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A fecundidade no município de São Paulo e em suas subprefeituras: algumas características do padrão reprodutivo

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Academic year: 2021

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A fecundidade no município de São Paulo e em suas

subprefeituras: algumas características do padrão

reprodutivo∗∗

Lúcia Mayumi YAZAKI♣♣

Palavras-chave: fecundidade; nível de reposição; pré-natal; cesárea

Resumo

A fecundidade abaixo do nível de reposição é observada em praticamente todo o Estado de S.P.; em algumas regiões, isto já ocorre há quase uma década e a tendência de queda ainda persiste. A fecundidade do Município de S.P., que esteve entre as mais elevadas do estado durante os anos 90, também caiu no início dos anos 2000, registrando em 2002, uma TFT de 1,97 filho por mulher. Entretanto a heterogeneidade quanto aos níveis e estruturas da fecundidade nas várias subprefeituras em que a capital está subdividida é grande: a área mais privilegiada, situada próxima ao centro da cidade, registra níveis mais baixos de fecundidade, com uma estrutura por idade bastante envelhecida, enquanto que os níveis tendem a ser mais altos e a estrutura mais jovem, à medida que se afasta para as periferias, onde reside a população menos favorecida.

Além dos níveis e estruturas, outras características associadas aos nascidos vivos apresentam diferenças por subprefeituras, que por sua vez reproduzem a desigualdade da população residente nestas localidades. A proporção de mã es adolescentes chega a 20% nas áreas mais periféricas, enquanto que na central, é inferior a 10%; o nível médio de instrução situa-se entre 8 e 11 anos, entretanto nas áreas mais periféricas, há uma proporção maior de mães menos instruídas, ao contrário das que residem nas mais centrais. Por outro lado, a cesárea é praticada mais freqüentemente entre as mulheres residentes nas áreas centrais, reduzindo à medida que se afasta para a periferia e finalmente, a assistência pré-natal apresenta -se igualmente desigual entre as mulheres: aquelas que estiveram em mais de 6 consultas são as que residem em áreas mais favorecidas, o que demonstra a carência de assistência dos demais grupos da população.

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.

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A fecundidade no município de São Paulo e em suas

subprefeituras: algumas características do padrão

reprodutivo

∗∗

Lúcia Mayumi YAZAKI♣♣

Introdução

A redução da fecundidade no Estado de São Paulo a partir dos anos 80 tem sido generalizada em todas as quinze regiões administrativas e, a partir de 2000, observam-se níveis inferiores ao de reposição em praticamente todas elas (Camargo e Yazaki, 2002; Yazaki, 2003). Análises para áreas menores, ou seja, para as 42 regiões de governo em que se subdividem as regiões administrativas, indicam que em muitas delas, sobretudo nas de menor fecundidade, registravam taxas inferiores ao de reposição já na década de 90 e a tendência de queda permaneceu no início de 2000.

A demanda por informações cada vez mais detalhadas – geograficamente ou por subgrupos da população – tem crescido, para melhor compreensão do fenômeno, assim como para fornecer insumos para a elaboração de programas ou políticas públicas.

O objetivo deste trabalho é apresentar a evolução da fecundidade no Município de São Paulo e em suas áreas, assim como de algumas características associadas ao nascimento, a fim de conhecer os diferentes comportamentos reprodutivos existentes nesta cidade. Martins e Almeida, em estudos de 1998 e 2000, já apresentaram os diferenciais de fecundidade na cidade de São Paulo, segundo as áreas de desenvolvimento humano e detalhados por instrução da mulher (Martins e Almeida, 1998, 2000). Ambos estudos indicam diferenciais intraurbanos de fecundidade associados às variáveis utilizadas, mostrando a importância da desagregação de informações.

Neste estudo, a área geográfica a ser considerada é a subprefeitura, que agrupa os distritos da capital. Os resultados aqui apresentados fazem parte de um projeto desenvolvido na Fundação Seade para a prefeitura de São Paulo - “Perfil das Mulheres no Município de São Paulo” - que teve como objetivo a produção e análise de informações sobre a mulher no Município de São Paulo, nas áreas de demografia, saúde e direitos reprodutivos, educação, mercado de trabalho e violência contra a mulher, “visando fornecer subsídios para elaboração de projetos e programas voltados à redução de desigualdades entre homens e mulheres” (Seade, 2003).

As informações de nascimentos são provenientes das estatísticas do registro civil, processadas pela Fundação Seade, cujo documento original é a Declaração de Nascido Vivo e as estimativas populacionais foram também elaboradas pela mesma instituição.

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.

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Níveis e tendências de fecundidade no Município de São Paulo e nas

subprefeituras

O Município de São Paulo é formado por 96 distritos reagrupados em 31 subprefeituras (anexo), que se caracterizam por agrupar a população socioeconomicamente mais privilegiada na região central e que se torna menos favorecida à medida que se afasta para as regiões mais periféricas. Assim, as áreas centrais caracterizam-se por apresentar uma população mais envelhecida, com maior proporção de brancos do que de negros, mais instruída e com maior rendimento. No outro extremo, nas áreas mais periféricas, o crescimento populacional é importante e a proporção de jovens é mais elevada. A parcela da população negra é maior que na região central e o nível de instrução é baixo, assim como o rendimento da população. A análise da fecundidade reflete esta desigualdade em seus indicadores.

O Município de São Paulo apresentava durante a década de 80 e início dos anos 90 uma fecundidade inferior à média do Estado de São Paulo, quando teve a tendência invertida e cuja situação se mantém até os dias de hoje (Gráfico 1). Isto se deve à redução mais acentuada da fecundidade nas regiões do interior do estado, em comparação à queda registrada na capital. Assim, a fecundidade na capital paulista passou de 3,17 filhos por mulher no início dos anos 80 para 2,18, em 1991 e atualmente, em 2002, a taxa é de 1,97 filho por mulher, enquanto que no Estado, as taxas eram de 3,43, 2,33 e 1,88 respectivamente.

Gráfico 1

Evolução da Taxa de Fecundidade Total (TFT)

Município, Região Metropolitana, Interior(1) e Estado de São Paulo, 1980-2002

Fonte: Fundação Seade.

(1) Estado menos a Região Metropolitana de São Paulo.

O Gráfico 1 apresenta a evolução da fecundidade nas regiões mencionadas e mostra que a tendência não foi linear ao longo do período: no início dos anos 90 a fecundidade permaneceu estável, chegando a aumentar no final, para então reduzir nos anos seguintes e alcançar níveis inferiores ao de reposição nos anos 2000. Análises mais detalhadas indicam que a redução no período 1998-2002 foi superior ao da década 1991-2002 (15,4% e 9,8% respectivamente). 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 anos T F T ESP ISP RMSP MSP

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As taxas de fecundidade calculadas para as subprefeituras da capital, para 1995 e 20022, são apresentadas no Mapa 1. Em 1995, as subprefeituras situadas ao sul, leste e algumas da região noroeste da capital apresentaram as taxas mais elevadas, sendo que nas de Guaianases, Parelheiros e Itaim Paulista as taxas eram de aproximadamente 2,6 filhos por mulher, as maiores da capital. O mapa mostra que, à medida que se aproxima da região central, a fecundidade diminui, sendo que as menores taxas são observadas nas subprefeituras de Pinheiros e Vila Mariana, com valores inferiores a 1,5 filho, nível bastante baixo para a realidade brasileira. Assim, a fecundidade variava entre 1,3 e 2,6 filhos em 1995 e a configuração da capital segundo esta variável refletia a situação de desigualdade percebida pelas variáveis socioeconômicas.

Mapa 1

Taxa de Fecundidade Total (TFT) Subprefeituras do Município de São Paulo

1995-2002

TFT - Filhos por Mulher

De 1.80 a 2.10 De 2.10 a 2.30 Acima de 2.30 Até 1.80

Fonte: Fundação Seade.

Em 2002, a fecundidade diminuiu em todas as áreas, como pode ser observado através do clareamento do mapa. Com exceção de cinco subprefeituras, as demais registraram taxas inferiores ao nível de reposição, sendo que praticamente a metade delas apresentou taxas variando entre 1,9 e 2,1 filhos. As menores taxas correspondem às áreas de Vila Mariana e de Pinheiros, e mesmo entre estas houve registro de diminuição. A diferença entre a menor e a maior fecundidade permaneceu em torno de 1,2 filho por mulher.

Evolução da fecundidade por idades e os diferencias nos padrões etários

A diminuição da fecundidade do Município de São Paulo, no período 1980-1991, ocorreu em todos os grupos etários, em menor grau no de 15 a 19 anos (Gráfico 2). No período seguinte, 1991-2002, a diminuição é menor e ocorre principalmente entre 20 e 30

2

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anos (refletindo sobretudo a ocorrida a partir de 1998, após uma recuperação nas taxas de fecundidade), pois no de 30 a 34 anos a redução foi mínima, no de 35 a 39 anos, a taxa (embora pequena) aumentou e no de 15 a 19 anos também registrou um pequeno aumento (em relação a 1998 a fecundidade reduziu-se em 19,5%). Assim, em São Paulo, a redução da TFT é o resultado da queda da fecundidade em praticamente todos os grupos etários, inclusive entre as adolescentes.

A redução da fecundidade no Município de São Paulo alterou a estrutura etária e atualmente ela é mais rejuvenescida que há 20 anos atrás; a idade média da fecundidade é de 27,1 anos, comparada a 27,9 anos calculada para 1980. Em termos percentuais, a parte da fecundidade das adolescentes de 15 a 19 anos aumentou no período de 9,5% para aproximadamente 16% da fecundidade total, uma das responsáveis por este rejuvenescimento.

Gráfico 2

Taxa de Fecundidade por Idade Município de São Paulo, 1980-2002

0 50 100 150 200 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 grupos de idade taxas (por mil)

1980 1991 2002

Fonte: Fundação Seade.

A análise da fecundidade por idades nas subprefeituras da capital mostra a diversidade de estruturas. Além dos níveis que apresentam uma variabilidade importante, observam-se padrões etários associados às TFTs. As regiões de mais alta fecundidade apresentam uma estrutura bastante jovem, a fecundidade das adolescentes é mais elevada e a cúspide localiza-se no grupo de 20 a 24 anos. Um localiza-segundo grupo reúne as regiões cujas taxas são menores que as do grupo anterior e a curva apresenta cúspide dilatada, entre 20 e 30 anos. O grupo seguinte poderia ser chamado “em transição”, pois a cúspide, que era tardia em 1995, desloca-se para o grupo seguinte, de 30 a 34 anos, em 2002. E esta é a característica do último grupo, que apresenta a cúspide nesta faixa etária e a fecundidade é baixa em todas as idades. Neste grupo, a fecundidade das adolescentes de 15 a 19 anos é bastante baixa em comparação à do primeiro grupo (23,7‰ em Vila Mariana e 77,5‰ em Guaianases, dois exemplos, respectivamente). As subprefeituras, em sua maioria, apresentam estruturas do primeiro e do segundo tipo, mas espera-se que com a redução da fecundidade das adolescentes haja redução de regiões apresentando padrões do primeiro tipo. No gráfico 3 apresenta-se a fecundidade por idades de subprefeituras selecionadas ilustrando os padrões mencionados.

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Tabela 1

Indicadores de Fecundidade

Subprefeituras do Município de São Paulo, 2002

15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 Município de São Paulo 1,97 27,1 15,8 26,0 24,8 20,0

Parelheiros 2,42 26,7 16,5 28,9 25,1 17,0 Guaianases 2,23 26,5 17,4 29,1 24,3 17,0 Freguesia/Brasilândia 2,22 26,7 17,0 28,2 24,4 17,7 Butantã 2,21 27,6 14,7 24,6 23,9 21,3 M'Boi Mirim 2,16 26,8 17,2 27,8 23,9 18,3 Perus 2,08 26,6 17,4 30,0 22,5 17,0 Tremembé/Jaçanã 2,07 27,0 16,1 26,6 25,0 18,8 Itaim Paulista 2,06 26,5 17,8 29,0 24,1 17,0 São Mateus 2,06 26,7 16,6 28,4 25,1 17,7 Cidade Ademar 2,04 26,7 17,3 27,6 24,9 17,3 Socorro 2,04 26,8 16,9 27,0 24,7 19,0 São Miguel 2,03 26,5 17,6 28,2 24,3 17,6 Casa Verde/Cachoeirinha 2,01 27,0 15,7 26,1 26,1 19,8 Campo Limpo 1,99 26,8 17,0 26,1 24,9 19,3 Pirituba 1,98 26,9 16,0 27,3 25,4 18,9

Vila Maria/Vila Guilherme 1,98 27,2 15,1 25,9 24,8 21,1

Itaquera 1,96 27,0 15,6 26,9 25,8 18,9 Ermelino Matarazzo 1,91 26,9 15,5 27,5 26,6 17,8 Jabaquara 1,88 27,2 15,4 26,6 24,1 20,1 Cidade Tiradentes 1,87 26,4 17,7 30,0 23,6 16,5 Moóca 1,82 27,9 12,1 23,7 25,6 23,9 Vila Prudente/Sapopemba 1,79 27,2 15,1 26,1 26,0 19,3 Penha 1,77 27,2 14,8 25,4 25,8 21,4 Sé 1,74 27,9 14,7 22,4 24,0 22,0 Ipiranga 1,73 27,3 14,8 25,1 25,9 20,2 Aricanduva 1,63 27,6 13,4 24,5 26,5 21,9 Santana/Tucuruvi 1,56 28,1 11,8 22,0 26,6 24,5 Santo Amaro 1,53 28,9 10,4 18,7 25,6 27,2 Lapa 1,53 28,8 10,6 19,6 24,6 27,9 Vila Mariana 1,33 30,0 8,9 14,6 21,2 33,1 Pinheiros 1,22 31,0 5,4 11,3 22,2 35,7 TFT Idade Média

% da fecundidade por idade na fecundidade total Subprefeituras (1)

Fonte: Fundação Seade. (1) Ordenadas segundo a TFT.

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Gráfico 3

Taxas de Fecundidade por Idade (1)

Subprefeituras Selecionadas do Município de São Paulo, 1995-2002 Guaianases 0 40 80 120 160 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 grupos de idade taxas 1995 2002 Mooca 0 40 80 120 160 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 grupos de idade taxas 1995 2002 Santo Amaro 0 40 80 120 160 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 grupos de idade taxas 1995 2002 Pinheiros 0 40 80 120 160 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 grupos de idade taxas 1995 2002

Fonte: Fundação Seade. (1) Por mil mulheres.

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A tabela 1 traz alguns indicadores da estrutura da fecundidade das subprefeituras para o período mais recente. A diferença na idade média da fecundidade chega a quase cinco anos, entre as regiões de mais alta e mais baixa fecundidade, idades que variam entre 26,5 e 31 anos3. A baixa idade média deve-se ao peso da fecundidade nas idades jovens, incluindo-se a das adolescentes, que varia de 15 a 18% nas regiões de alta fecundidade. Esta participação reduz-se bastante naquelas de menor nível, onde a fecundidade concentra-se principalmente entre 25 e 34 anos (mais de 50% da fecundidade total ocorre nestas idades). Este padrão etário assemelha-se àqueles observados em países de baixa fecundidade, como na Holanda, na Espanha (United Nations, 2000), embora nestes países, a fecundidade adolescente seja insignificante.

No período 1995-2002 a redução da fecundidade ocorreu principalmente entre as mulheres com menos de 30 anos, já que nos grupos seguintes, especialmente no de 35 a 39 anos, as taxas, embora bastante baixas, mantiveram-se estáveis ou sofreram um aumento (nos gráficos 2 e 3 observam-se alguns exemplos). A diminuição é observada, inclusive, no grupo de adolescentes de 15 a 19 anos, após um período em que as taxas mantiveram-se estáveis ou em aumento. Assim, a fecundidade observada em 2002, no Município de São Paulo, é de 62‰, ligeiramente superior a 60‰ registrada no início dos anos 80, entretanto, as taxas vêm apresentando redução, principalmente após 1998, em praticamente todas as subprefeituras da capital e no total do município.

Algumas características associadas ao nascido vivo

As informações contidas nas Declarações de Nascimentos4 permitem caracterizar os nascimentos ocorridos em um determinado período e localidade geográfica, o que enriquece a análise do comportamento reprodutivo das mulheres destas regiões. Analisam-se a seguir a distribuição dos nascimentos por idade da mãe, especificamente a proporção de mães adolescentes, nascimentos segundo o nível de instrução das mães, a realização dos partos cesáreos e a freqüência das mães à consulta pré-natal durante a gravidez, nas subprefeituras da capital. Cada uma destas variáveis refletem a desigualdade associada ao local de residência das mulheres, ou seja, da desigualdade social que existe na capital.

Nascimentos de mães adolescentes

Dos 184,4 mil nascimentos registrados em 2002 no Município de São Paulo, aproximadamente 16% correspondem àqueles cujas mães tinham menos de 20 anos de idade, proporção inferior à do estado, de 18,5%. Como a taxa de fecundidade das adolescentes de 15 a

3 O Município de São Paulo registra a maior idade média do Estado e as suas subprefeituras apresentam valores

elevadas quando comparadas às das Regiões de Governo do Estado de São Paulo.

4 As Declarações de Nascimentos (DN) em uso no estado de São Paulo desde 1992 permitem o conhecimento de

algumas características da gravidez, do parto e do puerpério, como tempo de gestação, número de consultas pré-natais, tipo de parto, peso da criança, entre outras, além das características da mãe, como idade, lugar de residência, nível de instrução ou cor/raça. São informações importantes para análise demográfica e epidemiológica, pois fornecem insumos para planejamentos de programas e políticas, principalmente na área de saúde reprodutiva.

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19 anos, as maiores proporções de nascimentos de mães com menos de 20 anos das subprefeituras concentram-se nas áreas mais periféricas da cidade, com valores superiores a 17% (como em Cidade Tiradentes, São Miguel, M’Boi Mirim, Guaianases, etc.) (tabela 2). Estas proporções se reduzem conforme a localização mais intermediária das subprefeituras, chegando a ser inferior a 10%, nas áreas mais favorecidas e centrais, tais como em Santo Amaro, Lapa, Vila Mariana e Pinheiros. Nestas regiões, as baixas proporções são compensadas pelas proporções mais elevadas de nascidos cujas mães tinham de 30 a 34 anos (superiores a 25%, enquanto que nas áreas periféricas são inferiores a 20%). Estes resultados indicam que o atendimento às gestantes destas regiões deveriam apresentar atenções diferenciadas, levando em consideração as especificidades etárias das pacientes.

Tabela 2

Indicadores Associados aos Nascidos Vivos Subprefeituras do Município de São Paulo, 2002

Mães com Partos 7 ou mais

menos de cesáreos consultas Até 7 De 8 a 11 12 anos

20 anos pré-natal anos anos e mais

Município de São Paulo 15,9 48,4 55,6 36,7 44,0 19,3

1 Perus 17,2 42,4 40,3 37,6 50,5 11,9 2 Pirituba 16,3 52,1 51,9 28,5 52,4 19,2 3 Freguesia/Brasilândia 17,8 45,3 59,8 38,9 47,8 13,4 4 Casa Verde/Cachoeirinha 16,6 48,3 58,7 38,9 46,2 14,9 5 Santana/Tucuruvi 11,3 63,9 70,3 21,6 44,2 34,2 6 Tremembé/Jaçanã 16,7 49,3 49,2 39,1 48,3 12,5

7 Vila Maria/Vila Guilherme 15,4 49,3 58,7 36,2 45,4 18,4

8 Lapa 9,2 64,1 72,7 23,3 31,4 45,2 9 Sé 11,3 52,1 66,5 32,5 36,8 30,8 10 Butantã 14,6 51,1 62,9 36,3 38,7 24,9 11 Pinheiros 4,1 70,3 89,8 9,5 17,4 73,0 12 Vila Mariana 7,1 68,8 83,6 14,5 27,0 58,5 13 Ipiranga 14,6 54,5 62,3 33,0 46,4 20,6 14 Santo Amaro 9,2 62,3 74,6 19,9 35,1 45,0 15 Jabaquara 15,0 50,7 62,0 32,9 45,5 21,6 16 Cidade Ademar 18,4 41,5 51,4 42,3 46,0 11,7 17 Campo Limpo 17,5 47,5 52,9 43,7 38,2 18,1 18 M'Boi Mirim 18,2 43,3 51,4 46,5 41,1 12,3 19 Socorro 18,2 43,8 47,9 43,7 46,9 9,4 20 Parelheiros 18,5 38,7 38,6 51,3 42,7 6,0 21 Penha 14,8 52,7 63,7 29,9 46,7 23,4 22 Ermelino Matarazzo 16,0 48,7 59,6 35,5 47,6 16,9 23 São Miguel 19,1 39,9 52,7 42,5 46,9 10,5 24 Itaim Paulista 19,5 38,5 53,0 41,3 49,2 9,5 25 Moóca 10,9 59,1 68,9 28,9 38,5 32,5 26 Aricanduva 13,4 56,5 68,3 29,0 45,8 25,3 27 Itaquera 16,6 45,5 65,7 33,8 46,6 19,6 28 Guaianases 18,8 34,8 54,2 45,4 46,1 8,6 29 Vila Prudente/Sapopemba 15,9 51,6 64,8 34,9 49,4 15,7 30 São Mateus 17,8 44,3 59,8 44,2 43,1 12,7 31 Cidade Tiradentes 20,0 35,9 53,4 40,9 48,6 10,5 Instrução da mãe Subprefeituras

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Nível de instrução da mãe

No Município de São Paulo, quase a metade das mães tinham de 8 a 11 anos de estudo, 23% tinham entre 4 e 7 anos e outras 20%, mais de 12 anos de estudo. Em praticamente todas as subprefeituras, as mães com 8 a 11 anos de estudo correspondem a pouco menos da metade da população; a diferença reside na distribuição das mães que possuem menos de 8 anos ou daquelas com mais de 11 anos de instrução, ou seja, nas regiões de maior fecundidade, há uma proporção maior de mães com menos instrução, ao contrário daquelas com fecundidade mais baixa, que concentram uma proporção elevada de mães instruídas (tabela 2). Nota-se que nas subprefeituras onde a fecundidade é extremamente mais baixa – inferior a 1,6 filho por mulher (Pinheiros, Vila Mariana, Lapa, Santo Amaro e Santana/Tucuruvi), as mães com mais de 8 anos de instrução correspondem a mais de 80%, com uma proporção maior daquelas que têm mais de 12 anos.

Tipo de parto

Em relação ao tipo de parto, observa-se que apesar das campanhas para a redução do parto cesáreo, 48,4% foram do tipo operatório em 2002, no Município de São Paulo, ligeiramente superior aos 47,9% registrados em 1995. Essas proporções são um pouco menores do que a observada no estado, de 50,1% e 51,6%, respectivamente.

Mapa 2

Proporção de Partos Cesáreos

Subprefeituras do Município de São Paulo, 2002

Fonte: Fundação Seade.

Nascimentos por Parto Cesáreo Até 40% De 40 a 50% De 50 a 60% Acima de 60% Nascimentos por Parto Cesáreo Até 40% De 40 a 50% De 50 a 60% Acima de 60%

(11)

A prática da cesárea é diferenciada, conforme a residência das mulheres (mapa 2). A realização do procedimento operatório é maior entre as mulheres residentes nas áreas mais centrais e mais privilegiadas, devido ao tipo de serviço utilizado, alcançando 70% entre as moradoras de Pinheiros ou Vila Mariana. Nas demais, as proporções diminuem conforme a distância do centro: nas áreas mais próximas à central, a cesárea foi realizada entre 50% e 60% das mulheres que tiveram filhos em 2002; essa prática se reduz para proporções que variam entre 40% e 50% nas áreas mais próximas à periferia; e em apenas cinco subprefeituras, as mais periféricas, o parto espontâneo foi a prática observada para mais de 60% das mulheres. Esses resultados refletem o diferencial de acesso da população ao sistema de saúde. Entre 1995 e 2002, a situação parecia estável, salvo para as regiões mais centrais, onde a prática da cesárea aumentou.

Acompanhamento pré-natal

A gestante deve participar de consultas de acompanhamento pré-natal desde o início da gravidez, para cuidar de sua saúde e da do feto, a fim de assegurar uma gestação saudável e um parto seguro. Assim muitas mortes maternas e óbitos perinatais poderiam ser evitados através desses acompanhamentos. A Declaração de Nascidos Vivos informa o número de consultas pré-natais que a mãe freqüentou durante a gravidez. Segundo as normas instituídas pelo Ministério da Saúde, estabeleceu-se o mínimo de seis o número de consultas de acompanhamento pré-natal, que devem ser realizadas por médico ou enfermeiro (RIPSA, 2002).

Na cidade de São Paulo, 58,8% das mulheres freqüentaram sete ou mais consultas pré-natais em 2002, o que, em princípio, indica que tanto elas quanto seus filhos foram assistidos durante a gravidez. Em comparação a 19985, cuja proporção era de 51,6%, houve um pequeno aumento, indicando maior cobertura das mulheres em seu período gravídico. A comparação com os resultados do estado de São Paulo indicam que a proporção de mulheres com mais de sete consultas é superior, tanto em 1998 quanto em 2002 (58,6% e 65,6%, respectivamente); entretanto, a situação não é homogênea em suas regiões, assim como nas subprefeituras de São Paulo.

Como nos casos das variáveis anteriormente analisadas, a distribuição das proporções de consultas pré-natal segundo as subprefeituras também refletem a desigualdade conforme o local de residência das mulheres. Entre 1998 e 2002, houve um aumento na proporção daquelas que passaram por mais de sete consultas pré-natais em todas as regiões. Em 2002, nas áreas mais centrais, mais de 80% das mulheres estiveram em sete consultas ou mais, mas, nas demais regiões, essa proporção variou, principalmente, entre 50% e 70% (tabela 2). A pior situação é observada nas subprefeituras de Parelheiros, Perus e Socorro, onde as gestantes que estiveram no máximo seis vezes em consulta pré-natal superam os 50%. Estes resultados indicam que existem diferenças importantes nas condições de acesso, assim como na qualidade da assistência pré-natal prestada à população.

5 Essa informação começou a ser processada na Fundação Seade somente em 1997 e sua qualidade vem melhorando

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Considerações Finais

Os resultados apresentados neste trabalho, ainda que descritivos, indicam que o comportamento reprodutivo é desigual segundo grupos sociais e o Município de São Paulo, desagregado em subprefeituras reflete esta desigualdade. A região mais central, com maiores e melhores recursos, concentra o sub-grupo mais favorecido da população. As mulheres deste grupo caracterizam-se por uma baixa fecundidade, semelhante à observada naqueles países de baixa fecundidade, com menores taxas e a estrutura é mais envelhecida, ou seja, a fecundidade torna-se importante após os 25 anos. As características associadas aos nascidos vivos também têm as suas especificidades, ou seja, as mães são em geral bem mais instruídas, com proporção elevada daquelas com nível superior ao secundário; é baixa a proporção de mães adolescentes ou jovens, sendo maior aquelas com mais de 25 anos, indicando que adiam a chegada de filhos para uma etapa da vida, quando provavelmente alcançaram maior estabilidade profissional, financeiro. A assistência recebida durante a gravidez é melhor, quando se considera o número de consultas de pré-natal e a proporção elevada de partos operatórios mostra que ainda é importante a “cultura da cesárea” neste grupo mais favorecido da população, já que não foi observada uma variação importante no período.

No outro extremo, encontram-se as mulheres menos favorecidas socioeconomicamente da população, que residem nas áreas mais periféricas da capital. A fecundidade destas mulheres é a mais elevada da capital, com taxas ainda superiores ao nível de reposição. A atividade reprodutiva é iniciada cedo, pois a fecundidade adolescente é elevada e a maior freqüência é registrada no grupo de 20 a 24 anos, resultando em idade média de fecundidade mais baixa da capital. Da mesma forma, os nascimentos de mães com menos de 20 anos correspondem a uma proporção superior a 17% do total de nascimentos destas subprefeituras. As características dos nascidos vivos também repetem a desigualdade e as carências. Aproximadamente metade das mães destas regiões possui de 8 a 11 anos de estudo, o que reflete, por um lado, a melhora no nível de instrução da população geral, entretanto uma boa parcela das outras mães possui menos de 8 anos de estudo. A maior carência é dada pelo número de consultas de pré-natal, já que é elevada a proporção daquelas que estiveram em menos de seis consultas, o que está aquém do mínimo preconizado. Se além da freqüência fosse também analisada a qualidade da atenção prestada às gestantes, torna-se compreensível as maiores taxas de mortalidade infantil e materna registrada nestas regiões.

O comportamento reprodutivo das mulheres residentes nas áreas intermediárias apresenta características entre os extremos anteriores. A fecundidade varia de 1,7 a 2 filhos por mulher, em 2002, e a distribuição por idades apresenta uma tendência a envelhecimento – a maioria apresenta uma cúspide dilatada entre 20 e 30 anos. As demais variáveis também mostram a situação intermediária, como a proporção de mães com menos de 20 anos, a proporção de partos cesáreos, a freqüência a consultas de pré-natal e o nível de instrução das mães.

No contexto da diminuição da fecundidade, atingindo níveis relativamente baixos, espera-se que a apreespera-sentação destes resultados, utilizando uma desagregação geográfica mais detalhada, possa orientar estudos mais específicos, assim como permitir a preparação e monitoramento de programas e políticas na área de saúde reprodutiva, entre outras.

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Referências Bibliográficas

CAMARGO, A. B.M. e YAZAKI, L.M. A fecundidade recente em São Paulo: abaixo do nível de reposição? In: Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 13, 2002, Ouro Preto. Anais... ABEP, 2002. Disponível em: www.abep.org.br.

FUNDAÇÃO SEADE Perfil das Mulheres no Município de São Paulo. Proposta técnica. 2003.

MARTINS, C.M. e ALMEIDA, M.F. Diferenciais intra-urbanos de fecundidade na cidade de São Paulo. In: Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 11, 1998, Caxambu. Anais... ABEP, 1998. Disponível em: www.abep.org.br.

MARTINS, C.M. e ALMEIDA, M.F. Fecundidade paulistana: diferenciais de escolaridade e desenvolvimento humano (IDH). In: Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 12, 2000, Caxambu. Anais... ABEP, 2000. Disponível em: www.abep.org.br.

RIPSA Rede Interagencial de Informações para a Saúde Indicadores básicos de saúde no Brasil: conceitos e aplicações. Ministério da Saúde. OPAS. Brasília, 2002.

UNITED NATIONS Below replacement fertility. Population Bulletin of the United Nations. Special Issue n.40-41. New York, 2000.

YAZAKI, L.M. Fecundidade da mulher paulista abaixo do nível de reposição. Estudos Avançados, São Paulo, v.17, n.49, p.65-86, 2003.

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‘’ 20 19 6 18 1 10 2 27 30 8 21 14 13 17 25 5 29 3 11 16 4 12 7 9 23 26 24 28 22 31 15

Elaboração: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano / Sempla - Departamento de Informações / Deinfo.

Anexo: Subprefeituras e os Distritos que a Compõem

no Subprefeituras/Distritos no Subprefeituras/Distritos no Subprefeituras/Distritos

1 Perus 10 Butantã 21 Penha

Anhanguera Butantã Artur Alvim

Perus Morumbi Cangaíba

2 Pirituba Raposo Tavares Penha

Jaraguá Rio Pequeno Vila Matilde

Pirituba Vila Sônia 22 Ermelino Matarazzo

São Domingos 11 Pinheiros Ermelino Matarazzo 3 Freguesia/Brasilândia Alto de Pinheiros Ponte Rasa

Brasilândia Itaim Bibi 23 São Miguel

Freguesia do Ó Jardim Paulista Jardim Helena 4 Casa Verde/Cachoeirinha Pinheiros São Miguel

Cachoeirinha 12 Vila Mariana Vila Jacuí

Casa Verde Moema 24 Itaim Paulista

Limão Saúde Itaim Paulista

5 Santana/Tucuruvi Vila Mariana Vila Curuçá

Mandaqui 13 Ipiranga 25 Moóca

Santana Cursino Água Rasa

Tucuruvi Ipiranga Belém

6 Tremembé/Jaçanã Sacomã Brás

Jaçanã 14 Santo Amaro Moóca

Tremembé Campo Belo Pari

7 Vila Maria/Vila Guilherme Campo Grande Tatuapé Vila Guilherme Santo Amaro 26 Aricanduva

Vila Maria 15 Jabaquara Aricanduva

Vila Medeiros Jabaquara Carrão

8 Lapa 16 Cidade Ademar Vila Formosa

Barra Funda Cidade Ademar 27 Itaquera

Jaguara Pedreira Cidade Líder

Jaguaré 17 Campo Limpo Itaquera

Lapa Campo Limpo José Bonifácio

Perdizes Capão Redondo Parque do Carmo

Vila Leopoldina Vila Andrade 28 Guaianases

9 Sé 18 M'Boi Mirim Guaianases

Bela Vista Jardim Ângela Lajeado

Bom Retiro Jardim São Luís 29 Vila Prudente/Sapopemba

Cambuci 19 Socorro São Lucas

Consolação Cidade Dutra Sapopemba

Liberdade Grajaú Vila Prudente

República Socorro 30 São Mateus

Santa Cecília 20 Parelheiros Iguatemi

Sé Marsilac São Mateus

Parelheiros São Rafael 31 Cidade Tiradentes

Referências

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