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Fabrício Castagna Lunardi Luiz Otávio Rezende. Curso de SENTENÇA PENAL Técnica Prática Desenvolvimento de habilidades

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2017

SENTENÇA

PENAL

Luiz Otávio Rezende

Curso de

(2)

C

APÍTULO

I

ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE A PREPARAÇÃO

PARA A SENTENÇA PENAL DO CONCURSO

PARA INGRESSO NA CARREIRA

DA MAGISTRATURA

(Luiz Otávio Rezende)

1. REGRAS GERAIS CONSTANTES DA RESOLUÇÃO N. 75/09 DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Segundo a Resolução n. 75/09 do CNJ, os candidatos às carreiras da magistratura estadual e federal devem se submeter, obrigatoriamente, a duas provas de sentença, em dias sucessivos, sendo uma versando sobre matéria cível, e outra tratando de matéria criminal. A Justiça Militar demandará a feitura de apenas uma sentença criminal1.

A convocação dos aprovados para realizarem esta etapa deve ser feita no mínimo 15 (quinze) dias antes da data prevista para a prova, e o desaten-dimento a essa regra poderá levar à anulação da fase de sentença, desde que comprovado o prejuízo aos candidatos2-3.

1. Art. 49, II e III, da Resolução n. 75/09. A partir desta previsão, conclui-se que os Tribunais não podem mais exigir dos candidatos mais de duas provas de sentença, situação antes viven-ciada, por exemplo, nos certames do TJDFT, que, até o ano de 2008, submetia os candidatos à magistratura distrital a quatro provas de sentença de matérias variadas em dias subsequentes, cada um deles com uma nota mínima a ser alcançada para permitir a aprovação do postulante ao cargo.

2. Artigo 50 da Resolução n. 75/09 do CNJ.

3. A inobservância de regra procedimental de divulgação de notas não acarreta a nulidade de concurso público quando não demonstrado prejuízo aos concorrentes (AO n. 1395 ED / ES. Rel.

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O tempo de duração da prova não pode ser inferior a 4 (quatro) horas. Além disso, há nota mínima a ser alcançada pelo candidato para fins de aprovação, qual seja, 6 (seis) pontos de 10 (dez) possíveis4.

As provas de sentença devem ser obrigatoriamente discursivas e rea-lizadas em dias distintos, preferencialmente nos finais de semana5, sendo

afastada a possibilidade de utilização de computadores ou laptops para a feitura da prova6.

Ao candidato, poderá ser facultada a consulta à legislação desacompa-nhada de anotação ou comentário, não lhe sendo permitido, porém, a utili-zação de obras doutrinárias, súmulas e orientações jurisprudenciais durante a realização da prova7.

Noutra via, observa-se que não só o conhecimento jurídico será ava-liado, mas também a utilização correta do idioma oficial e a capacidade de exposição do candidato8.

Há de se dizer que as provas deverão ser entregues aos candidatos já impressas, sendo vedados esclarecimentos sobre o enunciado das questões ou sobre a forma de resolução dessas910.

Na elaboração do questionamento atinente à prova de sentença, cabe observar que a Banca Examinadora pode optar por determinada linha inter-pretativa do direito, desde que baseada em lei, jurisprudência e doutrina11, e

Min. Dias Toffoli. Julgamento: 24.06.2010. Órgão Julgador: Tribunal Pleno). 4. Art. 54, parágrafo único, da Resolução n. 75/09.

5. Artigo 52 da Resolução n. 75/09 do CNJ.

6. PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS PARA AUTORIZAR TRIBUNAIS DE JUSTIÇA A PERMITIR O USO DE COMPUTADORES NA SEGUNDA FASE DO CONCURSO DE INGRESSO PARA A CARREIRA DA MAGIS-TRATURA. IMPROCEDÊNCIA. PEDIDO PARA REALIZAR PROVA ORAL POR ARGUIÇÃO EM COMISSÕES TEMÁTICA. IMPROCEDÊNCIA. 1. O objetivo precípuo da Resolução nº 75 é “a imperativa necessi-dade de editar normas destinadas a regulamentar e a uniformizar o procedimento e os critérios relacionados ao concurso de ingresso na carreira da magistratura do poder Judiciário nacional”. 2. Autorizar os Tribunais a adaptar seus dispositivos internos em detrimento das regras da Resolução nº 75 equivale a fulminar a própria Resolução. 3. Improcedência do pedido. (PP n. 0005476-63.2011.2.00.0000. Rel. Conselheiro NEVES AMORIM. Julgado em 06.12.2011). 7. Artigo 46 da Resolução n. 75/09 do CNJ.

8. Artigo 48, parágrafo único, da Resolução n. 75/09 do CNJ. 9. Artigo 53, § 1º, da Resolução n. 75/09 do CNJ.

10. Não há previsão no Edital ou na Resolução 75/CNJ de que a Banca Examinadora forneça aos candidatos material de consulta. O parágrafo único do art. 46 da Res. 75 apenas estabelece que a Comissão Examinadora poderá dirimir dúvidas durante a prova, mas não a autoriza a distribuir qualquer tipo de subsídio para a sua realização. ETAPA ANULADA. (PCA n. 0005003-09.2013.2.00.0000. Rel. Conselheira Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Julgado em 05.11.2013). 11. Em entendimento aplicável pelo Conselho Nacional de Justiça, a jurisprudência do Supremo

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Capítulo I • ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE A PREPARAÇÃO PARA A SENTENÇA PENAL DO CONCURSO

35 respeitados os ditames estabelecidos nos artigos 489, § 1º, e 927, ambos do Novo CPC, que trazem as balizas referentes aos precedentes jurisprudenciais de observância obrigatória.

O conteúdo programático a ser utilizado para a elaboração das provas tem previsão geral na Resolução n. 75/09 do CNJ12, regramento que não

im-põe, todavia, a forma como as disciplinas lá constantes devem ser abordadas pelas Bancas Examinadoras, nem a maneira como devem ser interpretadas, tampouco como serão corrigidas a partir dos questionamentos formulados1314.

Tribunal Federal e a do Superior Tribunal de Justiça são pacíficas em não caber ao Poder Judi-ciário, no controle jurisdicional de legalidade, substituir-se à banca examinadora nos critérios de correção e atribuição de notas de provas, salvo em caso de erro grosseiro ou de ilegalidade. É possível que a banca de qualquer concurso cometa erros de caráter metodológico ou cientí-fico, mas isso, dentro de certos limites, é inerente à falibilidade e à subjetividade próprias de seleções na área das ditas Ciências Humanas, como o Direito. De toda forma, não se verificou a ocorrência de erros na correção, neste caso. A adoção do princípio do livre convencimento motivado do juiz aos candidatos em concurso público é equivocada. Esse princípio diz respeito aos juízes, no exercício da função jurisdicional. A tese autorizaria a conclusão de que qualquer resposta, em prova de natureza dissertativa, aberta, desde que não teratológica, poderia ser tida por correta pela banca examinadora. Isso inviabilizaria a correção das provas e a compe-titividade inerente ao concurso público. A banca pode eleger determinada linha interpretativa do Direito, desde que amparada pela legislação, pela jurisprudência ou pela doutrina. (PCA n. 0001270-35.2013.2.00.0000. Rel. Conselheiro Wellington Saraiva. Julgado em 06.08.2013) 12. A necessidade de previsão exaustiva no conteúdo programático de todas normas e casos

julga-dos que poderiam ser usajulga-dos pela Banca Examinadora nos certames foi devidamente afastada pelo Supremo Tribunal Federal. Para a Corte Suprema, “havendo previsão de um determinado

tema, cumpre ao candidato estudar e procurar conhecer, de forma global, todos os elementos que possam eventualmente ser exigidos nas provas, o que decerto envolverá o conhecimento dos atos normativos e casos julgados paradigmáticos que sejam pertinentes, mas a isto não se resumirá”,

razão pela qual “não é necessária a previsão exaustiva, no edital, das normas e dos casos julgados

que poderão ser referidos nas questões do certame, sob pena de se malferir o princípio da razoabi-lidade”. Assim, seguindo o raciocínio exarado no citado aresto do STF, o candidato deve entender

que “estudar cada um dos pontos do programa do concurso deverá englobar, necessariamente, o

estudo dos atos normativos e casos julgados pertinentes, e não o contrário.” (STF. MS 30860/DF.

Rel. Min. Luiz Fux. Julgamento: 28.08.2012. Órgão Julgador: Primeira Turma).

13. PP n. 0000416-07.2014.2.00.0000. Rel. Conselheira Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Julgado em 25.02.2014.

14. RECURSO ADMINISTRATIVO EM PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚ-BLICO PARA INGRESSO NA CARREIRA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO PARÁ. PROVA DE SEN-TENÇA CRIMINAL. ELABORAÇÃO E CORREÇÃO. AUTONOMIA DAS BANCAS EXAMINADORAS PARA A ATIVIDADE. 1. É do entendimento deste Conselho Nacional de Justiça, com base em inúmeros precedentes, que no tocante a elaboração de provas de concursos públicos para o preenchi-mento de cargos do Poder Judiciário, bem assim a sua correção, deve-se zelar pela autonomia dos Tribunais e das respectivas bancas examinadoras, ainda que terceirizadas, cabendo a esta Casa apenas o exame de legalidade das normas previstas no edital do certame, bem como dos atos emanados da comissão responsável pela organização do concurso. 2. Excepcionalmente, somente em casos de flagrante ilegalidade ou divergência inequívoca com o que dispõe o edital, no que concerne aos atos praticados por bancas examinadoras de concursos, compete a este CNJ atuar, mormente porque dentro da competência que lhe cabe (CF, art. 103-B), não se trata este Conselho de instância superior administrativa revisora de todo e qualquer ato praticado

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No tocante à correção da prova pela Banca Examinadora, insta infe-rir que restou expressamente vedada a possibilidade de arredondamento de nota, nos termos do art. 7º, parágrafo único, da Resolução n. 75/09 do CNJ, regra essa que seguiu a orientação exarada pelas Cortes Superiores15, cujo

entendimento é firme no sentido de não ser admitida tal prática com o fito de beneficiar candidato de concurso.

Também é desnecessária a explicação detalhada da nota atribuída pela Banca Examinadora (espelho pormenorizado)16, além do que não é obrigatória

a divulgação do espelho de correção da prova17.

2. ORIENTAÇÕES PRÁTICAS DE PREPARAÇÃO – TÉCNICAS DE REDAÇÃO DA SENTENÇA PENAL

2.1. Início da preparação – aquisição da técnica de elaboração da sentença por meio de treinamentos com exercícios simulados

Para boa parte dos candidatos à magistratura, o início da preparação para a prova de sentença apresenta contornos de extrema dificuldade.

Como estudar para elaborar o ato sentencial sem o contato direto com a praxe forense, de modo a se inteirar sobre o adequado uso do direito penal e processual penal? Até que ponto essa falta de contato com a prática pode impedir a aprovação de um bom candidato?

Muito embora as perguntas acima declinadas deixem evidenciada uma dificuldade a princípio desafiadora, essa circunstância negativa pode ser su-perada com estudo dirigido e resolução seriada de problemas simulados.

pela banca em questão. 3. Verificado, no caso concreto, que a insurgência dos requerentes no tocante à prova de sentença criminal corresponde à elaboração, interpretação e critérios de correção, não havendo nos atos praticados pelas bancas examinadoras competentes ilegalidade ou contrariedade ao que dispõe edital, não há providência a ser tomada. Recurso Administrativo que se conhece, e a que se nega provimento. (PCA n. 0006413-39.2012.2.00.0000 Rel. Conse-lheiro Ney José de Freitas. Julgado em 02.04.2013).

15. STJ. RMS 15836 / ES. Rel. Ministra Laurita Vaz. 5ª Turma. DJ 12.04.2004. STF. MS 21408 / BA. Relator(a): Min. MOREIRA ALVES. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Julgamento: 20.03.1992. STF. MS 26302 AgR/DF. Rel. Min. Carmem Lúcia. Julgamento: 17.11.2011. Órgão Julgador: Tribunal Pleno.

16. PP n. 0006218-25.2010.2.00.0000. Rel. Conselheiro Jefferson Luis Kravchychyn. Julgado em 19.10.2010).

17. O Conselho Nacional de Justiça já se manifestou pela desnecessidade de divulgação dos critérios de correção da prova subjetiva, ou mesmo do espelho de correção da prova, como pretende o recorrente, por via transversa. Precedentes do STF e STJ. (PCA n. 0007693-45.2012.2.00.0000. Rel. Conselheiro Ney José de Freitas. Julgado em 06.08.2013).

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Capítulo I • ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE A PREPARAÇÃO PARA A SENTENÇA PENAL DO CONCURSO

37 Com efeito, à míngua da possibilidade de análise de casos concretos envolvendo as matérias cobradas na prova de sentença penal, o caminho a ser trilhado pelos candidatos passa pela resolução de inúmeras sentenças-proble-ma ao longo da preparação para o exame real18.

Nesse ponto, o candidato pode buscar auxílio de cursos preparatórios, tais como as escolas da magistratura, ou ainda cursos voltados à resolução e correção de provas simuladas, cujo intento certamente é ensinar a escorreita técnica de elaboração da sentença, seja essa cível ou penal.

A obtenção dessa expertise é muito importante para o êxito dos que têm como intento a carreira da magistratura, e o motivo para tanto decorre da quase inviabilidade de se elaborar corretamente o ato se ausente o prévio contato com sua regular estrutura, sem a qual não será possível a exposição do conteúdo jurídico visando a resolução do problema trazido pelo exami-nador, cuja consequência direta e imediata é a reprovação do postulante ao cargo.

Noutra via, a resolução seriada de exercícios se prestará a tornar a ela-boração da sentença um ato natural, quase automático, de modo a tornar desnecessário o rascunho prévio e afastar a possibilidade de circunstâncias eventualmente desfavoráveis das provas reais se tornarem obstáculos ins-transponíveis para o candidato.

2.2. Treinamento – orientações práticas

A resolução das provas simuladas deve observar algumas regras práticas, cujo atendimento certamente otimizará o resultado esperado com os exercí-cios, sobretudo porque visam a reprodução do ambiente que será encontrado na prova de sentença real.

As orientações estão declinadas por tópicos nos itens a seguir, objeti-vando facilitar seu entendimento pelos leitores.

18. Não são necessários arroubos de treinamento. A resolução de uma sentença cível e outra penal por semana já se mostra suficiente para um treinamento qualificado, desde que, é claro, sejam respeitados pelo candidato os estritos termos que encontrará na prova real (prazo determinado, folhas limitadas, necessidade de elaboração de relatório, impossibilidade de consulta a súmulas e textos doutrinários e acesso apenas à legislação sem comentários). Nesse ponto, esclarece Eduardo Francisco de Souza que “o intervalo entre cada treinamento deve ser fixo, com a

elabo-ração de uma sentença a cada dois ou três dias, proporcionando um tempo de “descanso” para o cérebro”. (SOUZA, Eduardo Francisco de. Sentença Criminal para concursos da magistratura. São

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2.2.1. A correta administração do tempo

As provas do concurso da magistratura têm pequena variação no tocante ao quesito tempo, e cada teste diário dura de quatro a seis horas, a depender do tribunal realizador do certame.

Por esse motivo, o candidato já se depara com uma primeira condicio-nante, centrada na oferta de tempo limitado para a resolução da prova, cuja dificuldade muitas vezes torna hercúlea a tarefa de apresentar uma resposta completa.

Em relação à sentença penal, é muito comum que os candidatos tenham enorme dificuldade para finalizar a peça no tempo conferido, seja pela ne-cessidade de leitura atenta de enunciado com várias laudas, seja pela obri-gatoriedade de avaliação de vários itens obrigatórios, com destaque para a dosimetria da pena, normalmente feita após o dispositivo.

Nesse cenário, a administração do tempo para a resolução dos exercícios ganha relevo, e impele o candidato a utilizar um relógio em seus treina-mentos, de modo a permitir a prévia ciência do lapso temporal médio para a apresentação da resposta, que, com a habitualidade da tarefa, tende a ser cada vez menor.

Ignorar essa orientação com certeza diminuirá as chances de êxito na prova real, especialmente porque a falta de administração do tempo para a resolução do problema significará, na grande maioria das vezes, a impossibili-dade de finalização da prova a contento, com todos os consectários negativos daí decorrentes19.

2.2.2. Esquema prévio ou roteiro lógico da sentença antes de se iniciar a resposta

Para facilitar a organização das ideias durante o treinamento e por oca-sião da prova real, deve ser adotada a forma de esquema prévio da sentença ou pequeno roteiro lógico, por meio do qual se promoverá a anotação simples dos argumentos que serão utilizados após a análise detida das teses trazidas

19. A prática sugere o seguinte esquema para a divisão do tempo da prova, com a utilização de todo o tempo disponibilizado: 1) leitura atenta e anotação das teses esposadas pelo MP e defesa, além de fatos processuais relevantes (40 minutos); 2) realização de esquema prévio ou roteiro lógico do ato (20 minutos); 3) início da resposta, com a análise das preliminares e prejudiciais arguidas (30 minutos); 4) análise da materialidade, autoria e tipicidade dos crimes narrados na denúncia, e elaboração do dispositivo (2 horas); 5) dosimetria da pena e comunicações finais (1 hora); 6) revisão ortográfica do texto trazido (30 minutos).

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Capítulo I • ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE A PREPARAÇÃO PARA A SENTENÇA PENAL DO CONCURSO

39 pelas partes no caso proposto, sem se esquecer, por certo, da importantíssi-ma indicação dos fundamentos legais para cada argumento20.

Esse procedimento não demanda grande esforço, e é baseado, substan-cialmente, na leitura atenta do enunciado para posterior resolução da peça prática21.

Em resumo, uma vez anotados de maneira concisa o pleito condenatório do Ministério Público e todas as teses de defesa, seria necessário apenas organizar os argumentos para a elaboração da sentença antes do início da es-crita na folha de resposta definitiva, num esquema de direcionamento que se mostra, na grande maioria das vezes, muito importante para evitar omissões indesejáveis pelo candidato, que passa a ter um material de rápida consulta para lhe dar um norte para a resposta que será desenvolvida.

Todas as etapas da sentença devem ser objeto de esquematização, com especial atenção para o dispositivo – parte da decisão que transita em julga-do – e a julga-dosimetria da pena, que tem várias especificidades de observância obrigatória.

O atendimento da orientação ora exposta tem como benefício imediato a organização da resposta e o afastamento de omissões de pontos importan-tes da prova22, incrementando, assim, as chances de êxito do candidato que

a observar. Como bem menciona Eduardo Francisco de Souza:

20. A adoção de um esquema prévio antes do início da prova é uma dica constante em todos os ma-nuais de elaboração de sentenças, e cada autor pontua um método visando facilitar a anotação e enfrentamento de todas as questões da prova prática seguindo uma ordem lógica e completa. Alguns se atem a leitura inicial e anotação dos pedidos das partes, e outros já defendem o esquema de leitura total do enunciado, com a marcação dos principais pontos processuais e de mérito que serão objeto de análise num rápido quadro sinóptico. O que não se vê, e essa é uma informação extremamente importante, são autores e preparadores defendendo que o candidato receba a prova, leia-a totalmente e já inicie a elaboração da resposta sem qualquer anotação das questões previstas no caso hipotético proposto para exame. Como alerta João Norberto Vargas Valério, “a memória, sempre falha, ainda mais quando estamos sob naturais estados de

tensão e ansiedade que aumentam, em muitos casos, se, na metade do exame da prova, quando já estivermos resolvendo o mérito, percebermos que não atentamos para uma questão processual ou que resolvemos erradamente uma questão meritória anterior”. (VALÉRIO, J.N. Vargas. Curso Avançado de Sentença Trabalhista. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 32)

21. O método da leitura atenta também é defendido por Eduardo Francisco de Souza, juiz federal do TRF 2ª Região, e que foi o primeiro colocado no certame em que obteve a sua aprovação. Segundo ele, “é importante uma leitura inicial e pelo menos uma ou duas releituras atentas do

enunciado da questão, procurando entender o que realmente o examinador cobra, e não aquilo que se quer que ele cobre”. (SOUZA, Eduardo Francisco de. Sentença Criminal para concursos da magistratura. São Paulo: Edipro, 2012. p. 15).

22. Como bem afirma Guilherme Guimarães Ludwig: “Em primeiro lugar, é que, ressalvados os raros candidatos detentores de uma memória verdadeiramente extraordinária e de muito controle emocional, a tendência é que, sem a roteirização, venham a existir perdas, que podem ocorrer:

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O cérebro precisa de algum tempo para reter o problema proposto. É aconselhável que o candidato não escreva de imediato, mas racio-cine por alguns minutos enquanto redige o relatório. Pode-se, nesse intervalo de tempo, elaborar um pequeno esquema da sentença, no ƌĂƐĐƵŶŚŽĚĂƉƌŽǀĂ͘EĞůĞ͕ŽĐĂŶĚŝĚĂƚŽĚĞĮŶĞĂŽƌĚĞŵĚĞĂƉƌĞĐŝĂĕĆŽ͕ quando possível, da resolução das questões, num pequeno esboço dos tópicos da sentença23.

Neste ponto, autores defendem outro método, por meio do qual o can-didato deve, inicialmente, apenas anotar os pedidos das partes, sem maiores preocupações de leitura atenta e total do enunciado, visando minorar os efeitos relativos à ansiedade logo no início da prova24. O transporte dessa

lição para a sentença penal indicaria a necessidade de avaliação, num primei-ro momento, apenas da capitulação legal alocada pelo Ministério Público na denúncia, bem como os pleitos da defesa em sede de alegações finais.

Muito embora seja um método válido, é preciso mencionar que seu uso na sentença penal, ato notadamente cheio de nuances e especificidades de avaliação obrigatória, pode levar o candidato ao erro, já que boa parte da problemática da peça criminal está centrada na análise dos detalhes fáticos e na correta verificação da tipicidade, de forma a se manter ou não a capitula-ção legal externada na denúncia.

a) diante da quantidade de tópicos e subtópicos controvertidos; e b) pela natural tensão do momento de uma prova de concurso público, que normalmente conduz à impressão de “bran-cos” (lapsos) de memória. A consequência direta será o prejuízo irreparável no que se refere às características da completude e da congruência da sentença, diante da existência de omissões no julgado. Em segundo, o estabelecimento de um roteiro também é fundamental, pois torna muito mais fácil constatar, antes de iniciar a redação propriamente dita, eventual equívoco na ordem de prejudicialidade. Sendo a redação manuscrita e caso não percebido tempestivamente o mencionado erro, este poderá ser fatal depois de algumas laudas escritas, quando já for impos-sível remediar ou corrigir em face da ausência de tempo para refazer, sem sacrifício do restante da prova.” (LUDWIG, Guilherme Guimarães. Manual de Sentença Trabalhista. Salvador: Editora Juspodivm, 2013. p. 70.

23. SOUZA, Eduardo Francisco de. Sentença Criminal para concursos da magistratura. São Paulo: Edipro, 2012. p. 15.

24. Nesse sentido é a lição de a lição de João Norberto Vargas Valério: “A experiência, e mesmo a neurolinguística, autoriza afirmar que as sensações de tensão, nervosismo, ansiedade, angústia e até medo, que afloram nos sentidos, assim que se abre a prova, se dissipam em pouquíssimos minutos, se o candidato de antemão souber os pedidos que irá julgar. Ao contrário, a leitura completa da prova, de início, faz com que aqueles sentimentos prejudiciais se prolonguem por muito tempo, e, além disso, podem contribuir para a falsa ideia de que a prova é mais complexa do que realmente é, exasperando aquelas sensações prejudiciais”. (VALÉRIO, J.N. Vargas. Curso

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Capítulo I • ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE A PREPARAÇÃO PARA A SENTENÇA PENAL DO CONCURSO

41 A par da observação acima, cabe ao postulante ao cargo escolher, em seus treinamentos prévios, o método de esquematização mais adequado às suas características, tendo como objetivo adotar a metodologia que permita a obtenção de melhores resultados nos exames vindouros.

2.2.3. Material de apoio ao treinamento

Conforme expressa determinação do Conselho Nacional de Justiça, as provas para o ingresso na carreira da magistratura podem permitir a consulta a códigos e legislação não comentada.

Em virtude da autorização conferida pelo CNJ, mostra-se imperiosa a re-produção dessa realidade nos treinamentos simulados, com enfoque a adqui-rir a habitualidade do manuseio dos códigos passíveis de uso no exame real.

Nesse ponto, insta ressaltar que é muito comum a aquisição de um novo compêndio de legislação (vade-mécum) pouco antes da data dos exames da 2ª Etapa, livro esse sem qualquer marcação do local das leis e códigos mais relevantes, com o abandono dos antes usados durante o período de estudo prévio.

Muito embora pareça uma orientação sem maior importância, o fato é que perder grande lapso de tempo para a localização de uma lei, código e ar-tigo para a formalização da resposta pode levar a um desgaste desnecessário, com o aumento do estresse durante a prova, gerando desespero e, por conse-quência, desatenção no momento da escrita na folha de resposta definitiva.

Assim, a prática demonstra que a opção pelos códigos já utilizados nos treinamentos aumenta a velocidade de resolução da prova, especialmente pelo fato do prévio manuseio permitir a formação de memória visual sobre a locali-zação das leis e códigos mais importantes nos compêndios de legislação.

Noutra via, no tocante aos vade-mécuns disponíveis no mercado, cum-pre ressaltar que a grande maioria não traz em seu bojo todas as leis especí-ficas constantes nos editais dos concursos da magistratura, ficando o aludido material inserto na mídia eletrônica que acompanha os livros.

Dessa maneira, faz-se necessária a busca por livros específicos das ma-térias agrupadas, sendo comum a venda de pequenos códigos de processo penal e penal, todos acompanhados da legislação mais importante aplicável às matérias.

Adquirido o livro específico, o candidato deve proceder a marcação das leis mais relevantes de cada matéria, para, como dito linhas atrás, facilitar o manuseio do código durante a realização dos treinamentos.

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Em arremate, há de se rememorar a necessidade de aquisição ou acesso a compêndios atualizados, evitando-se, assim, a eventual formulação, durante os treinos e prova real, de raciocínio baseado em legislação já revogada.

2.2.4. Caligrafia – aperfeiçoamento e aspectos relativos ao uso da letra de forma

Um dos principais pontos de atenção durante os treinamentos para a realização das sentenças simuladas diz respeito à caligrafia do postulante ao cargo, em especial ante o regramento impositivo da resolução das provas de forma manuscrita.

Dessa maneira, a preparação direcionada demanda prévia autocrítica quanto a esse aspecto, tudo no intuito de incrementar as chances de sucesso na prova real. Se a caligrafia se mostra deficiente25 e inviabiliza a leitura do

que foi escrito na folha de resposta, o treinamento específico se apresenta obrigatório, com a finalidade de melhorar a apresentação visual da resposta, que vai permitir, pois, que o examinador possa efetivamente compreender o que foi escrito pelo candidato ao cargo.

Por diversas vezes, os examinadores se deparam com grafias ilegíveis nas folhas de resposta e, para realizar a contento as correções das provas, precisam implementar verdadeiro exercício de decifração. Alguns editais che-gam a prever a possibilidade de eliminação na hipótese de impossibilidade de leitura da resposta apresentada, a teor do último concurso promovido pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, organizado pela Vunesp.

Na realidade, e a par do possível esforço intelectivo de leitura para não prejudicar o candidato que possui a deficiência relatada, o cenário acima exposto se apresenta prejudicial, pois a nota atribuída pelo examinador pas-sa pela obrigatória avaliação se o postulante ao cargo fez o correto uso do

25. Um exercício simples vai lhe permitir ter a real noção do quanto sua caligrafia precisa ser me-lhorada. E ele consiste na seguinte sequência básica. Primeiro escreva em uma folha de caderno por volta de três parágrafos sobre qualquer assunto jurídico, respeitando as regras de escrita (paragrafação e vírgula) e a grafia correta das palavras. Após, usando um celular ou máquina digital, tire uma foto do papel, ou mesmo o coloque no scanner do computador. De posse da imagem, o candidato a apresentará a no mínimo três pessoas, pleiteando que façam uma lei-tura do texto. Se mais de uma tiver dificuldade para a leilei-tura do documento, é necessário que a caligrafia seja melhor treinada, haja vista que mais de 50% das pessoas que tiveram contato com o documento escrito pelo candidato não conseguiram ler com clareza o que foi escrito. À evidência, e por questões lógicas de segurança, todas as instituições especializadas e alguns Tribunais optam pela digitalização da folha de resposta de cada candidato para fins de correção pelos examinadores, razão pela qual o singelo exercício aqui proposto vai dar uma ideia ao candidato sobre como seu texto será visto no momento da avaliação das provas realizadas.

Referências

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