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Das Penas Parte III. Aula 3

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Das Penas

Parte III

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DOSIMETRIA DA PENA – SISTEMA TRIFÁSICO

O Código Penal adotou o modelo trifásico na aplicação da pena privativa de liberdade. Este modelo foi criado por Nelson Hungria. O magistrado é obrigado a observar a ordem das fases e não poderá haver inversão entre elas, também sendo proibida a compensação interfases.

1ª FASE 2ª FASE 3ª FASE

APLICAÇÃO DA PENA-BASE a) Forma simples, qualificada ou privilegiada b) Circunstâncias Judiciais (art 59) AGRAVANTES E ATENUANTES a) Primeiro agravantes b) Depois atenuantes c) Eventual compensação ou circunstância prevalente Obs: Não excede o máximo ou mínimo CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO a) Primeiro causas de aumento b) Depois causas de diminuição

Obs: Pode exceder o máximo ou mínimo

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DOSIMETRIA DA PENA – SISTEMA TRIFÁSICO Compensação Intrafase

É permitida.

Consiste na compensação de fatores (agravantes, atenuantes, causas de aumento ou diminuição) com o mesmo valor de soma e diminuição de pena, dentro da mesma fase de dosimetria.

Ex: Causa aumenta 1/3 da pena e outra diminui 1/3 da pena.

Compensação Interfase

Não é permitida.

Consiste na compensação de fatores (uma agravante e uma causa de diminuição, por exemplo) entre fases diferentes da dosimetria. Aqui não há valoração idêntica.

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1ª FASE

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime

Explicação Geral

O juiz deverá fazer uma ponderação teórica de todas as circunstâncias, na proporção e valoração de cada uma delas de acordo com seu convencimento no contexto do crime praticado. Com base neste cálculo a pena-base será fixada dentro da possibilidade de pena mínima, intermediária ou máxima (para o início do calculo).

Nada impede que a base-base seja fixada no máximo ou no mínimo inicialmente, sendo imprescindível que se proceda à devida fundamentação e que ela esteja amparada em dados concretos.

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Caráter Residual das Circunstâncias Judiciais

Apesar de o juiz iniciar a aplicação da pena analisando as circunstâncias judiciais, elas possuem natureza RESIDUAL, ou seja, somente serão levadas em consideração, caso não se constituam como qualificadoras ou privilegiadoras, agravantes ou atenuantes, causas de aumento ou diminuição de pena.

Ex: se o crime for qualificado pelo resultado (estupro com a morte da vítima) o juiz deverá não considerar o quesito "resultado do crime" no art 59.

Da mesma forma é proibido que ela seja considerada por duas vezes para aumentar a pena.

Ex: Homicídio qualificado pelo emprego de motivo torpe com agravante pelo motivo torpe.

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Pluralidade de Qualificadoras

Apesar de o juiz iniciar a aplicação da pena analisando as circunstâncias judiciais, elas possuem natureza RESIDUAL, ou seja, somente serão levadas em consideração, caso não se constituam como qualificadoras ou privilegiadoras, agravantes ou atenuantes, causas de aumento ou diminuição de pena.

Ex: se o crime for qualificado pelo resultado (estupro com a morte da vítima) o juiz deverá não considerar o quesito "resultado do crime" no art 59.

Da mesma forma é proibido que ela seja considerada por duas vezes para aumentar a pena.

Ex: Homicídio qualificado pelo emprego de motivo torpe com agravante pelo motivo torpe.

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Culpabilidade

É o juízo de reprovação social que recai sobre a conduta do agente. Aqui tem-se uma noção quantitativa da culpabilidade que não se confunde com o elemento da estrutura analítica do tipo.

Na verdade, ela corresponde a um resultado dos demais fatores das circunstâncias judiciais (circunstâncias judiciais favoráveis = culpabilidade menor; circunstâncias desfavoráveis = culpabilidade maior)

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Antecedentes

São os fatos considerados crimes da vida pregressa do acusado.

Nos antecedentes deve-se considerar o princípio da presunção de não culpabilidade (ninguém será considerado culpado por um crime antes do trânsito em julgado).

Na prática é utilizada para crimes que já tenham transitado em julgado, mas não gere antecedentes.

Inquéritos policiais e ações penais em andamento

Súmula 444 STJ - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base

Condenação que gera reincidência

Se o autor for reincidente, isso não é considerado como Antecedente. Será considerada na segunda fase como circunstância agravante (art 61, I, CP)

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Súmula 241 STJ - A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.

Antecedentes e Direito Penal do Autor

Posicionamento minoritário. Argumenta-se que a consideração dos antecedentes seria uma técnica criminológica ultrapassada, baseada no labelling aproach (técnica do etiquetamento), na qual os criminosos são rotulados de acordo com um estereótipo institucional - e o Estado se vale de um aparato diferencial, conforme essa rotulação.

O Direito Penal do Autor (vedado no Direito brasileiro) opõe-se a ideia do Direito Penal do Fato (adotado no Direito brasileiro), segundo o qual deve-se julgar de acordo com a conduta e não com o etiquetamento de cada pessoa. Ao considerar os antecedentes e a personalidade do autor, o magistrado tenderia a valorar ainda mais as circunstâncias pessoais em detrimento daquelas relacionadas ao fato praticado em si.

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Conduta Social

É o relacionamento na família, no trabalho, nas atividades de lazer, comunitária, etc.

São os "antecedentes sociais" do agente.

O fato de o réu não trabalhar, por si só, não evidencia a negatividade da conduta social.

Não se pode considerar eventuais inquéritos e processos em curso na análise da conduta social (STF RHC-99293)

No processo penal, dá-se grande importância da testemunha de beatificação (que irá depor sobre a vida pessoal e a conduta social do réu)

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Personalidade

São as características psicológicas da pessoa. Se ela é perigosa, se possui empatia com os outros, se age impulsivamente, etc.

Na dosimetria da pena, os fatos posteriores ao crime em julgamento não podem ser utilizados como fundamento para valorar negativamente a culpabilidade, a personalidade a conduta social do réu.

Ex: Crime de homicídio praticado em 2015. Em 2016 o réu grava um vídeo demonstrando claro desprezo pela vítima. Esse fato não pode ser considerado na personalidade.

Existe uma forte corrente doutrinária e jurisprudencial no sentido de somente se aceitar a personalidade na dosimetria da pena se houver prova pericial elaborada por profissional competente, pois o juiz não possui conhecimento para traçar a personalidade do condenado

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Motivos

São as causas que inspiraram o agente a praticar o crime. Os motivos podem ser nobres ou não.

Se o motivo do crime constar no próprio tipo penal como elementar não poderá ser considerado para a exasperação da reprimenda na primeira fase.

Motivo fútil, motivo torpe

Ausência de motivação é elemento neutro e não pode ser considerada como desfavorável. Ex: matou aleatoriamente

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Circunstâncias

São os dados relacionados com o tempo e lugar do crime, bem como com a maneira de sua execução. Não devem ser analisadas aqui as circunstâncias que serão consideradas como privilegiadoras ou qualificadoras; atenuantes ou agravantes; causas de aumento ou de diminuição.

A gravidade abstrata do crime não pode ser considerada como circunstância judicial

Exemplo: estuprou a vítima por várias horas; executou o roubo de madrugada.

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Consequências do crime

Refere-se à mensuração do dano ocasionado pelo delito, principalmente para a vítima e seus familiares. Não se pode confundir as consequências do crime com o resultado do próprio crime que já foi considerado na cominação da pena.

Exemplo: a morte no delito de homicídio não é consequência do crime, mas sim o seu resultado. Por outro lado, se o agente mata a vítima diante da família causando um trauma nos entes, pode- se dizer que, além do delito, houve consequência não contida no próprio tipo penal.

Comportamento da Vítima Comportamento da Vítima

A vítima pode ter concorrido ou facilitado o agente à prática do delito.

Ex: idoso que conta notas de cem na frente do banco; vítima que deixa a porta de casa destrancada para o furtador.

Caso o comportamento da vítima tenha contribuído para o crime, a pena será reduzida (princípio vitmodogmático).

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2ª FASE

Exemplo: no crime de furto, a circunstância de a vítima ser criança ou maior de 60 anos não integra o tipo (não é elementar) e nem qualifica o delito(qualificadora ou causa de aumento). Desse modo, poderão incidir as agravantes descritas no art. 61, II, h, do CP.

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Diferentemente das causas de aumento de pena, a lei não impõe um valor fixo de aumento para cada agravante ou de redução para atenuantes. Fica a critério do juiz, desde que exista proporcionalidade.

Na prática, o juiz pode aumentar ou diminuir a pena com um valor fixo (6 meses, 1 ano, etc) ou trabalhar com as frações, da mesma forma que a causa de aumento de pena. Em qualquer caso, o valor-base mínimo deverá ser de 1/6 (menor montante fixado para as causas de aumento ou de diminuição)

Súmula 231 do STJ, "a incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal

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Concurso Entre Agravantes e Atenuantes Vide Art 67 do Código Penal

Circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime (ex.: relevante valor moral ou social), da personalidade do agente (ex.: menor de 21 anos na data do fato) e da reincidência. Observa-se que as circunstâncias subjetivas (atenuantes ou agravantes) preponderam sobre as circunstâncias objetivas (atenuantes ou agravantes).

uma circunstância agravante pode ser compensada com uma atenuante, desde que uma não seja preponderante em relação à outra. Elas se anulam. (Compensação Intrafase) Ex: crime contra ascendente (agravante) anula a reparação do dano (atenuante).

Entretanto, se uma circunstância for preponderante em relação à outra, não haverá anulação. Ex: a reparação do dano (circunstância atenuante não preponderante) não pode ser compensada com a reincidência (circunstância agravante preponderante). Se houver preponderância o juiz deve desconsiderar a "mais fraca".

Por outro lado, uma circunstância preponderante pode ser compensada com outra circunstância preponderante. Exemplo: a reincidência (circunstância agravante preponderante) pode ser compensada com o motivo de relevante valor moral (circunstância atenuante preponderante).

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Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

I - a reincidência;

II - ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe;

b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;

c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;

d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;

e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;

f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;

h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;

j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;

l) em estado de embriaguez preordenada.

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Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou

vantagem de outro crime

Execução – Única forma para prática posterior de outro crime. (mata segurança p/ roubar banco)

Ocultação – Esconder delito previamente praticado de materialidade e autoria desconhecida.

Impunidade – Esconder delito previamente praticado de materialidade conhecida, porém de autoria desconhecida. Vantagem – Bem ou condição obtido em crime (mata coautor do roubo para ficar com a res)

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Traição, emboscada ou dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima

Recurso Dificultador

Traição – quebra de confiança no vínculo anterior entre autor e vítima.

Emboscada – ocultação do agente para facilitar a morte.

Dissimulação – esconder/disfarçar o real propósito. (disfarce de carteiro)

A dificuldade deve ser fundamental ou relevante. Não é necessária equiparação absoluta entre autor e vítima. Arma branca ou de fogo por si só não é considerada dificultador.

Exemplos Vítima: dormindo, atacada pelas costas,

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Tortura/Meio Cruel: Diversos golpes

Veneno, explosivo, asfixia, tortura ou qualquer outro meio insidioso ou cruel ou que possa resultar perigo comum

Insidioso – dissimulado (armadilha) Cruel sofrimento além do necessário

Veneno – relativização da substância (açúcar para o diabético). Veneno só qualifica se a vítima não souber que esta sendo envenenada (meio insidioso - eutanásia). Aplicação sub-reptícia do veneno

Se por sadismo sim. Se por inexperiência/ ineficácia do meio não. Se a vítima já estava morta não.

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Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge

Justifica a maior reprovação em razão da falta de solidariedade e afeto que se espera. Discute-se se a agravante se aplica no caso de conviventes (união estável).

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Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge

Justifica a maior reprovação em razão da falta de solidariedade e afeto que se espera. Discute-se se a agravante se aplica no caso de conviventes (união estável).

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Quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade

Exemplo: policial agride preso que estava sendo conduzido por prisão em flagrante

Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça

particular do ofendido

Justifica-se pela ausência de solidariedade e insensibilidade do agente, bem como pela maior facilidade para executar o delito.

Ex: furta a casa no dia do enterro do pai.

Em estado de embriaguez preordenada

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Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:

I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;

II - coage ou induz outrem à execução material do crime;

III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;

IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

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Possibilidade de Agravantes em Crimes Culposos

Possibilidade de Agravantes em Crimes Preterdolosos

Majoritariamente entende-se que as agravantes aplicam-se apenas aos crimes dolosos. Contudo, existem precedentes no STJ que condenaram motorista à prática de homicídio culposo no trânsito, agravado por motivo torpe.

É possível a aplicação das agravantes, já que o consequente (resultado) é doloso.

Gravidade Genérica e Abstrata Como Agravante

O juízo abstrato do magistrado sobre a gravidade do delito NÃO DEVE ser considerado como agravante.

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Reincidência

Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

Art. 64 - Para efeito de reincidência:

I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;

II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

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REINCIDÊNCIA

Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

Não basta que o 'novo crime' seja praticado depois de um 'crime anterior', mas sim que seja praticado depois do trânsito em julgado da sentença condenatória.

Requisitos:

1) prática de crime anterior (no Brasil ou estrangeiro) 2) Sentença condenatória transitada em julgado

3) Cometimento de novo crime depois de transitar em julgado a sentença condenatória (no Brasil ou estrangeiro)

Observação: o crime anterior ou o crime posterior podem ser dolosos ou culposos, tentados ou consumados

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REINCIDÊNCIA

Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

Não basta que o 'novo crime' seja praticado depois de um 'crime anterior', mas sim que seja praticado depois do trânsito em julgado da sentença condenatória.

Requisitos:

1) prática de crime anterior (no Brasil ou estrangeiro) 2) Sentença condenatória transitada em julgado

3) Cometimento de novo crime depois de transitar em julgado a sentença condenatória (no Brasil ou estrangeiro)

Observação: o crime anterior ou o crime posterior podem ser dolosos ou culposos, tentados ou consumados

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ESPÉCIES DE REINCIDÊNCIA

Ficta ou Presumida: É a teoria adotada pelo Código Penal. Para ser

considerado reincidente basta a prática de novo crime, depois de sentença penal condenatória com trânsito em julgado, mesmo não tendo o réu cumprido a pena do crime anterior

Real: Não é adotada pelo Código Penal. Verifica-se a reincidência

quando o agente comete novo crime depois de ter cumprido pena pelo delito anterior.

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REINCIDÊNCIA E CONTRAVENÇÕES PENAIS

LCP Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.

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Exame OAB IX, 2012

Guilherme praticou, em 18/02/2009, contravenção penal de vias de fato (Art. 21 do Decreto Lei n. 3.688/41), tendo sido condenado à pena de multa. A sentença transitou definitivamente em julgado no dia 15/03/2010, mas Guilherme não pagou a multa. No dia 10/07/2010, Guilherme praticou crime de ato obsceno (Art. 233 do CP).

Com base na situação descrita e na legislação, assinale a afirmativa correta.

a) Guilherme não pode ser considerado reincidente por conta de uma omissão legislativa.

b) Guilherme deve ter a pena de multa não paga da primeira condenação convertida em pena privativa de liberdade.

c) Guilherme é reincidente, pois praticou novo crime após condenação transitada em julgado.

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Sistema da Temporariedade da Reincidência.

Existem dois sistemas possíveis em relação à reincidência (perpetuidade e temporariedade). O da perpetuidade indica que uma vez constatada a reincidência para alguém, ela nunca poderá ser removida.

Já o sistema da perpetuidade, adotado pelo Código Penal, significa que a reincidência "desaparece" depois de certo período. Em outras palavras, não será considerada para efeitos de reincidência, caso o agente venha a praticar novo crime.

Esse período é de cinco anos e começa seu cômputo a partir da data do cumprimento ou extinção da pena (art. 64, I). Mesmo "desparecendo" a reincidência, o fato de ter cometido um crime será considerado com maus antecedentes.

Exemplo: Crime anterior praticado em 1998, com sentença condenatória transitada em julgado no ano de 2000. O início da pena, de 19 anos, ocorreu em 2001 e findou-se em 2020. A partir de 2020 se inicia a contagem dos cinco anos, que findará em 2025. Se o agente praticar novo crime entre o trânsito em julgado do crime anterior (2000) e 2025, será considerado reincidente. Se o crime for cometido após o ano de 2025, a condenação pelo crime anterior não será considerada para efeitos de reincidência (sistema da temporariedade), mas sim como maus antecedentes

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Caso seja concedido o livramento condicional e não tenha havido a sua revogação, o prazo de cinco anos não será contado a partir da data do cumprimento ou extinção da pena, mas sim do dia em que iniciou o período de prova (início do cumprimento do livramento condicional, que se dá com a audiência admonitória).

No sursis (suspensão condicional da pena), o prazo de cinco anos não será contado a partir da data da extinção da pena privativa de liberdade (que seria após expirado o período de prova sem que tenha havido revogação), mas sim do dia em que iniciou o período de prova (início do sursis).

Obs: parte da doutrina entende que após os cinco anos, é proibido considerar o novo crime para maus antecedentes.

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OAB XXIII Exame Unificado, 2017

Caio, Mário e João são denunciados pela prática de um mesmo crime de estupro (Art. 213 do CP). Caio possuía uma condenação anterior definitiva pela prática de crime de deserção, delito militar próprio, ao cumprimento de pena privativa de liberdade. Já Mário possuía uma condenação anterior, com trânsito em julgado, pela prática de crime comum, com aplicação exclusiva de pena de multa. Por fim, João possuía condenação definitiva pela prática de contravenção penal à pena privativa de liberdade. No momento da sentença, o juiz reconhece agravante da reincidência em relação aos três denunciados.

Considerando apenas as informações narradas, de acordo com o Código Penal, o advogado dos réus

a) não poderá buscar o afastamento da agravante, já que todos são reincidentes. b) poderá buscar o afastamento da agravante em relação a Mário, já que somente Caio e João são reincidentes.

c) poderá buscar o afastamento da agravante em relação a João, já que somente Caio e Mário são reincidentes.

d) poderá buscar o afastamento da agravante em relação a Caio e João, já que somente Mário é reincidente.

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TÓPICOS RELACIONADOS À REINCIDÊNCIA Crime anterior no estrangeiro sem previsão típica no Brasil:

Se o agente praticar o novo crime no Brasil não será reincidente, eis que deve haver dupla tipicidade do crime anterior (fato considerado crime no estrangeiro e no Brasil).

Ex: crime de adultério nos Emirados Árabes e roubo no Brasil.

Medida de segurança aplicada ao fato criminoso anterior:

Se o agente for sancionado no primeiro crime com medida de segurança e depois cometer novo crime, não há reincidência. Isto porque a sentença que aplica a medida de segurança não é condenatória, mas sim absolutória (absolutória imprópria).

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Crime militar próprio e político

Para efeitos de reincidência não se considerarão os crimes anteriores se forem militares próprios (crimes previstos exclusivamente no CPM, como a deserção) ou crimes políticos.

Ex: trânsito em julgado da deserção e depois comete crime de estupro.

Será reincidente se cometer um crime militar próprio depois do trânsito em julgado de outro crime militar próprio.

Ex: trânsito em julgado da deserção e depois comete crime de abandono de posto.

Comprovação da Reincidência

A reincidência é comprovada por meio de certidão cartorária com a data do trânsito em julgado da condenação anterior. O STJ admite, também, a comprovação pela certidão de antecedentes criminais

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Extinção da punibilidade do 'crime anterior' antes do trânsito em julgado da sentença

Se houver incidência da Prescrição da Pretensão Punitiva (P.P.P.) pela pena em abstrato ou em concreto (P.P.P.A ou P.P.P.C) não gera os efeitos da reincidência, já que não houve trânsito em julgado.

Extinção da punibilidade do 'crime anterior' depois do trânsito em julgado da sentença

Se houver incidência da Prescrição da Pretensão Executória (P.P.E) há os efeitos da reincidência, já que houve trânsito em julgado.

Anistia e 'abolitio criminis' do crime anterior

Como elas cessam os efeitos penais da sentença condenatória, o agente que vier a praticar novo delito não poderá ser considerado reincidente. Isso ocorre mesmo após o trânsito em julgado.

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Perdão Judicial do Crime Anterior (Art 120 CP)

A sentença que concede o perdão judicial não gera a reincidência.

Ex: pai que mata o próprio filho culposamente e anos depois do trânsito em julgado, mata a esposa dolosamente.

Ne bis in idem e Reincidência

Súmula 241 do STJ, "a reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial".

Nada impede, todavia, a valoração dos maus antecedentes e da reincidência na mesma pena, desde que existam condenações criminais distintas.

Porte de drogas para consumo pessoal e Reincidência

Art 28 da Lei 11.343/2006

Sentença condenatória transitada em julgado gera reincidência, já que a referida conduta foi apenas despenalizada pela nova Lei de Drogas, mas não descriminalizada (abolitio criminis)

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Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;

II - o desconhecimento da lei; III - ter o agente:

a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;

b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;

c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;

d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

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TÓPICOS RELACIONADOS ÀS ATENUANTES

O desconhecimento da lei é inescusável e não isentará o agente de pena (art. 21 do CP), mas figura como atenuante

Relevante valor social - Interesse da coletividade. Ex: crime

praticado contra traidor ou terrorista.

Relevante valor moral - Interesse particular do agente, mas

apura-se de acordo com os princípios morais da sociedade. Ex: crime praticado contra o estuprador da filha do autor.

Influência de violenta emoção - hipótese em que ocorre a

diminuição de sua capacidade de autodeterminação, tornando menos reprovável a conduta. É a circunstância que coloca o agente em estado de ímpeto ou cólera intenso, mas com raciocínio.

É diferente do domínio de violenta emoção, no qual não há qualquer raciocínio (homicídio privilegiado, art. 121, §1º)

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Confissão - Justifica a atenuante em razão da colaboração do agente

com a instrução processual.

Para incidir a lei traz 3 requisitos:

1) espontaneidade (livre de coação);

2) que seja realizada perante a autoridade (ex.: delegado, juiz).

3) que o agente demonstre lastro mínimo de arrependimento (confissão fria ou em que o agente ressalta que faria tudo novamente não vale)

Confissão Qualificada - o agente confessa o fato, mas alega alguma

tese defensiva, como legítima defesa. Há divergência se ela pode considerada como atenuante.

Retratação da Confissão - Se o agente confessar perante a

autoridade policial e posteriormente se retratar em juízo, deve ser reconhecida a atenuante quando expressamente utilizada para a formação do convencimento do julgador na condenação

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TÓPICOS RELACIONADOS ÀS ATENUANTES Atenuante inominada

A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

Ex: crime por convicção moral ou filosófica (furto de cães em laboratório de experimentação)

A co-culpabilidade ou culpabilidade por vulnerabilidade é considerada como uma atenuante inominada. Conceito: refere-se a teoria que divide a responsabilidade, diante da prática de um fato delituoso entre o criminoso, a sociedade e o Estado. Se o criminoso foi criado em um contexto de marginalização e patente omissão governamental, ele teria uma causa atenuante. Ex: traficante em favela carente.

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TÓPICOS RELACIONADOS ÀS ATENUANTES Atenuante inominada

A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. Ex: crime por convicção moral ou filosófica (furto de cães em laboratório de experimentação)

A co-culpabilidade ou culpabilidade por vulnerabilidade é considerada como uma atenuante inominada. Conceito: refere-se a teoria que divide a responsabilidade, diante da prática de um fato delituoso entre o criminoso, a sociedade e o Estado. Se o criminoso foi criado em um contexto de marginalização e patente omissão governamental, ele teria uma causa atenuante. Ex: traficante em favela carente.

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3ª FASE

Causas de Aumento e Diminuição de Pena

Causas de aumento (ou majorantes) são circunstâncias que demonstram maior reprovabilidade e elevam a pena. O legislador, diante de uma circunstância, estabelece um determinado aumento em fração.

As causas de diminuição (ou minorantes) são circunstâncias que diminuem a pena em razão da menor reprovabilidade do fato praticado pelo agente.

Elas estão presentes na parte geral ou especial do Código.

As causas de aumento podem superar o máximo da pena abstrata e as causas de diminuição podem reduzir a pena abaixo do mínimo previsto.

Ex: Tentativa, Concurso Formal, Furto no Período de Descanso

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Concurso de causas de aumento ou de diminuição

Se houver concurso de causas de aumento ou diminuição previstas

na parte geral do CP o juiz deverá aplicar todas elas.

Exemplo: Desejo na participação de crime menos grave (art 29, §2º) aumento de 1/2 da pena + Concurso Formal (art. 70) aumento de 1/2 da pena = Dobra a Pena

Se houver concurso de causas de aumento ou diminuição previstas

na parte especial do CP, o juiz PODE se limitar a um só aumento ou

uma só diminuição, prevalecendo a causa que mais aumente ou mais diminua.

Exemplo: Crime contra honra contra funcionário Público (art. 141, II) aumento de 1/3 da pena + mediante promessa de recompensa (art. 141, § único) dobra a pena = Juiz irá escolher a causa que mais aumenta - Apenas dobra a pena. (é facultativo do juiz)

(58)
(59)

Exame de Ordem XV, 2014

José cometeu, em 10/11/2008, delito de roubo. Foi denunciado, processado e condenado, com sentença condenatória publicada em 18/10/2009. A referida sentença transitou definitivamente em julgado no dia 29/08/2010. No dia 15/05/2010, José cometeu novo delito, de furto, tendo sido condenado, por tal conduta, no dia 07/04/2012.

Nesse sentido, levando em conta a situação narrada e a disciplina acerca da reincidência, assinale a afirmativa correta.

a) Na sentença relativa ao delito de roubo, José deveria ser considerado reincidente.

b) Na sentença relativa ao delito de furto, José deveria ser considerado reincidente.

c) Na sentença relativa ao delito de furto, José deveria ser considerado primário.

d) Considera-se reincidente aquele que pratica crime após publicação de sentença que, no Brasil ou no estrangeiro, o tenha condenado por

(60)

Secretário de Diligências, 2015

De acordo com o Código Penal Brasileiro, com referência às penas, assinale a alternativa correta.

a) Constitui circunstância agravante a prática de crime por motivo fútil ou torpe.

b) A pena de reclusão deve ser cumprida apenas em regime fechado e a de detenção, em regime semiaberto ou aberto.

c) A pena privativa de liberdade nunca será substituída por pena restritiva de direitos se o condenado for reincidente.

d) Considera-se reincidente o agente que comete novo crime antes de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

e) O desconhecimento da lei é inescusável, razão pela qual não constitui circunstância atenuante da pena.

(61)

2017, Notário

Senhor X foi denunciado por crime do art. 171, caput, do Código Penal (estelionato), cometido em 21.02.2016. Considerando-se que Senhor X possui outras três condenações (Sentença 01, por crime praticado em 07.05.2015 e trânsito em julgado em 21.05.2015; Sentença 02, por crime praticado em 23.06.2016, sentença proferida em 22.12.2016, ainda não transitada em julgado; Sentença 03, por crime cometido em 15.10.2009, proferida sentença em 24.01.2010, e extinta a punibilidade, pelo cumprimento da pena, em 20.02.2011 ), na data da sentença, em 01.03.2017, será considerado, para fins de aplicação da pena, nos termos do art. 61, I do Código Penal,

a) com maus antecedentes e reincidente. b) sem antecedentes e reincidente.

c) reincidente.

(62)

Juiz Substituto, 2016

Determinada sentença justificou a dosimetria da pena em um crime de roubo da forma seguinte.

A culpabilidade do réu ficou comprovada, sendo a sua conduta altamente reprovável; não constam informações detalhadas sobre seus antecedentes, mas consta que ele foi anteriormente preso em

flagrante acusado de roubo — embora não haja prova do trânsito em julgado da condenação — e que

responde também a dois inquéritos policiais nos quais é acusado de furtar. A conduta social do réu não é boa e denota personalidade voltada para o crime; os motivos e as circunstâncias do crime não favorecem o réu; e as consequências do fato são muito graves, pois as vítimas, que em nada contribuíram para a deflagração do ato criminoso, tiveram prejuízo expressivo, já que houve desbordamento do caminho usualmente utilizado para a consumação do crime. É relevante observar que, sendo o réu pobre, semianalfabeto, sem profissão e sem emprego, muito provavelmente voltará ao crime, fato que, por si, justifica o aumento da pena-base como forma de prevenção.

Tendo em vista os elementos apresentados na justificação hipotética descrita, assinale a opção correta de acordo com a jurisprudência do STJ.

a) Por ser inerente ao crime de roubo, compondo a fase de criminalização primária, a perda material não poderia justificar o aumento da pena-base como consequência negativa do crime.

b) O juiz decidiu corretamente, pois apresentou justificação convincente, baseada no princípio do livre convencimento.

c) Considerando que o réu já tinha sido preso em flagrante por roubo e, mesmo sem o trânsito em julgado da respectiva sentença, ele ainda responde a dois inquéritos policiais por furtos, justifica-se a exacerbação da pena-base.

d) O juiz deveria ter levado em conta o fato de as vítimas em nada terem contribuído para a ocorrência do crime também como motivo para exasperação da pena-base do réu, a fim de atender as funções repressivas e preventivas da sanção penal.

e) A exasperação da pena-base por causa da pobreza, ignorância ou desemprego caracteriza a prática do que a doutrina denomina direito penal do inimigo.

(63)

Defensor Público, 2014

No cálculo da pena, o Juiz deve considerar, sucessivamente, se presentes no caso concreto,

a) o crime continuado, os antecedentes do acusado e o fato de ser menor de 21 anos.

b) a circunstância de ter o agente cometido o crime por motivo de relevante valor social, o arrependimento posterior e o comportamento da vítima.

c) a reparação do dano antes do julgamento, a tentativa e os motivos do crime.

d) as consequências do crime, a confissão espontânea e o arrependimento posterior.

(64)

Juiz Substituto, 2015

No cálculo da pena, o juiz deverá considerar o arrependimento posterior, a culpabilidade e a confissão espontânea nas seguintes etapas, respectivamente:

a) primeira, segunda e terceira. b) terceira, segunda e primeira c) primeira, terceira e segunda. d) terceira, primeira e segunda e) segunda, primeira e terceira.

Referências

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