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A HISTÓRIA DE UM BAIRRO SUBURBANO: PROPOSTA DE MEMORIAL DIGITAL SOBRE A HISTÓRIA DO BAIRRO DE PIRAJÁ, SALVADOR-BA

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Academic year: 2021

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A HISTÓRIA DE UM BAIRRO SUBURBANO: PROPOSTA DE

MEMORIAL DIGITAL SOBRE A HISTÓRIA DO BAIRRO DE PIRAJÁ,

SALVADOR-BA

SENA, Rodrigo de Souza1

Grupo de Reflexão Docente n. 10 – Ensino de História e História Pública: desafios para a formação do pensamento histórico na Educação Básica e no Ensino Superior.

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo desenvolver um memorial digital sobre a história do bairro de Pirajá, localizado na cidade de Salvador-Ba, e as suas potencialidades de aplicação para o ensino de história. Em experiências em sala de aula nas escolas da localidade, percebe-se um conhecimento não aprofundado sobre a sua história, contemplando somente o período das guerras da independência da Bahia, em virtude disso o trabalho visa justamente suprir essa necessidade, tanto dos professores com a aplicação do memorial em sala de aula, quando da própria historiografia baiana que pouco contempla os locais suburbanos da cidade. A dimensão a ser utilizada é a história pública de cunho praxiológico, embasado na pesquisa histórica clássica onde será levantado e coletado todo o contexto bibliográfico e documental do objeto de estudo, analisado e construído de maneira colaborativa com os estudantes de escolas da região e, posteriormente, será difundido o conhecimento desenvolvido através do memorial digital. O referente projeto foi contemplado pela premiação Aldir Blanc Bahia, Prêmio Fundação Pedro Calmon, na categoria Memória, pela Fundação Pedro Calmon – FPC, entidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia – SECULT/BA.

Palavras-chave: História de Pirajá; História Pública; Ensino de História; Memorial.

1. Introdução

Os estudos relacionados as freguesias suburbanas de Salvador, vêm emergindo na historiografia Baiana a curtos passos, revelando a necessidade de novas pesquisas e a sua difusão para além do campo acadêmico. Atualmente é disseminado pela historiografia tradicional a falta de protagonismo das ditas freguesias em relação as freguesias urbanas de Salvador. Essa problemática reflete sobre o ensino de história da Bahia, porque além dos escassos trabalhos acadêmicos produzidos, não se tem algo que dissemine esse conhecimento fazendo com que chegue a sala de aula, onde há a necessidade de aproximar o aluno da sua própria história.

1 Licenciado em História pela Universidade Católica do Salvador (UCSal). Contemplado pela Premiação Aldir Blanc

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No caso de Pirajá, a história amplamente divulgada sobre a localidade contempla somente o período das guerras da independência da Bahia, deixando lacunas primordiais como a presença indígena na localidade, o pós-Independência e principalmente sua formação anterior as guerras de independência. O presente trabalho visa justamente preencher essa lacuna, como também difundir esse conhecimento com uma proposta de construção de um memorial digital sobre a história do Bairro de Pirajá no Período Colonial. Para a construção da proposta se faz necessário compreender um pouco sobre a história de Pirajá e o seu protagonismo nos primórdios da história do Brasil colonial, além de discutir sobre o que se tem demarcado na contemporaneidade sobre o ensino de história do bairro de Pirajá, como também do subúrbio de Salvador, e por fim apresentar o que se entende por memorial digital, as suas potencialidades para o ensino de história e a construção do design cognitivo do referido memorial.

2. Pirajá: a história da relíquia do heroísmo baiano

A história de Pirajá remonta os primórdios do Brasil Colonial. A localidade foi doada, por meio de sesmaria, ao colono João de Velosa, engenheiro e dono de engenhos de açúcar na Ilha da madeira, pelo capitão donatário Francisco Pereira Coutinho por volta de 1542.

No período em que o primeiro sesmeiro esteve nas terras de Pirajá, foi possível a edificação de um dos primeiros engenhos da Bahia, entretanto, tudo indica que este não chegou a produzir açúcar, pois o referido engenho foi queimado pelos indígenas, forçando a fuga dos colonos para Porto Seguro (AZEVEDO, 1969). Com o fim das capitanias hereditárias, e a volta do sesmeiro João de Velosa a Ilha da Madeira, a localidade foi novamente povoada por portugueses com a nova estruturação administrativa – o governo geral – que ao realizar incursões de reconhecimento das terras, perceberam na localidade de Pirajá e de todo o atual subúrbio de Salvador, um potencial para plantação de cana de açúcar e construção de novos engenhos (OTT, 1996). Algum tempo depois, já no governo de Duarte da Costa, chega de terras lusitanas, por meio de carta régia do ano de 1555, a autorização para efetivação da construção de um engenho à custa da fazenda real, o engenho El-rei em Pirajá, ou engenho Pirajá. Este engenho vai se tornar o primeiro do Brasil a possuir um caráter público, onde os portugueses que produziam em Pirajá e fazendas próximas

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pudessem beneficiar a cana plantada. O término da sua construção é relatado por carta no governo de Mem de Sá no ano de 1570.2

Para o estabelecimento e ocupação dos portugueses nas partes do Recôncavo da Bahia no início do governo geral, vai ocorrer o que Pinho (1982, p.42) chamou de: “as conquistas ou dominação do gentio”. Essas guerras ocorreram a mando de Tomé de Souza, ao redor da cidade nas localidades de Pirajá, Rio Vermelho e Itapuã e executadas por D. Álvaro da Costa. Após o enfrentamento luso contra os indígenas, ocorreu a construção e fundação do aldeamento São João Evangelista no ano de 1558, localizada às margens do rio Pirajá e possuindo no ano de 1564 aproximadamente 14 aldeamentos ao seu redor, totalizando 1100 almas. O referido aldeamento demonstra a presença dos religiosos da Companhia de Jesus nas terras de Pirajá. (BRESCIANI, 2000)

Em meio aos conflitos e ajustes entre nativos e o projeto colonizador, o segundo sesmeiro a ocupar a localidade foi o Simão da Gama e Andrade, navegador português que chegou na Bahia com sua mulher e filhos no galeão São João, segunda armada de mantimentos enviados pelo rei D. João III no ano de 1550. Segundo a carta de confirmação de sesmaria de 21 de julho de 1570, as terras localizadas entre a ponta do rio Pirajá até as fronteiras das terras de Paripe, e para o sertão uma légua, além da ilha dos frades, foram dadas de sesmaria para o dito navegador por Thomé de Souza, no tempo do seu governo.

A igreja do engenho público de Pirajá, citada por Gabriel Soares de Souza em seu Tratado Descritivo do Brasil, vai se tornar a primeira igreja matriz da freguesia. Como esclarece Schwartz (1998), os engenhos do Recôncavo e suas capelas surgem muito antes do estabelecimento das vilas e paróquias, por isso as igrejas dos primeiros engenhos do Recôncavo se tornaram a matriz da freguesia da localidade. Esta mesma igreja se encontrava em péssimas condições no ano de 1757 e, por conta disso, foi edificada uma nova matriz datada da segunda metade do século XVIII, no local onde está situada a atual Igreja de São Bartolomeu no Bairro de Pirajá. Acredita-se que o primeiro padre a administrar os sacramentos na igreja primitiva foi o Padre Vicente Rodrigues. (MATTOS, 1987) A data da criação da Freguesia de São Bartolomeu de Pirajá é uma incógnita

2 BIBLIOTECA NACIONAL. Documentos relativos a Mem de Sá, Governador Geral do Brasil. IN: Annaes da

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pela escassez de documentos sobre a localidade no período de estudo. Schwartz (1998) apresenta que foi fundada em 1578 juntamente com a freguesia de Paripe e Purificação.

Também é descrito pelo mesmo memorialista a importância que a localidade de Pirajá possuía neste período para o abastecimento da cidade, em virtude da abundância de peixes e mariscos, ao qual formavam grupos de pescadores que sobrevivem desta atividade. A abundância de peixes vai justifica o nome do rio e do local, pois, segundo a etimologia tupi a palavra Pirajá significa “o que está repleto de peixes” (NAVARRO, 2013).

Além da atividade de pesca presente no rio Pirajá, uma atividade comum no período de estudo na localidade era a pesca de baleias, onde no período de chegada das mesmas a Bahia de Todos os Santos, os moradores e donos de engenho se mobilizaram para a dita atividade com o objetivo de extração do óleo para a iluminação pública da cidade e iluminação dos engenhos, além da carne servir de alimento para os escravizados (OTT, 1996).

No século XVIII, em uma descrição da freguesia de São Bartolomeu de Pirajá feita pelo vigário Francisco Baptista da Silva, atendendo ao pedido do Marquez de Pombal no ano de 1757, fica evidenciado o crescimento e o desenvolvimento, ao longo dos anos, alcançado pela freguesia. Além de descrever as localidades habitadas e os povoados dentro da área da freguesia, que tinha como centro o atual bairro de Pirajá, um dado importante é que o vigário não pontua em sua descrição a existência de engenhos da localidade.

[...] Não tem em si lugares povoados mais que sinco logarejos com meya duzia de fogos cada hum que sam: Bananeyras, Crux de Pirajá3, [...] Fragoso, [...] Itabaranha4, Praya Grande [...], Sam Caetano, Ilha de Lucas Pinto, sitio de Maria Thereza, sitio de Manoel Germano, sitio do Capitão Manoel dos Santos Dias, sitio da freguesia de Ilha de Joam de Souza, S. Joam Passage, sitio do Capitão Mór José Pires, S. Braz, Nossa Senhora da Escada, Campos de Lamarão, Jaquaira, Quiaya, S. Braz velho, Cachoeira, Cangurungu, Guiga, Estrada Geral do Sertam para a cidade5, Terra Nova, sitio da Conceição, Pedras Pretas6, Buraco do Tatú7,

3 Lugar onde está edificada a atual igreja de Pirajá. 4 Ler-se “Itacaranha”

5 Atual Estrada de Campinas, foi a primeira Estrada que ligava o recôncavo a cidade, antes da construção da BR-324. 6 Segundo a oralidade, trata-se de parte da localidade do atual bairro de Castelo Branco.

7 Localidade onde havia instalado um quilombo, de mesmo nome, durante o século XVIII e delimita-se da região entre

o atual bairro de Campinas de Pirajá e a vila de Santo Amaro de Ipitanga, região entre o atual bairro de Itapoá e o município de Lauro de Freitas.

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Mangueiras, Terras de S. Bento, Pituassu, Barreyras, Cajazeiras, Dendezeiro, Campina, Camorogippe [...]. Tem 900 pessoas de comunham.8

É importante destacar que muitas destas localidades descritas foram inicialmente fazendas e com as mudanças de configuração espacial da cidade, estas localidades passaram a dar nome aos bairros de Salvador como os atuais bairros de São Caetano, Itacaranha, Praia Grande, Escada, Pituaçu, Cajazeiras e Campinas de Pirajá, dentre outros situados em outras áreas.

Esse registro evidencia um pouco do tamanho que alcançou a freguesia no século XIX, onde o seu território limitava-se entre a Freguesia de Santo Antônio Além do Carmo (região do atual centro de Salvador), mais próximo a Freguesia de Nossa Senhora do Ó de Paripe, chegando até a atual cidade de Lauro de Freitas. Ao todo são registrados aproximadamente 32 sítios povoados. Apesar da ausência de engenhos nessas duas fontes oficiais, outros tipos de fontes apresentam engenhos na localidade no mesmo período, como por exemplo no livro de notas9 que demonstram a existência de três engenhos na localidade: o Engenho Conceição, um Engenho localizado no Largo do Tanque e o Engenho Pedra Preta.

A localidade foi também palco de diversos embates como os ocorridos durante a invasão holandesa na Bahia, também durante a guerra de independência do Brasil na Bahia, que mobilizou todos os moradores das localidades suburbanas, por se tratar um ponto estratégico, tanto de defesa, quanto de ataque, além da possibilidade de fuga de alguns Malês por Pirajá evidenciado por Reis10, mas esses temas bastantes explorados pela historiografia baiana não faz parte do nosso enfoque.

3. A contemporaneidade e o ensino de história em locais suburbanos

A historiografia Baiana até a contemporaneidade sempre privilegiou os estudos de história relacionados ao centro da cidade, mais precisamente a região da antiga cidade de Salvador do século XIX, que estão elencadas como as freguesias urbanas de Salvador. As localidades suburbanas da cidade começaram a se formar como suburbanas ao que tudo indica a partir do século XIX, quando algumas freguesias pertencentes ao recôncavo baiano, passam a fazer parte

8 BIBLIOTECA NACIONAL. Inventário dos documentos relativos ao Brasil existentes no Archivo de Marinha e

ultramar organizado por Eduardo de Castro e Almeida. IN: Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro. V31. Rio de Janeiro: Officinas Graphicas da Biblioteca Nacional, 1913.

9 Livros de Notas APB 296, 277, 246.

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da municipalidade de Salvador, estas freguesias são: São Bartolomeu de Pirajá, Nossa Senhora do Ó de Paripe, São Miguel de Cotegipe, Nossa Senhora da Piedade em Matoim, Nossa Senhora da Encarnação do Passé, São Pedro no Sauípe da Torre, O Senhor do Bonfim da Mata de São João, Santa Vera Cruz de Itaparica, Santo Amaro em Itaparica e Nossa Senhora do Santo Amaro de Ipitanga. Algumas dessas freguesias hoje formam bairros suburbanos da cidade como Pirajá e Paripe, e outras passam a formar núcleos populacionais maiores, e por consequência formando cidades da região metropolitana como Simões Filho, Candeias e Mata de São João.

Os estudos relacionados relacionados a essas freguesias atualmente são bastante pontuais, e trata basicamente sobre acontecimentos dentro dessas localidades sem trabalhar aspectos de sua formação. No caso de Pirajá, a localidade toma espaço na historiografia hegemônica no processo de independência da Bahia em 1823, quando acontecimentos decisivos para o desfecho da guerra são travados aqui.

Contudo, através da pesquisa histórica realizada, percebe-se a contribuição que os lugares suburbanos de Salvador tem a oferecer a historiografia e ao entendimento de uma história de Salvador mais deslocada do centro. Desde o processo de ocupação portuguesa no processo de capitanias hereditárias, o subúrbio da cidade foram das regiões primeiramente ocupadas pelos colonos portugueses. Com o estabelecimento do governo geral, novamente essas localidades voltam a ser ocupadas e povoadas, com foco na produção de açúcar.

No caso particular de Pirajá, o nosso objeto de estudo, onde foi construído um engenho Público, ou engenho pirajá, que foi o primeiro implementado as custas da coroa portuguesa, que subsidiou toda a obra, sendo assim um dos primeiros investimentos feitos pela mesma para o estabelecimento da produção de açúcar na Bahia, nos primórdios do Brasil Colonial.

Andrée Mansuy Diniz Silva, organizador do livro Cultura e Opulência no Brasil11, acredita que o termo “engenho real” atribuído ao engenho de Pirajá por Antonil, teria surgido por conta da construção do engenho real de Pirajá, por ser um engenho construído a mando da coroa e com o que tinha mais de atual para a produção da época, fazendo assim que os particulares baseassem a construção de outros engenhos a semelhança desse de Pirajá. Ou seja, o termo real altamente cunhado por diversos engenhos na Bahia, teria derivado da construção do engenho de Pirajá.

11 ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas: introdução e notas por Andrée

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Todo o exposto demonstra a importância que a difusão desse conhecimento sobre a história de Pirajá tem a enriquecer a história da Bahia, que a curtos passos vem reconhecendo a importância das localidades suburbanas da cidade para a formação da cidade e isso é estimulado pelos pesquisadores, historiadores e professores que adentram a sala de aula nas comunidades e encontram nos conteúdos presentes no currículo, uma história mais ligada a países europeus e, quando história do Brasil, um enfoque maior nas atuais áreas de produção, bastante geral, sem dar ótica e negligenciando a história mais próxima dos estudantes e moradores dos bairros suburbanos. É nessa perspectiva e problematização que se forma e idealiza o Memorial Digital do bairro de Pirajá.

4. Memorial Digital e Potencialidades para o Ensino de história

O conceito de memorial segundo Axt (2012), deriva do Inglês Norte–americano, e significa um patrimônio de pedra e cal, em um espaço público, que tem por objetivo relembrar ou recordar feitos, marcos ou personalidades históricas. O autor cita exemplos de memoriais presentes no Brasil com esse conceito como o memorial JK em Brasília e o Monumento aos soldados mortos da revolução comunista de 1935 no Rio de Janeiro. Sendo assim os memoriais, são espaços de memória, utilizados para identificar e combater desaquecimento, imortalizar um acontecimento, dar forma ao imaterial. No Brasil esse conceito vai além, atrelando ao conceito norte-americano uma forma de prestar serviço à comunidade:

Ao invocar o memorial, porém, modificamos o conceito, agregando ao lugar de memória, mais ou menos estático a prestação de serviços à comunidade e desenvolvendo no seu seio um fórum de reflexão sobre a instituição trabalhada, ancorado no ferramental teórico e metodológico da pesquisa histórica. (AXT, 2012, p.65)

Esse é o conceito de memorial que traremos para o referido projeto, algo que venha a prestar de fato um serviço à comunidade, trazendo o lugar de memória em meio digital, onde todos podem ter acesso a qualquer hora e em qualquer lugar.

Com isso posto e toda a discussão anterior, o design cognitivo do memorial virtual visa justamente na construção de um material, que trará uma solução na construção de um material didático digital. O memorial após construído se constituirá em um aplicativo para dispositivos móveis, construído com elementos visuais e textuais, que trará não apenas um conteúdo

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metodológico para a sala de aula, mais sim um momento de conhecimento e reflexão onde os estudantes e moradores da localidade possam adentrar nesse história egressa e dialogar questionamentos sobre a situação atual do bairro. Essa proposta contempla o que se espera de uma pesquisa em História Pública, que tem como definição, segundo Florez (apud MARTINS, 2017, p. 111):

A história que é vista, escutada, lida e interpretada por um público amplo é a história pública. Os Historiadores nesse campo, ampliam seus métodos da história acadêmica ao explorar fontes e formas de apresentação não convencional não tradicionais, reformular perguntas, e no processo, cria uma prática histórica em particular... A história pública é também que pertence ao público. Ao fazer ênfase no contexto público da investigação, a história pública forma historiadores para transformar sua investigação e desta maneira alcançar audiência mais além da academia.

Tomando como base os princípios expostos o memorial digital possuirá a seguinte organização:12

1. Objetivos: O memorial digital tem como objetivo criar um ambiente de memória, reflexão, como também um ambiente educacional de aprendizagem formal e não formal, que aliará a pesquisa histórica clássica ao ensino de história; um espaço que permita a difusão, valorização e a preservação da história de Pirajá e das regiões suburbanas da cidade de Salvador, que são marginalizadas e negligenciadas pela a história clássica e hegemonia; aliado a criação do fórum, espaço de discussão do conhecimento entre estudantes, professores, pesquisadores e moradores, que poderão compartilhar sua vivência, contribuindo para saber histórico sobre a localidade. 2. Disposição de Informações: as informações do memorial digital serão organizadas tendo a localidade de Pirajá no Período Colonial como foco, sendo colocados elementos textuais advindos da pesquisa histórica realizada, como também elementos visuais para demonstrar aspectos importantes da localidade no período.

3. Contextualização: o contexto proposto será o contexto de Salvador no período inicial da colonização portuguesa no momento histórico proposto (século XVI), que contribuirá para o processo de imersão do visitante do memorial em Pirajá, no início de sua formação.

4. Colaboração e Interatividade: O fórum aliado ao aplicativo, será o espaço de interação e colaboração do memorial digital de Pirajá. O fórum será aberto para o público que acessou o

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memorial e tem dúvidas, contribuições, sugestões e feedback relacionado ao projeto. O espaço também poderá ser utilizado para realização de atividades relacionadas ao memorial, contendo ainda uma aba para perguntas que serão respondidas diretamente pelo pesquisador. A criação segue um conceito de que o questionamento próprio , pode ser também um espaço de aprendizagem.

5. Validação: a validação do conteúdo será realizada pelo pesquisador através da pesquisa histórica em documentos históricos e referência bibliográfica sobre o tema proposto; ocorrerá também discussão em momentos de reunião nos grupos de pesquisa Relações de poder, dinâmica social em Salvador e seus subúrbios no século XIX e no Grupo de História da Igreja no Brasil, realizados na Universidade Católica do Salvador - UCSal, que contribuirão para às discussões do desenvolvimento do projeto.

6. Soluções Pedagógicas: Orientação sobre como o memorial digital pode ser utilizado nos contextos de educação formal e não formal; Disponibilização de material externo ao memorial, que se relaciona ao conteúdo trazido no mesmo, que se constituirá em atividades de fixação, questionários de associação do memorial de Pirajá ao tempo presente e atividades de pesquisa tanto internas, quanto externas a sala de aula ou ao ambiente de ensino não formal.

7. Sobre as soluções técnicas, o memorial digital trará: - Mídias: Textos, imagens e fórum de discussão.

- Mobilidade: A proposta do memorial é que todo o texto inserido tenha a opção de ser também ouvido, inserindo nesse contexto visitantes com algum tipo de mobilidade. - Meio de Socialização: Redes Sociais e parcerias institucionais.

Essa organização reuniu toda a proposta para a aplicação do memorial. Demonstrando que o mesmo poderá ser utilizado em diversos contextos e para diversos públicos. No meio de ensino formal, o professor de História que leciona no bairro de Pirajá e bairros próximos, poderá utilizá-lo para situar os alunos sobre o processo de coutilizá-lonização portuguesa na Bahia, interligando com a cultura afro-brasileira e indigena, as relações de poder presentes na localidade e a produção de açúcar que teve a localidade de Pirajá um modelo único.

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A presente proposta deriva de questionamento que o próprio pesquisador faz sobre a história do bairro ao qual reside desde que nasceu. Reconhecer a história do local ao qual está inserido é também reconhecer a sua própria história. As discussões relacionadas a esse tema, como fica evidente, tem um caráter além de construtivo, no que se diz respeito ao conhecimento, mas também tem um caráter humano e reparador, e visa prestar um serviço, preencher uma lacuna, que a muitos anos vem sendo marginalizada na história tradicional. Na Sala de aula é perceptível que os estudantes visualizam a história como algo distante, não se sentindo sujeitos de sua própria história. Esse memorial visa justamente isso, aproximar o estudante e qualquer outro visitante de parte da sua história.

Esse estudo possui outras tantas aplicações para além da sala de aula, como seu modelo pode ser aplicado a diversas localidades suburbanas de Salvador que também anceiam em ter sua história e memória preservadas.

Referências

AXT, Gunter. A função social de um memorial: a experiência com memória e história no Ministério Público. Métis: história & cultura. Caxias do Sul, v. 12, n. 24, p. 64-89, jul./dez. 2012. AZEVEDO, Thales de. Povoamento da cidade do Salvador. 1. ed. Salvador: Itapuã, 1969. BARICKMAN, Bert J. Um contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca e escravidão no Recôncavo, 1780-1860. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

MARTINS. Luciana Conceição de Almeida. História Pública do quilombo do Cabula: representações de resistências em museu virtual 3D aplicada à mobilização do turismo de base comunitária. 311f. il. 2017. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2017.

MATTOS, Waldemar. Pirajá: Relíquia do heroísmo Baiano. Salvador: UFBA/Centro de Estudos Baianos, 1987.

NAVARRO, Eduardo de Almeida. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013.

OTT, Carlos. Povoamento do Recôncavo Pelos Engenhos (1536-1888). v. 1. Salvador: Bigraf, 1996.

PINHO, Wanderley. História de um engenho do recôncavo. 2.ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1982. SCHWARTZ, Stuart B. Segredos Internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Referências

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