• Nenhum resultado encontrado

“Construindo hoje, o amanhã desejado”: os Ethe político-profissionais dos/as assistentes sociais – entre rupturas, continuidades e tensões contemporâneas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "“Construindo hoje, o amanhã desejado”: os Ethe político-profissionais dos/as assistentes sociais – entre rupturas, continuidades e tensões contemporâneas"

Copied!
161
0
0

Texto

(1)RIO GRANDE DO NORTE – UFRN. UNIVERSIDADE FEDERAL DO. CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL – DESSO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL – PPGSS MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL. JODEYLSON ISLONY DE LIMA SOBRINHO. “CONSTRUINDO HOJE, O AMANHÃ DESEJADO”: Os Ethe PolíticoProfissionais dos/as Assistentes Sociais – entre rupturas, continuidades e tensões contemporâneas. NATAL/RN 2016.

(2) JODEYLSON ISLONY DE LIMA SOBRINHO. “CONSTRUINDO HOJE, O AMANHÃ DESEJADO”: Os Ethe PolíticoProfissionais dos/as Assistentes Sociais – entre rupturas, continuidades e tensões contemporâneas. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação. em. Serviço. Social. da. Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob orientação da Profa. Dra. Rita de Lourdes de Lima. Linha de Pesquisa: Serviço Social, Trabalho e Questão Social.. NATAL/RN 2016.

(3) Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA. Lima Sobrinho, Jodeylson Islony de. “Construindo hoje, o amanhã desejado”: Os Ethe Político Profissionais dos/as Assistentes Sociais – entre rupturas, continuidades e tensões contemporâneas/ Jodeylson Islony de Lima Sobrinho. - Natal, 2016. 159f: il.. Orientadora: Profa. Dra. Rita de Lourdes de Lima.. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Programa de Pósgraduação em Serviço Social.. 1. Ethos Político-Profissional – Dissertação. 2. Ética - Dissertação. 3. Projeto ético-político - Dissertação. 4. Racionalidades - Dissertação. 5. Serviço social Dissertação. I. Lima, Rita de Lourdes de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título..

(4)

(5) É. com. o. sentimento. de. alegria. e. satisfação que dedico este trabalho a dois grupos de pessoas, que contribuíram ativa e diretamente para que me tornasse o ser humano que sou: à minha família (pai/mãe, irmã e avôs/avós) e a todos/as profissionais que dão forma ao ethos humano-genérico do Serviço Social..

(6) AGRADECIMENTOS. Findando a construção desta dissertação, nessas últimas semanas, entre uns parágrafos e outros, as lágrimas e sorrisos se confluíram em análises críticas sobre o que nos propusemos a estudar durante o mestrado, sobretudo, pelas avaliações que vamos fazendo de nossas escolhas e o caminho decorrido nesse processo, o que só foi possível graças aos apoios e parcerias construídos em toda a minha trajetória de vida humana-profissional. Dito isso, começo agradecendo a Deus, enquanto força superior (sobrenatural), pelo alimento incorpóreo de nossas forças para a lida diária, mormente; pelas energias positivas emanadas dos movimentos espirituais empreendidos pela minha família. Aos meus pais, Francisco e Maria da Cruz, agradeço por toda nossa trajetória de vida, pelo companheirismo que se fez presente, pela forma singular de manifestarem seu afeto e carinho por mim, e, ainda, pela força objetiva e subjetiva depositada em meu percurso de formação humano-profissional. Aos meus avós, Neusa e Abidoral, e, em especial, à minha avó-mãe Maria Alves de Sousa por tudo: pela forma de ser, pela força, pelo incentivo, pelo carinho e amor (rude, mas verdadeiro), pela confiança e crença nos meus sonhos, pela partilha de meus sonhos junto a mim, pelas vezes que trocou os seus sonhos para viver os meus, por tudo isso, só tenho a dizer: muito obrigado! À minha irmã, Maria Aparecida, pelos diálogos, conversas, incentivos, trocas de experiências e afetos; pelas velhas brigas de irmãos, que sempre nos fazem amadurecer mais; e, ainda, pelas vezes que esteve ao meu lado, me ajudando na resolução das demandas do meu cotidiano. Aos meus/minhas primos/primas, tios/tias que têm se configurado como uma grande torcida para as minhas conquistas, sobretudo, para o tão sonhado título de mestre. Aos meus/minhas amigos/as e ao conjunto das relações constituídas nesse trajeto, só tenho a agradecer pelos momentos que nos oportunizaram crescimento humano e profissional mútuo. Dentre essas amizades, destaco aquelas que compõem um seleto grupo de pessoas, no qual, mesmo cada um em seu lugar, hoje, estamos mais pertos uns dos outros, graças a nosso inigualável grupo do WhatsApp (“É nóis de novo”): Ananda Barbosa, Antonia Araújo, Adriana Maria,.

(7) Anderlyvia Nunes, Bruno Barbosa, Dalila Araújo, Luciana Abreu, Maria Aparecida, Maura Patrícia e Natália Frota. Às minhas amigas de vida e de profissão, agradeço pelos risos, pelo fortalecimento do Projeto Etílico do Serviço Social, mas agradeço mesmo pela formação permanente empreendida nesses últimos anos. Obrigado a vocês: Luciana Abreu, Antônia Araújo, Juliana Gomes, Íris Neiva, Maíra Veloso, Karina Sampaio (minha orientadora de monografia), Leina Mônica, Márcia Brandão, Yolanda Guerra, Malu Duriguetto, Edla Hoffmann, Íris de Oliveira, Maria Helena Elpídio, Luciana Nascimento, Luciana Carvalho, Maria Clara, Nilmar Santos, Priscilla Gracia, Fernanda Araújo, Kamylla Queiroz, Maureen Azevedo, Floriza Soares, Luana Soares, Regina Ávila, Andréa Lima, Silvana Mara, Carla Montefusco, Marta Simone, Alane Dantas, Elizângela Cardoso, Ilena Barros, Annamaria Araújo e tantas/os outras/os que estão representadas/os nessas grandes guerreiras de profissão. Faço ainda um agradecimento especial à Luciana Abreu (mãe, amiga, irmã, colega e companheira de trabalho) por todo o apoio e força dedicados a mim nesse processo, assumindo um papel preponderante para a construção dessa dissertação, pois, no momento que mais precisei, ela estava lá para agir e contribuir para que a dissertação saísse, “segurando as pontas” às duras penas, com a simplicidade, a leveza e a ternura de sempre. Aos dirigentes da Faculdade Adelmar Rosado, Lisiane e Lomanto, em especial, ao mentor dessa Instituição, Sr. Adelmar Rosado, o meu mais fraterno agradecimento, pelo incentivo objetivo/subjetivo em todo meu processo de formação profissional. Aos companheiros/as da Gestão “Nenhum Passo Atrás!” (2012/2013), da Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social (ENESSO), com os quais aprendi a respeitar, admirar e compartilhar momentos de lutas e resistência do Projeto Ético-Político Profissional do Serviço Social. Também aos companheiros/as de duas gestões de Centro Acadêmico de Serviço Social da Faculdade Adelmar Rosado (FAR), que contribuíram para a reorganização política do Movimento Estudantil de Serviço Social no estado do Piauí. Aos/as camaradas do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) – Gestão "Tempo de Luta e Resistência" (2011/2014) –, da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) – Gestão “Lutar Quando é Fácil Ceder” (2013/2014) – e do Conselho Regional de Serviço Social da 22ª Região.

(8) (CRESS/PI) – Gestão “Serviço Social na luta sempre!” – agradeço pelos espaços de militância compartilhados. Agradeço, também, aos camaradas da turma de mestrado, com os quais compartilhei grandes momentos dessa formação, seja no âmbito teórico-prático, seja na construção de relações afetivo-sociais. Às professoras do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFRN, em especial à Edla Hoffmann – apesar de não ter sido minha professora, tornou-se uma amiga para toda a vida – pelo companheirismo e parceria. Agradeço imensamente pela forma de acolherem seus/suas alunos/as, e, pela condução do seu exercício profissional, pois, para além das relações político-profissionais, pude compartilhar e, fortalecer, ainda mais, o nosso ethos humano-genérico. Agradeço imensamente às estagiárias e às supervisoras de campo, que apesar da dificuldade de tempo e trabalho, aceitaram o convite para participarem desta pesquisa, sem as quais não teríamos percorrido esse caminho. À minha primeira orientadora de dissertação, Drª Regina Ávila, toda minha admiração, e gratidão imensa pelas trocas de saberes, pela acolhida carinhosa e afetuosa na primeira parte desse processo, conduzindo-o com muita destreza e dedicação. À professora e amiga Drª Rita de Lourdes de Lima, minha atual orientadora, só tenho a agradecer, pois com ela compartilhei grandes momentos dessa formação profissional, além da construção de espaços coletivos de organização da categoria, bem como dos movimentos mais gerais da classe trabalhadora. Agradeço, ainda, pelos afetos compartilhados, pois buscamos construir um caminho mais leve e humano para esse processo. Por tudo isso, levarei muitos dos seus ensinamentos, dentre eles, a sua humildade, expressa em suas atitudes humano-genéricas. Além dessas duas últimas, agradeço também às professoras Silvana Mara e Miriam Inácio por terem aceitado o convite de participarem dessa banca de defesa. E, por fim, aos/às camaradas, companheiros/as, amigos/as e colegas espalhados/as por este imenso Brasil, com os/as quais tive a oportunidade de conhecer, dialogar e construir o meu processo de formação humano-profissional, e que, com certeza, direta ou indiretamente, contribuíram para a materialização deste momento. A todos/as o meu “muito obrigado!”.

(9) “No momento em que conseguimos nos reconhecer. enquanto. seres. humano-. genéricos realizamos nossa capacidade ética. e. temos mais possibilidades de. vivencias atitudes éticas que levem em conta o outro. É o momento em que realmente. exercemos. a. liberdade. e. alteridade no reconhecimento do eu no outro e do outro em mim, tendo escolhas que não firam o que há de humano em mim ou no outro. e. podendo. respeitar. nossas. singularidades". (CARDOSO, 2013, p. 65, grifos nosso).

(10) RESUMO. Ao apreender a ética profissional como uma particularidade da vida ética, compreendemos que ela se conforma num todo articulado em suas particularidades, seja no âmbito da normatização, da filosofia e/ou do ethos profissional. Dessa maneira, objetivamos com esse trabalho, conhecer e analisar os ethe políticoprofissionais dos/as assistentes sociais, concebidos como o modo de ser concreto, permeado pelos valores e princípios (re)produzidos no exercício profissional. Os esforços teórico-políticos aqui empreendidos ganham forma e conteúdo num contexto marcado pelo (re)desenhamento das condições objetivas/subjetivas da sociedade contemporânea, em um sentido de retrocesso ético-político, o qual demarca, também, uma (re)configuração na cultura profissional do Serviço Social, tornando-se relevante o aprofundamento teórico-prático sobre tal realidade e seus rebatimentos nos ethe político-profissionais. Delineamos o processo de pesquisa alicerçado na perspectiva crítica-dialética, a partir de uma abordagem qualitativa, compreendendo que nosso objeto de estudo é determinado socialmente e historicamente, e, que, no atual contexto de neoliberalização, tem sofrido rebatimentos diretos do reordenamento nos diversos campos da vida social. No processo de construção da pesquisa, utilizamos alguns aportes teóricometodológicos, dentre eles: pesquisa bibliográfica e documental, observação e entrevistas semi-estruturadas. Como locus de pesquisa, optamos por duas Instituições de Ensino Superior (IES) da cidade de Teresina/PI que possuem o curso de Serviço Social, e, assim, delineamos a quantidade de 10 (dez) sujeitas que foram entrevistadas, distribuídas da seguinte forma: 3 (três) discentes de cada IES, que estavam cursando o 8º (oitavo) período e matriculadas no Estágio Obrigatório (totalizando 6 discentes) e 2 (dois) supervisoras de estágio de cada Instituição – uma supervisora acadêmica e outra de campo – totalizando 4 (quatro) supervisoras de estágio. À vista disso, apresentamos a discussão ontológica da ética, reportandonos ao trabalho como fundante do ser social e dos valores que se formam a partir desse pressuposto. Problematizamos a relação entre o pensamento conservador e o pensamento marxista e seus rebatimentos no âmbito do Serviço Social, apreendendo como a tríade do estágio supervisionado lida com o Projeto ÉticoPolítico Profissional (PEPP) nos seus espaços de intervenções socioprofissionais. A análise dos dados indica uma adesão formal ao PEPP por parte de algumas entrevistadas e, fundamentalmente, que há uma conflito antagônico de ethos político-profissionais sendo constituídos nos meandros da formação e do exercício profissional que confluem para duas grandes tendências de ethos: um amparado na direção crítica da profissão, denominado aqui de ethos humano-genérico e, outro, alicerçado na perspectiva conservadora, que chamaremos de idealista-formal, o qual tem-se (re)atualizado, em seu conjunto, por direcionamentos distintos que reeditam antigos ranços profissionais: o pragmatismo, o messianismo e o fatalismo. Palavras-chave: Ethos Político-Profissional. Ética. Racionalidades. Serviço Social. Projeto Ético-Político Profissional..

(11) ABSTRACT. Learning the professional ethics as a peculiarity of ethical life, we understand that it conforms in a whole articulated in its peculiarities, is under the regulation, philosophy and/or professional ethos. In this way, we objectify with this work, learn and analyze the political and professional ethos of social workers, conceived as the mode of being concrete, permeated by the values and principles (re) produced in professional practice. The theoretical and political efforts here undertaken gain form and content in a context marked by the reordering the objective / subjective conditions of contemporary society, a sense of ethical and political backlash, which demarcates also a (re) configuration of the professional Social Work culture, becoming relevant the theoretical and practical deepening of this reality and its repercussions in political and professional ethos. Outlined the process of grounded research on criticaldialectical perspective, from a qualitative approach, realizing that our object of study is socially and historically determined, and which, in the current context of neoliberalization has suffered direct the aftermaths reordering in the various fields of social life. In the construction process In search of the research we use some theoretical and methodological contributions, among them: bibliographical and documentary research, observation and semi-structured interviews. As the lócus of the research, we opted for two Higher Education Institutions (HEIs) in the city of Teresina / PI that have the Social Work course, and thus outline the amount of ten (10) subject who were interviewed, distributed as follows: 3 (three) students of each HEI, who were attending the 8th (eighth) period and enrolled in the Required stage (totalizing 6 students) and two (2) stage supervisors of each institution - an academic supervisor and other of academic field - totalizing four (4) internship supervisors. In view of this, we refer ourselves to problematize the relationship between conservative and Marxist thought, learning how to stage triad supervised deals with the Ethical-Political Professional Project in their areas of socio-economic interventions. Thus, outlined the process of grounded research on critical-dialectical perspective, from a qualitative approach, realizing that our object of study is determined socially and historically, and which, in the current context of neoliberalization has suffered repercussions direct the reordering in the various fields of social life, which are: economical, ideological, cultural, legal, political, science, morality, ethics, among many others. In search of the building process we use some theoretical and methodological contributions, including: bibliographic and documentary research, field research, observation, interviews and their analysis of content. As a research lócus, we opted for two Higher Education Institutions (HEIs) in the city of Teresina / PI that have the Social Work course, and thus outline the amount of ten (10) subject who were interviewed, distributed in: 3 (three) students of each HEI, who were attending the 8th (eighth) period and enrolled in the Required Stage and two (2), stage of supervisors of each institution - an academic supervisor and other academic field - totalizing four (4) supervisors of stage, which enable us to raise the concrete to the abstract, bringing some directions in our synthesis, which is the concrete-thinking of this movement, including that there is a political and professional de ethos antagonistic conflict being made in the intricacies of training and professional practice that converge to two major trends of ethos: one supported in the critical direction of the profession, called ethos human-generic, and the other, based on conservative perspective, we'll call idealistic-formal, which it has been (re) updated in its together, for different and varied directions, only, all rooted in the latter.

(12) ethos. Keywords: Political and Professional Ethos. Ethic. rationalities. Social Work. EthicalPolitical Professional Project..

(13) LISTA DE SIGLAS. ABEPSS. Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. BIRD. Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento. BM. Banco Mundial. CASS. Centro Acadêmico de Serviço Social. CBAS. Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais. CCSA. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. CE. Código de Ética. CEP. Código de Ética Profissional. CFESS. Conselho Federal de Serviço Social. CNE. Conselho Nacional de Educação. CRAS. Centro de Referência da Assistência Social. CRESS. Conselho Regional de Serviço Social. DC. Diretrizes Curriculares. DESSO. Departamento de Serviço Social. DRU. Desvinculação das Receitas da União. EAD. Educação à Distância. EJC. Encontro de Jovens com Cristo. ENESS. Encontro Nacional dos Estudantes de Serviço Social. ENESSO. Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social. FAR. Faculdade Adelmar Rosado. FMI. Fundo Monetário Internacional. IES. Instituição de Ensino Superior. LDB. Lei de Diretrizes de Bases da educação brasileira. MEC. Ministério da Educação. MESS. Movimento Estudantil de Serviço Social. OEA. Organização dos Estados Americanos. OIT. Organização Internacional do Trabalho. ONG. Organização Não Governamental. ONU. Organização das Nações Unidas. PEP. Projeto Ético-Político. PEPP. Projeto Ético-Político Profissional. PI. Piauí.

(14) PNE. Polícia Nacional de Estágio. PPGSS. Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. PPP. Parceria Público Privado. RN. Rio Grande do Norte. TCC. Trabalho de Conclusão de Curso. TIC. Tecnologia da Informação. UESPI. Universidade Estadual do Piauí. UFPI. Universidade Federal do Piauí. UFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. ULBRA. Universidade Luterana do Brasil. UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

(15) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO: O PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA PESQUISA ................. 16 2 TRABALHO E ÉTICA: VELHAS QUESTÕES, NOVAS TENSÕES! ..................... 39 2.1 Do humano-genérico à alienação do ser social ............................................. 39 2.2 O trabalho em tempos de neoliberalização da vida social: entre valores individuais e humano-genéricos............................................................................ 54 2.3 Os desdobramentos teórico-políticos das racionalidades presentes na sociedade moderna: a abstrata-formal x a crítica-dialética................................. 67 3 OS ETHE POLÍTICO-PROFISSIONAIS DOS/AS ASSISTENTES SOCIAIS: RUPTURAS, CONTINUIDADES E TENSÕES CONTEMPORÂNEAS .................... 77 3.1 “Os Marxismos” e o Projeto Ético-Político do Serviço Social: Entre continuidades e rupturas para o amadurecimento profissional ......................... 78 3.2 O Código de Ética dos/as assistentes sociais e as Diretrizes Curriculares: implicações teórico-políticas ................................................................................. 85 3.3 O ethos conservador: O movimento que se repete na história .................... 98 3.4 Os desdobramentos do ethos conservador no trabalho dos/as assistentes sociais: Do fatalismo/pragmatismo ao messianismo/ajuda profissional ......... 104 3.5 Oxe! Há disputa de ethos no Serviço Social? Entre a hegemonia ameaçada e a ameaça da hegemonia .................................................................................... 120 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS: DE VOLTA AO COMEÇO, BUSCANDO O CONCRETO PENSADO ......................................................................................... 133 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 143 APÊNDICES ........................................................................................................... 149 APÊNDICE I – Roteiro de entrevista com discentes e supervisores de estágio de campo................................................................................................................ 149 APÊNDICE II – Roteiro de entrevista com docentes supervisores de estágio acadêmico .............................................................................................................. 151 APÊNDICE III – Termo de consentimento livre e esclarecido ........................... 153 ANEXOS ................................................................................................................. 157 ANEXO I – Parecer consubstanciado do comitê de ética em pesquisa ........... 157.

(16) 14. 80 ANOS: OUTRAS PRIMAVERAS VIRÃO... 80 anos de uma profissão cheia de mãos, ideias, lutas, corações, sonhos e também feita de medos... Medo do messianismo, do fatalismo, medo da apatia, do tosco pragmatismo, do ataque aos direitos, medo da desesperança. Mas do medo brota, também, pensamento e ação crítica. Nosso trabalho está cravado no campo, nas cidades, nas fábricas, nas ruas.. 80 anos se passaram... Conquistamos maturidade... Sobrevivemos? Mais que isso. Continuamos firmes na luta. Ainda tem cercas nos latifúndios, Mariana ainda chora, “Amarildos” continuam desaparecidos. Neste país há pena capital para duas mulheres ou dois homens que se amam. Luana presente!!! Mulheres são condenadas à fogueira, e a pobreza ainda é criminalizada. Chegamos aos 80 anos, numa conjuntura despótica, em dias que reeditam golpes, num tempo em que as ideologias parecem difusas, Mas aqui estamos com ares rebeldes, enfrentando tendências que nos barbarizam, num movimento social e político que rema na contramarcha deste sistema que degenera a essência, o lirismo do ser humano. E de “Virada” mesmo em dias de chumbo e silêncio, nos fizemos ouvir com intensos e importantes ruídos. E o nosso grito se faz permanente diante do recrudescimento das condições de vida da classe trabalhadora. E dos nossos próprios escombros, escrevemos um outro texto, marcamos nossa posição na luta de classe, embalamos nossas utopias em duras realidades, refizemos nossa agenda política e pintamos com outras tintas a história desta profissão.. Mas de que matéria somos feitos/as? Quantos sonhos nós sonhamos? Prosseguiremos? Desistiremos? O cansaço nos aquebranta? Digo que não! O nosso enredo é outro. A nossa ação profissional se fabrica nas necessidades cotidianas da classe trabalhadora e no processo de organização e luta coletiva..

(17) 15. Não podemos nos dispersar, nos abater. Que a violência do capitalismo não nos sature! A luta sempre nos chamará para as suas fileiras, os dias ásperos irão passar. E nos lugares mais inóspitos, nas dores mais sentidas e sofridas, nascerão esperanças, gestos, embates, coragens, resistências e mais uma batalha a ser enfrentada. E nós enfrentaremos, meio à crise estrutural, as ameaças de desemprego, os parcos salários, as bocas amordaçadas pela insurgência do Estado de exceção que se revela hoje no chão da antidemocracia. Melhor saberem logo! Não aceitaremos que nos calem.. 80 anos não se faz em vão. 80 anos marca a nossa resistência, os nossos cantares, suores, lágrimas, e uma intransigência na defesa dos Direitos da classe trabalhadora. 80 anos marca a nossa lida diária, o que conquistamos e o que ainda vamos desbravar. 80 anos cabe o nosso manifesto, a nossa indignação, a denúncia, a nossa ocupação libertária no palco da história.... E num processo inverso, numa ampulheta que conta o tempo ao contrário, vamos rejuvenescendo, com a luz de quem não teme a chama da luta, vamos remoçando com o frescor do amanhecer que traz o futuro que desejamos e lutamos nos seus braços. E neste sonho prodigioso, poderemos olhar para nosso passado e o que vier pela frente e dizer sem medo: da luta não me retiro! (Andréa Lima – Assistente Social, Professora da UFRN).

(18) 16. 1 INTRODUÇÃO: O PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DA PESQUISA. Esta pesquisa sustentou-se em esforços teórico-práticos na busca de desvelar os ethe circunscritos no processo de formação em Serviço Social, assim como de apreender quais elementos constituem a hegemonia do ethos pautado na direção do Projeto Ético-Político Profissional. Essa problemática é, essencialmente, fruto de questionamentos advindos dos resultados da pesquisa empreendida no meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da graduação em Serviço Social, que tinha como objetivo analisar a dimensão ético-política do Serviço Social no processo de formação. Dentre esses resultados, mostrou-se evidente uma associação unilateral, pelos estudantes, do Projeto ÉticoPolítico (PEP) ao Código de Ética profissional (CE). Sob esse prisma de abordagem, elenco como objetivo geral deste trabalho: Apreender os ethe político-profissionais presentes no processo da formação e do exercício profissional em Serviço Social. E, a fim de garantir sua materialidade, esse objetivo desdobra-se nos seguintes objetivos específicos: Problematizar a relação entre o pensamento conservador e o pensamento marxista presentes na formação profissional; Apreender os determinantes que autoimplicam na construção dos ethe político-profissionais na formação em Serviço Social; Apreender como discentes, docentes supervisores acadêmicos e supervisores de campo de estágio lidam com o Projeto Ético-Político do Serviço Social no exercício profissional, a partir do estágio obrigatório na realidade de Teresina - Piauí; Analisar os documentos institucionais acerca da formatação do curso de Serviço Social nas instituições pesquisadas. É nesse limiar que a pesquisa teve como proposta: fazer uma análise críticoreflexiva dos ethe profissionais presentes na formação em Serviço Social, buscando desvelar a realidade e apreender suas múltiplas determinações no que se refere aos ethe construídos nesse processo, realizando, assim, uma análise históricomaterialista da prática profissional dos/as sujeitos/as entrevistados/as. Apreender como esses ethe se configuram no processo de formação profissional significou trazer à tona uma análise radical dos confrontos existentes entre esses modos de ser ético-político profissional, já que eles emergem em um processo de formação profissional configurado pelas tensões sócio-políticas e éticoteóricas, expressas em um contexto de correlação de forças distintas, operadas em.

(19) 17. todo o processo de formação: perpassando o campo que configura o ensino, bem como os que conformam a pesquisa e, ainda, a extensão universitária. Dessa forma, objetivou-se desvelar quais são as determinantes que condicionam a construção de ethos diversos no interior da formação/exercício profissional em Serviço Social e quais são essas tendências. Esse caminho foi costurado por um coletivo de escolhas e sentimentos que se expressam em inquietações, dilemas, (in)certezas, rupturas/continuidades, anseios, medos, alegrias, participações, afetos, discussões/embates calorosos, entre outros, a partir dos quais fui construindo o meu próprio caminhar. No entanto, cada escolha feita resulta em um conjunto de pores teleológicos distintos, o que não seria diferente no campo das ciências, principalmente, pelo caldo teórico-político que as envolve na contemporaneidade. Sendo assim, parti do pressuposto que somente o materialismo histórico-dialético nos possibilita apreender a realidade em suas múltiplas determinações, a partir de aproximações sucessivas do real – compreendido em suas dimensões concreta e imaterial. Muitos desses caminhos foram sendo construídos de tal forma que não me dei conta do quanto eles compõem uma totalidade dialética. Com isso, durante esse processo – na minha individualidade – na minha trajetória pessoal/profissional fui buscando atribuir valores àqueles pormenores que eu imaginava terem algum significado nesse contexto todo, exercitando minha atividade autorreflexiva e autoavaliativa dessa totalidade. É um momento em que parei para refletir sobre o caminho que vinha trilhando nesses anos de formação humana/profissional e, diante disso, qual tem sido a nossa contribuição para a transformação da realidade, para a categoria profissional e, principalmente, para os usuários dos nossos serviços? Então, é importante demarcar um pouco dessa história, que talvez tenha influência – (in)conscientemente – na minha aproximação com o Serviço Social, que num primeiro momento se deu de forma meio tortuosa, pois ao ingressar no curso de Serviço Social, nos idos de 2007, eu não tinha sequer noção do que era a profissão, ou o que faz um/a assistente social. Entretanto, como filho de pais trabalhadores rurais que sempre lutaram e, ainda, lutam cotidianamente para sustentar seus dois filhos – eu e minha irmã – com muita determinação e dedicação, aos quais se alicerçam num conjunto de valores e de princípios construídos naquela cidadezinha de São Pedro do Piauí, já aprendi.

(20) 18. com eles o quanto a vida é permeada de contradições. Nessas contradições temos a dificuldade cotidiana de fazer escolhas que, nem sempre, induzem-nos ao melhor caminho a ser seguido. Só que muitas dessas escolhas se configuram em caminhos induzidos pelos sujeitos que nos cercam e/ou que sobre nós exercem alguma forma de poder/influência; já outras resultam dos momentos de superações que fazemos. Dessa forma, essas (des)continuidades fazem parte do que sou hoje, pois percebo que já consegui superar um conjunto de valores e princípios de caminhos passados, por meio de um processo de maturação teórico-político e humano-profissional, haja vista tudo se conformar no tempo histórico. Nessa trajetória, percorri um caminho público que, em sua gênese, esteve atrelado às atividades da Igreja Católica daquela cidade, participando diretamente da organização religiosa – em todos os seus contornos e valorações humanocristãos – dos/as adolescentes e jovens, assumindo coordenações de vários grupos, dentre os quais o Encontro de Jovens com Cristo (EJC) se configurava o mais representativo. Outro momento marcante foi ter participado das configurações políticopartidárias do município, que variou desde as eleições para diretores da escola onde cursava o ensino médio até as eleições municipais. Sempre me posicionava, pois fazia campanha para aquele projeto que mais se alinhava com o que eu defendia (à época uma visão muito pequena e fragmentada da realidade, atrelada aos valores e princípios da Igreja). Mas, diante desse contexto todo, o meu maior sonho era ingressar em uma universidade, e, por muito tempo, esse sonho se remetia ao curso de Bacharelado em Direito1. Contudo, as limitações objetivas e subjetivas da minha vida não me permitiram, naquele momento, realizar tal sonho. Esse desejo de ingressar no ensino superior continuou latente nas minhas idealizações até que consegui materializá-lo, a partir do momento em que a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) implantou um polo da Educação à Distância (EAD), no ano de 2008, em uma cidade vizinha à minha. A então escolha pelo curso de Serviço Social, naquele momento, se mostra hoje como a escolha 1. Depois, tive a oportunidade de ingressar no curso de Direito na UFPI, bem como a aprovação em outros cursos nessa universidade, e, ainda, no curso de Letras/Espanhol na UESPI. Entretanto, não cheguei a concluir nenhum desses cursos, haja vista estar diretamente envolvido nos movimentos do Serviço Social, me distanciando das perspectivas teórico-políticas empreendidas nesses cursos..

(21) 19. mais acertada que fiz em minha vida. Naquele contexto, só não foi a mais acertada por ser na modalidade EAD. Entretanto, a participação no XXXII Encontro Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESS), ocorrido na Universidade Federal do Piauí (UFPI) no ano de 2010, levou-me a ver a realidade a partir de outra concepção teórica, pois até então, além de estar me formando em uma faculdade pela modalidade EAD. A defendia com tamanha veemência, que não conseguia sequer fazer uma análise crítica-reflexiva sobre o componente educacional no qual eu estava inserido. Diante da reflexão sobre o que significava o EAD, no final do ano de 2010, optei por transferir o meu curso e por cursá-lo novamente, integralmente na modalidade presencial. Assim, concluí o curso de Serviço Social na Faculdade Adelmar Rosado (FAR) em Teresina, faculdade particular, onde tive melhores condições de seguir minha formação com qualidade (ainda não nas melhores condições, mas nas condições possíveis). Esse (re)ingresso demarcou um conjunto de aspirações em relação à minha pessoa, tendo em vista eu ser um dos primeiros da minha família a ingressar em um curso de nível superior. Terminada a graduação, deparei-me com todas as inquietações/medos/anseios do que fazer a partir desse período, o que, mais uma vez, levou-me a fazer as minhas escolhas de qual percurso seguir. Optei por fazer o Mestrado em Serviço Social na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pelas aproximações político-afetivas com alguns camaradas da época do Movimento Estudantil, os quais já faziam o mestrado nesta Universidade, ajudando-me a tomar a decisão naquele momento. Além disso, ao pesquisar sobre as condições da Universidade e do Mestrado, cheguei à conclusão de que a UFRN era a única Universidade, mais próxima de Teresina, a ofertar o mestrado em Serviço Social. Outro elemento considerado foi a qualidade do corpo docente e dos grupos de pesquisa da qual a universidade dispunha. Um corpo docente comprometido com a direção crítico-dialética da nossa profissão, não construindo essa direção somente no espaço acadêmico, mas, sobretudo, pelas suas inserções concretas nos movimentos da categoria e nos movimentos mais gerais da classe trabalhadora. Cotidianamente, sempre fiz e tenho feito um conjunto de reflexões sobre o modo de ser das pessoas, tais como: por que agimos dessa forma e não daquela outra? Por que escolhemos isso em detrimento daquilo e o que determina essa.

(22) 20. escolha? Por que fiz/faço isso? Então, são nesses (des)caminhos e escolhas que vamos construindo o nosso ethos humano-pessoal. Mas o que refletir sobre a categoria ethos? E, ainda, o que entendemos por ethos profissional? Esse campo de reflexão permeado de determinações sócio-históricas requer um aprofundamento teórico-político capaz de desvendá-las, o que me leva a pensar, primeiramente, na definição epistemológica do que é ethos: “Palavra de procedência grega, e possui como definição com relação aos hábitos adquiridos por uma comunidade, é o que distingue um grupo social e cultural dos outros, sendo assim uma identidade social” (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2013). Dessa forma, parto da compreensão de que ethos é o modo de ser dos sujeitos, a forma como dão materialidade ao conjunto de princípios e valores – objetiva/subjetivamente – no conjunto das relações sociais; é a forma como direcionam suas escolhas e, diante disso, como se colocam frente aos pores teleológicos desencadeados por essas escolhas. Ou seja, é a identidade social, que se move no campo dialético da relação entre a universalidade (humanidade) e a singularidade (individualidade). Destarte, sobre ethos profissional, Barroco (2010b, p. 68) afirma ser “[...] um modo de ser constituído na relação complexa entre as necessidades socioeconômicas e ídeo-culturais e as possibilidades de escolha inseridas nas ações ético-morais, o que aponta para sua diversidade, mutabilidade e contraditoriedade”. Entendo, portanto, por ethos profissional dos/as assistentes sociais – sejam profissionais e/ou em processo de formação – a identidade socioprofissional desses, seu modo de ser ético-político constituído/constituinte no processo da formação e do exercício profissional, forjando-se num contexto de multicausalidade que se autoimplicam na relação subjetiva e objetiva da formação e do exercício, em que sua condição mutável e contraditória recai na possibilidade de constituição de ethe em direções distintas, as quais demarcam os antagonismos e as contradições que se assentam no seio dessa categoria. Ainda, segundo Lima (2005, p. 32), acerca desta questão, porém, é importante assinalar que o sujeito profissional não se confunde com a profissão. Há elementos convergentes e divergentes. Dito de outra forma: o(a) Assistente Social tem sua própria história de vida e, como sujeito, com determinações histórico-sociais, tem suas singularidades, que, por vezes, divergem do discurso e representações da própria profissão. Além disso, o Serviço Social, hoje, é muito mais complexo que em sua origem..

(23) 21. É neste campo de contradições que se sustenta a realização desta pesquisa, motivada pela minha inquietude acerca da formação profissional em Serviço Social, no que se refere aos conflitos e disputas de projetos profissionais e societários dentro da Universidade, buscando apreender a relação entre o Projeto Ético-Político com a construção dos ethe profissionais dos/as assistentes sociais. Um dos principais caminhos que levou à realização desta pesquisa, acredito, foi o da vivência militante estudantil, pois no Movimento Estudantil de Serviço Social (MESS) que eu, enquanto coordenador da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO) – gestão “Nenhum Passo Atrás!” 2012-2013 –, pude ter maior proximidade teórico-política com essa temática, haja vista ter assumido a coordenação de Formação Político-Profissional da Executiva, possibilitando-me estar presente nas calorosas discussões sobre os meandros do Projeto ÉticoPolítico, sobretudo, no processo de formação desses sujeitos. A minha experiência como presidente do Centro Acadêmico de Serviço Social (CASS) da Faculdade Adelmar Rosado (FAR) também é parte integrante dessa aproximação com o objeto a ser estudado, pois, cotidianamente, estive envolvido com demandas acadêmico-profissionais sobre tal temática na realidade da Instituição. Todos esses espaços foram aproximando-me deste objeto de pesquisa e, nessa conjuntura de aproximação, tenho de ressaltar a importância da minha participação no Grupo de Trabalho Nacional sobre Trabalho e Formação Profissional – enquanto representante da ENESSO – do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), juntamente com os Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) e a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), nessa realidade. Portanto, mostra-se o quanto esse espaço se configurou como aproximativo, tanto do objeto de pesquisa do meu TCC, como para a construção desse projeto de dissertação. Diante dessas aproximações com espaços que me levaram à delimitação dessa pesquisa, se soma, também, a minha experiência como monitor da disciplina de Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social II, no período de 2012 a 2013 na faculdade onde me formei. Acrescenta-se a essa realidade a vivência como professor nas disciplinas de Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social I e II, Ética Profissional, Movimentos Sociais e Serviço Social, Instrumentalidade do Serviço Social e Pesquisa Social I, II.

(24) 22. e III, nas quais pude ter uma aproximação com a docência em Serviço Social, vivenciando o lado docente dessa trama, que é a formação profissional. Outro componente decisivo nessa trilha foi a participação, enquanto conselheiro, no Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) 22ª Região – Piauí, pois, nesse espaço de organização da categoria, pude participar de vários espaços de formação permanente e mobilização política, dentre os quais a 14ª edição do Curso Ética em Movimento. Nesses espaços, fui percebendo e me inquietando, em vários momentos, com fragilidades teórico-políticas dos/as assistentes sociais; algumas análises superficiais e que não iam além do aparente, sujeitos com pouco compromisso em relação à profissão e os/as usuários/as, dentre outros elementos. Esses acontecimentos iam me inquietando e me levaram à necessidade de refletir sobre os ethe profissionais. Outrossim, ressalto que todas as disciplinas cursadas no mestrado tiveram fundamental relevância na aproximação com os pressupostos teórico-metodológicos desta pesquisa, visto que permitiram-me um aprofundamento de categorias centrais para a análise e a apreensão do que me propus a fazer no desenvolvimento desta. Da mesma maneira, a participação nos grupos de estudos e pesquisa; nos seminários, palestras, cursos e minicursos; a docência assistida na graduação; as palestras, cursos e minicursos proferidos; as mobilizações sociais que participei; enfim, todos os caminhos percorridos no mestrado tiveram sua parcela de contribuição para os esforços teórico-práticos empreendidos no desenrolar da pesquisa aqui apresentada. À vista disso, devemos reconhecer a importância da reflexão ético-política e de uma educação que promova a reflexão crítica em todas as dimensões, e que permita aos indivíduos refletir sobre o seu agir ético (TONET, 2002), conscientes de que toda escolha realizada no cotidiano tem uma dimensão ético-política. Isso não implica a imposição de uma forma de pensar, significa liberdade de escolher um projeto de vida diverso do proposto pelo sistema capitalista (LIMA, 2005). Portanto, entendo que tal pesquisa mostra-se relevante para o Serviço Social brasileiro, pois intenta contribuir com as discussões que vêm sendo travadas sobre o processo de formação profissional em tempos de avanços neoliberais e neoconservadores, mas, sobretudo, acerca dos ethe profissionais construídos nesse contexto. Assim sendo, compreendo o Serviço Social como uma profissão socialmente.

(25) 23. e historicamente determinada, inscrita na divisão sociotécnica do trabalho e, que sua trajetória histórica não é linear e inequívoca, mas de continuidades e rupturas que transita de uma vinculação à doutrina social da Igreja Católica – nos anos de 1930 – , passando pela inserção nas ciências sociais, ancorada na tradição positivista e suas expressões – instaurada nos anos 1940 –, até superar tais condições e vincular-se à teoria crítica de tradição marxista – a partir da década de 19802. É nos anos de 1990 que o Serviço Social brasileiro alcança seu status de maturidade intelectual e ético-política, por meio do processo de debates e problematizações da ética profissional, expressando a necessidade de legitimar uma concepção de ética para além de uma acepção legalista e formal, dominante até a construção do Código de Ética de 1993. A consciência ético-política da categoria profissional manifesta-se por meio da ampliação de suas estratégias políticas em prol da materialização do novo ethos político-profissional, marcado pelo posicionamento de negação de um histórico conservadorismo3 em nome da afirmação da liberdade humano-genérica. Esse novo ethos é consagrado pela emergência do Projeto Ético-Político Profissional que se consolida, em suas objetivações de primeira ordem, no Código de Ética e da Lei de Regulamentação da Profissão, ambos de 1993, pelas Diretrizes Curriculares para o curso de Serviço Social de 1996, bem como outros instrumentais jurídico-legais os quais representam a síntese dos debates e mobilizações teóricopolíticas ocorridas em período histórico ulterior, levando a uma hegemonia teóricopolítica no campo dessa profissão sob as bases desse ethos. Contudo, esses avanços no âmbito ético-político da profissão se dão em uma arena de disputas e de ofensivas do neoliberalismo, que impõem limites à materialização da direção social construída pela categoria sob os fundamentos teórico-políticos da tradição Marxista. Netto (2007, p. 38-39) pontua que essa conjuntura contemporânea mostra-se em uma verdadeira ameaça real – em dois níveis diferentes, mas compondo uma unidade interconectada – à materialização do Projeto Ético-Político Profissional, sendo eles: (1) A minimização do exercício profissional às funções práticas no plano assistencial; (2) Os limites dos requisitos 2. Em cada um desses períodos não ocorreu uma ruptura linear sem influências das correntes teóricas anteriores. Pelo contrário, entende-se que o que ocorre é um processo de superação, acarretado de continuidades e rupturas entre esses momentos históricos do Serviço Social brasileiro. 3 A discussão sobre conservadorismo será tratada nas seções que se seguem, visto que aqui se trata apenas da introdução deste trabalho..

(26) 24. teóricos, políticos e institucionais para o exercício profissional, o que subscreve, também, todo o processo da formação profissional. Se considerarmos esse segundo nível de ameaça apontado pelo autor, podemos inferir que tal realidade incide diretamente na construção dos ethe políticoprofissionais da categoria, principalmente porque tal realidade se insere no contexto da reestruturação produtiva do capital, e, nessa conjuntura, a educação superior brasileira assume um conjunto de reformas neoliberalizantes, atendendo a interesses diversos e antagônicos, adotando um discurso da democratização do ensino superior. Por um lado, atende-se, especificamente, aos interesses da classe dominante, por meio de subsídios, bolsas e uma série de incentivos a partir das parcerias público-privado. Por outro lado, mesmo que, parcialmente e em condições focalizadas e, por vezes, precarizadas, atende aos interesses das classes historicamente subalternizadas, ao possibilitar o acesso à educação superior4. O desenvolvimento científico e tecnológico que ora se processa não tem contribuído para melhorar a vida de toda a humanidade; pelo contrário, tem sido fator de degradação da vida humana e do agravamento dos problemas sociais, uma vez que as pessoas, na sociedade do capital5, são transformadas em objetos descartáveis, em seres individualistas preocupados com sua sobrevivência cotidiana (TONET, 2002), e que o individualismo exacerbado afasta os sujeitos da luta coletiva, da busca por interesses humano-genéricos. Nos anos 90 do século XX, no Brasil, inicia-se a implantação deliberada e planejada do projeto neoliberal6, que, a partir de um discurso de crise e da necessidade de cortar gastos realizados pelo Estado, consiste simplificadamente na redução de gastos públicos com as políticas sociais; na crescente valorização da “parceria” público-privado na prestação dos serviços sociais; na precarização, insegurança e vulnerabilidade do trabalho. Deste modo, os serviços públicos são cada vez mais sucateados e o atendimento à população é transferido ao setor privado, através do repasse de recursos, dos subsídios públicos e da isenção de impostos para o setor privado. No caso do sistema universitário público, esse processo começou já no governo de Fernando Collor de Melo (1990-1992), 4. Adiante apresentaremos um pouco mais detalhadamente essa discussão. É aquela que se opera o modo de produção capitalista, o que significa dizer que “a produção de mercadorias tem como condições indispensáveis a divisão social do trabalho e a propriedade privada dos meios de produção” (NETTO; BRAZ, 2011, p. 90). 6 Acerca da proposta neoliberal, conferir, entre outros, Sader e Gentili (1995). 5.

(27) 25. agravando-se no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998/1999-2002), tendo continuidade no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006/2007-2010) e chegando ao governo de Dilma Rousseff (2011-2014/2015-)7. Desse modo, a forma como o ensino vem se processando8 contribui com a racionalidade abstrata-formal-instrumental,9 ao afastar os sujeitos da convivência social e da participação política e ao oferecer um simples aprendizado instrumental/técnico. Exemplos disso, em todo o mundo, são a ênfase e o incentivo aos cursos de curta duração; as graduações tecnológicas, ampliação exponencial dos cursos à distância; e, mais recentemente, a proliferação dos chamados cursos de extensão; o aligeiramento dos cursos de graduação e de pós-graduação, em suas diversas modalidades; dentre outros. Assim, a educação superior vai se tornando, hegemonicamente, um campo de lucratividade exacerbado para o capital em crise, bem como um campo privilegiado de expansão do projeto burguês de sociabilidade. Desse modo, Lima (2011) aponta algumas políticas que os Organismos Internacionais delineiam como fundamentais nesta difusão, especialmente para os países de capitalismo periférico: diversificação das IES e dos cursos; diversificação das fontes de financiamento da educação superior; internacionalização da educação/a educação transnacional. No Brasil, após a aprovação da Lei nº 9.394, sancionada em dezembro de 1996, que dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), ocorre então um significativo aumento de cursos de graduação oferecidos por instituições privadas fomentando, assim, este setor, conforme seu artigo 45: “A educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou especialização” (BRASIL, 1996, p. 19). As iniciativas governamentais passam a incentivar que as Instituições de Ensino Superior (IES) ordenem-se à luz de uma configuração da economia mundial, objetivando introduzir uma massa trabalhadora qualificada para o mercado de trabalho, garantindo a hegemonia burguesa de dominação, imperada pela reestruturação produtiva do capital. Sendo assim, há um aumento das Parcerias 7. Para aprofundamento sobre essa discussão, ver, entre outros, Lima (2007). Aqui me refiro ao projeto em curso na sociedade capitalista, que, cada vez mais, substitui o saber crítico-reflexivo, o qual exige tempo, constância e determinação para desvelar o real, por um saber técnico-instrumental pragmático, que tem como objetivo final apenas os resultados mais imediatos. 9 A racionalidade instrumental, segundo Guerra (2011), reduz a análise da realidade à sua dimensão pragmática, tecnicista, ou seja, compreende a realidade em sua superficialidade, próprio do pensamento fenomenológico. 8.

(28) 26. Público-Privadas (PPP’s), como aponta Lima (2011, p. 87): o direito à educação é reconfigurado por meio da privatização em larga escala, com repasse (direto e indireto) dos recursos públicos ao setor privado (como é o caso do PROUNI), além da adoção da lógica empresarial como modelo de gestão nas instituições educacionais públicas, privilegiando a relação custo-benefício, a eficácia e a qualidade medidas pela relação com o mercado.. Portanto, não há como negar que a educação está umbilicalmente ligada ao mundo do trabalho, estando suscetível a uma transformação recíproca, mesmo com seu momento predominante a esfera da produção. Ou seja, a reestruturação produtiva do capital demanda a criação de uma cultura de consenso na sociedade civil, em torno da necessidade de profissionais flexíveis, com conhecimentos genéricos e tecnificados, tudo isso combinado com baixos salários. Ao final, a universidade tem cedido seus recursos, humanos, estruturais e, sobretudo, tecnológicos, donde o patrimônio do povo brasileiro vai sendo repassado, aos poucos, aos interesses privados, legitimados pelos convênios realizados com as grandes empresas privadas, as quais tiveram acesso a uma nova tecnologia que será inserida em seu ciclo produtivo depois de patenteada, pois se naturaliza a priorização da formação para o trabalho como finalidade da educação superior dos países “em desenvolvimento”. Para isso, também se institui na Declaração Mundial sobre a Educação Superior no Século XXI da UNESCO (1998 apud NEVES; PRONKO, 2008 p. 124-125), a qual assevera [...] um papel significativo [às Tecnologias da Informação (TIC’s)] na expansão do acesso ao saber e na melhoria da qualidade do ensino, ao recomendar o seu emprego na construção de redes educacionais, na realização de transferências tecnológicas, na formação de recursos humanos, na elaboração de material didático, no intercâmbio de experiências de aplicação dessas tecnologias ao ensino e na formação de pesquisadores. Recomenda também a introdução das TICs na criação de novos ambientes pedagógicos que vão desde os serviços de educação a distância até os estabelecimentos e sistemas virtuais de ensino superior, criados a partir de redes regionais, continentais ou globais, e, ainda, o seu aproveitamento pleno para facilitar a cooperação internacional e modernizar o trabalho nos estabelecimentos de ensino.. É sob o signo da expansão internacionalizada da educação terciária que as Tecnologias da Informação (TIC’s) exercem um papel primordial de aceleração e ingresso ao ensino superior de uma massa trabalhadora adaptada às exigências do mercado de trabalho. Forma-se, então, um contingente de “capital humano”,.

(29) 27. especializado para todos os segmentos do mercado de trabalho e de convivência social, tratando em expandir “intelectuais orgânicos” adestrados aos interesses do capital e, não uma formação pautada na emancipação humana, na formação de intelectuais orgânicos críticos. Assim, Neves e Pronko (2008, p. 139) apontam que [...] as atuais propostas do BM-Unesco para o sistema de educação terciária e a massificação da educação escolar a ele subjacente vêm sendo implementadas nas formações sociais de capitalismo periférico, e também no Brasil, contando com o consentimento amplo da população, por atenderem parcialmente a interesses de frações distintas da sociedade. Elas atendem, ao mesmo tempo, à demanda de frações das camadas populares por maior acesso à educação escolar e às atividades de formação técnico-profissional, e aos interesses imediatos de setores empresariais de obtenção, a baixo custo, de uma força de trabalho minimamente capaz de responder positivamente aos atuais requerimentos da aceleração do crescimento.. A educação à distância vem cumprindo esse papel de acesso “barato” e “prático” à educação terciária, sob a ideologia de possibilitar uma formação profissional de nível superior às camadas mais populares da sociedade. Essa modalidade de ensino assume, enquanto ferramenta de baixo custo aos empresários da educação, uma centralidade na consolidação das medidas instituídas pelas agências de fomento internacional, inculcando uma mistificação burguesa de que as massas populares estão tendo acesso ao ensino superior como nunca antes visto na história da humanidade, o que é, em parte, verdade. No entanto, por trás dessa ideia, guarda-se um conjunto de determinações complexas e desiguais nesse acesso, expressos pela desqualificação dos processos de formação profissional, configurando-se em uma formação aligeirada, a-crítica e respondente aos interesses do mercado e do capital10. A partir de meu ponto de vista, no entanto, o ensino deve ultrapassar o saber instrumental, preparando os sujeitos para o mercado profissional e para a vida. Um ensino que construa autonomia e liberdade de ação e de pensamento, que possibilite o desvelamento do real, escondido sob o véu da aparência, enxergue a formação sócio-histórica da sociedade; seus limites e desafios; a superação do preconceito e dos (des)valores11. 10. Essa discussão sobre o Ensino Superior está também em nosso artigo, intitulado: ENSINO DEMOCRÁTICO? A expansão do ensino superior brasileiro e publicado nos anais do 2º Encontro Internacional e 9º Encontro Nacional de Política Social, no ano de 2014. 11 Partindo da concepção ontológica-histórica, na qual os valores têm seu fundamento no trabalho humano, adotaremos a perspectiva segundo a qual os valores necessariamente contribuem para a.

(30) 28. Contudo, se os indivíduos no cotidiano da sociabilidade capitalista incorporam tais (des)valores, e tendem a reproduzi-los, qual a possibilidade de rompimento. com. tais. (des)valores?. Como. se. dá. o. processo. de. desconstrução/reconstrução de novos valores no sujeito? Segundo Iasi (2011), o processo de formação da consciência de pertencimento de classe e de compromisso com tal perspectiva se dá na intersecção entre o genérico e o particular, no qual o indivíduo, na sua particularidade, se vê como participante de um todo maior e encontra um ponto de fusão, reconhecendose como ser que, na sua serialidade, faz parte de algo maior (ser genérico). Tal processo não tem somente a formação como elemento determinante; apesar de sua importância, envolve inúmeros determinantes objetivos e subjetivos, desde o pertencimento objetivo e subjetivo de classe, a disposição interna para a mudança, até a participação em atividades de organização e participação política, vários determinantes que se imbricam na particularidade e no momento específico de vida de cada sujeito. Nesse sentido, o processo de modificação de valores é sempre algo muito complexo12. Sendo assim, pesquisar os ethe é adensar-se teórica-praticamente em elementos que se compõem de subjetividade e de objetividade presentes nos sujeitos pesquisados, tendo nitidez de que o Projeto Ético-Político do Serviço Social se consolida numa arena de disputa política e teórica. Considera-se que não há um ethos profissional puro, mas sim diferentes tendências que dão sustentabilidade ao caldo cultural que atravessa a profissão. Entendemos que o Código de Ética (CE) compreende, em parte, ao consolidar da ética profissional, não podendo, porém, resumir-se a esse componente legal. Assim, Silva (2012, p. 43) aponta que [...] o Código de Ética não se efetiva sem as ações políticas profissionais e, ao mesmo tempo, o projeto profissional não se sustenta sem que seja viabilizada em suas práticas a presença da estrutura ética presente nos Códigos de Éticas das Profissões. Outro aspecto importante a se destacar é. liberdade e emancipação humana, enquanto os (des)valores são todos aqueles que oprimem e obstaculizam o pleno desenvolvimento e liberdade humana. Ver a esse respeito Heller (2004). 12 As discussões empreendidas nesse parágrafo compõem o artigo intitulado ÉTICA E SERVIÇO SOCIAL: implicações e desafios teórico-políticos e sócio-históricos presentes na formação profissional de autoria conjunta com nossa orientadora, Rita de Lourdes de Lima, sendo ele de revisão bibliográfica, submetido por meio de uma coletânea à publicação de um e-book pela editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que ao tempo da construção desta dissertação aguarda resultado para aprovação..

(31) 29 que o Código de Ética não encerra isoladamente o Projeto Ético-Político da categoria profissional. [...] O Projeto Ético-Político está calcado na regulamentação da profissão, no processo de formação e na prática profissional. O Código de Ética só ganha forma de projeção histórica no encontro dessas três dimensões da formação profissional.. Assim, o Projeto Ético-Político do Serviço Social vem se constituindo numa arena de relações sociais contraditórias, demarcando a identidade adquirida pela profissão, instituindo uma unidade profissional. Com isso, Cardoso (2013, p. 06) expressa que o ethos erigido pelo Serviço Social no cenário contemporâneo – na direção dos valores humano-genéricos – está pautado num [...] projeto anticapitalista na busca da superação da ordem do capital e da consequente construção de uma ordem social sem dominação e exploração do homem pelo homem. Um modo de ser pautado em valores emancipatórios, que se traduziu em ações progressistas de ruptura com o tradicionalismo/conservadorismo profissional e em códigos de ética que direcionaram a ação profissional em uma direção libertária.. O Código de Ética de 1993 representa, segundo Barroco (2004, p. 32), “o amadurecimento da profissão em seu trato teórico-político da questão ética” materializado em um “instrumento normativo [constituído em um] produto concreto desse avanço”, no qual o Projeto Ético-Político no contexto da formação profissional incorpora tais aspectos legais, não se limitando a eles, mas sim compreendendo um conjunto de elementos políticos, teóricos e práticos a partir da direção social imprimida pela profissão. Contudo, Abreu e Lopes (2007) afirmam que esse Projeto se move em um campo de contradições que, consequentemente, vem contribuindo para uma aporia de seus princípios, distanciando, muitas vezes, tais sujeitos da perspectiva teóricopolítica de que é possível construir a ordem social em que se pauta o Projeto ÉticoPolítico. Percebo que o ethos pautado na direção social desse Projeto está imerso na tradição marxista, o que não exclui a possibilidade de emergência e de construção de outros ethe no seio dessa categoria, visto que se confluem num contexto onde o projeto de sociedade, hoje hegemônico, se sustenta numa lógica de sociedade a qual o Projeto Ético-Político do Serviço Social se antagoniza. É nesse campo de contradições que se torna necessária uma análise ontológica da realidade social, buscando apreender quais as determinações que compõem esses ethe, tanto quanto o que perpassam em todo o processo de.

(32) 30. formação profissional em Serviço Social, bem como seu objetivar-se no exercício da profissão. Para isso, a abordagem utilizada nesta pesquisa foi a qualitativa, pois esta, como bem aponta Richardson (2010, p. 79), “é uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social”, permitindo uma análise da inter-relação de determinadas variáveis no cotidiano do sujeito, bem como possibilitando a apreensão da realidade, em suas múltiplas determinações. Buscamos aqui fazer uma análise da relação entre a objetividade do fazer pesquisa e a subjetividade do/a sujeito/a pesquisado/a, de forma a apreender o vínculo indissociável entre ambos, não podendo essa verificação da realidade social ser traduzida por sua mera descrição quantitativa. Os loci empíricos desta pesquisa foram a Universidade Federal do Piauí (UFPI – instituição pública) e a Faculdade Adelmar Rosado (FAR – instituição privada), ambas situadas na cidade de Teresina – Piauí. Tal escolha justifica-se pela aproximação política que tenho com as coordenações do curso de Serviço Social destas instituições, o que me viabilizou o acesso a tais instituições. A escolha de uma instituição pública e outra privada para essa pesquisa não se deu na perspectiva de realizar uma análise comparativa entre ambas, mas pela peculiaridade do Estado contar apenas com a UFPI (campus de Teresina), enquanto universidade pública. Além do que uma única universidade não daria conta de trazer à tona a materialidade dos objetivos pretendidos nesta pesquisa, portanto, estendeuse a pesquisa a outra instituição, de caráter privado, sendo que a escolha dessa outra faculdade se deu pela condição dela ser a 1ª (primeira) IES privada a ofertar o curso de Serviço Social no Estado do Piauí, bem como por ter sido nela que cursei e conclui a graduação em Serviço Social. A amostra selecionada constituiu-se de: 3 (três) discentes do 8º (oitavo) período do curso de Serviço Social de cada Instituição, que estavam matriculados e realizando o estágio obrigatório – totalizando 6 discentes –, também 1 (um) supervisor de estágio de campo e 1 (um) acadêmico de cada instituição – finalizando 4 supervisores de estágio –, somando, ao final, um conjunto de 10 (dez) sujeitos. Por conseguinte, a opção por esses sujeitos se deu devido aos objetivos elencados nesta pesquisa – dentre eles desvelar os ethe político-profissionais presentes no processo da formação profissional em Serviço Social, a partir do estágio.

Referências

Documentos relacionados

O Museu Digital dos Ex-votos, projeto acadêmico que objetiva apresentar os ex- votos do Brasil, não terá, evidentemente, a mesma dinâmica da sala de milagres, mas em

nhece a pretensão de Aristóteles de que haja uma ligação direta entre o dictum de omni et nullo e a validade dos silogismos perfeitos, mas a julga improcedente. Um dos

Equipamentos de emergência imediatamente acessíveis, com instruções de utilização. Assegurar-se que os lava- olhos e os chuveiros de segurança estejam próximos ao local de

Para Vilela, embora a locação de bens móveis não seja contrato de prestação de serviços (aquele que dá origem a uma obrigação de fazer, enquanto a locação gera a obrigação

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

O objetivo deste experimento foi avaliar o efeito de doses de extrato hidroalcoólico de mudas de tomate cultivar Perinha, Lycopersicon esculentum M., sobre

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação