Capítulo 11
Sequências e Séries
Infinitas
11.2
Séries
Nesta seção, aprenderemos sobre: Vários tipos de séries.
SÉRIES
Se tentarmos somar os termos de uma sequência infinita teremos
uma expressão da forma:
a
1+ a
2+ a
3+ ···
+ a
n+ ···
1
{ }
a
n n∞=SÉRIES INFINITAS
Esta
é
denominada
série infinita (ouapenas série) e é denotada, por simplicidade,
pelo símbolo: ou 1 n n a ∞ =
∑
∑
anNo caso abaixo é impossível encontrar uma soma para finita a série
1 + 2 + 3 + 4 + 5 + ··· + n + ···
Se começarmos adicionando os termos, obteremos as somas cumulativas 1, 3, 6, 10, 15, 21, . . .
Depois do n-ésimo termo n(n + 1)/2, ela se torna
Contudo, se começarmos a somar os termos da série obteremos:
1
1
1
1
1
1
1
2
+ + +
4
8
16
+
32
+
64
+ +
⋅⋅⋅
2
n+ ⋅⋅⋅
3 7 15 31 63 1 2, , ,
4 8 16,
32,
64,
,1 1/ 2 ,
n⋅⋅ −
⋅
⋅⋅⋅
SÉRIES INFINITASA tabela mostra que, quando adicionamos
mais e mais termos, essas somas parciais se tornam cada vez mais próximas de 1.
De fato, somando um número suficiente de termos da série,
podemos fazer as
Assim, parece razoável dizer que a soma dessa série infinita é 1 e escrever:
1
1
1
1
1
1
1
1
2
n2
4
8
16
2
n n ∞ == + + +
+ +
⋅⋅⋅
+
⋅⋅⋅ =
∑
SÉRIES INFINITASUsamos uma ideia parecida para determinar se uma série geral tem uma soma ou não.
Consideramos as somas parciais s1 = a1 s2 = a1 + a2 s3 = a1 + a2 + a3 s4 = a1 + a2 + a3 + a4 E em geral 1 2 3 1 n n n i i
s
a
a
a
a
a
=⋅⋅ +
⋅
=
= +
+ +
∑
SÉRIES INFINITASEssas somas parciais formam uma nova sequência
{s
n},
que pode ou não ter um limite.Se
existir (como um número finito), então, como no exemplo anterior, ochamamos soma da série infinita
Σ
a
n.
lim
nn→∞
s
=
s
Dada uma série
Denote por sn sua n-ésima soma parcial:
1 2 3 1 n n
a
a
a
a
∞ == +
+ + ⋅⋅⋅
∑
1 2 n n i ns
a
a
a
a
==
∑
= +
+ ⋅⋅⋅ +
Definição 2 SOMA DE SÉRIES INFINITASSe a sequência {sn } for convergente e existir como um número real, então a série Σ an é dita convergente, e
escrevemos:
ou
O número s é chamado soma da série. Caso contrário, a série é dita divergente.
lim
nn→∞
s
=
s
Definição 2 SOMA DE SÉRIES INFINITAS
1 2 n a + a + ⋅⋅⋅ + a + ⋅⋅⋅ = s 1 n n a s ∞ = =
∑
Assim, a soma de uma série é o limite da sequência de somas parciais.
Deste modo, quando escrevemos
queremos dizer que, somando um número suficiente de termos da série, podemos
chegar tão perto quanto quisermos do
1 n n a s ∞ = =
∑
Compare com a integral imprópria
Para encontrar essa integral, integramos de 1 até t e então fazemos t → ∞.
Para uma série, somamos de 1 a n e então fazemos n → ∞. 1
( )
lim
1( )
t tf x dx
f x dx
∞ →∞=
∫
∫
Um exemplo importante de uma série infinita é a série geométrica 2 3 1 1 1
0
n n na
ar
ar
ar
ar
ar
a
− ∞ − =+
+
+
+ ⋅⋅⋅ +
+ ⋅⋅⋅
=
∑
≠
Cada termo é obtido a partir do anterior pela multiplicação dele por uma razão r.
Se r = 1, então
s
n= a + a + ··· + a = na
→ ±∞
Como não existe, a série geométrica diverge
nesse caso.
lim
nn→∞
s
Se r ≠
1, temos:
s
n= a + ar + ar
2+ ···
+ ar
n–1e
rs
n= ar + ar
2+ ···
+ar
n–1+ ar
nSubtraindo essas equações, obtemos:
s
n– rs
n= a – ar
n(1
)
1
n na
r
s
r
−
=
−
Se –1 < r < 1, sabemos, a partir de (11.1.9), que r n → 0 quando n → ∞.
Assim,
Então, quando |r | < 1, a série geométrica é
convergente, e sua soma é a/(1 – r).
(1
)
lim
lim
lim
1
1
1
1
n n n n n na
r
a
a
a
s
r
r
r
r
r
→∞ →∞ →∞−
=
=
−
=
−
−
−
−
Se r ≤ –1 ou r > 1, a sequência{r n}
é divergente por (11.1.9);
Assim, pela Equação 3, não existe.
Portanto, a série geométrica diverge nestes casos.
lim
nn→∞
s
Em palavras: a soma de uma série geométrica convergente é: primeiro termo 1 ─ razão SÉRIES GEOMÉTRICAS
A série geométrica é convergente se
|r | < 1.
1 2 1 n nar
a
ar
ar
∞ − == +
+
+ ⋅⋅⋅
∑
Resultado 4 SÉRIES GEOMÉTRICASA soma da
série
é:
Se |r | ≥
1,
a série geométrica é divergente.1 1
1
1
n na
ar
r
r
∞ − ==
<
−
∑
Resultado 4 SÉRIES GEOMÉTRICASEncontre a soma da série geométrica
O primeiro termo é a = 5 e a razão é r = –2/3 10 20 40
3 9 27
5
− + − + ⋅⋅⋅
Como |r | = 2/3 < 1, a série é convergente por (4) e sua soma é: 2 3 5 3
10
20
40
5
5
3
9
27
1 (
)
5
3
⋅⋅
−
+
−
+
−
=
⋅ =
−
=
O que realmente queremos dizer quando
falamos que a soma da série no Exemplo 2 é 3?
Claro, não podemos somar literalmente um número infinito de termos, um a um.
Mas, de acordo com a Definição 2, a soma total é o limite da sequência de somas
parciais.
Assim, tomando a soma de um número suficiente de termos, podemos chegar tão próximo quanto quisermos do número 3.
A tabela mostra as primeiras dez somas parciais
sn.
O gráfico na Figura 2 mostra como a sequência de somas parciais se aproxima de 3.
A série
é convergente ou divergente? 2 1 12 3
n n n ∞ − =∑
Vamos reescrever o n-ésimo termo da série na forma ar n-1:
Reconhecemos essa série como uma série geométrica com a = 4 e r = 4/3.
Como r > 1, a série diverge por (4).
1 2 1 2 ( 1) 1 1 1 1 1
4
4
2 3
(2 ) 3
4
3
3
n n n n n n n n n n n − ∞ ∞ ∞ ∞ − − − − = = = =⎛ ⎞
=
=
=
⎜ ⎟
⎝ ⎠
∑
∑
∑
∑
Escreva o número
como uma razão de inteiros.
2.3171717…
Depois do primeiro termo, temos uma série geométrica com a = 17/103 e r = 1/102. 3 5 7 17 17 17 2.3 10 10 10 = + + + + ⋅⋅⋅
2.317
=
2.3171717...
Portanto, 3 2
17
17
10
1000
2.317
2.3
2.3
1
99
1
10
100
23
17
10
990
=
+
=
+
−
=
+
Encontre a soma da série onde |x| < 1.
Observe que essa série começa com n= 0. Assim o primeiro termo é x0 = 1.
0 n n
x
∞ =∑
Então,
Essa é uma série geométrica com a = 1 e r = x.
2 3 4 0
1
n nx
x
x
x
x
∞ == + +
+
+
+ ⋅⋅⋅
∑
Como |r | = |x| < 1, ela converge, e (4) fornece 0
1
1
n nx
x
∞ ==
−
∑
EX. 5 - Equação 5 SÉRIES GEOMÉTRICASMostre que a série
é convergente e calcule sua soma.
1
1
(
1)
nn n
∞ =+
∑
SÉRIES EXEMPLO 6Essa não é uma série geométrica.
Assim, voltamos à definição de uma série
convergente e calculamos as somas parciais.
1
1
(
1)
1
1
1
1
1 2
2 3
3 4
(
1)
n n is
i i
n n
==
+
=
+
+
+ +
⋅
⋅
⋅
⋅
⋅⋅
+
∑
SÉRIES EXEMPLO 6Podemos simplificar essa expressão se usarmos a decomposição em frações
parciais.
Veja a Seção 7.4, no Volume I.
1
1
1
(
1)
1
i i
+
= −
i
i
+
Então, temos: 1 1 1 ( 1) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 3 3 4 1 1 n n i n i s i i i i n n = = = + ⎛ ⎞ = ⎜ − ⎟ + ⎝ ⎠ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞ = −⎜ ⎟ ⎜+ − ⎟ ⎜+ − ⎟ + ⋅⋅⋅ + ⎜ − ⎟ + ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ = −
∑
∑
SÉRIES EXEMPLO 6E, dessa forma,
Portanto, a série dada é convergente e
1
lim
lim 1
1 0 1
1
n n→∞s
n→∞n
⎛
⎞
=
⎜
−
⎟
= − =
+
⎝
⎠
1 1 ∞ =∑
SÉRIES EXEMPLO 6A figura ilustra o Exemplo 6 mostrando os gráficos da sequência de termos
an =1/[n(n + 1)] e a sequência {sn } das somas
parciais.
Observe que an → 0 e sn → 1.
Mostre que a série harmônica
é
divergente.
11
1
1
1
1
2
3
4
nn
∞ == + + + + ⋅⋅⋅
∑
Para esta série particular é conveniente
considerar as somas parciais s2, s4, s8, s16, s32, … e mostrar que elas se tornam grandes.
( )
( )
1 1 2 2 1 1 1 1 1 1 4 2 3 4 2 4 41
1
1
1
s
s
s
>=
= +
= + + +
+ + +
( )
( ) (
)
1 1 1 1 1 1 1 8 2 3 4 5 6 7 8 1 1 1 1 1 1 1 2 4 4 8 8 8 8 1 1 1 2 2 2 31
1
1
s
⎛⎜ ⎞⎟ ⎝ ⎠= + + + + + + +
> + + + + + + +
= + + +
= +
Analogamente,( )
(
)
( ) (
) (
)
1 1 1 1 1 1 1 16 2 3 4 5 8 9 16 1 1 1 1 1 1 1 2 4 4 8 8 16 16 1 1 1 1 2 2 2 2 4 21
1
1
1
s
= + + + + + ⋅⋅⋅ + + + ⋅⋅⋅ +
⎛⎜⎝ ⎞⎟⎠> + + + + + ⋅⋅⋅ + +
+ ⋅⋅⋅ +
= + + + +
= +
Analogamente,Analogamente, s32 > 1 + 5/2, s64 > 1 + 6/2, e, em geral,
Isso mostra que s2n → ∞ quando n → ∞, e assim {sn} é divergente. 2
1
2
nn
s
> +
O método usado no Exemplo 7 para mostrar que a série harmônica diverge deve-se ao
estudioso francês Nicole Oresme (1323-1382).
Se a série for convergente, então Seja sn = a1 + a2 + ··· + an então, an = sn – sn–1 1 n n
a
∞ =∑
lim
n0
n→∞a
=
SÉRIES Teorema 6Seja
Então n – 1 → ∞ e n → ∞, e também temos:
lim
nn→∞
s
=
s
1
lim
nn→∞
s
−=
s
Portanto,
(
1)
1lim
lim
lim
lim
0
n n n n n n n n na
s
s
s
s
s
s
− →∞ →∞ − →∞ →∞=
−
=
−
= −
=
Com qualquer série
Σ
a
n associamos duassequências:
A sequência {sn} de suas somas parciais A sequência {an} de seus termos
Se Σ an é convergente, então
O limite da sequência {sn} é s (a soma da série). O limite da sequência {an}, como o Teorema 6
afirma, é 0.
A recíproca do Teorema 6 não é verdadeira em geral.
Se , não podemos concluir que Σ an é convergente.
lim n 0
n→∞ a =
Observe que, para a série harmônica Σ 1/n, temos an = 1/n → 0 quando n → ∞.
Mas mostramos no Exemplo 7 que Σ 1/n é divergente.
Se
não existir ou se,
então a sérieé
divergente.
lim
n n→∞a
lim
n→∞a
n≠
0
1 n na
∞ =∑
O Teste para Divergência vem do Teorema 6, porque, se a série não for divergente, ela é
convergente e, assim .lim n 0
n→∞ a = TESTE PARA DIVERGÊNCIA
Mostre que a série diverge.
=
Desse modo, a série diverge pelo Teste para Divergência. 2 2 1
5
4
nn
n
∞ =+
∑
EXEMPLO 8 2 2 21
1
lim
lim
lim
0
5
4
5 4 /
5
n n n nn
a
n
n
→∞ →∞+
=
→∞+
= ≠
Se descobrirmos que , saberemos que Σ an é divergente.
Se acharmos que , não saberemos
nada sobre a convergência ou divergência
deΣ an . SÉRIES
lim
n0
n→∞a
≠
lim
n0
n→∞a
=
Observação 3Lembre-se do aviso na Obs. 2:
Se , a série Σ an pode convergir ou divergir.
lim n 0
n→∞ a =
Se Σ an e Σ bn forem séries convergentes,
então também o serão as séries Σ can (onde c é uma constante), Σ (an + bn ), e Σ (an – bn ), e
(
)
1 1 i. ii. n n n n n n n n ca c a a b a b ∞ ∞ = = ∞ ∞ ∞ = + = +∑
∑
∑
∑ ∑
SÉRIES Teorema 8Essas propriedades de séries convergentes vêm das Propriedades do Limite para
Sequências Convergentes na Seção 11.1. Por exemplo, aqui está como a parte (ii) do Teorema 8 é demonstrada a seguir.
Seja 1 1 1 1 n n i n i n n n i n i n
s
a
s
a
t
b
t
b
∞ = = ∞ = ==
=
=
=
∑
∑
∑
∑
TEOREMA 8 ii—DEMONSTRAÇÃOA n-ésima soma parcial para a série Σ (an + bn ) é:
(
)
1 n n i i iu
a
b
==
∑
+
TEOREMA 8 ii—DEMONSTRAÇÃOUsando a Equação 5.2.10, no Volume I, temos:
(
)
1 1 1lim
lim
lim
lim
lim
n n i i n n i n n i i n i i n nu
a
b
a
b
a
b
→∞ →∞ = →∞ = ==
+
⎛
⎞
=
⎜
+
⎟
⎝
⎠
=
+
∑
∑ ∑
∑
∑
TEOREMA 8 ii—DEMONSTRAÇÃOPortanto, Σ
(a
n+ b
n)
é convergente e sua soma é:(
)
1 1 1 n n n n n n na
b
s t
a
b
∞ = ∞ ∞ = =+
= +
=
+
∑
∑ ∑
TEOREMA 8 ii—DEMONSTRAÇÃOCalcule a soma da série
A série Σ 1/2n is é uma série geométrica com
a = ½ e r = ½. Assim, 1
3
1
(
1)
2
n nn n
∞ =⎛
⎞
+
⎜
+
⎟
⎝
⎠
∑
SÉRIES EXEMPLO 9 11
∞=
=
∑
No Exemplo 6 encontramos que:
Assim, pelo Teorema 8, a série dada é convergente e
1 1 1 3 1 1 1 3 ( 1) 2 ( 1) 2 3 1 1 n n n n n n n n n ∞ ∞ ∞ = = = ⎛ ⎞ + = + ⎜ + ⎟ + ⎝ ⎠ = ⋅ +
∑
∑
∑
SÉRIES 1 1 1 ( 1) n n n ∞ = = +∑
EXEMPLO 9Um número finito de termos não afeta a
convergência ou divergência de uma série.
Por exemplo: suponha que possamos mostrar
que a série é convergente.
Como
segue que a série inteira é convergente. 3 4 1 n n n ∞ = +
∑
3 3 1 4 1 2 3 1 2 9 28 1 n n n n n n ∞ ∞ = = = + + + + +∑
∑
3 1 1 n n n ∞ = +∑
SÉRIES Observação 4Analogamente, se soubermos que a série converge, então a série completa:
também é convergente. 1 n n N a ∞ = +