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Aplicação de Kinesio tape em equinos com lombalgia

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Aplicação de Kinesio tape em equinos com lombalgia

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

Ana Lourenço Lopes

Professor Doutor Mário Pedro Gonçalves Cotovio

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iii Declaração

Nome: Ana Lourenço Lopes C.C.: 14180742

Telemóvel: (+351) 913057242

Correio eletrónico: analopes24@hotmail.com

Designação do mestrado: Mestrado Integrado em Medicina Veterinária Título da dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária: Aplicação de Kinesio tape em equinos com lombalgia

Orientador: Professor Doutor Mário Pedro Gonçalves Cotovio Ano de conclusão: 2017

Declaro que esta dissertação de mestrado é resultado da minha pesquisa e trabalho pessoal sob orientação do meu supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e na bibliografia final. Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico.

Vila Real, 4 de dezembro de 2017, Ana Lourenço Lopes

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v Agradecimentos

Ao Professor Doutor Mário Cotovio por todo o apoio, pela ajuda, pela disponibilidade e, acima de tudo, pela compreensão e calma que me transmitiu em todos os contratempos que surgiram ao longo da tese.

À professora Ângela Martins por toda a ajuda, pela disponibilidade e pela simpatia com que me recebeu.

Ao Espaço Equus, em especial à Doutora Solange Mikail, pela ideia que deu origem a este trabalho e pelo material e animais que me foram disponibilizados.

A toda a equipa do Hevosairaala Evidensia Hyvinkää, do Royal Veterinary College e do Keros, que me receberam, me ensinaram e me inspiraram para ser melhor a cada dia.

Um grande obrigada aos meus amigos, por serem a minha família ao longo destes 6 anos e porque não estaria aqui sem eles.

Por último, agradeço à minha família, com um Obrigada muito especial à minha mãe, por ter lutado tanto para que eu pudesse chegar aqui, por estar sempre ao meu lado e por acreditar sempre em mim.

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vii Resumo

A Kinesio taping é uma terapia que utiliza a aplicação cutânea de bandas adesivas com o objetivo de criar um estímulo que promova a recuperação de lesões. Recentemente, a sua aplicação tem vindo a demonstrar um grande potencial como terapia para várias condições encontradas no equino atleta, sendo utilizada no controlo da dor musculosquelética, na restauração do equilíbrio muscular, em condições circulatórias, em desequilíbrios posturais e restrições de fáscias. Contudo, não existem estudos relativos à sua eficácia no alívio de dor musculosquelética em equinos.

O presente estudo teve como objetivo a avaliação do efeito analgésico da aplicação de

kinesio tape no dorso de equinos com dorsalgia.

Foi selecionada uma amostra de 10 equinos com sinais de dor toracolombar, nos quais foi aplicada a kinesio tape. Utilizando um algómetro de pressão, foram determinados os limiares nocicetivos mecânicos (LNM’s) em 3 regiões bilaterais, dispostas ao longo da musculatura do dorso, aos níveis das vértebras T9, T13 e T18. Foram realizadas medições em quatro momentos: antes da aplicação da terapia, imediatamente após a colocação, aos 30 minutos e aos 60 minutos. Foram efetuadas 3 medições em cada ponto e foi calculado o seu valor médio. Em seguida, foi determinada a média dos LNM’s de todos os cavalos, para cada ponto, e foi avaliada a sua evolução ao longo do tempo de tratamento. Como controlo negativo, foi utilizado um animal no qual foi aplicada fita adesiva nos pontos de medição. Os LMN’s foram medidos antes e depois da colocação da fita.

Verificou-se que, relativamente aos valores registados antes da terapia, ocorreu um aumento médio de 21,46% imediatamente após aplicação da kinesio tape, aos 30 minutos ocorreu um aumento de 39,91% e aos 60 minutos o aumento foi de 43,44%. Diferenças significativas foram observadas apenas num dos pontos (P≤0,05), entre o valor registado antes da aplicação da terapia e o valor obtido aos 60min. Nos restantes pontos, apesar de ocorrer um aumento consistente dos valores ao longo do tempo, as diferenças entre medições não foram estatisticamente significativas. No controlo negativo não ocorreram alterações.

Através da análise dos resultados, foi possível concluir que terapia com kinesio tape demonstrou ter algum efeito analgésico imediato e a curto prazo no dorso de equinos com dorsalgia, apesar de nem todos os resultados serem estatisticamente significativos.

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ix Abstract

Kinesio taping is a therapy that uses a cutaneous application of adhesive bandages to create a stimulus that promotes tissue repair. Recently, it has been showing a great potential as a therapy for several conditions found in the equine athlete, with application for musculoskeletal pain, restoration of muscle balance, circulatory conditions, postural imbalances and fascial restrictions. However, there are no studies regarding its efficacy for musculoskeletal pain in horses.

The purpose of this study is to assess the analgesic effect of Kinesio tape application on the back of horses with back pain.

Kinesio tape was applied on the back of ten horses with signs of thoracolumbar pain. Using a pressure algometer, the mechanical nociceptive thresholds (MNT’s) were determined in 3 bilateral regions, along the musculature of the back, at T9, T13 and T18 vertebral levels. Measurements were taken before therapy, immediately after placement, 30 and 60 minutes after. Three measurements were taken at each point and their mean value was calculated. Then, the mean MNT of all horses was determined for each point, and their progress over time of treatment was assessed. As negative control, common adhesive tape was applied to one animal, at the same anatomic regions. The MNT's were measured before and after.

Taking into account the values registered before the therapy, there was an increase of 21.46% immediately after the application, at 30 minutes there was an increase of 39.91% and at 60 minutes the increase was 43.44%. Significant differences were observed at only one site (P≤0.05), between the MNT before the application and the MNT at 60min. In the remaining sites, despite a steady increase in values over time, the measurements were not statistically significant. No changes occurred in the negative control.

In conclusion, this study has shown that the therapy with Kinesio tape has an immediate and short-term analgesic effect on equine back pain, although not all the results were statistically significant.

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xi Índice

1. Estágio prático ... 1

1.1. Hevosairaala Evidensia Hyvinkää – Hospital de equinos ... 1

1.2. Royal Veterinary College – Hospital de referência de equinos ... 2

1.3. Keros – Centro de inseminação e transferência de embriões ... 3

1.4. Espaço Equus – Centro de fisioterapia e reabilitação equina ... 4

2. Revisão bibliográfica ... 7

2.1. Dorsalgia ... 7

2.1.1. Diagnóstico ... 7

2.1.1.1 – Algometria ... 11

2.1.2. Doenças que estão na origem da dorsalgia ... 16

2.1.3. Tratamento ... 17 2.1.3.1 – Fisioterapia ... 18 2.2. Kinesio taping ... 23 2.2.1. Propriedades ... 23 2.2.2. Aplicação ... 24 2.2.3. Mecanismos de ação ... 26 2.2.3.1 - Alívio da dor... 26

2.2.3.2 - Facilitação ou inibição da contração muscular ... 28

2.2.3.3 - Aumento da drenagem linfática ... 31

2.2.3.4 - Correção postural ... 31

2.2.3.5 - Otimização da funcionalidade das fáscias ... 32

2.2.4. Indicações ... 33 2.2.5. Contra-indicações ... 33 3. Objetivos ... 35 4. Materiais e métodos ... 37 4.1. Caraterização da amostra ... 37 4.2. Procedimento experimental ... 38

4.2.1. Seleção dos pontos de medição dos limiares nocicetivos mecânicos ... 38

4.2.2. Algometria ... 39

4.2.3. Controlo negativo ... 40

4.2.4. Kinesio taping ... 41

4.3. Análise dos dados ... 42

5. Resultados ... 43

6. Discussão ... 46

7. Conclusão ... 48

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xiii Índice de figuras

Figura 1 - Cirurgia de Caslick ... 3

Figura 2 - Aplicação de a) ultrassom terapêutico b) campo magnético pulsado; c) laser terapêutico. ... 4

Figura 3 - Imagem termográfica do dorso de um equino ... 10

Figura 4 - Medição do LNM utilizando um algómetro de pressão. ... 11

Figura 5 – Adesivo da kinesio tape ... 23

Figura 6 - Regiões da kinesio tape quando aplicada: 1 – Âncora inicial; 2 – Âncora final; 3 – Zona terapêutica; ← - Direção de recuo. ... 25

Figura 7 - Teoria das comportas proposta por Melzack e Wall (1965) ... 27

Figura 8 - Aplicação tonificante no músculo braquiocefálico ... 29

Figura 9 - Aplicação tonificante no músculo semitendinoso ... 29

Figura 10 - Aplicação relaxante no músculo braquiocefálico ... 30

Figura 11 - Aplicação relaxante no músculo semitendinoso ... 30

Figura 12 - Aplicação de KT em forma de leque, para promover a drenagem linfática ... 31

Figura 13 - Aplicação corretiva para desvio lateral ... 32

Figura 14 - Algómetro de pressão ... 39

Figura 15 - Controlo negativo - aplicação de fita adesiva nos pontos de medição ... 40

Figura 16a, b - a) Vetkin-Tape®; b) Recorte da kinesio tape... 41

Figura 17 - Aplicação da kinesio tape no músculo Longissimus dorsi ... 41

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xv Índice de tabelas

Tabela 1- Tabela de casuística observada e tratamentos realizados durante o estágio prático

no Espaço Equus. ... 5

Tabela 2- Escala de dor multifatorial para classificação numérica da dor ortopédica em equinos ... 9

Tabela 3 - Referências anatómicas utilizadas por Haussler e Herb na avaliação dos LNM's..12

Tabela 4 - Principais condições que estão na origem da dorsalgia. ... 16

Tabela 5 - Formatos de Kinesio tape mais comuns e as suas principais utilizações ... 25

Tabela 6 – Pontos de referência utilizados para determinar os limiares de pressão ... 38

Tabela 7- Registos efetuados durante o exame físico dos animais. ... 43

Tabela 8 - Valor médio (desvio padrão) do LNM (kg/cm2), nos 6 pontos da região toracolombar, nos momentos: Antes, 0min, 30min e 60min; Resultado do teste ANOVA (valor p) para cada ponto. ... 45

Índice de gráficos Gráfico 1 – Distribuição da casuística observada durante o estágio prático no Hevossairaala Evindensia Hyvinkää. ... 1

Gráfico 2 – Distribuição da casuística observada durante o estágio prático no Royal Veterinary College. ... 2

Gráfico 3 - Valores de LNM’s obtidos (Haussler & Erb, 2006). ... 13 Gráfico 4 - Evolução dos limiares nocicetivos mecânicos ao longo do tempo de tratamento. 44

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xvii Lista de abreviaturas, siglas e símbolos

AINE’s – Anti-inflamatórios não esteróides ATP - Adenosina trifosfato

IA – Inseminação artificial

LNM – Limiar de nociceção mecânico KT – Kinesio tape

MNT – Mechanical nociceptive threshold RVC – Royal Veterinary College

S – Sistema

SG – Substância gelatinosa SI – Sistema Internacional T – Vértebra torácica

Tc - Células de transmissão central TE – Transferência de embriões

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1 1. Estágio prático

O meu estágio prático teve a duração de 9 meses e decorreu em quatro locais diferentes, abrangendo as áreas de medicina e cirurgia, reprodução e fisioterapia veterinária.

1.1. Hevosairaala Evidensia Hyvinkää – Hospital de equinos

Helsínquia, Finlândia - 09/09/2016 – 15/12/2016

O Hevosairaala Evidensia Hyvinkää é um hospital de equinos completamente equipado, que presta serviços nas áreas de medicina interna, ortopedia e cirurgia, incluindo serviço de urgências. Possui 8 Médicos Veterinários, dois cirurgiões em serviço exclusivo de urgências, 6 enfermeiras veterinárias e 2 estagiários. As instalações incluem 5 boxes de cuidados intensivos, 10 boxes para internamento, 2 boxes para éguas com poldros e 1 boxe de isolamento. O hospital está equipado com uma sala de cirurgia, uma sala de radiografia, cintigrafia e ressonância magnética.

Durante o período diurno (8h – 16h) os estagiários tinham a possibilidade de optar entre as áreas de ortopedia, cirurgia ou medicina interna. Por se tratar de um hospital privado, os estagiários não se encontravam autorizados a realizar procedimentos médico-veterinários. Desta forma, a minha participação foi limitada à observação, auxílio dos veterinários na realização dos procedimentos médicos, realização de análises laboratoriais e discussão dos casos. A monitorização e administração de medicações aos cavalos internados eram realizadas pelas enfermeiras, com a ajuda dos estagiários. Em noites e fins-de-semana alternados, os estagiários prestavam assistência ao serviço de urgências. A distribuição da casuística observada durante o estágio encontra-se representada no gráfico 1.

Gráfico 1 – Distribuição da casuística observada durante o estágio prático no Hevossairaala Evindensia

Hyvinkää. Dados gentilmente cedidos pela Dra. Elina Koskenranta.

S. musculoesquelético: 28% S. gastrointestinal: 45% S. oftalmológico: 5% S. dermatológico: 1% S. neurológico: 1% S. respiratório: 10% Cirurgias: 10%

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1.2. Royal Veterinary College – Hospital de referência de equinos

Londres, Reino Unido - 16/12/2016 – 09/01/2017

O Royal Veterinary College (RVC) é um hospital universitário de referência, totalmente equipado com as mais recentes instalações de cuidados intensivos, diagnóstico e cirurgia. A equipa do RVC é constituída por um conjunto de Médicos Veterinários altamente especializados nas diferentes áreas da medicina equina, Médicos Veterinários residentes, internos, enfermeiros, técnicos auxiliares e estudantes. As instalações incluem 23 boxes de internamento, 6 boxes de cuidados intensivos, 2 boxes para éguas com poldros e 2 boxes de isolamento.

Durante o período diurno (7h – 19h), cada caso recebido pelo hospital era entregue a um estagiário. Este era responsável por acompanhar o cavalo em todos os procedimentos necessários para o seu diagnóstico e tratamento, pela sua monitorização, exame físico detalhado diário e pela administração da medicação necessária, designando o caso a um colega durante os turnos em que não estava presente. Durante o período noturno, os estudantes de serviço ficavam encarregues por todo o serviço de internamento e davam assistência aos internos e residentes no serviço de urgências. O horário era rotativo, com os seguintes turnos: 1) 7h-13h e 19h-1h; 2) 7h-19h e 3) 1h-13h.

Com os casos que me foram atribuídos, tive a oportunidade de realizar alguns procedimentos, incluindo colocação de cateteres intravenosos, entubação nasogástrica, colocação de pensos, colheita e análise sanguínea, ecografia abdominal, de tendões e do olho. Participei numa cirurgia de cólica, onde foi removido um lipoma intestinal, numa artroscopia da soldra e na remoção de um melanoma com laser de CO2. A distribuição da casuística

observada durante o estágio encontra-se representada no gráfico 2.

Gráfico 2 – Distribuição da casuística observada durante o estágio prático no Royal Veterinary College. S. gastrointestinal: 53% S. oftalmológico: 11% S. respiratório: 5% S. endócrino: 5% S. dermatológico: 5% Cirurgias: 21%

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1.3. Keros – Centro de inseminação e transferência de embriões

Beselare, Bélgica - 05/02/2017 – 19/03/2017

O Keros é um centro de reprodução equina constituído por um centro de inseminação artificial (IA), um centro de transferência de embriões (TE) e um conjunto de quintas que possuem, no total, cerca de 1500 éguas recetoras. A instituição emprega 5 Médicos Veterinários especializados em reprodução equina e entre 2 a 3 estagiários.

O dia no Keros começava com a avaliação diária das éguas recetoras. Através de palpação e ecografia era acompanhada a evolução do ciclo e registadas as caraterísticas anormais detetadas durante o exame. Em cada dia, consoante o número de embriões recebidos, eram selecionadas as éguas recetoras mais aptas para a transferência. Eram também avaliadas as éguas nas quais já tinha sido feita a transferência, para diagnóstico e acompanhamento de gestação. Todos estes procedimentos eram realizados pelos estagiários em conjunto com uma das Médicas Veterinárias. Quando terminada a avaliação das recetoras, os estudantes eram direcionados para o centro de inseminação, onde participavam em procedimentos de rotina como o acompanhamento das avaliações das éguas internadas para inseminação artificial, colheita de sémen e colocação de alarmes de parto nas éguas em final de gestação. Da parte da tarde, eram recebidos os embriões para transferência e as éguas para colheita. Os estagiários auxiliavam na colheita e transferência de embriões e efetuavam a cirurgia de Caslick quando necessária (Figura 1).

Em noites alternadas, os estagiários passavam a noite na quinta onde se encontravam as éguas no fim da gestação. Davam assistência ao parto e observavam e cuidavam do neonato durante as primeiras horas de vida, em conjunto com um dos Médicos Veterinários.

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1.4. Espaço Equus – Centro de fisioterapia e reabilitação equina

São Paulo, Brasil - 28/03/2017 – 13/06/2017

O Espaço Equus é um centro de fisioterapia e reabilitação que recebe equinos referenciados para tratamentos de fisioterapia. O centro está equipado com 6 boxes para internamento e um picadeiro. As modalidades terapêuticas utilizadas incluem laser terapêutico, ultrassom terapêutico, campo magnético pulsado, plataforma vibratória, eletroterapia, ozonoterapia, kinesio taping, massagem e exercícios terapêuticos (Figura 2). Os animais são internados durante períodos de cerca de 1 ou 2 meses, possibilitando a aplicação de um tratamento intensivo diário e a combinação de várias técnicas. A avaliação dos animais e os protocolos de tratamento são efetuados pela Dra. Solange Mikail, fundadora do Espaço Equus, Médica veterinária e fisioterapeuta.

Figura 2 - Aplicação de a) ultrassom terapêutico b) campo magnético pulsado; c) laser terapêutico. Imagens

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Durante o meu estágio no Espaço Equus, os tratamentos decorriam das 8h às 12h e das 14h às 17h, de segunda a sábado. Para além da realização dos tratamentos de fisioterapia (Tabela 1), estavam incluídas nas minhas funções a administração de medicações indicadas pelo Médico Veterinário oficial dos animais e a realização de um seminário sobre um dos casos observados. Tive também a possibilidade de frequentar o Curso Intensivo de Fisioterapia Equina e Ortopedia (80h de carga horária), que decorreu no Espaço Equus, durante o meu período de estágio.

Equino Diagnóstico Terapias utilizadas

Frederick Desmite do ligamento

colateral medial da articulação

interfalangeana distal

Shockwave, laser terapêutico, campo eletromagnético pulsado, exercício controlado progressivo.

Mandrake Desmite do ligamento

acessório do tendão flexor digital profundo

Terapia com laser, campo eletromagnético pulsado, fonoforese, ultrassom terapêutico, massagem, exercício controlado progressivo.

Darling, Dama

Tendinite do tendão flexor digital superficial

Laser terapêutico, campo eletromagnético pulsado, exercício controlado progressivo.

Único Rutura do músculo

peroneus tertius.

Laser terapêutico, exercício terapêutico com cavaletes, kinesio taping

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7 2. Revisão bibliográfica

2.1. Dorsalgia

Dorsalgia é o termo que define a presença de dor no dorso, podendo ser proveniente de qualquer estrutura desde o pescoço até ao sacro, incluindo a articulação sacroilíaca (Turner, 2003). A dorsalgia é considerada uma síndrome, ou seja, consiste num conjunto de sinais clínicos que, quando presentes, são indicativos de uma desordem funcional ou estrutural do esqueleto axial (Haussler, 2015).

A dorsalgia e a disfunção neuromuscular associada caraterizam-se por um quadro clínico complexo, podendo apresentar uma variedade de sinais clínicos, alterações comportamentais e de temperamento ( Jeffcott, 1975; Haussler & Jeffcott, 2014).

O sinal predominante, independentemente do tipo de problema subjacente, é a diminuição da performance do animal ( Jeffcott, 1979a, 1980; Findley & Singer, 2015). Esta diminuição pode ser detetada como uma perda de entusiasmo no trabalho, diminuição da capacidade desportiva, rigidez no movimento dos membros posteriores ou diminuição da flexibilidade toracolombar. O animal pode mostrar-se relutante ou até recusar-se a saltar, efetuar o salto com as costas arqueadas ou precipitar os últimos passos antes do obstáculo. Pode também apresentar movimentos exagerados da cabeça e da cauda (Jeffcott, 1979). Por vezes, ocorre apenas uma alteração subtil no comportamento, como um aumento da sensibilidade durante a limpeza e o maneio (Findley & Singer, 2015).

Os sinais clínicos primários incluem aumento da temperatura local, edema, dor e alteração na função, que se reflete em rigidez de movimentos e hipertonicidade muscular (Haussler & Jeffcott, 2014; Haussler, 2015). No exame físico é possível detetar uma diminuição da amplitude de movimento da coluna, verificando-se uma diminuição do movimento de flexão/extensão dorsoventral a passo e a trote (Wennerstrand et al., 2004).

2.1.1. Diagnóstico

A manifestação de dor nos equinos é um processo complexo, cujos sinais diferem do ser humano e outras espécies (Ashley, Waterman-Pearson, & Whay, 2010). A interpretação objetiva da presença de dor é difícil, mas essencial no diagnóstico e tratamento de lesões musculoesqueléticas (Haussler & Erb, 2006). Na prática clínica, o exame manual passivo é

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utilizado para avaliar a sensibilidade local, sendo esta a principal manifestação de dor musculoesquelética (Vanderween, Oostendorp, Vaes, & Duquet, 1996). Contudo, apesar do seu papel essencial no exame clínico veterinário, este método é subjetivo e não tem a capacidade de quantificar a dor (Haussler, Hill, Puttlitz, & McIlwraith, 2007).

Recentemente, um maior interesse e número de estudos desenvolvidos nesta área, tem resultado na disponibilidade de métodos objetivos e quantitativos na avaliação da dor em equinos. Destacam-se os estudos de cinemática (Wennerstrand et al., 2004), a elaboração de escalas de dor numéricas (Bussières et al., 2008; van Loon et al., 2010), a termografia (Tunley & Henson, 2010) e a algometria (Haussler e Herb 2003). Estes métodos permitem um diagnóstico mais preciso da presença e gravidade da dor, um melhor acompanhamento da evolução de cada caso e a avaliação da eficácia das terapias utilizadas.

Os estudos de cinemática consistem na medição objetiva da amplitude dos movimentos vertebrais efetuados pelo equino. Para a obtenção dos dados, são colocados marcadores esféricos refletores em referências anatómicas ósseas, incluindo geralmente os processos espinhosos dorsais e as tuberosidades coxais. O movimento do animal é filmado a passo e a trote, numa passadeira rolante, por um conjunto de câmaras infravermelhas. Por último, utilizando um software informático, as imagens são processadas e é calculada a amplitude dos movimentos vertebrais (flexão/extensão, flexão lateral e rotação axial) (Faber et al., 2000, 2001). A utilização destes estudos na avaliação da presença de dor, tem como base a hipótese de que o movimento do dorso de equinos com dorsalgia difere, em simetria e amplitude angular, do movimento de cavalos assintomáticos (Wennerstrand et al., 2004). Desta forma, utilizando como meio de comparação os valores obtidos em estudos efetuados em cavalos assintomáticos (Faber et al., 2000, 2001; Johnston, Holm, Erichsen, Eksell, & Drevemo, 2004), é possível diferenciar objetivamente equinos com dor no dorso ou disfunção (Wennerstrand et al., 2004).

As escalas de dor consistem num conjunto de critérios fisiológicos e comportamentais, associados à presença de dor, que são avaliados e classificados pelo clínico, de forma a ser obtido um valor final numérico que reflita a intensidade de dor do animal (Bussières et al., 2008), como exemplificado na tabela 2. Esta escala deve ser facilmente aplicável e incluir parâmetros que possuam repetibilidade inter e intra-observador, que permitam uma avaliação específica da presença ou ausência de dor e que permitam ao avaliador determinar o grau de dor do animal (van Loon et al., 2010).

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A termografia consiste numa representação gráfica da temperatura superficial das estruturas que se pretende observar. Esta imagem é obtida através da utilização de uma câmara térmica que tem a capacidade de detetar a radiação emitida em cada ponto do campo de visão, calcular a sua temperatura e expressá-la numa imagem com um código de cores (Soroko & Howell, 2016) (Figura 3).

Figura 3 - Imagem termográfica do dorso de um equino. Imagem obtida pela autora durante o estágio prático.

O aumento da temperatura num ponto da superfície corporal está relacionado com um aumento do fluxo sanguíneo local e da atividade metabólica. Clinicamente, considera-se que esta alteração está associada à presença de inflamação. A diminuição da temperatura é resultado da redução da perfusão sanguínea, normalmente associada a lesões crónicas (Tunley & Henson, 2010).

Esta técnica possibilita uma avaliação rápida, segura e não invasiva de todo o paciente (Schweinitz, 1999) sendo utilizada para identificar áreas de temperatura anormal na superfície corporal de cavalos com dorsopatias (Soroko & Howell, 2016). Devido às limitações da imagem radiográfica de várias estruturas anatómicas na coluna vertebral do cavalo, este método é, muitas vezes, a única forma de imagem capaz de localizar, com sucesso, as alterações presentes (Schweinitz, 1999).

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Figura 4 - Medição do LNM utilizando um algómetro de pressão. Imagem obtida pela autora durante o estágio prático. 2.1.1.1 – Algometria

A algometria de pressão é um método semi-objetivo, não invasivo, que permite quantificar a sensibilidade ou dor musculoesquelética (Pöntinen, 1998).

Nesta técnica é utilizado um manómetro de pressão calibrado, anexado a um êmbolo com ponta de borracha, que é pressionado contra uma região anatómica predeterminada até ocorrer uma reação nocicetiva visível (Haussler & Erb, 2006) (Figura 4). Neste momento, a pressão é retirada imediatamente e o valor indicado no algómetro é registado. Como reações indicativas de desconforto são consideradas: fasciculações musculares localizadas, reflexo cutâneo do tronco (espasmo na pele), um movimento vertebral ativo (lordose) ou afastamento do examinador (Haussler & Erb, 2003), orelhas para trás, olhar na direção do examinador, bater com o casco no chão ou uma tentativa de coice (Pongratz & Licka, 2017). O valor obtido é considerado o limiar nocicetivo mecânico (LNM) naquele ponto, sendo este definido como o valor de pressão mínimo capaz de induzir dor ou desconforto (Fischer, 1987)

A algometria é considerada, por diversos autores, um método válido, confiável e reprodutível. Tem vindo a ser utilizado na avaliação e quantificação da sensibilidade musculoesquelética local, na prática clínica e em trabalhos de investigação, com humanos (Fischer, 1987; Pöntinen, 1998), cães (Harris, Murrell, van Klink, & Whay, 2015), cavalos (Haussler & Erb, 2003, 2006) e outros animais (Mollenhoff, Nolte, & Kramer, 2005; Tapper et al., 2013). Em equinos, esta técnica foi aprovada como meio de diagnóstico de dor muscular relacionada com disfunção sacroilíaca, tendo sido observada uma elevada correlação

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entre os valores de LNM, os sinais clínicos e o exame de palpação (Varcoe-Cocks, Sagar, Jeffcott, & Mcgowan, 2006). Esta correlação foi também verificada num outro estudo que utilizou a algometria para avaliar o efeito da palpação diagnóstica no pescoço e dorso de equinos. (De Heus, Van Oossanen, Van Dierendonck, & Back, 2010). Foi também confirmada a sua capacidade de identificar e localizar pontos de dor toracolombar induzida (Haussler & Erb, 2010).

Em 2006, Haussler e Herb utilizaram 36 animais para determinar os LNM’s, medidos por algometria de pressão, em 62 pontos musculoesqueléticos de equinos saudáveis (Tabela 3). Este trabalho teve como objetivo definir valores de referência para estes pontos, providenciando um meio de comparação para futuros estudos (Gráfico 3).

Referências anatómicas ósseas bilaterais (13 pontos)

TMJ Aspeto caudolateral da articulação temporomandibular

C1 TP Aspeto caudoventral da asa do atlas

C3 TP Aspeto dorsolateral da porção caudal do processo transverso da 3ª vertebra cervical

C4 TP Aspeto dorsolateral da porção caudal do processo transverso da 4ª vertebra cervical

C5 TP Aspeto dorsolateral da porção caudal do processo transverso da 5ª vertebra cervical

PT SHDR Aspeto cranial do tubérculo maior do Úmero

SCAP Aspeto caudolateral da espinha da escápula, na porção média

RIB 7 Aspeto lateral da 7ª costela, ao nível da junção costo-condral

RIB 11 Aspeto lateral da 11ªcostela, na porção media

RIB 18 Aspeto caudolateral da 18ªcostela, ao nível da junção costo-condral

T SAC Aspeto dorsal da tuberosidade sacral

T COX Aspeto dorsocaudal da tuberosidade coxal

GR TR Aspeto dorsolateral da porção caudal do trocânter maior do fémur

Referências nos processos espinhosos – ápices dorsais (10 pontos) T4 SP 4ª vértebra torácica T11 SP 11ª vértebra torácica T15 SP 15ª vértebra torácica T17 SP 17ª vértebra torácica T18 SP 18ª vértebra torácica L1 SP 1ª vértebra lombar L3 SP 3ª vértebra lombar L4 SP 4ª vértebra lombar L6 SP 6ª vértebra lombar S2 SP 2ª vértebra sacral

Referências anatómicas nos tecidos moles (13 locais)

C1 M Ponto dorsal da musculatura que cobre a asa do atlas

C3 M Ponto médio do músculo splenius, ao nível da 3ª vértebra cervical

C6 M Porção dorsal do músculo serratus ventralis cervical, ao nível da 6ª vértebra cervical

T3 M Aspeto dorsolateral do músculo rhomboideus cervical, ao nível do 3º processo espinhoso torácico

T9 M Aspeto dorsolateral do músculo spinalis torácico, ao nível do 9º processo espinhoso torácico

T13 MED Músculo longissimus, ao nível da 13ª vértebra torácica, 2 cm lateral à linha média dorsal

T13 LAT Porção media do músculo longissimus, ao nível da 13ª vértebra torácica

T18 MED Músculo longissimus torácico, ao nível da 18ª vértebra torácica, 2 cm lateral à linha média dorsal

T18 LAT Porção media do músculo longissimus, ao nível da 18ª vértebra torácica

L3 MED Músculo longissimus lombar, ao nível da 18ª vértebra torácica, 2 cm lateral à linha média dorsal

L3 LAT Porção media do músculo glúteo médio, ao nível da 3ª vértebra lombar

L6 M Porção media do músculo glúteo médio, ao nível da 6ª vértebra lombar

S2 M Lado medial do músculo glúteo médio, ao nível da 2ª vértebra sacral

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13

Gráfico 3 - Valores de LNM’s obtidos (Haussler & Erb, 2006).

De acordo com este estudo, o valor de referência médio nos pontos ósseos é de 10kg/cm2, nos processos espinhosos dorsais é de 13kg/cm2 e nos tecidos moles é de 12kg/cm2. Relativamente às diferentes regiões, os valores obtidos foram: 9 kg/cm2 na cervical, 12 kg/cm2 na torácica, 13 kg/cm2 na lombar e 16 kg/cm2 na pélvica. É de notar que ocorre um aumento nos LNM’s no sentido de cranial para caudal (Haussler & Erb, 2006).

Para além da sua aplicação como meio de diagnóstico, a algometria tem sido utilizada na avaliação da eficácia de terapias para controlo da dor musculoesquelética, como o campo eletromagnético pulsátil (Biermann, Rindler, & Buchner, 2014), a quiroprática (Haussler & Erb, 2003), massagem e fenilbutazona (Sullivan, Hill, & Haussler, 2008).

Depois de determinada a presença de dor, a sua localização e intensidade, é necessário diagnosticar a causa, de forma a selecionar o tratamento mais indicado. O diagnóstico da doença subjacente à dorsalgia é um processo complexo, havendo um conjunto de fatores que limitam a avaliação correta das estruturas em questão (Denoix & Dyson, 2011).

A dimensão do animal e dos músculos que cobrem o dorso impossibilitam a palpação adequada das estruturas anatómicas envolvidas (Haussler & Jeffcott, 2014) e a mobilidade restrita das articulações da coluna dificulta a deteção de alterações patológicas no movimento (Denoix & Dyson, 2011). A frequência de lesões múltiplas em diferentes locais (Jeffcott, 1980) e a ocorrência de alterações que não causam sinais clínicos, aumentam a dificuldade em definir a fonte de dor. Vários autores verificaram que as alterações detetadas na ecografia

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(Henson, Lamas, Knezevic, & Jeffcott, 2007), radiografia (Jeffcott, 1979b) e cintigrafia (Erichsen, Eksell, Holm, Lord, & Johnston, 2010), nem sempre estão diretamente relacionadas com os sinais clínicos. Por último, os resultados da analgesia local diagnóstica devem ser interpretados cuidadosamente, tendo sido demonstrado que cavalos clinicamente sãos, respondem à infiltração de anestésico local com um aumento na amplitude de movimento da coluna (Holm, Wennerstrand, Lagerquist, Eksell, & Johnston, 2010).

Desta forma, para a obtenção de um diagnóstico correto, devem ser relacionados os dados de uma história clínica detalhada, de um exame físico completo e dos exames complementares mais adequados.

A história deve incluir questões relativas ao temperamento do animal, alterações de comportamento detetadas, maneio, utilização, início e duração dos sintomas, experiência do cavaleiro, ferração e sela utilizada (Martin & Klide, 1999).

No exame físico, é realizada uma inspeção visual da conformação e postura do animal e é avaliada a presença de lesões cutâneas, cicatrizes ou assimetrias musculares, que poderão refletir a redução de movimento em zonas dolorosas (Denoix & Dyson, 2011). Em seguida, deve ser observada a reação à palpação, passando a mão suavemente ao longo do dorso, desde o garrote até à base da cauda (Jeffcott, 1979). É avaliado o grau de contração muscular e o tempo que o animal demora a relaxar, a presença de fasciculações musculares locais e se ocorrem alterações comportamentais em resposta à estimulação (Martin & Klide, 1999). Através da palpação podem também ser detetadas alterações da textura, mobilidade dos tecidos, ou resistência à pressão, nos tecidos moles e estruturas ósseas (Haussler & Jeffcott, 2014). Com o objetivo de avaliar a capacidade de extensão, flexão e flexão lateral da coluna são realizados testes de mobilização. O animal saudável deve apresentar uma resposta controlada e coordenada, sem sinais de desconforto (Martin & Klide, 1999).

Em seguida, o animal deve ser examinado em movimento, à mão, à guia, e montado pelo cavaleiro, e devem ser analisadas alterações no movimento e comportamento do cavalo. É frequente observar reações adversas no momento em que a sela é colocada, a cilha é apertada ou no momento em que o cavaleiro monta (Martin & Klide, 1999).

Deverá ser realizado um exame de claudicação completo, um exame neurológico, um exame retal e um exame oral, de forma a poderem ser excluídas outras causas para além de lesões na coluna toracolombar (Haussler & Jeffcott, 2014). Devem ser realizadas análises laboratoriais, incluindo hematologia e bioquímica. A hematologia permite eliminar outras causas para a diminuição da performance como anemia, parasitismo sistémico ou infeção. A

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determinação da concentração sérica das enzimas musculares pode auxiliar o diagnóstico de miopatias (Jeffcott, 1979). Pode também ser realizada uma análise do líquido cefalorraquidiano, de forma a excluir a presença de desordens neurológicas (Haussler & Jeffcott, 2014).

Tendo em conta os dados obtidos, é selecionado o exame de imagiologia mais indicado. A radiografia e a cintigrafia são amplamente utilizadas como ferramentas de diagnóstico para detetar lesões ósseas na coluna do equino, fornecendo informações sobre a estrutura e a atividade metabólica no osso, respetivamente (Weaver, Jeffcott, & Nowak, 1999). A combinação destas duas técnicas permite que, através da cintigrafia, sejam confirmadas as alterações detetadas na radiografia e que seja determinada a sua significância clínica, permitindo, desta forma, um diagnóstico mais correto (Denoix & Dyson, 2011). Por outro lado, a ecografia é utilizada maioritariamente no diagnóstico de lesões dos tecidos moles, sendo considerada a técnica mais útil na avaliação do ligamento supraespinhoso. É também um complemento para a radiografia na avaliação dos processos espinhosos e processos articulares (Denoix, 1999).

A infiltração de analgésico local pode ser um auxiliar de diagnóstico útil, sendo principalmente utilizada para confirmar a associação entre os sinais clínicos e as alterações detetadas nos exames por imagem (Walmsley, Pettersson, Winberg, & McEvoy, 2002).

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2.1.2. Doenças que estão na origem da dorsalgia

As alterações mais frequentemente diagnosticadas são as lesões do músculo

longíssimus dorsi, a desmite do ligamento supraespinhoso (Jeffcott, 1979, 1980), a

sobreposição dos processos espinhosos (Walmsley et al., 2002; Findley e Singer, 2015) e a disfunção sacroilíaca (Jeffcott, 1980). Contudo, são várias as condições que podem estar na origem das dorsalgias, estando as mais frequentes listadas na tabela 4.

Categoria Causa

Lesão de tecidos moles Lesão do músculo Longíssimus Dorsi

Desmite do ligamento supraespinhoso Desmite dos ligamentos sacroilíacos Rabdomiólise

Lesões ósseas Sobreposição dos processos espinhosos dorsais

Osteoartrite Discoespondilite Espondilose

Fratura dos processos espinhosos dorsais ou corpos vertebrais

Fratura das costelas

Deformações Congénitas

Escoliose, Cifose, Lordose

Desordens Neurológicas

Mieloencefalite protozoária equina Mieloencefalopatia degenerativa equina Mieloencefalite causada por herpesvirus Doença do neurónio motor

Maneio Sela inapropriada

Técnica do cavaleiro Exigência do treino

Outros Problemas de dentes

Problemas dermatológicos

Tabela 4 - Principais condições que estão na origem da dorsalgia. Adaptado de (Jeffcott, 1979ª; Haussler &

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17 2.1.3. Tratamento

O princípio básico do tratamento da dorsalgia consiste na redução da dor e do espasmo muscular, deixando o cavalo o mais confortável possível, o mais cedo possível. Desta forma, o animal poderá ser exercitado, evitando perdas musculares adicionais e promovendo a função e força muscular. Com este objetivo, torna-se necessária a utilização de uma combinação de tratamentos, incluindo medicação, fisioterapia e outras terapias complementares, em conjunto com um plano de reabilitação. A cirurgia pode estar indicada em casos não responsivos ao tratamento (Denoix & Dyson, 2011; Haussler & Jeffcott, 2014).

O exercício montado deve ser substituído, ou parcialmente substituído, por um plano de exercícios que promova o relaxamento e alongamento dos músculos (Findley & Singer, 2016), o controlo propriocetivo e a estabilidade vertebral (Denoix & Dyson, 2011;Haussler & Jeffcott, 2014). Devem, também, ser efetuadas alterações no maneio que promovam o bem-estar do animal, podendo estas incluir a substituição ou adaptação da sela, a utilização de protetores de dorso, alteração do piso ou da rotina de treino e adaptação do cavaleiro, entre outras (Findley & Singer, 2016).

Entre os principais grupos de fármacos utilizados encontram-se os anti-inflamatórios não esteróides (AINE´s), os corticosteróides e os relaxantes musculares. Os AINE´s são frequentemente utilizados em conjunto com outros tratamentos como a administração local de corticosteróides ou a fisioterapia (Findley & Singer, 2016). Contudo, a sua utilização exclusiva com o objetivo de controlo da dor toracolombar tem frequentemente resultados insatisfatórios (Sullivan et al., 2008; Denoix & Dyson, 2011). Os corticosteróides, por sua vez, são fármacos anti-inflamatórios, de administração intra ou periarticular, eficazes em casos de lesões do ligamento supraespinhoso, facetas articulares, osteoartrite (Findley & Singer, 2016) e sobreposição dos processos espinhosos (Marks, 1999). A sua administração sistémica é raramente indicada devido aos possíveis efeitos secundários como laminite, artropatias e problemas digestivos (Haussler & Jeffcott, 2014). Por último, os relaxantes musculares são utilizados para diminuição da dor e espasmo da musculatura epaxial, ou em combinação com outros tratamentos em casos de sobreposição dos processos espinhosos (Findley & Singer, 2016).

O Tiludronato é um bifosfonato que tem a capacidade de reduzir a dor induzida por lesões osteoarticulares na coluna toracolombar. Este fármaco induz a apoptose dos

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osteoclastos, promovendo o equilíbrio fisiológico entre a absorção e a formação de osso e aliviando a dor associada a alterações ósseas (Coudry et al., 2007).

A mesoterapia consiste na aplicação de injeções intradérmicas múltiplas, ao nível da lesão, em ambos os lados da coluna dorsal. Pode ser utilizado apenas um fármaco ou uma combinação, que pode incluir solução anestésica, um corticosteróide de curta-duração e relaxantes musculares (Haussler & Jeffcott, 2014).

O tratamento cirúrgico é indicado apenas em casos de sobreposição dos processos espinhosos, que não apresentam uma resposta positiva ao tratamento conservativo (Walmsley et al., 2002). De uma forma geral, a cirurgia consiste na ressecção da porção dos processos espinhosos que se encontra sobreposta, existindo, atualmente, diferentes técnicas e abordagens descritas (Jeffcott & Hickman, 1975; Walmsley et al., 2002; Perkins, Schumacher, Kelly, Pollock, & Harty, 2005; Desbrosse, Perrin, Launois, Vandeweerd, & Clegg, 2007).

2.1.3.1 – Fisioterapia

A dorsalgia é uma síndrome complexa, cujo diagnóstico e tratamento apresentam limitações evidentes, verificando-se frequentemente a impossibilidade de obter um diagnóstico ou a falta de opções para um tratamento eficaz. A fisioterapia poderá não só complementar o diagnóstico de lesões não detetáveis nos exames de imagiologia, mas também oferecer um conjunto de técnicas que permitem um maneio da dor mais eficaz, a prevenção de perdas musculares adicionais e a otimização dos processos de reparação, promovendo a restauração da função (Porter, 2014).

A fisioterapia pode ser definida como “uma abordagem holística para a prevenção, o diagnóstico e o maneio terapêutico da dor, distúrbios do movimento ou otimização da função, de forma a melhorar a saúde e o bem-estar” (Mcgowan, Stubbs, & Jull, 2007). Em contraste com a abordagem clínica, em que o Médico Veterinário procura localizar e definir o processo patológico, o fisioterapeuta procura um diagnóstico funcional, avaliando a presença de dor e disfunção e localizando as regiões de desconforto através da observação e palpação (McGowan & Goff, 2016). Posteriormente, utiliza meios não farmacológicos como terapias manuais, agentes eletrofísicos e exercícios terapêuticos para reduzir a dor, otimizar o movimento e restaurar o controlo muscular (McGowan, 2016). As terapias mais utilizadas

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pelos fisioterapeutas no tratamento desta síndrome encontram-se brevemente descritas em seguida.

2.1.3.1.1 - Terapias manuais

As terapias manuais incluem um conjunto de técnicas que têm como base a aplicação de movimentos passivos ou ativos assistidos, pelo fisioterapeuta, com o objetivo de tratar disfunções articulares, musculares ou neurológicas (Goff, 2016b).

A manipulação articular, consiste na aplicação de um impulso controlado, de alta velocidade e baixa amplitude, em articulações ou outras regiões anatómicas específicas, de forma a induzir uma resposta terapêutica (Haussler, 1999). Tem como objetivo restaurar o movimento normal da articulação, estimular os reflexos neurológicos e reduzir a dor e a hipertonicidade muscular (Haussler & Jeffcott, 2014), tendo sido demonstrada a sua capacidade de elevar o limiar nocicetivo mecânico no dorso de equinos (Haussler & Erb, 2003) e a flexibilidade vertebral ( Haussler et al., 2007; Haussler, Martin, & Hill, 2010).

A massagem consiste na manipulação da pele e tecidos moles subjacentes, manualmente ou com a utilização de instrumentos, com objetivos terapêuticos (Haussler, 2011). Na prática clínica considera-se que a massagem tem a capacidade de aumentar o fluxo sanguíneo, promover o relaxamento, reduzir a hipertonicidade muscular, aumentar a extensibilidade dos tecidos, reduzir a dor e promover a função normal (Haussler, 2010). Em equinos, uma única sessão de massagem demonstrou ser eficaz na diminuição da frequência cardíaca e de comportamentos indicativos de stress (McBride, Hemmings, & Robinson, 2004). Foi demonstrada a sua capacidade de elevar o limiar de dor toracolombar (Sullivan et al., 2008).

Os exercícios de alongamento consistem na realização de movimentos passivos ou ativos (com o auxílio de um alimento) que estimulem a extensão, flexão longitudinal e flexão lateral da coluna vertebral e que alonguem e fortaleçam a musculatura epaxial (Goff, 2016a). Os alongamentos possuem um papel essencial no programa de reabilitação pois previnem o desenvolvimento de contraturas e de fibrose e promovem a flexibilidade, a amplitude de movimento das articulações (Sharkey & Herbots, 2008) e a estabilização das articulações intervertebrais através do fortalecimento da musculatura local (Stubbs, Kaiser, Hauptman, & Clayton, 2011). Em equinos, foi demonstrada a ocorrência de um aumento significativo nas dimensões e simetria do músculo multifidus, que é responsável pela estabilização vertebral,

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após a realização de exercícios dinâmicos de mobilização, ao longo de um período de três meses (Stubbs et al., 2011).

2.1.3.1.2 - Agentes eletrofísicos

A aplicação destas modalidades baseia-se na hipótese de que a introdução de energia nos tecidos vai estimular uma resposta fisiológica no tecido alvo. Esta resposta pode ser utilizada para proporcionar um efeito terapêutico que influencie a reparação de tecidos, a função muscular ou a modulação da dor. Cabe ao fisioterapeuta determinar o efeito fisiológico pretendido em cada tratamento e, desta forma, selecionar a modalidade mais adequada (Watson & Lawrence, 2016).

O laser terapêutico consiste numa forma de radiação eletromagnética da zona visível ou quase visível do espetro. A luz emitida pelo laser é absorvida nos tecidos, pelos cromóforos das mitocôndrias, resultando num aumento do metabolismo celular. A energia absorvida estimula uma variedade de reações secundárias, modulando as funções celulares e estimulando processos de reparação. Este efeito pode ser denominado fotobiomodulação (Watson & Lawrence, 2016). Os efeitos fisiológicos propostos incluem a promoção da vasodilatação, o aumento da produção de ATP (adenosina trifosfato) e da libertação de fatores de crescimento, o estímulo da proliferação dos fibroblastos e da produção de colagénio e o aumento do metabolismo de opioides endógenos (Sharkey & Herbots, 2008; Watson & Lawrence, 2016). Na fisioterapia veterinária esta modalidade é frequentemente utilizada em casos de tendinites ou desmites, feridas, edema e para controlo da dor. Em equinos, foi demonstrada a sua capacidade de otimizar os processos de reparação em casos de tendinite induzida (Mikail, 2008).

O ultrassom terapêutico constitui uma forma de energia mecânica, que utiliza a energia cinética das partículas em vibração na onda sonora. A absorção ocorre nas proteínas do tecido, sendo superior em tecidos ricos em colagénio (Watson & Lawrence, 2016). O ultrassom pode ser utilizado como uma modalidade térmica, aplicando uma onda contínua, ou não térmica, aplicando uma onda pulsada (Porter, 2014). A absorção de energia acústica causa o aumento do fluxo sanguíneo, do metabolismo celular e da libertação de mediadores inflamatórios e de fatores de crescimento. Promove a neovascularização, a produção e orientação das fibras de colagénio e a extensibilidade dos tecidos. A vibração das partículas atua como uma micromassagem local que previne a formação de aderências (Buchner &

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Schildboeck, 2006; Sharkey & Herbots, 2008; Watson & Lawrence, 2016). Em fisioterapia veterinária esta modalidade é indicada em casos de tendinites ou desmites, fraturas, feridas, edema e para prevenção da formação de aderências. Um estudo realizado em equinos avaliou o efeito desta terapia em tendinites induzidas, tendo encontrado melhores resultados clínicos nos grupos tratados, comparativamente ao controlo (Buchner & Schildboeck, 2006).

O TENS (transcutaneous eletrical nerve stimulation) consiste numa técnica analgésica, não invasiva, em que é aplicada uma corrente elétrica de baixa intensidade na superfície da pele. A corrente é transmitida através de elétrodos condutores que são colocados na zona de dor, estimulando os recetores cutâneos locais. Este estímulo tem a capacidade de ativar os mecanismos fisiológicos de inibição da dor (Buchner & Schildboeck, 2006; Watson & Lawrence, 2016).

2.1.3.1.3 - Terapia térmica

A crioterapia é indicada na fase aguda de uma lesão, na presença de edema ou dor aguda (Sharkey & Herbots, 2008). Tem como principais efeitos fisiológicos a promoção da vasoconstrição e a diminuição do metabolismo celular e da libertação de mediadores inflamatórios (Heinrichs, 2004; Sharkey & Herbots, 2008). A analgesia é obtida através da diminuição da condução nervosa (Heinrichs, 2004) e da interrupção do ciclo dor-espasmo (Porter, 2014).

Por outro lado, a aplicação de calor é indicada na fase crónica das lesões (Sharkey & Herbots, 2008). O aumento de temperatura nos tecidos promove o relaxamento muscular, a vasodilatação, o aumento do fluxo sanguíneo e do metabolismo celular e a oxigenação dos tecidos. Aumenta, também, a extensibilidade dos tecidos, podendo ser utilizada antes da sessão de alongamentos (Sharkey & Herbots, 2008).

2.1.3.1.4 - Exercício terapêutico

O exercício controlado é uma parte fundamental do programa de reabilitação de lesões musculoesqueléticas. A frequência, a intensidade e o tipo de exercício são prescritos de acordo com o tipo de lesão e ajustados ao longo do processo de cicatrização (Davidson, 2016).

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No caso de dorsalgia, o plano deve incluir exercício com rédeas longas, exercícios de lateralização, serpentinas e transições entre os diferentes andamentos (Bromiley, 2009). O cavalo deverá trabalhar numa atitude baixa, promovendo a flexão torácica da coluna e o alongamento do dorso (Barrie, 2011). A frequência e intensidade do exercício devem ser aumentadas progressivamente, de acordo com a evolução (Davidson, 2016).

A introdução de exercício controlado progressivo no plano de reabilitação vai promover a força e função musculares, a amplitude de movimentos, o equilíbrio, a flexibilidade e a perceção dos movimentos, otimizando o processo de reparação e prevenindo a reincidência de lesões (Porter, 2014).

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2.2.

Kinesio taping

A Kinesio Taping é uma técnica de bandagem terapêutica que foi desenvolvida em 1973, pelo quiroprático Dr. Kenzo Kase. Surgiu com o objetivo de proporcionar ao paciente um estímulo terapêutico que permanecesse ativo durante o intervalo entre as sessões de terapia manual (Kase, Lemos, & Dias, 2013).

Este método terapêutico engloba o processo de avaliação funcional, onde são localizadas as regiões de desconforto e disfunção, e a posterior aplicação cutânea das fitas adesivas sobre a estrutura a tratar. Esta aplicação deverá ser adaptada a cada caso, de forma a que seja transmitido o estímulo mais adequado ao tratamento do tecido alvo (Kase, Molle, & Collins, 2013).

Os principais objetivos do tratamento incluem a diminuição da dor, a otimização do movimento (Ettl, 2017) e a promoção da homeostase e da cicatrização dos tecidos (Molle, 2016). Embora a utilização da kinesio tape (KT) como terapia primária possa ter uma influência positiva no processo de recuperação de lesões, esta técnica apenas atua em todo o seu potencial quando combinada com outras terapias. Desta forma, deve ser considerada um complemento do tratamento, pois apresenta a capacidade de prolongar e otimizar os efeitos produzidos pelos tratamentos de acupuntura, osteopatia, quiroprática e fisioterapia (Ettl, 2017).

2.2.1. Propriedades

A kinesio tape foi concebida de forma a proporcionar um estímulo confortável para o paciente, que pudesse ser utilizado durante 3 a 5 dias, 24horas por dia. Apresenta um peso e grossura semelhantes à pele, deixando de ser sentida cerca de 30 minutos após a sua aplicação. É constituída por fibras elásticas 100% de algodão e adesivo de acrílico que é ativado pelo calor, a sua cor é obtida através da utilização de tintas hipoalergénicas, derivadas de extratos de plantas. Possui elasticidade apenas no sentido longitudinal e, quando alongada, atinge cerca de 40 a 60% do

seu comprimento em descanso. Devido a esta caraterística, não restringe a amplitude de

Figura 5 – Adesivo da kinesio tape.

Imagem obtida pela autora durante o estágio prático.

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movimentos no local onde é aplicada. O adesivo apresenta um padrão ondulado (Figura 5), que simula os diversos sentidos de elasticidade cutânea e permite a evaporação da humidade corporal e a respiração da pele (Kase, Molle, et al., 2013).

Existe, neste momento, uma grande variedade de cores disponíveis no mercado. Apesar de não haver qualquer diferença relativamente às caraterísticas de fitas de cores diferentes, produzidas pelo mesmo fabricante, estas podem ter diferentes efeitos no animal. Alguns autores consideram que a pele possui a capacidade de absorver as vibrações emitidas pelas cores e que, consequentemente, diferentes cores terão diferentes efeitos no corpo, pois possuem diferentes frequências e comprimentos de onda (Ettl, 2017). Outros autores, acreditam que as diferenças entre os efeitos das várias cores se devem ao facto de ocorrer maior absorção da energia solar pelas cores mais quentes e escuras (vermelho, laranja, preto), relativamente às cores frias (verde e azul), com o consequente aumento ou diminuição da temperatura no local de aplicação. Desta forma, as cores quentes deverão ser utilizadas quando o objetivo da aplicação é ativar ou estimular a ação de uma estrutura e as cores frias deverão ser utilizadas quando é pretendida a inibição ou relaxamento no tecido alvo (Kase, Lemos, et al., 2013).

2.2.2. Aplicação

Após a avaliação funcional do equino, a identificação da estrutura a tratar e a determinação do efeito terapêutico pretendido, é selecionada a cor mais indicada e a forma que melhor se adapta à estrutura alvo. A kinesio tape é medida de acordo com as dimensões do animal, é recortada e aplicada (Kase, Molle, et al., 2013).

A fita de kinesio pode ser recortada e aplicada utilizando diferentes configurações. A seleção da forma a utilizar depende do tamanho e formato do tecido alvo e do objetivo do tratamento (Kase, Wallis, & Kase, 2003). As formas mais comuns e as suas principais aplicações encontram-se resumidas na tabela 5.

Forma Utilização

I Facilitar ou inibir a contração muscular Aplicação em tendões e ligamentos Alívio da dor

Y Facilitar ou inibir a contração muscular Aplicação para correção de fáscias

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X Casos em que a origem e inserção muscular podem variar consoante o padrão de movimento da articulação

Maior distribuição da tensão em aplicações musculares.

Leque Drenagem linfática

Donut Edema ou dor numa área focal

Tabela 5 - Formatos de Kinesio tape mais comuns e as suas principais utilizações. Adaptado de (Ettl, 2017;

Kase et al., 2003). Imagens obtidas pela autora.

No processo de colocação, há 3 fatores essenciais que influenciam o estímulo que é transmitido aos tecidos: a aplicação correta de âncoras, a tensão da zona de tratamento e a direção de aplicação (Ettl, 2017).

De uma forma geral, as fitas apresentam 3 regiões. São constituídas por duas âncoras, ou pontos fixos, e por uma zona intermédia (Figura 6).

Figura 6 - Regiões da kinesio tape quando aplicada: 1 – Âncora inicial; 2 – Âncora final; 3 – Zona

terapêutica; ← - Direção de recuo. Imagem obtida pela autora durante o estágio prático.

As âncoras localizam-se, em regra, nas extremidades e são aplicadas no pelo sem tensão. Têm como função aumentar a aderência da fita, prolongando a duração da aplicação. O seu comprimento deve ser diretamente proporcional ao tamanho da zona terapêutica e à tensão nela exercida, devendo ter um mínimo de 5cm (Ettl, 2017).

A região intermédia é a zona terapêutica, que corresponde à porção da fita que é alongada durante a sua colocação, de forma que, depois de aplicada, exerça a tensão pretendida no tecido alvo (Kase, Lemos, et al., 2013).

A tensão da zona terapêutica vai influenciar a intensidade do estímulo que é transmitido aos tecidos e deve ser selecionada de acordo com o objetivo da aplicação. O grau

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de tensão é descrito em percentagem, sendo 100% o comprimento máximo atingido pela fita e 0% o seu comprimento em descanso. Desta forma, a tensão utilizada no tratamento pode ser descrita como total - 100%; severa - 75%; moderada - 50%; leve - 25-15% ou muito leve - 15-0% (Kase et al., 2003).

A direção de aplicação, por sua vez, influencia o tipo de estímulo que é transmitido e, consequentemente, a resposta que é obtida. Este facto deve-se a uma característica da kinesio

tape que é conhecida como recuo (“recoil”). Devido à sua elasticidade intrínseca, depois de

aderida à pele, a fita recua em direção ao ponto onde se iniciou a aplicação. Esta tração direcional é transmitida à pele e tecidos subcutâneos (Molle, 2016).

Com o objetivo de prolongar a duração de aplicação, é aconselhado que os cantos sejam arredondados, impedido que as pontas descolem facilmente, e que, no final da colocação, a fita seja friccionada, de forma a produzir calor e a ativar o adesivo (Kase, Molle, et al., 2013).

2.2.3. Mecanismos de ação

Os efeitos principais da terapia com kinesio tape podem ser sumariados nos seguintes pontos:  Alívio da dor através da estimulação dos recetores cutâneos;

 Restauração do equilíbrio muscular através da facilitação ou inibição da contração de um músculo ou grupo muscular;

 Aumento do fluxo sanguíneo e de linfa através da promoção da microcirculação;  Correção postural e melhoria da coordenação e proprioceção;

 Otimização da funcionalidade das fáscias (Ettl, 2017).

Os mecanismos de ação que explicam estes efeitos não são completamente compreendidos e as evidências científicas existentes são limitadas e controversas. Contudo, há um conjunto de teorias propostas que são aceites pela maioria dos autores.

2.2.3.1 - Alívio da dor

Numa situação normal, a pele desloca-se de acordo com o movimento efetuado pelo cavalo. A aplicação da kinesio tape origina deslocamentos na pele e tecidos subjacentes, que alteram o padrão de movimento e estimulam os recetores cutâneos (Ettl, 2017). Com base

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neste facto, diversos autores defendem que a modulação da perceção da dor pode ser explicada pela teoria das comportas de Melzack e Wall (1965).

Figura 7 - Teoria das comportas proposta por Melzack e Wall (1965). Imagem adaptada de (Moayedi & Davis, 2013).

+excitação; - inibição.

De acordo com o modelo de Melzack e Wall, a perceção da dor é modulada por um sistema de “comportas”, representado esquematicamente na figura 7. As fibras de grande diâmetro e rápida condução (“A-fibers”) transmitem estímulos não dolorosos, enquanto as fibras de pequeno diâmetro e condução lenta (“C-fibers”) transmitem os estímulos nocicetivos. Ambas conduzem os estímulos aferentes primários a duas regiões da medula espinhal: a substância gelatinosa (SG) e as células de transmissão central (Tc). As células da substância gelatinosa são responsáveis pela inibição da informação transmitida às células Tc que, por sua vez, ativam os mecanismos que levam à perceção da dor. O efeito inibitório da SG é aumentado pela atividade das fibras A (levando ao fecho das comportas) e diminuído pela atividade nas fibras C (levando à abertura das comportas). Tendo em conta este mecanismo, os autores sugeriram que o controlo da dor poderia ser alcançado ativando seletivamente as fibras de grande diâmetro (Melzack & Wall, 1965).

No caso da terapia com kinesio tape, as fibras A são ativadas pelo estimulo dos recetores cutâneos, devido às sensações de tração, tensão e pressão no local de aplicação. Este mecanismo constitui a explicação mais aceite para o efeito analgésico da terapia (Artioli & Bertolini, 2014).

Para além disto, o efeito de recuo da KT eleva microscopicamente a pele, originando um aumento do espaço intersticial entre as camadas da derme. Desta forma, ocorre uma diminuição da excitabilidade dos nocicetores e a circulação local é facilitada, reduzindo o

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edema em condições inflamatórias. Neste caso, a descompressão dos recetores mecânicos locais também reduz a dor no local (Kase, Lemos, et al., 2013).

Sendo esta a aplicação mais usada em fisioterapia, inúmeros estudos têm sido desenvolvidos de forma a avaliar o seu efeito analgésico, quando utilizada isoladamente (Paoloni et al., 2001; Thelen, Dauber, & Stoneman, 2008; Castro-Sánchez et al., 2012; Cho, Kim, Kim, & Yoon, 2015), em comparação (Kaya, Zinnuroglu, & Tugcu, 2011; Saavedra-Hernández et al., 2012) ou em conjunto com outras técnicas (Added et al., 2013). Apesar de demonstrada a capacidade analgésica desta terapia, com efeito imediato e a curto prazo (24h), a maioria dos autores considera que esta capacidade é limitada, não havendo justificação para a sua utilização como principal método terapêutico. Desta forma, é sugerida a sua associação a outras técnicas como a fisioterapia e terapias manuais (Kaya et al., 2011).

2.2.3.2 - Facilitação ou inibição da contração muscular

Atualmente, a aplicação muscular constitui uma das principais utilizações da KT, tendo como objetivos a restauração do equilíbrio muscular e a otimização da amplitude de movimentos, promovendo a reparação de lesões musculoesqueléticas (Molle, 2016). Esta técnica tem como base a hipótese de que a aplicação da KT com o recuo na direção da contração das fibras musculares, facilita a sua contração, enquanto que, quando aplicada na direção oposta, tem um efeito inibitório sobre o músculo (Alexander, Stynes, Thomas, Lewis, & Harrison, 2003).

Os mecanismos que explicam este efeito não são completamente compreendidos, havendo opiniões divergentes entre os vários autores. De acordo com o Dr. Kenzo Kase, a tração exercida pela fita, sobre a pele, otimiza a comunicação com os mecanorrecetores, aumentando o número de unidades motoras recrutadas durante a contração (Kase, Lemos, et al., 2013). Outros autores propõem que o recuo da fita é capaz de deslocar a origem do músculo em direção à sua inserção e que este encurtamento muscular aumenta a sua capacidade de contração (Morrissey, 2000). Por último, uma outra explicação propõe que o estímulo dos recetores cutâneos origina um impulso aferente que é integrado com os restantes estímulos propriocetivos, para a produção de uma resposta motora. Desta forma, a KT pode influenciar o controlo motor de um músculo, aumentando ou diminuindo a perceção motora e, consequentemente, facilitando ou inibindo a sua contração (Molle, 2016).

De acordo com o Dr. Kenzo Kase (2013), as aplicações musculares deverão seguir os seguintes princípios:

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Se a terapia tiver como objetivo o estímulo da contração muscular, a fita é aplicada no sentido de proximal para distal, ou seja, da origem (ponto fixo) para a inserção do músculo (ponto móvel). A âncora inicial é posicionada ligeiramente antes da origem muscular, a zona terapêutica é aplicada sobre o músculo com uma tensão de 15% a 35% e a âncora final é colocada após a inserção muscular (Figuras 8 e 9). Desta forma, é aplicado um recuo na direção da contração das fibras musculares.

Figura 8 - Aplicação tonificante no músculo braquiocefálico. Imagem obtida pela autora

Imagem

Gráfico  1  –  Distribuição  da  casuística  observada  durante  o  estágio  prático  no  Hevossairaala  Evindensia  Hyvinkää
Gráfico 2 – Distribuição da casuística observada durante o estágio prático no Royal Veterinary College
Figura 1 - Cirurgia de Caslick. Imagem obtida pela autora durante o estágio prático.
Figura  2  -  Aplicação  de  a)  ultrassom  terapêutico  b)  campo  magnético  pulsado;  c)  laser  terapêutico
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