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Exército da Colômbia: heróis multimissão

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Exército da Colômbia: heróis multimissão

A história dos soldados vestidos de honra que salvaram mais de 300 pessoas na noite da tragédia em Mocoa, Putumayo.

General-de-Brigada Francisco Javier Cruz Ricci, comandante da Sexta Divisão do Exército da Colômbia* | 25 julho 2017

Treinados para enfrentar e deter ações criminosas que durante mais de 50 anos afetaram o bem-estar, o progresso e os interesses econômicos e sociais dos colombianos, os soldados do Exército Nacional da Colômbia deixaram sua equipe de combate de lado para mergulhar em águas caudalosas, que, no dia 31 de março, levaram casas, carros, postes de eletricidade e famílias inteiras que perderam a batalha contra a lama e as pedras gigantes.

Os primeiros a chegar na zona devastada pela avalanche essa noite foram os soldados do Batalhão de Serviços para o Combate Nº 27 Simona de la Luz Duque de Alzate. De sua base em Mocoa, Putumayo, viram ao longe como os rios Sangoyaco, Mulato e os córregos Taruca, Taruquita e San Antonio

transbordavam e aumentavam o seu canal.

Foi então que os soldados, motivados pela valentia do comandante da unidade, o Tenente-Coronel do Exército da Colômbia José Alexander Pedraza, saíram de seus alojamentos no meio da escuridão para O Exército da Colômbia está consolidando uma paz estável e duradoura, através da construção de estradas, pontes e escolas, em apoio a comunidades ao redor do país. (Foto: Soldado Jhonny Sandoval, Exército da Colômbia)

CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

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resgatar crianças, adultos, idosos e famílias inteiras que, pendurados em árvores e sujeitos a paus e

pedras, pediam aos gritos para serem salvos pelos uniformados que, naquele dia, enfrentaram a batalha mais terrível que jamais imaginaram viver. Em meio a lama, pedras, ruínas e árvores derrubadas, os soldados resgataram 116 pessoas que sobreviveram à fúria da natureza, que destruiu por completo 17 bairros da capital de Putumayo entre as 11 da noite do dia 31 de março e as duas da manhã do dia 1º de abril. A essa hora, a chuva começou a cessar e, em meio à escuridão, pôde-se ver a dimensão do ocorrido, quando a força dos canais inundados diminuiu e a desolação, tristeza e o desamparo começaram a tomar posse dos habitantes humildes de Mocoa, que, sem roupas, golpeados até ficar inconscientes e em pânico, viram-se sem nada.

Esse foi um momento de crise absoluta, vivido em uma área ao sul da Colômbia, que durante muitos anos sofreu pela falta de investimento social, assim como pela degradação do patrimônio. O mundo passou a conhecer a grave situação que surgiu como resultado da estação chuvosa no país.

A emergência

Os alertas nacionais foram ativados na madrugada e as entidades do Sistema Nacional de Gestão do Risco e resposta a desastres, assim como a Cruz Vermelha colombiana, os bombeiros e a Defesa Civil, se

deslocaram de Bogotá até a área de Putumayo. Em tempo recorde, com o apoio de aviões de todas as Forças Armadas da Colômbia, que também disponibilizaram profissionais de saúde e sua equipe de assistência humanitária e de prevenção de desastres, eles continuaram com o trabalho de evacuação, resgate e remoção de detritos, com atuação em tempo recorde para recuperar desaparecidos e falecidos. Os heróis multimissão do Exército da Colômbia venceram uma nova batalha contra uma avalanche que destruiu 17 bairros em Mocoa, Putumayo, na Colômbia. (Foto: Soldado profissional Marco Antonio Causaya Ulchur, Exército da Colômbia).

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Foi uma ação heroica de primeira resposta realizada durante dois dias por mais de 1.200 soldados que se localizaram estrategicamente na área para assistir, cuidar e proteger as vítimas da avalanche. Seu

treinamento profissional, dirigido a salvaguardar a vida dos cidadãos, permitiu que os soldados calculassem os riscos com êxito.

Para atender às vítimas da tragédia, foram estabelecidos albergues provisórios que eram controlados pelas unidades militares que estavam na região, onde cerca de 2.000 vítimas foram assistidas e instaladas rapidamente em barracas para receber imediatamente atendimento médico, psicológico, espiritual e

especializado. A ação permitiu controlar o caos e o nível de estresse dos afetados, que, apesar de sua dor, encontraram nesses lugares um fio de esperança. A tragédia destruiu grande parte de Mocoa e deixou 329 mortos, dos quais 120 eram menores de idade, 300 famílias afetadas, 70 desaparecidos e 32 corpos não identificados.

Heróis na reconstrução

O desastre ambiental foi uma tragédia inesperada que, além de levar vidas, deixou as áreas do centro da Colômbia sem comunicação com o sul do país durante os cinco primeiros dias. As fortes chuvas também levaram, por sua vez, uma ponte que ligava a capital de Putumayo com o município de Pitalito Huila, outra área da Colômbia. Durante a fase de estabilização, ela foi substituída por uma ponte militar modular tipo ACROW. Em menos de 10 horas, com o apoio do Instituto Nacional de Estradas, da Agência Nacional de Infraestrutura e de engenheiros militares do Exército Nacional, restauraram o fluxo de água e garantiram o acesso de veículos. Num esforço integrado e conjunto, ativaram em tempo recorde a mobilidade pela via principal para que veículos de carga, transporte público e particular transitassem sem problema até o Equador e o Peru.

Os heróis multimissão do recém-criado Comando de Ação Integral do Exército também lideraram a

estratégia de logística para receber e distribuir de maneira equitativa e controlada 2.093 toneladas de água, alimentos não perecíveis, leite, artigos de higiene pessoal, colchonetes, cobertores, roupa e utensílios de cozinha, que foram coletados em conjunto com a prefeitura de Mocoa, a Cruz Vermelha colombiana e a Polícia Nacional, para que as vítimas recebessem a devida assistência. Um dos albergues que mais

recebeu pessoas afetadas foi o Instituto Tecnológico de Putumayo, cujos arredores tiveram que ser revistos por engenheiros militares que realizaram a construção de uma estrada de acesso ao espaço, para facilitar o trânsito do pessoal e garantir condições de estadia.

O Exército Nacional também realizou a remoção de entulhos e detonação de 15 grandes pedras nos córregos Taruca e Taruquita e nos rios Sangoyaco e Mulato. Foi uma ação realizada com o apoio de engenheiros militares geotécnicos que verificaram e percorreram os canais de rios próximos a Mocoa para identificar ameaças e preveni-las.

Com o apoio da Aviação do Exército e de cerca de 120 soldados, foi feito o traslado de Bogotá de toda a tubulação para construir o novo aqueduto de Mocoa. Na ação, foi necessário realizar 38 deslocamentos em helicóptero para levar até a região 480 tubos para fazer esta obra gigantesca.

Um exército multimissão preparado para novos desafios

Todas as ações foram possíveis graças à formação de um grande grupo de oficiais, suboficiais e soldados do Exército Nacional da Colômbia, membros do Batalhão de Atendimento e Prevenção de Desastres. Anos atrás, antes de Mocoa, os heróis do Exército colombiano estavam presentes em países como Haiti e Honduras para prestar ajuda humanitária em várias emergências internacionais que se apresentaram, bem como em Puerto Salgar, Cundinamarca, outra região da Colômbia onde meses atrás viveu-se uma tragédia semelhante à de Mocoa, da qual também participaram bravos soldados da instituição.

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Nacional da Colômbia também terá a missão de intervir e pavimentar seis quilômetros de estradas para

recuperar estradas no município. O trabalho será realizado utilizando pavimento rígido para deixar Mocoa muito melhor do que era antes e consolidar a região como um território amazônico seguro, visível e interessante para o mundo inteiro.

Novos desafios

Como parte do processo de transformação do Exército Nacional, a Sexta Divisão com jurisdição nas áreas de Caquetá, Putumayo e Amazonas, vem enfrentando novos desafios em matéria de segurança e defesa nacional. Para isso, temos a alta tecnologia e as habilidades necessárias para combater o crime organizado e os grupos armados ilegais em geral que procuram minar a segurança pública por meio do tráfico de drogas, da mineração criminosa, do desmatamento e de outros fenômenos de criminalidade que afetam o bem-estar dos colombianos.

Com o apoio e as capacidades de nossos engenheiros militares, estamos buscando a melhoria das estradas, realizando obras de drenagem e gestão da água, bem como a conformação e compactação de alguns trechos das estradas secundárias e terciárias de nossa jurisdição. Nessa etapa de transformação, os Batalhões de Desminagem Humanitária, recém-criados, têm sido responsáveis pela realização de estudos não técnicos para encontrar e destruir artefatos explosivos e minas tipo antipessoal, a fim de proteger os civis e garantir o desenvolvimento socioeconômico das comunidades vulneráveis à violência dos grupos narcoterroristas.

Os heróis multimissão do Exército Nacional da Colômbia têm sido eficientes, com resultados excepcionais. Lideraram situações críticas causadas por desastres naturais e participaram de forma diferencial de fases da resposta de estabilização e recuperação, promovendo o envolvimento de suas unidades militares especializadas em resgate, busca e recuperação, sob a orientação de unidades especializadas de A solidariedade dos colombianos conseguiu acalmar a angústia dos mocoanos, em 3 de abril de 2017, durante a situação de emergência que ocorreu no lugar. (Foto: Soldado profissional Marco Antonio Causaya Ulchur, Exército da Colômbia).

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detonação a céu aberto e montagem de estruturas como pontes militares.

Graças à eficácia dos nossos soldados, hoje é possível falar de paz em toda a jurisdição da Sexta Divisão, que mostrou o esforço, o empenho e a coragem de nossos soldados. Foi alcançado o menor índice de homicídios em mais de 40 anos, resultado de muito trabalho, que não teria sido possível sem a coragem e a força de nossos heroicos soldados, que estão consolidando um país melhor.

*O General-de-Brigada Francisco Javier Cruz Ricci é oficial da equipe de Engenheiros do Exército da Colômbia e atual comandante da Sexta Divisão do Exército, com jurisdição sobre as áreas de Caquetá, Putumayo e Amazonas.

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