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O Hospício Nacional: arquitetura, política e população ( ) Cristiana Facchinetti 1 Cristiane de Sá Reis 2

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O Hospício Nacional: arquitetura, política e população (1852-1902)

Cristiana Facchinetti1 Cristiane de Sá Reis2

O interesse pela descrição das práticas e estratégias presentes em instituições psiquiátricas concretas tem sido crescente desde a difusão de Foucault no Brasil na década de 1980, como recentes estudos o demonstram (Lima e Holanda, 2010; Venancio e Cassilia, 2010). Entre as diversas pesquisas que buscam ressaltar como discursos se articulam a práticas e instituições locais, este trabalho investiga o Hospício Nacional de Alienados do Rio de Janeiro. Nas últimas três décadas, são diversos os autores que se dedicam ao processo de sua fundação, a hegemonia de seu modelo para a psiquiatria nacional e seu lugar de marco para mudanças institucionais e teóricas na psiquiatria do país.3 Outros estudos sobre essa instituição abriram-se para os aspectos

clínicos e sociais de pacientes, bem como os de suas terapêuticas.4

Na esteira desses trabalhos, o texto propõe descrever a estrutura física, clínica e administrativa do período, as relações de poder no interior do asilo, as características sócio-demográficas e clínicas da população asilada, assim como o movimento da população manicomial no período que abarca da sua fundação até o início do século XX. O objetivo é dar um panorama do cotidiano do hospício que permita ampliar nossa compreensão sobre seus mecanismos assistenciais e políticos.

1. O Hospício de Pedro II: estrutura arquitetônica e política

A história do primeiro hospício especialmente voltado para alienados no Brasil se inicia no dia 18 de julho de 1841, dia da coroação de Pedro II. O primeiro decreto (Decreto n. 82, 18/07/1841) assinado pelo Imperador, no ato de sua coroação, dizia respeito aos alienados da Corte:

1 Pesquisadora do Depto de Pesquisa e professora do PPGHCS – COC/ FIOCRUZ 2Graduada em História (UFF) e ex-bolsista Pibic (CNPq/Fiocruz)

3Para autores que se dedicaram ao estudo desta instituição, ver, por exemplo, Machado, 1978; Engel,

2001, Gonçalves, 2010.

4Para a assistência e tratamento no HNA, ver, por exemplo, Venancio, 2003; Facchinetti et al., 2010,

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O decreto informa as diretrizes do novo Império: afirma o Brasil como uma nação marcada pela ciência e delineia o ideário iluminista de progresso que o orienta (Kury, 1994). Deste modo, a Coroa afirmava para seus súditos seu papel civilizador e modernizador.

Desejando sua Majestade o Imperador que a memória de sua sagração e coroação fosse transmitida à posteridade em um monumento que, recordando aos vindouros esta notável época da história nacional, indicasse ao mesmo tempo os sentimentos do paternal amor que consagra aos seus súditos, nenhum outro podia melhor preencher as vistas do monarca do que o estabelecimento de um hospício destinado ao tratamento daquelas pessoas para quem, vivendo na sociedade, no meio das pessoas que lhes são unidas pelos laços mais estreitos, com a perda da razão a sociedade expirou, e expirarão todas as afeições que se prendem naqueles laços: para os alienados (Vianna, 1843, p. 40, apud Oliveira, 2013, p. 38).

Mas Teixeira (1997) chama atenção para um outro dado que não deve passar desapercebido: a compreensão da época de que o desenvolvimento da civilização era pensado como fonte de aumento de alienação na população. Assim, de acordo com os autores, o ato imperial poderia também ser compreendido como afirmação para a Europa de que o Brasil já era uma nação capaz de produzir loucos, isto é, já estava em meio a um processo civilizatório, apesar de se situar nos trópicos. O que é certo é que o projeto do hospício levou dez anos para ser levado a cabo. No dia 30 de novembro de 1852 o hospício foi finalmente inaugurado, novamente com a presença do Imperador e do Arcebispo do Rio de Janeiro, começando a funcionar no dia 08 de dezembro do mesmo ano, com a entrada de 144 alienados transferidos da Santa Casa da Misericórdia e das enfermarias do asilo provisório de alienadas da Praia Vermelha (Fontes, 2003, p.

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Planejado pelos arquitetos José Maria Jacinto Rebelo (1821-1871), Joaquim Cândido Guillobel (1787-1859) e Domingos José Monteiro e finalizado apenas em 1855, O Hospício de Pedro II,5 inspirado na Maison Nationale de Charenton6, foi o

primeiro hospital psiquiátrico da América Latina, e era administrado pelo Hospital da Santa Casa da Misericórdia da Corte. Sua construção era composta por um grande retângulo que enquadrava quatro pátios internos separados por um corpo central. Dividido em duas alas, o prédio foi pensado para impedir qualquer comunicação entre homens e mulheres, separação esta levada a cabo apenas a partir de 1855 (Barbosa, 1856, p. 99, apud Engel, 2001, p. 204). No centro, em posição de destaque, ficava a capela e abaixo dela, no andar de baixo, situava-se a farmácia, permitindo subsumir que a Igreja estava no comando da instituição, acima da ciência (Lopes, 1966, pg. 338). Localizado em um sítio distante da cidade, com apenas uma porta de entrada, o asilo foi ainda mais afastado do contato com o mundo exterior por grades colocadas na frente do edifício, a pedido do primeiro chefe do setor clínico, o Dr. Manuel José Barbosa (1852-1866) (Engel, 2001, p. 203).

Em 1875, a estrutura do hospício foi novamente detalhada por Philippe-Marius Rey (1846-1918).7 Segundo o alienista, no que diz respeito à parte central do prédio:

Na entrada, há um grande saguão decorado com duas estátuas de mármore representando Pinel e Esquirol. À esquerda se encontra a secretaria, uma única sala para o médico-chefe, o administrador e o secretário, um bengaleiro, duas salas e um depósito, uma escada que leva até o primeiro andar. À direita se encontra o consultório. No fundo do saguão, há uma escada central que leva à capela, a qual ocupa o plano superior. Duas portas laterais levam a um armazém de alimentos, ao refeitório da comunidade, às cozinhas e à farmácia. Essas diferentes partes são interligadas entre si, bem como de cada lado por uma galeria externa que as separa de um pátio com

5A instituição foi chamada de Hospício de Pedro II durante o Império; com a proclamação da República,

passou a denominar-se Hospício Nacional de Alienados e, em 1911, ganhou o nome de Hospital Nacional de Alienados. Em 1927 foi renomeada como Hospital Nacional de Psicopatas. (Facchinetti, Cupello, Evangelista, 2010).

6Estabelecimento construído em 1641 e reformado entre 1833 e 1842 pelo arquiteto Émile Jacques

Gilbert orientado pelas teorias alienistas formuladas por Jean-Étienne Dominique Esquirol (1772-1840), diretor do asilo desde 1828. Segundo suas orientações, os asilos deveriam ter um corpo central reservado para os serviços gerais e de cada lado, estruturas isoladas para acomodar os pacientes, rodeadas por uma galeria (Ministère de la Culture et de la Communication de France, 2013).

7Médico interno dos asilos de alienados do Sena, foi também médico-adjunto dos asilos de Vancluse e

Ville-Évrard. Entre os anos de 1874 e 1878, viajou pela América do Sul e pela Península Ibérica visitando diferentes instituições psiquiátricas. Neste período produziu diversos relatórios, como o L'hospice Pedro

II et les aliénés au Brésil, que publicou nos Annales Médico-Psychologiques sobre o Hospício Pedro II

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hortas.No primeiro andar, há uma sala de recepção, um salão de honra e uma sala onde estão expostas as várias obras dos pacientes (Rey, 1875/2012, p. 383)

A respeito das duas estruturas laterais que integravam a construção central, nos informa ainda Rey:

A ala esquerda é ocupada pelos homens, a ala direita pelas mulheres. No térreo, ao redor de um pátio central, há uma galeria com: 1) do lado da fachada, seis quartos particulares, com uma ou duas camas, um dormitório, dois quartos particulares, uma sala de reuniões; 2) do lado do prédio central, há uma enfermaria para doenças intercorrentes, um dormitório para os incuráveis, uma sala para os guardas; 3) do lado livre, oito células e um dormitório; 4) os banheiros e as latrinas compõem o quarto lado. Finalmente, dois refeitórios adjacentes, um para os pensionistas e outro para os indigentes, se encontram na continuação do quarto lado e, vinculando-o aos atendimentos gerais, completam assim o retângulo formado pelo conjunto dos edifícios. As galerias ligam diretamente a parte central com as duas divisões laterais. No piso térreo se encontram os agitados, os paralíticos, os epilépticos e os idiotas. (Rey, 1875/2012, p. 383)

Em cada uma das laterais havia também uma lavanderia e uma biblioteca. Acima dos banhos estava um terraço coberto que servia de pátio, onde os pacientes podiam passear. Além disso, previa-se novas latrinas para o primeiro andar.

Rey nos informa acerca da existência no asilo de “celas fortes”, consideradas pelo autor como “absolutamente primitivas”.

Elas são compostas por uma sala bastante espaçosa, com paredes grossas, que está fechada do lado da galeria por uma enorme grade de ferro. Cada cela é iluminada por uma janela com grades que se encontra na parede traseira. Uma segunda grade, que se encontra um pouco mais na frente, separa um espaço ocupado pelas latrinas entre ela e o espaço ocupado pela janela. Finalmente, algumas celas são divididas em duas câmaras por uma terceira grelha transversal. A primeira câmara é ocupada pelos paralíticos senis, a segunda pelos agitados. (Rey, 1875/2012, p. 383-384)

Neste relato de viagem somos então informados de que reformas arquitetônicas estavam sendo realizadas. Tais modificações dedicavam-se a corrigir sua estrutura, de acordo com as necessidades científicas de tratamento e também serviriam para aumentar a capacidade de internação, já que a instituição era pequena para receber os doentes de todo o país. Segundo Rey (1875/2012, p. 387), o “número aproximado dos alienados conhecido em todo o Império [era então] de 15.000 para uma população de 11.780.000 habitantes”, enquanto que o número de vagas no asilo do Rio de Janeiro era de apenas 300 internos).

Sua apreciação era de que as modificações arquitetônicas em curso iriam resultar em alguma melhoria: afinal, estavam em processo de construção novos edifícios ao lado

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dos banhos, para que cada sexo tivesse sua própria ala, com um piso térreo, um primeiro andar (para doentes tranquilos, dormitórios particulares e sala de reuniões) e um pátio central. O asilo assumiria então a forma de uma ferradura. Além disso, Rey relata a construção de uma seção inteira para os agitados, no térreo, composta de “duas fileiras de quartos, separadas por um corredor, para os semi-agitados”; dez a doze celas fortes mais adequadas. As celas por ele criticadas seriam removidas, dando lugar para uma seção de ”pacientes imundos”. A reforma previa ainda novas enfermarias, refeitórios, banhos, latrinas e jardins, além de monitoramento por vigias. Após sua finalização, o hospício passaria a poder receber mais 250 pacientes, além dos 300 inicialmente planejados.

Cinco anos depois, François Jouin (1854-1928), médico interno dos hospitais de Paris, médico alienista e clínico geral (Teixeira e Ramos, 2012, p. 374), de passagem pelo Rio de Janeiro, chamava a atenção para as novas áreas construídas, ressaltando a existência de “dois tipos de fossas, mas grandes, limpas e muito bonitas”, “localizados no centro de cada divisão, sob o piso térreo para que os pacientes não possam sair”, “nas quais os agitados e os maníacos” permaneciam ao longo do dia, sendo monitorados por um único guarda, em tempo integral” (Jouin, 1880, p. 404). O alienista relatou também a construção de um pavilhão para trabalhos de campo como terapêutica moral. Finalmente, chama atenção para o esmero com que tinham sido reconstruídas as celas fortes:

“cada recinto foi construído com um cuidado tão especial que parece, às vezes, exagero. Assim, até as celas acolchoadas são construídas com uma perfeição incrível. Tudo foi previsto: os cantos são protegidos por espuma, as paredes são acolchoadas e, para sair, o louco furioso deve quebrar duas portas dispostas de modo que não pode nem danificá-las, nem utilizá-las como armas contra si mesmo (...) (Jouin, 1880/2012, p. 408).

Entretanto, Rey afirmava que dificilmente um prédio construído “a partir de um plano defeituoso” conseguiria ser completamente sanado de seus vícios de origem por reformas (Rey, 1875/2012, p. 384). E de fato, não era apenas um médico do além-mar que percebia os problemas do hospício. Quase uma década antes, o então diretor Dr. Ludovino da Silva (1867-1968), – sucessor do Dr. Manoel Barbosa na direção do serviço sanitário do Hospício, já reclamava no relatório para a Santa Casa sobre a promiscuidade dos doentes, ressaltando a necessidade de separá-los por classes de

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doenças e tipos para o efetivo tratamento, pela moral, pela higiene e pela disciplina do estabelecimento” (Silva, 1868, p. 187, in: Engel, 2001, p. 205).

As queixas com relação à estrutura seguiram os relatórios dos chefes de serviço à Provedoria da Santa Casa ao longo das décadas. A essas queixas, juntavam-se outras, que diziam respeito menos à construção e mais aos problemas decorrentes das contradições que se afirmavam entre os objetivos da caridade das irmãs e os objetivos científicos dos alienistas: como vimos, desde o decreto de sua fundação, a administração havia sido confiada à Santa Casa. No hospício, isso se configurou na divisão dos serviços: o administrativo-financeiro ficou a cargo do administrador da Santa Casa e de dois auxiliares; o sanitário, a cargo de um facultativo clínico de cirurgia e medicina, de serventes e de um farmacêutico, além de vinte irmãs de caridade que trabalhavam “nos atendimentos gerais”, sendo “responsáveis pela supervisão e execução de prescrições médicas”com ajuda de “alguns poucos enfermeiros” não especializados. A direção desse serviço também ficava ao cargo de uma irmã (Rey, 1875/2012, p. 385-386); e o

religioso, dirigido por capelães (Decreto n. 1077, Art.3, 04/12/1852).

No ano de 1875, a presença religiosa ainda era predominante. O relato de Rey é bastante detalhado quanto ao pessoal empregado no Hospício no período. Assim, através dele somos informados que a estrutura de chefia do hospício era composta por “um administrador, dois médicos, um dos quais é médico-chefe, um médico-assistente, responsável pela consulta de pacientes externos, um suplente do médico ausente, uma irmã superior e um capelão” (Rey, 1875/2012, p. 385). O alienista visitante lamentava em seu relato o fato de que o hospício estivesse entregue na maior parte do tempo a uma madre superiora, “à qual o regulamento confere um alto grau de autoridade”. Para diminuir a força do poder religioso e não especializado, sugeria o aumento de médicos na instituição por meio da contratação de um médico interno para o hospício, bem como de estudantes da escola de medicina (Rey, 1875/2012, p. 386).

O médico alienista que visitou a instituição cinco anos depois insistia também na mesma tecla, embora de modo bem mais conciliador. Dizia então que o asilo D. Pedro permanecia “inacessível aos estudantes de medicina do Rio de Janeiro”, em parte pela ausência de “um curso clínico sobre a alienação mental“ no país. Jouin então reafirma o poder da Santa Casa na administração da instituição e enumera os médicos encarregados

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do tratamento dos pacientes, como sendo no número de dois apenas, “um para os homens e outro para as mulheres”e de um médico assistente (Jouin, 1880/2012, p. 411-412). Relatava ainda a presença de um médico especial para o tratamento de doenças intercorrentes, um farmacêutico e seu assistente. Apesar de ressaltar a riqueza do prédio e a gentileza do chefe do serviço sanitário, afirmava que o tratamento não era adequado pela falta de mão de obra especializada.

Já no ano de 1877, o relatório do chefe do serviço sanitário (1877 a 1881) que guiaria Jouin em sua visita, Gustavo Balduíno de Moura e Câmara, tratava dos temas trazindos tão discretamente por Jouin e ainda expressava seu desagrado frente a outros problemas que também dificultavam a especialização do hospício: a presença de um “consultório gratuito” no local, destinado a atender à população vizinha ao asilo acometida de moléstias gerais, e a presença de algumas órfãs, filhas de “mulheres pobres que morrem no Hospital da Misericórdia” e que acabavam por viver ali toda a sua juventude (Azevedo, 1877,V. I:390 e 393, apud Engel, 2001, p.209). Tais queixas ressoavam àquelas feitas também pelo Dr. Manoel José Barbosa, em 1870, para quem o problema da superpopulação do hospício não se devia à estrutura física, mas à estrutura política da Santa Casa, que determinava o recebimento de alienados de todas as províncias do Império. Reclamava a construção de novos asilos para alienados em outras localidades, demandando, ainda, um asilo para inválidos que permitisse realocar parte da população de internos inadvertidamente ali internada (Gonçalves, 2011 p. 48).

1.2. Os conflitos entre os poderes do hospício

Se as divergências entre as irmãs vicentinas e os médicos já podiam ser percebidas nas entrelinhas dos relatórios médicos ainda na virada dos anos de 1860, é possível depreender por meio dos relatórios dos chefes e de visitantes do asilo que nos anos de 1870 os conflitos ganharam maior visibilidade. Ao final da guerra do Paraguai, crescia um movimento de descontentamento frente ao status quo monárquico. As reformas políticas empreendidas pelo gabinete Rio Branco (1871-75), que estruturalmente em nada alteraram as instituições políticas, produziram uma grave ruptura política, enfraquecendo “os pilares e instituições que sustentavam o Segundo Reinado, desfigurando a lógica política imperial e criando um clima de incerteza”.

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(Alonso, 2000, p. 42). Em meio a este contexto, grupos politicamente marginalizados junto ao establishment monárquico, constituídos por uma classe média em muito conformada por profissionais liberais e formada nos colégios e faculdades do Segundo Reinado, ganharam novos espaços de ação política.

É neste caldo político e cultural que começam a se manifestar os médicos do asilo. Suas queixas e seu inconformismo frente à administração da Santa Casa se misturam aos questionamentos mais gerais acerca do regime e de seus mecanismos de legitimação e reprodução (Teixeira e Ramos, 2012). Suas demandas de medicalização e especialização do asilo e o enfrentamento frente à administração religiosa passam a ser mais claras e diretas. No dizer do Dr. Jouin:

O Dr. Moura e Câmara, que acompanha as notícias francesas com a maior atenção, lamenta profundamente essa situação [a falta de alunos e especialistas] e aguarda impacientemente o momento em que um curso clínico sobre a alienação mental será implementado no asilo, “um curso igual ao de Ball”. (Jouin, 1880/2012, p. 411)

Mas se o Dr. Jouin delicadamente defendia os interesses científicos dos médicos do asilo, reforçando a posição política do diretor Moura e Câmara, isso não teve serventia para o seu guia. Após o envio do relatório anual ao final do mesmo ano, 1880, para a mesa administrativa da Santa Casa, declarando ali seu pesar frente aos objetivos religiosos do asilo que inviabilizavam sua especialização, Moura e Câmara foi demitido. (Teixeira e Ramos, 2012, p. 374).

Em seu lugar entrou Nuno Ferreira de Andrade (1851-1922), que desde 1877 havia se tornado médico adjunto do Hospício de Pedro II e buscava estabelecer o curso de patologia mental a que Moura e Câmara se referira quando da visita de Jouin. Buscando apoio para vencer a resistência das religiosas, Nuno apelou para o Barão do Lavradio, então o presidente da Academia Imperial de Medicina, que passou também a defender a necessidade do estudo das moléstias mentais e a criação de uma cadeira de ensino da matéria (Teixeira e Ramos, 2012, p. 370). Como resultado do apoio da maior autoridade médica da Corte, foi criada a cadeira de moléstias mentais na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em meio a reforma do ensino médico, levada a cabo por Visconde de Sabóia (1835-1909), em março de 1881 (Edler, 1996).

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A partir de então, as investidas dos médicos a favor de uma maior medicalização do hospício se intensificaram. Afinal, a entrada do alienismo no campo das diversas disciplinas que compunham a faculdade de medicina marcavam o reconhecimento dessa especialidade e sua institucionalização acadêmica.

Acreditando no empoderamento de seu cargo, o então diretor do serviço sanitário do Hospício e novo lente interino da disciplina na Faculdade, Nuno de Andrade (1881) escreveu para o provedor da Santa Casa (1879-1883), José Ildefonso de Sousa Ramos, o Visconde de Jaguarão, (Santa Casa, 2013), reivindicando a ampliação dos poderes médicos no asilo e criticando o tratamento religioso, que seria contrário aos preceitos alienistas de Pinel e Esquirol. Acusava as irmãs, ainda, de um comportamento em nada condizente com a ética cristã (Andrade, 1882, apud Engel, 2001, p. 240-241).

Mas seu poder havia sido por ele superavaliado: após a missiva de abril de 1882, Nuno foi destituído do serviço, perdendo também, meses depois, a cadeira de moléstias mentais na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro para Agostinho José de Souza Lima (1842-1921), que assumiu interinamente até ser sucedido por João Carlos Teixeira Brandão (1854-1921), aprovado por concurso como titular da cadeira de clínica psiquiátrica e de moléstias nervosas, no ano de 1883.

A partir de 24 de outubro de 1884, Teixeira Brandão tornou-se também facultativo clínico do Hospício de Pedro II, trabalhando com Souza Lima até substituí-lo, em fevereiro de 1887, quando se tornou chefe do serviço sanitário daquele estabelecimento, retomando as críticas de Nuno de Andrade contra a administração religiosa e passando a exigir a adoção de “reformas racionais”, como a criação de colônias rurais. De fato, as queixas com relação à pouca medicalização e efetividade do Hospício cresceram na última década do império (Calmon, 1952).

Capitaneada por Teixeira Brandão, a medicina mental passou a buscar a opinião pública para denunciar os inúmeros problemas do asilo, tentando atrair simpatia para sua causa: conseguir a desanexação do hospício da Santa Casa e conquistar uma direção médica para a instituição. Afirmavam então que, no asilo administrado pela Santa Casa, os cuidados não científicos impediam a cura dos internos; referiam-se à atitude pouco cristã das irmãs (Brandão 1886/1956, p. 84-86); reclamavam a necessidade de se criar uma assistência médica e legal para os alienados sob a administração estatal, bem como

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a construção de novos asilos em todo o país, dirigidos por médicos capazes de dar um tratamento adequado para garantir a cura (Brandão 1886/1956, p. 73). E dessa vez, suas palavras obtiveram eco: a imprensa diária passou a denunciar as precárias condições do asilo, cobrando ações imediatas do governo.

O apoio começou a chegar em 1889, quando Antonio Ferreira Viana (1833-1903), então ministro do Império, mandou fundar as colônias de São Bento e de Conde de Mesquita, na Ilha do Governador. Mas foi com a proclamação da República que a Assistência aos Alienados finalmente teve lugar. De acordo com Moreira (1905/1955), o senador Aristides da Silveira Lobo (1838-1896) deu início ao projeto de organização da Assistência Médico-Legal de Alienados. Ainda no primeiro semestre de 1890, o Hospício de Pedro II, na maré de renomeações do período republicano, passou a se chamar Hospício Nacional de Alienados (Decreto n. 142-A, 11/01/1890), sendo desanexado da Santa Casa e passando às mãos do Governo Provisório.

Teixeira Brandão ganhou ainda mais poder nesse processo. O “militante histórico do movimento republicano” (Teixeira e Ramos, 2012, p. 371), além de ganhar a direção do Hospício Nacional, foi nomeado diretor geral da Assistência Médico Legal de Alienados, tornando-se, posteriormente, entre 1897 e 1899, inspetor geral da Assistência (Brandão, 2013). A partir de então, subordinado ao Ministério do Interior, Brandão passou a supervisionar todos os serviços dos asilos, incluindo as admissões, transferências e saídas dos internos, bem como sua distribuição pelas seções, de acordo com suas enfermidades; passou a nomear médicos e internos, assim como a contratar enfermeiros e auxiliares do serviço clínico; finalmente, ficou responsável pela higiene e segurança dos estabelecimentos (Decreto n. 2467, 19/02/1897).

O decreto que passou a reger os alienados logo após a proclamação da república, em 15 de fevereiro de 1890, foi promulgado em meio aos embates e rupturas institucionais do governo provisório (Decreto n. 206-A, 15/02/1890) e promoveu o primeiro processo de especialização da assistência e de autonomização do campo científico, já que sua “direcção geral” passou a ser “confiada a um medico de competência provada em estudos psychiatricos" (Decreto n. 508, 21/06/1890), o Dr Teixeira Brandão. Vale dizer, a Assistência passou a controlar as clínicas particulares do Distrito Federal também, assim como garantiu, por meio do decreto, sua supervisão às

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futuras instituições do Distrito Federal (apud Moreira, 1905/1955, p. 73-75). Neste processo, a assistência passou a se colocar como “protetora dos alienados”, ganhando o poder de impedir “seqüestrações arbitrárias”, sem “provas documentadas da moléstia”, advindas de fraudes contra a liberdade individual e causadas por interesses econômicos (Brandão, 1918, p.147). Brandão acusava que esta havia sido a tônica das internações aceitas pelas irmãs vicentinas.

Sob sua direção, a Assistência incluiu as colônias São Bento e Conde de Mesquita da Ilha do Governador (Decreto n. 508, 21/06/1890), criou a Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras (Decreto n. 791, 27/09/1890) e fundou o Pavilhão de Observação, para avaliação preliminar dos pacientes (Brandão, 2013). O Pavilhão se configurou dali em diante como porta de entrada do asilo e espaço de aula prática de psiquiatria para estudantes do sexto ano de medicina da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, cadeira também dirigida por Teixeira Brandão (Dias, 2010). Além da diversificação de tratamentos distribuídos entre hospitais de agudos e de cronificados nos hospitais colônia (Amarante, 1982), a estrutura mesma do hospício foi remodelada novamente, de modo a permitir a absorção de novos alienados admitidos ou transferidos de outras instituições após a república (Engel, 2001). No relatório de 1894, Brandão solicitava ao ministro que, além da separação de pacientes por sua patologia - que já havia sido efetuada – era preciso que fossem construídos novos espaços para possibilitar uma separação social e por idade dos pacientes.

Mas apesar de todos os empreendimentos, reformas políticas, contratações, estatização e laicização, o hospício continuava a enfrentar, segundo os relatórios, um índice baixo de cura concomitante à altas taxas de mortalidade. Os problemas crônicos da superlotação, da inadequação terapêutica, de problemas sanitários, alimentares, etc., persistiam (Dias, 2010).

A constante tensão que dominou as relações entre religiosos, juristas, legisladores e médicos nos primeiros anos da República fez com que tais dificuldades estivessem constantemente em pauta nos tribunais, no senado e na imprensa diária, chegando a ponto de tirar da direção do hospício e da assistência o todo-poderoso

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Teixeira Brandão (Oliveira, 2013).8 Tais embates resultaram, ainda, em um Inquérito sobre as condições da Assistência a Alienados no Hospício Nacional e colônias da Ilha do Governador, realizado em 1902 para analisar os problemas presentes na Assistência9.

Ali, mais uma vez foi ressaltada a precariedade do hospício, tanto no que diz respeito às construções decadentes e envelhecidas, quanto à questão de higiene. Além disso, a comissão do inquérito chamava a atenção para o desrespeito dos médicos pela Igreja, deixando entrever que os embates entre igreja e medicina mental ainda estavam em ação (Oliveira, 2013, p. 181).

Os funcionários do asilo, chamados a fazer um relatório para a comissão, denunciavam, por outro lado, a administração não especializada e burocrática de Dias de Barros como responsável pelo estado do Hospício Nacional. O relatório de Márcio Nery, então chefe da seção Pinel do hospício e ex-diretor da instituição logo após a saída de Teixeira Brandão, nos dá boas pistas para compreendermos os embates, já que chama atenção para um elemento essencial que, ao seu entender, teria concorrido de maneira crucial para tal decadência: a reforma da assistência estabelecida em 1899 por Campos Sales. Na esteira de desonerações do Estado em meio à crise financeira que o país vivia, o governo suprimira o cargo de inspetor geral da Assistência (Decreto n. 2467 de 19/02/1897). A falta de uma superintendência responsável pela administração de todos os estabelecimentos da assistência teria sobrecarregado o diretor do asilo, que deixara de cuidar apenas do serviço clínico e sanitário para ter que responder também pelas funções administrativa da instituição. Como resultado, Nery afirmava que os diretores passaram a debruçar-se apenas sobre as questões econômicas e administrativas, negligenciando a alma da instituição: o tratamento para os alienados (Brasil, 1903/1910, p. 42-45).

Apesar dos inquéritos, denúncias e averiguações, a saída de Teixeira da Assistência e a crise no Hospício não significou a perda de seu poder, como seus

8 A estratégia de Teixeira Brandão, diante dos embates, foi o de se afastar da assistência para enfrentar os

embates no campo político, onde se dedicou à legislação sobre os alienados e a distinção dos alienados em relação aos criminosos (Oliveira, 2013).

9 O “Relatório técnico da Comissão de Inquérito sobre as condições da Assistência a Alienados no

Hospício Nacional e colônias da Ilha do Governador. Ministério da Justiça e Negócios Interiores” foi anexado ao relatório referente ao ano de 1902 da assistência, , no ano de 1903. Tal relatório está disponível em Brasil, 2010.

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detratores poderiam ter imaginado (Engel, 2001, cap. 2; Oliveira, 2013). Apoiado pelo governo de Rodrigues Alves (1902-1906) e pelo novo ministro do interior, José Joaquim Seabra (1855-1942), Teixeira Brandão garantiu sua participação na Comissão de Instrução e Saúde Pública10 e elegeu-se deputado. E foi deste modo que,

“respondendo a solicitações do presidente”, produziu um projeto de lei que propunha as modificações necessárias para a assistência a alienados sublinhadas pela comissão de 1902 (Anais da Câmara dos Deputados, 23/11/1903, p. 807 apud Oliveira, 2013, p. 212-218). Sua luta foi coroada pela aprovação da Lei de Alienados de 1903 (Decreto n. 1132, de 22/12/1903).

A entrada de Juliano Moreira para a direção do Hospício Nacional de Alienados acabou por materializar no Hospício a trajetória das mudanças operadas em lei para a Assistência. Sob sua direção, o asilo passou por novas modificações, buscando a adequação do hospital a demandas consideradas mais modernas, advindas da psiquiatria alemã e de seus laboratórios.11

2. Aos alienados, a República

2.1. Classes

De acordo com os estatutos aprovados pelo decreto n. 1.077, de 4 de dezembro de 1852, as portas do hospício foram abertas aos “alienados de ambos os sexos de todo o Império, sem distinção de condição, naturalidade e religião”. No entanto, a proposta de receber a todos era filtrada pelas necessidades da sociedade local, elitista e hierarquizada, assim como limitada pelo exíguo número de vagas. Assim é que as denúncias do final do Império se dirigiam à preferência das irmãs pelos pensionistas (Oliveira, 2013, Engel, 2001, Machado, 1978).

Quando Rey visitou o asilo, em 1875, ele relatou também a diferença de classes expressa no hospício. Relatou então a presença daqueles admitidos gratuitamente: eram estes escravos únicos de senhores sem condições financeiras de custear o tratamento;

10Além de Teixeira Brandão, esta comissão foi composta por Malaquias Gonçalves (presidente interino),

Germano Hasslocher, Sá Freire, Satyro Dias e Valois de Castro (Engel, 2001).

11 Para o período de Juliano Moreira, ver: Portocarrero 2002, Dias 2010, Facchinetti e Muñoz, 2013,

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marinheiros de navios mercantes; soldados do exército e da marinha; e além destes, os associados da Santa Casa da Misericórdia, admitidos gratuitamente numa das classes de pensionistas (Rey, 1875/2012). Mas o alienista relatou também a maciça presença de pensionistas de várias classes, com direitos diferenciados no que diz respeito ao tipo de acomodação e ao tratamento recebido (de acordo com os artigos 5, 6 e 7 dos Estatutos do Hospício de Pedro Segundo, decreto n. 1077, 04/12/1852), além de espaços distintos para pacientes agitados, imundos; rebeldes; e com doenças infectocontagiosas. Também o Dr. Jouin, em 1880, demonstra em seu relato a permanência dessa estrutura social, informando-nos duas categorias de internos: os considerados indigentes, que eram “pessoas pobres do império”; “escravos de pessoas pobres”; e “marinheiros em condições administrativas correspondentes”; e os pensionistas “de primeira, segunda ou terceira classe, conforme sua fortuna”, estando os donos dos escravos obrigados “a arcar” com a sua estada no asilo (Jouin, 1808/2012, p. 407). Outro dado importante a assinalar é o grande número de estrangeiros pagantes, principalmente imigrantes europeus, entre a população internada no hospício, o que provavelmente está relacionado à grande imigração da segunda metade do século XIX (Teixeira e Ramos, 2012, p. 373).

2.2. Movimento Populacional

Todo ano, o diretor-médico apresentava um relatório ao provedor da Santa Casa que deveria informar o estado do asilo, obras consideradas necessárias, assim como a organização administrativa do mesmo. Esses relatórios são as principais fontes para análise do cotidiano asilar durante a monarquia. A partir da República e em especial, a partir da organização do Pavilhão de Observações (1894) e a obrigação de frequência às suas aulas pelos estudantes de medicina (1896), os documentos clínicos passam a ser mais sistematicamente preenchidos, ampliando as possibilidades de análise do cotidiano do hospício.

Assim, por meio da leitura dos relatórios é possível averiguar que, no início da década de 1850, o asilo possuía uma população média de 250 pacientes (Alves, 2010, p. 29) por ano. Em 18 de agosto de 1854, o provedor do hospício informava ao Imperador, que após as obras, seria possível aumentar para 300 o numero de internações

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(Gonçalves, 2011, p. 35). No entanto, as remessas de pacientes eram cada vez maiores e vinham de todo o país. Assim, no final da década de 1850 o asilo já alcançara o patamar de 335 alienados, dos quais 262 eram de não pagantes. (Gonçalves 2011, p. 43). Na década de 1860, o número populacional chegou a 400, provocando diversos protestos do asilo e trocas de correspondências entre o provedor da Santa Casa, a polícia e os estados, que buscavam mandar novas remessas de alienados para o hospício. Segundo Gonçalves (2009, p. 402), foi neste período que se limitou a entrada regimentalmente, consolidando um certo tamanho populacional para a instituição. Como resultado, na década de 1870 o número de internos baixou um pouco, caindo para o patamar de 297 pacientes, de acordo com o relatório do médico Manoel José Barbosa. A média de 350 pacientes por ano se manteve estável até o final da Monarquia, como afirmou Moura e Câmara para o alienista Jouin (1880/2012). É também o que podemos verificar no gráfico abaixo, construído a partir de pesquisa de mestrado de Alves (2010).

Ano Nº anterior de pacientes Nº de entradas Nº de saídas Nº de falecimentos Nº de pacientes em tratamento 1883 393 119 58 57 397 1884 412 89 63 42 396 1885 396 73 34 40 395 1886 373 107 34 147 299 1887 321 105 31 88 307 1888 312 77 28 22 339 1889 339 93 21 91 317 Fonte: Alves, 2010, p.80

O gráfico ainda nos auxilia a compreender os desdobramentos dessas internações. Vemos então que a maioria dos pacientes permanecia longos períodos no asilo, e em grande parte, morriam nele (59%). Vemos ainda que menos de 30% dos que entravam recebiam alta, o que demonstra o baixo índice de cura, de acordo com os dados do chefe do serviço.

Já nos primeiros cinco anos da República, a proposta de internar qualquer um que perturbasse “a tranquilidade pública”, ofendesse “a moral e os bons costumes” ou ameaçasse “a vida de outrem” ou “a própria” (Brasil, 1895, apud Engel, 2001, p. 70),

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teve grande efeito para a entrada de pacientes (Messas, 2008, p. 66-67), embora tenha havido uma diminuição na mortalidade dos internos, como também podemos observar no gráfico abaixo: Ano Nº anterior de pacientes Nº de entradas Nº de saídas Nº de falecimentos Nº de pacientes em tratamento 1890 317 498 187 157 471 1891 471 302 142 142 489 1892 489 - - - 672 1893 672 526 339 270 589 1894 589 724 399 288 626 1895 626 706 369 326 637 1896 637 695 407 271 654 1897 654 777 477 276 678 1898 678 788 505 258 703 1899 669 737 402 246 758 1900 758 684 448 228 766 1901 766 662 440 200 788 1902 788 674 421 164 877 Fonte: Alves, 2010, p. 81 e 87

Outro dado que podemos apurar diz respeito aos requerentes da internação. Segundo Rey (1875/2012, p. 386), as internações eram feitas muitas vezes por pedido de particulares (membros da família, “curador de incapazes” ou proprietários de escravos: 22%) e também por requerimento oficial (chefe da polícia, juiz de órfãos, superiores militares, além daqueles advindos do Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia e outras instituições de saúde) para o provedor da Santa Casa, responsável pela autorização de admissão (Rey, 1875/2012). A partir da proclamação da República e da Lei que passou a reger a Assistência aos Alienados de 1890, a maior parte dos requerimentos passou a advir de instituições policiais (48%) e de estabelecimentos de saúde (13%), enquanto que as internações particulares caíram vertiginosamente, demonstrando claramente a mudança de perfil que a assistência pública vinha tomando (Alves, 2010, p. 89), uma vez que as internações solicitadas por particulares eram quase sempre feitas pela classe de pensionistas.

A grande maioria dos pacientes tinha entre os 22 e os 40 anos de idade, sendo o perfil da população interna constituída por indivíduos brancos, do sexo masculino, ativos profissionalmente, embora em sua maioria pudessem ser classificados como

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trabalhadores gerais, sem especialização, e de baixa qualificação (Engel, 2001; Alves, 2010, p. 89). Embora menor do que o número de brancos, o número de pacientes de cor negra era também considerável e até a abolição era resultado da internação de escravos, mediante pagamento. Mas como nos informa Monique Gonçalves (2011, p. 45), muitos escravos acabavam por ser abandonados por seus donos diante da cronificação de sua doença, aumentando o contingente do asilo (Ribeiro, 2012, p. 61) e resultando em custo para a instituição, já que com o abandono dos mesmos estes passavam para a classe de indigentes e eram transferidos para a seção de indigentes. Segundo Alves (2010, p. 86) os prontuários desses alienados eram, inclusive, acompanhados, muitas vezes, de cartas de alforria, efetuadas pelos proprietários para se eximirem do ônus com a internação.

2.3. Diagnósticos

No que diz respeito à proposição de que o hospício funcionasse desde a sua fundação a partir de uma divisão pelos tipos de doença (Art. 18 dos Estatutos do Hospício de Pedro Segundo, decreto n. 1077, 04/12/1852), vimos que ao longo da década de 1850 a proposta não saiu do papel, já que por dificuldades na estrutura física do asilo, a divisão acabou por ser simplificada por critérios de gênero e de classe social (Machado, 1978) e não a partir dos referenciais teóricos do alienismo. Na década de 1870, a única divisão então vigente, tanto para homens quanto para mulheres, era ainda a de agitados e paralíticos, no térreo, e de tranquilos, no 1º andar. Segundo Rey, (1875/2012, p. 388) pensionistas e indigentes, livres e escravos, todos eram classificados apenas nas categorias de agitados e tranquilos, faltando ainda uma organização baseada nas categorias das diferentes moléstias mentais, “uma necessidade irrecusável reclamada pelo tratamento, pela moral, pela higiene e pela disciplina do estabelecimento” (Silva, 1868, p. 187 in: Gonçalves, 2011, p. 57). A precariedade nas divisões físicas do asilo, assim como a falta de pessoal qualificado impediam que o tratamento moral fosse ali levado a termo, a despeito de estarem seus médicos atualizados com as teorias e práticas europeias. (Jouin, 1880/2012, p. 412).

Tal deficiência afetava também o processo diagnóstico. Embora tenhamos conseguido algumas informações sobre os diagnósticos do Hospício antes do período republicano, Rey (1875/2012, p. 94) nos alerta que os médicos “adotam uma

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classificação inusitada, na qual as alucinações, a exaltação maníaca e a mania periódica são relatadas como formas particulares. Além disso, uma grande parte dos pacientes permanece sem diagnóstico”, embora chamasse atenção para a presença também de diagnósticos de demência e de imbecilidade. Já Jouin destacou que entre os diagnósticos psiquiátricos mais frequentes estavam a demência, a mania, a monomania, a lipemania, o alcoolismo, a imbecilidade, a histeria e a paralisia geral. (Jouin, 1880/2012, p. 373-374). A partir da república, os diagnósticos destacados por Alves (2010, p. 82) como de maior ocorrência eram o de alcoolismo, epilepsia e imbecilidade. Para as mulheres, o diagnóstico de maior frequência era o de histeria.

3. Conclusão

A autonomia da psiquiatria como ciência médica e autoridade sobre a alienação não coincidiu com a substituição do sistema antigo da internação na Santa Casa da Misericórdia por um asilo especificamente pensado para alienados, como o decreto de 1852 parecia propor. A especialização psiquiátrica foi sendo constituída paulatinamente, ao longo dos primeiros trinta anos de funcionamento do asilo, no confronto com os objetivos caritativos das religiosas que o administravam. Assim, o nascimento da psiquiatria no Rio de Janeiro do século XIX constituiu-se como um processo de institucionalização que se deu a partir de reformas na estrutura do asilo, de ampliação da assistência por meio da fundação de novas instituições para em seguida se materializar no surgimento da cadeira de psiquiatria na faculdade de medicina local e na implementação de uma legislação específica para a assistência dos alienados, passando-a ppassando-arpassando-a passando-as mãos do Estpassando-ado republicpassando-ano, no finpassando-al do século XIX. Aindpassando-a passando-assim, tpassando-al percurso não resultou na produção de uma ampla rede assistencial para o país, mas esta ficou subsumida a quatro instituições públicas (o hospício; duas colônias; e o pavilhão de observação) no Distrito Federal, além de algumas clínicas particulares. No percurso, o Hospício Nacional de Alienados permaneceu como a peça chave de toda assistência psiquiátrica fornecida.

Mas apesar dos esforços de seus médicos e administradores, durante todo o século XIX o asilo manteve uma estrutura sub-medicalizada: seu espaço sempre esteve aquém das necessidades médicas e suas condições de higiene sempre deixaram a

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desejar. Além disso, o processo diagnóstico e terapêutico não alcançaram o estatuto científico necessário para o reconhecimento da especialidade entre os seus pares. Mesmo os visitantes que o conheceram chamaram atenção em seus relatórios para a falta de cientificidade no processo diagnóstico e no tratamento do hospital, causada, ao seu ver pela falta de mão de obra especializada. Como dizia Jouin, em 1880, embora simpático, o tratamento feito no asilo estava longe de ser o preconizado mesmo pelos que ainda apoiavam o tratamento moral pineliano.

Após a república, o hospital passou a receber um número cada vez maior de indivíduos, em sua maioria, homens, brancos, em idade produtiva e pobres. Se o número de pacientes aumentou significativamente e o perfil social dos internos foi modificado. Entretanto, isso não significou uma mudança na qualidade da hospedagem, nem na complexificação das categorias diagnósticas e métodos terapêuticos empregados. Assim, não obstante as intenções transformadas em lei, as categorias diagnósticas e terapêuticas utilizadas continuaram pouco uniformizadas no asilo. Até a nova Lei de Alienados, de 1903, o Hospício continuava a sofrer das mazelas observadas desde sua fundação.

Assim, os critérios diagnósticos permaneceram bastante semelhantes ao longo do período. A chegada da República não resultou no desenvolvimento imediato de um instrumental teórico distinto dos até então vigentes (Engel, 2001; Messas, 2008, p. 66-67).

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Referências

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