uNivERs|DADE
FEDERAL
DE
SANTA
cATAR|NA
cuRso
DE
Pós-GRADUAÇÃO
EM
LETRAS
-
|.|NGüísTicA
OPERADORES
ARGUMENTATIVOS
E EFEITOS
DISCURSIVOS
~EM
TEXTOS DE TERCEIRO
GRAU
Dissertação
submetida
ao
Curso
de Pós
-
Graduação
em
Lingüísticada
Universidade Federal
de
Santa
Catarinacomo
partedos
requisitos paraobtenção
do
Grau de
Mestre
em
Letras-
-
Lingüística.
Helena
CristinaLübke
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
SANTA
CATARINA
CURSO
DE
PÓS-GRADUAÇAO EM
LETRAS
-
LINGÚÍSTICA
Est a di sse rt
açao
' fo"u|| d1
ga
aadequada
para a obtençãodo
títulode
Mestreem
Lingüísticae aprovada
em
sua
forma final peloPrograma de
Pós
-
Graduação
em
Lingüística.BANCA
EXAMINADORA
Prof. Dr.”
Terezinha
Kuhn
Junkes
Orientadora
Prof.” Dr.” Maria
Marta FurIanettoIUNISUL
Membro
}\~z.i\§\«iiJ\,!\
Prof. Dr.
Heronides M.
Melo
MouraIUFSC
Membro
/” '
"W
')×F-bQ»c‹×-‹'1›L.z,/
Prof.” Dr.” Nilcéa
Lemos
PeIandréIUFSC
Suplente
uN|vERs|DADE
FEDERAL DE
SANTA
cATAR|NA
cuRso
DE
Pós-GRADUAÇÃO
EM
LETRAS
- L|NGüísT|cA
Pro~erezinha
Ku~
Presidente
\L
\\
zw
M0
Prof. Dr.
Heronides M.
Melo
Moura
Coordenador da Pós-Graduaçao
em
LetrasILingüísticaDedico
este trabalhoa
minha
querida
mãe,
que sempre
esteveao
meu
lado,me
apoiando e
me
incentivandono
meu
Para
meus
bisavósmatemos
:João
Femandes
Kiock
e
EliziaClaudina
dos
Santos
Klock,onde
estiverem,
tenho
certezade que
sempre
me
ampararam
nos
momentos
AGRADECIMENTOS
Deixo aqui registrada
minha
sincera gratidão:A
Deus
e
a
Nossa
Senhora,
porterem
me
dado
força, persistênciae
inteligência paravencer essa
tarefa.A
minha
amada
mãe,
porsua
luta constante,me
incentivando sempre,não
deixando
que
eu
abandonasse no
meio
do caminho
essa
tarefa;agradeço
pela
enorme
paciência, apoioe
compreensão que
tevecomigo nos
momentos
mais
que
difíceis pelos quais passeie
pelas tantas horas-que
a deixei sozinha;minha
etema
gratidão.À
Professora
Dr.”Terezinha
Kuhn
Junkes,
minha
orientadora, porsua
dedicação, porseu
profissionalismo, pelasinúmeras
leiturasque
fez.do
meu
trabalho
de
pesquisa e, principalmente, pelas orientações prestadas,as
quaisforam
imprescindíveise
determinantes paraque
este trabalho fosse concluído.À
Professora
Dr." NlariaMarta
Furlanetto-
pessoa
iluminada-
pela paciência e ajuda; por muitasvezes
terme
mostrado o caminho e
por tê-lo iluminado, porsempre
ter semostrado
companheira; pelas leituras muitasque
fezdo
meu
trabalhoe
pelavontade
com
que
me
acolheu;minha
eterna gratidão.Ao
Corpo
Docente
do Curso de
Pós-Graduação
em
Lingüística, pelosconhecimentos
recebidos;em
especialà
Prof.” Dr.°Roberta
Piresde
Oliveira.Ao
Centro
Universitáriode Jaraguá
do
Sul pela oportunidade oferecida;meus
agradecimentos
especiais dedicoà
Reitora, Sr.” CarlaSchreiner
eao
Pró-Reitor
de
Administraçao,
Sr. Hilário Althoff.A
Chefe de Departamento
do
Curso de
Letrasdo
Centro
Universitáriode
Jaraguá
do Sul-
UNERJ
-Professora Vânia Maria
Amaral
da
Silveira, porter
me
incentivadoe
acreditadono
meu
potencial e, principalmente, por terdado
seu
votode
confiançaao
meu
trabalho eao
meu
esforço tantoem
relação
ao
Curso
de
Mestrado
como
em
relaçãoao
profissionalismoque
sempre
dediqueia
este Centrode
Ensino.Ao
Professor
Rubens
Prawucki,meu
amigo
e confidentedas
horas dificeis, eprincipalmente, por
suas
palavrasde
incentivoe
otimismo.Ao
Professor
Ademir
Valdirdos
Santos, pelo apoio prestadoquando
da
leitura
do
meu
projeto.A
minha
.avómatema,
Helena Klock
Zocatelli,e
ao
meu
padrinho
e
tio, Livino Zocatelli, pela eternagreocugag"
o.A
minha amiga
Karin E. R.Azevedo,
com
quem,
mesmo
de
longe, compartilhei todaessa
jornada.Ao
Professor
Dr.Ronaldo
Lima, pelo carinhoe
pelas palavrasde
otimismo.Aos meus
amigos
de
Mestrado
que
me
acolheram
quando
chegueiem
Florianópolis,Maria
Teresa
TellesSena,
Suzana
Rocha,
Leilae
Margarete;agradecimentos
especiaisà Maria
Salete,amiga
das horas mais
dificeis, eao
inesquecível Osdair,amigo sempre
presente.A
todos os
meus
alunos,que
foram e
sempre
serãoos
meus
grandes
rncentivadores.
incondicional.
À
Prefeitura Municipalde Jaraguá
do
Sul, gestãodo
Prefeito Durval Vasel, pela oportunidade amim
conferida; especialmente àsenhora Pedra Santana
Alves.À
minha
alunado
Curso de
Letras Licenciaturado
Centro Universitáriode
Jaraguá
do
Sul-
UNERJ
-
Darlene
Marinelli, por terme
ajudado
a digitar este trabalho.Se
a linguagem
falasseapenas
ã
razao e constituísse, assim,uma
ação
sobre oentendimento dos homens,
então ela seria
apenas
comunicação.
Mas,
ao
mesmo
tempo
em
que
eladesprende
o
conjuntode
relações necessáriasda
razão, elatambém
articula oconjunto
de
relações necessáriasda
existência. E, neste sentido,o seu
traço fundamentalé a
argumentatividade,a retórica,
porque
é este traçoque
a apresenta,não
como
marca de
diferença entreo
homem
e a
natureza,mas
como
*marcade
diferença entreo eu
eo
outro, entre subjetividades cujoespaço de
vidaé a
história.RESUMO
LÚBKE,
Helena
Cristina.Operadores
argumentativose
efeitos discursivosem
textosde
terceiro grau. 2000, 148f. Dissertação (Mestradoem
Lingüística)-
Programa
de
Pós-Graduação
em
Letras, Universidade Federalde
Santa
Catarina, Florianópolis,2004.
O
presente trabalho constitui-sede
reflexõese
consideraçõesque
resultaramdo
corpus levantado
em
uma
turmada
8a fasedo Curso
de
Letras Licenciatura (1998)do
CENTRO
UNIVERSITÁRIO
DE
JARAGUÁ
DO
SUL
-
UNERJ
- municípiode
Jaraguá
do
Sul,Santa
Catarina. Privilegiando o texto/discurso produzido pelo alunoe sustentado
em
teorias atuais,o
estudo proporcionaa
constataçãode
possíveiscausas
do
fracasso escolar,à medida que
sugere nova
posturapedagógica a
partirda nova compreensão
dos elementos
envolvidosna produção dos
textos.Optou-se
por
uma
clientela estudantilde
nível universitárioa
fimde
corroborarum
processo de
ensino-aprendizagem
que
acreditena competência
lingüísticados
alunos,e
não
sóaponte inadequações
em
relaçäo àperformance
lingüísticados
sujeitos envolvidosnesse
processo.Sem
nenhum
intuitode desmerecer a
importânciado
estudogramatical sistematizado,
da
variedade lingüística considerada culta/padrãoem
relaçãoàs
Conjunções, esta pesquisa alerta osdocentes
sobrea
necessidade
de
uma
nova
posturapedagógica
para tornar efetivoo aprendizado
de
uma
práticamais
apropriadaàs
finalidades discursivas, levando-seem
contadesde
o
EnsinoFundamental
atéo
Ensino Universitário.Se de
um
lado para aGramática
Normativa asconjunções são fundamentalmente elementos
de
relação,esses
mesmos
elementos a Semântica
Argumentativachama
de
Operadores
Argumentatzivos,os
quais
têm
grande
importânciana
construçãodo
sentidode
um
texto; tais .palavrassão as
responsáveis por aspectosda
argumentatividadeda
língua-
no
caso,do
ABSTRACT
LÚBKE,
Helena
Cristina.Operadores
argumentativose
efeitos discursivosem
textosde
terceiro grau. 2000, 148f. Dissertação (Mestradoem
Lingüística)-
Programa
de
Pós-Graduação
em
Letras, Universidade Federalde
Santa
Catarina, Florianópolis, 2004.The
.present is constituted of reflectionsand
considerationswhich
resulted of acorpus raised in the 8"*
grade
of the LicensingCourse
of Letters (1998) ofFundação
Educacional Regional
Jaraguaense
- FERJ
in the city ofJaraguá
do
Sul, state ofSanta
Catarina.Having
privileged the textldiscourseproduced
by the studentsand
based
on
up-to-date theories, the study provided the evidence of possiblecauses
of school failureas
it suggestsa
new
pedagogical posturefounded
on
a
new
comprehension
of theelements
involved in the construction of texts.A
universitydegree
clientelewas
chosen so as
to corroboratea
process of teaching-learningwhich
believes in,and
not only points out, the inadequacies relative to thelinguistic
performance
of the subjects involved in this process.With no
intention to demerit theimportance of the systematized gramatical study of the linguistic variety considered
as standard, relative to the conjunctions, this research alerts teachers of the urgent
necessity of a
new
pedagogical posture tomake
effective the learning of a practicemore
appropriate to thepurposes
of discourse; considering High School to College. lfon
hand
-
for the NormativeGrammar -
conjunctions aremere
elements
of relation, destituted ofany
semantic context,on
the other, these are veryelements which
the ArgumentativeSemantic
calls Argumentative Operators-
that are of greatimportance
and
construction of themeaning
of a te›‹t.Such
words
are responsible forSUMÁRIO
|NTRoouÇÃo
... ._15
iv|EToooi_oGiA
... _.25
CAPÍTULO
I-
O
TEXTO
E
SEU
FUNClONAMENTO
DISCURSIVO
... _.30
1.1
Da
Fraseao
texto ... ._30
1.2
O
Texto
-
um
jogo ... _. 311.3 Texto
e
Discurso:o
mesmo
sentido? ... _. 311.4
As
estruturas temáticae
informacional ... _.40
CAPÍTULO
ll-
A
ARGUMENT AÇÃO
ESTÁ
INSCRITA
NA
PRÓPRIA
LiNGuA
... ._43
2.1
O
Texto Argumentativo ... ._43
2.1.1 Persuadir x
Convencer
... _.43
2.2
O
Texto Argumentativo:um
enfoque
enunciativo-discursivo ... ._48
2.3
A
Escola eo
Texto Dissertativo ... ._ 512.4
Aspectos inadequados
em
Relação
ao
Ensinodo
Texto Dissertativo ... ._53
2.5
Por
que somente
a
partirda
7* série trabalha-seo
texto dissertativo? ... _.55
2.6
Escreva
um
textodando
sua
opinião sobre “X”:uma
critica às práticasescolares
em
relaçãoao
ensinode
língua -materna ... _.57
2.7
Gêneros
X
Tipos Textuais ... _.59
2.8 Pluralização
X
Particularizaçãoda pessoa do
discurso ... ._63
CAPÍTULO
Ill-
A
lMPORTÂNClA
DAS
RELAÇÕES
ARGUMENTATIVAS
67
NOS
TEXTOS
... ..3.1
Marcas
Lingüísticasda Argumentação: Operadores
Argumentativos ... _.67
3.2
Quanto
às
Escalas Argumentativas ... ... ._ 713.3
Quanto
às relações discursivas, pragmáticase
argumentativas ... ._72
3.4
Produção
de
sentido(s)X
Polifonia ... ._75
3.5
Argumentação
por autoridade-
autoridade polifônicae
arrazoado
por76
CAPÍTULO
IV -CATEGORIAS
A SEREM
UTILIZADAS
NA
ANALISE
DO
CORPUS
... .. Análisedos
Textos ...ANEXOS
... ..CONCLUSAO
... ..REFERÊN:c|As
B|BL|oGRÁF|cAs
... ... ._ANExos Dos RELATos Dos ALuNos EM RELAÇÃQ
Ao
BLoQuE|o
no
coNHEc|MENTo
L|NGüisT|co
QuANTo
A
PRonuçÃo
TExTuAL
..._iNTRoDuçAo
A
lutapelas
palavras. Pensar, lere escrever
Estudiosos
e
educadores deparam-se,
constantemente,com uma
realidadepouco
positivaem
relaçãoao
contexto educacionalde nossos
dias.Angústia
e desânimo
envolvem, muitas vezes, pais, professorese
alunosque
vêem
seus
esforços produziremum
resultado mínimo,preocupando-os
e fazendo-osbuscar
um
novo caminho a
trilhar,com
solução imediatae
eficaz.Essa
angústia
aumenta
no
momento
em
que
são
diagnosticadas deficiências,porém
sem
saber especificamenteo
que
fazere
como
fazer para superaros
obstáculos.Diversas
questões
surgem,mas
geralmenteas
respostassão
parcase
desprovidasde
conhecimento
científico,conduzindo a
técnicase
métodos de
ensinoinadequados
que provocam
conseqüências
insatisfatórias.Portanto,
sendo
a
Lingüísticauma
ciênciaque há
muitovem
contribuindopara
a
desmistificaçãode
alguns fatos,como
por exemplo,os apontados
acima, faz-se
misterque
pesquisasde cunho
lingüísticosejam
realizadasa
fim
de
geraruma
ação
educativamais
eficiente ecomprometida
com
os anseiosda
clientela estudantilno
que
tange à questão
da
produção
textual.Se
de
um
ladoas grandes
transformações sociais,econômicas e
políticasda
sociedade contemporânea
tornaramos conteúdos
e
habilidades relativosao
pensar,ler e escrever prioridades
na
apropriaçãodo conhecimento e meio
indispensávelà
inserção
do
indivíduono
contexto sociale no
exercícioda
cidadania,de
outroé
precisoque
o
alunopossa
encontrarna
escolaas condições
propíciasà
composição
de
textosque contenham
um
pouco da
sua
história,que
revelemum
pouco da
sua
identidadea
partirde
sua
relaçãocom
omundo.
O
professordesempenha
importante papelnessa
tarefade
ofereceraos
alunos
meios
paraque
elesdesenvolvam
pensamento
autônomo,
crítico e criativo,As
palavrasde
GilNeto
(1988, p.37)conduzem-nos
a
refletir sobreo
que
mencionei:
Uma
vez concebida a sua intenção pedagógica, o professorpassa a viabilizar, na escola, o processo de produção de textos
junto a seus alunos; renascída pela reflexäo sobre a vida, a
intenção se toma
uma
tarefa conjunta do professor e do grupo.Devido à
marginalizaçaoque
sofrea
maioriados
cidadãos brasileiros,muitos
vêem-se
obrigadosa
trabalhar fora, aindaem
idade escolar, para ajudarno
sustento
da
família.No
entanto,as empresas,
hoje, devidoà
constante aceleraçãoda
tecnologia, precisamde
operárioscom
omínimo
de
conhecimento. Por isso,exigem
que
seus
jovens trabalhadorescontinuem
a freqüentar a escola,sem
que
para issoconcedam-lhes a
menor
assistência.É
um
jogode
interessesda
sociedade
capitalista industrializada,na
quala
maioriadas pessoas
não
contacom
a oportunidadede
decidir, pois está sujeita às restriçõesdo mercado
e,conseqüentemente, à
miséria.O
professornão pode
quererque
seu
discentese
envolvanas
aulas, leiaou
escreva
sem
antes lhe criar condições para tal,ou
seja,ao
trabalharcom
produção
de
texto,o
professortem
de
ter presenteque
deverá
serum
processo
que
englobe
ler, planejar, escrever
e
avaliar,e
requer muitoempenho.
A
produção
de
um
textoadequado
resultade
um
trabalho longoe
difícil, poisa
tarefado
professor,como
dizSerafini (1997, p.20):
não se resume à determinação do título da redação.
Na
realidade,um
bom
mestre deve ensinar aos alunos técnicas concretas decomposição. (...)
O
ensino de português escrito deve ser muitomais articulado. Aprender a escrever significa adquirir
gradativamente algumas habilidades do
mesmo
modo
que seaprende a andar de bicicleta.
No
começo parece muito dificil: épreciso não perder o equilíbrio, distribuir o peso, manter os braços
esticados, as pernas pedalando,
mas
nenhum movimentovem
automaticamente.
Como
podemos
perceber,a
tarefade
escrever,na
realidade, exigeestímulos,
boa
vontade, tempo, técnicae
esforço.Posso
acrescentarà
lista, ainda, o hábitode
ler,fundamentando-me
nas
palavrasde Bamberger
(1986, p.10),que
dizser a leitura
uma
forma exemplar
de
aprendizagem.Estudos
psicológicos revelamque
o aprimoramento
da
capacidade
de
lertambém
redunda
no
da capacidade
de
aprender
como
um
todo, indo muitoalém
da mera
recepçao.A
boa
leituraé
uma
confrontação criticacom
o
textoe as
idéiasdo
autor.Em
um
nivelmais elevado e
com
textosmais
longos,tomam
se mais
significativasa
compreensao
das
relações,da
construçãoou
da
estrutura e a interpretaçãodo
contexto.Quando
se
estabelecea relação entre
o
novo
textoe as concepções
já existentes,a
leitura críticatende a
evoluir paraa
criatividade,e a
síntese conduziráa
resultadoscompletamente
novos.Sobre
a importânciado
atode
lercomo
requisitode
valor parao
bem
escrever,Barbosa
(1994, p. 32) acrescenta que:Assim
como
a atividade de ler pode confundir-secom
a deescrever, se a percebemos
em
uma
dimensão criadora, deprodução, e não se mera recepção, a escritura
também
pode serUma
fOfm3 (18 Iêifllfâ.Quando escrevemos, estamos interpretando, estamos 'lendo' algum aspecto do
mundo
do outro, do eu no mundo, do eu nos outros; écom
os outros que vamos esboçando.Por esta razão, a aventura
em
direção à conquista das palavrasabrange ler e escrever, escrever e ler
como
coisas que se roçamem
nossa busca concreta de expressão; seja da frase iluminadora, seja do verso que por ter sido escrito, por ter sido lido por alguém,torna-se, menos sombrio, tomando-nos
menos
sozinhos.O
que
encontramos,na
maioriadas
vezes, éum
aluno perdidoem
seu
raciocínio.Antes
de
entender «a efetivafunção
do
texto,o
aluno necessita passar por experiênciasque
permitam
organizaras
idéias para depois defendê-las. Frutoque
ê
do
ensino fragmentado,o
aluno apresenta, muitas vezes,um
texto soltoe
impregnado
de
lugar-comum
e,segundo Koch
(1996),a
argumentação
não
acontece
plenamente.Para
mudar
a
imagem
da
argumentação é
preciso passar por experiências positivas, trocade
idéias sobre as possibilidadesde
construçãode
textos,aprendizado
de
técnicas.O
ideal seriaque desde
o
primeiro instante,na
escola,o
aluno tivesse contatocom
o
texto dissertativo,mas
o
Ensino Fundamental
não
acreditano
potencialde
reflexãoe debate
de
seus
alunos,fazendo
com
que
elesconvivam
com
fragmentosde
textos.De
tentativaem
tentativa,o
aluno vaiprocurando achar a sua
expressão, vaiproduzindo
seu
textosem,
muitas vezes,dominar o conteúdo
ou
mesmo
a
estruturafundamental
do
texto, poisnão
recebe retomo
da
sua
escrita.Atualmente, muitos estudiosos
têm
sepreocupado
em
acharas causas
paratal constatação.
Desse empenho, nasceram
pesquisasque bombardeiam
os
deve
buscar saidas paraque
se tenha,em
nível universitário,um
alunomais
criticoe capaz
no
que
concerne à produção
de
textos.O
aluno acreditamais
em
“fórmulas” para elaborarseus argumentos
do que
na sua capacidade
de
leiturae
análiseda
realidade. Por isso,de
acordo
com
Pécora
(1983) encontra-se,
em
grande
quantidade,o
argumento-coringa,que
se
prestaa
qualquer tese,
mesmo
que nada
diga aseu
respeito-
o
discurso genérico e o discurso pronto.O
discurso genéricoaparece
quando
o
interlocutor,na
maioriadas
vezes,não tem
clarezado
termo empregado,
ou
seja,o
argumento
pode
serusado
tanto para concluircomo
para afirmaro
que
foi dito, isto é, o produtornão
tem
bem
clara a definição, anoção
a
respeitodo
termoempregado,
mas
acreditana sua
forçade
expressão.Noções
desse gênero
indicama
ausênciada
construçãode
argumentos e
a
sua
diluiçãoem
valores genéricosque nunca
se
dão
a
conhecer.Ao
utilizar tais noções,
o
alunose
aproveitade
sua
imagem
de
valor inquestionável,Óbvio,
em
tornodo
qualhá
concordância geral.O
produtorabandona
oseu
próprio projeto,o seu
posicionamento pessoal diantede
um
tema que
lhe diz respeitoparticularmente.
Abre
mão
da
sua
palavra parase
valerde
uma
estratégiade
preenchimento. '
O
discurso prontoé
embasado
na questão do
dever, poisa
prova moraldispensa
a
elaboraçãode
provas específicase
objetivascapazes
de
convencer
oseu
interlocutor.A
argumentação
do
dever se
esgota nelamesma,
em
outraspalavras,
há
um
padrão
de
referência, isto é,o
textose
fechaem
tornode
algumas
noções
que
determinam
o destinodo
tema.A
conseqüência
naturalé a suspensão
da
criaçãode
argumentos
pelo texto. Generalizando,o
que
setem é
adescaracterização
do
atode
linguagem.Ao
receber a tarefade
criar os próprios argumentos,de compor
um
textocapaz de
agirde
modo
a convencer o seu
interlocutor,o
aluno tendea
reduzir oseu
textoa
um
enunciado no
qual elenão
tem
lugarcomo
sujeito,ou
seja, é incapazde
representarmarcas de
relação interpessoal, por isso estabelece-sea
dificuldadede
expressar por escrito
o
que
tem a
dizer.E
a
existênciado
serhumano
pressupõe
uma
interaçãocom
o
meio,e a
interação,um
efetivodominio
da
linguagem porque é
através delaque
se estabelece a relação entreos
individuos.Mas
o
que
parece, hojeem
dia, analisando aqualidade
na linguagem dos
alunos, éque
sentem
uma
grande
dificuldadeem
de
fazeruso
da
línguade forma adequada,
principalmenteno que
concerne
àescrita.
A
ausênciade
qualidadena linguagem
oralparece
ter se convencionado,porque
todos,de
uma
forma ou
de
outra,acabam
criandomecanismos que
os auxiliemnesse processo
comunicativo,mas
na
lingua escritanão
éexatamente
assim
que
acontece, pois dentroem
pouco não
teremos mais
escritores, só escrivãos,ou
seja,nossas
crianças, jovense
adultostêm medo,
pavorda
escrita.E
por
quê?
Por
que tamanha
aversão, dificuldadede
exporno
papel as própriasidéias?
O
serhumano
é complexo
e viveem
meio a
uma
sociedade
excludente e marginalizadora,que
impõe
opadrão
em
que
as pessoas
devem
se formatar,que
eliminaos pobres
da
categoriados
sereshumanos,
que
impõe
opiniãoàs
pessoas,que não
oportunizaaos
indivíduosum
ambiente
propício parauma
efetivainteratividade (antes para
a
competitividade),uma
sociedade
que
deplora apersonalidade
e a
individuaçãodo
serhumano,
que
o
faz sentira
faltade
sua
presença,
que
desertao
individuo deixando-oem
conflito entreseu
eu e o
contextoexterno. Há,
nesse momento,
uma
quebra
-dos valores afetivos,do
alunoou
aluna,que
estão interligados paraa formação
da
pessoa
completa.Esquece-se
que
o
enriquecimentoda
personalidade sedá
com
a diversificaçãode
grupos, e, para isso, seria precisonão
negligenciara
interação.Como
resultadode
todosesses
fatores resultará,no
interiordo
serhumano,
um
bloqueioque
causará o
medo
de
se
expor,de
dizersua
palavra,de
se auto-afirmar.E
aqueleque não
se
auto-afirmaé
o
submisso,
que
está prontopara obedecer
a regras (Bernardo 1988, p.15).Não
seentenda
aqui a auto-afirmaçãocomo
narcisismo e prepotência,mas como
oreconhecimento
elementarde
suas capacidades e
de
se reconhecer
como
serhumano
iguala
todos os outros e sairdo
emaranhado de
preconceitose
injustiçasque
os
cerceiam.E,
mesmo
assim, é impressionantecomo
se ouve nos
corredores escolaresque
os
alunosnão
sabem
escrever,desde
os
alfabetizandos atéos
graduados.Ninguém
sabe
escrever,ninguém
sabe
expressar-se , dizero
que
quer,o
que
sente,o
que
pensa, sejana
oralidade sejana
escrita.E sempre
cabe
achar os culpados,nunca
solução.Se
oproblema
existe, precisa ser trabalhado. Trabalhar asdificuldades,
sejam
elas quais forem,no
momento
ou no
nível escolarem
que
se
apresentarem (Educação
Infantil, Ensino Fundamental, EnsinoMédio
e Graduação)
que
resideo
foco principaldo desencadeamento do
processo ensino-aprendizagem
deficitário
no
que
concerne à
práticada
redação
e, portanto, seria interessanterepensar
a
práticadesse
ensino, paranão
bloquear oseducandos desde
cedo.Não
sequer
com
isso eximirda
tarefa os níveismais
avançados
-a esses cabe o
papelda
correção,no seu
tempo,dos
resquíciosque
ainda perdurarem,sem
recriminações e lamúrias - mas, procurar
a
raizdo
problema e
reverter a situaçãosão
imprescindíveis.Falta
ao
nosso
educando
valorizar-secomo
indivíduo; descobrir-se.Não
se
valorizando,não
se auto-afirma.Esse processo
conflitual,é
importante relembrar, fazcom
que
a pessoa
crieum
bloqueio
em
suas capacidades mais
geraisde
manifestações lingüísticas.
Segundo
o
que
afirmaBernardo
(1988),o
indivíduodesconhece que o
serhumano
escrevepara se
auto-afirmar.Fechado
em
simesmo,
desconhece
a
línguaque
ele trouxe consigodesde o
nascimento,com
que
eleconviveu, viveu
e
vive todassuas
experiências,emoções,
alegrias, tristezas, enfim,toda vida
tem
seu
valor,e
valorizá-lapode
ser achave de
libertação parasua
vidaenveredar
porcaminhos
outros.Desconhece
esse poder escondido
em
sua
linguagem
tão trêmula, ingênua,apagada
e amedrontada.
E
a
escola,que
deveria ser a ponte paraessa passagem,
está quebrada, obsoleta,porque
não
desempenha
o
seu
papelnessa
batalha. Ora,reconhecer esse
potencialescondido
é
saber-seconhecedor
de
sie
conhecedor
do que
realmenteé
língua.É
teruma
visãode
mundo
diferenteda
tida até então, sobreessas
mesmas
questões.Poderíamos
assemelhar esse
tipode pessoa
aum
peixeque
viveno
aquário e~que
não sabe
que
nele vive,mas
que
passaráa
vero quão pequeno
é “seu aquário”,seu mundo,
quando
se
transcender,quando
e›‹trapoiaros
limitesdo
aquáriolmundo e
ver-sede
outra ótica,de
outro ângulo, porque,como
bem
o
disse Salles (1992, p.84):Para
uma
pessoa que ainda não entrou no caminho, as montanhas são montanhas e os rios são rios. Quando ela entra nocaminho e começa a ter algum relance da verdade, as montanhas deixam de ser montanhas e os rios deixam de ser rios. Quandoo
objetivo é atingido as montanhas vo/tam a ser montanhas e os rios
voltam a ser n'os.
Infelizmente,
a grande
maioriados
que aprendem
-
e muitomais os
que
montanhas
continuam
sendo montanhas
e os
rioscontinuam
sendo
rios-
e o
ensinar
a
artede cada
um
dizersua
palavra continuasendo
um
enigma.Entra aqui outro aspecto
dessa questão
tão profundae
delicada,que
é
pensar o porquê
de
insistirnas
normas
e
não
nas capacidades mais
geraisda
linguagem,
como
é vistoem
muitas escolas. Ora,o processo
escolar gerauma
falsa condiçãode
produção
da
modalidade,uma
falsanecessidade
de
expressão
eruditaque apenas
dificulta a efetivaçãodo
aprendizado, desperta a aversão,o medo,
principalmente
o
medo
de
se
expor.Quando
se
falaem
se
exporé
preciso lembrarque
o
mecanismo
para fazê-loé
justamentea
própria linguagem.Mas
como
se
pode
pensar
nisso se,como
bem
o disseGnerre
(1991, p.32):o processo escolar contraditório acaba operando
uma
redução dasvirtuais relações entre sujeito e linguagem.
O
efetivo domínio daescrita apenas pode se dar
como
um
desdobramento da práxis lingüística e jamais comouma
mera assimilação de técnicas epadrões - sobretudo porque estes são sempre vulneráveis ao
jogo do poder que conspira contra a identidade do sujeito, figura inalienável do jogo múltiplo da linguagem.
Poder e
Linguagem
ou
Linguagem e
Poder,entendimento das
relaçãode
suas
palavrasque parecem não
fazer partedo
cotidianode
muitos profissionaisda
lingua.Entender o
alunocomo
serhumano
e
sua
lingua(gem)
como
manifestaçãode
vidae
poder
é
entendere saber
como
e
porque
ensinara
escrever.Levando
em
conta todosesses
fatores,percebemos que
o problema
da
(des)expressão
-
desespero
+expressão
-
estácada
vez mais
acirrado. Acreditamos, ainda,que
a redação do
textoque
sequer
fazer ensinarnas
aulasde
Língua
Portuguesa
deve, impreterivelmente , receberuma
atenção
especial-
seranalisada
e
vistacom
outros olhos;deve-se
ampliaras
fronteirasdo
mundo
atéonde
possível,usando
a
linguacomo
meio
para isso.Após
essas
constatações ficauma
pergunta: porque não
há, por partedos
alunos, desejo
e
prazerno
atoda
escrita? Talveza
resposta sejao
motivo parase
pensar
em
uma
outrafomia
de
ensinar a língua,que não
sejaa forma
livresca-
padronizante.Acreditamos
que
sedeva
começar
abolindoa
“aulade
redação”,a
"aulade
leitura",o
que
jáé
uma
fragmentação.Eu
diria: trabalhara (com
a, sobre a)linguagem. Ensinar
a
escrever implicaria, primeiramente, entendero
que
é lingua,tornar
o
sujeitoum
individuo, ensiná-loa
dizere
fazê-Io possuirsua
própria palavra.É
comum
ouvirmos
professores trocando idéias -quando não
queixas-sobre
as
dificuldadescom
o
ensinoda
língua,mais
especificamente sobre as dificuldadesque
os
alunostêm
de
aprender
a escrever,quando
ainda hojeflagramos professores privilegiando,
na
programação
de
seu
curso, a sistematização gramaticalda
língua, acreditando que,com
isso, os alunos estejam aptosa
escrever,ler
e
compreender
todo tipode
texto.Por
outro lado,temos
visto professores "sensíveis" às dificuldadesdo
escolare
à
aprendizagem
de
tão difícil tarefa, que, criativamente,propõem
estratégiasque
procuram
aliviaras
tensões resultantesdo
processo
de
produção
de
textos, só que, muitas vezes, a falta
de
clareza sobreuma
teoria norteadora, sejaqual for, leva professor
e
alunosa caminhos
tortuosos epouco
produtivos.Os
materiais didáticos (suportescomo
livros didáticos, manuais, etc.),que
deveriam
subsidiaro
professore
o
alunonessa
tarefa,na
maior partedas vezes
pouco
ajudam, pois
parece
que
lhes faltauma
fundamentação
teórica consistente e/ou acess-ível.Os
estudantesacabam
por ser expostos aum
ineficientemétodo de
ensino, oque
os levaa
revelaro
fracassona
escrita, inclusiveem
nível superior,quando
já-
pelomenos
é o
que
se espera
-
deveriam
estar "aptos"ao
atoda
escrita.A
atribuiçãode
responsabilidadeem
relação aesse
fracasso é flutuante: o professormal
formado,o
aluno preguiçoso,o
livro inadequado,a
relaçãopouco
integrada entre acadêmicos,pesquisadores e
professores;sem
querer reforçara
tese
de que
o
único responsávelé o
professor,mas
creditando-lhegrande
responsabilidadeporque
éum
dos
primeirosa
desacreditarno
desenvolvimentodos
alunosquanto à sua capacidade
de
produzir textos coerentese
coesos.De
acordo
com
o que propõem
Perelman
&
Olbrechts-Tyteca (1996),pretendemos
estabelecero
objetivo desta pesquisae o
pontode
vista atravésdo
qual ele será enfocado.A
língua, neste trabalho, seráenfocada sob
o pontode
vista argumentativo; isso justifica-se por acreditarmosno
postuladoque
diz ser ahabilidade
de
argumentar
um
sinal distintivodo
ser racional.Buscamos
mostrarque
tal habilidadeé
muitomais
utilizadado
que
acreditamosser, isto é, ela
se
faz presente tantona produção
de
textos escritoscomo
de
textosorais, pois
argumentar é
ato interativomais
corriqueirodo que
sepossa
pensar;utilizamo-nos
da
argumentação
desde
pequenos,
ou
seja, ela está presenteem
argumentação é
uma
das maneiras
atravésda
quala linguagem
exercea
sua
força, agindo sobre as opiniões, idéiase
conceitosdos
indivíduos.Segundo Koch
(l992, p.19):o
homem
usa a língua porque viveem
comunidades, nas quais tem necessidade de comunicar-secom
os seus semelhantes, deestabelecer
com
eles relações dos mais variados tipos, de obterdeles reações ou comportamentos, de atuar sobre eles das mais
diversas maneiras, enfim, de interagir socialmente por meio do seu discurso.
A
argumentação,
portanto, está presenteem
todosos
momentos
de
nossas
vidas, seja
na propaganda
que
lemos ou
que
ouvimos
-
eque nos
incitaa
comprar
determinado
produto sejana
discussãoque temos
com
nossos
filhos tentandoconvence-los
de que comer
chocolate antesdo
almoço
estragao
apetite. Enfim,nosso
discurso volta-seconstantemente
paradeterminados
objetivos, entre eleso
de
convencer.Citelli (1994, p.10)
nos
dizque
a linguagem não é somente
um
instrumento utilizado paranomear coisas e situações, tendo, portanto,
uma
face neutra,ingênua. Ao contrário, defendemos a posição de que a linguagem cumpre certos objetivos e realiza determinadas intenções. Particularmente nos textos argumentativos,
uma
série de mecanismos é acionada - de forma mais oumenos
consciente- pelos usuários,com
a finalidade de construir teses, elaboraridéias, assumir pontos de vista e rechaçar preconceitos.
A
importânciada
argumentação,
entretanto,nao
resideapenas
no
fatode
que
atravésde
seus
mecanismos
tornamo-nos
aptosa
conseguiro que
queremos.
Através dela
também
formamos
anossa capacidade
de
participaçãoem
sociedade,tornamo-nos
cidadãos.Sendo
assim,no processo
de
construçãode
um
aluno cidadãotoma-se
importanteo
desenvolvimento
conscientede
sua capacidade
de
refletir sobreas
coisas
que
o
cercam;em
especial sobrea maneira
pela qualpode
utilizar-seda
linguagem enquanto
instrumentode
interação social.a “luta” entre os interesses de pessoas, grupos e classes desenvolve-se, também, pelo uso da linguagem argumentativa.
Aprender como funciona esta modalidade é,
em
última instância, defender a própria cidadania, visto os discursos - quer os que lemos ou escrevemos - poderem igualmente libertar ou oprimír,manipular ou revelar
como
é feita a manipulação.O
que
nos
levoua
trabalharcom
textos dissertativos escritos por alunosde
3° grau foi,em
primeiro lugar, a faltade
literaturanessa
área e, principalmente, aquestão
de
os
alunos,de
um
modo
geral,não
conseguirem
construirum
textodissertativo utilizando
os operadores
argumentativoscom
coerência.Uma
das
principaiscausas
de
o
alunonão
saberargumentar deve-se
à escola, a qual prioriza essencialmenteo
texto escritoenquanto
narração, descriçãoe
dissertação. Tais textos-
ou
diga-se pseudo-textos-
são
“ensinadosde
forma
fragmentada”.METODOLOGIA
Delimitamos
como
fundamento
teórico a Lingüística Textuale
a Semântica
Argumentativa.
Em
relaçãoà
Lingüística Textual,procuramos elementos
que
fornecessem
subsídios paracompreender o
processoda
escritana
escola.Alguns
autores centralizam
as
atenções: Halliday&
Hasan
(1976, 1989),Beaugrande
&
Dressler (1984),Van
Dijk (1973, 1983, 1992) eKoch
(1987, 1992, 1998).Quanto
àSemântica
Argumentativaos
autoresque
mais
centralizamas atenções são
Ducrot(1981, 1987) e
Perelman e
Olbrechts-Tyteca (1996).Os
objetivos desta dissertação são, portanto, os seguintes:a) evidenciar,
a
partirde
um
estudo teórico,que
a
argumentatividade é inerenteao
própriouso
da
linguagem
consideradacomo
ação,com
prática social;b) descrever, através
das
análisesdos
textos produzidos pelos alunos, as diversasmaneiras
pelas quaisa
argumentatividade se manifesta;c) proceder
à
análisede
alguns textos escritos,com
base nos Operadores
Argumentativos, quais sejam: porque, pois,
mas,
porém,embora, também, além
de;d) apresentar,
a
partirdos
resultados obtidosnessas
análises,algumas
diretrizesque
permitam
tantoao
alunocomo
ao
professor dotarseus
textosde
maiorpoder
argumentativo;e) indicar,
em
termos
práticos,uma
nova
posturapedagógica
para tornarefetivo
o aprendizado dos elementos
envolvidosna
construçãodos
textos;f) mostrar, através
de
relatosde
alguns alunos envolvidos,nessa
pesquisa oporquê
de
sentirem-se inaptosquando do
uso
da
linguagem
escrita.Tentamos,
com
esta pesquisa, sobretudo, buscar subsídios para trabalhar aargumentação, enquanto
característica intrínsecada
língua e, porsua
vez,do
textoescrito.
Queremos
citaralgumas questões
norteadorasque
percorrem todoo
nosso
trabalho,
em
uma
tentativade
buscar
resposta paraproblemas como:
oO
que
levao
alunoa
bloquearseu conhecimento
lingüísticona
produção
textual;
‹›Como
habilitar o aluno paraalém
de
escrever,também
convencer/persuadir
seu
interlocutor;«A quem
atribuira
restrita relaçãodo
alunocom
sua
própria linguagem,principalmente
a
escrita;‹›Como
capacitaro
futuroeducador
paraque
elepossa
levarseus
educandos
ao
efetivodominio
da
linguagem;Muitos alunos
não conseguem
produzirum
texto dissertativo porsua
posição acrítica,porém
o
que,às
vezes,os
impedem de
tal atitudenão é
somente
a faltade
conhecimentos
sobre aquiloque
deveriam
escrever,mas
simo
sistemaatravés
do
qual “aprenderam” a fazer textos,ou
seja, foi “ensinado”a
eles,fragmentadamente,
que
há
três tiposde
textos (isto dentroda
escola),ou
seja,narração, descrição, dissertação;
como
que
essa
tripartitepudesse
dar contade
abarcar todos
os
textosque
circulam socialmente.Vinte
e
oito (28) textos dissertativos escritos por alunosda
8* fasedo
Curso
de
Letras-
Licenciatura (1998)do
Centro Universitáriode
Jaraguá
do
Sul constituirãoo
corpusdessa
pesquisa,porém somente
quinze (15)foram
selecionados para análise.Ao
longoda
disciplina(um
semestre), os alunos tiveram anoção de
texto e discurso,de coesão
e
coerência,de
operadores
argumentativos; conceitos postulados por Ducrot (1981),a
fimde que
os alunospudessem
ter clarezados
elementos
básicos paraa
constituiçãode
um
texto.Durante
todoesse
processode
aprendizagem
de
tais conceitos, concomitantemente, os alunos produziram textosdissertativos,
os
quaisapenas
foram
lidose
debatidosem
salade
aula,com
o objetivode
melhor
entendero funcionamento
discursivodos
Operadores
Argumentativos.Foram
previstos cincotemas
paraa produção
de
textos, destesos
alunos
deveriam
escolherapenas
um
paraque
fosse entregue à professora.Os
temas
sugeridos foram: a)A
Familiana Sociedade
Atual; b)O
Problema
do
Desemprego
nos
Centros Urbanos; c)A
Integraçãodo
Deficiente Físicona
Sociedade; d)
A
Velhice; e)O
Preconceito Racial.Dos
cincotemas
sugeridosforam
escolhidos pelos alunos,democraticamente,
A
Famíliana Sociedade
Atuale
O
Problema
do Desemprego
nos
Centros Urbanos.
Acreditamos
que
foram os
escolhidosem
virtudede
esses
temas serem
os
de
maior relevância social, poisnesse
fimde
séculoestamos passando
por sériasQ
crises
quanto aos
valores familiaresem
funçaode
a
família ter sofrido drásticas transformaçõesdesde
asua
estrutura até a inversãode
papéis, por exemplo, arelação
homemlmulher
-
hojemais
de
50%
das mulheres são
chefesde
família.Quanto ao
tema,O
Desemprego
nos
Centros
Urbanos,
acreditamosque
foi escolhido por ser
um
dos
pontosmais
nevrálgicos e sensíveisque
vivenciamosnos
últimos cinco anos.Dos
vinte e oito (28) textos produzidosem
salade
auladez
(10) trataramdo tema
Famíliae
dezoito (18)do
tema
Desemprego
-
estatisticamente resultandoem
35.73% e
64.28%,
respectivamente.Observa-se, portanto,
que a opção
pelotema
Desemprego
evidencia agrande preocupação de
todosem
relaçãoao
próprio futuro,considerando a
criseeconômica
que
tem
como
um
dos
fatores a revolução tecnológicaque
vertiginosamente cresceem
todoo mundo, fazendo
com
que
milharesde
pessoas
percam
seus empregos.
Cabe
ressaltar,mais
uma
vez,que
cada
aluno escreveuapenas
sobreum
dos
temas
propostos, muitoembora
tenha-sedado
cincotemas
(opções)a
fimde
que escolhessem o
tema que
melhor
lhes conviesse.Esta pesquisa restringe-se
ao
funcionamento dos
seguintesoperadores
argumentativos: pois, porque,
mas, embora, porém,
também, além
de.A
seleçãodos operadores
argumentativos foi guiada pela freqüênciacom
que
apareceram no
corpus. Justificamosesse
critérioem
virtudede
se fazernecessária
a presença
de
um
número
significativode
ocorrênciasde
taisoperadores.
Essa
dissertação constitui-sedas
seguintes partes:a)lntrodução:
na
qualapresentamos os
pressupostos teóricos básicos;b)Metodologia;
c) Capítulo l
-
O
TEXTO
E
SEU FUNCIONAMENTO
DISCURSIVO
-
cujo capítulo apresenta alguns conceitos sobre texto-
desde
sua
microestrutura atéa
macroestrutura, superestrutura e
base de
texto, centralizandoas atenções nos
seguintes autores: Halliday
&
Hasan,
Beaugrande
&
Dressler,Van
Dijke
Koch.Também
apresentamos
anoção de
textoe
discurso, tentando mostraro
que
alguns autoresconcebem
oracomo
textoe
oracomo
discurso;embasamo-nos
em
Van
Dijk,Halliday
&
Hasan,
Dressler, Orlandie
Pasquier&
Dolz;d) Capítulo ll
-
A
ARGUMENTAÇÃO
ESTÁ
INSCRITA
NA
PRÓPRIA
questao
persuadir x convencer.Os
autoresque
centralizaramnossa atenção foram
Geraldi, Vogt,Guimarães
e, principalmente,Perelman
&
Olbrechts-Tyteca;nesse
capítulotambém
mostraremos
o panorama
atualdo
ensinodo
texto dissertativona
escola
e
como
se
comportam
os
professoresem
relaçãoà
pluralizaçãoou
particularizaçãoda
pessoa
do
discursono
texto dissertativo; aqui trabalharemoscom
Vygotsky
(1987) sobreas
relaçõesde
generalidade;e) capítulo ui
_
A
uv|PoRTÃNc|A
DAS RELAÇÕES ARGuMENTATivAs
NOS
TEXTOS
-
falaremos sobreMarcas
,Lingüísticasda Argumentação, na
perspectivada
Semântica
Argumentativa postulada por Ducrot;nesse
capítulo os autores»de
maior relevânciasão
Vogt,Guimarães,
Koch,Anscombre
e
Ducrot; trabalharemoscom
as teorias deste últimoquando da
relaçãodos operadores
argumentativos.Nesse
capituloenfocaremos os operadores
que
estejamexercendo
função
argumentativa; taisfunções é
que
constituemo
pontochave desse
trabalho;tj
CAPÍTULO
iv -CATEGORIAS
A SEREM
uTll_izADAs
NA
ANÁl.isE
Do
CORPUS
-
este capítulocontém as
análises feitas sobreos
textos (dissertativos)produzidos pelos alunos,
ou
seja,nessa
análiseos operadores
argumentativosapresentados
são: pois;mas, embora,
porque,porém;
também, além
de. Utilizaremosos
conceitosde
Ducrot sobre osoperadores
argumentativos-
Argumentação
por Autoridade (Autoridade Polifônicae Arrazoado
por Autoridade).g) Conclusão;
h)Referências Bibliográficas;
i)
Anexos.
Trabalhando
com
textos efetivamenteem
circulação social, levandoem
conta
as
situaçõesde
produção e sua
articulaçãocom
os
gêneros,além das
particularidades destes,queremos
desenvolverum
trabalho críticoem
relaçãoao
texto dissertativo, pois objetivamos mostrarque
é
bastante possível sairmosdesse
lugar-comum
em
termosde
produção
textual,ou
seja,que ao
produzirum
textonosso
alunopossa
fazer valersua
voz-e mostrar-secomo
sujeitoda
sua
história,não
sendo apenas mero
espectadorda
aula “dada” pelo professor.O
nosso
aluno pode,e
tem
todas as condiçõesde ao
produzirum
texto, seja dissertativoou
não, ter atitude critica e, sobretudo, reflexivaem
relação àquiloque
está escrevendo.Também
temos a
intençãode
alertaros docentes
que atuam
nos
vários níveisde
Ensino,desde o
Ensino Fundamental
atéo
Ensinode
3° grau,que
o
atoargumentação
está inscritana
própria língua, então porque
ensinar a tripartitenarração, descrição
e
dissertação,em
momentos
diferenciados-'?Pretendemos,
também,
identificarcomo
os acadêmicos
da
última fasedo
Curso de
Letras-Licenciatura (1998)do
Centro Universitáriode
Jaraguá
do
Sulconstroem seus enunciados
frentea
um
tema, atravésde
operadores
argumentativos, quais» sejam:
a)os
que
introduzem .uma justificativaou
explicação sobreo
enunciado
anterior, taiscomo:
pois; porque;b)operadores
que
contrapõem argumentos
orientados para conclusões contrárias, taiscomo: mas, porém, embora;
c)operadores
que
somam
argumentos a
favorde
uma mesma
conclusão,tais
como:
também,
além
de;Queremos,
através desta pesquisa, poder,de alguma
forma, contribuir parao
aprimoramento do
ensinode
língua materna, principalmenteem
relação àCAPÍTULO
IO
TEXTO
E
SEU FUNCIONAMENTO
DISCURSIVO
1.1
DA
FRASE
AO
TEXTO
O
trabalhoque
aqui iniciamostem
como
pressuposto o texto,que
se
definepor microestrutura, macroestrutura, superestrutura e
base de
texto,segundo
Van
Dijk (1983).A
microestruturaé
vistacomo
aseqüência dos enunciados
do
texto.A
macroestrutura
é
construída cognitivamente peloprocessamento das
informações enunciadas.Nesse
sentido,compreende
a produção
de
sentidos especificosque
serão» cancelados, transformadose
generalizados até se hierarquizar pela construçãodo
sentidomais
globaldo
texto.A
superestruturaé
concebida,como
em
sintaxe, por categorias
de
texto e por regrasde
ordenação, formalizandoesquemas
textuais específicos, isto .é,uma
convenção
estabelecida pelo grupo, a fimde
formalizar
um
tipode
discursoem
texto.A
base
de
textoé a
estrutura semânticado
discurso,
que
reconstrói por representações especificasdo
autora
referênciado
texto; requer, portanto, a
manutenção
temáticae
a
progressão semântica.Conforme
Van
Dijk (1983),o
textose
organiza poruma
base
explícitae
uma
implícita.Na
base
explícita,
o
autor revela aquiloque
consideraque
o interlocutornão
saiba;na base
implícita, cancela tudoo
que supõe que
o
interlocutor já sabiaou
que não
pretende revelar.Portanto,
sendo
o
texto resultantede
um
processo
de
interação entre indivíduos-
um
autore
um
leitor-
em
uma
situação definida,que
gravitaem
tornode
um
assunto único,deve
garantira unidade
temática.Desses
quatro elementos: autor, leitor, assuntoe
situação, doisse colocam
em
primeiro planono
textoargumentativo -