DEPARTAMENTO DE
CIENCIAS
DA
ADMDIISTRAÇÃO
COORDENADORIA
DE
ESTÁGIOS
ó
ESTUDO
MULT1cASOz
A
QUALIDADE DOS
SERVIÇOS
HOTELEIROS
NO
BALNEÁRIO DE
OANASVTEIRAS
O
TRABALHO
DE CONCLUSÃO DE
ESTÁGIO
HELENA
MAYER
Florianópolis,
novembro
de 1997:UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE SANTA CATARINA
CENTRO
SÓCIO-ECONÓMICO
DEPARTAMENTO
DE
CIENCIAS
DA
ADMINISTRAÇÃO
COORDENADORIA
DE
ESTÁGIOS
HELENA
MAYER
Orientado por:
Msc.
Luis MorettoNeto
Área
de concentração:Administração Hoteleira
Supervisionado Obrigatório -
CAD
5401.BANCA
EXAMINADORA:
Luis Moretto
Neto
Presidente
Liane Carly
Hermes
ZanellaMembro
Fernando
Ferreira de Mello Júnior/ ""`â\ v
do
se escreDED1cATÓR1Az
da mãe,
IvoneMann
Birr (“Moninha”), que apesaralavras e a Para
minha
queridaamiga
esegun
` `
-me
a pronunciar as primeirasp
u
1° grauincomp
ver
meu
nome.
Ao
professor,amigo
e “guru”, LuisMoretto
Neto, por apostar e acreditarna minha
capacidade, incentivando e orientando a execução deste trabalho;
À
minha
mãe, Helga, por seuexemplo
de perseverança, garra e determinação;Aos
professoresPedro da
Costa Araújo e Liane CarlyHermes
Zanella, pela atenção dispensada e pelos ensinamentos transmitidos;Aos
representantes e proprietários dos hotéis de Canasvieiras,que
possibilitaram a realização deste trabalho;Ao
senhor Valter Joséda
Luz
(SENAC),
por auxiliar e enriquecer este estudocom
seusconhecimentos;
Aos
amigos,que
estiveramsempre
aomeu
lado nosmomentos
de dúvidas e incertezas,em
especial(ordem
alfabética): Aline Ballester, Antônia E. de Souza, Cláudio Michels Dauer, Deise Cruz, GláuceaBoeing
e Joyce Ioenck;Aos
profissionaisda
SANTUR,
porfomecerem
informações de grande utilidade;Se
não
forsonho
não vale apena
viver Pois desonho
em
sonho aprende-se a serNada
maisque
o sonho, perguntareis?Nada
mais simplespara prender-me
Nada
mais simplespara perder-me
LISTA
DE
sIGLAs
RESUMO
APRESENTAÇÃO
1INTRODUÇÃO
2OBIETIVOS
2.1 Objetivo geral 2.2 Objetivos específicos 2.3 Avaliaçãodos
objetivos3
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRIÇA
3.1 Aspectos históricosda
qualidade3.2 Características dos serviços
3.3 Peculiaridades dos serviços hoteleiros
4
METODOLOGIA
DO
TRABALHO
5ESTUDO MULTICASO
5.1
A
classificação dos meiosde
hospedagem
-Embratur
ou
ABIH?
5.2
As
taxas de rotatividadeda
mão-de-obra 5.3 Desenvolvimento e habilitaçãoda
mão-de-obra 5.4 Incentivos à produtividade e à qualidade5.5
Reconhecimento
aos setores de melhordesempenho
5.6
A
ofertade
serviços e informações de interesse dos hóspedes5.7
Adoção
depromoção
e Marketing: as taxas deocupação
e permanência5.8
Meios
para monitorar expectativas e impressões dos hóspedes5.9 Considerações .finais ó
cONcLUsÃo
7
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
sBIBLIOGRAFIA
COMPLEMENTAR
LISTA
DE
SIGLAS
ABIH
- Associação Brasileirada
Indústria de Hotéis.CCQ
- Círculode
Controlede
Qualidade.EMBRATUR
- Instituto Brasileiro de Turismo.FETHEPAR
- Federaçãodos Empregados
em
Turismo
e Hospitalidadedo
Estadodo
Paraná.SAN
TUR
- Santa CatarinaTurismo
S.A.SENAC
- Serviço Nacionalde Aprendizagem
Comercial.Este trabalho aborda aspectos referentes à qualidade dos serviços dos hotéis
no
Balneário de Canasvieiras - Florianópolis, tendo
como
base anova
legislação de classificação dosmesmos,
proposta pelaEMBRATUR
e,em
vigor, desde 28.11.96.O
foco principalda
pesquisa diz respeito à qualificaçãoda
mão-de-obra, através dasforrnas de seleção e treinamento utilizadas pelos hotéis,
bem
como
de incentivo ereconhecimento aos funcionários
que
se destacamno
atendimento aos hóspedes.Outras questões analisadas são relativas à existência e utilização de pesquisas para identificar e avaliar
0
grau de satisfação dos hóspedes, e as formas utilizadas para divulgar epromover
os hotéis, principalmentena
baixa estação.APRESENTAÇÃQ
Quando
iniciei a quarta fasedo
curso de Administração,no
anode
1994, recebium
convite da professora Liane Carly
Hermes
Zanella, para trabalharcomo
pesquisadorano
projeto “Diagnóstico e Prognóstico
da
Atividade Turísticaem
Santa Catarina Este projeto eracoordenado
pelo professor LuisMoretto
Neto, e tinhacomo
objetivo identificar asregiões
que
apresentavam potencial para oTurismo
em
nosso Estado.As
atividadesque
desenvolvi serviram para aumentarminha
curiosidadeem
relaçãoao papel
desempenhado
pelos hotéis fiente a esta atividadeeconômica
e,com
isto decidique
iria desenvolvermeu
trabalho de conclusão de estágio nesta área,embora
ainda nãosoubesse ao certo,
que
tema
abordar.Em
meados
de
1996,começaram
a surgirna
imprensa nacional, os primeiroscomentários sobre a
nova
classificação dos hotéis, e foi nestemomento
que o tema do
meu
TCE
surgiu:como
os hotéisde
Santa Catarina estavam se preparando para estamudança,
vistoque
até estaépoca
otema
qualidadenunca
havia sido abordadode forma
tão diretapelo setor hoteleiro? '
Então, resolvi procurar
novamente
o professor LuisMoretto
e expor aminha
idéia,cuja receptividade foi
além do que eu
havia imaginado.Com
seu grande conhecimento, o professor, agora já transformadoem
orientador,sugeriu
que
a pesquisa fosse aplicadaem
uma
das três áreas de concentraçãodos
hotéisem
Florianópolis: o centroda
cidade, o Balneário de Ingleses eo
Balneário de Canasvieiras. Optei pela terceira opção, por serum
pólo que reúneum
grandenúmero
de turistasnacionais e estrangeiros
na
altatemporada
e,na
baixa temporada, as taxas deocupação
dos meiosde
hospedagem
são reduzidas drasticamente,como
posteriormentepude
constatar.Foi
também
do
professor Morettoque
ouvium
conselhoque
serviucomo
alavancapara este trabalho: “não
vamos
reinventar a roda”, e a propostade
abordar a questãoda
qualificação
da mão-de-obra
dos hotéis encaixou-se perfeitamente à idéia original deste estudo,que
inicialmenteme
causoumedo
e insegurança,mas
que
com
0
decorrerdo
seudesenvolvimento transformou-se
em
um
grande aliado aomeu
crescimento intelectual eAs
42
praias e as belezas naturais exuberantes,têm
proporcionadoà
Ilhade
Santa Catarina,um
papelde
destaqueno mercado
turístico nacional e internacional.O
aumento do
fluxo
de visitantes, a partirda
década de 80, levou ao incrementoda
instalação demeios de
hospedagem
e de acordocom
MORETTO,
“no contexto estadual, aIlha
de
Santa Catarinatem
o segundo
Parque Hoteleiro instaladoem
termosdo
número
de
empreendimentos
eda
ofertade
leitos.” (1993, p. 03) 'Tabela 01 - Concentração de
Meios
deHospedagem
- Santa CatarinaSC
MEIOS
DE
HOSPEDAGEM
%
CAPITAL
24
17,27%
INTERIOR
1 1582,73%
TOTAL
139100%
Fonte:
EMBRATUR
- Relatório de empreendimentosO
Balneáriode
Canasvieiras, situado ao norteda
Ilha,além
de atrairum
grandenúmero de
turistas nacionais e estrangeiros é segundoMORETTO
o “1°Parque
Hoteleiro,em
termosde
unidades habitacionais e leitos” (1993, p. 05)da
cidade de Florianópolis.Dos
24
(vinte e quatro)meios de hospedagem do
tipo hotel, instaladosna
capitalde
Santa Catarina, 11 (onze) estão situadosem
Canasvieiras.p
Entretanto, as maiores taxas de ocupação dos hotéis, localizados
em
Canasvieiras,são registradas
na
altatemporada
(Verão), eno
restantedo
ano, as taxas deocupação
são reduzidas praticamente pela metade.Na
últimatemporada
(verão 1997), “os hotéis nas praias, registraramuma
ocupação
média de
82%.” (O
ESTADO,
1997, p. 03).O
auge dessaocupação
sedeu
“entre os dias 15de
dezembro
e o reveillon; eno
carnavaL [...]Após
o carnavalo movimento
caiu30%
ll
Tabela
02
-Taxa
deocupação
da rede hoteleiraANO
ALTA ESTAÇÃO
(1)BAIXA ESTAÇÃO
(2)1995
59,98%
19,99%
1996
59,16%
29,91%
1997
71,82%
22,36%
Fonte:
SANTUR
- (1) Estudo da demanda turística _(2) Boletim de ocupação hoteleira
Um
fator importante a ser considerado pela Hotelaria é a publicação pelaEMBRATUR,
em
novembro
de
1996,da nova
legislação de classificação dos hotéis, incorporando aspectos relativos a qualidade de serviços, inexistentesna
legislação anterior. Até 1996,ano da
publicaçãoda nova
legislação de classificação hoteleira, os hotéiseram
classificados mais por aspectos construtivos
do
tipo:tamanho
das unidades habitacionais, instalações elétricas e hidráulicas, equipamentos de segurança, entre outros tópicos.Os
serviços limitavam-se à limpeza e arrumação diária das unidades habitacionais, pessoal
uniformizado
ou
trajado de acordocom
as funções exercidas, registro obrigatóriodo
hóspede, atravésdo
preenchimentoda
Ficha Nacional de Registro de Hóspedes, entre entre outros. (ResoluçãoNormativa
Cntur n° 09)Esses critérios
passaram
porum
grande desgaste àmedida
em
que
operadores turísticosdo
exteriorreclamavam da
incompatibilidade entre a categoriaem
que
o hotel estava classificado e os preços cobrados,bem como
o conforto e os serviços oferecidos.A
nova
classificaçãomanteve
alguns aspectos construtivos e concentrou as atençõesnos serviços oferecidos,
na
capacitaçãoda
mão-de-obra, e de políticas voltadas ao atendimentodos
hóspedes. Este último ponto é fator de avaliação anual por parteda
Embratur, epode
proporcionar o rebaixamentoou promoção
de categoria dos hotéis.Em
contrapartida a esta classificação, surge a propostada
ABIH
de promover
outra classificaçãoem
razãoda
solicitaçãode
inúmeros empresáriosdo
setor.As
alegaçõesdo
empresariado derivamda
crisedo
turismo nacional,do
sucateamento dos estabelecimentospor falta de conservação e manutenção, e
da
inexistência demétodos
de gestão modernos.Os
critériosda
ABIH
foram
reunidosem
um
questionário, entreguenos
hotéis,com
perguntas sobre a estrutura dos hotéis, serviços oferecidos, entre outros, juntamentecom
enquadrado.
É
achamada
“auto-classificação”, poisnão
existe fiscalização daABIH
quanto às respostas emitidas e 0 riscode
fiaude
é iminente.Além
disso, as empresas hoteleiras e turísticas são responsáveis pelo grandenúmero
deempregos
geradosna
cidadede
Florianópolis. Durante atemporada
“foram contratados3200
pessoas para trabalharem
atividades ligadas ao turismona
capital.” (idem, p. 03).E
de acordocom
KOTLER:
Os beneficios básicos do turismo são os empregos
em
hotéis, restaurantes, lojas e no setorde transportes. Esses empregos podem ser calculados
numa
base de gastos por dia ou porviagem. Os empregos indiretos são aqueles criados pelos gastos dos funcionários do setor
de turismo na economia de
um
local, que geram, por sua vez, mais empregos.O
segundo beneficio é o efeito multiplicador, à medidaem
que os gastos diretos e indiretos do turismosão reciclados pela economia local. (1994, p. 210)
Porém,
ao términoda
temporada, estasmesmas
3200
pessoas,foram
,na
sua maioria, dispensadasde
suas atividades.É
possível conquistar os padrões de qualidade de serviços propostos pelaEMBRATUR,
se amão-de-obra
dos hotéis éem
grande parte contratada parauma
temporada
de verão?O
objeto central deste trabalho é analisar alguns critérios relativos à qualidade dosserviços incorporados
à
legislação, tendocomo
foco principal amão-de-obra dos
hotéis deCanasvieiras e a contradição existente entre
um
dos fatores essenciais para existência dequalidade (identificação dos funcionários
com
aempresa
e envolvimento de todos osmembros
para obtençãoda
qualidade), e a elevada rotatividade ao finalda temporada de
verão.
A
motivação principal para a realização deste estudo,além
do
aprofundamento e a ampliação de conhecimentos, aliados auma
forte identificaçãocom
otema
central, éproporcionar
um
maior detalhamento eembasamento
a respeitoda
realidade deum
dosmercados
responsáveis pelo desenvolvimento de Florianópolis: omercado
turístico-2
OBJETIVOS
2.1)
Objetivo
principalAnalisar aspectos qualitativos incorporados aos
meios
dehospedagem
-do
tipohotel -
no
Balneáriode
Canasvieiras - Florianópolis,com
basena nova
legislação de classificaçãodos
mesmos,
proposta pela Embratur,em
vigor desde 28.11.96.2.2) Objetivos específicos
Identificar e analisar os seguintes aspectos:
- existência
ou
nãode
desenvolvimento e habilitação parao
trabalhoda
mão-de-obraempregada no meio
dehospedagem;
- utilização
de
incentivo à produtividade e à qualidade atravésda adoção
de políticasque
visem
cativar, satisfazer e mantero
cliente;- ocorrência
de
reconhecimento às equipes (setores) de melhordesempenho;
- preocupação
em
transmitir informações e oferecer serviços de interessedo
hóspede; -adoção
depromoção
e marketing, buscando aumentar as taxas deocupação
epermanência
do
hóspede, principalmentena
baixa estação;- utilização
de
meios para monitorar as expectativas e impressõesdo
hóspede, incluindomeios para pesquisar opiniões, reclamações e
como
soluciona-las.2.3)
Avaliação dos
objetivosOs
objetivos estabelecidos pretendiam abordar aspectos relativos a setores específicosdos meios
dehospedagem,
como
por exemplo: copa, restaurante, lavanderia, centralde
reservas, entre outros.Porém,
ao se analisar a estrutura hoteleirado
Balneário de Canasvieiras, constatou-Tal fato, levou a
uma
reestruturaçãoda
abordagem
para a obtenção dos objetivos,através
da
coletade
informaçõescom
os responsáveis pelos meiosde hospedagem,
ou
seja,proprietários, gerentes comerciais e administrativos e representantes.
Algumas
dificuldades surgirarnno
decorrerda
realizaçãoda
pesquisa decampo,
entre as quais
convém
salientar:0
desconfiança
por parte dos entrevistados quanto ao conteúdoda
pesquisa;0 realização
da
pesquisaem
etapas distintas (l° etapa: agosto/1997
e 2° etapa: outubro1997),
em
virtude dos hotéis encontrarem-se fechados sob a alegação de “fériascoletivas”
ou
“reforma”;0 localização dificil de algtms meios de
hospedagem
(endereços incompletos, ruas desconhecidas, etc.).Entretanto, o alcance
dos
objetivos superou as expectativas, vistoque
100%
dos hotéisque estavam
abertos eem
funcionamento(em
número
de 06) permitiram a realização3
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
3.1 -
Aspectos
históricosda
Qualidade
Com
o adventoda Revolução
Industrial, os sistemas produtivos passaram por grandesmudanças,
com
a introdução de novas máquinas emétodos de
trabalho. Muitas pessoasmelhoraram
seu padrão de vida (geralmente os proprietários das indústrias), enquanto outras,empregados
das fábricas, passaram a sofiercom
a fadiga de longas jornadas de trabalho, gerando inúmeros problemas, até então inexistentes.A
mão-de-obra
era considerada
como
uma
mercadoria semelhante aos produtos,podendo
sercomprada
evendida
sempre que
necessário.As
atividades gerenciais nesta época baseavam-seem
métodos
de ensaio e erro,com
mínima
exatidão e eficiência, fundamentando-seprincipalmente
na
intuição,no
julgamento e registros contábeis dos administradores. Essas atividades gerenciaisnão levavam
em
consideração aspectos voltados as decisões de longoprazo, tendo
como
interesse principal as máquinas, materiais e equipamentos,conforme
MEGGINSON,
MOSLEY
ePIETRI:
Os empresários tomaram consciência de problemas que não tinham tido antes do
surgimento do sistema fabril.
Mas
na maioria dos casos não percebiam o relacionamentoentre o ambiente que se modificava e suas atividades,
nem
compreendiam a natureza dos novos problemas de administração.Por volta da metade do século XIX, o pessoal de empresa nos Estados Unidos começou a compreender que havia sérios e iminentes problemas humanos.
Os
administradorestendiam a ser autocráticos e burocráticos, porque supunham que a mão-de-obra era
uma
mercadoria que podia ser comprada e vendida como os outros produtos e recursos.
Conseqüentemente, alargou-se o hiato entre os adminisuadores e os trabalhadores à
medida que as fábricas se tomavam maiores. (1993, p. 55)
Neste período,
surgem
as famosas abordagens mecanicista e humanística,dando
um
novo
impulso à rotina das organizações.Dentro
da
abordagem
mecanicista destacam-se os conceitos de Administração Científica,bem
como
as contribuições de FrederickW.
Taylor e Henri Fayol.Para Taylor,
o
importante eraque
os gerentes descobrissemum
meio de
aumentar atrabalho. Infelizmente, esse
pensamento
passou a ser utilizadocomo
forma de
prejudicarainda mais o elemento
humano
dentro das fábricas,com
a adequaçãodo
homem
àmáquina
F
ayol, por sua vez, desenvolveu os princípios básicos de Administração,que
passaram
a nortear as escolas de ensino superior até os dias de hoje.A
escola humanística, pormeio
dos estudos deHawthome,
apontou
a influênciado
ambientede
trabalhona
produtividade dos funcionários.Uma
outra característica desta época é omodelo
proposto por Henri Ford,com uma
política produtiva deconsmno
em
massa, através de grandes lotes de produtoshomogêneos
e verticalização
da
produção,que
retmiana
mesma
empresa
todo o ciclo produtivo.Remotam
a estetempo também,
as primeiras inspeções de produtos e atividades relativas amedição
destes, de maneiraum
pouco
informal, após a finalizaçãodo
produto e de acordocom
CARAVANTES,
CARAVANTES
eBIUR:
[...] “FrederickW.
Taylor,considerado
o
paida
'Administração Científica°,deu
legitimidade à atividade de medição, e principalmente de inspeção, separando-acomo
tarefa a ser atribuída aum
dos oito chefesfuncionais (encarregados) necessários para
um
bom
gerenciamentoda
fábrica.” (1997, p.63)
Entretanto, essas atividades
de medição
e inspeção não obtiveramo
êxito esperado,já
que
trabalhador executava e era especialistaem
uma
única tarefa, oque
tomava
muito grande a distância
em
relação ao produto final e segtmdoAIDAR:
A
grande divisão e especialização do trabalho, tidas pelos pensadores clássicos como ponto de partida para o aumento da eficiência e produtividade, criam a tarefa de inspeção comomna
tareiä isolada dentro das atividades produtivas.A
inspeção eramna
técnica bastante primitiva e defensiva de controle da qualidade, econsistia no simples ato de contagem e classificação, com a finalidade de separar os
produtos 'bons' dos “maus°. (1995, p. 16)
A
partirda década
de 30,com
a introdução demétodos
de controle estatísticoda
qualidade, propostos
por
Shewhart, passou-se a adotar ações corretivas durante o processo de fabricação.O
grande avançoda
qualidade sedeu
principalmente após aSegunda Guerra
Mundial,quando
começam
a surgir nas empresas, departamentos destinados à prevençãode
defeitos.É
achamada
erada
garantiada
qualidade,com
a introduçãode
instrumentos, taiscomo:
quantificaçãodos
custosda
qualidade, controle totalda
qualidade, engenhariada
17
Diversos estudiosos contribuíram para o advento destas técnicas,
como
Joseph Juran,Armand
Feigenbaum,W.
Edwards
Deming
e Philip Crosby. Juran analisou o custoreal
dos
defeitos, jáque
as empresas até esta época, não sepreocupavam com.os
custosgerados por produtos defeituosos, além de desenvolver a
chamada
Trilogia Juran,abordando
aspectos referentes ao planejamentoda
qualidade, controleda
qualidade emelhoramento da
qualidade. Feigenbaurn, propôso
controle totalda
qualidade,onde
ainspeção deveria
começar
pelo projetodo
produto e terminarcom
a obtenção de satisfação dos clientes,conforme
afirmam
CARAVANTES,
CARAVANTES
eBJUR:
O
princípioem
que se assenta a esta visão da Qualidade Total é que, para se conseguiruma
verdadeira eficácia, o controle precisa começar pelo projeto do produto e só terminarquando o produto estiver chegando às mãos de
um
fieguês que fique satisfeito o primeiro principio a ser reconhecido é o de que qualidade éum
trabalho de todos. (1997,P- 65)
Deming,
por sua vez, identificou caracteristicas para a sobrevivência e competitividade empresarial,como
por exemplo: divulgaçãodos
objetivos a todos os funcionários, instituição de treinamento,bem
como
encorajamento a educação e o autodesenvolvimentode
todos osmembros
da
organização.Crosby
instituiu oschamados
“absolutos de qualidade”,
que conforme
CARAVANT
ES,CARAVANTES
eBJUR
são: “definição: conformidade
com
os requisitos; sistema: prevenção; padrão dedesempenho:
zero defeito; medida: preço
da não
conformidade.” (1997, p. 77) '_
Porém,
um
fato significativo é a importânciada
busca pela qualidadeno
Japão, cujos produtos,conforme
VIEIRA,
“eram
conhecidos por sua qualidade inferior.”Ainda
conforme
VIEIRA:
“até 1945, a qualidade japonesa limitava-se à inspeção, sendo que,somente
após aGuerra
asmudanças
aconteceram, estimuladas pelos norte-americanos, queocupavam
o paisnum
movimento
pela sua “reconst1ução°.” (1996, p. 23)O
pontode
partida para essemovimento,
foi o desenvolvimentode
um
sistema flexível de produção,ou
seja, ao contrário dos lotes de produçãohomogêneos
e grandesdo
sistema fordista,
foram
gerados lotesmenores
ecom
produtos diversificados.Outras inovações
foram
incorporadas, taiscomo:
reduçãono
tempo
de
preparação dasmáquinas
paraprodução de
um
novo
lote de peças, diminuição dos custosde
estocagem
e contrataçãode
terceiros para produzir, executar serviços e fornecerHouve
mudanças
também
na
estruturação dos recursoshumanos
da
linha de produção, fazendocom
que
os funcionários fossem agrupadosem
tomo
deum
líder erecebessem responsabilidades diversas,
conhecendo
e passando por diversos setores,na
maioria das vezes, dentro de
uma
única empresa.Além
disso, os fatores culturais são considerados por muitos estudiososcomo
osresponsáveis pelo sucesso
da
qualidade japonesa. Esses fatores culturais baseiam-se, principalmente,no
espírito deconfiança
e obstinaçãodo povo
japonês, aliados asobreposição dos interesses coletivos
em
relação aos individuais. Sobre esses aspectos,afirma
OUCHI:
Na
mentalidade japonesa, o coletivismo não éuma
meta empresarial ou individual pela qual se deva lutar,nem
um
slogan a que se deva seguir. Antes, a natureza das coisasopera de
modo
a que não ocorra nada de significativo como resultado de esforçoindividual. Tudo o que é importante na vida acontece como resultado de
um
trabalhoem
equipe ou esforço coletivo. (1986, p. 52)
Ainda
entre as inovações organizacionais japonesas, pode-se destacar a formação dos círculosde
controle de qualidade,que
de acordocom
VIEIRA
“diferedo
norte- americano, poiso modelo
japonês insisteno
envolvimento de todas as divisões e de todos osempregados no
estudo e controledo C-Q.”
(1996, p. 23)O
objetivo desses círculos é identificar e auxiliar a administração,na
solução de problemas de coordenação e produtividade.E
segtmdoOUCH1,
“os CírculosC-Q, que
foram
desenvolvidosno
Japão, sãoum
método
útil para conseguir alta qualidade, melhorprodutividade e elevação
do
moraldo empregado
- tudo relativamente a baixo custo.” (1986, p. 271)A
partir de 1968,o
conceito de controle de qualidade foi aprimorado por Feigenbaum, passando a ser utilizada adenominação
TQC
- Total Quality Control,ou
Controle
da
Qualidade Total.Partindo-se
do
pressupostode que
a satisfaçãodo
cliente éum
dos
fatoresprimordiais para o sucesso das organizações, o
modelo da
Qualidade Total procura reunir atributosque induzam
à completa satisfação dos clientes.Além
disso, a preocupação dasorganizações não deve ser apenas conquistar
novos
clientes, e sirn, manter etomar
os19
Outro
fator, éque
Qualidade Totalnão
é similar aum
equipamento que secompra
para solucionar determinado problema,mas
algoque
deve ser incorporado e vivenciado por todosque
trabalhamem uma
determinada empresa.A
qualidade deve unir todos os departamentosda empresa
afim
de atingir seus objetivos de satisfazer seus clientes eproporcionar
um
eventualaumento
dos lucros.Conforme
AIDAR:
Os principais objetivos da qualidade devem ser definidos de maneira ampla e envolvem, resumidamente:
- desenvolvimento da empresa e de seus integrantes, preservando sempre o interesse
coletivo;
- lucratividade da empresa no mercado;e
- satisfação e conquista da lealdade dos clientes. (1995, p. 53)
Também
deve-se cornpreenderque
cada organização deverá desenvolver seupróprio
modelo
para gerenciar a Qualidade Total, pois cada organização possuicaracteristicas particulares,
dependendo do
ambienteem
que
está inseridaEntretanto, até o final dos anos 70, a qualidade esteve centrada
em
produtos fisicose
em
métodos
de produção,com
as empresas competindo entre si, atravésda comparação
dos
volumes
produzidos.Conforme
CARAVANTES,
CARÁVANTES
eBIUR:
Do
inicio dos anos S0, até o final dos anos 70, os peritosem
qualidade passaram a sepreocupar principalmente com a qualidade dos produtos fisicos, e o cliente foi momentaneamente esquecido.
A
qualidade ainda estava sob a influência do paradigmaclássico, onde a ênfase era a produção, e a preocupação era com o controle estatístico da
qualidade, estabelecendo gráficos e cartas de controle nos pontos-chave do processo da empresa.
A
vantagem competitiva entre as empresas estava centrada na eficiência intema doprocesso produtivo, ou seja, no volume de produção. Palavras como qualidade, marketinge
cliente, raramente eram preocupação das organizações. (1997, p. 70)
Na
década de
80,com
a crescente globalização dosmercados
e oaumento do
número de
consumidores mais conscientes e exigentes, várias soluçõesforam
buscadas pelas organizações afim
de garantir a sobrevivênciano
mercado.A
qualidade passa a abordar aspectos relativos aos serviços e aocomportamento humano, tomando-se
uma
ferramenta estratégica e fazendo
com
que
omodelo da
Qualidade Total seja utilizadocomo
filosofia empresarial.Dentro desse enfoque, a qualidade passa a conciliar aspectos técnicos,
ou
seja,“exigência e expectativas concretas
ou
objetivasem
relação aum
produtoou
serviço,como
(AIDAR,
1995, p. 65), e aspectoshumanos, que envolvem
“satisfazer expectativas edesejos emocionais, a partir de atitudes,
comprometimento, comportamento,
atenção, credibilidade, consistência e lealdade das pessoas.” (idem, p. 65)De
acordocom
o artigo 3°do Código
de Defesado
Consumidor, os serviços sãoconceituados
como
sendo “qualquer atividade fornecidano mercado
deconsumo,
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira,de
crédito e secuiitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhistas”Os
serviços vistos até entãocomo
beneficios adicionais relacionados à aquisição deum
produto (prazos para pagamento, assistência técnica, entre outros),começam
a direcionar a sociedade eem
algrms casos já constituem 2/3 dosempregos
geradosmundialmente. _
3.2 - Características
dos
serviçosA
prestação deum
serviço possui peculiaridadesque
a difereda
aquisiçãode
um
produto.
Em
primeiro lugar, o serviço“tem
a particularidadede
ser intangível”(HOROVITZ,
1993, p. 1 8),
ou
seja, levaem
consideração expectativas e fatores emocionais.Outro
ponto firndamental, éque
a execução deum
serviço 'e o seuconsumo
são simultâneos.A
produtividadede
um
serviço émedida
“em
termos de satisfaçãodo
cliente e semede,
pois, peloaumento
das vendas.”(HOROVITZ,
1993, p.l9)Além
disso, o serviço vai “alémda
amabilidadeou da
gentileza.”(HOROVITZ,
1993, p. 24)
Os
critérios e padrões adotados para aferiçãodo
grau de qualidadede
um
produtopodem
edevem
ser transferidos para os serviços e paraDENTON,
“senão houver
formasde avaliar os serviços, então não existem formas pelas quais o
mesmo
possa serme11z‹›rz‹1‹›.” (1991, p.99)
O
Esses padrões
devem
ser adotadoscomo
meio
para avaliaro desempenho
e verificar desviosna
execução desses.21
O
estabelecimentode
padrões deve proporcionarum
aprofimdamento
no
conhecimento
dos
clientes envolvidos na organização,ou
seja, clientes finais (pessoasque
farão usodo
serviço) e clientes internos (trabalhadores das organizações).A
avaliação das expectativas dos clientesextemos
éuma
etapa bastante dificil,uma
vez que, suas expectativas são diferenciadas,dependendo do
grau de conhecimento dos usuários.Deve-se
procurar segmentar aomáximo
possível a clientela, afim
de
melhoraro
atendimento.
Diversos são os instrumentos para avaliação destas expectativas.
HOROVITZ,
sugere o uso
de
questionários eafirma
que
“urna pesquisa bem-sucedida baseia-senum
bom
questionário, eum
bom
questionário não se constrói de dentro; o objetivo é recolherda
melhor maneira possível oque o
cliente sente, e nãouma
bateria de respostas sobrequestões
em
que
elenão
pensou
ou que
não lhedizem
respeito.”(l993, p. 129)O
mesmo
autor sugeretambém
a utilização de cartas de reclamações e elogios,embora
com
algumas
ressalvas:A
pesquisa não é 0 único meio de medir a satisfação dos clientes. As cartas de reclamação ou de elogio também podem ser transformadasem
ferramentas de gestão da qualidade, contanto que se conheçam seus limites. Embora as cartas de reclamação ou de elogioacrescentem
um
toque de detalhe que nenhuma pesquisa pode proporcionar, elas não permitem deduzir condições estatisticamente válidas (1993, p. 132) _Uma
outra ferramenta útil para facilitar a quantificação dos padrõesde
avaliação, é o usoda
tecnologia.Porém,
paraDENTON:
Computadores não são a resposta para serviço com qualidade. Algumas vezes eles podem
ajudar, e outras, prejudicar a qualidade dos serviços. Surpreendentemente, muitos fomeoedores de serviços com alta qualidade não usam a última tecnologia;
em
vez disso,mais importante, eles usam a última palavra
em
termos de administração voltada parapessoas. (1991, p. ll)
Com
relação aos clientes internosde
uma
organização, muitas vezes é atribuida aresponsabilidade
da
qualidade, jáque
o
prestador de serviço atua diretamentecom
o
usuáriodo
serviço. Sobre esse aspecto,afirma
AIDAR:
De
fiato, ao contrário do que ocorre com a maioria dos produtos, os serviços são prestadosna linha de frente.
É
lá que os clientes encontram os funcionários subalternos da empresade serviços. Assim, a pessoa que presta o serviço é quem determina,
em
grande parte, amaneira pela qual o recebedor o percebe.
O
desenvolvimento da qualidade pessoal iráOu
ainda de acordocom SENAC:
A
qualidade na prestação deum
serviço se faz por intermédio das pessoas, já que depende exclusivamente do desempenho de cada trabalhador, consciente do papel que tem a cumprir, comprometido com o sucesso dos negóciosem
questão. São as pessoas, portanto,que fazem com que os serviços sejam diferenciados pelo atendimento prestado ao cliente.
(1996, p. 19)
`
O
desenvolvimentoda
qualidade pessoalpode
ser realizado através de treinamento constante e deprogramas
de motivação e incentivos.fara que essas atividades surtam efeito é necessário
que
os clientes internospercebam
o papelque
ocupam
na
organização.Na
maioria das vezes, os funcionáriosnão
entendem
o porquê de estar executando determinada funçãoou
paraquem
o estão fazendo,gerando desestímulo e ineficiência.
Para
DENTON,
“o treinamento e a motivação são essenciais para ajudar osempregados
a entenderem seus papéisno
desenvolvimentoda
satisfação dos clientes.”(1991, p. 39)
Todavia,
poucos
são osempregados
treinados para fornecer serviçoscom
qualidade.A
grande parte das empresas ainda limita a capacidade dos funcionários, geralmente subestimando sua cornpetência.Conforme
DENTON:
A
qualidade dos serviços é altamente dependente da forma como os empregados na linhade frente são tratados, quando entram na empresa e a cada dia após a contratação.
Pesquisas têm demonstrado que os fomecedores de serviços tendem a tratar os clientes da forma como são tratados. As organizações com serviços ruins freqüentemente tratam seus
empregados como se os mesmos não fossem inteligentes ou não tivessem importância. Indiferença gera indiferença. (1991, p. 141)
DENTON
sugere aindaque
esse problema seja resolvido atravésde
“melhor seleção e treinamento de pessoal” eque
as empresas “nãodevem
contratarou
manter °amuados”.”(1991, p. 147).Estando os funcionários conscientes a respeito
de
suas atividades e aempresa
estabelecido os padrõesde desempenho
e avaliação, pode-se fazer uso de incentivos e recompensas, afim
de estimular a busca pela qualidade. -Os
incentivospermitem que
uma
organização seja mais efetiva eque
todos osmembros
participemda
tomada
de decisões epodem
ser financeiros (participaçãonos
23
É
convenienteque
os incentivos atraiam realmente os funcionários, tendo retorno rápido sobredesempenhos
favoráveis erecompensando
as pessoasque
prestarem serviçoscom
qualidade.Os
incentivospodem
se dar sob aforma
de reconhecimento (elogios, condecorações);promoções que
paraCASTELLI
consistemem
“habilidadesque
a pessoatem
para ocuparuma
função superior à que tinha antes” (1994, p. 67);ou
ainda,remunerações
(aumentos salariais, bonificações) e beneficios (convênios, planos de saúde).Conforme
DENTON:
“Os
incentivos sãoum
meio
poderoso demudar
comportamentos,mas
asmudanças somente
ocorrerão se não forem administradas deforma
aleatória.Muitos
dos planosde
pagamento por
mérito falharamporque não houve
planejamento eorganização suficientes nas etapas iniciais.” (1991, p.173)
3.3 - Peculiaridades
dos
serviços hoteleirosAo
se abordar a questãoda
qualidadeem
serviços,uma
das atividades mais questionados ésem
sombra
de dúvidas a atividade turística.A
atividade turísticaalém
de tercomo
componentes
as atraçõesdo
núcleo receptor, as facilidades oferecidas ao turistaem
termos deacomodação,
as vias de acesso,mantém
características semelhantes aos demais serviços,
como
a intangíbilidade (não é possível fornecer amostras aos clientes paraque
estesfaçam
comparações), anão
estocabilidade e asimultaneidade entre a execução e o
consumo,
sendo necessária a presençada
clientelano
local
da
prestaçãodo
serviço.(ANGELI,
1991, p. 30)Outras características são
também
observadasna
atividade turísticacomo
ainstabilidade
da
demanda
(baseadana
situação financeira dos turistasbem
como
questõesrelacionadas a
moda
ou
a “status”).Também
deve-se destacar a grande diversidadeda
demanda
turística, levandoem
consideração aspectos culturais, sociais, econômicos, políticos e legais.Todas
essas características afetam a qualidade dos serviços turísticossomando-se
ainda fatores tecnológicos e características
da
estrutura hoteleira, sendo os hotéiscomponentes
indispensáveisda
atividade turística e de acordocom
KAUFMANN:
O
hotel, se relaciona com o conceito turístico, conforme responda as expectativas dosvisitantes e proporcione
um
serviço de máxima qualidade e comodidade. Os resultadosem
âmbito nacional se visualizam
em uma
maior captação de visitantes (e, também, derecursos),
uma
melhor imagem das cidades, eem uma
sensação de bem-estar e prestígiopara os membros da comunidade
em
que estes serviços se acham inseridos. trad. por(1996, p.53)
A
mesma
autoraafirma
que
existem nos hotéis, três elementos básicos que são: o fatorhumano,
a infia estrutura e a adequação amudanças
proporcionadas por urna gestãoflexível, e
segtmdo
CASTELLI
“umabela
edificação, bons preços,boa comida
eum
ótimo apartamentonão bastam
para fazerdo
hotelum
excelente hotel.É
precisoque
o atendimento seja igualmente excelente.Que
os funcionários sejam capazes de interagirpositivamente
com
os hóspedes.” (1994, p. 29)O
fatorhumano
é essencialna
prestação deum
serviço hoteleiro. Aspectoscomo
amabilidade, cooperação, disposição para servir, são indispensáveis
em
um
hotel e de acordocom
BARROS:
O
afetoem
hotelaria éum
tema pouquíssimo abordado. Alias, falarem
afeto ainda é tabupara muitas organizações. Repetimos que o afeto almejado pelo cliente é traduzido por
cordialidade, simpatia,
bom
humor, enfim atendimento.O
perfil do funcionário deum
hotel,
em
qualquer área que atue, tem de abranger aspectos como cortesia, atenção,solícitude, seriedade, comprometimento com o cliente.
O
hóspede precisa ter a certeza deque, se não puder estar
em
sua própria casa, pelo menos é merecedor de todos os cuidadose atenção. (1996, p. 31)
Além
disso, os recursoshumanos
dos hotéis são muitas vezes responsáveis pelo sucessodo
atendimento aos hóspedes e segtmdo orientaçõesdo
SENAC:
“aempresa
nãopode
se esquecerde
que
o pessoalda
linha de fiente, aqueleque
realmentetem
contatocom
o público precisa concentrar-se nas necessidades dos clientes, dando-lhes atenção e
dispondo-se a ajudá-los, para
ficarem
satisfeitos e voltarem sempre”. (1996, p. 24)Entretanto, o
que
se observa éo fito do
setor hoteleiro ser mais lentoem
elaborarprogramas de
valorização dos recursoshumanos
e paraKAUFMANN:
“a faltade
formaçãodo
pessoal de hotelaria para desenvolver habilidades, conhecimentos e atitudes positivaspode
terum
impactoextremamente
negativo,no
conjuntoda
organização (...)Também
seobserva
que
osempregados que recebem
formaçãodiminuem
a rotação e se identificam maiscom
a organização.” trad.por
( 1996, p. 78)Com
relaçãoa
infra-estrutura dos meios dehospedagem
deve-se levarem
25
(piscinas, sauna, bares, lavanderia) e,
também,
instalações orientadas ao clientecomo
por exemplo: ar condicionado, aparelho de fax símile nas unidades habitacionais, correio eletrônico, entre outros.(LIMA,
1997, p.27)A
infia-estrutura hoteleira relaciona-se ao conforto ecomodidade
oferecidos aos hóspedes, edeve
ser alvo de avaliação e renovação constantes e, de acordocom
LIMA:
“osinvestimentos
na
Hotelariadevem
ser constantes para se manterno
seu padrão inicial,apesar
da
tendência dequeda após
certotempo
de existência. Clientes exigentesprocuram
novas
opções
esempre
que
possível escolhemum
hotel de construção recente. (1997, p.26)O
mesmo
autor citaalgumas
considerações relativas à renovaçãoda
estrutura dos hotéis, entre as quais estão: utilização e realocaçãode
espaços, modernizaçãodo
lobbyde
entrada
bem
como
da
recepção,além
de vestuáriomoderno
e simplificado para todosos
funcionários.A
adequação
amudanças
através de gestão flexível é fundamental para assegurarbons níveis de competitividade
em
tempos
de globalização de mercados, e de acordocom
KAUFMANN:
Os hotéis necessitam ser organizações flexíveis capazes de responder rapidamente a
uma
grande quantidade de demandas para as quais deverão contar com
um
exército de recursos humanos eum
serviço valioso.A
chave está na flexibilidade, já que os hotéis têm que“esperar” o “inesperado”. Assim
mesmo
a coordenação é básica já que as demandas dosclientes são muito diversas. trad. por (1996, p. 69)
Um
outroponto
importante a ser levantado é o estabelecimentode
preços nos meios dehospedagem.
Diversos são os fatores a ser considerados e,na
maioria das vezes, ospreços
podem
se transformarem
excelentearma
competitivaCASTELLI
aponta a existênciade
critérios externos e internos à fixação de preços para a hotelaria, entre os quais:0 fatores internos: custos (fixos e variáveis),
volume de vendas,
gastos (com propaganda, etc.);
0 fatores externos: situação econômica, preços praticados pelos concorrentes, flutuações
da demanda, taxas de câmbio, imagem do produto, comportamento do consumidor,
sazonalidade, fatores psicológicos, etc. (1991, p. 77)
Os
preços praticadostambém podem
serum
diferencial aos serviços ofertados pelopessoas
que viajam Desta
forma, pode-se estabelecer preçosem
função das estaçõesdo
ano (alta e baixa temporada),em
funçãodo
tempo
de permanência, atravésda
idade (preçoespecial para crianças e terceira idade), formas de
pagamento
(“cash”,cheque
pré-datado,conta corrente, cartão crédito), tipos de clientela (excursões, grupos especiais, balcão,
operadoras, agentes de varejo),
tamanho da
família, fidelidadeou
aindaem
função dosgastos realizados durante a permanência
no
hotel (alimentação, compras, lavanderia,telefonia, passeios).
(CASTELLI,
1991, p. 79)Outro fator é
o
estabelecimento de padrões dedesempenho
e atendimento,compatível
ao
serviço prestado,como
por exemplo:tempo
de check-in e check-out,tempo
de atendimento as solicitaçõesdos
hóspedes,tempo
dos pedidos feitosno
restaurante/copa, capacidadede
respostas compatíveis às reclamações,modo
de prestar informações, padrões de cortesia, entre outros.V
Também
deve-se pesquisar as expectativas dos clientes, “para se identificarem as dimensões e atributos mais apreciados pelos hóspedes para cadaum
dos produtos e serviçosofertados.”
(CASTELLI,
1994, p. 27) '4
METODOLOGIA DO TRABALHO
Tipo de
pesquisa: as diversas variáveis analisadas nos meiosde
hospedagem
do
tipo hotel (possui todas as unidades habitacionaisdo
tipo apartamentoou
suíte)no
Balneário
de
Canasvieiras,foram
estruturadas sob aforma
de estudode
caso,que
constituium
tipo de pesquisa qualitativa. Sobre o estudo de caso,afirmam
LAKATOS
eMARCON1:
Trata-se, portanto, deum
estudo sobreum
tema específico ou particular, com suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia. Investiga determinado assimtonão só
em
profundidade, masem
todos os seus ângulos e aspectos, dependendo dos finsaque se destina.
Tem
como base a escolha deuma
unidade ou elemento social, sob duas circunstâncias: 1) ser suficientemente representativo deum
todo cujas caracteristicas se analisam; 2) sercapaz de retmir os elementos constitutivos de
um
sistema social ou de refletir asincidências e fenômenos de caráter autenticamente coletivo. (1992, p. 151)
Além
disso,convém
destacar o fato de a pesquisa qualitativa ser essencialmentedescritiva,
que segundo
CERVO
eBERVIAN,
“observa, registra, analisa e correlacionafatos
ou fenômenos
(variáveis)sem
manipula-los” (1996, p. 49), e “ procura descobrir,com
a precisão possível, a freqüênciacom
que
um
fenômeno
ocorre, sua relação econexão
com
outros, sua natureza e características.” (1996, p. 49)Entretanto, as conclusões inerentes ao objeto de estudo não
devem
servir de critério para urna generalização,uma
vezque
as variáveis a serem analisadasmodificam-se
com
odecorrer
do
tempo.O
método:
seguindo a linha de pesquisa qualitativa, adotou-seum
tipo específico de estudo de caso:o
estudo multicaso que segundoTRIVINOS:
“sem a
necessidade deperseguir objetivos de natureza comparativa, o pesquisador
pode
ter a possibilidade deestudar dois
ou
mais sujeitos, organizações ,etc.” (1987, p. 136)Critérios
para
seleçãodas
empresas: para a realizaçãoda
pesquisade campo,
os meios dehospedagem
foram
inicialmente divididosem
duas categorias: os hotéis e os hotéis residenciais/flats/ apart-hotéis,com
baseem
dados obtidos junto à Santur, totalizando 14na
primeira categoria e 14na
segunda categoria. Para efeitos deste estudo,desconsiderou-se a
segunda
categoria, por apresentar características distintas dos objetivosestabelecidos previamente, tais
como
possuir área destinada para preparo de refeições independentedo
quarto de dormir, local para guardar utensílios de cozinha, entre outros.Constatou-se, entretanto,
que
algims meios dehospedagem
nãoeram do
tipo hotel,conforme
orientava o material coletado na Santur. Desta forma, obteve-seuma
população totalde
ll (onze) hotéis.O
critério primordial para a seleção das empresas foi a disponibilidade e acompreensão
dos representantes dasmesmas,
que entenderamo
espírito desta pesquisapermitindo e colaborando
com
a coleta de dados.Assim, obteve-se a participação de
O6
(seis) empresas, sendoque
as05
(cinco) demais encontravam-se fechadas.Coleta
de
dados: osdados
primários foram obtidos atravésde
entrevistas,que
paraCERVO
eBERVIAN
trata-se de “conversa orientada paraum
objetivo definido: recolher atravésdo
interrogatóriodo
informante, dados para a pesquisa. [...] Esses dados serãoutilizados tanto para
o
estudode
“fatos”como
de casosou
de
opiniões.”(l996, p. 156) Essas entrevistas aplicadas sob a forma semi-estruturada,abordaram
aspectosrelativos ao
número
de
unidades habitacionais dos meios dehospedagem,
cadastrona
Embratur, tipo de clientes, serviços prestados aos hóspedes, refeições incluidasna
formas de pagamento,
número
de funcionários na alta e baixa temporada, critérios paraseleção e contratação de mão-de-obra, formas de treinamento e orientação sobre atividades a
serem
executadas pelos funcionários, realização de pesquisascom
hóspedes para verificargraus
de
satisfação emeios de
divulgação dos hotéis. Sobre a entrevista semi-estruturada,~
afirma
TRIVINOS:
Podemos entender por entrevista semi-estruturada,
em
geral, aquela que parte de certosquestionamentos básicos, apoiados
em
teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que,em
seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, oinformante, seguindo espontaneamente a linha do seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do
conteúdo da pesquisa. (1987, p. 146)
Paralelamente
à
pesquisa decampo,
realizou-se coletade
dados secundários através29
fundamentar teoricamente o trabalho. Sobre a pesquisa bibliográfica
afirmam
CERVO
eBERVIAN:
A
pesquisa bibliográfica procura explicarum
problema a partir de referências teóricaspublicadas
em
documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental.Em
ambos os casos, busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobreum
determinado assunto,tema ou problema. (1996, p. 48)
Também
foram
coletados dados secundários junto à órgãoscomo
SANTUR
(boletim de
ocupação
hoteleira, estudoda
demanda
turística, relaçãode
hotéis, revistas técnicas, entre outros) eSENAC/Coordenadoria
de hotelaria e turismo (relação de cursosPara efeitos deste estudo as empresas pesquisadas não serão identificadas por seus
nomes,
mas
sim por números,conforme
a seqüênciada
realização das entrevistas.As
diversas variáveis levantadas nas entrevistas semi-estruturadas serão avaliadaslevando-se
em
consideração aspectos teóricos e a confrontaçãocom
a realidade das empresas.5.1 -
A
classificaçãodos
meios de
hospedagem
-Embratur
ou
ABIH?
O
questionamento a respeitodo
tipode
classificação a ser adotado, levou a opiniões bastante distintas entre os entrevistados. Entretanto, constatou-se que a grande maioria ainda desconhece os critérios das duas classificações.“ Falta alguns equipamentos no hotel, mas ele foi construído pensando
em
algumaz classificação.
A
partir do ano que vem é que nós vamos entrar com os documentos parapedir a classificação. Até lá nos vamos decidir se é a da Embratur ou a da ABI]-I.” (01)
Os
aspectos construtivos jánão
são fatores primordiais para a obtençãoda
classificação.Tanto para a
EMBRATUR
como
para aABIH,
o foco central para a obtençãoda
classificação são os serviços.
Para a
EMBRATUR,
conforme
a DeliberaçãoNormativa
367/97,que
regulamenta osnovos
critériosde
classificação, alglms serviçosmerecem
destaque,como
por exemplo: instalações imunizadas contra insetos e roedores, pessoalde
serviçoem
quantidade ecom
qualificação necessárias ao perfeito
fimcionamento do meio
dehospedagem,
limpeza earrumação das unidades habitacionais diariamente, entre outros.
Além
disso, os critériosda
EMBRATUR
levam
em
consideraçãoo
atendimento dispensado ao hóspede.Portanto,
não
basta apenas construirum
hotel pensandoem
classificá-lo. è preciso considerar outros aspectos,como
os citados anteriormente.31
“Nós já estamos classificados na categoria 3 estrelas turístico, segimdo a ABTH.” (02)
“Nós já estamos classificados pela ABl1¬L”(06)
A
classificação proposta pelaABIH,
possui critérios bastante flexíveis para sua obtenção.Os
serviços sãotambém
consideradoscomo
a base para a obtençãoda
classificação,
como
por exemplo: possuir quartocom
TV
a cabo, piscina, lanchonete, lavanderia durante24
hs., entre outros.O
riscoda não
observância dos critérios por parte dos hotéis é acentuado pela ausência de fiscalização desta entidade. Existe apenas apromessa de
fiscalização.Outro
fator a ser considerado é que esta forma de classificação utiliza asteriscos aoinvés
de
estrelas,como
no
casoda
EMBRATUR
Os
asteriscospodem,
muitas vezes, causar confusão aos turistas distraidos, conformeafirma
A
diferença é queum
hotel cinco-estrelas pelo critério daEMBRATUR,
como o Inter-Continental do Rio, equivale a
um
hotel seis asteriscos da ABIH, como o Macksoud, deSão Paulo.
O
turista desavisado que chega aum
cinco asteriscos pode pensar - e a idéia éexatamente essa - que está entrando
num
hotel cinco estrelas. (1997, p. 97)Outro ponto
abordado
diz respeito ao custo para obtençãoda
classificaçãoda
EMBRATUR:
“
O
custo para a classificação daEMBRATUR
é muito alto.” (05)Até
a publicaçãoda nova
classificação,eram
os próprios técnicosda
EMBRATUR
que
realizavam a vistoria nos hotéis e conferiam as condições das instalaçõesem
relação a categoriado
mesmo.
Com
amudança
da
classificação, os serviços de vistoria e fiscalização,passaram
aser prestados
por
empresasde
auditoria independentes, credenciadas pelaEMBRATUR,
que
costumam
cobrarem
média
R$
6.000,00 (seis mil reais),dependendo da
estruturado
hotel,
tempo
a ser despendidona
visita, entre outros.A
EMBRATUR,
apenas recebe adocumentação
referente à vistoria e autoriza a classificação.Por
essenovo
sistema só existem aproximadamente40
hotéis classificados, sendo a maioriado
eixoRio-São
Paulo.“
O
governo não obriga a classificação?(...) Eu não conheço as regras da ABIH.” (04)
O
Govemo/EMBRATUR
são,conforme
o artigo 4°da
Lei 6.505/77, responsáveis pela defesado
turistaconsumidor
e pelo estímulo à qualidade dos serviços.O
decreto-lei 2.294/86,tomou
livre o exercício de atividades turísticasno
país, fazendocom
que
a classificação fosseopção do
empresário,ou
seja,não
mais obrigatória.Desta forma,
afirma
FERRAZ:
“aEMBRATUR
não
está obrigada a classificar hotéis,mas
legalmente autorizada a Íazê-lo.” (1997, p.05)Se
a preocupação dos hoteleiros ainda está fundamentada nos aspectos construtivos,como
justificar formasde
classificação voltadas aos serviços?Neste contexto,
o
turista, centro das atenções, passa desapercebido e as empresas,no
médio
e longo prazos,perdem
clientes pela nãomanutenção
de padrões de qualidade.5.2 -
As
taxasde
rotatividadeda
mão-de-obra
A
rotatividadede
recursoshumanos, ou
“turnover” é definida porCHIAVENATO,
como
sendo:A
flutuação de pessoal entreuma
organização e seu ambiente;em
outras palavras, ointercâmbio de pessoas entre a organização e o ambiente e' definido pelo volume de pessoas que ingrmsam e que saem da organização. Geralmente a rotação de pessoal é expressa através de
uma
relação percentual entre as admissões e os desligamentos comrelação ao número médio de participantes da organização, no decorrer de certo período de tempo. (1995, p. 158)
Além
disso,CHIAVENATO
aponta a existênciade
fatores internos e externos a organizaçãoque
condicionam à rotatividade de pessoal. Entre os fatores internos destacam- se:0 a política salarial
da
organização;0 a políticas de beneficios
da
organização; 0o
tipo de supervisão exercido sobre o pessoal;0 as oporttmidades de crescimento profissional oferecidas pela organização;
0