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MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 9" REGIÂO

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 9" REGIÂO

RECOMENDAÇÃO W 008254.2013

CONSIDERANDO que o nosso texto constitucional preceitua em seu art. 1°

qüe a República Federativa do Brasil constitui-se como Estado democrático de Direito e tem' como fundamentos, entre outros, os valores sociais do trabalho, da livre iniciativa e da dignidade da pessoa humana, e em seu art.6°que o trabalho se inclui no rol dos direitos sociais;

CONSIDERANDO que o art. 193 da Constituição Federal estabelece que a ordem social tem como base o primado do trabalho e como objetivo o bem- estar e a justiça sociais;

CONSIDERANDO que a proteção do meio ambiente do trabalho tem raiz constitucional, conforme art. 200, VIII, clc art. 225, caput e

9

3°, da Constituição Federal;

CONSIDERANDO que éimpossivel ter qualidade de vida sem ter qualidade de vida no trabalho, nem se pode atingir meio ambiente equilibrado e sustentável ignorando o meio ambiente do trabalho;

CONSIDERANDO que o art.

r,

inciso XXII, da Constituição Federal estabelece como direito dos trabalhadores urbanos e rurais "a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança";

CONSIDERANDO que o termo ~saúde", com relação ao trabalho, abrange não só a ausência de doenças, m~s também os elementos fisicos e mentais que afetam a saúde e estão diretamente relacionados com a segurança e a-higiene do trabalho, conforme Convenção 155 da Organização Internacional d~

Trabalho - Decreto Legislativo n. 2, de 17.03.1992 e Decreto n. 1.254/84 (DOU de 30.09.94);

CONSIDERANDO que o art. 7°, XXVIII garante o direito ao seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

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. CONSIDERANDO que a conduta lesiva

a

segurança dos trabalhadores sujeitará o infrator, pessoa física ou jurídica, a sanções penais e administrativas, independentemente .da obrigação de reparar os ~anos causados, nos termos do art. 225, ~ 3°, da Constituição Federal, art. 132, do Código Penal'. art. 129, do Código Penal', Lei 9.605/98 e Decreto 3.179/99;

CONSIDERANDO que incumbe às empresas cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho, instruir os empregados através de ordens de serviço, quanto ás precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais, adotar as medidas que lhe sejam determinadas pelo órgão regional competente, nos termos do art. 157, da CLT;

CONSIDERANDO que os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho possuem a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho, nos termos do que dispõe

a NR-4:

CONSIDERANDO que o trabalho é um meio de prover a subsistência e a dignidade humana, não devendo gerar mal-estar, doenças e mortes, conforme Resolução n, 1488/98 do Conselho Federal de Medicina;

CONSIDERANDO que há diversos atos normativos dispondo sobre os deveres das empresas e dos profissionais médicos em relação à assistência à saúde do trabalhador, cabendo especial destaque às Resoluções n, 1488/98, 1658/2002, 1665/2003,1821/2007 e 1931/2009 do Conselho Federal de Medicina;

CONSIDERANDO que incumbe ao Ministério Público a defesa da ordem juridica, do regime democrático, dos interesses sociais e dos interesses

individuais indisponiveis, nos termos do art, 127 da Constituição Federal;

CONSIDERANDO que incumbe ao Ministério público do Trabalho instaurar procedimentos administrativos para assegurar a obse,rvância dos direitos sociais dos trabalhadores, nos termos do art, 129, 111,da Constituição Federal e art. 84, 11,da Lei Complementar 75/93;

1"Expor a vida ou a saude de outrem a IXrigo direto c iminentc"

, "Ofcnder a integridadc corporal ou a saúde de outrem"

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DAga REGIÃO

CONSIDERANDO que é dever do Ministério Público do Trabalho propor as ações cabíveis em face de situações que violem as liberdades individuais

elou

coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores, bem como.

,

o ordenamento correlato, em especial a CLT, rios termos do art. 83, III da Lei Complementar 75/93:

CONSIDERANDO que a defesa do meio ambiente de trabalh'o é uma das metas institucionais do Ministério Público do Trabalho;

CONSIDERANDO que o art. 6', XX, da Lei Compiementar 75/93 (Lei Orgãnica do Ministério Público da União), faculta ao Ministério Público do Trabalho expedir recomendação para o respeito aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover constitucionalmente;

O MINISTERIO PÚBLICO DO TRABALHO-PROCURADORIA DO TRABALHO NO MUNiCíPIO DE MARINGÁ, no desempenho de suas atribuições institucionais, com fundamento nos artigos 127 e 129, incisos lI, 111e VI, da Constituição da República clc artigo 6°, inciso XX, da Lei Complementar n. 75, de 20 de maio de 1993, que autoriza os Membros do Ministé.rio Público do Trabalho a expedir recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito aos interesses, direitos' e bens cuja defesa lhe cabe promover, EXPEDE A PRESENTE NOTIFICAÇÃO RECOMENDATÓRIA, de modo a alertar e cobrar dos envolvidos com a assistência à saúde dos trabalhadores' o cumprimento dos seguintes deveres:

1) Os médicos que prestam assistência ao trabalhador devem:

a) Fornecer atestados e pareceres para o afastamento do trabalho sempre que necessário, considerando que o repouso,

?

acesso a terapias ou o afastamento de determinados agentes agressivos faz parte.

.

do tratamento (Resolução CFM n. 1.488/1998, art. 1', 11):

b) Colocar à disposição do paciente, sempre que requerido por ele, tudo que se refira ao seu atendimento, em especial cópias dos exames e prontuários especificas, sendo vedado negar ao paciente acesso ao seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópias, quando solicitadas, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo

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quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros (Resolução CFM n. 1.448/1998, art. 1', 111,c/c art. 88 do Código de Ética Médica - Anexo da Resolução CFM n. 1931/2009);

c) Considerar, para estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades do trabalhador, não só exames. clínicos e complementares, . mas também a histórica clínica e ocupacional do trabalhador, o estudo do posto de trabalho e da organização do trabalho, dados epidemiológicos, a literatura médica atualizada, os quadros subclínicos que apareçam em trabalhadores expostos a condições agressivas, o depoimento e a experiência dos trabalhadores, os conhecimentos e práticas de outras disciplinas, a identificação. de riscos químicos, físicos, biológicos e outros, como aqueles relacionados

a

ergonomia, psicoaf~tivos, dentre outros (Resolução CFM n. 1.468/1998, art. 2');

d) Esclarecer o trabalhador sobre as condições de trabalho que ponham em risco sua saúde, devendo comunicar o fato aos empregadores

,

responsáveis e, se o fato persistir, comunicar o ocorrido ás autoridades competentes e ao Conselho Regional de Medicina (Código de Ética Médica - Anexo da Resolução CFM n. 1.931/2009, art. 12);

e) Providenciar para que os dados obtidos nos exames médicos, incluindo avaliação c1iniça e exames complementares, as conclusões e as medidas aplicadas sejam registrados em prontuário, q~e ficará sob a guarda do médico coordenador do PCMSO (NR-7, item 7.4.5).

2) Os médicos que trabalham em empresas devem:

a) Avaliar as condições de saúde do trabalhador para determinadas funções elou ambientes, indicando sua alocação para trabalhos compatíveis com sua situação de saúde, orientando-o, se necessário, no processo de adaptação (Resolução CFM n. 1.488/1998, art. 3', I);

b) Dar conhecimento aos empregadores, trabalhadores, comissões de saúde, CIPA e representantes sindicais, dos riscos existentes no

"ambiente de trabalho (Resolução CFM n. 1.488/1998, art. 3', 111);

c) Promover a emissão de Comunicação de Acidente do Trabalho-CAT, ou outro documento que comprove o evento infortunistico, sempre que houver acidente ou moléstia causada pelo trabalho, ou ainda em caso de suspeita de nexo etiológico (pelo médico) da doença com o trabalho,

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 9;11 REGIÃO

independentemente de afastamento do trabalhador (Resolução CFM n.

1.488/1998, art. 3', IV);

d) Conhecer os processos produtivos e ambientes de trabalho da empresa, atuando junto a esta para eliminar ou atenuar a nocividade dos processos de produção e organização do trabalho, visando

~ssencialmente à promoção da saúde e à prevenção da doença (Resolução CFM n. 1.488/1998, art. 4', I);

e) Aceitar os atestados médicos emitidos por médicos habilitados e inscritos no Conselho Regional de Medicina ou por odontólogos, estes no estrito âmbito de sua profissão, salvo se houver divergência de entendimento, que devera ser devidamente exposta e fundamentada.

assumindo o médico da empresa, no caso de recusa do atestado, o ônus do tratamento (Resolução CFM n. 1.658/2002, art. 6');

f) Aceitar os atestados médicos independentemente da indicação do diagnóstico nos termos da Classificação Internacional de Doenças (CID), observados os aspectos expostos no item anterior (Resolução CFM n.

1.658/2002, art. 5').

3) As empresas de uma forma geral devem:

a) Assegurar o exercicio profissional dos componentes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (NR-4, item 4.19);

b) Manter pelo prazo mínimo de 20 (vinte) anos após o desligamento do trabalhador os registros de seu prontuário médico (vide item 1, ~f'),que deverão estar em suporte de papel, quando não hajam sido arquivados eletronicamente em meio óptico, microfilmado ou digitalizado (Resolução CFM n. 1.821/2007, art. 8'., e NR-7, item 7.4,5.1);

c) Garantir a transferência dos arquivos necessários para o sucessor, em caso de substituição do médico coordenador do PCMSO (NR-7, item 7.4.5.2);

d) Abster-se de exigir a realização compulsória de sorologia para HIV nos exames médicos por ocasião da admissão, mudança de função, avaliação periódica, retorno, demissão ou outros ligados à relação de emprego (Resolução CFM ,n. 1.665/2003, art. 4', e Portaria MTE n.

1.246/2010, art. 2');

e) Manter arquivada a primeira via do Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) no local de trabalho, inclusive frente de trabalho ou canteiro de

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obra, à disposição da fiscalização do trabalho, entregando a segunda via do documento ao trabalhador, mediante recibo da primeira via (NR~7, itens 7.4.4.1 e 7.4.4.2);

f) Fornecer cópias aos trabalhadores dos exames médicos realizados, sempre que solicitado (Resolução CFM n. 1.488/1998, art. 1', 111).

A presente Recomendação está sujeita a verificação após o prazo de 60 (sessenta) dias, cabendo aos notificados manter documentação hábil à comprovação do cumprimento das respectivas obrigações e disponível para consulta e verificação por parte do Ministério Público do Trabalho ou por outros órgãos fiscalizadores competentes, sem a necessidade de encaminhar documentos previamente a qualquer dos órgãos.

.

A falta de adoção das providências recomendadas sujeitará os notificados as medidas cabíveis em sede extrajudicial e, se necessário, também no âmbito judicial, cabendo ressaltar a responsabilidade dos médicos do trabalho por atos que concorram para agravos

a

saúde dos trabalhadores (Resolução CFM n. 1.488/1998, art. 5').

Maringá, 24 de outubro de 2013.

FÁBIO AURÉLIO DA SILVA ALCURE Procurador do Trabalho

Coordenador da Procuradoria do Trabalho no Município de Maringá

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