ILUSTRÍSSIMO(A) PREGOEIRO(A) DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Ref.: EDITAL DE PREGÃO ELETRÔNICO Nº 23/2020
FVR Serviços e Comércio de Equipamentos Eireli - ME.,
empresa de direito privado, com sede na Rua Barão do Rio Branco, 459, sala 21, Farroupilha, RS, inscrita sob o CNPJ nº. 10.664.239/0001-10, por seu representante legal, vem tempestivamente à presença de V. Sas., com fundamento na Lei Federal nº. 8666 de 21 de Junho de 1993 e com fundamento no Edital de Pregão Eletrônico Nº 23/2020, interpor este RECURSO
ADMINISTRATIVO conforme os fundamentos de fato e de
direito que passa a demonstrar abaixo.
1. SÍNTESE DOS FATOS
A FVR Serviços e Comércio de Equipamentos Eireli – ME. participou do Pregão Eletrônico n° 23/2020, do CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, que tem por objeto " aquisição de 05 Unidades de armazenamento de dados, tipo Disco Rígido, com capacidade de 1,8 TB, tamanho 2,5 polegadas, padrão SAS, com velocidade rotacional mínima de 10.000 rpm e interface 12 Gb SAS, totalmente compatível com storage marca DELL EMC, modelo UNITY 300, pronto para uso de hotswap, conforme condições, quantidades e exigências estabelecidas neste Edital e seus anexos".
Realizado a etapa de lances, observados os itens de produtos a serem fornecidos, a empresa ARTUR VEZZANI MIRANDA GASPARINI- MEI, CNPJ 38.199.218/0001-90, ora Recorrida, foi declarada ACEITA e HABILITADA no certame. Sucede que a proposta comercial ofertada por ela não atende os requisitos técnicos previstos no edital como se passará a expor.
2. RAZÕES RECURSAIS
O princípio da vinculação dos licitantes às regras editalícias alinhadas à legislação, obriga o cumprimento estrito das mesmas, sob pena de seu afastamento do certame. Assim, as comprovações documentais exigidas em Edital são da maior relevância ao tratamento equânime dos interessados e serve de parâmetro técnico-legal aos julgadores. A proposta da empresa recorrida não encontra respaldo legal diante de um procedimento formal como é o licitatório.
Como adiante veremos, essa concorrente deixou de atender relevantes exigências editalícia legal. Em função disso deve ser afastada do competitório.
O indispensável tratamento igualitário dos concorrentes repele a criação de desigualdade injustificada decorrente da igualação dos desiguais. Isso ocorre quando o julgamento coloca lado a lado licitante cumpridor das regras e outro descumpridor - aqui sobressai o julgamento anti-isonômico dos contendores produzido pelo julgamento - e nessa condição, ILEGAL.
Assim, o julgamento se dá nos estritos termos do ato convocatório, sendo indispensável para tanto que somente sejam validadas propostas que efetivamente guardem não só afinidade com a amplitude do objeto licitatório, mas também, especialmente, quanto a forma de apresentação/comprovação de exigências legais. Vejamos tais impropriedades determinantes de inabilitação da licitante supracitada.
A. DO NÃO ATENDIMENTO AO ITEM 9.11.1 DA QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Ao analisar a proposta da empresa Recorrida, veremos que a mesma deixou de atender a seguinte exigência editalícia:
9.11. Qualificação Técnica
9.11.1. Comprovação de aptidão para o fornecimento de bens em características, quantidades e prazos
compatíveis com o objeto desta licitação, ou
com o item pertinente, por meio da apresentação de atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado. (grifo nosso)
9.11.1.2. Os atestados fornecidos devem vir
acompanhados de cópia das notas fiscais que os lastreiem. (grifo nosso)
Primeiramente cabe ressaltar que a empresa RECORRIDA não enviado as cópias das notas fiscais comprovando o correto fornecimento dos objetos mencionados em seu atestado. Não atendendo o item 9.11.1.2.
Sobre o atestado, conforme constataremos em seguida, o mesmo não possui comprovação de objeto compatível com o objeto desta licitação, sendo o objeto desta “Unidades de armazenamento de dados, tipo Disco Rígido, (...) compatível com storage marca DELL EMC”. Não atendendo o item 9.11.1.
O atestado da empresa RECORRIDA possui uma redação genérica, meramente informando “equipamentos e acessórios de informática”, conforme abaixo:
B. DO NÃO ATENDIMENTO AO ITEM 5.1 DO ANEXO I - TERMO DE REFERÊNCIA
Não bastasse o erro mencionado primariamente, o que por si próprio já é motivo suficiente
para comprovação do não atendimento ao edital, constatamos outros vícios não sanáveis pela
empresa Recorrida.
Ao analisar a proposta da empresa Recorrida, veremos que a mesma também deixou de atender a seguinte exigência editalícia:
5. ENTREGA E CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO DO OBJETO.
5.1. O prazo de entrega dos bens é de 30 dias, contados do recebimento da Autorização de Fornecimento, podendo esse prazo ser prorrogado a pedido justificado do fornecedor e se aceito pela Administração, devendo ser em remessa única, no seguinte endereço: Av. Princesa Isabel nº 921, bairro Santana, Porto Alegre – RS, CEP 90.620-001. (grifo nosso)
O item 5.1 do ANEXO I é claro ao solicitar o prazo de entrega de 30 dias, entretanto ao analisar a proposta comercial da empresa RECORRIDA constatamos que o prazo de entrega é de 60 dias, conforme abaixo:
Imagem 2 (1211-CRMRS-Proposta-.xlsx---Plan1.pdf) Portanto a proposta da empresa RECORRIDA não atende o item 5.1.
C. DO NÃO ATENDIMENTO AO ITEM 3.1.6 DO ANEXO I - TERMO DE REFERÊNCIA
Ao analisarmos a proposta da empresa Recorrida, veremos que a mesma também deixou de atender a seguinte exigência editalícia:
3.1.6. O equipamento deve ser novo, sem uso (não
sendo aceito produto remanufaturado) e ser original do fabricante; (grifo nosso)
Para correto entendimento da maneira de se comprovar o atendimento integral do item 3.1.6, foi realizado o seguinte questionamento, conforme abaixo:
No particular, sabe-se que AS RESPOSTAS AOS PEDIDOS DE ESCLARECIMENTO POSSUEM EFEITO ADITIVO E VINCULANTE, à medida que não só acresce ao edital, como também vincula a todos os licitantes e à Administração Pública, que não pode, sob pena de malferimento dos arts. 3º, caput, e 41, caput, decidir em sentido diverso daquele o qual já havia se manifestado.
Portanto ao não anexar em sua documentação declaração do fabricante e/ou
comprovação de que a empresa é revenda autorizada do fabricante, evidencia a falta
comprovação de que o equipamento é NOVO, SEM USO, NÃO REMANUFATURADO e ORGINAL DO FABRICANTE. Adicionalmente uma pesquisa no portal de revendas autorizadas do fabricante (http://dell.force.com/?c=uk&l=en&pt=findareseller) resulta em nenhum resultado, conforme abaixo:
D. DO NÃO ATENDIMENTO AO ITEM 3.1.6 DO ANEXO I - TERMO DE REFERÊNCIA
Por fim, resta mais uma infração ao edital cometida pela empresa RECORRIDA. Ao analisarmos a proposta da empresa Recorrida, veremos que a mesma também deixou de atender a seguinte exigência editalícia:
3.1.4. Ser totalmente compatível com storage
marca DELL EMC, modelo UNITY 300; (grifo
nosso)
Novamente para correto entendimento da maneira de se comprovar o atendimento integral do item 3.1.4, foi realizado o seguinte questionamento, conforme abaixo:
No particular, sabe-se que AS RESPOSTAS AOS PEDIDOS DE ESCLARECIMENTO POSSUEM EFEITO ADITIVO E VINCULANTE, à medida que não só acresce ao edital, como também vincula a todos os licitantes e à Administração Pública, que não pode, sob pena de malferimento dos arts. 3º, caput, e 41, caput, decidir em sentido diverso daquele o qual já havia se manifestado.
Portanto ao não anexar em sua documentação o part number dos equipamentos
ofertados e e documentação oficial do fabricante, evidencia a falta comprovação de que o
equipamento é COMPATÍVEL COM STORAGE MARCA DELL EMC, MODELO UNITY 300.
Portanto não restam dúvidas que a proposta da empresa RECORRIDA não atende o item 3.1.4.
3. DO DIREITO DESTA RECORRENTE
Como vimos a proposta da empresa ARTUR VEZZANI MIRANDA GASPARINI- MEI possui inúmeros erros insanáveis, conforme recapitulados sumariamente abaixo:
• Não apresentou atestado compatível com o objeto desta licitação • Não apresentou cópia das notas fiscais que lastreiem o atestado • Apresentou prazo de entrega superior ao estabelecido no edital
• Não apresentou declaração do fabricante e/ou comprovação de que a empresa é revenda autorizada do fabricante
• Não apresentou o part number dos equipamentos ofertados e e documentação oficial do fabricante
Com base no exposto acima, podemos chegar a conclusão que empresa RECORRIDA não é
uma revenda autorizada do fabricante e o seu único canal de comercialização se dá através de Brokers, ofertando produtos usados e/ou remanufaturados e/ou não originais.
É na razão de evitar problemas futuros à Administração e não permitir que seja realizada uma compra de natureza duvidosa, que os editais tratam de critérios objetivos, previamente fixados, não
se podendo conferir à impetrante tratamento diverso, sob pena de, aí sim, configurar-se afronta à isonomia, ausente afronta a direito líquido e certo demonstrada liminarmente.
Inobstante, é oportuno frisar que a economicidade não pode se sobrepor à vinculação ao instrumento convocatório. O princípio da economicidade não trata de conseguir comprar a solução mais barata, e sim aquela que trará o maior retorno ao investimento realizado.
Sem duvidar, os julgamentos das licitações, devem ocorrer sempre com amparo legal, e muito especialmente como pré-estabelecido no seu instrumento convocatório - o Edital. Não pode qualquer licitante ser surpreendido com a classificação de seu concorrente, quando este descumpre comando que regulava a competição licitatória.
De outro enfoque, o Edital de Licitação configura a chamada "Lei Interna". As condições ali estipuladas, precípuas ao objeto da licitação, deverão ser cumpridas rigorosamente pelas partes, tanto na fase habilitatória, como no julgamento das propostas e na execução contratual futura.
O saudoso mestre Hely Lopes Meirelles, já definia que a licitação:
"realiza-se através de um procedimento vinculado, no desenvolver do qual a Administração não pode
afastar-se das prescrições legais que bitolam a
sua tramitação, sob pena de invalidar o contrato subseqüente." (Direito Administrativo Brasileiro 2a. ed. pág. 251) (Grifo nosso)
Adilson Dallari apostila:
"Acreditamos que os elementos verdadeiramente essenciais a qualquer modalidade de licitação e que, por isso mesmo, devem ser considerados como princípios fundamentais deste procedimento são três: igualdade, publicidade e estrita observância das
condições do edital." (Aspectos Jurídicos da
Licitação, Editora Juriscredi Ltda, pág. 33). (Grifo nosso)
Em tal prol, ressalte-se lição do administrativista Marçal Justen Filho:
“Depois de editado o ato convocatório, inicia-se a chamada fase externa da licitação. Os particulares apresentam as suas propostas e documentos, que serão avaliados de acordo com os critérios previstos na Lei e no ato convocatório. Nessa segunda fase, a Administração verificará quem, concretamente, preenche mais satisfatoriamente as condições para ser contratado. Também nessa etapa se exige o tratamento isonômico. Trata-se, então, da isonomia na execução da licitação. Todos os interessados e participantes merecem tratamento equivalente.
Como é consabido, aquele que participa da licitação tem o dever jurídico de atentar para
todas as suas exigências. Com efeito, “aquele que não apresenta os documentos exigidos ou apresenta-os incompletos ou defeituosos descumpre seus deveres e deverá ser inabilitado”.
Sobre o tema, assevera José dos Santos Carvalho Filho:
“A vinculação ao instrumento convocatório é garantia do administrador e dos administrados. Significa que as regras traçadas para o procedimento devem ser fielmente observadas por todos. Se a regra fixada não é respeitada, o procedimento se torna inválido e suscetível de correção na via administração ou judicial.”
O princípio da vinculação tem extrema importância. Por ele, evita-se a alteração de critérios de julgamento, além de dar a certeza aos interessados do que pretende a Administração. E se evita, finalmente, qualquer brecha que provoque violação à moralidade administrativa, à impessoalidade e à probidade administrativa.
Vedado à Administração e aos licitantes é o descumprimento das regras de convocação, deixando de considerar o que nele se exige. Em tal hipótese, deve dar-se a desclassificação do licitante.
Vê-se, Senhores Julgadores, a impossibilidade jurídica de permanência neste lote, da licitante Recorrida, por não atender as exigências editalícias.
4. DA SOLICITAÇÃO
Na certeza de poder confiar na sensatez dessa Administração, assim como, no bom senso da autoridade que lhe é superior, que estamos interpondo este recurso, o qual certamente será deferido, evitando assim, maiores transtornos e a aceitação de um contrato duvidoso que trará prejuízos à Administração Pública e até mesmo à sociedade como um todo.
Em face ao exposto, forte nos princípios balizadores do procedimento licitatório, na legislação aplicável à situação de que se cuida e nas regras do Edital Licitatório, bem como tendo por base as razões contundentes apresentadas por esta recorrente pedimos:
a) CONHECER, e NO MÉRITO DAR PROVIMENTO ao recurso administrativo interposto pela licitante FVR Serviços e Comércio de Equipamentos Eireli
- ME., desclassificando a proposta apresentada pela licitante ARTUR VEZZANI
MIRANDA GASPARINI- MEI.
Nestes Termos, Pedimos Bom Senso, Legalidade e Deferimento.
Farroupilha, 11 de dezembro de 2020. Fabio Vitor Reolon
Diretor Financeiro
