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ANÁLISE DOS RISCOS ERGONÔMICOS PRESENTES EM UM AMBIENTE DE TRABALHO BANCÁRIO

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ANÁLISE DOS RISCOS ERGONÔMICOS

PRESENTES EM UM AMBIENTE DE

TRABALHO BANCÁRIO

ADRIANA G B SOARES (UFERSA ) adrianageorgia@hotmail.com Priscila da Cunha Jacome (UFERSA ) priscila.jacome@ufersa.edu.br

As rápidas mudanças no ambiente organizacional fazem com que as empresas priorizem o crescimento e produtividade, refletindo em uma maior exigência para os trabalhadores e um aumento na ocorrência de doenças ocupacionais. Um setor que merecce destaque em relação ao elevado número de afastamento por doenças profissionais é o setor bancário. Diante disto, a Ergonomia vem sendo amplamente aplicada por adequar o ambiente laboral ao ser humano, proporcionando uma melhor qualidade de vida para os trabalhadores. Este trabalho tem o intuito de avaliar os riscos ergonômicos presentes na atividade bancária, através de técnicas de avaliações qualitativas. Foi aplicado um questionário e observaram-se relatos de queixas de dores e sinais de estresse presentes nos trabalhadores. Dessa forma, foi feita uma Análise Ergonômica aplicando o método RULA, a fim de verificar quais são as posturas mais prejudiciais na realização das atividades, e uma análise qualitativa através de questionários para identificação do nível de estresse. Concluiu-se que todas as atividades desempenhadas possuem posturas inadequadas, no qual se relaciona com o nível alto de estresse no referido posto.

Palavras-chave: Atividade bancária, análise ergonômica, método RULA

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2 1. Introdução

As mudanças ocorridas no meio organizacional fez com que as empresas passassem a priorizar a rapidez e o crescimento produtivo, refletindo em uma maior exigência para os trabalhadores, como: excesso de jornadas de trabalho, pressão para atingir determinadas metas, falta de intervalos, tudo isso adicionado de posturas inadequadas. Em consequência disso, obtêm-se resultados que atuam negativamente sobre a saúde física e mental (BAU, 2005).

Como resultado disso, está a grande ocorrência de doenças ocupacionais, que por sua vez tem ganhado ênfase com proporção aumentada gradativamente, em função do crescimento industrial. Nesse aumento destacam-se três doenças por ocorrerem com maior incidência, são elas: a perda auditiva induzida por ruído (PAIR), a lesão por esforço repetitivo (LER) e as doenças da coluna (MONTEIRO; BERTAGNI, 2009).

Um setor que merece destaque em relação ao elevado número de afastamento por doenças profissionais, é o setor bancário, dando destaque as LER ou, Doenças Ósteo-Musculares Relacionadas ao Trabalho – DORT, além de doenças psíquicas como a depressão (BAÚ, 2005).

Nesse contexto, com o objetivo de melhorar as condições de trabalho, a partir da análise das atividades desenvolvidas pelos trabalhadores, que por sua vez são prescritas pela organização, eis que está a Ergonomia, que tem como principal objetivo adaptar o trabalho ao homem que o realiza (IIDA, 2005).

Para isso, utiliza diversos métodos de Análise Ergonômica do Trabalho- AET, que variam de acordo com a atividade desenvolvida. Estes métodos têm o intuito de analisar as condições de trabalho, avaliar o ambiente ocupacional e sua organização, para assim torná-lo compatível com as necessidades e limitações do trabalhador (IIDA, 2005).

Dessa forma, através do Método RULA (Rapid Upper Limb Assessment) e da Avaliação Ergonômica, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise qualitativa e avaliar os riscos ergonômicos presentes na atividade bancária, com intuito de melhorar a qualidade de vida desses trabalhadores.

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3 2. Metodologia

Foram aplicados questionários para identificar as principais queixas em relação às dores no corpo, incômodos na realização das atividades como também os sinais e nível de estresse a qual o trabalhador está submetido, além disso, foi observado no posto de trabalho, as principais atividades executadas a fim de realizar uma análise minuciosa das posturas e identificar quais as mais prejudiciais por meio do método RULA.

Após a escolha do método foi identificado as principais posturas prejudiciais ao trabalhador e qual seu nível de estresse para possível sugestão de melhorias no ambiente de trabalho. 2.2 Posto de trabalho observado

Na agência bancária analisada, existem dois tipos de atendimento, o atendimento comercial e o caixa, que totalizam 11 trabalhadores, todos os funcionários estão envolvidos no atendimento existindo a rotatividade das funções desempenhadas. Para a pesquisa, levou-se em consideração a realização de uma amostra por conveniência (não probabilística) de 7 trabalhadores no total, representando 64% da população.

3. Ergonomia

A ergonomia propõe melhorar o trabalho humano, o principal objetivo é atender as necessidades de cada indivíduo no seu ambiente de trabalho, ocasionando saúde e bem-estar, porém, isso só será possível a partir de uma análise minuciosa do referido posto, a fim de identificar os fatores prejudiciais à saúde dos trabalhadores. Após a análise, devem-se eliminar estes elementos ofensivos para evitar possíveis perdas (ALEXANDRE; ROGANTE, 2000).

Segundo Vieira (2008), a postura assumida no trabalho, está ligada diretamente a atividade que irá ser realizada. Dessa maneira, devem-se levar em consideração alguns elementos como: alcance necessário; extensão dos movimentos; intensidade das forças, precisão dos movimentos, região de observação entre outros.

Na avaliação das atividades se faz necessário que o empregador utilize uma análise ergonômica no referido posto de trabalho, a qual deverá conter as condições laborais. A Análise Ergonômica do Trabalho tem como intuito utilizar os conhecimentos da ergonomia para analisar, examinar e reparar a atual situação de trabalho, todavia, para que isso ocorra é necessário que se tenha uma boa compreensão de todos os acontecimentos naquele

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4 determinado posto, apontando principalmente o desempenho do trabalhador, tornando assim possível constatar todo o processo com efetividade (IIDA, 2005).

3.1 Método RULA

De acordo com Stanton (2005), o método RULA foi desenvolvido em 1993 por MCAtamney e Corlett, de maneira semelhante do método OWAS, no entanto avaliando especificamente pessoas que estejam suscetíveis a lesões nos membros superiores, causadas por más posturas, examinando tarefas sedentárias, como por exemplo, trabalho com computador. Suas principais aplicações são:

 Medição de risco músculo-esquelético;

 Examinar resultados como rendimento ou compatibilidade de equipamentos;

 Indicar os riscos músculo-esqueléticos existentes aos trabalhadores procedentes das diversas posturas na execução das atividades.

É composto por três etapas:

 Escolha da postura para avaliação;

 Pontuação das posturas selecionadas utilizando uma planilha de pontos, diagramas de partes do corpo e tabelas;

 Conversão das pontuações em 1 das 4 medidas recomendadas.

As posturas são analisadas com o auxílio de filmagens e fotografias, além disso, é preciso conhecer as tarefas executadas a fundo, cargas transportadas e o local onde estas são desenvolvidas, medidas dos ângulos entre as partes do corpo ou seus ângulos em relação ao ambiente (WILSON; CORLETT, 1995).

A avaliação do corpo humano é feita dividindo-o em dois grupos: Grupo A e Grupo B. O valor da Postura no Grupo A é obtido através do Quadro 1.

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5

Fonte: McAtamney e Corlett, 1993

O valor da Postura no Grupo B é calculado por meio do Quadro 2.

Quadro 2- Total do Grupo B. Obtido a partir dos valores individuais de Pescoço, Tronco e Pernas

Fonte: McAtamney e Corlett, 1993

Com os valores finais obtidos para o Grupo A e Grupo B, calcula-se a pontuação final por meio do Quadro 3.

Quadro 3- Pontuação Final, obtida em função dos Totais Finais dos Grupos A e B

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6 Com a pontuação final, o método determina através de escores o grau de risco, e as ações que devem ser tomadas, como apresenta o Quadro 4. Quanto mais alto for o valor, maior será o risco aparentemente, todavia o valor mais baixo, não significa que aquele ambiente está isento riscos (LUEDER, 1996).

Quadro 4- Nível de ação, em função da pontuação final obtida

Fonte: McAtamney e Corlett, 1993

O método não requer materiais especiais para sua aplicação, tornando assim mais rápida a análise dos membros superiores. É recomendado para uma série de atividades, tais como: embalagem manual e automatizada, trabalho em computador, operações da indústria têxtil, “checkout” de supermercados etc. (MCATAMNEY; CORLETT, 1993).

4. Análise de resultados

4.1. Avaliação do perfil do trabalhador bancário

Este tópico tem como finalidade descrever e analisar os dados obtidos através do estudo em uma Agência Bancária no município de Angicos no estado do Rio Grande do Norte. De início, foi aplicado um questionário com o intuito de obter informação sobre os perfis dos trabalhadores, a identificação das principais queixas em relação às dores no corpo, como também os sinais de estresse.

Constata-se que dos sete funcionários entrevistados, 85,71% são do sexo masculino e 14,29% do sexo feminino, ambos trabalham em período integral com início às 10h e término de 15h e possuem mais de 4 anos de tempo de serviço na atividade.

Com relação à queixa de dores ou desconforto durante e após a jornada de trabalho, 71,42% dos trabalhadores afirmaram senti-las e admitem que são resultantes do trabalho. A Figura 1 representa a porcentagem dos que se queixam de dores ou desconforto durante e após o ofício.

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Figura 1- Queixas durante e após a jornada de trabalho

Conforme exemplifica a Figura 1, a maioria dos trabalhadores se queixa de dor ou desconforto, o que poderá induzir na ocorrência de doenças futuras como as LER.

Das atividades exercidas, as que lhes causam maior desconforto é a entrega de documento/dinheiro ao cliente (caixa) e digitação com 42,85% e contar dinheiro com 14,30%, desempenhadas pela função do caixa.

Para verificar as queixas de dores sentidas durante suas atividades, foram abordadas através do questionário, 13 localizações corporais que ocasionariam dores ou desconforto, e a frequência em que elas ocorrem. A Figura 2 apresenta a frequência de queixas.

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8 Conforme demonstra a Figura 2, as partes do corpo que possuem maior frequência de dores são as costas (superior); pescoço e ombros, correspondendo a 57,14% e 71,42% ,

respectivamente.

4.2 Divisão das atividades e aplicação do método RULA

Para aplicação do método RULA, foram escolhidas as tarefas mais realizadas, como também as que ocasionavam maior desconforto. As principais atividades observadas e elencadas pelos funcionários foram:

 No caixa: Contar dinheiro, digitação, abrir e fechar o caixa, entrega de documento ou dinheiro ao cliente.

 No atendimento comercial: Deslocar-se para pegar documentos, recebimento e análise de documentos e digitação.

A análise das tarefas foi feita a partir de observações in loco, que propiciaram a análise dos ângulos entre os segmentos do corpo e as características de cada postura. Não foi permitida a publicação de fotos ou filmagens por questões de privacidade da empresa, portanto serão usadas imagens meramente ilustrativas para representar tais tarefas.

a) Contar dinheiro: Nesta atividade o trabalhador faz a separação e contagem das cédulas, movimentando constantemente o punho, na posição sentada. A Figura 3 ilustra um trabalhador exercendo esta tarefa.

Figura 3- Contagem de dinheiro

Fonte: Tv Tst, 2012

b) Digitação (caixa e atendimento): A realização desta atividade é exercida de maneira semelhante no caixa, e no atendimento comercial, o trabalhador se encontra na posição

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9 sentada, com as mãos sobre o teclado e atenção fixa na tela do monitor, realizando inúmeras operações de digitação para processamento de dados, conforme demonstra a Figura 4.

Figura 4- Digitação de dados

Fonte: Duarte, 2015

c) Abrir e fechar o caixa: Para realizar o recebimento e entrega do dinheiro ao cliente, o atendente precisará abrir o caixa constantemente. Este procedimento se dá no mínimo duas vezes, uma para retirada do dinheiro e outra no momento em que a gaveta é fechada. O trabalhador realiza-a na posição sentada. Não foi possível encontrar imagem que represente tal atividade.

d) Entrega de documento ou dinheiro ao cliente: Esta atividade consiste na entrega do dinheiro, ou documento ao cliente quando se fizer necessário, sua postura de realização é sentada, conforme ilustra a Figura 5.

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Fonte: Balle e Leal, 2015

e) Deslocar-se para pegar documentos: Os atendentes geralmente efetuam tarefas diversificadas, sendo muitas vezes necessário sair da posição sentada e deslocar-se a impressora para pegar algum documento para o cliente. Esta atividade é realizada em pé. Não foi possível encontrar imagem que represente a atividade.

f) Recebimento e análise de documento: Os documentos são registros que proporcionam informações, sendo assim, os atendentes precisam identifica-los, verifica-los e analisa-los. A atividade em questão é exercida na posição sentada, conforme ilustra a Figura 6.

Figura 6- Recebimento e análise de documento

Fonte: Sindicato dos Bancários PA, 2015

4.3 Aplicação e resultados do método RULA

Cada atividade foi analisada e aplicada o método RULA, foi obtido os escores, e por fim serão definidos quais são as necessidades de intervenção para cada atividade avaliada. A Tabela 1 apresenta o nível de ação de cada tarefa. .

Tabela 1- Nível de ação das atividades avaliadas

Atividades avaliadas Nível de ação

Contar dinheiro (caixa) Valor encontrado na Tabela C- 3 (três).

Nível 2: Indica a necessidade de investigação mais detalhada e mudanças podem ser necessárias.

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11 Digitação (caixa e atendimento) Valor encontrado na Tabela C- 3 (três).

Nível 2: Indica a necessidade de investigação mais detalhada e mudanças podem ser necessárias.

Abrir e fechar o caixa (caixa) Valor encontrado na Tabela C- 3 (três).

Nível 2: Indica a necessidade de investigação mais detalhada e mudanças podem ser necessárias.

Entrega de documento ou dinheiro ao cliente (caixa)

Valor encontrado na Tabela C-5 (cinco).

Nível 3: Indicam que a investigação de mudanças devem ocorrer brevemente.

Deslocar-se para pegar documentos (atendimento)

Valor encontrado na Tabela C- 3 (três).

Nível 2: Indica a necessidade de investigação mais detalhada e mudanças podem ser necessárias Recebimento e análise de

documento (atendimento)

Valor encontrado na Tabela C-3 (três).

Nível 2: Indica a necessidade de investigação mais detalhada e mudanças podem ser necessárias.

Os resultados obtidos por meio do RULA revelam que há necessidade de investigação das posturas em todas as atividades analisadas, caso seja mantida por longos períodos.

As pontuações fornecidas através do RULA revelam que a atividade de Entrega de documento ou dinheiro ao cliente é a posição que gera maior risco ergonômico, obtendo 5 (cinco) como escore, enquadrando-se no nível 3. Essa atividade obteve esse alto score devido à grande distância entre a bancada e o cliente, exigindo certo esforço nos membros superiores do funcionário para efetuar a entrega.

Pode-se propor melhorias para minimizar o risco ergonômico nessa atividade a partir de mudanças no mobiliário, com ênfase na bancada. A NR 17 pela Portaria SIT n° 08, 30 de março de 2007 especifica a bancada deve ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com a atividade e ajustes que possam regular a altura de acordo com as características antropométricas de cada usuário.

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12 As demais posturas assumidas nas atividades analisadas obtiveram pontuação de 3 (três), enquadrando-se no nível 2, que indica a necessidade de investigação mais detalhada e mudanças necessárias.

No deslocamento para pegar documentos é exercido um encurvamento do pescoço para retirada do documento da impressora, que com o passar do tempo poderá ocasionar problemas ao trabalhador, neste ponto é sugerido que o suporte para impressora tenha altura e características compatíveis com o usuário e a atividade exercida.

Para as atividades de digitação, contar dinheiro, abrir e fechar o caixa e recebimento análise de documento são propostas mudanças na cadeira por possuírem inúmeros erros. As cadeiras precisam ter apoio para o dorso com regulagem de altura e ângulo entre o assento e apoio dorsal regulável, incluindo apoio para os pés, que deverão ser adaptados ao cumprimento das pernas dos funcionários.

Além disso, nas atividades que compreendem a leitura de documentos para digitação deve-se proporcionar suporte apropriado para documentos que possa ser ajustado favorecendo a boa postura, visualização e operação, impedindo movimentação frequente do pescoço e fadiga visual. (BRASIL, 2007).

4.4 Avaliação qualitativa do nível de estresse

Visto que a profissão de bancário é uma das profissões reconhecidamente mais estressantes, e que o estresse é considerado um risco ergonômico, pois geram distúrbios psicológicos e fisiológicos a saúde do trabalhador, foi aplicado um questionário aos funcionários do banco, foco de estudo, para avaliar alguns sintomas e a frequência em que eles correm para comprovar a existência destes no posto de trabalho. Estes sintomas são comuns às pessoas que estão com um nível de estresse acima do normal. São eles: irritabilidade, insônia, fadiga, problemas gastrointestinais e pressão arterial alterada (SOUZA, 2002). A Figura 7 retrata a frequência com que ocorrem esses sintomas.

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13 De acordo com a Figura 7, os sintomas mais ocorrem frequentemente são: A irritabilidade e fadiga, correspondendo a 42,85% e 57,14%, respectivamente. Isto se justifica devido a este segmento ser provido de tecnologia, logo, dependente de computadores e usuários desse equipamento nas agências bancárias predispõem a ficar em postura estática por bastante tempo realizando procedimentos repetitivos em excesso, como: pagamentos, consultas via monitor, digitação, etc. (BAU, 2005).

Com os dados obtidos, foi aplicado outro questionário, com o objetivo de medir o nível e sintomas de estresse que acometem os funcionários da agência. Este questionário foi produzido pela psicóloga Lippi (2012), especialista em estresse e fundadora do Centro Psicológico de Controle do Stress, em Campinas. A partir dele é possível medir o nível de estresse e classifica-lo.

O questionário é composto por 12 sintomas, onde o trabalhador irá assinalar sim ou não, caso o mesmo tenha tido os sinais de estresse. O resultado se dá pela soma dos sintomas que o entrevistado assinalou. Caso este tenha assinado de 1 a 3 itens, o nível de estresse está baixo, de 4 a 8 itens, o nível de estresse está alto e caso tenha assinalado mais que 8, o nível de estresse está altíssimo. A Tabela 2 apresenta os resultados do questionário aplicado.

Tabela 2- Porcentagem da ocorrência dos sintomas de estresse nos trabalhadores. Sinais de Estresse

Sim (%) Não (%)

Tensão muscular, como aperto da mandíbula e dor na nuca, por exemplo.

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14 Esquecimento de coisas

corriqueiras, como esquecer o número de um telefone que usa com frequência.

57,14 42,86

Irritabilidade excessiva; 28,57 71,43

Hiperacidez estomacal (azia) sem causa aparente.

14,29 85,71

Vontade de sumir de tudo. 100

Sensação de incompetência, de que não vai conseguir lidar com o que está ocorrendo.

- 100

Pensar em um só assunto ou repetir o mesmo assunto.

28,57 71,43

Ansiedade. 57,14 42,86

Distúrbio do sono, ou dormir demais ou de menos.

14,29 85,71

Cansaço ao levantar. 57,14 42,86

Trabalhar com um nível de competência abaixo do seu normal.

57,14 42,86

Sentir que nada mais vale a pena.

- 100

Fonte: Lippi,2012

Conforme a Tabela 2, a maioria dos trabalhadores bancários assinalou de 4 a 8 sintomas, os mais frequentes foram: esquecimento de coisas corriqueiras, ansiedade, cansaço ao levantar e trabalhar com um nível de competência abaixo do normal representando 57,14% dos funcionários. Este resultado final sinaliza um nível de estresse alto, conforme descrito no

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15 questionário, sendo necessário analisar o que está sendo exigido a mais do organismo para que isto esteja ocorrendo.

Foram feitas perguntas diretas a gerente da agência bancária em estudo, quanto às medidas reguladoras de estresse nos trabalhadores. A mesma respondeu que existe uma verba liberada pelo governo que disponibiliza de 15 em 15 dias um tipo de massagem oriental com o objetivo de alivio do estresse, todavia, conforme o resultado foi visto que isto não está sendo suficiente para alívio desta patologia. Sendo assim, para amenizar este quadro é sugerido que o incentivo de práticas de atividade física por parte dos funcionários. Segundo Silva (1999), a atividade física pode intervir da seguinte forma: proteção do desenvolvimento de sintomas como valor preventivo e melhorar as pessoas que já são portadoras do estresse por meio de mecanismos psicológicos e fisiológicos.

Além disso, a utilização de um mobiliário, equipamentos corretos, conforme já foi sugerido e a ginástica laboral com acompanhamento poderia auxiliar na diminuição do estresse físico e psicológico dos trabalhadores. De acordo com Dias (1994), a ginástica laboral é composta por exercícios específicos realizados no próprio ambiente de trabalho, intervindo de forma preventiva e terapêutica, na diminuição da fadiga, vícios posturais, além de aumentar a disposição do funcionário.

5. Conclusão

O estudo realizado com os trabalhadores da agência bancária atingiu todos os objetivos que foram propostos. As funções de atendimento comercial e de caixa revelaram que todas as atividades analisadas oferecem risco ergonômico ao trabalhador, no qual se relaciona com o nível alto de estresse no referido posto.

Através do questionário, foi possível identificar a localização das principais queixas de dores acometidas pelos trabalhadores, que são as costas (superior) e pescoço e ombros. Assim como os principais sintomas de estresse, que são a fadiga e irritabilidade.

Com a aplicação do Método RULA, foram detectadas as posturas que oferecem risco à saúde dos funcionários, estando no Nível 2 a Contagem de dinheiro, digitação, deslocamento para pegar documento, recebimento e análise de documento e abrir e fechar o caixa, que por sua vez precisam ser investigadas. A postura identificada como a que mais oferece riscos foi a entrega de documento ao cliente, enquadrando-se no Nível 3, necessitando de investigação e mudanças em breve. O resultado do método está de acordo com as informações obtidas do

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16 questionário aplicado, em que, foi apontado que os principais locais de dores estão nos membros superiores.

A análise do índice de estresse revelou que os trabalhadores encontram-se em um nível alto desta doença, o que é prejudicial para a saúde dos mesmos.

Com os resultados apresentados, foi possível propor melhorias para o ambiente trabalho bancário como forma de minimizar o impacto do risco ergonômico na saúde do trabalhador, vale salientar que essas mudanças ainda não ocorreram, efetivamente, nos postos de trabalhos foco do estudo de caso. As principais mudanças propostas foram: mudanças na cadeira e na bancada uma vez que esta tem relação forte com as dores sentidas nas costas (superior) e pescoço e ombros e ser oferecido suporte apropriado para documentos. Para amenizar o estresse foi sugerido o uso de posturas adequadas, diminuição das atividades repetitivas, mudança do mobiliário e estímulo para os trabalhadores se exercitarem com ginástica laboral acompanhada de um especialista.

REFERÊNCIAS

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BAÚ, Lucy Mara Silva. Intervenção ergonômica e fisioterápica como fator de redução de queixas músculo-esqueléticas em bancários. 2005. 91 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestre em Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

BALLE, Louise; LEAL, Vitor Santos. EhowBrasil: O que acontece quando um caixa de banco entrega mais dinheiro que a quantidade requerida pelo cliente?. 2015. Disponível em: <http://www.ehow.com.br/acontece-caixa-banco-entrega-dinheiro-quantidade-requerida-cliente-info_320701/>. Acesso em: 10 de outb 2015. DUARTE, Franclin (Florianópolis) (Ed.). Cidadãonet. 2015. Disponível em:

<http://cidadaonet.com.br/materia/11965/banco-do-povo-de-fernandopolis-fecha-2014-com-mais-de-r1-milhao-em-emprestimos.html>. Acesso em: 23 out. 2015.

GERHARDT, T.E; SILVEIRA, D.T. Métodos de pesquisa. 1ª edição. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. 2ª ed. revista e ampliada. São Paulo. Edgard Blucher, 2005. LIPPI, MARILDA. Questionário para avaliação de sintomas da doença. Centro Psicológico de Controle do Stress de Campinas. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2012/08/questionario-ajuda-identificar-nivel-e-sintomas-de-estresse.html>. Acesso em: 20 de mar. de 2015.

LUEDER, R. A proposed RULA for computer users. Proceedings of the Ergonomics Summer Workshop, UC Berkeley Center for Occupational & Environmental Health Continuing Education Programm, San Francisco, August 8-9, 1996.

MCATAMNEY, L., CORLETT N. RULA: A survey method for the investigation of work-related upperlimb disorders, “Applied Ergonomics” 1993.

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MONTEIRO, Antônio Lopes e BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais: Conceito, processos de conhecimento e de execução e suas questões polêmicas. São Paulo: Saraiva, 2009.

SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO PARÁ. Disponível em: <http://bancariospa.org.br/?p=31557> Acesso em 10 de out. de 2015.

SOUZA, A. D; et al. Estresse e o Trabalho. 2002. 57f. Monografia (Conclusão do curso de Pós-graduação e especialização em Medicina do Trabalho). Sociedade Universitária Estácio de Sá, Associação médica de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso do Sul, 2002.

STANTON, N. Handbook of Human Factors and Ergonomics Methods. CRC Press, 2005. TV TST. Caixa de banco vai receber indenização por assalto a agência. 2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=c8nsV5jWJ6E>. Acesso em: 10 out. 2015.

VIEIRA, Sebastião Ivone. Manual de Saúde e Segurança do Trabalho. 2º ed. São Paulo, LTr, 2008. WILSON, J.; CORLETT, N. Evaluation of Human Work: A Practical Ergonomic Methodology. London: Taylor e Francis, 1995. 1119p.

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