conquistado o espaço no cenário brasileiro, no processo de ensino e aprendizagem de crianças e adolescentes, dos profissionais de educação, além de sua influência na legislação e nas propostas curriculares, se tornando assim, um princípio epistemológico que valoriza o ensino inovador, pois permite aos profissionais através de encontros, envolver as disciplinas e construir conteúdos diferenciados para os currículos escolares.

Para que esse processo ocorra se faz importante definir um objeto, que vai se construindo ao longo da trajetória e produção do mesmo. Esse objeto deve coexistir com o que está sendo estudado nas diferentes áreas do conhecimento escolar. Essa é, portanto, uma tarefa difícil e até certo ponto, efetuada de forma parcial, uma vez que o objeto precisa estar em processo constante de transformação e alteração curricular.

Desta maneira, como aluna participante do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) durante o ano de 2017, pude vivenciar de perto como a interdisciplinaridade afeta positivamente a vivência escolar, mas como o seu significado parece estar muito limitado entre os educadores. Por isso, o desejo de realizar esse estudo e analisar a percepção de professores de Educação Física sobre a temática da interdisciplinaridade na escola, a fim de aperfeiçoar o conhecimento acerca deste assunto, respondendo a seguinte questão: “Como os profissionais de Educação Física que atuam nas escolas públicas no município de Ijuí reconhecem e interpretam a Interdisciplinaridade?”.

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Durante meu processo de formação profissional, pude perceber que sempre ficam abertas indagações pessoais e profissionais acerca do assunto e partindo desse pressuposto, venho por meio deste trabalho, apresentar algumas dessas indagações, realizadas por meio das disciplinas cursadas durante meu processo de ensino e aprendizagem, e assim colaborar com os conhecimentos já adquiridos na área e melhorar meu aprendizado junto a um tema de grande valor, já que para sua empregabilidade ser real, deve haver uma troca de conhecimentos que ultrapasse as barreiras disciplinares.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

Nessa parte, vamos expor as ideias e assuntos com os quais foi norteado o estudo, sempre com o objetivo de compreender da melhor forma possível o tema abordado, deste modo apresentando cinco linhas centrais: O princípio da Interdisciplinaridade, Interdisciplinaridade na Educação contemporânea, o papel do professor na Interdisciplinaridade, Educação Física Escolar e, finalmente a relação da Interdisciplinaridade na Educação Física.

1.1 O Princípio da Interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade se constrói a partir de fragmentos herdados da sua construção histórica, ainda que não se tenha uma única teoria acerca da interdisciplinaridade é considerável mencionar suas fases mais importantes. Essas fases podem ser divididas em três décadas, conforme Fazenda (1994) apresenta:

a organização teórica no movimento da interdisciplinaridade, pode ser dividida em três décadas [...] 1970- procurávamos uma definição da interdisciplinaridade, 1980- tentávamos explicitar um método para a interdisciplinaridade; 1990- estamos partindo para a construção de uma teoria da interdisciplinaridade (p,17).

No Brasil, segundo Fazenda (1994), o eco das discussões chegou no fim da década de 60, com inúmeras distorções forçadas por um modismo, resultado daqueles que se aventuram ao desconhecido sem reflexões, entretanto dois aspectos são apresentados com esse movimento, o modismo que a expressão desencadeou e o avanço dos estudos sobre a interdisciplinaridade, de modo que a década de 80 foi marcada pela necessidade de corrigir os equívocos dos anos 70. Já nos anos 90 surge mais um desafio, iniciar um processo de conscientização da abordagem interdisciplinar, identificada no envolvimento professor-aluno, estimulando o desenvolvimento do conceito teórico e incentivando as práticas pedagógicas interdisciplinares.

Desde então, surgem inúmeras abordagens em relação á temática interdisciplinar e diferentes conceitos, o fato é que, essas distorções modistas contribuíram nas inúmeras falhas que agem sobre a formação atual interdisciplinar,

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portanto os desafios se constituem na legitimação da temática em cada campo que ela se constrói.

1.2 Interdisciplinaridade na Educação Contemporânea

As discussões que existem hoje acerca da Interdisciplinaridade são passíveis de análise sendo comparados materiais contemporâneos sobre o tema que vai ser trabalhado, até que o mesmo esteja pronto para ser desenvolvido e articulado pela prática e pela teoria.

A interdisciplinaridade trabalha a relação que se estabelece na afinidade de trabalho entre as disciplinas, ampliando os espaços de intercâmbio dinâmico e processos de experiências pedagógicas inovadora. Assim se tratando de um conceito e uma prática que está em processo de construção e desenvolvimento dentro do processo de ensino, atingindo os distintos campos da ciência nos quais a interdisciplinaridade se faz presente. Sobre isso Auth (2014, p. 395) afirma que: “a interdisciplinaridade passa a ser vista, também, enquanto difusora de algo transdisciplinar, como a questão da autonomia, do ser dos educandos, das atitudes, da incoconclusão do ser humano, do espírito cientifico”. Portanto a temática interdisciplinar busca estimular uma nova compreensão da realidade, articulando diferentes elementos que busquem compreender a complexidade, através de novos conhecimentos.

Como afirma Fazenda “a melhor maneira de traduzir a interdisciplinaridade é falando de sua busca pela máxima expressão do ser humano, uma vez que não existe um conceito único para ela e cada enfoque depende basicamente da linha teórica de quem pretende defini-la” (FAZENDA, 2001 apud CAMPOS; ALMEIDA, 2005, p.168).

Contudo, a Interdisciplinaridade deve ser distinguida quanto á sua “função” científica e educacional, pois ela apresenta diversos conceitos acerca de seus objetivos, em diferentes áreas do saber. Como o foco aqui é a relação dela com a educação, entendemos, junto com Frigotto (2008) que:

Ao discutirmos a questão da interdisciplinaridade na educação não á como tratá-la a não ser no âmbito das ciências sociais. O campo do educativo constitui-se, enquanto objeto da produção do conhecimento e enquanto prática docente de socialização do conhecimento, no interior das ciências sociais. Isto decorre do fato de serem os

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processos educativos constituídos nas e pelas relações sociais sendo eles mesmos constituintes destas relações (p.42).

Portanto a Interdisciplinaridade busca a relação social dos alunos de modo que possa se fazer refletir sobre as diferentes áreas em um único trabalho ou atividade, ela busca a formação universal do indivíduo, através das reflexões construídas através do objeto do estudo, respeitando sempre a individualidade de cada disciplina.

Na perspectiva escolar, a interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar novas disciplinas ou saberes, mas de utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. Em suma, a interdisciplinaridade tem uma função instrumental. Trata-se de recorrer a um saber diretamente útil e utilizável para responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos (MEC, 2000, p.21).

Portanto a interdisciplinaridade pode ser utilizada como uma tática segundo os PNCS, através dos projetos político-pedagógicos das escolas, tanto em nível médio como no fundamental, contribuindo assim para a resolução de problemas que se apresentam hoje em dia, em conjunto com os alunos, construindo assim, uma reflexão professor-aluno e sociedade- escola.

1.3 O papel do professor na Interdisciplinaridade contemporânea

O professor tem papel fundamental na escola, tudo que ele faz ou deixa de fazer, reflete no aluno e assim na sociedade, de modo que ele é indiretamente responsável pela formação cidadã dos discentes, através dos incentivos e reflexões que promove durante suas aulas, quando relacionado à Interdisciplinaridade suas funções de orientador não alteram, pois ele determina o caminho para esse novo conhecimento, incentivando o aluno para novas descobertas e promovendo diferentes saberes.

Fourez (2001 apud Fazenda 2008) nos apresenta duas formas distintas, porém complementares para a compreensão da formação interdisciplinar dos professores, uma de ordem científica- saber/saber (Francesa) e a outra de ordem social- saber fazer (Inglesa). Portanto, duas compreensões diferentes de

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conhecimento, mas que buscam o mesmo propósito, melhorar a formação dos saberes dos professores acerca da Interdisciplinaridade.

A científica nos conduziria à construção do que denominaríamos saberes interdisciplinares. A organização de tais saberes teria como alicerce o cerne do conhecimento científico do ato de formar professores, tais que a estruturação hierárquica das disciplinas, sua organização e dinâmica, a interação dos artefatos que as compõem, sua mobilidade conceitual, a comunicação dos saberes nas sequências a serem organizadas. Essa proposição conduziria à busca da cientificidade disciplinar e com ela o surgimento de novas motivações epistemológicas, de novas fronteiras existenciais. Por isso, entendemos o seguinte: cada disciplina precisa ser analisada não apenas no lugar que ocupa ou ocuparia na grade, mas nos saberes que contemplam, nos conceitos enunciados e no movimento que esses saberes engendram, próprios de seus lócus de cientificidade. Essa cientificidade, então originada das disciplinas, ganha status de interdisciplinar no momento em que obriga o professor a rever suas práticas e a redescobrir seus talentos, no momento em que ao movimento da disciplina seu próprio movimento for incorporado (FAZENDA, 2008, p. 18). Deste modo podemos afirmar que a primeira está relacionada à afirmação científica e epistemológica de modo que irá conceituar e interpretar a Interdisciplinaridade, voltada para um conceito de reflexão sobre o professor e a forma como ele atua, já a segunda está relacionada com a percepção da interdisciplinaridade em ação na sociedade e qual sua representação como prática relacionada às cobranças sociais.

A segunda, então denominada ordenação social, busca o desdobramento dos saberes científicos interdisciplinares às exigências sociais, políticas e econômicas. Tal concepção coloca em questão toda a separação entre a construção das ciências e a solicitação das sociedades. No limite, diríamos mais, que está ordenação tenta captar toda complexidade que constitui o real e a necessidade de levar em conta as interações que dele são constitutivas. Estuda métodos de análise do mundo, em função das finalidades sociais, enfatiza os impasses vividos pelas disciplinas científicas em suas impossibilidades de sozinhas enfrentarem problemáticas complexas (FAZENDA, 2008, p. 19).

Contudo Lenoir (2001, apud Fazenda, 2008) apresenta uma terceira cultura, a do saber ser, a qual se fundamenta na análise de estudos e pesquisas sobre interdisciplinaridade na formação de professores produzidos no Brasil, sem abandonar as duas anteriores, diferenciando o contexto científico do profissional e do prático.

Entretanto não devemos desfazer as problemáticas quando falamos em educação escolar, pois hoje exibe inúmeros desafios na sala de aula. Podemos

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perceber essa dificuldade através da fala de Tedesco (1998) que cita a aventura de educar:

A docência é desafiadora em todos os sentidos. Como se já não bastasse a rotina da própria profissão, os eventuais problemas com alunos e pais, enfim, os desafios do dia-a-dia da profissão docente, ainda há uma crise na educação nunca antes vista e, sobretudo, sem ponto de partida e de chegada, ou seja, a escola se encontra num estado de extrema desorientação (apud FERREIRA; SOUZA, 2010, p.165).

Portanto é preciso enxergar esse profissional, não somente em sua área de atuação mas em seu cotidiano, como indivíduo, que carrega falhas e necessita de auxílio na sua caminhada como educador, carecendo um olhar diferente ao docente, através de incentivos para que o mesmo consiga compreender a sua importância, não apenas como alguém que transmite saberes, mas alguém que constrói novas possibilidades, e que o aluno seja visto como o centro para contribuir com tudo isso.

1.4 Educação Física Escolar na Contemporaneidade

Segundo Dórea (2011) a Educação Física Escolar como conhecemos hoje em dia– como uma disciplina escolar, sendo assim, uma matéria em modo de ensino – tem suas raízes da Europa, nos fins do século XVIII com início do século XIX, recebendo o nome de Ginástica. No decorrer dos tempos e de sua própria história, esta disciplina teve várias influências pedagógicas, nas quais, busca uma base de sustentação. De tal modo a Educação Física brasileira na totalidade da escola e na sua formação de conhecimento específico apresentou várias abordagens pedagógicas que procuravam encontrar motivos para justificar sua presença na escola.

Quando pensamos nisso compreendemos a falta de valorização a qual a área se encontra, e como isso pode apresentar um ensino desvalorizado sobre a mesma. Quando alguém precisa justificar sua presença, é porque sua ausência provavelmente não faria diferença, como mesmo dispõe a LDBEN (Lei nº 9.394/96), no Artigo 26, § 3º: A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos, essa formulação agregou inúmeras discussões para a área, pois aumenta ainda mais a perda de sua legitimação (LDBEN, 1996).

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A Educação Física passou por uma transformação contínua, mesmo nos momentos em que a mesma foi colocada como uma prática neutra, situação está que foi motivada pelo comportamento passivo de muitos profissionais da área e por professores de demais disciplinas que se incomodavam com tal fato. Destaca-se também a influência que a Educação Física deve ter na vida do aluno, além dos aspectos físicos e motores, possibilitando que o mesmo tenha um relacionamento social e afetivo com outros colegas, tornando-o um sujeito sociocultural, contribuindo para sua realidade (RIZZO, 2013, p.62).

Sendo assim, a Educação Física Escolar busca incentivar a sociedade para que valorize a coletividade, o respeito, a consciência corporal, entre tantas outras importantes formações para o indivíduo. De tal modo podemos compreender que a educação física escolar passa por inúmeras transformações, objetivando sempre a máxima legitimação e valorização, sua formação atual ainda é jovem, mas se aproxima do propósito escolar.

1.5 A Interdisciplinaridade e sua relação com a Educação Física

A interdisciplinaridade é um tema cheio de problemas e possibilidades que devem ser dominados por aqueles que a reproduzem, buscando total envolvimento de quem ensina, pois ela só terá algum fundamento, dependendo de quem a transmite. Como abordado anteriormente, a interdisciplinaridade está na constante busca da difusão do conhecimento, a fim de favorecer a integração da aprendizagem ao conhecimento em relação à formação dos alunos. Para que se realize a tarefa interdisciplinar, a disciplina de Educação Física deve preservar manter e aprofundar as suas especificidades, no âmbito de legitimar-se na escola.

Na disciplina de Educação Física, Zattar Coelho propôs diversas interações entre os conteúdos de Educação Física com as demais disciplinas do Ensino Médio. Nesse aspecto, a autora busca valorizar ainda mais essa disciplina no processo de ensino e aprendizagem. A Educação Física, que está dentro de um universo maior, que chamamos de Cultura Corporal de Movimento é um campo fértil para o desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar. Primeiramente, por trazer conteúdos que favorecem o aprendizado significativo, como, por exemplo, os conteúdos relacionados à qualidade de vida. Todas as pessoas já trazem consigo sua bagagem de conhecimento (conhecimento prévio), importante para que seja realizado o trabalho interdisciplinar (COELHO, 2013 apud COELHO; SCORTEGAGNA; SASSI, 2015, p.04).

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Portanto a ação interdisciplinar é a interação dos professores e alunos, construindo um novo conhecimento a partir de vários conhecimentos, desta forma a EF que através da prática não apenas olhando, mas também realizando, se estrutura e melhora estes aprendizados, entretanto não pode perder suas características de ensino e se transformar numa auxiliar das demais disciplinas. Sua essência e particularidades devem ser priorizadas, valorizando sempre sua importância curricular, como mesmo afirma Freire (1997):

A importância de demonstrar as relações entre os conteúdos da disciplina Educação Física e os das demais disciplinas reside, não na sua importância como meio auxiliar daquelas, mas na identificação de pontos comuns do conhecimento e na dependência que corpo e mente, ação e compreensão, possuem entre si” (apud DÓREA, 2011, p. 06).

Sendo assim aqui se apresenta a principal característica e talvez a maior problemática da Educação Física quando o assunto é a interdisciplinaridade, essa falta de conceito sobre a função da temática interdisciplinar na escola formou a EF como algo que auxilia as demais áreas, na estruturação das atividades ou nos projetos interdisciplinares e isso não é a sua função; necessita aqui a percepção dos professores das diversas áreas sobre o fato de que não existe área primária ou secundária na temática, mas sim um envolvimento de todas, cheias de importância e significado, buscando a solução de algum problema apresentado.

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2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Aqui serão descritos a abordagem, o tipo e o contexto da pesquisa, os sujeitos que participaram e o motivo que levou a estes profissionais, apresentando também os instrumentos e procedimentos, além da análise, interpretação e os cuidados éticos da pesquisa.

2.1 Abordagem da Pesquisa

Pretendo apresentar esta análise sobre o modelo qualitativo, que se baseia no caráter particular, se utilizando de narrativas escritas ou verbais, muito estimada no meio acadêmico tal como afirma Godoy (1995):

A pesquisa qualitativa ocupa um reconhecido lugar entre as várias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas intrincadas relações sociais, estabelecidas em diversos ambientes. Algumas características básicas identificam os estudos denominados “qualitativos". Segundo esta perspectiva, um fenômeno pode ser melhor compreendido no contexto em que ocorre e do qual é parte, devendo ser analisado numa perspectiva integrada. Para tanto, o pesquisador vai a campo buscando /I captar" o fenômeno em estudo a partir da perspectiva das pessoas nele envolvidas, considerando todos os pontos de vista relevantes. Vários tipos de dados são coletados e analisados para que se entenda a dinâmica do fenômeno. tem como objetivo compreender os fenômenos através da coleta de dados, buscando estudar as especialidades e os conhecimentos individuais (p.21).

Portanto esse tipo de pesquisa visa extrair o máximo de informações e percepções dos entrevistados, que podem se expressar livremente e de diferentes formas acerca de um conceito, assunto, tema ou contexto.

2.2 Tipo de Pesquisa

A pesquisa descritiva tem como objetivo principal descrever as características de determinada população ou fato, esse tipo de estudo almeja apresentar os acontecimentos que determinam certas causas ou efeitos, o que caracteriza esse estudo é a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, como questionário ou a observação sistêmica (GIL, 2010).

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2.3 Contexto da Pesquisa

Foram selecionadas cinco escolas com perfis diferenciados em relação á questão cultural, social e econômica, uma escola de periferia, uma escola técnica (cursos profissionalizantes variados), uma com magistério, essas três envolvidas no projeto PIBID e as duas restantes situadas no centro da cidade, de modo que pudéssemos ter diferentes visões e interpretações acerca das vivências de cada professor, cada escola proporcionou um professor de EF para o estudo.

Mapa Municipal de Ijuí, apresentando onde fica cada escola:

Fonte o autor (2018).

2.4 Sujeitos da Pesquisa

Para essa pesquisa foram selecionados professores de Educação Física que estão atuando na área e interessados no tema interdisciplinaridade.

Dados pessoais dos cinco professores entrevistados: quatro mulheres e um homem, entre 35 e 55 anos, atuando a mais de 15 anos na rede de educação básica, trabalhando em média 20 a 40 horas semanais, sendo quatro com vínculos efetivos e um em contrato, na maioria dos casos em uma escola.

2.5 Instrumentos e Procedimentos de Pesquisa

Para chegar as escolas, foi apresentado a carta de apresentação onde permitia a identificação e o motivo de realizar a pesquisa, a coordenação apresentou

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os professores em todas as escolas e não houve dificuldade na afirmação de participação dos profissionais.

A pesquisa foi feita através de uma entrevista com perguntas relacionadas a atuação dos professores e seu conhecimento frente ao assunto. Através de uma entrevista semiestruturada a partir de três categorias: a Categoria 1 – refere-se aos “Aspectos da Formação inicial”, Categoria 2 – refere-se à “Formação continuada” e a terceira Categoria de análise refere-se à “Atuação profissional na

contemporaneidade”, todas aplicadas individualmente em cada escola. Para poder

participar da pesquisa os profissionais assinaram um termo onde tinham confirmação de suas participações na pesquisa, além da responsabilidade de retornar com os resultados da pesquisa para os mesmos.

2.6 Análise e Interpretação da Pesquisa

A análise dos conteúdos foi realizada através de embasamentos teóricos relacionados com as respostas dos entrevistados, buscando assim, referências pertinentes às problemáticas e formulações apresentadas pelos docentes durante a entrevista, de modo que justifique a visão dos profissionais frente aos tópicos exibidos.

Para Bardin (2011) a análise de conteúdo é atualmente “um conjunto de instrumentos metodológicos cada vez mais sutis em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a “discursos’ (conteúdos e continentes) extremamente diversificados” (p.15).

Portanto a pesquisa aqui apresentada relaciona diferentes assuntos, porém que se interligam de alguma maneira, buscando assim uma visão construtiva da temática interdisciplinar, sem deixar para trás tudo que ela envolve, que se constrói antes e depois dela.

2.7 Cuidados Éticos da Pesquisa

Como o estudo foi realizado com participantes foi priorizado a não identificação dos mesmos, para assim não ocorrer exposição ou prejuízo, utilizando de identificação fictícia, além de priorizar aos profissionais a possibilidade de desistência em relação à pesquisa.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A análise foi realizada através das respostas das entrevistas, onde ocorreu uma interpretação da percepção dos professores acerca de suas vivências e experiências profissionais e de formação, e a relação delas com a temática Interdisciplinaridade. Para isso foram criadas três categorias: a Categoria 1 – refere-se aos “Aspectos da Formação inicial”, Categoria 2 – refere-refere-se à “Formação

continuada” e a terceira Categoria de análise refere-se a “Atuação profissional na contemporaneidade” onde através do uso de matrizes e gráficos foi avaliado de

forma sistemática, priorizando a individualidade de cada profissional.

3.1 Categoria 01 “Aspectos da Formação inicial”

A categoria 01 “Aspectos da Formação inicial” apresenta o período de graduação dos professores, que na maioria formou-se no período em que os cursos eram unificados, ou seja, Educação Física Licenciatura e Educação Física Bacharel, era apenas um único curso. Chamado de EF plena, os profissionais tiveram maiores conhecimentos e oportunidades, como apresenta Taffarel (2012):

O graduado em Licenciatura Plena em Educação Física com formação pautada em princípios estéticos, éticos, morais, políticos, técnicos, pedagógicos com base no rigor científico. Profissional qualificado para o exercício de atividades profissionais no campo da cultura corporal que tenham como objeto as atividades corporais e esportiva, entendida como um campo de estudo e ação profissional multidisciplinar, cuja finalidade é possibilitar a todos o acesso aos meios de produção da cultura corporal e ao acumulado histórico de tal produção, resultante do processo de desenvolvimento da humanidade. Meios que possibilitem a construção deste acervo compreendido como direito inalienável de todos os povos, parte importante do patrimônio histórico da humanidade e do processo de construção da individualidade humana. O egresso do curso estará apto a exercer a docência em diferentes campos de atuação profissional – educação, saúde, lazer, políticas públicas, esporte de alto rendimento -, a produzir conhecimentos científicos considerando como objeto de estudo a cultura corporal e gerenciar, administrar no sistema público e privado esta área de conhecimento e de atuação profissional relacionada à cultura corporal (p.115).

Desta forma a maioria dos professores analisados conseguiram construir uma formação mais preparada, permitindo a centralização dos saberes da Educação

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Física, além da valorização acerca de sua profissão, como mesmo apresenta o gráfico:

Gráfico 1 - Formação Inicial

Fonte o autor (2018).

Continuando a análise sobre as formações, citamos o tempo de atuação dos professores, pois é um assunto de grande relevância, já que os ciclos de vida profissional são extraordinárias fontes de informações sobre a prática docente. Um dos exemplos mais citados sobre esse assunto, é o método elaborado por Huberman (2000) cuja classificação foi construída através de análises e leituras empíricas e apresenta características das fases dos educadores, que são: entrada na carreira (1 a 3 anos de docência), fase de estabilização (4 a 6 anos), fase de diversificação ou por se em questão (7 a 25 anos), fase de serenidade (25 a 35 anos) e fase de desinvestimento (mais de 35 anos).

Pelas respostas obtidas nos questionários os docentes atuam em média entre 15 e 25 anos encaixando nas fases entre diversificação ou por se em questão (7-25 anos). Nesse caso os professores encontram-se num estágio de experimentação e diversificação, onde buscam motivação e desafios, experimentando novas práticas e diversificando os métodos de ensino, tornando-se mais críticos e reflexivos sobre a forma de ensinar, mas pode se caracterizar, também, como uma fase de indagações, gerando uma crise, seja pela monotonia do cotidiano da sala de aula, seja por um desencanto causado por fracassos em suas experiências ou por alterações estruturais. O profissional avalia seus objetivos ideais, reflete sobre o percurso da sua atuação educacional e acaba muitas vezes modificando suas metas (HUBERMAN, 2000). Representado no gráfico a seguir:

Gráfico 2 - Formação Inicial

20% 80%

0%

Curso de formação

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Fonte o autor (2018).

Durante a época de formação os profissionais alegaram não participar de grupos de pesquisa em sua graduação. Quando relacionado aos projetos de pesquisa, um dos entrevistados afirmou participar, do projeto PRONERA (O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária). Nessa análise podemos perceber que nesse período os incentivos á pesquisa, cursos e novas formas de aprendizados eram um pouco limitados, na maioria dos casos não havia acesso á outras atividades além das realizadas em aula durante o curso regular, como vemos no gráfico:

Gráfico 3 – Formação Inicial

Fonte o autor (2018).

Entretanto hoje existem importantes programas que incentivam a pesquisa, um deles é o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) que possibilita uma troca de saberes entre professores e alunos.

O programa proporciona bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos presenciais que se dediquem ao estágio nas escolas públicas e que, quando

80% 20%0%

Ano de formação

ENTRE 1990 A 2000 ENTRE 2000 E 2010 80% 20% 0 0

Participou de grupos/ projetos de pesquisa e

extensão na sua graduação?

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graduados, se comprometam com o exercício do magistério na rede pública. O objetivo é o vínculo entre professores (escola) e acadêmicos (universidade) em salas de aula da rede pública. Com essa iniciativa, o Pibid faz uma articulação entre a educação superior (por meio das licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e municipais. A finalidade do programa é unir as secretarias estaduais e municipais de educação e as universidades públicas, a favor do progresso do ensino nas escolas públicas e o aumento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) (MEC, 2018).

Deste modo podemos avaliar esses itens como uma falha na formação dos docentes, pois hoje se percebe a importância da pesquisa e do encontro entre universidade e escola e como esses incentivos podem modificar as visões tanto dos acadêmicos, como dos profissionais já atuantes, compreendendo os significados que se concentram entre “prática” e “teoria” na EF, fato que pode influenciar as futuras formações na área.

Quando perguntados em relação aos eventos que participaram, os professores destacaram no geral, a participação na semana acadêmica, os cursos, e a importância dada as práticas, identificadas nas seguintes falas: “Arbitragem, dia do

desafio, caminhando, patinando e pedalando contra o diabetes, palestras, semana acadêmica, cursos internacionais. E eventos mais voltados para o bacharel” (PROFESSOR AZUL, 2018); Semana acadêmica, palestras, cursos (mais práticos)” (PROFESSOR ROSA, 2018). Ainda podemos citar o exemplo da profissional que já

atuava na área e assim participava das atividades dentro do meio escolar, “Semana

acadêmica, CRE, SMED, pois já atuava na área, além de vida no campus, pois, existiam poucos eventos (PROFESSOR VERDE,2018).

Atualmente os eventos acima citados ainda existem, e a dificuldade de unir teoria e prática nas aulas de EF se faz muito presente. Sobre esse fenômeno Fensterseifer e González concluem: “Assim, na nossa compreensão, a EF se encontra “entre o não mais e o ainda não”. Entre uma prática docente na qual não se acredita mais, e uma outra que ainda se têm dificuldades de pensar e desenvolver” (2007, p.36).

Portanto se deve buscar um olhar mais responsável sobre essa disciplina significativa no meio escolar. Ela precisa se legitimar como objeto e não apenas

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como “recreação das outras matérias”, seu valor é incalculável, visto que promove a formação integral do aluno, seja no formato social, físico e até cognitivo.

Quando perguntados sobre o que foi entendido sobre a interdisciplinaridade durante a formação, os entrevistados alegaram que o tema era de pouco destaque naquele momento como vemos neste trecho: “Faz muito tempo, porém não era um

tema em evidência na área da EF, escutei o termo na escola” (PROFESSOR LILAS, 2018); apenas um teve conhecimento sobre o tema naquele período, apontado na

seguinte fala: “No curso não havia articulações, aprendi durante o curso do

PRONERA, onde seis áreas do conhecimento da Unijuí trabalhavam em conjunto, temas “x” onde as áreas entravam com o seu determinado conhecimento e se relacionavam” (PROFESSSOR ROSA, 2018).

No momento que indagados sobre como eram discutidas a temática das

interdisciplinaridades, destacamos a seguinte afirmação, “De forma aprofundada,

não, pois não havia articulações das demais áreas, não havia disciplinas onde a EF poderia se articular com outras disciplinas, apenas onde a EF poderia ajudar as demais áreas” (PROFESSOR ROSA, 2018).

Essas respostas se justificam, pois no caso das universidades Brasileiras o avanço sobre a interdisciplinaridade ocorreu de maneira mais gradativa e, mais tardia, por iniciativa da própria comunidade acadêmica, mais especificamente por meio de programas de pós-graduação. Em 1999, em resposta a esse movimento, a CAPES (coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior) criou, por sugestão de alguns renomados pesquisadores, o comitê multidisciplinar que, em 2008, em meio a uma avançada discussão em torno das práticas e conceitos de interdisciplinaridade, passou a se denominar interdisciplinar. O referido comitê vem cumprindo seu objetivo de apoiar e realizar a avaliação e parametrização das propostas dos cursos de pós-graduação interdisciplinares ao orientar os novos cursos (PEREIRA; NASCIMENTO, 2016).

3.2 Categoria 02 “Formação continuada”

Analisando a segunda categoria, “Formação continuada” se destaca a visão dos profissionais acerca de realizar esses encontros pedagógicos (dentro e fora da escola), de modo que todos valorizam participar dos mesmos, visto que as respostas evidenciam essa percepção: “Por que estamos em constantes mudanças, teorias,

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gerações, tecnologias, e precisamos estar a par; o professor é um eterno estudante” (PROFESSOR ROSA, 2018); “Para o meu crescimento profissional, de pensar o trabalho, de repensar a prática, apesar de ser poucos” (PROFESSOR LILAS, 2018); Por que nos abre os horizontes e nos desafia para propor novas alternativas. (PROFESSOR VERMELHO, 2018); “Estamos trabalhando em cima do novo plano nacional, ou seja, conseguimos nos atualizar de forma periódica” (PROFESSOR AZUL, 2018); pois, sempre surgem novos livros, novas atividades, novas visões, questões mais humanistas e isso melhora a sala de aula (PROFESSOR VERDE, 2018).

Essa influência nos apresenta uma visão positiva acerca da valorização por parte dos docentes sobre a educação continuada, que segundo Galindo (2007) é:

[...] formativa posterior à outra ação formativa primária que pode-se chamar de formação inicial [...] portanto uma ação que se presta a dar continuidade a algo que se teve início, ao menos ao nível dos fundamentos e das bases teóricas e metodológicas gerais para a área ou nível de ensino que se pretende atuar/formar (apud GALINDO; INFORSATO p.464).

Assim manter-se atuais e na busca por novos conhecimentos proporcionou aos entrevistados compreender a importância do envolvimento da prática com a teoria, problemática apontada na categoria 01, e isso nos apresenta que os docentes procuram em suas possibilidades construir uma EF de qualidade.

Porém existem certas problemáticas assentadas pelos docentes, como encaixe de horários, temas abordados nos encontros, falta de articulações com as áreas, apontados nos seguintes segmentos: “Sempre que são ofertadas eu participo,

no estado é ofertado todo ano as formações continuadas dentro da escola, e os da CRE também, além dos cursos que acho importantes relacionados a minha área eu procuro participar, porém as vezes as formações continuadas não são articuladas com a área como deveriam ser” (PROFESSOR ROSA, 2018); “Sempre que é ofertado e que feche com meus horários (PROFESSOR LILAS, 2018).

Quando questionados sobre o que achariam importante ser discutido nas formações pedagógicas os desafios se apresentaram ainda maiores, e os problemas descritos são muito semelhantes, como podemos perceber nos seguintes trechos:

“Continuar estimulando a EF, no caso o objetivo do plano nacional é que todas as escolas trabalhem de forma padronizada (PROFESSOR AZUL, 2018); “Acho

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importante discutirem temas sobre Cultura Corporal de Movimento e as dificuldades enfrentadas em sala de aula, pois como o nome já diz é uma formação continuada e ela precisa estar mais relacionada com a realidade dos professores, ou seja, temas voltados para resolver esses assuntos que afetam a sala de aula, colocar isso na prática e depois ocorrer um retorno para ver se isso realmente está dando certo, além de como encontrar soluções de forma conjunta com as demais áreas; falta recursos para isso, não existe um investimento financeiro para educação continuada, ou seja precisa rever essa visão da educação continuada, precisa que os temas se articulem mais” (PROFESSOR ROSA, 2018);“Projetos, planejamento, porém falta um diálogo com os colegas da área e os das outras também, pensar em projetos mais chão, pois existem ótimos temas, mas falta aquele diálogo entre os colegas, ás vezes o meu colega está trabalhando um tema que eu poderia puxar para a Educação Física, porém falta tempo de sentar e conversar, debater sobre isso” (PROFESSOR LILAS, 2018;. “Interdisciplinaridade, a solução para os jovens gostarem de vir para a escola e desafiá-los a construir novos conhecimentos” (PROFESSOR VERMELHO, 2018); “Discutir os conteúdos, outras formas de trabalhar e valorizar os profissionais que temos, além de conseguir que o palestrante tenha a visão de teoria e prática unidas em sala de aula” (PROFESSOR VERDE, 2018).

Confirmando a visão dos professores podemos citar Gatti (2009) que nos transmite a seguinte reflexão:

A formação continuada é organizada com pouca sintonia com as necessidades e dificuldades dos professores e da escola; os professores não participam das decisões acerca dos processos de formação aos quais são submetidos; os formadores não têm conhecimento dos contextos escolares e dos professores que estão a formar; os programas não preveem acompanhamento e apoio sistemático da prática pedagógica dos professores, que sentem dificuldade de atender a relação entre o programa desenvolvido e suas ações no cotidiano escolar; mesmo quando os efeitos sobre a prática dos professores são evidentes, estes encontram dificuldade em prosseguir com a nova proposta após término do programa; a descontinuidade das políticas e orientações do sistema dificulta a consolidação dos avanços alcançados; falta melhor cumprimento da legislação que assegura ao professor direito a formação continuada (apud GALINDO; INFORSATO, 2016, p.466).

Desta maneira essa falha na educação continuada se apresenta ainda mais evidente quando relacionada ao tema em questão, pois quando indagados sobre a formação pedagógica com a temática interdisciplinaridade recebemos as seguintes

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respostas: “Sim, porém o palestrante não dominava o assunto” (PROFESSOR

VERDE, 2018); “Acredito que sim, mas bem específico não” (PROFESSOR AZUL, 2018). Mais uma vez se apresenta a grande dificuldade em conceituar ou

compreender a interdisciplinaridade, seja ela na graduação ou no próprio meio escolar, ela vai além do simples viés conceitual, como mesmo aponta Fazenda (2011):

A formação na educação pela e para a Interdisciplinaridade se impõe e precisa ser concebida sob bases específicas, apoiadas por trabalhos desenvolvidos na área, referendados em diferentes ciências que pretendem contribuir desde as finalidades particulares da formação profissional até a atuação do professor. A formação à Interdisciplinaridade (enquanto enunciadora de princípios) pela Interdisciplinaridade (enquanto indicadora de estratégias e procedimentos) e para a Interdisciplinaridade (enquanto indicadora de práticas na intervenção educativa) precisa ser realizada de forma concomitante e complementar. Exige um processo de clarificação conceitual que requer alto grau de amadurecimento intelectual e prático, uma aquisição no processo reflexivo que vai além do simples nível de abstração, mas requer a devida utilização de metáforas e sensibilizações (p.23).

Quanto a relação da EF com as demais áreas, os profissionais afirmam que durante os cursos que participam é sempre mais voltado para cada área, existindo pouca relação com as demais disciplinas: “O foco maior é a EF nos cursos,

estudando a CCM (cultura corporal de movimento) e os temas que se trabalha dentro da educação básica” (PROFESSOR ROSA, 2018); “Aqui na escola é com todas as áreas, porém fora mais específico para a EF” (PROFESSOR LILAS, 2018); “Apenas específico para EF, antes havia para linguagens e não havia interdisciplinaridade, somente artes e pedimos para direcionar para EF” (PROFESSOR AZUL,2018).

Sobre isso declara Silva (1996, p.65) “Um dos erros mais frequentes cometidos pelos professores em geral, é ministrar sua matéria aos alunos como se fosse a única existente no currículo escolar”, (...) Os professores de Educação Física infelizmente, não tem se mostrado isentos deste erro”.

Existem vários fatores que atribuem para essa atitude de isolamento por parte da Educação Física, como o aspecto legal deste componente curricular que não consta nem do núcleo comum do Currículo Mínimo Nacional, nem da parte diversificada, o que não explica, nem justifica um isolamento por parte dos professores, mas que tem sido motivo de falsos entendimentos a respeito da

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validade e da importância da disciplina na escola. Além das Educação Física como uma espécie de "auxiliar" de outros componentes, como se não possuísse objetivos próprios a atingir. Talvez constitua um fator que contribua para o afastamento do professor como tentativa de "reação" contra essa "assessoria" (SILVA 1996).

No momento que foi discutido onde se encontrava a descrição da interdicisplinaridade no PPP da escola os docentes responderam de formas variadas, apresentando certa dificuldade em reconhecer os documentos existentes no meio escolar: “Acredito que sim, acho que nos objetivos, mas não tenho certeza,

porém a escola é bem interdisciplinar, a escola se envolve em eventos de diversas áreas” (PROFESSOR AZUL, 2018); “Sim, mas não me recordo” (PROFESSOR LILAS); “Sim, na metodologia de ensino” (PROFESSOR VERMELHO, 2018); “Eu sei que tem, mas não me recordo” (PROFESSOR VERDE, 2018).

De modo que enfatiza que muitos não reconhecem o papel do PPP, pois parece que o principal perigo da democracia na escola é uma falsa participação, portanto existe a necessidade de reforçar a criação de uma cultura de informação, onde os professores reconheçam e identifiquem os documentos escolares, de modo que todos os segmentos envolvidos no processo educativo possam construir uma gestão participativa e democrática, sendo de fato, este o ponto de importância e de necessidade do PPP para a escola (BORTOLUZZI, 2008).

E assim, quando questionados em relação ao envolvimento da escola com a temática interdisciplinaridade ficou claro que o aprendizado que os docentes tinham acerca do tema vinha da escola, confirmados nas seguintes falas: “Sim, para as

atividades como a noite dos talentos, as áreas se interagem muito bem” (PROFESSOR AZUL, 2018); “Sim e na escola este ano trabalhamos sobre os países da copa e o FEMUDA (festival de dança e música) onde trabalhamos o envolvimento as etnias da expo e teve texto referente o porquê da migração para o Brasil” (PROFESSOR VERDE, 2018).

No entanto essas falas confirmam a limitação teórica que se acentua sobre a interdisciplinaridade na escola, logo essa falta de embasamento teórico constrói ainda mais esses conteúdos vazios e educadores desinteressados, com certo receio de se envolver na problemática, evidenciados ainda mais quando os professores lamentam a dificuldade em debater o tema interdisciplinaridade com os demais colegas: “Sim, na medida do possível, não temos muitos horários para isso, então

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somente eu sou efetivada neste caso os outros professores que trabalham em mais de uma escola podem optar por onde vão realizar a educação continuada em qual escola e isso dificulta, pois não está todo mundo ali” (PROFESSOR ROSA, 2018); “Não é fácil, mas conseguimos, falta envolvimento de alguns professores” (PROFESSOR VERDE, 2018).

Para modificar isso é necessário que o professor reconheça que o tema em questão é algo recente, que precisa ser trabalhado em conjunto, valorizando as diferentes formas que o cercam, como aponta Fazenda (2008):

A formação interdisciplinar de professores, na realidade, deveria ser vista de um ponto de vista circundisciplinar (Lenoir; Sauve, 1998), onde a ciência da educação, fundamentada num conjunto de princípios, conceitos, métodos e fins, converge para um plano metacientífico. Tratamos, nesse caso, do que poderíamos chamar interação envolvente sintetizante e dinâmica, reafirmando a necessidade de uma estrutura dialética, não linear e não hierarquizada, onde o ato profissional de diferentes saberes construídos pelos professores não se reduzem apenas a saberes disciplinares. Começamos aqui a tratar de um assunto novo, recentemente pesquisado, denominado intervenção educativa, em que mais importante que o produto é o processo (p.23).

Mas para isso se concretizar a Educação Continuada precisa estar de acordo com as necessidades da escola, dos professores e alunos, respeitando as individualidades de cada setor, além de incentivar encontros com temas que realmente auxiliem na realidade escolar e na resolução dos problemas enfrentados em sala de aula, de maneira que possa desenvolver esse profissional seja na área do trabalho ou na social, atualizando conhecimentos e criando novas perspectivas, tanto para o professor, como para a sociedade que ganha indiretamente com isso.

3.3 Categoria 03 “Atuação profissional na contemporaneidade”

Na última análise “Atuação profissional na contemporaneidade” indagados sobre qual o conhecimento acerca da interdisciplinaridade, atualmente, recebemos as seguintes contribuições: “Trabalho entre todos ou os componentes curriculares,

ou a grande maioria em projetos ou atividades escolares”. (PROFESSOR AZUL, 2018); “O mesmo, estabelecer relações entre as áreas do conhecimento” (PROFESSOR ROSA, 2018); “O trabalho entre os componentes curriculares para aprendizagens significativas” (PROFESSOR LILAS, 2018); “Proposta de ensino em que mais de uma disciplina desenvolvem conteúdos na turma ou na escola”

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(PROFESSOR VERMELHO, 2018); “Quando nós professores conseguimos nos inserir no mesmo assunto a ser trabalhado por várias disciplinas” (PROFESSOR VERDE, 2018).

As respostas foram satisfatórias, mas fica um certo “vazio” de conteúdo, respostas mecanizadas, apresentando uma visão ainda limitada, essa barreira precisa ser descontruída, pois a temática pode arquitetar novos caminhos para a educação e para os alunos, ela vai além da união das disciplinas e de simplificar apenas um conceito.

De acordo com Fazenda (1998), há ainda outras benefícios que a interdisciplinaridade pode trazer aos educandos, dentre elas o convívio com outras perspectivas (diferentes de sua própria); a habilidade para avaliar o testemunho de pessoas especializadas em um determinado assunto; a tolerância à ambiguidade; o crescimento da sensibilidade para assuntos polêmicos; a habilidade para sistematizar e integrar assuntos, já que a interdisciplinaridade possibilita o cruzamento de saberes diferentes. Assim, o ensino interdisciplinar proposto por Fazenda pressupõe um trabalho em conjunto e sincronizado entre professores, gestores e outros profissionais da escola, tendo em vista a necessidade de mudança não só da sala de aula, como também de outros espaços que estão associados a ela. (apud PATARO; BOVO,2012).

Pois a interdisciplinaridade segundo Luck (2010):

é o processo que envolve a integração e o engajamento de educadores, num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos, a fim de que possam exercer criticamente a cidadania, mediante uma visão global de mundo, e serem capazes de enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual (apud PATARO E BOVO 2012, p. 52).

Desta forma quando indagados sobre a forma como trabalham o assunto em questão, se destacam os projetos “Sim, com as demais disciplinas na escola,

através de projetos” (PROFESSOR LILAS, 2018); Sim, muitas vezes, este ano por exemplo, realizamos a pesquisa sobre as diferentes etnias, onde foi trabalhado as casas étnicas, a moeda, o animal de cada país, o ritmo, entre outras atividades, foi muito rico” (PROFESSOR VERDE, 2018); “Através dos projetos da escola, no tema

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gerador de cada ano” (PROFESSOR ROSA, 2018). Sob esta perspectiva, Nogueira

(2001) enfatiza que:

Praticamente todas as escolas trabalham ou dizem trabalhar com projetos nos dias de hoje, e a falta de conhecimento sobre esta prática tem levado o professor a conduzir atividades totalmente insipientes denominadas de projetos. Qualquer cartaz pendurado na parede com desenho de três patinhos já é denominado: “Projeto Animais” – reduzindo desta forma um projeto a mera elaboração de cartazes (apud SAMPAIO, 2015, p. 21). Portanto os projetos perdem seu valor quando não apresentados com aprofundamento, eles precisam ser vistos como aspecto de novas ideias e conhecimentos, abertos para novos aprendizados e conteúdos e não somente uma mera apresentação de imagens.

Em relação de como poderia se trabalhar a interdisciplinaridade os professores dão sugestões variadas, mas com o mesmo objetivo: “Desta maneira,

porém poderia envolver mais disciplinas” (PROFESSOR AZUL, 2018); “Com o comprometimento das demais áreas” (PROFESSOR LILAS, 2018), onde demonstram certa falta de interesse no assunto ou até mesmo confiança que estão

trabalhando com todas as possibilidades da temática, reforçando ainda mais a falta de (re)conhecimento que paira sobre a interdisciplinaridade, não somente sobre ela, mas sobre os professores, a escola e tudo que forma a educação.

Novamente indagados sobre outros documentos que visualizam a interdisciplinaridade a maioria respondeu no PPP, somente um dos entrevistados cita outros locais: “No PPP, no PTP e no planejamento anual da escola” (PROFESSOR ROSA, 2018), porém para os demais ficou uma certa incoerência, já que além de não ocorrer a citação de outros locais sobre o tema, o PPP antes citado recebeu a afirmação que não recordavam onde, mais uma vez tornando o assunto vazio. Sobre o PPP Bortoluzzi (2008) aponta que é um importante e polêmico documento escolar e tende a ser marcado por um discurso acadêmico por vezes muito bem embasado, no entanto, desligado de significados. O senso comum costuma atribuir o caráter indiferente do PPP à falta de conhecimento por parte de professores, gestores e alunos das prerrogativas legais, éticas e dos valores que tem nesses documentos. Mesmo que o discurso do Projeto Político-Pedagógico seja plenamente compreendido pelo coletivo dos que com ele se relacionam na escola, se não houver uma adequada instrumentalização e uma efetiva organicidade entre o PPP e outras ações letivas, se terá apenas um belo discurso encadernado. A

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realidade posta dentro do âmbito escolar revela, porém que nem todos os segmentos que permeiam a construção do processo educativo constituem uma participação efetiva na elaboração do PPP.

Desta forma podemos afirmar que falta reflexão dos professores acerca da importância dada ao PPP, documento que se transformou em mera ilustração escolar, e que é apontado apenas para justificar as ações dos docentes, na teoria apresenta inúmeras possibilidades e ações para a educação e na pratica é um papel simplesmente desconhecido pelos profissionais da escola, demonstrando uma educação adoecida em cada detalhe que se põe em questão.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa ambicionou apresentar algumas respostas à questão: “como os profissionais de Educação Física desenvolvem as aulas com características interdisciplinares e como eles interpretam essa temática”, baseado nos depoimentos dos professores, objetivando analisar acerca de sua percepção sobre o tema, onde foi apresentado que os professores compreendem de forma básica a Interdisciplinaridade, porém o que se destaca é a falta de relevância agregada a ela pelos profissionais, onde os docentes não conseguem refletir sobre o significado da interdisciplinaridade, além da continua visão da Educação Física como auxiliar das demais disciplinas, onde implica numa perda de autonomia.

Nos depoimentos, os participantes, revelam dificuldades em descrever a Interdisciplinaridade no ensino escolar, a falta de participação dos colegas frente a novas formas de ensinar, a problemática de horários para planejar. Essas situações estão relacionadas a vários fragmentos na educação, pois as categorias analisadas apresentam inúmeras falhas, os professores precisam dialogar com as demais áreas sem medo de perder sua especificidade, pois os diferentes assuntos enriquecem todas as disciplinas.

Na categoria um “Aspectos da Formação inicial” por exemplo, os professores apontam que havia pouca teoria em sua época de formação, esse fato pode ter influenciado a carreira dos professores, pois dificulta o planejamento de aulas e até a compreensão da própria interdisciplinaridade, algo que quase nunca se debatia na graduação, desta forma surge mais uma pergunta, “como a Interdisciplinaridade se torna algo obrigatório nas escolas se não é ensinada nas universidades?”.

Nas duas categorias seguinte “Formação continuada” e “Atuação profissional

na contemporaneidade” as falhas apresentadas, foram ainda maiores, pois a

formação continuada precisa estar mais relacionada com a realidade escolar e dos professores, falta temas que proporcionem saídas para os problemas enfrentados em sala de aula, como da falta de saídas quando o assunto é os horários para planejar, a falta de engajamento de outros profissionais e dedicação em conjunto para debater essas problemáticas apontadas.

De modo que revela mais dúvidas do que soluções em relação a Educação Escolar, a Educação Física e a Interdisciplinaridade, onde apresentou muitas lacunas a serem preenchidas, não apenas na temática em questão, mas em tudo

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que os professores relataram, de modo que necessita um novo olhar sobre a Educação Brasileira, portanto acredito na necessidade de realizar uma pesquisa futuramente, sobre como as Políticas Públicas estão encarando essas problemáticas apontadas pelos docentes e quais as providencias que ela realiza sobre esse assunto, pois fenômeno de grande importância para o desenvolvimento de uma sociedade igualitária, as políticas públicas ou sociais, crescem com o passar das décadas, Bajoit (2009) afirma que as políticas sociais é um conjunto de ampliadores e de medidas instaurados pelos Estados para ajudar alguns dos seus residentes, que, “precarizados pela falta de recursos”, tem dificuldade em participar de modo pleno da vida comum. Contudo não é somente a função de garantir a educação para todos, mas também de avaliar e ajudar a melhorar a qualidade do ensino no país, visto que a escola precisa de um olhar crítico para se desenvolver e assim melhorar o ensino, possibilitando o desenvolvimento pleno do indivíduo que estará instruído para compreender a sociedade, os fatos e o meio ao qual ele convive, o estudo sobre o tema deve ser continuo e permanente.

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REFERÊNCIAS

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