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Insider trading no mercado de capitais brasileiro: o crime compensa?

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Academic year: 2021

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(1)Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciˆencias Sociais Aplicadas Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Administra¸c˜ao. Aletheia Januaria Zanow de Gouvea. Insider Trading no Mercado de Capitais Brasileiro: O Crime Compensa?. Natal Julho, 2016.

(2) Aletheia Januaria Zanow de Gouvea. Insider Trading no Mercado de Capitais Brasileiro: O Crime Compensa?. Disserta¸ca˜o apresentada ao Programa de Programa de P´os-Gradua¸ca˜o em Administra¸c˜ao da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento com as exigˆencias legais para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre. ´ Area de Concentra¸ca˜o: Gest˜ao Organizacional.. Orientador: Prof. Vinicio de Souza e Almeida. Natal Julho, 2016.

(3) Cataloga¸c˜ ao da Publica¸c˜ao na Fonte. UFRN/SISBI/Biblioteca Setorial Centro de Ciˆencias Sociais Aplicadas – CCSA. Gouvea, Aletheia Januaria Zanow de. Insider Trading no Mercado de Capitais Brasileiro: O Crime Compensa? / Aletheia Januaria Zanow de Gouvea. – Natal, Julho, 2016. 88 f.: il. Orientador: Prof. Vinicio de Souza e Almeida. Disserta¸c˜ao (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciˆencias Sociais Aplicadas. Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Administra¸c˜ao. 1. Insider trading – Disserta¸c˜ao. 2. Retorno anormal – Disserta¸c˜ao. 3. M´a conduta no mercado financeiro – Disserta¸c˜ao. I. Almeida, Vinicio de Souza e. II. T´ıtulo. RN/UF/BSE-CCSA. CDU: 0000000000.

(4) Aletheia Januaria Zanow de Gouvea. Insider Trading no Mercado de Capitais Brasileiro: O Crime Compensa? Disserta¸ca˜o apresentada ao Programa de Programa de P´os-Gradua¸ca˜o em Administra¸c˜ao da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento com as exigˆencias legais para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre.. Aprovado em: 12 de Agosto de 2016. Banca Examinadora:. Prof. Vinicio de Souza e Almeida Departamento de Ciˆencias Administrativas – UFRN Presidente da Banca. Prof. Anderson Luiz Rezende Mol Departamento de Ciˆencias Administrativas – UFRN Examinador Interno. Prof. Melquiades Pereira de Lima J´ unior Insitituto Federal do Rio Grande do Norte - IFRN Examinador Externo. Natal Julho, 2016.

(5) Aos meus “Trˆes-Gˆemeos”: Nicolas, Vinicius e Sofia.

(6) Agradecimentos Aos meus filhos, que me deram coragem para buscar este caminho, que me deram tempo para finalizar esta etapa, que me deram esperan¸ca para sonhar por um mundo melhor. Este trabalho faz parte de um sonho maior com vocˆes. Serei eternamente apaixonada por vocˆes. A todos que me deram for¸ca para n˜ao desistir. Em especial a` minha amiga Wigna, minha companheira nesta jornada, a respons´avel por n˜ao me deixar desistir deste sonho. Obrigada por me ter levantado infinitas vezes. Gratid˜ao. Ao meu Orientador, Prof. Vinicio, que me ajudou a escolher um assunto atual e desafiador, e principalmente pela paciˆencia. A minha m˜ae, que me apoia em todos os planos e dificuldades da vida. Ao meu marido, que mesmo n˜ao entendendo bem a raz˜ao para tanto sacrif´ıcio, nunca deixou de acreditar em mim e teve paciˆencia de esperar..

(7) “For the rational study of the law the black-letter man may be the man of the present, but the man of the future is the man of statistics and the master of economics.... We learn that for everything we have to give up something else, and we are taught to set the advantage we gain against the other advantage we lose, and to know what we are doing when we elect”. Oliver Wendell Holmes, The Path of the Law 10 HARV. L. REV. 457, 469, 474 (1897).

(8) Resumo Frequentemente s˜ao destaques na m´ıdia novos escˆandalos de executivos envolvidos em negocia¸co˜es com informa¸c˜ao privilegiada (insider trading). No contexto dos crimes de colarinho branco, o insider trading ´e um dos que mais amea¸ca a credibilidade do mercado financeiro. Em meio ao exposto, o objetivo desse estudo foi investigar as opera¸co˜es de insider trading julgadas pela Comiss˜ao de Valores Mobili´arios (CVM), observando os ind´ıcios de retorno anormal e a aplica¸ca˜o da lei. Para isto, buscou-se ind´ıcios de retornos anormais em 32 casos julgados pela Comiss˜ao de Valores Mobili´arios (CVM) entre 2002 a 2015 por suspeita de insider trading. Foi utilizado o Estudo de Eventos como m´etodo para estimar o retorno normal, analisando o efeito de um evento informacional de determinada empresa sobre os pre¸cos de suas a¸c˜oes ao longo de uma s´erie de tempo. Os resultados encontrados apontam que: (i) 19 casos (59% da amostra) apresentam ind´ıcios de retorno anormal significativos na janela do evento; no entanto, (ii) 11 casos (34% da amostra) foram condenados `a multa e apenas 2 casos tiveram a inabilita¸ca˜o tempor´aria acrescida na pena. Testando a distribui¸c˜ao de probabilidade, nota-se que a chance do acusado ser absolvido ou punido ´e independente da evidˆencia de retorno anormal. Ou seja, o que se observa ´e a dificuldade da CVM em caracterizar a inten¸c˜ao do acusado em obter ganhos anormais. No Brasil, em 2011, o u ´nico caso que teve a pena de pris˜ao decretada a dois executivos pelo crime de insider trading foi o caso da Perdig˜ao. O que mostra a dificuldade da justi¸ca brasileira em aplicar a lei (enforcement). Outras hip´oteses de pesquisa foram testadas: (iii) as vari´aveis explicativas tamanho da empresa e ´ındice book-to-market apresentam um baixo poder explicativo do retorno efetivo da a¸c˜ao, mas n˜ao foram retiradas do modelo; (iv) a chance de retorno anormal em negocia¸co˜es de compra ´e 4,54 vezes maior do que em negocia¸co˜es de venda. Este estudo contribui de forma pr´atica para apontar a importˆancia da amplia¸ca˜o de regula¸c˜ao mais restritiva a` pr´atica de insider trading bem como sua execu¸ca˜o, de forma a garantir maior equidade nas informa¸c˜oes ao mercado e maior eficiˆencia do mercado de capitais, ampliando as fontes de investimento e crescimento do mercado financeiro brasileiro. Palavras-chaves: Insider trading. Retorno anormal. M´a conduta no mercado financeiro..

(9) Abstract This study investigates the information content of insider trading in 32 judgement cases of insider tranding in Brazilian’s Stock during 2002-2015. The statistical method used was event study to assess the impact of a relevant event on the stocks return. The abnormal return gives the impact of an unanticipated event has on shareholder value versus the penalty risk for white-collar crime. The research findings show that: (i) it could have a significant statistic to incriminate the indicators for using privilege information to obtain abnormal returns in 19 judgment cases (59% of sample); (ii) however the Brazilian laws are not possible to incriminate all that cases. Only 11 judgement cases (34% of sample) have been punished with monetary penalty and only 2 cases added the administrative penalty. In addition, the probabilities associated with trial’s results and abnormal return are the same. It means that statistical evidence of abnormal return may not be used as an insider trading proof. The result could indicate that public authority of the stock market (CVM) has a burden of proof to prove its allegation against an insider trading at trial. The first prison sentence case for insider trading ever was judged in 2011 in Perdig˜ao’s case. It means that Brazilian courts have a hard work to apply the law enforcement. Other results have been found as: (iii and v) size and book-to-market index have a low statistic power of return’s explanation, even so the explanatory variables have been kept in the model considering their importance; (v) the chance of abnormal return in purchase transaction is 4.54 times greater than the selling transactions. The academic literature suggests that more important than regulation is the enforcement, that could influence the average behavior of an insider, increasing the fraud detection risks. This research question is relevant not only to academics but also to regulators and corporate managers by shedding further light on the relationship between corporate governance and corporate risk-taking, since the illegal conduct impact on the integrity of Brazilian market. A better understanding of the issue will allow regulators to evaluate whether reforms in the rules and regulations of insider trading enforcement are needed to promote investments and growth in the Brazilian market. Key-words: Insider trading. Abnormal returns. Financial market misconduct. Financial market regulation. Information asymmetry..

(10) Lista de ilustra¸c˜oes Figura 1 – Percentual de casos julgados pela CVM entre 2002 e 2015 por resultado (com base na amostra inicial) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Figura 2 – Linha de tempo considerada para o estudo de evento, adaptada de Campbell, Lo e MacKinlay (1997). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28.

(11) Lista de tabelas Tabela 1 – N´ umero de Casos por resultado do julgamento e evidˆencia de Retorno Anormal: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 2 – N´ umero de A¸c˜oes por Evento e evidˆencia de Retorno Anormal: . . . . Tabela 3 – Distribui¸ca˜o dos casos por resultado do julgamento e evidˆencia de retorno anormal, valor-p para o teste extado de Fisher e Raz˜ao de chances (RC) e seu respectivo intervalo de 95% de confian¸ca: . . . . . . Tabela 4 – N´ umero de A¸c˜oes por tipo de negocia¸c˜ao e evidˆencia de Retorno Anormal Tabela 5 – Distribui¸ca˜o dos casos por tipo de negocia¸c˜ao e evidˆencia de retorno anormal, valor-p para o teste exatdo de Fisher e Raz˜ao de chance (RC) e seu respectivo intervalo de 95% de confian¸ca: . . . . . . . . . . . . . Tabela 6 – N´ umero de casos julgados ao longo do tempo e evidˆencia de retorno anormal: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 7 – CAR, SCAR e valor-p para o teste do retorno anormal acumulado para o caso 22: CCX Carv˜ao Colˆombia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 8 – CAR, SCAR e valor-p para o teste do retorno anormal acumulado para o caso 30: Caso Copel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 9 – CAR, SCAR e valor-p para o teste do retorno anormal acumulado para o caso 25: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 10 – Informa¸co˜es dos casos de insider tranding estudados: . . . . . . . . . . Tabela 11 – Informa¸c˜oes dos casos de insider tranding estudados e dias com reotorno anormal: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 12 – Resumo dos modelos de regress˜ao linear m´ ultiplo ajustados para cada a¸ca˜o: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 31 33. 33 34. 34 35 37 38 40 49 51 53.

(12) Lista de abreviaturas e siglas ADR. American Depositary Receipt. AR. Abnormal Return (retorno anormal). BM. ´ındice book-to-market. BM&FBOVESPA. Bolsa de Mercadorias e Futuro de S˜ao Paulo. CAR. Cumulative Abnormal Returns. CCX. CCX Carv˜ao Colˆombia. CVM. Comiss˜ao de Valores Mobi´arios. ER. Expected return (retorno normal esperado). F&A. Fus˜oes e Aquisi¸co˜es. IBOV INDEX. ´Indice de desempenho da bolsa de valores brasileira Ibovespa. HEM. Hip´otese de Eficiˆencia de Mercado. MQO. M´ınimos Quadrados Ordin´arios. OGX. Oleo e G´as Participa¸co˜es S.A.. OPA. Oferta P´ ublica de Aquisi¸ca˜o. PAS. Processo Administrativo Sancionador. PFE. Procuradoria Federal Especializada. PIN. Probabilidedade de Negocia¸c˜ao com Informa¸co˜es Privilegiadas. PX LAST. Indica o u ´ltimo pre¸co de cota¸c˜ao de um determinado ativo. RA. Retorno Anormal. RM. Retorno de Mercado. SEC. Securities and Exchange Comission. SPS. Superintendˆencia de Processos Sancionadores. STJ. Supremo Tribunal de Justi¸ca. TAM. tamanho da empresa. WRDS. Wharton Research Data Services.

(13) Sum´ario 1 Introdu¸c˜ ao . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Revis˜ ao Emp´ırica . . . . . . . . . . . . . 2.1 Legisla¸ca˜o brasileira . . . . . . . . . . 3 M´ etodo da Pesquisa . . . . . . . . . . . 3.1 Dados e vari´aveis . . . . . . . . . . . 3.2 Procedimento Metodol´ogico . . . . . 3.2.1 Defini¸ca˜o do evento . . . . . . 3.2.2 Sele¸ca˜o da amostra . . . . . . 3.2.3 Retornos normais e anormais 3.2.4 Procedimento de estima¸c˜ao . 3.2.5 Procedimento de testes . . . . 3.3 Outras t´ecnicas utilizadas . . . . . . 4 Discuss˜ ao dos Resultados . . . . . . . . 5 Considera¸c˜ oes finais . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. 13 17 19 23 23 23 26 26 26 27 28 30 31 42. Referˆ encias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43. Apˆ endices. 47. ˆ APENDICE A Tabela das informa¸c˜ oes dos casos de insider tranding estudados ˆ APENDICE B Informa¸c˜ oes dos casos de insider tranding estudados e dias com reotorno anormal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ˆ APENDICE C Resumo dos modelos de regress˜ ao linear m´ ultiplo ajustados para cada a¸c˜ ao: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ˆ APENDICE D An´ alise dos pressupostos do modelo de regress˜ ao linear m´ ultiplo para cada caso estudado . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 49 51 53 54.

(14) 13. 1 Introdu¸c˜ao Os crimes de “colarinho branco”1 ocorrem sob as mais diversas formas no mercado financeiro: fraudes, insider trading, preteri¸ca˜o de clientes e textitfront running2 , manipula¸ca˜o de pre¸cos, layering (manipula¸ca˜o de spread ), spoofing (manipula¸ca˜o de pre¸co atrav´es de lan¸cametos de ofertas artificiais no livro de ofertas), churning (opera¸co˜es excessivas de clientes para gerar maior taxa de corretagem) e outros (CUMMING; DANNHAUSER; JOHAN, 2015). Todos geram conflitos de agˆencia e preju´ızos financeiros aos seus agentes, al´em de interferir diretamente na volatilidade e liquidez dos mercados de capitais (AGGARWAL; WU, 2006; BENY, 2008; CUMMING; JOHAN; LI, 2011). No contexto desses crimes, a pr´atica de insider trading – que s˜ao negocia¸c˜oes de t´ıtulos e valores mobili´arios com o uso de informa¸c˜ao privilegiada – ´e um dos que mais amea¸ca a credibilidade do mercado de capitais. Novos escˆandalos de executivos envolvidos no crime de insider trading s˜ao destaques na m´ıdia. Como foi o caso do gestor do fundo de hedge Galleon, Raja Rajaratnam, condenado a 11 anos de pris˜ao e multa de US$ 93 milh˜oes de d´olares em 2009, por ter negociado a¸c˜oes com informa¸ca˜o de insiders no mercado americano. No Brasil, entretanto, houve somente em 2011 seu primeiro caso de insider trading condenado na esfera criminal . O Minist´erio P´ ublico Federal, em conjunto com a CVM, conseguiu aplicar uma pena mais severa aos executivos da Sadia no caso da Oferta P´ ublica de Aquisi¸c˜ao (OPA), pelo controle da concorrente Perdig˜ao. O que recebeu a maior pena era Diretor de Rela¸co˜es com Investidores, ou seja, aquele que tinha o dever legal de n˜ao se utilizar da informa¸ca˜o privilegiada; mesmo assim, ap´os reuni˜oes internas na Sadia, o acusado adquiriu American Depositary Receipts (ADRs) de emiss˜ao da Perdig˜ao S.A. e vendeu as a¸c˜oes poucos dias ap´os an´ uncio do Fato Relevante, realizando retornos com a opera¸ca˜o. Este caso s´o teve desfecho em fevereiro de 2016, ou seja, dez anos depois do ocorrido, quando o Supremo Tribunal de Justi¸ca manteve a pena de pris˜ao por dois anos e seis meses, al´em da multa. Estudos seminais, como os Lorie e Niederhoffer (1968), Jaffe (1974), Finnerty (1976) e Seyhun (1986) identificaram evidˆencias da habilidade do insider em “prever o futuro” e obter o retorno anormal, afetando a eficiˆencia do mercado de capitais e conclu´ıram que os insiders s˜ao os investidores mais informados do mercado. A negocia¸ca˜o de a¸co˜es com uso de 1. 2. Os crimes de “colarinho branco” s˜ ao os crimes contra o mercado financeiro. Definido por Sutherland (1945) como o crime cometido por pessoas de posi¸c˜ ao socioeconˆ omico privilegiada – executivos – que violam a lei, usando de sua influˆencia para fins de ganho il´ıcito pessoal ou organizacional. Cumming, Johan e Li (2011) definem preteri¸c˜ao de cliente e front-running como uma forma de insider trading, uma vez que envolvem brokers que usam a informa¸c˜ ao de seu cliente para negociar em seu pr´ oprio nome, depois (ou) antes de executar a negocia¸c˜ao do cliente..

(15) Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ ao. 14. informa¸c˜ao privilegiada, realizada por eles, perturba a determina¸ca˜o do apre¸camento dos ativos, raz˜ao por que conseguem prever o fluxo de caixa futuro da empresa, influenciando a decis˜ao dos investidores em rela¸ca˜o a` venda, a` compra e ou a` manuten¸ca˜o de vender, comprar ou manter determinado ativo em carteira (SEYHUN, 1986). Tendo como base as considera¸co˜es feitas, poder-se-ia indagar: o que leva um insider – pessoa que possui informa¸ca˜o privilegiada de uma determinada companhia – a se arriscar a negociar determinada a¸c˜ao antes que a not´ıcia se torne p´ ublica, mesmo sabendo que tal pr´atica ´e criminalizada? A resposta parece o´bvia, caso se considere que o prˆemio compensaria o risco de ser punido . Assim como qualquer jogo de sorte, a motiva¸c˜ao de curto prazo do insider ´e tirar vantagem antes dos demais investidores, ou seja, obter o “retorno anormal”. O modelo econˆomico do crime de Becker (1968) explica a racionalidade do executivo que pondera os benef´ıcios obtidos e o risco de detec¸ca˜o de forma a maximizar sua utilidade esperada. Os artigos mais recentes que avaliam a m´a conduta no mercado financeiro, principalmente o americano e europeu, afirmam que a u ´nica forma de conter a pr´atica criminosa ´e aumentar a chance de o insider ser flagrado e, sobretudo, aumentar sua puni¸ca˜o em termos de magnitude e agilidade na condena¸c˜ao. Isto significa que o risco da puni¸c˜ao deve se tornar maior do que o retorno que o insider poderia ganhar com a assimetria de informa¸ca˜o (AITKEN; CUMMING; ZHAN, 2015; AGRAWAL; COOPER, 2015; CUMMING; DANNHAUSER; JOHAN, 2015). Para Bhattacharya e Daouk (2002), a implanta¸ca˜o de leis contra o crime de insider trading n˜ao interfere na sua pr´atica, mas a primeira execu¸ca˜o penal reduz, sim, o seu custo de capital; portanto, mais importante do que a legisla¸c˜ao contra o crime ao mercado financeiro ´e a aplica¸c˜ao da lei (enforcement). No Brasil ainda n˜ao foi poss´ıvel atingir a aplica¸c˜ao da lei adequada a este tipo de crime, mesmo existindo leis que vedam e criminalizam os agentes que venham a negociar com informa¸c˜oes ainda n˜ao divulgadas ao mercado, desde 2001. O que se nota ´e uma lentid˜ao nos julgamentos dos processos, m´edia de seis anos, chegando, em alguns casos, a` prescri¸c˜ao do crime. Afora isto, as penalidades n˜ao s˜ao cumpridas. Segundo dados do Uni˜ao (2013), menos de 2% do montante de multas aplicadas pela CVM entre 2008 e 2012 foram arrecadadas. A falta de pagamento ´e justificada pela demora do julgamento, que leva a` falta de patrimˆonio do acusado. Nos casos de puni¸c˜ao penal, normalmente a Justi¸ca abranda a pena, concedendo pris˜ao domiciliar. Desta forma, o insider no Brasil fica motivado a arriscar, valendo a velha m´axima de que “o crime compensa”. Poucos estudos avaliaram o insider trading em mercado de capitais de pa´ıses emergentes, comparando-os quanto a` sua legisla¸c˜ao, enforcement, retornos anormais e padr˜oes de negocia¸c˜ao. O estudo que mais se destaca neste sentido ´e o de Bhattacharya et al..

(16) Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ ao. 15. (2000), que observa o mercado de capitais mexicano, onde qualquer conte´ udo informacional ´e refletido no pre¸co das a¸c˜oes antes mesmo de seu an´ uncio, sem qualquer impacto na data do evento ou p´os-evento. Outros estudos mais recentes tentaram obervar os padr˜oes acerca das negocia¸c˜oes de insiders, como o trabalho de Alhashel (2015) no mercado de capitais do Kuwait, identificando concentra¸ca˜o de insiders trading tanto em per´ıodos de pessimismo no mercado, em m´edias empresas – quanto em per´ıodos de otimismo, em pequenas empresas. Zhu e Wang (2015) avaliaram os efeitos do insider trading na China durante o mˆes que antecede o an´ uncio dos resultados financeiros das companhias e observou que houve uma mudan¸ca comportamental dos insiders depois de o o´rg˜ao de regulamenta¸c˜ao aumentar o risco de ser flagrado e punido neste per´ıodo, segundo a legisla¸ca˜o. Tal medida reduziu o retorno anormal dos insiders pr´e-evento e aumentou o retono anormal p´os-evento; no entanto, os autores observaram que os maiores acionistas (insiders) passaram a antecipar o seu retorno para o per´ıodo anterior ao mˆes proibido de negocia¸c˜ao. Chauhan, Kumar e Chaturvedula (2016) destacou a importˆancia dos insiders trading em mercados emergentes como da ´India, propagando conte´ udo informacional relevante para forma¸c˜ao de pre¸cos de forma eficiente. Fruto das considera¸c˜oes feitas preliminarmente, esta pesquisa surge a partir da ideia de compensa¸ca˜o do crime por ato il´ıcito, traduzido pelo insider trading, no ˆambito do mercado mobili´ario brasileiro, tendo como norteadora a pergunta: as leis e puni¸ co ˜es s˜ ao suficientes para mitigar o insider trading no Brasil? Com este estudo busca-se contribuir com as pesquisas em andamento neste campo do conhecimento, a` medida que ele se constitui em abertura de possibilidade para novas reflex˜oes, discuss˜oes e consultas acerca das pr´aticas de insider trading no contexto do mercado mobili´ario. Sua relevˆancia abrange o aˆmbito acadˆemico, profissional e, por extens˜ao, em n´ıvel social, visto que as discuss˜oes aqui suscitadas poder˜ao concorrer como subs´ıdios para a redu¸ca˜o de crimes operados no mercado de capitais. Considerando a importˆancia do assunto tanto para literatura cient´ıfica sobre m´a conduta no mercado financeiro quanto para as pol´ıticas p´ ublicas (legisla¸c˜ao), o objetivo geral desta pesquisa foi investigar as opera¸c˜ oes de insider trading julgadas pela CVM, observando os ind´ıcios do retorno anormal e a aplica¸c˜ ao da norma contra o ato il´ıcito. Para atingir este objetivo, os retornos anormais foram calculados para os 32 processos, que envolveram negocia¸co˜es de 35 a¸co˜es. Tentando responder `a quest˜ao de estudo acima mencionada, foram geradas cinco hip´oteses, a saber: (H1 ) A assimetria informacional garante retornos anormais significativos ao insider. A segunda hip´otese: (H2 ) o ind´ıcio de retorno anormal implica em puni¸ca˜o administrativa pela CVM. Atreladas a essas, levantou-se outras trˆes hip´oteses: (H3 ) A vari´avel explicativa tamanho da empresa indica a rela¸c˜ao negativa com o retorno dos ativos; e (H4 ) A vari´avel.

(17) Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ ao. 16. explicativa book-to-market indica a rela¸c˜ao positiva com o retorno dos ativos. Essas vinculadas diretamente aos objetivos espec´ıficos do estudo, que tˆem como inten¸ca˜o encontrar padr˜oes caracter´ısticos do insider trading no Brasil, como: (i) verificar se o retorno do insider pode ser explicado por caracter´ısticas de tamanho da empresa (SEYHUN, 1986; FAMA; FRENCH, 1993; LAKONISHOK; LEE, 2001), e (ii) verificar se o retorno do insider pode ser explicado pelo ´ındice Book-to-Market (FAMA; FRENCH, 1993; LAKONISHOK; LEE, 2001).E por fim, a (H5 ) a rela¸ca˜o entre retorno anormal e opera¸co˜es de compra de insider s˜ao mais significativas do que opera¸c˜oes de venda. Testando se existe uma rela¸c˜ao entre retorno anormal em opera¸co˜es de venda e compra de a¸c˜oes (LAKONISHOK; LEE, 2001). O diferencial desta pesquisa ´e que a amostra inclui a an´alise dos retornos de diferentes eventos informacionais, como: fus˜ao e aquisi¸ca˜o, fechamento de capital, resultado financeiro e outros; ao contr´ario dos demais estudos nacionais, que avaliam retornos advindos de um u ´nico tipo de evento (ROCHMAN; EID JR., 2007; MEDEIROS; MATSUMOTO, ˜ 2006; SIMOES et al., 2012). Nesse sentido, Bhattacharya et al. (2000) pontua que a pesquisa em mercados emergentes apresenta algumas especificidades como a disponibilidade de dados, as empresas n˜ao geram uma quantidade de an´ uncios relevantes, portanto para se ter uma amostra ´e necess´ario incluir os diversos eventos ao inv´es de separ´a-los. Al´em disso, a defini¸c˜ao do enfoque te´orico desta pesquisa pressupˆos uma revis˜ao dos estudos mais recentes sobre Financial Market Misconduct, cuja tradu¸c˜ao literal ´e “a m´a conduta no mercado financeiro” e Surveillance (“vigilˆancia”). Ambos tratam da an´alise da transgress˜ao das leis em opera¸c˜oes no mercado financeiro, uma vis˜ao interdisciplinar dos ganhos econˆomicos com a legisla¸c˜ao, vigilˆancia (controle) e execu¸c˜ao da lei (enforcement). A metodologia utilizada ´e a de estudo de eventos baseados no modelo de mercado de Campbell, Lo e MacKinlay (1997), para estimar o impacto de eventos informacionais sobre o pre¸co das a¸co˜es no mercado brasileiro, medindo o retorno anormal. O evento informacional ´e caracterizado pelo Fato Relevante divulgado por cada um dos 32 casos julgados pela CVM, entre 2002 a 2015. A movimenta¸c˜ao das opera¸co˜es de compra, ou venda, de cada a¸c˜ao, ´e avaliada pela movimenta¸ca˜o at´ıpica, calculando o retorno anormal obtido no per´ıodo pr´oximo ao an´ uncio do evento. Este estudo est´a organizado pela seguinte estrutura: a se¸ca˜o seguinte apresenta o referencial emp´ırico com os principais trabalhos que deram suporte ao conte´ udo da investiga¸c˜ao, bem como uma avalia¸ca˜o hist´orica e da estrutura jur´ıdica da Legisla¸c˜ao Brasileira. Na terceira se¸ca˜o segue uma descri¸c˜ao da amostra e o m´etodo da pesquisa. Por fim, o resultado obtido com os dados coletados e as conclus˜oes..

(18) 17. 2 Revis˜ao Emp´ırica Os estudos que discutiram a racionalidade do insider trading surgiram no final da d´ecada de 1960, quando se passou a discutir o conflito de agˆencia1 e a classifica¸c˜ao de eficiˆencia2 . no mercado de capitais. A partir da´ı, as primeiras pesquisas da assimetria de informa¸ca˜o3 avaliaram o problema do insider trading, observando os danos causados na precifica¸ca˜o de um ativo que seja negociado com informa¸c˜oes privilegiadas; os resultados mostraram que os gestores registrados no Securities and Exchange Commission (SEC) obtinham ganhos superiores aos dos demais agentes sem a informa¸c˜ao privilegiada (FAMA et al., 1969; JAFFE, 1974; JENSEN; MECKLING, 1976; FINNERTY, 1976; SEYHUN, 1986; ROZEFF; ZAMAN, 1998). A ideia de consenso ´e a de que as opera¸co˜es de insider trading provocam a ineficiˆencia do mercado de capitais, porque somente o insider consegue superar o retorno do mercado em fun¸c˜ao de uma maior quantidade de informa¸c˜oes para sua tomada de decis˜oes (FINNERTY, 1976; SEYHUN, 1986). Ou seja, quanto maior o grau de incerteza dos investidores menos informados (outsiders) em avaliar o real fluxo de caixa futuro da empresa, maior o retorno exigido por eles para investir na mesma, passando a cobrar um prˆemio de risco por negociarem com agentes com informa¸ca˜o privilegiada (insiders). Portanto, em fun¸c˜ao desta assimetria informacional, os investidores exigem um retorno mais alto para compensar o risco de um resultado ruim, aumentando o custo de capital da empresa (BHATTACHARYA; DAOUK, 2002). Porta, Silanes e Shleifer (2006) foram um dos pioneiros a estudar o insider trading considerando o aspecto interdisciplinar do direito e finan¸cas (law and finance). Investigaram 49 pa´ıses e perceberam que as leis que protegem os investidores diferem entre os pa´ıses. Observaram que pa´ıses que adotama civil law, como Brasil e Fran¸ca, protegem menos seus investidores e, por consequˆencia, apresentam uma estrutura acion´aria concentrada, 1. 2. 3. Jensen e Meckling (1976) descrevem o conflito de agˆencia como um conflito de interesses entre acionistas e gestores. Os acionistas incorrem em custos para alinhar os interesses dos gestores aos seus, que s˜ ao chamados de custos de agˆencia, que s˜ ao a soma dos: custos de contrato, despesas de monitoramento, gastos realizados pelo agente e perdas residuais. a discuss˜ao estruturada por Fama et al. (1969) sobre a Hip´otese de Eficiˆencia de Mercado (HEM), se baseia na premissa de que mercados de capitais eficientes incorporam qualquer informa¸c˜ ao relevante, p´ ublica ou privada, no pre¸co de mercado das a¸c˜oes e afetam diretamente o fluxo de caixa da empresa, mas isto s´ o ocorreria em mercados fortes. Seyhun (1986) e Rozeff e Zaman (1998) observaram que os outsiders n˜ ao pegam carona no retorno anormal, evidenciando a forma semi-forte de equil´ıbrio informacional do mercado, quebrando o pressuposto da HEM, onde o valor esperado do retorno anormal ´e zero Assimetria de informa¸c˜ ao ´e definida como a diferen¸ca informacional entre os agentes econˆ omicos no mercado financeiro. Akerlof (1970) estuda as consequˆencias da assimetria de informa¸c˜ao..

(19) Cap´ıtulo 2. Revis˜ ao Emp´ırica. 18. reduzindo a liquidez do mercado. J´a os pa´ıses que adotam a common law, como Estados Unidos e Reino Unido, protegem mais seus acionistas e credores e apresentam maior grau de enforcement (aplica¸c˜ao da lei), garantindo maior capita¸c˜ao de recursos para o mercado (PORTA; SILANES; SHLEIFER, 2006; AGGARWAL; WU, 2006; CUMMING; JOHAN; LI, 2011). Dando continuidade, outros estudos avaliaram a repreens˜ao legal da pr´atica il´ıcita do insider trading e pontuaram que mais importante que a existˆencia de um conjunto de leis, ´e sua execu¸ca˜o, principalmente em pa´ıses que adotam a civil law, como ´e o caso da legisla¸ca˜o brasileira (BHATTACHARYA; DAOUK, 2002; BENY, 2008; BHATTACHARYA; DAOUK, 2009; CUMMING; JOHAN; LI, 2011). Aitken, Cumming e Zhan (2015) complementam que existe uma etapa intermedi´aria entre a legisla¸c˜ao e o eforcement: a vigilˆancia (surveillance) – referindo-se ao algoritmo computacional que detecta o insider trading e as outras formas de m´a-conduta no mercado financeiro. Estudos mais recentes tentam identificar padr˜oes para definir causas e consequˆencias sobre as diferentes formas da m´a conduta no mercado financeiro. Cumming, Johan e Li (2011) e Cumming, Dannhauser e Johan (2015) definem a m´a conduta no mercado financeiro como todas as opera¸c˜oes que comprometem a integridade4 e eficiˆencia dos mercados, e por isso s˜ao legalmente repreendidos por muitos pa´ıses e mercados de capitais pelo mundo. Segundo Dyck, Morse e Zingales (2010) e Dyck, Morse e Zingales (2013) mostram que o custo de um mau comportamento no mercado financeiro pode afetar entre a 20-38% do valor da empresa. Os padr˜oes identificados dizem respeito a forma de compensa¸ca˜o do executivo, as caracter´ısticas de governan¸ca corporativa, e at´e mesmo caracter´ısticas pessoais. O estudo Yu e Yu (2012), por exemplo, evidenciaram que empresas que gastam sistematicamente com lobby corporativo est˜ao diretamente associados a fraudes no mercado financeiro, como foi o caso da Enron em 2000. J´a Agrawal e Cooper (2015) sugerem que a existˆencia de uma fraude interna, ainda n˜ao divulgada, leva o insider a praticar o crime de negocia¸c˜ao da a¸ca˜o antes dos demais investidores, porque sabe que o conte´ udo informacional negativo gerar´a uma queda acentuada do pre¸co da a¸ca˜o. Por outro ˆangulo, Hillier, Korczak e Korczak (2015) avaliam a importˆancia dos atributos pessoais para explicar a performance das negocia¸co˜es, como ano de nascimento, educa¸ca˜o, sexo, nivel hier´arquico correlacionados com o retorno. Inclusive os o´rg˜aos de regula¸c˜ao do mercado de capitais utilizam-se de padr˜oes das atividades dos insiders para programar algoritmos que vigiem as negocia¸co˜es di´arias (CUMMING; JOHAN, 2008). Cumming, Dannhauser e Johan (2015) listam quatro formas de se avaliar as consequˆencias da m´a conduta do mercado financeiro: (i) estudos que avaliam as consequˆencias 4. Integridade do mercado de capitais se refere `a desvantagem informacional dos outsiders em rela¸c˜ao aos insiders..

(20) Cap´ıtulo 2. Revis˜ ao Emp´ırica. 19. administrativas sobre o insider. Para Karpoff, Lee e Martin (2008) evidˆencias de seu estudo apontam que no mercado americano 93% dos executivos perderm seus empregos, 28% responde criminalmente com multas e pris˜ao m´edia de 4,3 anos; (ii) a participa¸ca˜o do mercado financeiro, quanto a regula¸ca˜o e aplica¸ca˜o das normas. A eficiˆencia do mercado de capitais foi testada por Porta, Silanes e Shleifer (2006), em seguida Aggarwal e Wu (2006), Cumming, Johan e Li (2011) refor¸caram a importˆancia da legisla¸ca˜o e enforcement para garantir a disponibilidade de capital para investimentos, ou seja, maior liquidez para seus ativos; (iii) outros estudos avaliam a perda de capta¸c˜ao de investimentos em fun¸ca˜o da falta de credibilidade do mercado (CUMMING; JOHAN, 2013); e (iv) e estudos que avaliam as consequˆencias financeiras em termos de penalidades legais e queda de pre¸co das empresas. Como Dyck, Morse e Zingales (2010) e Dyck, Morse e Zingales (2013) que estimam que as empresas percam em m´edia 22% do seu valor quando se envolvem em escˆandalos de m´a conduta no mercado. Bhattacharya e Daouk (2002) e Bhattacharya e Daouk (2009) mostram que a puni¸ca˜o dos atos il´ıcitos ´e mais efetiva na mitiga¸ca˜o do n´ umero de casos de insider trading, do que simplesmente a implanta¸c˜ao de leis, pois a tentativa de aplicar a lei afungentaria os grandes investidores em fun¸ca˜o do elevado custo de monitoramento sem contrapartida no retorno efetivo, o que eleva seus custos do capital. Ou seja, a puni¸ca˜o legal do insider trading tende a garantir uma menor concentra¸c˜ao acion´aria, pre¸co das a¸co˜es mais informativo, maior liquidez do mercado de capitais, mitigando os custos de agˆencia (CUMMING; DANNHAUSER; JOHAN, 2015).. 2.1 Legisla¸c˜ao brasileira Antes de entender a legisla¸ca˜o do Mercado de Capitais Brasileiro ´e preciso destacar a diferen¸ca entre a estrutura jur´ıdica de origem romano-germˆanica, utilizada no Brasil, e a de origem anglo-saxˆonica, como a norte-americana e inglesa. No Brasil, a estrutura jur´ıdica adotada ´e o que se chama de civil law, que segue a doutrina, a Lei escrita. A estrutura utilizada pela maioria dos pa´ıses de origem anglosaxˆonica ´e a common law, que significa que o direito se direciona pela jurisprudˆencia, ou seja, interpreta as normas do direito dadas pelo Poder Judici´ario. A escola law and economics´e mais contemporˆanea e envolve um estudo interdisciplinar, ou seja, agrega ao direito a metodologia da an´alise emp´ırica dos economistas, de forma a tornar a norma jur´ıdica mais eficiente economicamente (COOTER; ULEN, 2007). O mercado de capitais ´e um bem p´ ublico, de direito indivis´ıvel e coletivo, cujo objetivo ´e garantir que as empresas captem recursos para financiamentos de capital e investidores ofere¸cam estes recursos como forma de investimento. Portanto sua credibilidade,.

(21) Cap´ıtulo 2. Revis˜ ao Emp´ırica. 20. transparˆencia e eficiˆencia devem ser garantidas pelos o´rg˜aos de regula¸c˜ao competentes5 Considerando que o direito brasileiro buscou inspira¸ca˜o no modelo norte-americano, o ´org˜ao administrativo possui ao mesmo tempo o poder de regulamentar e fiscalizar o mercado de capitais. Nos Estados Unidos, a SEC (Securities and Exchange Comission) ´e o o´rg˜ao fiscalizador e de puni¸ca˜o das atividades de insider trading (PARENTE, 1978). No Brasil, a CVM (Comiss˜ao de Valores Mobili´arios) ´e a respons´avel por sancionar os atos il´ıcitos administrativos. Ambas as autarquias contam com leis que vedam e criminalizam os agentes que venham a negociar com informa¸c˜oes ainda n˜ao divulgadas ao mercado. O que diferencia um o´rg˜ao do outro ´e a capacidade de repress˜ao a` pr´atica il´ıcita, que ´e prejudicial a` integridade do mercado de capitais, e, em seguida, preza pelo rigor punitivo do insider. O principal problema que a legisla¸ca˜o brasileira encontra ´e que a metodologia utilizada ´e dedutiva, levando a certa subjetividade em sua interpreta¸c˜ao real dos fatos. A Lei das Sociedades Anˆonimas foi um passo importante para normatiza¸ca˜o do mercado de capitais em 1976, quando exigiu que as empresas de capital aberto apresentassem seus resultados ao mercado de forma mais ampla e transparente (full disclosure). A Lei nº 6.385/76 criou o marco regulat´orio do mercado de capitais, definindo seu papel e objetivo de proteger seus agentes e evitar o uso de informa¸c˜oes privilegiadas. A Lei nº 6.404/76 estabeleceu a responsabilidade dos administradores e membros do Conselho de uma determinada empresa de capital aberto, os “insider trading”. As leis brasileiras foram influenciadas pelo Securities Act de 1933 e o Securities Exchange Act de 1934 (PARENTE, 1978). Em 1976, os artigos 155 e 157 da Lei nº 6.404/76 imp˜oem trˆes deveres aos administradores das companhias abertas (insider ): o dever de informar, o dever de diligˆencia e o dever de lealdade. Em 1984, a autarquia publicou a instru¸ca˜o nº 31, ampliando a tipifica¸ca˜o da pr´atica do insider para qualquer pessoa que pudesse ter acesso a` informa¸c˜ao ainda n˜ao divulgada ao mercado. Esta regulamenta¸c˜ao foi revogada pela Instru¸ca˜o CVM nº 358/02, estabelecendo a defini¸c˜ao de fato relevante e destinando a norma a qualquer pessoa que tivesse acesso a` informa¸c˜ao privilegiada. Em 1989, a Lei nº 7.913/89 instituiu a a¸ca˜o civil p´ ublica para o ressarcimento dos danos causados aos investidores no mercado de valores mobili´arios, por aqueles que se utilizam de informa¸c˜oes privilegiadas. E garantiu ao Minist´erio P´ ublico a legitimidade 5. No Brasil, competentes, Minist´erio P´ ublico e Poder Judici´ ario. Assim, o ato il´ıcito de um insider deve ser examinado em trˆes esferas: 1) atrav´es de um processo administrativo julgado pela CVM, que normalmente ´e quem identifica o crime e aponta os ind´ıcios da vantagem il´ıcita. Sua responsabilidade ´e proteger o mercado de capitais apoiado na instru¸c˜ao nº 358 da CVM; 2) atrav´es de um processo civil examinado pelo Minist´erio P´ ublico, que tem por obriga¸c˜ao defender os outsiders (investidores que n˜ao possuem informa¸c˜ao privilegiada);e 3) julgado pelo Poder Judici´ario no m´erito da puni¸c˜ao disciplinar referente ao preju´ızo causado a sociedade, se apoia na Lei 10.303/01..

(22) Cap´ıtulo 2. Revis˜ ao Emp´ırica. 21. ativa. Em 2001, foi promovida uma reforma na Lei nº 6.385/76 pela Lei nº 10.303/01, passando a pautar a atua¸ca˜o da CVM. Sua principal contribui¸ca˜o foi a inclus˜ao do Art.27-D, que criminaliza a pr´atica de insider trading. No entanto, a responsabilidade penal do insider trading continua condicionada a`queles que deveriam manter sigilo das informa¸co˜es privilegiadas n˜ao divulgadas ao mercado. Desde 2005, os processos que s˜ao encaminhados para o colegiado da CVM por suspeita de informa¸ca˜o privilegiada, passam antes por um Comitˆe de Termo de Compromisso, que ´e um o´rg˜ao que avalia de forma privilegiada os acusados que se comprometem a pagar multa ou ajustar sua conduta. O Comitˆe tem o poder de aceitar ou n˜ao abrir um processo considerando este termo e disponibilidade do acusado. Em 2007, de forma a melhorar a qualidade informacional das empresas e garantir mais transparˆencia e credibilidade, a Lei das S.A. foi emendada com a Lei 11.638/07 reafirmando que as demonstra¸co˜es financeiras das companhias abertas observar˜ao, ainda, as normas expedidas pela CVM e ser˜ao obrigatoriamente submetidas `a auditoria por auditores independentes registrados na CVM. Al´em disto, a Lei exige que as normas expedidas `a CVM sejam elaboradas em consonˆancia com os padr˜oes internacionais cont´abeis adotados nos principais mercados de valores mobili´arios. Essa reforma ajudou a aumentar a quantidade de informa¸c˜oes, como a apresenta¸ca˜o das demonstra¸c˜oes dos fluxos de caixa e do valor adicionado. Em 2009, algumas regulamenta¸c˜oes foram promulgadas com o objetivo de padronizar a informa¸ca˜o dispon´ıvel para reguladores e investidores. Pela Instru¸c˜ao nº 480 da CVM, editada em 2009, os emissores s˜ao obrigados a enviar informa¸c˜oes peri´odicas a` CVM de acordo com o novo formato e manter dados dispon´ıveis aos investidores por trˆes anos. Todas essas revis˜oes da legisla¸c˜ao ainda n˜ao foram suficientes para resolver o maior impasse da acusa¸c˜ao, que ´e caracterizar a conduta do insider trading, pois o art. 155, §1º, da Lei nº 6.404, de 1976, exige que se prove a inten¸c˜ao, do agente, de auferir vantagem indevida por meio de negocia¸c˜ao; dessa forma, a discuss˜ao nunca ocupa um destaque na jurisprudˆencia, mas fica sempre presa `a doutrina. Avaliando os casos julgados e sancionados pela CVM, percebe-se que no ano da promulga¸c˜ao de uma nova lei ou instru¸ca˜o, o n´ umero de processos punidos aumenta a ponto de se equiparar com os absolvidos. Sugerindo certa efetividade na nova regulamenta¸ca˜o, no entanto no anos seguintes o padr˜ao de condena¸co˜es mudava. A partir de 2010, essa autarquia mudou a estrat´egia, passando a pontuar diversos ind´ıcios para justificar o il´ıcito, como: destacar a rela¸c˜ao pessoal entre os participantes da opera¸c˜ao, pontuar a condi¸ca˜o econˆomica dos participantes para verificar a capacidade e justificativa para negociarem a¸co˜es de determinada companhia. Desta forma, o n´ umero de casos punidos obteve maior.

(23) Cap´ıtulo 2. Revis˜ ao Emp´ırica. 22. ˆexito a partir desta data, conforme Figura 1.. Figura 1 – Percentual de casos julgados pela CVM entre 2002 e 2015 por resultado (com base na amostra inicial).

(24) 23. 3 M´etodo da Pesquisa 3.1 Dados e vari´aveis A fonte de pesquisa s˜ao os casos julgados por suspeita de uso de informa¸ca˜o privilegiada ainda n˜ao divulgada para negocia¸ca˜o do ativo na BM&FBOVESPA. Tal pr´atica gera uma infra¸ca˜o ao artigo 13, caput, da Instru¸c˜ao CVM nº 358, de 2002. Esta infra¸c˜ao ´e instaurada pela Superintendˆencia de Processos Sancionadores (SPS), em conjunto com a Procuradoria Federal Especializada (PFE) junto `a CVM, que abrem um PAS para buscar ind´ıcios que comprovem que algum agente de mercado tenha utilizado informa¸ca˜o privilegiada para obter vantagem econˆomica - que seriam os retornos anormais – configurando assim o ato il´ıcito do insider trading e viola¸c˜ao do artigo 155, §4º, da Lei nº 6.404/1976. Os dados da amostra foram coletados do site da CVM, que apresenta um banco de dados de todos os processos administrativos sancionadores (PAS), instaurados pela CVM e julgados pelo Colegiado. Os processos foram avaliados apartir de 2002, em fun¸ca˜o da disponibilidade de filtros para sele¸c˜ao dos casos julgados por suspeita de “insider trading”, o que coincide com o primeiro ano que o ato il´ıcito de insider trading passou a ser criminalizado. O per´ıodo analisado tem in´ıcio em 2002 at´e a data final de 12/01/2016, englobando os casos julgados at´e 2015.. 3.2 Procedimento Metodol´ogico A primeira etapa ´e iniciada com uma pesquisa descritiva, analisando 60 processos indiciados pelo crime de insider trading. Para o procedimento de coleta inicial foi realizado um estudo documental de cada um destes processos de forma a filtrar os dados que se enquadram na tipifica¸ca˜o de insider trading. Observou-se que administradores, diretores e acionistas controladores foram os principais alvos dos processos administrativos da CVM. Em seguida registraram-se as caracter´ısticas de cada processo, tabulando dados qualitativos como: a) data do julgamento; b) c´odigo do processo; c) empresa(s) envolvida(s); d) nome das a¸c˜oes (tickets); e) n´ umero de acusados “insider ”; f) resultado do processo; g) valor da multa aplicada em caso de puni¸ca˜o; h) infra¸c˜ao; i) origem da investiga¸c˜ao, movimenta¸c˜ao verificada pela CVM como suspeita de manipula¸ca˜o por insider ; j) data in´ıcio e fim da movimenta¸ca˜o at´ıpica do pre¸co da a¸c˜ao; l) data da publica¸ca˜o do fato relevante (data do Evento); m) conte´ udo do fato relevante; n) tipo de negocia¸ca˜o (compra/venda)..

(25) Cap´ıtulo 3. M´etodo da Pesquisa. 24. Na primeira fase do estudo, corresponde `a amostra inicial, foram exclu´ıdos 18 casos por motivos, como: a) repeti¸c˜ao no banco de dados da CVM; b) por n˜ao estar relacionada diretamente a` acusa¸ca˜o por insider trading tipificada na infra¸ca˜o aos artigos 13, caput, da Instru¸c˜ao CVM nº 358/02, c.c. o art. 155, §1º, da Lei nº 6.404/76; c) por n˜ao estar caracterizado, no processo, a data do evento denominada pela data da publica¸ca˜o do Fato Relevante. Dentre um total de 771 casos julgados pela CVM no mesmo per´ıodo, 42 casos foram indiciados pelo crime de insider trading. Os resultados dos processos de insider trading representam somente 5,45% dos casos julgados, no per´ıodo avaliado, representando uma m´edia de 3 casos por ano. Deste total de casos julgados, 16 casos foram absolvidos (38%), 13 casos tiveram seus indiciados punidos por multa e (ou) inabilita¸c˜ao tempor´aria (31%) e 13 casos tiveram indiciados punidos e absolvidos (31%). Ou seja, em 62% dos casos houve puni¸c˜ao administrativa, o que expressa um fator positivo, considerando que a maioria dos casos indiciados s˜ao punidos pela autarquia da CVM respons´avel pela prote¸c˜ao do mercado de capitais. Por´em, quando se avalia o total de insiders indiciados, a maioria executivos das companhias – que nesta amostra contabilizaram 226 – somente 27% deste total foram punidos, ou seja, apenas 62 indiciados foram multados por uso de informa¸ca˜o privilegiada e 2 tiveram a inabilita¸c˜ao por 5 anos acrescida na pena (caso da ADR da Perdig˜ao). Ou seja, os acusados de insider trading tˆem um n´ıvel bastante alto de absolvi¸c˜ao. Com base na leitura dos extratos da sess˜ao de julgamento, percebe-se que a raz˜ao para isto decorre da dificuldade de provar a inten¸c˜ao do acusado em obter vantagens com base em uma informa¸c˜ao privilegiada. Na segunda fase, a pesquisa passou para a coleta de dados secund´arios no Bloomberg. Nesta etapa foram avalidados dados destes 42 processos, coletou-se a s´erie temporal das 54 a¸co˜es envolvidas, visto que alguns casos registram o envolvimento de mais de uma empresa (adquirente e adiquirida), al´em de mais de um tipo de a¸ca˜o (ordi´aria, preferencial, units, e ADRs). No entanto, em fun¸c˜ao da baixa liquidez de algumas a¸c˜oes dentro da janela de estima¸ca˜o e a ausˆencia de informa¸ca˜o de alguma vari´aveis explicativas coletadas, a amostra final foi reduzida para uma an´alise de 32 processos, envolvendo 35 a¸co˜es. O crit´erio de liquidez m´ınimoa foi de 95% de transa¸co˜es dentro da janela de estima¸c˜ao de 165 dias, ou seja, a empresa deveria apresentar negocia¸co˜es em pelo menos 157 dias. As informa¸co˜es do Bloomberg foram de pre¸cos di´arios de fechamento dos ativos atrav´es do PX LAST das a¸c˜oes e o pre¸co di´ario de fechamento do respectivo ´ındice de mercado, que, no caso das a¸co˜es brasileiras, teve o IBOV INDEX como o retorno de mercado no per´ıodo t e um dos processos foi necess´ario para avaliar a ADR da Perdig˜ao (BRFS US Equity) e utilizou-se o ´ındice NYA Index como o retorno de mercado no per´ıodo t da New York Stock Exchange (NYSE), em que a ADR ´e negociada. Estudos anteriores mostraram que o retorno do insider trading pode ser influenciado.

(26) Cap´ıtulo 3. M´etodo da Pesquisa. 25. por diversas vari´aveis explicativas, a maioria com poder explicativo baixo como apontado em Hillier, Korczak e Korczak (2015). Por´em o tamanho da companhia e o ´ındice Bookto-Market se destacam conforme evidˆencias reveladas em diversos estudos na literatura (SEYHUN, 1986; FAMA; FRENCH, 1993; LAKONISHOK; LEE, 2001). O tamanho da firma (TAM), que ´e mensurado pelo logaritmo natural da capitaliza¸ca˜o de mercado – que ´e o valor de mercado do patrimˆonio l´ıquido avaliado para cada a¸ca˜o i no per´ıodo t – utilizando o valor da capitaliza¸ca˜o do Bloomberg®. A vari´avel de controle book-to-market (BM), que influencia o retorno das a¸co˜es, ´e a rela¸ca˜o entre o valor cont´abil e o valor de mercado da empresa, utilizado por diversos estudos como um preditor dos retornos das a¸c˜oes (FAMA; FRENCH, 1993; LAKONISHOK; LEE, 2001). Nesse estudo, o ´ındice BM foi calculado como a rela¸ca˜o inversa do ´ındice Market-to-Book do Bloomberg®, que ´e definido como a rela¸ca˜o do pre¸co de mercado da a¸ca˜o pelo seu valor cont´abil. A segunda etapa da pesquisa ´e explicativa no sentido de investigar o comportamento das a¸co˜es no mercado de capitais. Para isto, poderiam ser utilizados dois modelos: modelo de pre¸co ou modelo de retorno. Fez-se o uso, neste estudo, do modelo de retorno, uma vez que este possibilita a avalia¸ca˜o dos efeitos de um determinado evento corporativo sobre o apre¸camento do ativo, julgando as oscila¸co˜es de pre¸co do ativo em torno da data de divulga¸c˜ao do evento, aqui definido como a data da divulga¸ca˜o do Fato Relevante. Existem trˆes procedimentos metodol´ogicos para calcular o modelo de retorno: 1) covariˆancia do retorno dos ativos; 2) estudo de evento que mede a diferen¸ca entre o retorno efetivo e o retorno normal esperado (FAMA et al., 1969; CAMPBELL; LO; MACKINLAY, 1997); e 3) Probabilidade de Negocia¸c˜ao Diferenciada, modelo de microestrutura. Conforme fora mencionado, a metodologia utilizada neste trabalho foi o estudo de evento, mesmo m´etodo utilizado por Bhattacharya et al. (2000) no estudo do mercado emergente mexicano, dando ˆenfase ao modelo de mercado para identificar retorno anormal de cada a¸c˜ao para cada dia. A referˆencia utilizada do modelo foi dada por Campbell, Lo e MacKinlay (1997). O modelo de mercado ´e usualmente o mais recomendado, porque reduz a variˆancia do erro, uma vez que no modelo de pre¸co o intercepto ´e igualado `a taxa livre de risco, o que afeta o desvio padr˜ao do erro na janela de estima¸c˜ao. No caso de mercados com menor liquidez, como ´e o caso do brasileiro – no qual a janela de estima¸c˜ao do retorno ´e pequena em fun¸c˜ao da baixa liquidez dos ativos – ´e recomendado usar o modelo de mercado (FAMA, 1998). Na literatura brasileira, um dos primeiros trabalhos a utilizar o m´etodo de estudo de eventos com modelo de mercado foi de Leite e Sanvicente (1990). Estes estudiosos discutiam, de forma geral, uma quest˜ao cont´abil sobre a utiliza¸c˜ao do valor patrimonial como objeto de avalia¸ca˜o de investimentos, e, de forma secund´aria, igualmente testaram a.

(27) Cap´ıtulo 3. M´etodo da Pesquisa. 26. significˆancia do seu conte´ udo informacional, verificando que havia um retorno anormal que antecipava o an´ uncio da entrega dos resultados financeiros, indicando negocia¸c˜ao com informa¸c˜ao privilegiada. Outros trabalhos tamb´em utilizaram o estudo de eventos para calcular o retorno anormal causado por assimetria de informa¸c˜ao, como os trabalhos de Rochman e Eid Jr. (2007), Cassandre (2007), Sim˜oes et al. (2012) para an´alise do conte´ udo informacional em eventos de fus˜oes e aquisi¸co˜es; Medeiros e Matsumoto (2006) observaram eventos de lan¸camentos p´ ublico e privado, al´em de outros. A hip´otese estat´ıstica para um estudo de evento ´e que haja de fato eficiˆencia de mercado, ou seja, que havendo qualquer evento informacional, p´ ublico ou privado, o mercado de capitais reaja imediatamente incorporando o evento ao seu pre¸co. Com este objetivo, esta pesquisa segue basicamente as sete etapas do Estudo de Evento definido por Campbell, Lo e MacKinlay (1997):. 3.2.1 Defini¸c˜ao do evento O evento ´e definido pela data da divulga¸ca˜o oficial do Fato Relevante, que tenha gerado uma queda ou eleva¸ca˜o for¸cada do pre¸co da a¸ca˜o. A partir dele ´e definida a “janela do evento”, que deve ser maior que o per´ıodo de interesse espec´ıfico. Esta data ´e fixada no processo sancionado e julgado pela CVM, chamada de data zero (“0”). Cada processo pode ter mais de uma data de fato relevante; neste caso, usou-se apenas a primeira data de evento, uma vez que as demais, em lhe sendo – normalmente – pr´oximas, sofreriam interferˆencia do primeiro evento divulgado.. 3.2.2 Sele¸c˜ao da amostra A amostra compreende 35 a¸co˜es de 32 casos julgados e sancionados pela CVM, entre 2002 e 2015, por suspeita de negocia¸c˜ao com informa¸ca˜o privilegiada (ver Apˆendice A).. 3.2.3 Retornos normais e anormais Nesta etapa do estudo de evento, foi definido o modelo para explicar os retornos anormais, determinados como a diferen¸ca entre o retorno efetivo e o retorno esperado (retorno normal), o qual ´e assim definido pela expectativa de retorno, caso n˜ao exista vazamento de informa¸c˜ao privilegiada. Saliente-se que n˜ao existe consenso entre os te´oricos, sobre o modelo a ser utilizado para estimar o retorno normal. Para testar a hip´otese nula que o retorno anormal ´e igual a zero em cada um dos dias considerado na janela de evento, utilizou-se o modelo de mercado de Campbell, Lo e MacKinlay (1997) acrescido de mais duas vari´aveis explicativas, s˜ao elas: tamanho da empresa (TAM) e Book-to-Market (BM). Sendo estas duas vari´aveis, frequentemente,.

(28) Cap´ıtulo 3. M´etodo da Pesquisa. 27. utilizadas para explicar o retorno de um ativo em situa¸co˜es que as empresas possuem baixa liquidez, o que ocorre na amostra pesquisada. Nesse modelo considera-se uma regress˜ao linear m´ ultipla e o m´etodo de M´ınimos Quadrados Ordin´arios (MQO) para estimar o efeito das vari´aveis explicativas sobre o retorno. Em outras palavras, para qualquer a¸c˜ao i e evento t, o modelo de mercado considerado, ´e dado da seguinte forma: Rit = αi + βi RMit + λi TAMit + γi BMit + εit ,. (3.1). em que Rit ´e o retorno do ativo i no evento t; RMit ´e o retorno de mercado do ativo i no evento t (IBOV ou NYA Index), TAMit ´e o logaritmo natural do valor de mercado do ativo i no evento t; BMit ´e o valor cont´abil do patrimˆonio no trimestre fiscal anterior ao evento dividido pelo valor de mercado do dia da opera¸c˜ao do ativo i no evento t; εit ´e o termo de erro do retorno da empresa (assumindo ter distribui¸c˜ao Normal com m´edia 0 e variˆancia σ2i ); αi , βi , λi e γi os parˆametros do modelos de mercado estimados atrav´es do MQO. A ideia principal do modelo de mercado supracitado ´e eliminar a varia¸ca˜o do retorno inerente das vari´aveis explicativas: retorno do mercado, TAM e BM e assim isolar a variˆancia correspondente ao retorno anormal. Portanto, como o R2 representa o percentual da varia¸c˜ao do retorno, que ´e explicado pelas as vari´aveis independentes (retorno do mercado, TAM e BM), logo, quanto maior for essa quantidade menor ser´a a variˆancia do retorno anormal. Neste contexto, o retorno anormal do ativo i no evento t (ARit ) ´e definido como sendo a diferen¸ca entre o retorno efetivo (ou observado) e retorno normal (ou esperado), e pode ser obtido da seguinte maneira: ˆ it ARit = Rit − R . . ˆ i TAMit + γˆi BMit , = Rit − α ˆ i + βˆi RMit + λ. (3.2). ˆ i e γˆi a`s estimativas do efeito das vari´aveis explicativas sobre o retorno. sendo α ˆ i , βˆi , λ Logo, quando ARit apresenta um resultado diferente de zero antes da data de divulga¸c˜ao do fato relevante, tem-se ind´ıcios que houve uma movimenta¸ca˜o at´ıpica no apre¸camento do ativo.. 3.2.4 Procedimento de estima¸c˜ao No estudo de eventos ´e avaliado se houve ou n˜ao, uma manobra do insider para auferir ganhos anormais, antes de o evento ser anunciado ao p´ ublico. A maior dificuldade dessa abordagem metodol´ogica ´e definir a linha do tempo a partir do evento, aqui denominado como a data do an´ uncio do fato relevante. Assim sendo, s˜ao definidas duas janelas: a janela de estima¸ca˜o do retorno normal e a janela do evento. A janela de estima¸ca˜o n˜ao possui uma regra estabelecida para a quantidade de observa¸c˜oes di´arias que devem ser obtidas; no entanto Campbell, Lo e MacKinlay (1997).

(29) Cap´ıtulo 3. M´etodo da Pesquisa. 28. sugere que esta janela deve ser superior a 30 dias. Como nossa amostra trata de 32 tipos de processos diferentes, com rela¸ca˜o a` natureza do fato relevante gerador da assimetria de informa¸c˜ao, resolveu-se adotar um total de 185 observa¸c˜oes entre a janela de estima¸ca˜o e janela do evento, da mesma forma que Glushkov (2011) apresenta em seu manual publicado pela WRDS, quando considera a aplica¸c˜ao do estudo de evento para qualquer natureza informacional. Janela de estimação. Janela de evento. T0 -175. T1 = T2 -10. T3 10. 0 Evento. Início. 165 observações. t Fim. 20 observações. Figura 2 – Linha de tempo considerada para o estudo de evento, adaptada de Campbell, Lo e MacKinlay (1997).. i) Janela de estima¸ca˜o (T0 a T1 ): 165 observa¸c˜oes entre -176 dias a -10 dias, que foram utilizadas para estimar os parˆametros αi , βi , λi , γi e σ2i ; ii) Janela de evento (T2 a T3 ): que pode ser dividida em janela pr´e-evento (-10 a 0 dias) e janela p´os-evento (0 a +10 dias). Para isto, a estima¸ca˜o ser´a feita com uma janela de estima¸ca˜o de 165 dias (-175 a -10 dias). Desta forma usou-se a Janela de estima¸ca˜o conforme a Figura 2.. 3.2.5 Procedimento de testes Nesta etapa s˜ao definidas as hip´oteses a serem testadas, o c´alculo do retorno anormal acumulado (CAR, sigla derivada do termo em inglˆes: Cumulative Abnormal Returns) e a estat´ıstica de teste usada para avaliar as hip´oteses constru´ıdas. Sendo assim, o retorno anormal acumulado pode ser calculado da seguinte maneira:. CARi (t1 , t2 ) =. t2 X. ARit ,. (3.3). t=t1. em que CARi representa o retorno anormal acumulado do ativo i no per´ıodo de tempo de t1 a t2 , com T2 ≤ t1 ≤ t2 ≤ T3 . Deseja-se testa agora as seguintes hip´oteses:.

(30) Cap´ıtulo 3. M´etodo da Pesquisa. 29. H0 : CARi = 0 (o retorno anormal acumulado no per´ıodo de t1 a t2 ´e igual a zero) H1 : CARi 6= 0 (o retorno anormal acumulado no per´ıodo de t1 a t2 ´e diferente de zero) Com base nestas hip´oteses um teste para H0 de um determinado ativo pode ser realizado atrav´es da seguinte estat´ıstica de teste:. SCARi (t1 , t2 ) = s. sendo σ ˆi (t1 , t2 ) =. . Pt2. . > ˆ2i 1 + x> 0it Xi Xi t=t1 σ. CARi (t1 , t2 ) , σ ˆi (t1 , t2 ) −1. (3.4). . x0it , com σ ˆ2i , Xi e x0it dados, respecti-. vamente, por:. σ ˆ2i = . −9   1 X ˆ it 2 , Rit − R 161 t=−175. (3.5). . 1 RMi(−175) TAMi(−175) BMi(−175)     1 RMi(−174) TAMi(−174) BMi(−174)    Xi =  . .. .. ..    .. . . .   1 RMi(−9) TAMi(−9) BMi(−9). (3.6). x0it = (1, RMit , TAMit , BMit )> , −10 ≤ t ≤ 10.. (3.7). e. Note que σ ˆ2i e Xi s˜ao, respectivamente, o estimador da variˆancia do erro e a matriz de desenho do moledo apresentado na equa¸ca˜o (3.1). Al´em disso, observe que o argumento dentro do somat´orio em σ ˆi (t1 , t2 ) ´e a variˆancia do erro de predi¸c˜ao para um determinado x0it , que n˜ao foi utilizado no ajuste do modelo (3.1), o que justifica o uso dessa variˆancia no c´alculo da estat´ıstica de teste SCARi (t1 , t2 ). Sob H0 , a distribui¸ca˜o de SCARi (t1 , t2 ) ´e t-student com 161 graus de liberdade. Sabendo disso, estabelecendo um n´ıvel de significˆancia pode-se testar as hip´oteses mencionadas. Neste caso, o n´ıvel foi fixado em 0,05 e foi obtido o p-valor, logo se este for menor que 0,05, a hip´otese nula ´e rejeitada indicando que o CARi (t1 , t2 ) ´e estatiscamente diferente de zero, ou seja, que houve sim retorno anormal no per´ıodo de t1 a t2 . As duas u ´ltimas etapas do estudo de evento ser˜ao apresentadas nos cap´ıtulos seguintes, apresentando as Discuss˜oes dos Resultados obtidos, e por fim a Conclus˜ao do estudo..

(31) Cap´ıtulo 3. M´etodo da Pesquisa. 30. 3.3 Outras t´ecnicas utilizadas Al´em da t´ecnica de identifica¸c˜ao do retorno, foi utilizado neste estudo o Teste Exato de Fisher para verificar se, a quantidade de ocorrˆencia entre os resultados dos julgamentos (absolvidos ou punidos) s˜ao ou n˜ao dependentes da evidˆencia de retorno anormal. Esse teste ´e utilizado entre duas vari´aveis qualitativas. O intervalo de confian¸ca adotado foi de 95%..

(32) 31. 4 Discuss˜ao dos Resultados Neste estudo emp´ırico foram avaliadas as decis˜oes da CVM em Processos Administrativos Sancionadores julgados pela autarquia entre 2002 e 2015. Os resultados do estudo de eventos est˜ao atrelados aos objetivos do estudo, tendo como cerne a identifica¸ca˜o, discuss˜ao e an´alise dos retornos anormais nas opera¸c˜oes julgadas por assimetria de informa¸c˜ao. Os resultados e discuss˜oes foram expostos na an´alise das cinco hip´oteses de pesquisa levantadas para responder aos objetivos deste estudo. A Tabela 1 compara os casos julgados pela CVM como absolvidos e punidos em rela¸ca˜o a` evidˆencia de retorno anormal ou n˜ao, calculados neste estudo. Por casos punidos entende-se os casos que tiveram todos os indiciados punidos e os casos que tiveram algum indiciado punido. A quantidade de casos com retorno anormal foi obtida da tabela do Apˆendice B, que resume todos casos que apresentaram retorno anormal acumulado (CAR) a um n´ıvel de significˆancia de 5% em pelo menos um dia da janela de evento analisada. Essa tabela foi constru´ıda observando a tabela CAR, SCAR e valor-p do teste do retorno acumulado para cada a¸c˜ao individualmente. Percebe-se que do total de 32 casos julgados no per´ıodo analisado, 19 casos apresentaram retorno anormal acumulado, ou seja 59% da amostra apresenta ind´ıcio de opera¸co˜es realizadas com informa¸c˜ao privilegiada. Este percentual de 59% de identifica¸c˜ao de retorno anormal foi expressivo considerando o resultado de outros estudos nacionais. Rochman e Eid Jr. (2007) identificaram 25,7% de evidˆencia de CAR, enquanto Cassandre (2007) encontrou 33,33% de CAR. No entanto, os resultados apontaram tamb´em que 8 casos com retorno anormal foram absolvidos pela CVM, ou seja, a CVM n˜ao conseguiu apresentar provas suficientes que enquadrasse estes indiciados por crime de insider trading, apesar das evidˆencias de CAR. Dos 19 casos condenados pela CVM, somente 11 casos apresentaram retorno anormal acumulado. Esta diferen¸ca pode ser explicada considerando o tamanho da janela de estima¸c˜ao e janela de evento utilizada, que n˜ao conseguiram captar a movimenta¸c˜ao at´ıpica. Tabela 1 – N´ umero de Casos por resultado do julgamento e evidˆencia de Retorno Anormal: Veredito Absolvidos Multas, inabilita¸ca˜o e absolvi¸c˜oes Total de casos. Total de % de casos Casos casos por veredito com RA 13 41% 8. % Casos c/ RA por Veredito 62%. Casos sem RA 5. 19. 59%. 11. 58%. 8. 32. 100%. 19. 100%. 13. Considerando a an´alise de conte´ udo dos termos de acusa¸ca˜o dos processos julgados.

(33) Cap´ıtulo 4. Discuss˜ ao dos Resultados. 32. na primeira etapa desta pesquisa, observa-se que o insider trading, no Brasil, opera com certa antecedˆencia ao an´ uncio do Fato Relevante. Em alguns casos, as negocia¸co˜es come¸cam um ano antes da publica¸c˜ao do Fato Relevante. Medeiros e Matsumoto (2006) observaram o mesmo comportamento do insider trading, o que poderia ser intencional, para obter ganhos sem chamar aten¸ca˜o do o´rg˜ao fiscalizador. Portanto, a janela do evento desse estudo pode n˜ao conseguir captar todas as movimenta¸c˜oes at´ıpicas, principalmente no per´ıodo que antecede o evento. Percebe-se que captar as movimenta¸co˜es at´ıpicas em s´eries de tempo de curto prazo, se torna uma tarefa dif´ıcil. Alguns estudos internacionais encontraram prolongamento do retorno anormal na s´erie de tempo, como Lakonishok e Lee (2001), notando prolongamento do retorno nas empresas que anunciaram recompra de a¸co˜es. Para Zhu e Wang (2015) houve uma mudan¸ca de comportamento do insider trading na China, principalmente nas opera¸co˜es de divulga¸ca˜o de resultado, apontando que o insider trading passou a antecipar sua atua¸ca˜o para reduzir o risco de ser flagrado e punido, j´a que a lei proibe negocia¸ca˜o no mˆes que antecede tal divulga¸c˜ao. A Tabela 2 foi preparada com base na an´alise da concentra¸ca˜o do CAR de cada a¸ca˜o nos dias pr´e-evento (-10 a 0 dias), nos dias p´os-evento (+1 a +10 dias), ou em ambos os per´ıodos, conforme Apˆendice B. Nota-se concentra¸ca˜o de negocia¸co˜es com retorno anormal no per´ıodo pr´e e p´os-evento (9 a¸co˜es), p´os-evento (8 a¸co˜es) e pr´e-evento (2 a¸co˜es) . Percebe-se tamb´em a concentra¸ca˜o de eventos relacionados a F&A (43,75% dos casos), cuja caracter´ıstica ´e comprar antes do an´ uncio do evento, aguardar o an´ uncio do fato relevante para alienar as a¸c˜oes por um pre¸co superior ao comprado, gerando portanto impacto nas negocia¸c˜oes pr´e e p´os-evento..

(34) Cap´ıtulo 4. Discuss˜ ao dos Resultados. 33. Tabela 2 – N´ umero de A¸c˜oes por Evento e evidˆencia de Retorno Anormal:. # casos. # a¸c˜oes. # a¸c˜oes sem retorno anormal. 2. 2. 1. 1. 1. 14. 17. 7. 10. 3. 1. 1. 1. 0. 4. 4. 2. 2. 2. 2. 1. 1. 1. 1. 0. 1. 1. 1. 1. 0. 1. 1. 2. 2. 1. 1. 5. 5. 3. 2. 32. 35. 16. 19. Aumento de capital F&A Cria¸c˜ao de joint-venture Restrutura¸c˜ao societ´aria Fechamento de capital Investimento Lan¸camento de ADR Reestrutura¸c˜ao da d´ıvida Resultado financeiro Total % sobre total de a¸c˜oes. # a¸c˜oes com retorno anormal. 100%. # a¸c˜oes com retorno anormal pr´e-evento. # a¸c˜oes com retorno anormal p´os-evento. 1. # a¸c˜oes com retorno anormal pr´e e p´os-evento. 7. 1 1. 1 1. 1. 2. 8. 9. 6%. 23%. 26%. A primeira e a segunda hip´oteses desta pesquisa tentam responder ao objetivo geral que ´e investigar as opera¸co˜es de insider trading julgadas pela CVM, observando os ind´ıcios do retorno anormal e a aplica¸c˜ao da norma contra o ato il´ıcito. Na Tabela 3 nota-se que n˜ao existem evidˆencias de associa¸c˜ao entre o retorno anormal e o resultado do julgamento e, portanto, a chances de o retorno anormal existir em ambos vereditos s˜ao iguais. Tabela 3 – Distribui¸ca˜o dos casos por resultado do julgamento e evidˆencia de retorno anormal, valor-p para o teste extado de Fisher e Raz˜ao de chances (RC) e seu respectivo intervalo de 95% de confian¸ca: Veredito. Retorno anormal Sim N˜ao 62% (8) 38% (5). Total. Absolvidos 100% (13) Multas, inabilita¸ca˜o 58% (11) 42% (8) 100% (19) e absolvi¸c˜oes. Valor-p. RC (IC 95%). 1,000. 1,16 ([0,22; 6,37]). Ou seja, a chance de o acusado ser absolvido ou punido ´e igual; isto significa que a CVM julga o acusado com base em apontar ´ındicios para a infra¸ca˜o da lei e n˜ao com base na s´erie de tempo, como foi observado neste estudo. Portanto, o resultado encontrado, de o ind´ıcio do retorno anormal n˜ao estar associado ao resultado do julgamento, era o esperado. Logo, o benef´ıcio do crime aumentaria, pois a evidˆencia estat´ıstica n˜ao constaria como prova para o processo, reduzindo as chances de puni¸c˜ao do acusado..

Referências

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