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Superação de dormência e influência da temperatura, substrato e fotoperíodo na germinação de sementes de Erythrina crista-galli L.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes

DISSERTAÇÃO

Superação de dormência e influência da temperatura, substrato e fotoperíodo na germinação de sementes de Erythrina crista-galli L.

(FABACEAE)

Luciano Moura de Mello

Pelotas, 2011

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Luciano Moura de Mello

Superação de dormência e influência da temperatura, substrato e fotoperíodo na germinação de sementes de Erythrina crista-galli L.

(FABACEAE)

Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” da Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação do Prof. Dr. Francisco Amaral Villela, como requisito parcial do Programa de Pós- Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes da Universidade Federal de Pelotas, para a obtenção do Título de Mestre em Ciências.

Pelotas Julho, 2011

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Dados de catalogação na fonte:

(Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744)

M527s Mello, Luciano Moura de

Superação de dormência e influência da temperatura, substra- to e fotoperíodo na germinação de sementes de Erythrina crista- galli. L. / Luciano Moura de Mello; orientador Francisco Amaral Villela; co-orientadores Géri Eduardo Meneghello e Ana Carolina Silveira da Silva. - Pelotas, 2011. - 40f. : il..- Dissertação (Mestra- do) –Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2011.

1. Espécies florestais 2.Protocolo de germinação

3.Corticeira-do-banhado I Villela, Francisco Amaral (orientador) II .Título.

CDD 581.15

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Superação de dormência e influência da temperatura, substrato e fotoperíodo na germinação de sementes de Erytrhina crista-galli L.

(FABACEAE)

Luciano Moura de Mello

Comitê de Orientação:

Orientador: Prof. Dr. Francisco Amaral Villela (FAEM/UFPEL) Co-Orientador: Dr. Géri Eduardo Meneghello (FAEM/UFPEL)

Co-Orientadora: Dr. Ana Carolina Silveira da Silva (INTEC/URCAMP)

Comissão examinadora:

________________________________

Prof. Dr. Orlando Antonio Lucca Filho (FAEM/UFPEL)

_________________________

Dr. Géri Eduardo Meneghello (FAEM/UFPEL, Co-orientador) ____________________________

Dr. Ana Carolina Silveira da Silva (INTEC/URCAMP, Co-orientadora) ____________________________

Prof. Dr. Francisco Amaral Villela (FAEM/UFPEL, Orientador)

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Dedico este trabalho aos meus pais, à minha primeira filha Luísa, meu filho João Pedro e minha esposa Alexandra, por que à estas pessoas devo a experiência de viver e a motivação para ser cada vez mais útil a outros seres vivos deste planeta.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pela vida, pelos exemplos de honestidade e por terem guiado meus passos, até que eu pudesse decidir por mim, onde ir. E por estarem ao meu lado, por todos os caminhos que eu tenha escolhido.

À minha esposa, Alexandra, pelas orientações relativas a este trabalho, ao apoio e companheirismo de todos estes anos.

À minha filha Luísa e meu filho João Pedro. Por motivar minha determinação de ser, a cada dia, um homem melhor.

À meus orientadores, Prof. Dr. Francisco Villela, Prof. Dr, Géri Meneghello e à Profª. Dra. Ana Carolina, pelos ensinamentos transmitidos durante este período. Ao Prof. Orlando Antonio Lucca Filho por ter aceitado o convite para examinar e contribuir com este trabalho. Os frutos de seu esforço produziram sementes, mais uma vez...

À Universidade da Região da Campanha, pela confiança e pela oportunidade de ali ter desenvolvido este trabalho.

À Universidade Federal de Pelotas, pela honra de ali ter concluído mais esta etapa de minha vida acadêmica.

Por fim, a Deus, o Criador de todo o Universo, pela oportunidade que tem me dado de ser, todos os dias, menos ignorante do que fui no anterior... mas ainda (e para sempre) um humilde aprendiz...

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MELLO, Luciano Moura de. Superação de dormência e influência da temperatura, substrato e fotoperíodo na germinação de sementes de Erythrina crista-galli L. (FABACEAE). 40f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós- Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

RESUMO - Erythrina crista-galli L. (FABACEAE), conhecida no Rio Grande do Sul como Corticeira-do-banhado, é uma árvore natural do Brasil, Uruguai, Paraguai, leste da Bolívia e Argentina. É encontrada em várzeas pantanosas ou alagadiças, muito frequente nas formações de florestas de galerias e é cultivada para fins ornamentais e de restauração de ambientes naturais, uma vez que adapta-se bem a ambientes úmidos e relativamente secos e compõe as formações naturais de ampla área de distribuição. As Regras de Análises de Sementes - RAS (2009) não possuem orientações para a realização de testes de germinação da espécie. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de três tratamentos para a superação de dormência das sementes (Ácido sulfúrico, água quente e escarificação mecânica) e de condições para a realização de testes de germinação: dois substratos adequados ao tamanho das sementes de E. crista-galli (entre areia e entre papel, conforme estabelece as RAS 2009), e dos fotoperíodos de 8 e 16 horas de luz, submetidos às temperaturas de 15, 20, 25, 30 e 35 ºC e ainda realizar avaliações biométricas em frutos e sementes. Foram utilizadas sementes de frutos coletados de sete matrizes adultas em um fragmento de mata de galeria próximo à Barragem Emergencial do Piraizinho, em Bagé, RS (Coord.

31º 17’ 30.55’’S - 54º 10’ 22.55’’W), em janeiro de 2011. Os testes foram conduzidos no Laboratório de Análise de Sementes (LAS) do Instituto Biotecnológico de Reprodução Vegetal (INTEC), da Universidade da Região da Campanha, em Bagé, RS. Em função da pequena disponibilidade de sementes viáveis (46% do total coletado), foram utilizadas 4 repetições de 10 sementes em cada tratamento. O melhor desempenho nos testes de superação de dormência foi a escarificação mecânica com lixa nº 80, na extremidade oposta à micrópila (sem embebição) e posterior e assepsia com exposição por 5 min ao hipoclorito de sódio a 1 %. Foi realizado inicialmente o teste para determinar melhor substrato e fotoperíodo, sendo o experimento realizado à temperatura de 20-30ºC.

Os resultados dos testes mostraram que não houve diferença (Tukey, a 5%) entre nenhum dos tratamentos, tanto para os substratos testados quanto para os fotoperíodos. Porém, visando a simplificação das rotinas de trabalho em laboratório padronizou-se em testes posteriores o uso do substrato entre papel e o fotoperíodo de 8h de luz. Posteriormente realizou-se os testes nas temperaturas de 15, 20, 25, 30 e 35ºC. Dos resultados das avaliações verificou-se que a temperatura ótima para os testes de germinação de E. crista-galli (escarificadas mecanicamente, com assepsia com hipoclorito de sódio a 1% por 5 minutos, no substrato entre papel e com 8h de luz) foi a temperatura constante de 30ºC (temperatura de melhor desempenho do IVG), mesmo que não apresentasse diferença para a temperatura alternada de 20-30ºC. O Índice de Velocidade de Germinação (IVG) das sementes teve melhor desempenho também a 30ºC, com uma média de 46%.

Este resultado, entretanto, não apresentou diferença das médias verificadas nas temperaturas constantes de 20, 25 e alternada de 20-30ºC. A avaliação do tempo médio de germinação mostrou que à temperatura alternada de 20-30ºC a germinação apresentou melhor resultado, com 8 dias, seguido da temperatura de 30, 25 e 20ºC, sem apresentar diferenças estatísticas da primeira e variando estas, entre 8 e 9 dias.

Palavras-chave: Espécies Florestais. Protocolo de germinação. Corticeira-do-banhado.

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MELLO, Luciano Moura de. Break dormancy and influence of temperature, photoperiod and substrate on seed germination Erythrina crista-galli L.

(FABACEAE). 40f. Thesis (Masters) - Graduate Program in Science and Technology of Seeds. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

ABSTRAT - Erythrina crista-galli L. (FABACEAE), known in Rio Grande do Sul as Corticeira- do-banhado, the tree is a native of Brazil, Uruguay, Paraguay, eastern Bolivia and Argentina. It is found in swampy or marshy meadows, very common in the forest formations of galleries and is grown for ornamental purposes and restore natural environments, since it is well adapted to relatively dry and humid environments and natural formations composed of wide area distribution. The Rules for Seed Analysis - RAS (2009) have no guidelines for testing of germination of the species. The objective of this study was to evaluate the performance of three treatments to overcome seed dormancy (sulfuric acid, hot water and mechanical scarification) and conditions for the germination tests: two substrates suitable for the size of the seeds of E. crista-galli (sand and between paper, as stated in the RAS 2009), and photoperiod of 8 and 16 hours of light, subjected to temperatures of 15, 20, 25, 30 and 35°C and still perform biometric evaluations in fruits and seeds. Seeds from fruits collected from seven adult dies in a fragment of gallery forest near the Dam's Emergency Piraizinho in Bagé, RS (Coord.

31º 17' 30.55''S - 54º 10' 22.55''W) in January 2011. Tests were conducted at the Laboratory of Seed Analysis (LAS) Institute of Plant Breeding Biotechnology (INTEC), University of the Campaign, in Bagé, Brazil. Due to the limited availability of viable seeds (46% of the total collected), we used four replicates of 10 seeds in each treatment. The best performance on tests of dormancy breaking was the mechanical scarification with sandpaper nº 80, the end opposite the micropyle (no soaking) and sterilized and later with 5 min exposure to sodium hypochlorite 1%. Was initially carried out a test to determine best substrate and photoperiod, the experiment carried out at a temperature of 20-30ºC.

The test results showed no difference (Tukey, 5%) between any of the treatments for both substrates tested for photoperiods. However, in order to simplify the routine laboratory work on standardized tests after using the substrate between paper and a photoperiod of 8 hours of light. Of evaluation results showed that the optimum temperature for germination tests of E. crista-galli (scarified mechanically with sterile with sodium hypochlorite 1% for 5 minutes, the substrate between paper and 8h of light) was the constant temperature of 30º C (temperature of better performance of abortion), even if not presented with a difference for the alternating temperature of 20-30º C. The germination speed index (GSI) of the seeds also performed best at 30° C, with an average of 46%. This result, however, no difference of the average verified at constant temperatures of 20, 25 and alternating 20-30° C. The evaluation of the average time of germination showed that the temperature alternating 20-30° C germination showed the best result, with 8 days, followed by the temperature of 30, 25 and 20° C, with no differences of the first and varying these, between 8 and 9 days.

Keywords: Forest species. Germination protocol. Corticeira-do-banhado.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Aspectos morfológicos de E. crista-galli: (A) detalhe do caule, (B) planta adulta, (C) flores e (D) botões e folhas. Fotos: Luciano Moura de Mello, Bagé, 2011... 13 Figura 2. E. crista-galli L. var. crista-galli. A, fruto. B, semente. C, flor. D,

estandarte. E, quilha. F, androceu. G, gineceu. H, alas. I, inflorescência. J-K, M, folhas. L, estípulas da base da raquis. N, galho. (LOZANO & ZAPATER, 2010)... 14 Figura 3. Mapa de localização da área de estudos (Coordenadas

Geográficas: 31º 17’ 30.55’’S - 54º 10’ 22.55’’W), em Bagé, RS... 21

Figura 4. Mapa de localização da área amostrada (Barragem Emergencial do Piraizinho), Bagé, RS. 1-7: Pontos de Localização das matrizes. 23 Figura 5. Lepidópteros predadores de folhas e flores de Erythrina crista-galli.

(A). Automeris leucanella: A1. Vista dorsal; A2. Vista Ventral; A3 Vista dorsal sobre caule de E. crista-galli. (B). Espécime da Fam.

Arctidae. B1. Vista dorsal; B2. Vista Ventral; B3 Vista dorsal sobre caule de E. cristagalli. Fotos: Luciano Moura de Mello, Bagé, 2011... 28 Figura 6. Coleópteros causadores de danos em frutos e sementes de

Erythrina crista-galli. (A) Espécime da Família Curculionidae, subfamília Scolytinae, Pityophthorus sp. (B) Semente danificada por Scolytinae. (C) e (D) Espécimes 1. e 2. da Fam. Zopheridae e subfamília Colydiinae. Fotos: Biól. MSc. Lívia Dorneles Audino (UFLA, MG), 2011... 29 Figura 7. Danos causados por lagartas de Lepidoptera em botões florais (A-

C), frutos (D-E) e sementes (G-I) de E. crista-galli. Fotos: Luciano Moura de Mello, Bagé, 2011... 30 Figura 8. Frutos de E. crista-galli. (A) Fruto verde danificado por inseto. (B)

fruto em fase de deiscência e (C) fruto aberto. Fotos: Luciano Moura de Mello, Bagé, 2011... 31 Figura 9. Teste de germinação condizido com substrato entre areia,

fotoperíodo de 8h e temperatura alternada de 20-30ºC. Foto:

Luciano Moura de Mello, Bagé, 2011... 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Fenologia de Erythrina crista-galli em Santa Maria, RS, no período de março de 2002 a fevereiro de 2003 (Costa & Moraes, 2008)... 18

Tabela 2. Informações de localização e características da área selecionada para a coleta de dados... 22 Tabela 3. Dados gerais das matrizes e número de botões florais marcados

para o estudo maturidade fisiológica e frutificação, por matriz... 22 Tabela 4. Número médio de sementes de E. crista galli intactas (INT),

sementes danificadas (DAN) e chochas (CHO) por fruto... 31 Tabela 5. Tamanho e peso médio de frutos e sementes de E. crista-galli

intactas (INT), sementes danificadas (DAN) e chochas (CHO)... 31 Tabela 6. Média dos resultados do teste de superação de dormência de

Erythrina crista-galli... 32

Tabela 7. Média dos resultados do teste de germinação de Erythrina crista- galli entre papel e entre areia, conduzido a temperatura alternada de 20-30ºC... 32 Tabela 8. Média dos resultados do teste de Germinação (TG), Índice de

Velocidadde de Germinação (IVG) e Tempo Médio de Germinação (TMG) de Erythrina crista-galli, conduzido às temperaturas constantes de 15, 20 25, 30, 35ºC, e alternada de 20-30ºC, entre papel e com fotoperíodo de 8h... 33

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SUMÁRIO

Dedicatória Agradecimentos Resumo

Abstrat

Lista de Figuras Lista de Tabelas

1. Introdução ... 10

2. Revisão de Literatura ... 13

2.1. O gênero Erythrina e Erythrina crista-galli L. ... 13

2.2. Aspectos ecológicos e taxonômicos da E. crista-galli L. ... 15

2.3. Distribuição geográfica ... 15

2.4. Usos e aplicações de E. crista-galli L. ... 17

2.5. Biologia floral, polinização e frutificação ... 18

2.6. Aspectos da germinação de E. crista-galli L. ... 18

2.7. Armazenamento das sementes de E. crista-galli ... 19

2.8. Aspectos da proteção legal da espécie ... 20

3. Material e Métodos ... 21

3.1. Área do experimento ... 22

3.2. Matrizes ... 23

3.3. Coleta e classificação de sementes ... 23

3.4. Avaliação da qualidade física das sementes ... 23

3.5. Avaliação da qualidade fisiológica das sementes ... 24

3.6. Avaliação estatística ... 26

4. Resultados e discussão ... 27

4.1. Observações com relação à maturação fisiológica de E. crista-galli L. ... 27

4.2. Tipos de danos observados em frutos e sementes e agentes causais ... 28

4.3. Coleta das sementes ... 29

4.4. Número de sementes por kg e por fruto ... 30

4.5. Tamanho e peso médio de frutos e sementes ... 31

4.6. Teor de umidade ... 31

4.7. Teste de superação de dormência ... 32

4.8. Testes de germinação ... 32

5. Conclusões ... 33

6. Referências ... 34

7. Apêndice ... 38

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1. INTRODUÇÃO

A Corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli L., FABACEAE) é uma espécie arbórea, nativa do Brasil, cuja ocorrência estende-se pelo território de pelo menos mais quatro países do sul da América do Sul. Esta espécie florestal possui grande potencial na arborização de parques e jardins, além de reconhecida importância na recomposição de ambientes degradados. Sua ocorrência normalmente está relacionada a ambientes úmidos e orlas de matas de galerias mas pode adaptar-se a ambientes mais secos, explorando as características de planta pioneira. Planta de polinização zoocórica, auto-compatível, desenvolve importantes interações ecológicas com diferentes grupos animais e possibilita, normalmente a fixação de espécies epífitas, constitui-se em elemento de destacado valor ecológico nos sistemas naturais onde ocorre.

No Estado do Rio Grande do Sul, sua ocorrência nos ambientes naturais é reconhecida e protegida especialmente por lei. O Artigo 33 da Lei Estadual 9.519/92, que institui o Código Florestal no Rio Grande do Sul, protege as diversas formas de vegetação, sendo estas consideradas bens de interesse comum a todos os habitantes do Estado. Esta cominação legal estabelece a defesa especial de Figueiras (Ficus sp.) e as Corticeiras (Erythrina sp.), bem como duas espécies de Prosopis: P. nigra (Algarrobo) e P. affinis (Inhaduvá).

Ainda que a conservação da Corticeira-do-banhado esteja legalmente assegurada no Estado, o avanço de áreas agrícolas no Rio Grande do Sul, especialmente orizícolas que progridem sobre áreas úmidas com ocupação banhados e orlas de matas ciliares até os limites mínimos definidos pela legislação, quando não a eliminação, tornam a redução do número de indivíduos nestes ambientes uma preocupação constante.

Reconhecidas as funções ecológicas desempenhadas pelas Corticeiras nos ambientes úmidos e matas ciliares, há, contudo, relativamente pouca informação que possa subsidiar a avaliação da qualidade de sementes e dos processos de germinação. A consolidação destas informações deverá gerar, como objeto final, a

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sistematização dos processos de avaliação de sementes e a produção de mudas para a recomposição dos ambientes impactados.

As Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009) não citam a metodologia a ser utilizada para avaliação da germinação de E. crista-galli. Neste trabalho busca- se testar as condições mais adequadas para a germinação de sementes de E.

crista-galli, associando estes dados com uma proposta para definição de metodologias para a análise de sementes. O trabalho justifica-se pela importância ecológica dos ambientes ocupados pela espécie e pela sua proteção legal que lhe é relegada, do que demanda investimentos especiais em produção de mudas para recomposição de ambientes degradados por diversas atividades humanas e eventos de ordem natural.

Este trabalho teve o objetivo de avaliar métodos para superação de dormência e a influência de substrato, fotoperíodo e temperatura na germinação de sementes de E. crista-galli.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O gênero Erythrina e Erythrina crista-galli L.

O gênero Erythrina pertence à família Fabaceae (Cronquist, 1981) e ocorre nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, possuindo, segundo Ferreira &

Assumpção (1978), cerca de 104 espécies, das quais 51 são americanas, 32 africanas, 18 asiáticas e 3 australianas. Em trabalho recente de revisão do gênero para a Argentina Lozano & Zapater (2010), defendem a existência de 120 espécies de árvores e arbustos no gênero.

Para alguns autores, como Joly (1998), Erythrina crista-galli L., é pertencente à família Leguminosae, subfamília Faboideae. Entretanto, Cronquist (1981) e Longhi (1995) enquadram o gênero Erythrina, bem como os demais gêneros pertencentes à subfamília Faboideae, como componentes da família Fabaceae. As duas classificações são aceitas pela comunidade científica, no entanto, neste trabalho será utilizada a classificação de Cronquist (1981) pelo maior consenso dos autores em torno desta classificação, sendo a família tratada como Fabaceae, conforme já apresentado anteriormente.

O nome Erythrina deriva de “erytros” (do grego: vermelho, em uma alusão à cor de suas flores). Apesar de apresentar-se naturalmente em locais com solos muito úmidos e alagados, componente da vegetação higrófita, adapta-se muito bem a ambientes diversos e relativamente secos, podendo ser usada amplamente em paisagismo urbano (GRATIERI-SOSSELLA, 2005). Planta cultivada para fins ornamentais, sendo aplicada a praças e jardins, assim como para a restauração ambiental (SILVA et al.,2006), sendo também utilizada em áreas degradadas.

Erythrina crista-galli, conhecida no Rio Grande do Sul como Corticeira-do- banhado (na Argentina e Uruguai conhecida "seibo común", "gallito", "seibo entrerriano", "árbol de coral", conforme Lozano & Zapater (2010), é planta fixadora de nitrogênio, medindo de 6 a 10 metros de altura (Lozano & Zapater, 2010), caule com pouco numerosos e fortes acúleos (às vezes ausentes em plantas adultas), proporcionalmente grosso (60 cm de diâmetro ou mais). Caule tortuoso e suberoso

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(Figura 1.A e 1.B) de coloração acastanhada, ramos cilíndricos, longos; as folhas (Figura 1.D.) apresentam pecíolos longos com ou sem acúleos, pinadas, compostas por três folíolos peciolados rígidos, verde-escura dependendo da idade da planta, e brilhante na parte superior, glabros, um pouco mais claros e freqüentemente glaucos na parte inferior, sendo que na base de cada folíolo lateral existe uma glândula e na base do folíolo terminal duas glândulas (CORRÊA, 1984). A copa é irregular, principalmente no período do inverno, quando é observado o ramo arqueado, dilatado na base e pontiagudo nas extremidades com folhagem decídua (SANTOS &

TEIXEIRA, 2001). Os pedúnculos florais podem se apresentar solitários ou fasciculados, não bracteados, com flores de coloração que vai de rósea, em ambientes quentes, a vermelho vivo em locais mais frios (LORENZI, 1992;

BRANDÃO, 2002). Na região sul do Brasil as flores são vermelhas, fato que leva Lorenzi (1992) a tratá-la como raça geográfica.

Figura 1. Aspectos morfológicos de E. crista-galli: (A) detalhe do caule, (B) planta adulta, (C) flores e (D) botões e folhas. Fotos: Luciano Moura de Mello, Bagé, 2011.

As flores dispostas em racemos ou cachos terminais possuem cálice campanulado envolvendo o estandarte longo-ovado, enrolado e curvo. Esta espécie

A B

C D

13

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possui inflorescência do tipo racemo (Figura 1.C e 1.D), com cinco pétalas de cor vermelha, uma grande oval, duas pétalas alongadas em forma de quilha que se fundem envolvendo os estames e pétalas reduzidas. Flores andrógenas, com 9 estames fundidos e um separado. Possui nectário com muita produção de néctar ao fundo do cálice e tem seu ovário como súpero (TREVISANI, 2010).

O fruto é uma vagem pedunculada medindo até 15 cm de comprimento, aguda nas extremidades, contendo 6-12 sementes oblongas de cor castanha, hilo lateral branco (Figura 2), similar a feijões comuns (LORENZI, 1992).

Figura 2. E. crista-galli L. var. crista-galli. A, fruto. B, semente. C, flor. D, estandarte. E, quilha. F, androceu. G, gineceu. H, alas. I, inflorescência. J-K, M, folhas. L, estípulas da base da raquis. N, galho (LOZANO & ZAPATER, 2010).

14

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2.2. Aspectos ecológicos da Erythrina crista-galli L.

A espécie é geralmente encontrada em lugares ensolarados, sendo claramente dependentes de luz, não ocorrendo no sub-bosque. Presente em clareiras ou nas bordas das florestas, sua dispersão é maior nas formações secundárias, como capoeiras, sendo raramente encontradas no interior da mata densa (GANDOLFI & RODRIGUES, 1996).

Pertencendo ao grupo das pioneiras em sucessões ecológicas (IBGE, 1986;

Roderjan et al, 2002; Lorenzi, 1992), é classificada como higrófita por Corrêa (1984);

IBGE (1986); Reitz et al, (1988); Lorenzi (1992) e Paz & Bassagoda (2002). A dormência tegumentar, conforme verificada nesta espécie por Silva et al. (2006), é muito frequente em leguminosas e espécies do grupo ecológico das pioneiras (BACKES & IRGANG, 2002).

Apesar de produzir anualmente boa quantidade de sementes, estas sofrem predação por insetos, diminuindo seu potencial de regeneração natural (MACHADO

& FERREIRA, 1978; LORENZI, 1992). Floresce predominantemente durante os meses de setembro a dezembro, sendo a época de floração intimamente ligada ao fator climático temperatura. A maturação dos frutos é verificada de janeiro a março (LORENZI, 1992; BRANDÃO, 2002). O tronco rugoso e corticoso é frequentemente ocupado por plantas epífitas, o que amplia sua importância ecológica. Erythrina é um gênero inteiramente ornitófilo e seus polinizadores são principalmente aves da Ordem Passeriformes e beija-flores (Bruneau, 1996; Etcheverry & Trucco Aleman, 2005; Lozano & Zapater, 2010) mas ainda existem registros de polinização entomófila (LOZANO & ZAPATER, 2010). As flores vermelhas e com grande quantidade de néctar, atraem abelhas (Galetto et al., 2000) sendo referida por Brandão (2002) como importante espécie apícola.

2.3. Distribuição geográfica

Erythrina crista-galli L., espécie arbórea natural do Brasil, Uruguai e Argentina, tem ocorrência em nosso país, em várzeas pantanosas ou alagadiças desde o Maranhão até o Rio Grande do Sul (LORENZI, 1992). Segundo Lozano &

Zapater (2010) é naturalmente encontrada ainda no Paraguai e leste da Bolívia. Em Minas Gerais, ocorre sobre terrenos aluviais nas bacias do rio Grande e do rio São 15

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Francisco (BRANDÃO, 2002). No Rio Grande do Sul tem larga área de ocorrência, sendo encontrada desde as Florestas pluviais da Encosta Atlântica, em Torres e Osório, até áreas do Sudeste ou escudo Riograndense, bacia do rio Ibicuí, bacia do rio Jacuí, Depressão Central, e na região do Planalto, na Floresta de Araucárias e Campanha sul-riograndense. Faz parte da vegetação higrófita das planícies litorâneas e lacustres da restinga, especialmente na zona lacustre dos banhados do Taim, no Rio Grande do Sul. No parque do Espinilho, na região do Sudoeste, a Corticeira-do-banhado é muito freqüente na formação das florestas de galerias (REITZ et al., 1988).

Em levantamento de recursos naturais e fitogeográficos do Rio Grande do Sul, realizado pelo IBGE (1986), a presença de Erythrina crista-galli foi listada para todas as regiões fitoecológicas, que são: planalto sul riograndense: em florestas de galeria; nas savanas em formações gramíneo-lenhosas; em estepes ao longo das drenagens que apresentam deposições recentes periodicamente inundáveis, as galerias são descontínuas e abertas, formadas por E. crista-galli...” (Teixeira et al., 1986); na savana estépica gramíneo-lenhosa (IBGE, 1986; Girardi-Deiro et al, 2002)... nos locais de relevo ondulado e solo profundo, as florestas de galeria, em forma de aléias ao longo das drenagens são dominadas por Erythrina crista-galli...”

(Teixeira et al., 1986); Em floresta estacional semidecidual; em floresta aluvial em áreas freqüentemente inundáveis e de drenagem lenta; em floresta ombrófila mista (IBGE, 1986) e em formações pioneiras de influência fluvial (IBGE, 1986;

RODERJAN et al., 2002).

Denominam-se “Capões” os fragmentos florestais de tamanhos diversos, distribuídos esparsamente nas áreas campestres (Marchiori, 2002), sendo a principal apresentação da Corticeira na paisagem além daquelas típicas ocupações em áreas úmidas e orlas de florestas de galeria.

A distribuição de plantas em escala global define os principais elementos florísticos, ou seja, conjunto de táxons que apresentam áreas de ocorrência ou centros de riqueza semelhantes e que, supostamente, foram submetidas a eventos paleogeográficos similares. A família Fabaceae, incluindo o gênero Erythrina, são representantes da flora nativa do Rio Grande do Sul, relatado por Waechter (2002) no elemento pantropical, que engloba a flora tropical amplamente distribuída, ao menos em regiões tropicais e subtropicais americanas, africanas e asiáticas. Esse 16

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elemento florístico foi reconhecido por Balbuíno Rambo em diferentes publicações e é correspondente ou aproximado por Waechter (2002).

Em regiões fronteiriças entre o Brasil e o Uruguai, Paz & Bassagoda (2002) ao estudarem plantas que compõem os bosques principalmente árvores e arbustos, encontraram 54 famílias, sendo a Fabaceae a que possui maior número de gêneros, com 21 gêneros e 49 espécies. Dentre as espécies hidrófitas, os mesmos autores citam o “ceibo” (E. crista-galli), como a mais freqüente, em contato direto com a água ou em solos saturados. Relatam ainda para a Província Uruguaiense a presença endêmica de E. crista-galli var. leucochlora.

Um tipo de comunidade lenhosa uruguaia formada por agrupamentos de árvores ou arbustos, denominada “matorral”, constituindo comunidades, recebem nomes de acordo com a espécie dominante. Na Argentina, a ocorrência de E. crista- galli var. leucochloa é descartada por Lozano & Zapater (2010), citada para Uruguai também por Fortunato (2008).

Para agrupamentos de espécies hidrófitas onde predominam as corticeiras- do-banhado, Paz & Bassagoda (2002) referem ao “ceibal” como conjunto de ceibos ou comunidades compostas de E. crista-galli L.

2.4. Usos e aplicações de E. crista-galli L.

A crescente procura de sementes de espécies arbóreas nativas, principalmente na Região Centro-Sul do Brasil, deve-se ao seu uso cada vez mais intenso em programas de recuperação ambiental e de conservação de recursos hídricos (FIGLIOLIA & PIÑA-RODRIGUES, 1995).

As Eritrinas encontradas no Brasil são ornamentais e adequadas para o paisagismo e recuperação ambiental (MAIXNER & FERREIRA, 1977/78; BACKES &

IRGANG, 2002; BRANDÃO et al., 2002). Os usos tradicionais das diversas partes da árvore incluem artefatos rurais e musicais, medicamentos e material para tingimento (Demaio et al., 2002; Echeverri, 2005) bem como bóias artesanais para pesca.

Atualmente seu cultivo tem maior interesse na restauração ambiental e para fins ornamentais (Lorenzi, 1998; Longhi, 1995; Demaio et al., 2002) podendo ser usado na recuperação de áreas degradadas (sendo uma planta pioneira), com uso restrito no adensamento florestal em função da sua baixa adaptação a ambientes muito sombreados nas fases jovens e na arborização pública, em parques e jardins.

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2.5. Polinização, Maturidade fisiológica, e frutificação

Em estudo buscando determinar a maturidade fisiológica das sementes, Lazarotto et al. (2001) verificaram que as árvores matrizes apresentavam, em média, 64 flores por inflorescência, formando 11 frutos por inflorescência (17% das flores) nos quais formavam-se, aproximadamente, 14 sementes, sendo que destas, em média dez foram abortadas (71%) e apenas quatro (29%) completavam sua maturação.

No Brasil, as flores de Erythrina são visitadas por insetos (principalmente abelhas) e aves (beija-flores e Passeriformes), ambos apresentando comportamento de possíveis polinizadores (VITALI-VEIGA & MACHADO, 2000; RAGUSA-NETO, 2002; ALMEIDA & ALVES, 2003; MENDONÇA & ANJOS, 2006).

Em estudo realizado em florestas cultivadas e naturais da Argentina e Uruguai, em latitudes próximas ao Rio Grande do Sul, Galetto et al. (2000), registraram as abelhas Apis mellifera e Xylocopa sp. como os principais polinizadores de E. crista-galli, além de quatro espécies de beija-flores.

A fenologia da corticeira-do-banhado na região de Santa Maria, RS, apresentada por Costa & Moraes (2008) pode ser observada na Tabela 1.

TABELA 1: Fenologia de Erythrina crista-galli em Santa Maria, RS, no período de março de 2002 a fevereiro de 2003 (adaptado de Costa & Moraes, 2008).

Fenofases Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Floração

Frutificação Queda foliar Brotação

Na tabela acima, observa-se que no mês de março, segundo os autores, há a ocorrência de um período curto de floração, no entanto, não se observa a formação de frutos dela decorrentes.

2.6. Aspectos da maturação fisiológica e germinação de E. crista-galli L.

Nas Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009) não são encontradas informações sobre a germinação das sementes do gênero Erythrina, dificultando a 18

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condução dos testes e a propagação do gênero através desse método, que também é dificultado por problemas fitossanitários relacionados às sementes (GRATIERI- SOSSELLA, 2005).

De acordo com Carpanezzi et al. (2001), em populações naturais bem conservadas, somente 6% das flores da Corticeira-do-banhado desenvolvem sementes. Segundo Lazarotto et al. (2011), isso decorre da autogamia, frequente em muitos locais de coleta brasileiros, onde houve fragmentação da floresta original.

Segundo Silva et al. (2006), as sementes de E. crista-galli possuem dormência tegumentar acentuada, com o grupo testemunha apresentando germinação entre 2% e 13%. Os métodos de superação de dormência tegumentar testados demonstraram alta germinação das sementes quando submetidas à escarificação química com ácido sulfúrico comercial padrão (ACS, d=1,84 g/cm³, por 30 minutos) alcançando valores até 95% e menor desempenho, com escarificação térmica (máximo de 43%).

As sementes de E. crista-galli L., segundo Lazarotto et al. (2011), apresentam dormência após a maturação fisiológica, com germinação muito baixa na décima semana após a antese e o ponto de maturidade fisiológica, nas condições de Santa Maria (RS), ocorre na oitava semana após a antese, sendo este o momento ideal de coleta das sementes, pois o comprimento dos frutos, largura comprimento, espessura, teor de água, massa fresca e seca das sementes atingem seus valores máximos.

2.7. Armazenamento das sementes de E. crista-galli

As sementes, conforme Silva et al. (2006), conservam seu poder germinativo após armazenamento por 27 meses em saco de papel em câmara fria (5°C e 98%

de umidade relativa do ar). Sementes armazenadas nestas condições apresentaram 95% de germinação após o armazenamento. A Corticeira-do-banhado segundo este autor comporta-se como não-recalcitrante, no entanto, as condições de temperatura do armazenamento indicam ser ortodoxa e excluindo-se a possibilidade de que tenha comportamento intermediário, o que é confirmado por Neill (1993), uma vez que defende que as sementes da maioria das espécies de Erythrina podem ser armazenadas com sucesso por muitos anos, em câmara com cerca de 5°C e 30% a 40% de umidade relativa.

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2.8. Aspectos da proteção legal da espécie

A espécie é imune ao corte no Estado do Rio Grande do Sul, segundo a Lei Estadual 9.519/92, que protege as corticeiras em todos os casos, exigindo imediata reposição da espécie em caso de sua eliminação. O Artigo 33 da referida Lei Estadual, estabelece que fica proibido, em todo o território do Estado, o corte de espécies nativas de figueiras do gênero Ficus e de corticeiras do gênero Erytrina.

Estabelece ainda (Artigo 34) que o corte das espécies somente poderá ser autorizado pelo órgão florestal Estadual, em caráter excepcional, se a medida for imprescindível à execução de obras de relevante utilidade pública ou interesse social do Estado e as espécies não forem passíveis de transplante sem risco a sua sobrevivência (Art. 34 com redação dada pela Lei n.º 11.026, de 05 de novembro de 1997). Ainda assim, na hipótese prevista no "caput" do artigo 34, o responsável pela obra ficará obrigado a replantar 15 (quinze) exemplares para cada espécie cortada, de preferência em local próximo àquele em que ocorreu o corte ou a critério do Órgão florestal do Estado. (parágrafo único acrescentado pela Lei n.º 11.026, de 05 de novembro de 1997).

A Lei estabelece ainda que a infração ao disposto no artigo 33 importará na apreensão e perda do produto; já a infração ao disposto no artigo 34 importará na perda e apreensão do produto, bem como em multa ao infrator, correspondente ao valor de 100 (cem) a 300 (trezentas) UPFs-RS1, sem que a aplicação destas multas, prejudiquem as sanções penais e administrativas dispostas em Lei Federal, ficando, o infrator obrigado a promover a recomposição do ambiente, através da execução de projeto, previamente aprovado pelo órgão florestal competente.

Apesar da importância da espécie, particularmente afirmada pela regulamentação legal de sua proteção no Estado do Rio Grande do Sul, estudos sobre a tecnologia de suas sementes e produção de mudas ainda são escassos bem como não são raros, os casos se supressão indiscriminada de exemplares desta espécie a fim de ampliar as áreas agriculturáveis nas baixadas úmidas e margens de zonas de drenagens.

1 Unidade Padrão Fiscal: valor no ano de 2011 (RS): R$ 12,1913 (IN/RE nº 085/10, de 27/12/2010)

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área do experimento

As matrizes estão localizadas em um fragmento de mata ciliar, situado em trecho de floresta de galeria na região da Barragem Emergencial do Piraizinho, uma das fontes de abastecimento de água do município de Bagé, RS, distando cerca de 3.000m da zona perimetral urbana deste município. A área selecionada para a coleta de dados está identificada na área da Figura 3 e seus dados de localização e características particulares estão demonstrados na Tabela 2.

Figura 3. Mapa de localização da área de estudos (Coordenadas Geográficas: 31º 17’ 30.55’’S 54º 10’ 22.55’’W2), em Bagé, RS.

Segundo a classificação de KÖPPEN, as áreas correspondem ao clima mesotérmico, tipo subtropical da classe Cfa., com chuvas regularmente distribuídas

2 GPS eTrax Garmin Vista, DATUM SAD-69 (South American Datum, 1969).

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durante o ano. O Município está situado a 218 metros acima do nível do mar. A precipitação pluvial média anual é de 1.465.6 mm (segundo as médias climatológicas), com uma variação de 20% (ver Apêndice único: Precipitação pluvial média mensal na área de estudo, entre os meses de janeiro de 2010 a janeiro de 2011 e médias climatológicas de 1960 a 1990).

A distribuição desta precipitação durante o ano situa-se em torno de 34% no inverno, 25% na primavera, 25% no outono e 16% no verão. A temperatura média anual é de 17,6° C. A média do mês mais quente (janeiro) é de 24° C e do mês mais frio (junho) 12,5°C mas temperaturas extremas podem variar entre - 4° C a 41° C. A insolação anual é de 2.444 horas.

Tabela 2. Informações de localização e características da área selecionada para a coleta de dados.

ÁREA Área

(ha)

Coordenadas Geográficas

Microbacia Hidrográfica Barragem Emergencial

do Piraizinho 2,3 31º 17’ 30.55’’S

54º 10’ 22.55’’W

U080 – Rio Negro (Arroio Piraizinho)

3.2. Matrizes

Para o ensaio de monitoramento da antese e a frutificação, foram selecionadas 7 matrizes adultas no fragmento do Ponto 1 (Figura 4.), sendo marcados, nestas matrizes, um número variável de botões florais de acordo com a disponibilidade de cada uma.

Na Tabela 3. são apresentados os dados do número de botões florais marcados, a altura e Diâmetro à Altura do Peito (DAP), de cada matriz.

Tabela 3. Dados gerais das matrizes e número de botões florais marcados para o estudo maturidade fisiológica e frutificação, por matriz (M).

Matriz Altura (m) DAP (cm) 27 Nov 10 06 Dez 10 14 Dez 10 26 Dez 10 TOTAL

M1 5,5 13,6 10 20 20 20 70

M2 4,4 9,2 18 10 19 0 47

M3 6,1 16,8 10 15 12 0 37

M4 8,2 54,1 10 15 10 0 35

M5 6,8 33,1 10 15 30 43 98

M6 5,6 14,7 10 05 05 0 20

M7 4,7 13,1 05 10 15 0 30

Total por dia 73 90 111 63

Total de botões marcados 337

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(25)

Figura 4. Mapa de localização da área amostrada (Barragem Emergencial do Piraizinho), Bagé, RS. 1-7: pontos de localização das matrizes.

(FONTE: Google Earth ®, acesso em 03 de julho de 2011).

3.3 Coleta e classificação de sementes

As atividades de coleta de frutos e sementes foram realizadas nos dias 05, 13, 18, 24, 28 e 31 de janeiro de 2011. Foram coletados 800 frutos maduros do conjunto de matrizes do ponto (entre 100 e 130 frutos por matriz) e separadas as suas sementes. Foram considerados frutos maduros aqueles que apresentaram início do rompimento das vagens. As sementes coletadas foram divididas em:

intactas, chochas e danificadas (presença de pelo menos um orifício causado por insetos brocadores ou outros tipos de danos que pudessem inviabilizar a semente formada). Todas as sementes obtidas dos seis frutos formados a partir de botões marcados foram coletadas e incluídas nos lotes.

3.4. Avaliação da qualidade física das Sementes

As análises foram realizadas no Laboratório de Análise de Sementes (LAS) do Instituto Biotecnológico de Reprodução Vegetal (INTEC) da Universidade da Região da Campanha (URCAMP), Bagé.

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(26)

Os frutos foram avaliados quanto à cor baseado na carta de cores de tecido vegetal (Munsell Color Charts, 1977).

Foram realizadas as seguintes avaliações físicas nas sementes coletadas:

3.4.1. Número de sementes por kg - obtido dividindo 1.000g de sementes pela média do peso das sementes.

3.4.2. Tamanho e peso médio dos frutos - obtido a partir da média de três repetições de 30 frutos, selecionados aleatoriamente no lote de 800 frutos obtidos do ponto de amostragem, aferidos por meio de paquímetro com precisão de 0,01mm. Para a avaliação do peso dos frutos usou-se a média de cinco repetições de 30 frutos inteiros, avaliados por meio de balança digital de precisão. O resultado foi expresso em gramas.

3.4.3. Número médio de sementes por fruto - avaliado segundo as classes: sementes intactas, danificadas por insetos e chochas, dividindo-se o total de sementes obtidas nas amostras pelo total de frutos (n=800).

3.4.4. Tamanho e peso médio das sementes - O comprimento e a largura foram avaliados por meio de paquímetro, empregando três repetições de 30 sementes. O peso médio das sementes foi obtido utilizando-se 30 sementes coletadas aleatoriamente no lote sementes intactas e danificadas. O resultado foi expresso em gramas.

3.4.5. Peso de mil sementes - obtido pela média de 8 repetições de 100 sementes por cada grupo (intactas, danificadas e chochas), conforme estabelece as RAS (Brasil, 2009). O resultado foi expresso em gramas.

3.4.6. Determinação do teor de água - determinado adotando-se o método da estufa a 105±3°C, durante 24h, de acordo com as RAS (BRASIL, 2009).

3.5. Avaliação da qualidade fisiológica das sementes

3.5.1. Superação de dormência

As sementes foram submetidas a três métodos de superação de dormência, que foram comparados com um grupo testemunha (sem superação). Os métodos utilizados foram: a) ácido sulfúrico comercial padrão ACS, d=1,84 g/cm³, por 30 minutos; b) água quente à 80ºC sem aquecimento. Neste procedimento as 24

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sementes foram submersas em água quente (80ºC) e permaneceram até que a água até que atingisse a temperatura ambiente (25ºC); c) escarificação mecânica com lixa para madeira nº 80, na extremidade oposta à micrópila (sem embebição) até que o aparecimento do endosperma da semente.

Após os procedimentos de superação de dormência, as sementes foram submetidas ao processo de assepsia com hipoclorito de sódio a 1% e 3 gotas de detergente líquido durante 5 minutos. Após, foram lavadas com 200ml de água autoclavada (MUNIZ et al., 2007).

Os ensaios foram realizados em germinadores tipo BOD em temperatura alternada de 20-30ºC.

3.5.2. Avaliação do substrato, fotoperíodo e temperatura para o teste de germinação de Erythrina crista-galli L.

Foram testados para a germinação de E. crista-galli, os substratos entre areia (EA) e entre papel (EP), nos fotoperíodos 8 e 16h e nas temperaturas de 15, 20, 25, 30 e 35ºC.

Em um teste preliminar foram submetidas 4 repetições de 10 sementes nos dois substratos testados: entre areia (EA) e entre Papel (EP), nos fotoperíodos de 8 e 16 horas de luz, e submetidas a uma temperatura de 20-30°C.

Após à determinação da melhor combinação de substrato e fotoperíodo para a germinação em função dos resultados obtidos, foram testadas as demais condições de temperatura (15, 20, 25, 30 e 35ºC).

Todos os testes de germinação foram conduzidos em germinadores do tipo BOD. Os demais testes foram realizados com mesmo número de sementes e repetições.

3.5.3. Tempo Médio de Germinação (TMG)

Para a avaliação do tempo médio de germinação seguiu-se a metodologia proposta por Silva & Nakagawa (1995), com base no número de sementes germinadas diariamente durante os vinte e um dias testes do teste de germinação.

3.5.4. Índice de Velocidade de Germinação (IVG)

Foram realizadas contagens diárias durante o teste de germinação. O critério de germinação foi a protrusão radicular, considerando-se plântulas normais aquelas que possuíram raiz primária com, no mínimo, 2mm de comprimento.

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(28)

O cálculo do IVG foi realizado conforme a fórmula de Maguire (1962), sugerida por Nakagawa (1999), utilizando-se a seguite fórmula:

IVG = E1/ N1 + E2/ N2 +...+ En/ Nn, sendo:

E1, E2, ..., En = nº plântulas emergidas, computadas na primeira, segunda, ... e última contagem.

N1, N2, ..., Nn = nº de dias de semeadura à primeira, segunda, ... e última contagem.

3.6. Avaliação estatística

Foi utilizado para o experimento o delineamento inteiramente casualizado e foram utilizados os softwares SASM-Agri e WinStat para a análise de variância e a comparação de médias pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Observações com relação à maturidade fisiológica de Erythrina crista-galli

Embora inicialmente se pretendesse determinar o ponto de maturidade fisiológica desta espécie, não foi possível tendo como referência a antese floral.

Os botões florais marcados (n=337) apresentaram significativo aborto floral e predação por insetos (como os lepidópteros Automeris leucanella, Família Saturniidae e membros da Família Arctidae, entre outras espécies de lepidópteros, apresentados na Figura 5. e relacionados aos danos em folhas e botões florais, e coleópteros, como os espécimes 1. e 2. da Família Zopheridae, subfamília Colydiinae e o espécime da Família Curculionidae, subfamília Scolytinae, Pityophthorus sp., Figura 6., que estão relacionados à danos em frutos e sementes).

Dos botões florais marcados somente seis completaram o desenvolvimento com a frutificação (1,78%), os quais produziram 39 sementes (média de 6,5 sementes/fruto), sendo 08 sementes intactas, 03 chochas e 28 danificadas. A baixa produção de frutos e sementes nesta espécie em decorrência dos abortos florais está de acordo com Galetto et al. (2000) ao associarem à alta taxa de predação por insetos, embora seja compensada pela grande produção de flores nos racemos.

Além deste, outro elemento complicador na utilização da antese como referência para a maturidade fisiológica das sementes é o fato de as flores, em cada racemo, desenvolverem a antese em períodos distintos, da região proximal para a distal. Esta ocorrência é característica deste tipo de inflorescência, o que exclui a antese como melhor critério aplicável, uma vez que qualquer investigação sobre maturidade fisiológica das sementes exigiria a marcação de um grande número de flores com baixa viabilidade, individualmente.

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Figura 5. Lepidópteros predadores de folhas e flores de Erythrina crista-galli.

(A). Automeris leucanella: A1. Vista dorsal; A2. Vista Ventral; A3 Vista dorsal sobre caule de E. crista-galli. (B). Espécime da Fam. Arctidae.

B1. Vista dorsal; B2. Vista Ventral; B3 Vista dorsal sobre caule de E.

cristagalli. Fotos: Luciano Moura de Mello, Bagé, 2011.

Os dados sobre o tamanho médio dos racemos confirmam os de Gratieri- Sossella (2005), ao alcançarem comprimento média em torno de 40 cm, no entanto, a avaliação de 10 racemos com botões florais completamente formados indicaram uma maior quantidade de botões por racemo (n=54) do que indicou o mesmo autor (n=40), que levaram uma média de 10 dias para a abertura total dos botões.

4.2 Tipos de danos observados em frutos e sementes e agentes causais

Pode-se observar danos muito freqüentes como a perfuração de frutos e sementes por insetos (Figura 6.B e 7.), inviabilizando totalmente estas sementes conforme pode-se verificar através dos resultados do teste de germinação (sem superação de dormência).

Os principais insetos relacionados à perfuração de sementes foram os espécimes da Fam. Curculionidae, subfamília Scolytinae, Pityophthorus sp. Em uma única semente analisada podem ser encontrados até 22 destes animais.

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Figura 6. Coleópteros causadores de danos em frutos e sementes de Erythrina crista-galli. (A) Espécime da Família Curculionidae, subfamília Scolytinae, Pityophthorus sp. (B) Semente danificada por Scolytinae.

(C) e (D) Espécimes 1. e 2. da Fam. Zopheridae e subfamília Colydiinae. Fotos: Biól. MSc. Lívia Dorneles Audino (UFLA, MG), 2011.

Embora não se conheça exatamente os hábitos alimentares dos dois espécimes da Fam. Zopheridae e subfamília Colydiinae, este grupo pode se alimentar de fungo, de matéria vegetal morta, podendo ainda algumas espécies predar coleópteros da subfamília Scolytinae, o que indica a possibilidade de serem encontrados no interior de frutos predando os Scolytinae (Pityophthorus sp.) que perfuram as sementes.

4.3. Coleta das sementes

Foram coletados 800 frutos do conjunto de matrizes de cada ponto, distribuídos entre 100 e 130 frutos coletados por matriz. Os frutos colhidos apresentavam a coloração 2,5 YR 2/4 (Tab. Munsell).

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A B

C D

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Figura 7. Danos causados por lagartas de Lepidoptera em botões florais (A-C), frutos (D-E) e sementes (G-I) de E. crista-galli. Fotos: Luciano Moura de Mello, Bagé, 2011.

Dos 800 frutos coletados (Figura 8) foram obtidas 3.484 sementes assim distribuídas: intactas: 1.608 (média de 46,15%), danificadas por insetos: 1.563 (média de 44,86%) e chochas 313 (média de 8,98%).

4.4. Número de sementes por kg e por fruto

O lote de sementes coletadas indicou uma média de 1.178 sementes intactas/kg. A quantidade média de sementes por fruto está indicada na Tabela 4.

30

(33)

Figura 8. Frutos de E. crista-galli. (A) Fruto verde danificado por inseto. (B) fruto em fase de deiscência e (C) fruto aberto. Fotos: Luciano Moura de Mello, Bagé, 2011.

Tabela 4. Número médio de sementes de E. crista-galli intactas (INT); sementes danificadas (DAN) e sementes chochas (CHO) por fruto.

SEMENTES POR FRUTO (nº)

Total de Frutos INT DAN CHO

800 2,01 1,95 0,39

4.5. Tamanho e peso médio de frutos e sementes

Os dados coletados a respeito do tamanho e peso médio de frutos e mil sementes estão apresentados na Tabela 5.

Tabela 5. Tamanho e peso médio de frutos e mil sementes de E. crista-galli: INT (sementes intactas); DAN (sementes danificadas) e CHO (sementes chochas).

FRUTO SEMENTE

Medidas (cm) Peso de mil sementes (g) Tamanho

médio (cm)

Peso médio (g)

Comprimento Médio

Largura

média INT DAN CHO

27,17 3,6 1,40 0,56 848,8 1352,75 76,49

Observa-se que o peso de mil sementes danificadas (apresentado na Tabela 5) é maior (59%) do que o peso de sementes intactas, fato que deve estar relacionado tanto com o peso de insetos em diversos estágios de desenvolvimento que são encontrados dentro das sementes quanto com o maior grau de umidade destas sementes, provocado pela ruptura do tegumento pelos insetos.

4.6. Teor de água

A avaliação do teor de água no lote de sementes foi de 9,4%.

31

A B C

(34)

4.7. Teste de superação de dormência

Os resultados dos testes (Tabela 6) indicaram não haver diferenças significativas entre o uso de ácido sulfúrico comercial padrão ACS, d=1,84 g/cm³, por 30 minutos e a escarificação mecânica com lixa para madeira nº 80, no lado oposto à micrópia (sem embebição), enquanto que o tratamento com água quente à 80ºC apresentou resultados inferiores.

Tabela 6. Média dos resultados dos tratamentos de superação de dormência de Erythrina crista-galli.

TRATAMENTOS

Ácido sulfúrico Escarificação Água quente Testemunha Danificadas

70 a 65 a 10 b 10 b 0 b

CV (%) 30,2

Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5%.

Tendo em vista a facilidade de condução do trabalho em laboratório, contemplando aspectos de segurança, foi adotado o método de escarificação mecânica, que não diferiu do tratamento com ácido sulfúrico, sendo ambas superiores ao tratamento com água quente.

Em Erythrina variegata L., sementes com 10,0% de umidade, não submetidas a tratamentos de superação de dormência revelaram significativa diferença no comportamento das sementes das espécies deste gênero, apresentando o grupo testemunha, 80% de germinação (MATHEUS & LOPES, 2007).

4.8. Testes de germinação

Para a determinação das condições mais adequadas de fotoperíodo, substrato e temperaturas foi testado a temperatura de 20-30ºC, os substratos EP e EA e os fotoperíodos de 8 e 16h (Tabela 7).

Tabela 7. Média dos resultados do teste de germinação de Erythrina crista-galli entre papel e entre areia, conduzido a temperatura de 20-30ºC.

% GERMINAÇÃO (20-30ºC)

ENTRE PAPEL ENTRE AREIA

8h 16h 8h 16h

63 a 63 a 53 a 50 a

CV (%) 27,0

Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5%.

32

(35)

A análise dos resultados permite verificar que não houve diferença entre os fotoperíodos e substratos testados (Figura 9). Assim, para a realização dos testes nas demais temperaturas, foi utilizado o substrato entre papel pela facilidade da execução das rotinas de laboratório e o fotoperíodo de 8 horas de luz em função da menor consumo energético para a execução da análise.

Figura 9. Teste de germinação, com substrato entre areia, o fotoperíodo de 8h e temperatura de 20-30ºC. Foto: Luciano Moura de Mello, Bagé, 2011.

Submetendo-se estas condições consideradas mais adequadas (entre papel e com 8 horas de luz) às demais temperaturas, obtiveram-se os resultados apresentados na Tabela 8.

Utilizando sementeira de areia, Matheus et al. (2010) constatou índices de germinação de 98% para Erythrina velutina Willd. e de 97% para Erythrina falcata Benth., quando escarificadas mecanicamente.

Tabela 8. Média dos resultados do teste de Germinação (TG), Índice de Velocidadde de Germinação (IVG) e Tempo Médio de Germinação (TMG) de Erythrina crista-galli, conduzido às temperaturas constantes de 15, 20 25, 30, 35ºC, e alternada de 20-30ºC, entre papel e com fotoperíodo de 8h.

Temperatura (ºC) Germinação (%) IVG (%) TMG (dias)

15 25 bc 14,6 bc 11,3 b

20 58 ab 37,1 ab 9,4 a

25 60 ab 39,5 a 8,9 a

30 68 a 46,4 a 8,4 a

20-30 63 a 42,5 a 8,0 a

35 5 c 3,3 c -

CV (%) 37,5 34,3 7,78

Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5%.

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Os resultados das avaliações permitem verificar que a temperatura mais adequada para os testes de germinação de E. crista-galli (escarificadas mecanicamente, com assepsia com hipoclorito de sódio a 1% por 5 minutos, no substrato entre papel e com 8h de luz) foi a temperatura constante de 30ºC, embora não apresente diferença significativa para a temperatura alternada de 20-30ºC (valor médio percentual de 63% de germinação) bem como para as temperaturas constantes de 20 e 25ºC (58 e 60% de germinação, respectivamente).

Os fungos Alternaria, Phomopsis e Penocillium estão associados às sementes de Erythrina crista-galli, que podem estar relacionado com os índices de germinação verificados (GRATIERI-SOSSELLA, 2005).

Com relação ao Índice de Velocidade de Germinação (IVG) pode-se observar melhor desempenho das sementes também a 30ºC, com uma média de 46,4%.

Entretanto, este resultado não apresenta diferença significativa em relação às médias verificadas nas temperaturas constantes de 20, 25 e alternada de 20-30ºC.

A avaliação do tempo médio de germinação demonstrou que à temperatura alternada de 20-30ºC, a germinação apresentou melhor resultado, com cerca de 8 dias, seguido da temperatura de 30, 25 e 20ºC, sem apresentar diferenças estatísticas da primeira e variando estas, entre 8 e 9 dias. Assim, a primeira contagem do teste de germinação pode ser feita aos 8 dias e a segunda contagem aos 21 dias.

Observou-se que os resultados dos testes de germinação dos tratamentos submetidos às temperaturas de 15ºC e 35ºC não obtiveram resultados suficientes para indicar estas variáveis térmicas para a realização de tais testes em E. crista- galli.

34

(37)

5. Conclusões

1. Sementes de Erythrina crista-galli L. possuem dormência tegumentar.

2. O método indicado de superação de dormência de E. crista-galli é a escarificação mecânica com lixa de madeira nº 80, na extremidade oposta à micrópila sem embebição, seguido de assepsia com hipoclorito de sódio a 1% e três gotas de detergente líquido por 5 minutos, seguido de lavagem.

3. A temperatura influencia na velocidade de germinação de sementes de E.

crista-galli. O substrato entre papel, fotoperíodo de 8 horas e a temperatura constante de 30ºC constitui-se na condição mais adequada para a condução do teste de germinação de sementes de E. crista-galli.

4. Sementes de E. crista-galli possuem tempo médio de germinação entre 8 e 9 dias a temperaturas constantes de 20, 25 e 30ºC ou alternada de 20-30ºC.

5. Temperaturas de 15ºC e 35ºC não são recomendadas para a germinação de E. crista-galli.

6. Pityophthorus sp. (Curculionidae, Scolytinae) estão associados a danos causados em sementes de E. crista-galli e insetos da Família Zopheridae (Colydiinae), embora possam contribuir com danos às sementes, podem predar Pityophthorus sp. no interior dos frutos.

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6. Referências

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