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OFÍCIO CONJUNTO Nº 002/2021 Porto Alegre, 19 de março de 2021.

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OFÍCIO CONJUNTO Nº 002/2021 Porto Alegre, 19 de março de 2021.

Exmo. Sr.

EDUARDO LEITE

Governador do Estado do RS Porto Alegre - RS

Excelentíssimo Senhor Governador,

Pelo presente, FAMURS, CEEd RS, Uncme RS e Undime/RS informam que foi constituído Grupo de Trabalho (GT), formado por representantes de cada uma das entidades, o qual tem se dedicado ao estudo da proposta do ICMS Educação, apresentada pelo Governo do Estado.

Abaixo estão as principais considerações do coletivo das entidades, conforme tópicos descritos:

I) Do prazo estabelecido pelo Estado

Diante da importância e impactos da proposta, é inviável em tempo tão exíguo, um estudo aprofundado da mesma e sua compreensão em todas as suas dimensões. A Emenda Constitucional nº 108/2020 estabeleceu o prazo de dois anos, a partir de sua promulgação, para os Estados aprovarem leis, de acordo com o previsto no inciso II do parágrafo único do art. 158 da Constituição Federal.

Cabe reconhecer a agilidade do Estado em atender o disposto na EC nº 108/2020, no entanto tal iniciativa requer amplo debate e maior prazo para efetiva participação dos municípios, que são os principais impactados pela proposta, e da sociedade gaúcha, o que fica inviabilizado na proposta inicial, já que o prazo que recebemos foi a data de 21 de março do ano corrente.

Desta forma, o GT solicita que o Estado propicie a efetiva participação de representantes dos municípios, das diversas áreas, para construção de uma

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proposta em regime de colaboração, sem acelerar ou apressar a definição da mesma, considerando que o calendário proposto para implementação inicia no ano de 2023.

II) Da referência do Estado do Ceará como ponto de partida

Importante registrar e reconhecer a iniciativa do Estado do Ceará e a respectiva melhoria dos seus indicadores educacionais, conforme apresentado na justificativa e nos documentos pelo Governo do Estado do RS.

Em contraponto, salienta-se que as realidades são muito diferentes, tanto do ponto de vista do contexto de desenvolvimento quanto da organização das redes públicas de educação. O Ceará possui uma longa trajetória que culminou em seu destaque pelos índices alcançados atualmente. Estão ali envolvidos, pelo menos, 20 anos de formação permanente e continuada dos profissionais da educação, em articulação entre Estado e Municípios, voltada para a alfabetização, além da pactuação no que se refere à divisão das matrículas no ensino fundamental, ficando os municípios com educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental e o estado com os anos finais do ensino fundamental e o ensino médio.

Vale destacar, ainda, que a proposta do Ceará garantiu aos municípios uma ampliação dos recursos oriundos do ICMS especificamente para ser investido na educação, entre outros aspectos.

III) Das considerações acerca da proposta ICMS e Educação

Com relação à proposta apresentada pelo Governo do RS, o GT registra: ● as expressões “alunos pobres”, “punição”, “penalização aos municípios”

carregam consigo uma concepção, o que impacta sobremaneira na apresentação da proposta, o que acentua as desigualdades, uma vez que o compromisso da educação é a equidade, ou seja, condições de igualdade para todos;

● ausência de indicadores de investimento na ampliação de atendimento da educação infantil, bem como do atendimento em tempo integral por parte dos entes municipais;

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● necessidade de consideração de indicadores de desigualdades importantes, como o caso de cobertura e atendimento;

● necessidade de considerar especificidades de cada município, tais como educação especial, do campo, quilombola, indígena, as classes multisseriadas, entre outros;

● necessidade de criação de outras políticas de incentivo para a qualidade da oferta da educação aliadas a proposta do ICMS Educação;

● necessidade de se considerar políticas de avaliação e de qualificação da aprendizagem dos estudantes, como estabelecido pela a EC nº 108/2020

“indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da equidade, considerado o nível socioeconômico dos educandos”. Ora, a

punição, explícita na proposta do Estado, por sua vez, caminha na contramão do estabelecido e pode resultar no aprofundamento das desigualdades educacionais entre os municípios, o que não é admissível. Além disso, há ênfase exagerada na avaliação de desempenho dos estudantes, pois as taxas e índices descritos são insuficientes para a medida da aprendizagem dos estudantes;

● a EC nº 108/2020 estabelece que pelo menos 10% dos recursos do ICMS devem ser distribuídos com base em indicadores. Entendemos que se deve preservar o que está normatizado na EC considerando que no cenário econômico atual, a perda de recursos por parte dos municípios resulta no agravamento de sua sustentabilidade financeira. Defendemos que o Estado amplie as fontes de financiamento para a educação pública, complementando em 10% para se atingir os 20% sugeridos, garantindo assim, recursos extras para qualificar a oferta da educação;

● na proposta apresentada consta como um dos objetivos secundários a

reorganização da rede do ensino fundamental. É fundamental que seja

explicitado de forma clara este objetivo. Como será esta reorganização? ● ainda com relação a reorganização, explícita na proposta, é fundamental que

o Estado, em regime de colaboração, promova diálogo com os municípios gaúchos e os gestores destes, a fim de construir propostas que contribuam para a melhoria da qualidade da educação gaúcha e da sua oferta. Há

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necessidade de dialogar, a partir de proposições do Estado, de projeção de impactos de médio e longo prazo, aliadas aos interesses dos 497 municípios gaúchos: esta é uma construção que só será possível por meio da efetiva atuação em colaboração, tal como preconizado na legislação educacional vigente;

● com relação à avaliação proposta por meio do SAERS, é importante que a avaliação dos estudantes priorize seu crescimento com relação à aprendizagem. Não é produtivo, simplesmente, promover o ranqueamento das escolas e dos municípios, desconsiderando suas diferenças, uma vez que este tipo de ação não promove, necessariamente, a melhoria da aprendizagem e não diminui as desigualdades;

● ainda com relação ao SAERS, é fundamental que as provas sejam resultado de um processo de discussão e construção em regime de colaboração, com as entidades que têm legitimidade e representatividade na educação municipal e não somente por meio da SEDUC-RS. Para tanto, sugere-se constituição de grupo de trabalho para análise, sugestão, avaliação e escolha dos itens que farão parte dos testes padronizados, de modo a contemplar as habilidades essenciais, passíveis de serem avaliadas em larga escala;

● a diminuição do peso de outros componentes no cômputo para repartição do ICMS, tais como área, produção primária, PIT, entre outros, terão impacto negativo, com a redução de recursos para os municípios gaúchos. Por isso é fundamental que sejam disponibilizadas projeções que indiquem a projeção de recursos para cada um dos municípios, a partir das mudanças propostas, de forma clara e transparente, uma vez que essas mudanças impactam diretamente os municípios. Queremos registrar nossa posição contrária a qualquer tipo de perda de receita para os municípios: nenhum município

gaúcho deve sair prejudicado com a proposta;

● necessário explicitar quais as políticas de incentivo estão planejadas pelo Estado para a melhoria da aprendizagem dos estudantes e consequente crescimento dos indicadores educacionais e redução das desigualdades, uma vez que não há, a princípio, previsão de recursos extras, e sim uma penalização aos municípios mais frágeis;

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● importante considerar as condições geográficas dos municípios, os quais têm características distintas, sem que haja penalidades para aqueles cujas áreas rurais demandam investimentos elevados para garantir o acesso à educação, sem implicar em indicadores diferenciados; ou seja, há necessidade de investimentos que não estão relacionados diretamente com o desempenho dos estudantes medidos por meio da expressão de uma nota: as

singularidades de cada município devem ser levadas em consideração;

● sugerimos a realização de um Seminário Estadual virtual, dirigido a Prefeitos(as), Secretários(as) de Educação e Fazenda e outros, considerando o contexto da pandemia, para explicitar cada item da proposta apresentada pelo estado.

A partir de todos os apontamentos realizados até aqui, é fundamental que o Governo do Estado esclareça aos gestores: quais os benefícios que a proposta trará para a educação municipal?

Neste sentido, destacamos que somos contrários à proposta do ICMS Educação, tal como foi apresentada pelo Governo do Estado, já que é inaceitável a perda de recursos para os municípios gaúchos.

Reiteramos que o Governo do Estado amplie o prazo para discussão e construção de uma proposta, com efetiva participação dos municípios (Prefeitos(as), Secretários(as) de Educação e Fazenda, e outros) e da sociedade gaúcha. Além disso, O Governo do Estado anunciou recentemente a troca de titular na Secretaria de Estado da Educação, o que implica na importância de estabelecermos um diálogo com a nova Secretária, constituindo-se mais um aspecto que comprova a necessidade de maior tempo e diálogo.

Por fim, as entidades signatárias estão à disposição do Governo do Estado para ampliar o diálogo, após esta PRIMEIRA rodada de análise e sugestões, sobre o tema ICMS e Educação, e propor melhorias na proposta, demonstrando a constante defesa da educação pública gaúcha, em cumprimento aos dispositivos legais vigentes no país.

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Por fim, colocamo-nos à disposição desta Casa Legislativa para diálogo constante em defesa da educação pública gaúcha, em cumprimento aos dispositivos legais vigentes no país.

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MARCIA ADRIANA DE CARVALHO Presidente do CEEd/RS

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