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DECISÃO. Vistos, etc.

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Academic year: 2021

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Poder Judiciário da Paraíba

Gabinete do(a) Desa. Maria de Fatima Moraes Bezerra Cavalcanti

DECISÃO MANDADO DE SEGURANÇA (120) 0801908-75.2017.8.15.0000 Vistos, etc.

Trata-se de Mandado de Segurança impetrado pela

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - UEPB em face do GOVERNADOR DO ESTADO DA PARAÍBA, contra o ato reputado de ilegal, alusivo ao repasse a menor de valores referentes ao duodécimo previsto para o ano de 2017.

Aduziu, o impetrante, na exordial que “por sua natureza autárquica, conta com previsão específica, no Orçamento Geral do Estado, com referência aos recursos previstos à sua manutenção, conforme se verifica da cópia do Quadro de Detalhamento da Despesa – QDD, consolidado por órgão, para o exercício de 2017, (Doc.05), que lhe destinou um montante de R$ 317.819.269,00 (trezentos e dezessete milhões, oitocentos e dezenove mil e duzentos e sessenta e nove reais), para o exercício 2017 – o que deveria resultar em um duodécimo da ordem de R$ 26.484.939,08 (vinte e seis

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“Ao estabelecer o Cronograma Mensal de Desembolso - CMD (Doc.06), publicado no Diário Oficial do Estado de 25.01.2017, foi fixado um duodécimo, para a UEPB, da ordem de R$ 24.220.000,00 (vinte e quatro milhões, duzentos e vinte mil reais), o que, de plano, implicou em um

inesperado e pernicioso decréscimo de valor do duodécimo, da ordem de R$ 2.264.939,08 (dois milhões, duzentos e sessenta e quatro mil, novecentos e trinta e nove reais e oito centavos)/mês, o que, em consequência, promoveu uma redução do valor orçado, e descrito no Quadro de Detalhamento da Despesa - QDD, da monta de R$ 27.179.269,00 (vinte e sete milhões, cento e setenta e nove mil, duzentos e sessenta e nove reais) – provocando, a partir de então, sérios prejuízos às ações de ensino, pesquisa e extensão, em

andamento e/ou previstas, para o ano de 2017, configurando um cenário de insustentabilidade institucional, face aos cortes sistemáticos, injustificáveis e ilegais”.

A partir do repasse do duodécimo referente ao mês de fevereiro, efetuou novos e sucessivos cortes, como a seguir se explicita:

“1. a título de provisionamento do 13º salário, reteve R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), repassando apenas R$ 22.220.000,00 (vinte e dois milhões, duzentos e vinte mil reais);

2. a retirada dos R$ 2 milhões, a título de provisionamento, não permitiu que a UEPB/Impetrante conseguisse adimplir sua responsabilidade mensal com a PBPREV, sendo obrigada a pedir ao Governo do Estado que, para tal fim, lhe fixasse R$ 700.000,00 (setecentos mil reais), para

complementar o valor da responsabilidade, o que foi realizado em 17.03.2017;

3. o duodécimo referente a março sofreu mais uma redução, com o desconto dos R$ 700.000,00 (setecentos mil reais), sendo fixado apenas R$ 21.520.000,00 (vinte e um milhões, quinhentos e vinte mil reais), aumentando, assim, o déficit em relação ao valor orçado no QDD e também no CMD;

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setenta e nove reais e setenta e dois centavos – que foram fixados pelo Governo do Estado, a título de adiantamento, em 19.04.2017, para desconto no duodécimo de abril;

5. com os descontos que serão realizados em abril (R$ 2.000.000,00 de provisionamento + RS 2.656.379,72 de adiantamento), a Impetrante receberá como duodécimo, para fazer frente a todas as suas despesas, o valor de R$ 19.563.630,28 (dezenove milhões, quinhentos e sessenta e três mil, seiscentos e trinta reais e vinte e oito centavos), como é possível conferir nos documentos acostados, emitidos pelo SIAF.”

Entente que “tais atos (diminuição do valor do duodécimo e prévio provisionamento), por parte do Governo do Estado, não possui

qualquer amparo legal, vez que, fere frontalmente a Lei nº 7.643/2004”, pois a “incumbência em realizar a reserva mensal dos recursos necessários ao provisionamento da gratificação natalina, ou 13º salário, é exclusiva da UEPB;”

“No caso em tela, a UEPB, está sofrendo flagrante violação em seu direito líquido e certo, no que tange ao valor de seu duodécimo, em virtude de conduta ilegal e abusiva praticada pelo Governo do Estado, por não atender ao que determina a Lei nº 7.643/2004: a) ao reter, mediante fixação, e não repassar os recursos como definidos no orçamento, o que fere o art. 2º, daquele diploma legal; b) ao realizar prévio provisionamento para pagamento da gratificação natalina, em inquestionável desacordo com o disposto no parágrafo único do art. 4º, da mesma lei.”

Com essas considerações, requereu a concessão de liminar para, nos termos formulados, i) “de modo a garantir à UEPB o seu direito ao duodécimo definido no QDD do Orçamento 2017, bem como que o Governo do Estado não mais faça retenções de partes do duodécimo, a título de

provisionamento”; ii) retornar, à UEPB, o valor de seu duodécimo, nos termos em que foi “aprovado no QDD do Orçamento 2017, da ordem de R$

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medidas coercitivas, inclusive multa pessoal ao ordenador de despesa, ora impetrado”.

No mérito, a confirmação da liminar, evitando-se, dessa forma, que atos dessa natureza se repitam em outros anos.

Notificada a autoridade coatora, esclareceu ausência de ilegalidade a ser combatida por meio do writ, tendo em vista que “o valor fixado atualmente para a UEPB é de R$ 24.220.000,00 a cada mês, sendo que a equipe econômica do Governo vem realizando o provisionamento em conta específica do valor de R$ 2.000.000,00 a partir de fevereiro de 2017, a fim de garantir o pagamento do décimo terceiro salário dos servidores, estando esta decisão fundamentada pelo fato real do descumprimento por parte da gestão da UEPB, artigo 4º da lei nº 7.643/2004, que deveria realizar a reserva financeira (provisionamento) dos valores para o pagamento do décimo terceiro salário de seus servidores.”

Em relação aos “repasses do mês de março de 2017, afirma-se que não houve redução da determinação do que foi estabelecido no

Cronograma Mensal de Desembolso - CMD, o fato é que, em atendimento ao Ofício nº 084/2017/UEPBPROFIN, de 16 de março de 2017, emitido por Giovana Carneiro Pires Ferreira, Pró-Reitora de Gestão Financeira, foi adiantado o valor de R$ 700.000,00.

No entanto, quando foi realizada a fixação dos recursos

financeiros foi deduzido este valor solicitado como antecipação, fixando-se R$ 21.520.000,00 e destinando para conta específica o montante de R$

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“Por fim, esclarece-se que o valor de duodécimo previsto no Cronograma Mensal de Desembolso está assegurado pelo Governo do Estado, bem como o cumprimento da Lei nº 7.463/2004.”

Finaliza as informações, com a denegação da segurança.

É o relatório.

Decido.

A medida liminar é provimento cautelar admitido pela lei de Mandado de Segurança (art. 7º, II, da Lei nº 12016/09), desde que presentes a relevância dos fundamentos da impetração e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da ordem judicial, se concedida a final, traduzidos estes nos requisitos do fumus boni juris e do periculum in mora.

In casu, vislumbro a presença de ambos os requisitos, o que impõe o deferimento, em parte, da liminar almejada.

Conforme relatado, o impetrante se insurge contra ato do Governador do Estado no que diz respeito ao repasse do duodécimo, por entender que vem sendo realizado a menor.

Afirma que no Orçamento Geral do Estado, ano 2017, com referência aos recursos previstos à manutenção da Impetrante, no Quadro de Detalhamento de Despesa – QDD, foi prevista a destinação em seu favor de R$ 317.819.269,00, o que resultaria no duodécimo na ordem de R$

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de 2017, pela Secretaria de Finanças foi definido como duodécimo para a impetrante, o valor de R$24.220.000,00.

Todavia, nenhuma dessas duas hipóteses vem ocorrendo, pois o repasse é inferior.

Com efeito, verificando as razões expostas na exordial, bem como a documentação acostada, igualmente as explanações constantes nas informações da autoridade coatora, há de se considerar, pelo menos no exame afeito ao pleito liminar, que os valores correspondentes ao repasse do

duodécimo estão em descompasso com o montante anteriormente fixado.

Realmente, dos autos se extrai: a) que a Lei Orçamentária Anual (LOA) nº 10.850/2016, autorizou à Universidade Estadual da Paraíba, o montante de R$ 317.819.269,00, o que resultaria no repasse mensal de R$ 26.484.939,08; b) que em janeiro, ao ser fixado Cronograma Geral dos

repasses por parte do Executivo, foi destinado à Impetrante o valor mensal de R$ 24.220.000,00, valor esse correspondente ao mês de janeiro de 2017.

No entanto, nos meses subsequentes e já a partir de fevereiro, o quantum foi a menor. Como justificativa a autoridade coatora pontuou:

- “O Estado vem repassando desde 2011 montantes financeiros muito acima do que estabelece a Lei nº 7.643/2004, em seu artigo 3º, §2º e 3º (Lei da autonomia da UEPB”.

- “O valor fixado atualmente para a UEPB é de R$ 24.220.000,00 a cada mês, sendo que a equipe econômica do Governo vem realizando o

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gestão da UEPB, artigo 4º da lei nº 7.643/2004, que deveria realizar a reserva

financeira (provisionamento) dos valores para o pagamento do décimo terceiro salário de seus servidores.”

- Em relação ao mês de março de 2017, “afirma-se que não houve redução da determinação do que foi estabelecido no Cronograma Mensal de Desembolso - CMD, o fato é que, em atendimento ao Ofício nº 084/2017/UEPB-PROFIN, de 16 de março de 2017, emitido por Giovana Carneiro Pires Ferreira, Pró-Reitora de Gestão Financeira, foi adiantado o valor de R$ 700.000,00. No entanto, quando foi realizada a fixação dos recursos financeiros foi deduzido este valor solicitado como antecipação, fixando-se R$ 21.520.000,00 e destinando para conta específica o montante de R$ 2.000.000,00, como providência prioritária para a garantia do pagamento do décimo terceiro salário dos servidores”.

- “Não é preconizado pelo artigo 4º da lei 7.643/2004 que a UEPB possa gastar além do montante financeiro que tem a receber e quando procedeu dessa

maneira, o Governo do Estado realizou os repasses de valores suficientes para o cumprimento das obrigações, considerando a autonomia da instituição e sua função social para o Estado da Paraíba”.

Por seu turno, a UEPB afirma ser indevida a retenção de R$ 2.000.000,00, pois:

- O Quadro de Detalhamento da Despesa – QDD, consolidado por órgão, para o exercício de 2017, destinou a UEPB um montante de R$ 317.819.269,00 para o exercício 2017 – o que deveria resultar em um duodécimo da ordem de R$ 26.484.939,08.

- “Ao estabelecer o Cronograma Mensal de Desembolso - CMD,

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- O Governo do Estado, além de promover a drástica e injustificada retração do valor do duodécimo, no mês de janeiro, como descrito acima, a partir do repasse do duodécimo referente ao mês de fevereiro, efetuou novos e sucessivos cortes, no valor do repasse mensal, como a seguir se explicita:

a título de provisionamento do 13º salário, reteve R$ 2.000.000,00, repassando apenas R$ 22.220.000,00;

a retirada dos R$ 2 milhões, a título de provisionamento, não permitiu que a UEPB/Impetrante conseguisse adimplir sua responsabilidade mensal com a PBPREV, sendo obrigada a pedir ao Governo do Estado que, para tal fim, lhe fixasse R$ 700.000,00, para complementar o valor da responsabilidade, o que foi realizado em 17.03.2017;

o duodécimo referente a março sofreu mais uma redução, com o desconto dos R$ 700.000,00, sendo fixado apenas R$ 21.520.000,00, aumentando, assim, o déficit em relação ao valor orçado no QDD e também no CMD;

o valor de março, já bastante reduzido, foi insuficiente para cobrir o

obrigatório repasse à PBPREV, e a Impetrante, outra vez foi forçada a recorrer ao Governo, neste caso, agora em um valor maior, correspondente a R$

2.656.379,72 – que foram fixados pelo Governo do Estado, a título de adiantamento, em 19.04.2017, para desconto no duodécimo de abril;

com os descontos que serão realizados em abril (R$ 2.000.000,00 de

provisionamento + RS 2.656.379,72 de adiantamento), a Impetrante receberá como duodécimo, para fazer frente a todas as suas despesas, o valor de R$ 19.563.630,28, como é possível conferir nos documentos acostados.”

- A incumbência em realizar a reserva mensal dos recursos necessários ao provisionamento da gratificação natalina, ou 13º salário, é exclusiva da UEPB;

E é nessa perspectiva que ressoa o pedido liminar e se funda o mérito.

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Aliás, desde logo, esclareço que apenas o tema inerente a liminar deve ser ponderado, eis que, se agora apreciadas as questões abrangidas pelo writ, resultaria na análise de todo o mérito. Por isso, não há razão para alargar discussão a respeito de todas as assertivas apresentadas no processo.

Assim, volvendo ao pedido liminar, tenho que embora na LOA tenha sido fixado o valor de R$ 317.819.269,00, é evidente que no

cronograma publicado no DO de 25.01.2017, houve previsão de repasse do duodécimo em R$ 24.220.000,00, valor, inclusive, cumprido em janeiro de 2017. Foi nessa diretriz que, certamente, vem sendo elaborada a planilha da Impetrante.

Portanto, não resta dúvida que o valor de R$ 24.220.000,00 foi certo e concreto e que deveria ter sido seguido nos meses subsequentes, sendo inoportuna a alegação de retenção de repasse de R$ 2.000.000,00, como meio de assegurar valores para o pagamento do 13º salários, sob o argumento de ausência de gerenciamento da quantia pela UEPB.

Ora, cabe a própria Universidade a administração do quantum referente ao seu duodécimo e não ao Estado da Paraíba. Essa alegação não pode servir de lastro para justificar a constrição do repasse mensal à

Instituição.

Demais disso, através de um juízo perfunctório, vê-se que não apresentou a autoridade coatora documento hábil a revelar queda na

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Em face de tais circunstâncias, o repasse do duodécimo, a priori, deve ser mantido com base no cronograma apresentado no DO de 25.01.2017, por se entender que o valor de R$ 24.220.000,00 foi o montante indicado como aceito e dentro da previsão do ente Estatal.

Some-se ser desarrazoada a justifica de retenção mensal de R$ 2.000.00,00, a servir de fonte de custeio para o pagamento do décimo terceiro. Há uma fragilidade legal da conduta. Razão pela qual não vinga, nessa análise de cognição sumária, o fundamento utilizado pela administração para a

constrição dos valores em desfavor da Impetrante, o que evidencia o fumus boni iuris necessário para a concessão parcial da liminar.

Quanto ao periculum in mora, este também se encontra presente, na medida em que, se o deferimento do pleito aguardar o julgamento final deste mandamus, redundará em prejuízo mensal no gerenciamento das despesas da Impetrante, que certamente não terá oportunidade até mesmo de “proceder mensalmente a reserva, em depósito feito em conta própria, com a finalidade de satisfazer a sua despesa com pessoal docente, técnico e

administrativo, relativo ao pagamento da gratificação natalina”, estatuída no parágrafo único do art. 4º da Lei nº 7.643/2004.

Por tais razões, o deferimento parcial da liminar se mostra medida razoável, para que a impetrante possa ter garantido o duodécimo de acordo como o cronograma relativo ao mês de janeiro de 2017, até o

julgamento do writ.

Face ao exposto, DEFIRO, em parte, o pedido liminar, para garantir, até decisão final deste Mandado de Segurança, o repasse do duodécimo de acordo com a previsão disposta no Cronograma Mensal de Desembolso disposto no Diário Oficial de 25.01.2017.

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João Pessoa, data infra.

Des.ª Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti RELATORA

Assinado eletronicamente por: MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA

CAVALCANTI

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