• Nenhum resultado encontrado

para uma Classe de Equações de Ondas não Lineares de Sexta Ordem

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "para uma Classe de Equações de Ondas não Lineares de Sexta Ordem"

Copied!
89
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARING ´

A

CENTRO DE CIˆ

ENCIAS EXATAS

DEPARTAMENTO DE MATEM ´

ATICA

PROGRAMA DE P ´

OS-GRADUAC

¸ ˜

AO EM MATEM ´

ATICA

(Mestrado)

ADEMIR BENTEUS PAMPU

Existˆ

encia e n˜

ao Existˆ

encia de Soluc

¸˜

ao Global

para uma Classe de Equac

¸ ˜

oes de Ondas n˜

ao

Lineares de Sexta Ordem

(2)

CENTRO DE CIˆENCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE MATEM ´ATICA

PROGRAMA DE P ´OS-GRADUAC¸ ˜AO EM MATEM ´ATICA

Existˆ

encia e n˜

ao existˆ

encia de

soluc

¸˜

ao global para uma classe de

equac

¸ ˜

oes de ondas n˜

ao lineares de

sexta ordem

Ademir Benteus Pampu

Disserta¸c˜ao apresentada ao Programa de P´ os-Gradua¸c˜ao em Matem´atica do Departamento de Ma-tem´atica, Centro de Ciˆencias Exatas da Universidade Estadual de Maring´a, como requisito para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica.

´

Area de concentra¸c˜ao: An´alise.

Orientador: Prof. Dr. Juan Amadeo Soriano Palo-mino.

(3)

RESUMO

Neste trabalho estudaremos o problema de existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao local e global do seguinte problema de Cauchy para uma classe de equa¸c˜oes de onda n˜ao lineares de sexta ordem

utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt = α|ux|px

u(0) = u0, ut(0) = u1

onde consideramos os dados iniciais em espa¸cos de Sobolev de ordem fracion´aria. De-terminamos a existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao local aplicando o m´etodo do ponto fixo. Al´em disso, estudamos o problema de existˆencia e n˜ao existˆencia de solu¸c˜ao global fazendo uso do m´etodo do po¸co potencial.

(4)

In this work we study the problem of existence and uniqueness of local and global solution of the following Cauchy problem for a class of nonlinear wave equations of sixth order

utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt = α|ux|px

u(0) = u0, ut(0) = u1

where we take the initial data in Sobolev spaces of fractional order. We stipulate the existence and uniqueness of local solution by applying the contraction mapping principle. Moreover, we study the problem of existence and nonexistence of global solutions making use of the pottential well method.

(5)

Sum´

ario

Introdu¸c˜ao 6

1 RESULTADOS PRELIMINARES 9

1.1 Espa¸cos de fun¸c˜oes Lebesgue integr´aveis . . . 9

1.2 Distribui¸c˜oes e derivada distribucional . . . 12

1.3 Transformada de Fourier e Espa¸co de Schwartz . . . 15

1.4 Distribui¸c˜oes temperadas . . . 18

1.5 Espa¸cos de Sobolev . . . 20

1.6 Espa¸cos de Sobolev de ordem fracion´aria . . . 21

1.7 Os Espa¸cos Lp(0, T ; X) . . . 27

1.8 O problema de Cauchy abstrato . . . 29

2 EXISTˆENCIA DE SOLUC¸ ˜AO LOCAL 33 2.1 O problema linear associado . . . 34

2.2 Estimativas para o termo n˜ao linear . . . 39

2.3 Existˆencia de solu¸c˜ao local . . . 43

3 EXISTˆENCIA E N ˜AO EXISTˆENCIA DE SOLUC¸ ˜AO GLOBAL 51 3.1 Funcional de energia e o po¸co potencial . . . 52

3.2 O caso E(0) ≤ d . . . 59

(6)
(7)

INTRODUC

¸ ˜

AO

Neste trabalho apresentaremos os resultados de [30] e [27] acerca do problema de existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao local e global do seguinte problema de Cauchy:

utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt = α|ux|px (∗)

u(0) = u0, ut(0) = u1 (∗∗)

cujo os dados iniciais em (**) tomamos nos espa¸cos de Sobolev de ordem fracion´aria Hs(R).

A equa¸c˜ao (*) foi introduzida por P. Rosenau em [22] e possui muitas propriedades semelhantes a equa¸c˜ao de Boussinesq que pode ser apresentadas, em duas formas b´asicas, como

utt+ γuxxxx− uxx = β(u2)xx

e

utt− γuxxtt− uxx = β(u2)xx.

Como refˆerencias ao estudo das equa¸c˜oes de Boussinesq podemos citar, por exemplo, [31], [21], [16] e [24]. Os trabalhos [28] e [32] estudaram a seguinte varia¸c˜ao da equa¸c˜ao (*)

utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt = (f (u))xx

sendo, em [28], f (u) = γ|u|p, para γ > 0. Em [32] prova-se a existˆencia e n˜ao existˆencia

de solu¸c˜ao global para f (u) = −γ|u|pu, γ > 0.

(8)

[26]. Este problema foi estudado em [30] no caso em que a energia inicial E(0) associado ao problema ´e suficientemente pequeno. No caso em que garante-se que n˜ao existe solu¸c˜ao global u do problema (*) e (**) prova-se, ainda, que existe T1 > 0, tal que,

lim

t→T1

ku(t)kHs = ∞

dizemos assim que a solu¸c˜ao do problema de Cauchy (*) e (**) explode (tem blows-up) em tempo finito. A contribui¸c˜ao ao estudo do problema (*) e (**), dada em [27], consiste em introduzir um novo conjunto est´avel (um novo po¸co potencial) o que possibilita estipular um resultado que garante, sob as hip´oteses adequadas, a existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao global para este problema de Cauchy quando E(0) > 0.

Esta disserta¸c˜ao esta organizada da seguinte maneira: No cap´ıtulo 1 apresentamos os principais resultados e nota¸c˜oes a serem utilizados no estudo de nosso problema. No cap´ıtulo 2 estudamos o problema de existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao local para o pro-blema de Cauchy (*) e (**), provando neste cap´ıtulo as estimativas necess´arias para a aplica¸c˜ao do m´etodo do ponto fixo e que tamb´em apresentam grande utilidade no es-tudo do problema de existˆencia de solu¸c˜ao global. No cap´ıtulo 3 introduzimos o po¸co potencial e fazemos o estudo do problema de existˆencia e n˜ao existˆencia de solu¸c˜ao glo-bal. Por fim, no apˆendice, apresentamos a demonstra¸c˜ao de que Hs(R) ∩ L

(R), s > 0 ´

e uma ´algebra, provando ainda uma ´util estimativa para a norma do produto uv, para u, v ∈ Hs(R) ∩ L

(9)

Cap´ıtulo 1

RESULTADOS PRELIMINARES

Com o intuito de tornar o texto o mais autossuficiente poss´ıvel apresentaremos neste cap´ıtulo os principais resultados e nota¸c˜oes a serem utilizadas ao longo deste trabalho.

1.1

Espa¸

cos de fun¸

oes Lebesgue integr´

aveis

Seja Ω ⊂ Rn um conjunto aberto, denotamos por L

p(Ω), 1 ≤ p < ∞, o conjunto das

fun¸c˜oes mensur´aveis de Ω em K (onde K denota o corpo dos n´umeros reais ou complexos) tais que, kf kp := Z Ω |f (x)|pdx 1p < ∞ sendo, a integral acima, entendida no sentido de Lebesgue.

Proposi¸c˜ao 1.1.1 (Desigualdade de H¨older). Sejam 1 < p, q < ∞, 1p + 1q = 1, tais que f ∈ Lp(Ω) e g ∈ Lq(Ω), ent˜ao f.g ∈ L1(Ω) e

kf gk1 ≤ kf kpkgkq

Demonstra¸c˜ao: Ver [4].

Proposi¸c˜ao 1.1.2 (Desigualdade de Minkowski). Suponha que 1 ≤ p < ∞, se f, g ∈ Lp(Ω), ent˜ao f + g ∈ Lp(Ω) e

kf + gkp ≤ kf kp + kgkp

(10)

Em geral, k.kp n˜ao define uma norma em Lp(Ω) pois pode-se ter kf kp = 0 com f 6= 0.

Introduzimos, assim, uma rela¸c˜ao de equivalˆencia dizendo que duas fun¸c˜oes f, g : Ω → K s˜ao equivalentes se f = g quase sempre, denotando por [f ] tal classe de equivalˆencia obtemos o espa¸co quociente

Lp(Ω) = {[f ]; f ∈ Lp(Ω)} .

Al´em disso, definindo

k[f ]kLp := kf kp

temos que (Lp(Ω), k.k

Lp) ´e um espa¸co normado. Do mesmo modo, definimos L∞(Ω) como

o espa¸co vetorial das (classes de) fun¸c˜oes limitadas quase sempre e munimos tal espa¸co com a norma

k[f ]kL∞ = supess{|f (x)|; x ∈ Ω}.

Note que, neste caso, a desigualdade de H¨older 1.1.1 pode ser reescrita dizendo que, dados f ∈ L∞(Ω) e g ∈ L1(Ω), f g ∈ L1(Ω) e kf gkL1 = Z Ω |f (x)g(x)|dx ≤ kf kL∞ Z Ω |g(x)|dx = kf kL∞kgkL1.

Por simplicidade de nota¸c˜ao, denotaremos as classes de fun¸c˜oes [f ] dos espa¸cos Lp(Ω),

1 ≤ p ≤ ∞, simplesmente por f .

Teorema 1.1.3. Dados 1 ≤ p ≤ ∞ e Ω ⊂ Rnum conjunto aberto, os espa¸cos (Lp(Ω), k.k Lp)

s˜ao espa¸cos de Banach, em particular, L2(Ω) ´e um espa¸co de Hilbert, onde, dados u, v ∈ L2(Ω), (u, v)L2 = Z Ω u(x)v(x)dx. Al´em disso,

(11)

1.1 Espa¸cos de fun¸c˜oes Lebesgue integr´aveis 11 g ∈ Lp(Ω), ϕ(g) = Z Ω f (x)g(x)dx e kϕk(Lp(Ω))0 = kf kLq.

(ii) O espa¸co L1(Ω) ´e separ´avel, no entanto n˜ao ´e reflexivo e L∞(Ω) n˜ao ´e reflexivo nem separ´avel. Temos ainda que (L1(Ω))0 = L(Ω) e, dado ψ ∈ (L1(Ω))0, existe

um ´unico f ∈ L∞(Ω) tal que, para todo g ∈ L1(Ω), ψ(g) =

Z

f (x)g(x)dx.

e kψk(L1(Ω))0 = kf kL∞.

Demonstra¸c˜ao: Ver [2], cap´ıtulo 4.

Sejam f ∈ L1(Rn) e g ∈ Lp(Rn) com 1 ≤ p ≤ ∞, definimos a convolu¸c˜ao de f por g

como f ∗ g : Rn → R onde

(f ∗ g)(x) = Z

Rn

f (x − y)g(y)dy.

Proposi¸c˜ao 1.1.4 (Desigualdade de Young). Sejam f ∈ L1(Rn) e g ∈ Lp(Rn) com 1 ≤ p ≤ ∞, ent˜ao f ∗ g ∈ Lp(Rn) e

kf ∗ gkLp ≤ kf kL1kgkLp.

Demonstra¸c˜ao: Ver [2].

Proposi¸c˜ao 1.1.5 (Lema de Lions). Seja (um) uma sequˆencia em Lq(Ω), Ω ⊂ Rn um

conjunto aberto, com 1 < q < ∞. Se,

(i) um → u quase sempre em Ω;

(ii) kumkLq ≤ C, para todo m ∈ N;

ent˜ao, um converge fraco `a u em Lq(Ω).

(12)

Proposi¸c˜ao 1.1.6 (Desigualdade de Gronwall). Sejam z ∈ L∞(0, T ) e f ∈ L1(0, T ) tais que z(t) ≥ 0, f (t) ≥ 0 e seja c uma constante n˜ao negativa. Se

f (t) ≤ c + Z t

0

z(s)f (s)ds,

para todo t ∈ [0, T ], ent˜ao,

f (t) ≤ ceR0tz(s)ds

para todo t ∈ [0, T ].

Demonstra¸c˜ao: Ver [3].

Denotaremos por Lploc(Ω), 1 ≤ p < ∞, o espa¸co das (classes de) fun¸c˜oes f : Ω → K tais que |f |p´e integr´avel no sentido de Lebesgue sobre cada compacto K ⊂ Ω. Dado uma sequˆencia (fn)n∈N em Lploc(Ω) e f ∈ L

p

loc(Ω) diremos que

fn→ f em L

p loc(Ω)

se, e somente se, para cada compacto K ⊂ Ω, tem-se

pK(fn− f ) = Z K |fn(x) − f (x)|pdx 1p → 0.

1.2

Distribui¸

oes e derivada distribucional

A Teoria das Distribui¸c˜oes, formulada rigorosamente por L. Schwartz por volta de 1945, nos fornece uma teoria geral e simples para tratarmos de problemas que envolvem equa¸c˜oes diferenciais parciais. Apresentaremos, a seguir, uma breve introdu¸c˜ao a tal teoria, com ˆ

enfase no conceito de derivada distribucional.

Dado α = (α1, ..., αn) ∈ N vamos denotar por |α| = α1+ ... + αn, assim a derivada

parcial de ordem |α| ser´a denotada por

Dα = ∂

|α|

∂xα1

1 ...∂xαnn

.

(13)

1.2 Distribui¸c˜oes e derivada distribucional 13

Considerando Ω ⊂ Rn um conjunto aberto, denotamos por C0∞(Ω) o conjunto das fun¸c˜oes u : Ω → K infinitamente diferenci´aveis, tais que o suporte de u, definido por

supp(u) = {x ∈ Ω; u(x) 6= 0}Ω ´

e um conjunto compacto de Rn. Diremos que, dado uma sequˆencia (φm)m∈N tem-se

φm → 0 em C0∞(Ω) (1.2.1)

se, e somente se,

• Existe um conjunto compacto K ⊂ Ω tal que, para todo m ∈ N, supp(φm) ⊂ K.

• Para todo α = (α1, ..., αn) ∈ Nn, Dαφm → 0 uniformemente sobre K.

Definimos o espa¸co de fun¸c˜oes teste D(Ω) como o conjunto C0∞(Ω) munido da no¸c˜ao de convergˆencia dada em (1.2.1).

Proposi¸c˜ao 1.2.1. C0∞(Ω) ´e denso em Lp(Ω), para 1 ≤ p < ∞.

Demonstra¸c˜ao: Ver [5].

Defini¸c˜ao 1.2.2. Dado Ω ⊂ Rn um conjunto aberto, definimos uma distribui¸c˜ao sobre Ω como toda forma linear sequencialmente cont´ınua sobre D(Ω). Denotaremos por D0(Ω) o espa¸co vetorial das distribui¸c˜oes sobre Ω.

´

E importante observar que dizemos que uma aplica¸c˜ao T : D(Ω) → K ´e sequencial-mente cont´ınua quando, dado (ϕm) uma sequˆencia em D(Ω),

T (ϕm) → 0 em K sempre que ϕm → 0 em D(Ω).

Dados uma sequˆencia (Tm) em D0(Ω) e T ∈ D0(Ω), diremos que (Tm)m∈N converge `a

(14)

Considere a distribui¸c˜ao T sobre Ω ⊂ Rn e α ∈ Nn. A derivada de ordem |α| de T ´e definida por:

hDαT, ϕi = (−1)|α|hT, Dαϕi . Temos que DαT ∈ D0(Ω), al´em disso a aplica¸c˜ao

Dα : D0(Ω) → D0(Ω) T 7→ DαT

´

e linear e sequencialmente cont´ınua.

Exemplo 1.2.3. (i) Vamos considerar Ω ⊂ Rn um conjunto aberto e u ∈ L1loc(Ω). Definindo Tu : D(Ω) → K tal que, para cada ϕ ∈ D(Ω),

hTu, ϕi =

Z

u(x)ϕ(x)dx

temos que Tu ´e uma distribui¸c˜ao sobre Ω. Mais precisamente, prova-se que

L1

loc(Ω) ,→ D

0(Ω), onde ,→ denota que L1

loc(Ω) tem imers˜ao cont´ınua em D 0(Ω).

(ii) Defina, para cada x0 ∈ Ω, δx0 : D(Ω) → K tal que, para cada ϕ ∈ D(Ω),

hδx0, ϕi = ϕ(x0).

Prova-se que δx0 ´e uma distribui¸c˜ao sobre Ω e, al´em disso, n˜ao existe u ∈ L

1 loc(Ω)

tal que δx0 = Tu.

(iii) Dado u ∈ Ck(Rn) temos que as derivadas distribucionais e derivadas no sentido

cl´assico coincidem, isto ´e, DαTu = TDαu, para todo |α| ≤ k. Por outro lado,

considerando a fun¸c˜ao de Heaviside u : R → R tal que,

u(x) =    1 , se x ≥ 0. 0 , se x < 0.

apesar de u n˜ao ser deriv´avel, no sentido cl´assico, em x = 0 prova-se que u admite derivada distribucional e dxdTu = δ0. Observe que n˜ao existe v ∈ L1loc(R) tal que

d

(15)

1.3 Transformada de Fourier e Espa¸co de Schwartz 15

1.3

Transformada de Fourier e Espa¸

co de Schwartz

Dado f ∈ L1(Rn) definimos a transformada de Fourier de f como

F [f ](ξ) = (2π)−n2 Z Rn e−i<ξ,y>f (y)dy onde, dados ξ = (ξ1, ..., ξn), y = (y1, ..., yn) ∈ Rn, < ξ, y >= n X i=1 yiξi.

Teorema 1.3.1. A transformada de Fourier de f ∈ L1(Rn) ´e uma fun¸ao cont´ınua,

limitada e satisfaz a desigualdade

kF [f ]kL∞ ≤ (2π)− n

2kf kL1. (1.3.2)

Em particular, a aplica¸c˜ao f 7→ F [f ] ´e um operador linear e cont´ınuo de L1(Rn) em L∞(Rn). Mais ainda,

lim

kξk→∞F [f ](ξ) = 0. (1.3.3)

Demonstra¸c˜ao: Ver [13].

Proposi¸c˜ao 1.3.2. Sejam f, g ∈ L1(Rn), ent˜ao F [f ∗ g] ∈ L1(Rn) e, para todo ξ ∈ Rn, F [f ∗ g](ξ) = (2π)n2F [f ](ξ)F [g](ξ) (1.3.4)

Prova: Ver [13].

O Espa¸co de Schwartz, ou espa¸co das fun¸c˜oes rapidamente decrescentes, que denota-mos por S(Rn) ´e o subespa¸co vetorial de C

(Rn) formado pelas fun¸c˜oes ϕ ∈ C

(Rn) tais

que

lim

kxk→∞kxk

kDαϕ(x) = 0

quaisquer que sejam k ∈ N0 e α ∈ Nn0, onde N0 = N ∪ {0}.

Note que C0(Rn) ⊂ S(Rn), isto ´e, toda fun¸c˜ao teste ´e uma fun¸c˜ao de decrescimento

r´apido.

(16)

´

e limitado em Rn, quaisquer que sejam k ∈ N0 e α ∈ Nn0.

Prova: Ver [5]. Proposi¸c˜ao 1.3.4. Seja ϕ ∈ S(Rn) e q = (q 1, ..., qn) ∈ Nn, ent˜ao xqϕ ∈ S(Rn), onde dado x = (x1, ..., xn) ∈ Rn denotamos xq= xq11x q2 2 ...xqnn. Prova: Ver [5].

Uma seminorma em um espa¸co vetorial X ´e uma aplica¸c˜ao p : X → R que satisfaz as propriedades:

(i) p(x) ≥ 0, para todo x ∈ X;

(ii) p(αx) = |α|p(x), para todo α ∈ K e todo x ∈ X; (iii) p(x + y) ≤ p(x) + p(y) para quaisquer x, y ∈ X.

Note que uma seminorma difere de uma norma por p(x) = 0 n˜ao necessariamente ser equivalente a x = 0.

Vamos considerar P uma fam´ılia de seminormas no espa¸co vetorial X. Dados x0 ∈ X,

n ∈ N,  > 0 e p1, p2, ..., pn ∈ P defina

V (x0, p1, ..., pn; ) = {x ∈ X; pi(x − x0) < , i = 1, 2..., n.}.

Para cada x ∈ X chamamos de Vx a cole¸c˜ao de todos os subconjuntos de X da forma

V (x, p1, ..., pn; ), com n ∈ N, p1, ..., pn ∈ P e  > 0.

Teorema 1.3.5. Seja P uma fam´ılia de seminormas no espa¸co vetorial X. Ent˜ao:

(i) Existe uma topologia τP que, cada x ∈ X, admite Vx como base de vizinhan¸cas, isto

´ e,

τP = {G ⊂ X; para cada x ∈ G existe U ∈ Vx tal que U ⊂ G}.

(ii) (E, τP) ´e um espa¸co vetorial topol´ogico localmente convexo, ou seja, toda vizinhan¸ca

(17)

1.3 Transformada de Fourier e Espa¸co de Schwartz 17

(iii) (E, τP) ´e um espa¸co de Hausdorff se, e somente se, para cada 0 6= x ∈ X existir

uma seminorma p ∈ P tal que p(x) 6= 0.

Demonstra¸c˜ao: Ver [4].

Introduzimos, em S(Rn), a topologia τ

P dando a seguinte fam´ılia enumer´avel de

se-minormas P = {pm,k : S(Rn) → R; pm,k(ϕ) = sup |α|≤m sup x∈Rn (1 + kxk2)k|Dαϕ(x)|}.

Proposi¸c˜ao 1.3.6. (i) S(Rn) tem imers˜ao cont´ınua em Lp(Rn), 1 ≤ p ≤ ∞, sendo tal

imers˜ao densa se 1 ≤ p < ∞. (ii) C0(Rn) ´e denso em S(Rn).

Demonstra¸c˜ao: Veja [5].

Uma das principais vantagens de trabalharmos com o espa¸co de Schwartz ´e que, res-trito a este espa¸co, a transformada de Fourier ´e rica em propriedades, o que nos fornece muitas ferramentas para estudarmos equa¸c˜oes diferenciais. Listamos abaixo algumas des-tas propriedades.

Proposi¸c˜ao 1.3.7. Se ϕ ∈ S(Rn), ent˜ao F [ϕ] ∈ S(Rn) e, al´em disso, (i) (−i)|α|F [Dαf ] = ξαF [f ].

(ii) (−i)|α|F [xαf ] = DαF [f ].

Prova: Ver [13].

Teorema 1.3.8 (Identidade de Parseval). Sejam f, g ∈ S(Rn). Ent˜ao, (f, g)L2 = (F [f ], F [g])L2

equivalentemente,

kf kL2 = kF [f ]kL2,

(18)

Demonstra¸c˜ao: Ver [13].

Teorema 1.3.9. Seja f ∈ S(Rn). Ent˜ao,

f (x) = (2π)−n2

Z

Rn

eihξ,xiF [f ](ξ)dξ. Demonstra¸c˜ao: Ver [13].

Pelo Teorema 1.3.9, podemos introduzir a Transformada de Fourier Inversa pela f´ormula,

F−1[f ](x) = (2π)−n2

Z

Rn

f (ξ)eihξ,xidξ para toda f ∈ S(Rn).

Proposi¸c˜ao 1.3.10. Para ϕ, ψ ∈ S(Rn), tem-se

(2π)n2F [ϕψ] = F [ϕ] ∗ F [ψ].

Prova: Ver [17].

Teorema 1.3.11. A transformada de Fourier

F : L2(Rn) → L2(Rn)

definida como a ´unica extens˜ao da transformada de Fourier F de S(Rn) a L2(Rn) ´e um

operador unit´ario.

Demonstra¸c˜ao: Ver [13].

1.4

Distribui¸

oes temperadas

Defini¸c˜ao 1.4.1. Definimos como uma distribui¸c˜ao temperada todo funcional linear cont´ınuo T ∈ S0(Rn), onde S0(Rn) ´e o dual topol´ogico de S(Rn).

(19)

1.4 Distribui¸c˜oes temperadas 19

Dada T ∈ S0(Rn), podemos definir a transformada de Fourier F [T ] como hF [T ], ϕi = hT, F [ϕ]i para toda ϕ ∈ S(Rn).

Do mesmo modo, a transformada de Fourier inversa de uma distribui¸c˜ao temperada T ∈ S0(Rn) ´e dada por

F−1[T ], ϕ = T, F−1

[ϕ] para toda ϕ ∈ S(Rn).

Tanto a transformada de Fourier, quanto a transformada de Fourier inversa, de uma distribui¸c˜ao temperada T s˜ao distribui¸c˜oes temperadas e

F [F−1[T ]] = F−1[F [T ]] = T.

Dizemos que uma fun¸c˜ao Φ ∈ C∞(Rn) ´e de crescimento lento se, para todo α ∈ Nn,

existirem  > 0, C(α) > 0 e um inteiro N (α) > 0 tais que

|DαΦ(x)| ≤ C(α)(1 + kxk2)N (α)

para todo x ∈ Rn com kxk > . Denotamos o conjunto das fun¸c˜oes de crescimento lento

como Q(Rn).

Proposi¸c˜ao 1.4.2. Seja T ∈ S0(Rn), Φ ∈ Q(Rn) e α ∈ Nn,

(i) O funcional linear ΦT definido por

hΦT, ϕi = hT, Φϕi

´

e um elemento de S0(Rn), chamado produto da distribui¸c˜ao temperada T com a fun¸c˜ao Φ.

(ii) (−i)|α|F [DαT ] = ξαF [T ], onde o produto ξαF [T ] ´e definido como no item (i).

(iii) DαF [T ] = (−i)|α|F [xαT ].

(20)

1.5

Espa¸

cos de Sobolev

Assim como vimos no exemplo (1.2.3)−(iii) nem sempre a derivada distribucional de uma fun¸c˜ao u ∈ L1loc(Ω), Ω ⊂ Rn aberto, ´e ainda uma distribui¸c˜ao definida por uma fun¸c˜ao localmente integr´avel, tal fato nos motiva introduzir o conceito de Espa¸co de Sobolev. Defini¸c˜ao 1.5.1. Seja Ω ⊂ Rn um conjunto aberto, 1 ≤ p ≤ ∞ e m ∈ N defini-mos o Espa¸co de Sobolev Wm,p(Ω) como o espa¸co vetorial de toda u ∈ Lp(Ω), tal que

Dαu ∈ Lp(Ω), para todo |α| ≤ m, e munimos tal espa¸co com a norma kukWm,p =   X |α|≤m kDαukp Lp   1 p , se 1 ≤ p < ∞; kukWm,∞ = X |α|≤m kDαuk L∞.

Proposi¸c˜ao 1.5.2. O espa¸co de Sobolev Wm,p(Ω) ´e um espa¸co de Banach, para m ∈ N

e 1 ≤ p ≤ ∞. Se 1 < p < ∞, Wm,p(Ω) ´e um espa¸co reflexivo.

Demonstra¸c˜ao: Ver [5].

Observa¸c˜ao 1.5.3. No caso em que p = 2, representamos Wm,2(Ω) por Hm(Ω), devido

ao fato de sua norma provir do produto interno

(u, v)Hm =

X

|α|≤m

(Dαu, Dαv)L2, u, v ∈ Hm(Ω)

sendo assim, Hm(Ω) ´e um espa¸co de Hilbert. Definimos o espa¸co W0m,p(Ω) = C0∞(Ω)W

m,p(Ω)

.

Teorema 1.5.4. D(Rn) ´e denso em Wm,p(Rn), para m ∈ N e 1 ≤ p < ∞, em outras

palavras, W0m,p(Rn) = Wm,p(Rn). Demonstra¸c˜ao: Ver [5].

Suponha 1 ≤ p < ∞ e q > 1 tais que 1 p +

1

q = 1. Representa-se por W

−m,q(Ω) o dual

topol´ogico de W0m,p(Ω). Deste modo, (Hm 0 (Ω))

(21)

1.6 Espa¸cos de Sobolev de ordem fracion´aria 21

Teorema 1.5.5. Seja T uma distribui¸c˜ao sobre Ω, ent˜ao T ∈ W−m,p(Ω) se, e somente se, existem fun¸c˜oes gα ∈ Lq(Ω), |α| ≤ m, tais que

T = X

|α|≤m

Dαu. Demonstra¸c˜ao: Ver [5].

1.6

Espa¸

cos de Sobolev de ordem fracion´

aria

Proposi¸c˜ao 1.6.1. Para todo m ∈ N temos

Hm(Rn) = {u ∈ S0(Rn); (1 + kξk2)m2 F [u] ∈ L2(Rn)}. Al´em disso, kuk = Z Rn (1 + kξk2)m|F [u](ξ)|2 12

define uma norma em Hm(Rn), que ´e equivalente a k.kHm.

Demonstra¸c˜ao: Ver [5].

Motivados pela proposi¸c˜ao acima definiremos os espa¸cos de Sobolev de ordem fra-cion´aria Hs(Rn).

Defini¸c˜ao 1.6.2. Seja s ∈ R, definimos os espa¸cos de Sobolev de ordem fracion´aria Hs(Rn) como o espa¸co vetorial

Hs(Rn) = {u ∈ S0(Rn); (1 + kξk2)s2F [u] ∈ L2(Rn)}

e consideramos este espa¸co munido do produto interno

(f, g)Hs =

Z

Rn

(1 + kξk2)sF [f ](ξ)F [g](ξ)dξ para todo f, g ∈ Hs(Rn).

(22)

de Hilbert.

Proposi¸c˜ao 1.6.3. Dados s, s0 ∈ R,

(i) Hs(Rn) ⊂ Hs0(Rn) se s ≥ s0. Al´em disso, esta inclus˜ao ´e cont´ınua e densa.

(ii) O dual topol´ogio de Hs(Rn) ´e isometricamente isomorfo a H−s(Rn). Demonstra¸c˜ao: Ver [13], p´agina 304.

Observa¸c˜ao 1.6.4. Segue da proposi¸c˜ao (1.6.3) que, se s ≥ 0, Hs(Rn) est´a imerso continuamente em L2(Rn), note que isto ´e falso, em geral, se s < 0. Por exemplo,

δ0 ∈ H−s(Rn) para todo s > n2.

Proposi¸c˜ao 1.6.5. Dado s ∈ R, s ≥ 0, segue que, (i) S(Rn) tem imers˜ao cont´ınua e densa em Hs(Rn). (ii) D(Rn) tem imers˜ao cont´ınua e densa em Hs(Rn). Demonstra¸c˜ao: Ver [5].

Teorema 1.6.6. Sejam k ∈ N e s ∈ R. Se s > n2 + k, ent˜ao H s (Rn) est´a continuamente imerso em Ck(Rn) ∩ L∞ (Rn), assim, X |α|≤k kDαukL∞ ≤ CkukHs. (1.6.5)

Demonstra¸c˜ao: Ver [14].

Corol´ario 1.6.7. Para todo s > 12 e p > 1, Hs(R) est´a continuamente imerso em

Lp+1(R).

Prova: Veja que, por p > 1, podemos escrever p + 1 = q + 2, com q > 0, e como s > 12 temos pelo teorema 1.6.6 que Hs(R) ,→ L(R) al´em disso Hs(R) ,→ L2(R), pois s > 0, sendo assim, para todo u ∈ Hs(R),

(23)

1.6 Espa¸cos de Sobolev de ordem fracion´aria 23

Provando que Hs(R) est´a continuamente imerso em Lp+1(R).

 Proposi¸c˜ao 1.6.8. Considere s > n2 e f ∈ Hs(Rn), ent˜ao F [f ] ∈ L1(Rn) com

kF [f ]kL1 ≤ Ckf kHs.

Prova: Observe que, Z Rn |F [f ](ξ)|dξ = Z Rn (1 + kξk2)−2s(1 + kξk2) s 2|F [f ](ξ)|dξ ≤ Z Rn (1 + kξk2)−sdξ 12 Z Rn (1 + kξk2)s|F [f ](ξ)|2 12

onde, nesta ´ultima desigualdade, usamos a desigualdade de H¨older pois, sendo s > n 2,

c = Z

Rn

(1 + kξk2)−sdξ < ∞. Do exposto acima podemos concluir que F [f ] ∈ L1(Rn) e

kF [f ]kL1 ≤ ckf kHs.

 Antes de enunciarmos a pr´oxima proposi¸c˜ao vamos relembrar um resultado cl´assico de An´alise Funcional.

Lema 1.6.9 (Teorema de Aplica¸c˜ao Aberta). Sejam X, Y espa¸cos de Banach e T : X → Y linear, cont´ınuo e sobrejetor. Ent˜ao T ´e uma aplica¸c˜ao aberta, isto ´e, T (A) ´e aberto em Y , sempre que A ´e aberto em X. Em particular, todo operador linear cont´ınuo e bijetor entre espa¸cos de Banach ´e um isomorfismo.

Demonstra¸c˜ao: Ver [4].

Proposi¸c˜ao 1.6.10. Temos que,

(24)

Al´em disso, existe C > 0 tal que kukH2 ≤ C kuk2L2 + n X i=1 ∂2u ∂x2 i 2 L2 !12 . (1.6.6)

Prova: Denotando por

X =  u ∈ L2(Rn); ∆u = ∂ 2u ∂x2 1 , ..., ∂ 2u ∂x2 n  ∈ (L2 (Rn))n 

da defini¸c˜ao dos Espa¸cos de Sobolev, H2(Rn) ⊂ X, devemos ent˜ao provar que

X ⊂ H2(Rn). Como L2(Rn) ,→ S0

(Rn), dado u ∈ X, pela proposi¸c˜ao 1.4.2,

−F ∂ 2u ∂x2 i  = ξi2F [u] assim, do Teorema 1.3.11 segue que,

∂2u ∂x2 i L2 = F ∂ 2u ∂x2 i  L2 = kξi2F [u]kL2.

Dado α ∈ Nn, caso |α| = 1 temos que α = (0, ..., 1, 0, ..., 0), neste caso, pelo Teorema 1.3.11, se provarmos que −iξiF [u] = F [Dαu] ∈ L2(Rn) teremos que Dαu ∈ L2(Rn).

Temos que, Z Rn |ξiF [u](ξ)|2dξ ≤ Z Rn (1 + ξi2) | {z } ≤(1+ξ2 i)2 |F [u](ξ)|2 ≤ Z Rn (|F [u](ξ)| + ξi2|F [u](ξ)|)2 | {z }

(a+b)2≤2a2+2b2,∀a,b∈R

dξ ≤ 2 Z Rn |F [u](ξ)|2dξ + 2 Z Rn (ξi2|F [u](ξ)|)2dξ < ∞

deste modo Dαu ∈ L2(Rn), se |α| = 1. Caso |α| = 2 e α = (0, ..., 1, 0, ..., 1, 0, ...0),

(25)

1.6 Espa¸cos de Sobolev de ordem fracion´aria 25

Observando que, por hip´otese, ∆u ∈ (L2(Rn))n temos que, Z Rn |ξiξjF [u](ξ)|2dξ ≤ Z Rn ((ξ2i + ξj2)|F [u](ξ)|)2dξ ≤ 2 Z Rn |ξ2 iF [u](ξ)| 2dξ + 2 Z Rn |ξ2 jF [u](ξ)| 2dξ < ∞

Donde segue que Dαu ∈ L2(Rn). Nos demais casos onde |α| ≤ 2, por hip´otese,

u ∈ L2(Rn), sendo assim, u ∈ H2(Rn), isto ´e, X ⊂ H2(Rn). Donde X = H2(R).

Vamos provar agora a desigualdade (1.6.6). Observe, em primeiro lugar que,

kuk = kuk2L2 + n X i=1 ∂2u ∂x2 i 2 L2 !12

define uma norma em X e a aplica¸c˜ao identidade

I : (H2(Rn), k.kH2) → (X, k.k)

´

e linear, cont´ınua e bijetora. Em face do Teorema da Aplica¸c˜ao Aberta, caso (X, k.k) seja um Espa¸co de Banach, I−1 : (X, k.k) → (H2(Rn), k.k

H2) ´e linear e cont´ınua, ou seja,

(1.6.6) ´e verificado para todo u ∈ H2(Rn). Vamos mostrar, ent˜ao, que (X, k.k) ´e um espa¸co de Banach, para isto considere (um)m∈N uma sequˆencia de Cauchy em X, assim,

(um),  ∂2u m ∂x2 i 

(26)

por´em, sendo o operador deriva¸c˜ao cont´ınuo em D0(Rn), ∂2um ∂x2 i → ∂ 2u ∂x2 i em D0(Rn)

pela unicidade do limite em D0(Rn), ∂2u

∂x2 i

= uαi para todo i = 1, ..., n. Portanto u ∈ X e

un → u em X

logo X ´e um Espa¸co de Banach. Assim, como j´a observamos, pelo Teorema da Aplica¸c˜ao Aberta existe C > 0 tal que, para todo u ∈ H2(Rn),

kukH2 ≤ C kuk2L2 + n X i=1 ∂2u ∂x2 i 2 L2 !12 .  De modo alternativo a defini¸c˜ao 1.6.2, podemos definir, para s ∈ (0, 1) e 1 ≤ p < ∞, os espa¸cos de Sobolev de ordem fracion´aria Ws,p(Rn) como

Ws,p(Rn) =  u ∈ Lp(Rn); Z Rn Z Rn |u(x) − u(y)|p |x − y|n+sp dxdy < ∞  (1.6.7)

tais espa¸cos s˜ao tamb´em conhecidos como espa¸cos de Aronszajn, Gagliardo ou Slobodeckij. Os espa¸cos de Sobolev Ws,p(Rn) s˜ao espa¸cos de Banach quando munidos da norma

kukWs,p = Z Rn |u(x)|pdx + Z Rn Z Rn |u(x) − u(y)|p |x − y|n+sp dxdy 1p . (1.6.8)

Proposi¸c˜ao 1.6.11. Para s ∈ (0, 1), C0(Rn) ´e denso em Ws,p(Rn).

Demonstra¸c˜ao: Ver [1].

Teorema 1.6.12. Seja s ∈ (0, 1). O espa¸co de Sobolev de ordem fracion´aria Hs(Rn), dado na Defini¸c˜ao 1.6.2 coincide com o espa¸co de Sobolev Ws,2(Rn) definido em (1.6.7).

Al´em disso tais espa¸cos tem normas equivalentes.

(27)

1.7 Os Espa¸cos Lp(0, T ; X) 27

1.7

Os Espa¸

cos L

p

(0, T ; X)

Definiremos, nesta se¸c˜ao, os espa¸cos Lp(0, T ; X), a constru¸c˜ao de tais espa¸cos est´a ba-seada na teoria de integra¸c˜ao vetorial, a qual ´e tratada, de forma resumida em [4]. Um tratamento mais detalhado das propriedades dos espa¸cos Lp(0, T ; X) pode ser encontrado em [29].

Teorema 1.7.1. Seja X um espa¸co de Banach. Uma fun¸c˜ao f : [0, T ] → X fortemente mensur´avel ´e integr´avel (`a Bochner) se, e somente se, t → kf (t)kX ´e Lebesgue-integr´avel.

Neste caso, Z T 0 f (t)dt X ≤ Z T 0 kf (t)kXdt e,  ψ, Z T 0 f (t)dt  X0,X = Z T 0 hψ, f (t)iX0,Xdt para cada ψ ∈ X0.

Demonstra¸c˜ao: Ver [4].

Defini¸c˜ao 1.7.2. Seja X um espa¸co de Banach e 0 ≤ T < ∞.

(i) O espa¸co Cm([0, T ]; X), com m = 0, 1, ..., consiste de todas as fun¸c˜oes cont´ınuas u : [0, T ] → X que tem derivadas cont´ınuas at´e a ordem m. Munimos tal espa¸co com a norma kukCm([0,T ];X) = m X i=1 max 0≤t≤Tku i(t)k X. (1.7.9)

(ii) O espa¸co Lp(0, T ; X), com 1 ≤ p < ∞ consiste de todas as (classes de) fun¸oes

fortemente mensur´aveis u :]0, T [→ X com

kukLp(0,T ;X) := Z T 0 ku(t)kpXdt 1p < ∞ (1.7.10)

(28)

(iii) O espa¸co L∞(0, T ; X) consiste de todas as (classes de) fun¸c˜oes fortemente men-sur´aveis u :]0, T [→ X essencialmente limitadas em ]0, T [, isto ´e, fun¸c˜oes tais que existe um n´umero real B > 0 e tem-se

ku(t)kX ≤ B quase sempre em ]0, T [.

Munimos este espa¸co com a norma

kukL∞(0,T ;X) = inf{B; ku(t)kX ≤ B, quase sempre em ]0, T [}

= sup

0≤t≤T

essku(t)kX. (1.7.11)

Proposi¸c˜ao 1.7.3. Dado X um espa¸co de Banach, m ∈ N e 1 ≤ p ≤ ∞ temos que,

(i) Os espa¸cos Cm([0, T ]; X) e Lp(0, T ; X) munidos das normas k.kCm([0,T ];X)e k.kLp(0,T ;X),

respectivamente, s˜ao espa¸cos de Banach.

(ii) Se 1 ≤ p < ∞, C([0, T ]; X) ´e denso em Lp(0, T ; X) e a imers˜ao

C([0, T ]; X) ⊂ Lp(0, T ; X). ´

e cont´ınua.

(iii) Se 1 ≤ p < ∞ e X ´e separ´avel ent˜ao Lp(0, T ; X) ´e separ´avel.

Demonstra¸c˜ao: Ver [29].

Prova-se (veja [29]) que, dado um espa¸co de Banach reflexivo e separ´avel e 1 < p < ∞, ent˜ao Lp(0, T ; X) ´e reflexivo e separ´avel, al´em disso ´e v´alida a seguinte identifica¸c˜ao

(Lp(0, T ; X))0 = Lq(0, T ; X0)

onde 1p + 1q = 1. No caso em que p = 1 temos a seguinte identifica¸c˜ao (L1(0, T ; X))0 = L∞(0, T ; X0)

(29)

1.8 O problema de Cauchy abstrato 29

um ´unico v ∈ L∞(0, T ; X0) tal que hv, ui = Z T 0 hv(t), u(t)iX0,Xdt, para todo u ∈ L1(0, T ; X) e kvk (L1(0,T ;X))0 = kvkL(0,T ;X0).

Veja que, da discuss˜ao acima, dada uma sequˆencia limitada (un) em

L∞(0, T ; X0) = (L1(0, T ; X))0, por L1(0, T ; X) ser separ´avel, temos que existe uma sub-sequˆencia (uni) que converge fraco-*, isto ´e, para todo u ∈ L

1(0, T ; X), Z T 0 hvni(t), u(t)idt → Z T 0 hv(t), u(t)idt, quando ni → ∞.

1.8

O problema de Cauchy abstrato

Nesta se¸c˜ao abordaremos o problema de determinar a existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao u : [0, T ] → X, X um espa¸co de Banach, para o problema de Cauchy

u0(t) = Au(t) + f (t) (1.8.12)

u(0) = u0 (1.8.13)

u0 ∈ X, A : D(A) ⊂ X → X, onde D(A) ´e o dom´ınio do operador linear A, e

f : [0, T [→ X. Note que, quando X = Rn e A : Rn → Rn o problema (1.8.12)-(1.8.13) ´e

um sistema de equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias e o teorema de existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao ´e bem conhecido.

Defini¸c˜ao 1.8.1. Seja X um espa¸co de Banach e L(X) a ´algebra dos operadores line-ares cont´ınuos de X. Dizemos que uma aplica¸c˜ao S : R+ → L(X) ´e um semigrupo de

operadores lineares cont´ınuos de X se:

(i) S(0) = I, onde I ´e o operador identidade de L(X); (ii) S(t + s) = S(t)S(s), para todo t, s ∈ R+.

Dizemos que o semigrupo S ´e de classe C0 se

(iii) lim

(30)

Denominamos o gerador infinitesimal do semigrupo S como o operador A : D(A) ⊂ X → X, onde D(A) =  x ∈ X; lim h→0+ S(h) − I h x existe  Ax = lim h→0+ S(h) − I

h x, para todo x ∈ D(A).

Pode-se provar (veja [8]) que, D(A) ´e um subespa¸co vetorial de X e A ´e um operador linear.

Proposi¸c˜ao 1.8.2. (i) O gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0 ´e um

operador linear fechado e seu dom´ınio ´e denso em X.

(ii) Um operador linear A, fechado e com dom´ınio denso em X, ´e o gerador infinitesimal de, no m´aximo, um semigrupo de classe C0.

Demonstra¸c˜ao: Ver [8].

Dado um semigrupo de operadores lineares S : R+ → L(X), dizemos que S ´e

uni-formemente cont´ınuo se, al´em de serem v´alidos os itens (i) e (ii) da defini¸c˜ao (1.8.1) for v´alido que

lim

t→0+kS(t) − IkL(x)= 0. (1.8.14)

Note que como a condi¸c˜ao (1.8.14) implica que a condi¸c˜ao (iii) da defini¸c˜ao 1.8.1 seja v´alida, todo semigrupo uniformemente cont´ınuo ´e de classe C0.

Teorema 1.8.3. Dado X um espa¸co de Banach, um operador A : X → X ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo uniformemente cont´ınuo se, e somente se, A ´e um operador linear cont´ınuo.

Demonstra¸c˜ao: Ver [20].

(31)

1.8 O problema de Cauchy abstrato 31

solu¸c˜ao do problema de Cauchy abstrato homogˆeneo du

dt(t) = Au(t), t > 0 (1.8.15)

u(0) = x (1.8.16)

toda fun¸c˜ao u : R+ → X, cont´ınua para t ≥ 0, continuamente diferenci´avel para t > 0,

tal que, para todo t ≥ 0 satisfaz a equa¸c˜ao (1.8.15) e verifica a condi¸c˜ao inicial (1.8.16). Teorema 1.8.4. Se A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0 ent˜ao,

para cada x ∈ D(A), o problema de Cauchy (1.8.15), (1.8.16) tem uma ´unica solu¸c˜ao, continuamente diferenci´avel em todo t ≥ 0.

Demonstra¸c˜ao: Ver [8].

Vamos considerar o problema de Cauchy n˜ao homogˆeneo du

dt(t) = Au(t) + f (t) (1.8.17)

u(0) = x (1.8.18)

onde f : [0, T [→ X e A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0, S.

Defini¸c˜ao 1.8.5. Uma fun¸c˜ao u : [0, T [→ X ´e dita solu¸c˜ao (cl´assica) do problema de Cauchy (1.8.17), (1.8.18) sobre [0, T [ se u ´e cont´ınua sobre [0, T [, continuamente dife-renci´avel sobre ]0, T [, u(t) ∈ D(A) para 0 < t < T e (1.8.17), (1.8.18) ´e satisfeito sobre [0, T [.

Defini¸c˜ao 1.8.6. Seja A o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0, S. Dado

x ∈ X e f ∈ L1(0, T ; X). A fun¸ao u ∈ C([0, T ]; X) dada por

u(t) = S(t)x + Z t

0

S(t − s)f (s)ds, 0 ≤ t ≤ T (1.8.19)

´

e denominada solu¸c˜ao generalizada (solu¸c˜ao mild) do problema (1.8.17) e (1.8.18). Proposi¸c˜ao 1.8.7. Dado X um espa¸co de Banach se f ∈ L1(0, T ; X) ent˜ao, para todo

(32)

Demonstra¸c˜ao: Ver [20].

Em oposi¸c˜ao a proposi¸c˜ao 1.8.7 nem toda solu¸c˜ao mild ´e uma solu¸c˜ao no sentido cl´assico do problema de Cauchy (1.8.17) e (1.8.18), no entanto, temos o seguinte Teorema. Teorema 1.8.8. Seja f ∈ L1(0, T ; X), X um espa¸co de Banach. Se u ´e a solu¸ao mild

do problema de Cauchy (1.8.17) e (1.8.18) sobre [0, T ], ent˜ao, para todo T0 < T , u ´e o limite uniforme, sobre [0, T0], de solu¸c˜oes (cl´assicas) de (1.8.17) e (1.8.18).

(33)

Cap´ıtulo 2

EXISTˆ

ENCIA DE SOLUC

¸ ˜

AO

LOCAL

Neste cap´ıtulo vamos investigar a existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao local para o seguinte problema de Cauchy,

utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt = ϕ(ux)x (2.0.1)

u(0) = u0, ut(0) = u1 (2.0.2)

onde consideramos a > 0, ϕ(x) = α|x|p com α 6= 0 e p > 1 inteiro. Al´em disso

conside-ramos os dados iniciais pertencentes aos espa¸cos de Sobolev de ordem fracion´aria Hs(R).

Procederemos da seguinte maneira, associado ao problema de Cauchy (2.0.1) e (2.0.2) consideraremos o seguinte problema linear

utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt = f

u(0) = u0, ut(0) = u1

(34)

2.1

O problema linear associado

Lema 2.1.1. Os operadores L = (I + ∂4 x) −1 : Hs−2(R) → Hs(R) e A 1 = (I + ∂4x) −1(a∂2 x− ∂x4) : Hs(R) → Hs(R), onde L(u) = F−1(1 + ξ4)−1F [u] , u ∈ Hs−2(R) A1(v) = F−1  −aξ2− ξ4 1 + ξ4  F [v]  , v ∈ Hs(R) s˜ao lineares e cont´ınuos.

Demonstra¸c˜ao: Defina g : R → R tal que,

g(x) = (1 + x

2)2

(1 + x4)2 =

1 + 2x2+ x4

1 + 2x4+ x8

temos que g ´e cont´ınua e

lim

x→∞g(x) = limx→−∞g(x) = 0

sendo assim g ´e limitada. Deste modo, para todo u ∈ Hs−2(R), Z R (1 + |ξ|2)s|F [Lu](ξ)|2 = Z R (1 + ξ2)s−2(1 + ξ 2)2 (1 + ξ4)2|F [u](ξ)| 2 ≤ sup ξ∈R g(ξ)kuk2Hs−2 (2.1.3)

ou seja, L est´a bem definido, ´e linear, pelo fato dos operadores F e F−1 serem lineares, e por (2.1.3) existe C > 0 tal que,

kL(u)kHs ≤ CkukHs−2.

Do mesmo modo, considerando h : R → R tal que, h(x) = (ax

2+ x4)2

(1 + x4)2 =

a2x4+ 2ax6+ x8

1 + 2x4+ x8

temos que h ´e cont´ınua, limitada, pois

lim

(35)

2.1 O problema linear associado 35

e assim, para todo u ∈ Hs(R), Z R (1 + |ξ|2)s|F [A1(u)](ξ)|2dξ = Z R (1 + |ξ|2)s aξ 2+ ξ4 1 + ξ4 2 |F [u](ξ)|2dξ ≤ sup ξ∈R h(ξ)kuk2Hs (2.1.4)

ou seja, A1 est´a bem definido, por F e F−1 serem lineares, A1 ´e linear e por (2.1.4) A1 ´e

cont´ınuo.

 Lema 2.1.2. Seja s ∈ R. Para qualquer T > 0, suponha u0, u1 ∈ Hs(R) e

f ∈ L1([0, T ]; Hs−2(R)). Ent˜ao o problema de Cauchy

utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt= f em L1(0, T ; Hs−4(R)) (2.1.5)

u(0) = u0, ut(0) = u1, (2.1.6)

possui uma ´unica solu¸c˜ao mild u ∈ C1([0, T ]; Hs(R)). Al´em disso, a solu¸c˜ao u satisfaz a

estimativa: ku(t)kHs + kut(t)kHs ≤ C2(1 + T )  ku0kHs + ku1kHs + Z t 0 kL(f )(τ )kHsdτ  . (2.1.7)

Demonstra¸c˜ao: Provaremos que existe uma ´unica solu¸c˜ao mild u ∈ C1([0, T ]; Hs(R)) do problema de Cauchy:

utt = A1u + Lf em L1(0, T ; Hs(R))

u(0) = u0, ut(0) = u1

(2.1.8)

onde A1 e L s˜ao definidos como no lema 2.1.1. Assim aplicando o operador linear

I + ∂4

x : Hs(R) → Hs−4(R), onde, dado u ∈ Hs(R),

(36)

teremos que (I + ∂x4)utt = (I + ∂x4)A1u + (I + ∂x4)Lf em L 1(0, T ; Hs−4 (R)) entretanto, (I + ∂x4)(A1u) = F−1[(1 + ξ4)F [A1u]] = F−1[(−aξ2− ξ4)F [u]] = auxx− uxxxx e (I + ∂x4)(Lf ) = F−1[(1 + ξ4)F [Lf ]] = f obtemos assim que existe u ∈ C1([0, T ]; Hs(R)) tal que

utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt= f em L1(0, T ; Hs−4(R))

e u satisfazendo as condi¸c˜oes iniciais (2.1.6) resolvendo assim o problema de Cauchy (2.1.5), (2.1.6). Vamos ent˜ao resolver o problema (2.1.8), para isso denotando por v = ut

temos, vt= A1u + Lf assim fazendo U =   u v 

 podemos reescrever o problema (2.1.8) como,

d

dtU = AU + F

U (0) = U0

(2.1.9)

onde A : Hs(R) × Hs(R) → Hs(R) × Hs(R) ´e dado por

(37)

2.1 O problema linear associado 37

e considerando sobre Hs(R) × Hs(R) a norma k(u, v)kHs×Hs = kuk2 Hs + kvk2Hs 12 temos que kAU kHs×Hs = kvk2Hs + kA1uk2Hs 12 ≤ kvk2Hs + K12kuk2Hs 12 ≤ K2kU kHs×Hs

K2 =pmax{1, K12}, isto ´e, A ´e um operador linear e cont´ınuo definido em Hs(R)×Hs(R).

Temos, portanto, que A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0, S, sobre

Hs(R) × Hs(R). Al´em disso, F (x, t) =   0 Lf (x, t)  

e, pelo Lema 2.1.1, temos que F ∈ L1([0, T ]; Hs(R)×Hs(R)), posto que f ∈ L1([0, T ]; Hs−2(R)). Do exposto acima segue que, existe uma ´unica solu¸c˜ao mild U ∈ C([0, T ]; Hs(R) × Hs(R)) do problema (2.1.9) na forma U (t) =   u(t) ut(t)  = S(t)U0+ Z t 0 S(t − s)F (s)ds

donde segue que o problema de Cauchy (2.1.8) tem uma ´unica solu¸c˜ao u ∈ C1([0, T ], Hs(R)). Vamos provar agora a seguinte estimativa:

ku(t)kHs + kut(t)kHs ≤ C2(1 + T )  ku0kHs + ku1kHs + Z t 0 kL(f )(τ )kHsdτ  .

Considerando, ent˜ao, u ∈ C1([0, T ]; Hs(R)) e tomando a transformada de Fourier em

(2.1.5) e (2.1.6) temos,

F [u]tt+ aξ2F [u] + ξ4F [u]tt+ ξ4F [u] = F [f ](t)

(38)

resolvendo a equa¸c˜ao acima, em rela¸c˜ao a t, obtemos F [u](ξ, t) = cos(ρ(ξ)t)F [u0](ξ) + sen(ρ(ξ)t) ρ(ξ) F [u1](ξ) + Z t 0 sen(ρ(ξ)(t − τ )) ρ(ξ) F [f ](ξ, τ ) 1 + ξ4 dτ onde ρ(ξ) = q aξ24

1+ξ4 . Assim, aplicando a desigualdade de Minkowski e a express˜ao acima,

ku(t)kHs ≤ Z R (1 + ξ2)s|cos(ρ(ξ)t)|2|F [u 0](ξ)|2dξ 12 + Z R (1 + ξ2)s sen(ρ(ξ)t) ρ(ξ)  |F [u1](ξ)|2dξ 12 + Z t 0 sen(ρ(.)(t − τ )) ρ(.) (1 + . 2)s/2F [f ](., τ ) 1 + .4 dτ L2

Note que, para todo ξ ∈ R e todo t ∈ [0, T ], sen(ρ(ξ)t)

ρ(ξ) ≤

ρ(ξ)t

ρ(ξ) = t e | cos(ρ(ξ)t)| ≤ 1 assim, para todo t ∈ [0, T ],

ku(t)kHs ≤ ku0kHs+ tku1kHs+ Z t 0 (t − τ )kLf (τ )kHsdτ ≤ ku0kHs+ T ku1kHs + T Z t 0 kL(f )(τ )kHsdτ.

Uma vez que,

F [u]t(ξ, t) = −ρ(ξ)sen(ρ(ξ)t)F [u0](ξ) + cos(ρ(ξ)t)F [u1](ξ) +

+ Z t

0

cos(ρ(ξ)(t − τ ))F [f ](ξ, t) 1 + ξ4 dτ

obtemos, de modo analogo ao que fizemos acima, que

kut(t)kHs ≤ Cku0kHs + ku1kHs + C

Z t

0

kL(f )(τ )kHsdτ

(39)

2.2 Estimativas para o termo n˜ao linear 39 ku(t)kHs + kut(t)kHs ≤ C2(1 + T )  ku0kHs + ku1kHs + Z t 0 kL(f )(τ )kHsdτ  . 

2.2

Estimativas para o termo n˜

ao linear

Lema 2.2.1. Dado s > 0 temos que

• Se 0 < s < 1 , Hs

(R) ∩ L∞(R) ´e uma ´algebra com

kuvkHs ≤ C(kukL∞kvkHs + kukHskvkL∞).

• Se 1

2 < s < ∞, H s

(R) ´e uma ´algebra de Banach generalizada, isto ´e, kuvkHs ≤ CkukHskvkHs.

Demonstra¸c˜ao: Ver apˆendice A.1.

Lema 2.2.2. Assuma que p > 1, 0 < s < p e u ∈ Hs(R) ∩ L(R), ent˜ao existe uma constante C > 0 tal que

k|u|pk

Hs ≤ Ckukp−1L∞kukHs. (2.2.10)

Demonstra¸c˜ao: Ver [23], p´agina 363.

Lema 2.2.3. Sejam p ∈ N, p > 1 e s ∈ R onde 32 < s < p + 1. Dados u, v ∈ H s

(R) tais que kukHs ≤ R e kvkHs ≤ R, para algum R > 0 fixo, ent˜ao temos

k|ux|p− |vx|pkHs−2 ≤ CpRp−1ku − vkHs. (2.2.11)

Demonstra¸c˜ao: Denotando por f (z) = |z|p, temos |ux|p− |vx|p =

Z 1 0

(40)

onde, f0(z) =    pzp−1 , z ≥ 0 −p(−z)p−1 , z < 0 =    p|z|p−1 , z ≥ 0 −p|z|p−1 , z < 0 ou seja, k|ux|p − |vx|pkHs−2 ≤ Z 1 0 pk|(1 − λ)ux− λvx|p−1(ux− vx)kHs−2dλ. (2.2.12) Como 32 < s < p + 1, temos −12 < s − 2 < p − 1. • Caso −1 2 < s − 2 ≤ 0. Da imers˜ao L2(R) ,→ Hs−2(R), k|(1 − λ)ux+ λvx|p−1(ux− vx)k2Hs−2 ≤ Ck|(1 − λ)ux+ λvx|p−1(ux− vx)k2L2 = C Z R ||(1 − λ)ux(x) − λvx(x)|p−1(ux(x) − vx(x))|2dx

como u, v ∈ Hs(R) segue que u

x, vx ∈ Hs−1(R) e por s − 1 > 12, do Lema 1.6.6,

Hs−1(R) ,→ L(R), assim,

|λvx(x) + (1 − λ)ux(x)|2(p−1) ≤ |(1 − λ)kuxkL∞+ λkvxkL∞|2(p−1)

≤ C|(1 − λ)kuxkHs−1 + λkvxkHs−1|2(p−1) ≤ CR2(p−1)

observe que, esta ´ultima desigualdade segue pois kuxkHs−1 ≤ kukHs ≤ R, por hip´otese.

Do mesmo modo, kvxkHs−1 ≤ R. Do exposto acima,

k|(1 − λ)ux− λvx|p−1(ux− vx)kHs−2 ≤ CRp−1kux− vxkL2

≤ CRp−1ku − vk Hs.

(41)

2.2 Estimativas para o termo n˜ao linear 41 Suponha p = 2, assim 0 < s − 2 < 1 = p − 1 e Z R Z R

||(1 − λ)ux− λvx|(x) − |(1 − λ)ux− λvx|(y)|2

|x − y|1+2(s−2) dxdy ≤ ≤ Z R Z R

|(1 − λ)ux(x) − λvx(x) − (1 − λ)ux(y) + λvx(y)|2

|x − y|1+2(s−2) dxdy = Z R Z R

|(1 − λ)(ux(x) − ux(y)) − λ(vx(y) − vx(x))|2

|x − y|1+2(s−2) dxdy ≤ 2 Z R Z R (1 − λ)2|u x(x) − ux(y)|2 + λ2|vx(x) − vx(y))|2 |x − y|1+2(s−2) dxdy < ∞

onde, nesta ´ultima desigualdade, fizemos uso do Teorema 1.6.12 e do fato de ux, vx ∈ Hs−1(R) ,→ Hs−2(R). Concluimos assim que |(1 − λ)ux − λvx| ∈ Hs−2(R)

e k|(1 − λ)ux− λvx|kHs−2 ≤ C k|(1 − λ)ux− λvx|k2L2 + Z R Z R

||(1 − λ)ux− λvx|(x) − |(1 − λ)ux− λvx|(y)|2

|x − y|1+2(s−2) dxdy 12 ≤ C  kuxk2L2 + Z R Z R |ux(x) − ux(y)|2 |x − y|1+2(s−2) dxdy 12 + C  kvxk2L2 + Z R Z R |vx(x) − vx(y)|2 |x − y|1+2(s−2) dxdy 12 = C(kuxkHs−2 + kvxkHs−2) ≤ C(kuxkHs−1 + kvxkHs−1) deste modo, k|(1 − λ)ux− λvx|kHs−2 ≤ C(kukHs + kvxkHs) ≤ 2CR. (2.2.13)

Agora se p > 2 ent˜ao p − 1 > 1 e s − 2 < p − 1, pelo Lema 2.2.2 temos que |(1 − λ)ux− λvx|p−1 ∈ Hs−2 e

(42)

observe que,

kuxkHs−2 ≤ kuxkHs−1 ≤ kukHs ≤ R

do mesmo modo kvxkHs−2 ≤ R, al´em disso, aplicando (1.6.5) obtemos que,

k(1 − λ)ux− λvxk p−2 L∞ ≤ Ck(1 − λ)ux− λvxk p−2 Hs−1 ≤ ((1 − λ)kuxkHs−1+ λkvxkHs−1)p−2 ≤ CRp−2 donde segue que,

k|(1 − λ)ux− λvx|p−1kHs−2 ≤ CRp−1 (2.2.14)

em qualquer caso, |(1 − λ)ux − λvx|p−1 ∈ Hs−2(R), para qualquer p > 1 inteiro e vale

(2.2.14). Aplicando, ent˜ao, o Lema 2.2.1,

k|(1 − λ)ux− λvx|p−1(ux− vx)kHs−2 ≤ C k|(1 − λ)ux− λvx|p−1kL∞kux− vxkHs−2

+ k|(1 − λ)ux− λvx|p−1kHs−2kux− vxkL∞ .

Note que, sendo s − 1 > 12,

kux− vxkL∞ ≤ Ckux− vxkHs−1

≤ Cku − vkHs (2.2.15)

e

k|(1 − λ)ux− λvx|p−1kL∞kux− vxkHs−2 ≤ CRp−1ku − vkHs (2.2.16)

sendo assim, por (2.2.14), (2.2.15) e (2.2.16) obtemos que,

(43)

2.3 Existˆencia de solu¸c˜ao local 43

• Caso s − 2 ≥ 1.

Note que, por 1 ≤ s − 2 < p − 1 e ux, vx ∈ Hs−2(R) ,→ L∞(R) temos, pelo Lema 2.2.2,

|(1 − λ)ux+ λvx|p−1∈ Hs−2(R) e

k|(1 − λ)ux+ λvx|p−1kHs−2 ≤ Ck(1 − λ)ux+ λvxkp−2L∞k(1 − λ)ux+ λvxkHs−2

≤ CRp−2k(1 − λ)u

x+ λvxkHs−1 ≤ CRp−1

assim, aplicando o Lema 2.2.1,

k|(1 − λ)ux+ λvx|p−1(ux− vx)kHs−2 ≤ Ck|(1 − λ)ux+ λvx|p−1kHs−2kux− vxkHs−2

≤ CRp−1ku − vkHs.

Em qualquer caso, obtemos de (2.2.12),

k|ux|p− |vx|pkHs−2 ≤ CpRp−1ku − vkHs.



2.3

Existˆ

encia de solu¸

ao local

Uma vez provada a existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao para o problema linear associado, passamos agora ao problema de provar a existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao local para o problema (2.0.1), (2.0.2) para isto faremos uso do seguinte Teorema de Ponto Fixo. Lema 2.3.1 (Teorema de ponto fixo de Banach). Seja (M, d) um espa¸co m´etrico completo e Φ : M → M uma contra¸c˜ao, isto ´e, existe 0 ≤ c < 1 tal que, para todo x, y ∈ M tem-se

d(Φ(x), Φ(y)) ≤ cd(x, y).

Ent˜ao existe um ´unico ponto x0 ∈ M tal que Φ(x0) = x0.

(44)

Teorema 2.3.2. Suponha que 32 < s < p + 1, u0, u1 ∈ Hs(R). Ent˜ao o problema de

Cauchy

utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt = α|ux|px em L1(0, T ; Hs−4(R))

u(0) = u0, ut(0) = u1

(2.3.17)

onde α 6= 0, a > 0 e p > 1 ´e inteiro, admite uma ´unica solu¸c˜ao local u = u(x, t) definida sobre um intervalo de tempo maximal [0, T0) com u ∈ C1([0, T0); Hs(R)).

Demonstra¸c˜ao: Considere

B(R, T∗) =u ∈ C1([0, T∗]; Hs(R)); kukC1([0,T

∗];Hs(R)) ≤ R

onde R, T∗ ser˜ao convenientemente definidos, munido da m´etrica d induzida quando

con-siderado como subconjunto do espa¸co de Banach C1([0, T∗]; Hs(R)), sendo assim, como

B(R, T∗) ´e fechado em C1([0, T∗]; Hs(R)), (B(R, T∗), d) ´e um espa¸co m´etrico completo.

Dado u ∈ B(R, T∗) temos que |ux|px ∈ L1(0, T∗; Hs−2(R)). Com efeito,

ux ∈ Hs−1(R) ,→ L∞(R), pois, por hip´otese, 12 < s − 1 < p e assim, do lema 2.2.2,

|ux|p(t) ∈ Hs−1(R), donde segue que |ux|px(t) ∈ Hs−2(R). Al´em disso,

k|ux|px(t)k 2 Hs−2 = Z R (1 + |ξ|2)s−2|F [|ux|px](ξ, t)| 2 ≤ Z R (1 + |ξ|2)s−1 ξ 2 1 + ξ2|F [|ux| p](ξ, t)|2 ≤ C Z R (1 + |ξ|2)s−1|F [|ux|p](ξ, t)|2dξ = Ck|ux|p(t)k2Hs−1 ≤ C1kux(t)k 2(p−1) L∞ kux(t)k2Hs−1

(45)

2.3 Existˆencia de solu¸c˜ao local 45

obtemos assim que,

k|ux|px(t)kHs ≤ Cku(t)kp

Hs ≤ CRp (2.3.18)

portanto |ux|px ∈ L1(0, T∗; Hs−2(R)), para todo T∗ < ∞ fixo.

Considere agora,

R > (ku0kHs + ku1kHs)C2+ 1, (2.3.19)

onde C2 ´e a constante dada no lema 2.1.2. Assim vamos definir o operador

S : B(R, T∗) → B(R, T∗)

tal que, para cada u ∈ B(R, T∗), associamos S(u) = v solu¸c˜ao do problema linear

vtt− avxx+ vxxxx+ vxxxxtt = α|ux|px em L 1(0, T

∗; Hs−4(R))

v(0) = u0, vt(0) = u1.

Por α|ux|px ∈ L1(0, T∗; Hs−2(R)) do lema 2.1.2, para todo u ∈ B(R, T∗), existe uma ´unica

v = S(u) solu¸c˜ao do problema linear acima. Al´em disso, para todo t ∈ [0, T∗], do lema

2.1.2 e por (2.1.7), (2.3.18), kv(t)kHs + kvt(t)kHs ≤ C2(1 + T)  ku0kHs+ ku1kHs + |α| Z t 0 kL(|ux|px)(τ )kHsdτ  ≤ C2(1 + T∗)  ku0kHs+ ku1kHs + |α|C Z t 0 k|ux|px(τ )kHs−2dτ  ≤ C2(1 + T∗) (ku0kHs + ku1kHs + |α|CRpT) .

Definindo f : [0, ∞) → R tal que, f (t) = C2(1 + t)(ku0kHs + ku1kHs + C|α|Rpt) temos

f (0) = C2(ku0kHs + ku1kHs) e

f0(t) = C2(1 + t)(C|α|Rp) + C2(ku0kHs+ ku1kHs + C|α|Rpt)

(46)

logo f ´e estritamente crescente. Como R > f (0), existe T1∗ ∈ [0, ∞) tal que

f (T1∗) = C2(1 + T1∗)(ku0kHs + ku1kHs + C|α|RpT1∗) = R (2.3.20)

al´em disso, como f ´e estritamente crescente, para todo T1∗0 ≤ T1∗ temos que

kvkC1([0,T0

1∗];Hs) = sup

t∈[0,T0 1∗]

{kv(t)kHs + kvt(t)kHs} ≤ R.

Vamos provar agora que, escolhendo R, T∗ adequadamente S ´e uma contra¸c˜ao. Para isto,

considere u, ˜u ∈ B(R, T∗) e v1 = S(u), ˜v = S(˜u) assim, denotando por v = v1 − ˜v, v ´e

solu¸c˜ao do problema de Cauchy,

(47)

2.3 Existˆencia de solu¸c˜ao local 47

deste modo, podemos reescrever (2.3.21) como

kS(u)(t) − S(˜u)(t)kHs + kS(u)t(t) − S(˜u)t(t)kHs = kv(t)kHs + kvt(t)kHs ≤

≤ |α|C(1 + T∗)T∗

Z t

0

Rp−1ku(τ ) − ˜u(τ )kHsdτ

≤ |α|C(1 + T∗)T∗Rp−1d(u, ˜u)

donde segue que,

d(S(u), S(˜u)) ≤ |α|C(1 + T∗)T∗Rp−1d(u, ˜u)

definindo g : [0, ∞) → R tal que g(t) = C(1 + t)tRp−1 temos que g ´e crescente e g(0) = 0,

como lim

t→∞g(t) = ∞, existe T∗2 tal que,

g(T∗2) = C(1 + T∗2)T∗2Rp−1= k (2.3.22)

onde 0 < k < 1. Assim, tomando T∗ = min{T∗1, T∗2} > 0 e R > (ku0kHs + ku1kHs)C2+ 1

temos que S est´a bem definido e ´e uma contra¸c˜ao. Portanto, pelo Teorema do Ponto Fixo de Banach, S admite um ´unico ponto fixo em B(R, T∗), ou seja, existe um ´unico

u ∈ B(R, T∗) ⊂ C1([0, T∗]; Hs(R)) tal que

utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt = α|ux|px em L 1(0, T

∗; Hs−4(R))

u(0) = u0, ut(0) = u1.

O Teorema do Ponto Fixo de Banach nos garante a unicidade de solu¸c˜ao em B(R, T∗),

no entanto almejamos provar a existˆencia de uma ´unica solu¸c˜ao em C1([0, T∗]; Hs(R)).

Para isto considere u, v1 ∈ C1([0, T∗]; Hs(R)) solu¸c˜oes do problema de Cauchy (2.3.17),

assim v = u − v1 satisfaz

vtt− avxx+ vxxxx+ vxxxxtt = α|ux|px− α|v1x|px

(48)

logo, por (2.1.7), ku(t) − v1(t)kHs + kut(t) − v1t(t)kHs ≤ C2(1 + T) Z t 0 kL(α|ux|px− α|v1x|px)(τ )kHsdτ  ≤ C(1 + T∗)|α| Z t 0 k|ux|p(τ ) − |v1x|p(τ )kHs−2dτ ≤ C(1 + T∗)|α| Z t 0 ku(τ ) − v1(τ )kHsdτ

sendo assim, pela Desigualdade de Gronwall, u = v1, provando assim a unicidade de

solu¸c˜ao.

Obtemos at´e aqui que existe uma ´unica solu¸c˜ao u ∈ C1([0, T

∗]; Hs(R)) para o problema

de Cauchy (2.3.17), agora nosso objetivo ser´a estender a solu¸c˜ao a um intervalo de tempo maximal [0, T0). Uma vez que u ∈ C1([0, T∗]; Hs(R)) temos u(T∗), ut(T∗) ∈ Hs(R), assim

ao considerarmos o problema de Cauchy

vtt− avxx+ vxxxx+ vxxxxtt= α|vx|px (2.3.23)

v(0) = u(T∗) vt(0) = ut(T∗) (2.3.24)

provamos, via m´etodo do ponto fixo, que existe T1 > 0 e v ∈ C1([0, T1]; Hs(R)) solu¸c˜ao

do problema (2.3.23) e (2.3.24), assim definindo

˜ u(x, t) =    u(x, t); 0 ≤ t ≤ T∗ v(x, t − T∗); T∗ ≤ t ≤ T∗+ T1 obtemos ˜u ∈ C1([0, T

∗+ T1]; Hs(R)) e ˜u ´e solu¸c˜ao do problema (2.3.17) sobre o intervalo

[0, T∗+ T1]. Aplicando o mesmo racioc´ınio usado para provar a unicidade de solu¸c˜ao em

C1([0, T

∗]; Hs(R)) provamos a unicidade de solu¸c˜ao em C1([0, T∗+ T1]; Hs(R)). Podemos

assim encontrar uma fam´ılia de intervalos [0, Ti], i ∈ I, I um conjunto de ´ındices arbitr´ario,

e solu¸c˜oes ui ∈ C1([0, Ti]; Hs(R)) que estendem a solu¸c˜ao u do problema de Cauchy

(2.3.17), donde segue que, existe T0 > 0 m´aximo tal que

[0, T0) =

[

i∈I

(49)

2.3 Existˆencia de solu¸c˜ao local 49

e u ∈ C1([0, T0); Hs(R)) ´e solu¸c˜ao do problema de Cauchy (2.3.17).

 Corol´ario 2.3.3. Sob as hip´oteses do Teorema 2.3.2 temos que se

sup

t∈[0,T0)

(ku(t)kHs + kut(t)kHs) < ∞

ent˜ao T0 = ∞.

Demonstra¸c˜ao: Temos, pelo Teorema 2.3.2, que o problema (2.3.17) admite uma ´unica solu¸c˜ao u ∈ C1([0, T

0); Hs(R)), onde [0, T0) ´e o intervalo maximal de existˆencia da solu¸c˜ao.

Suponha que

sup

t∈[0,T0)

(ku(t)kHs+ kut(t)kHs) < ∞ (2.3.25)

e T0 < ∞. Dado 0 ≤ T0 < T0 considere o problema de Cauchy

vtt− avxx+ vxxxx+ vxxxxtt = α|vx|px

v(0) = u(T0) vt(0) = ut(T0)

(2.3.26)

de maneira an´aloga ao que fizemos no Teorema 2.3.2 podemos encontrar, via m´etodo do ponto fixo, uma ´unica solu¸c˜ao, v, para (2.3.27) tal que v ∈ B(R, T0) ⊂ C1([0, T0]; Hs(R)),

onde

B(R, T0) = v ∈ C1([0, T0]; Hs(R); kvkC1([0,T0];Hs) ≤ R)

e, de acordo com (2.3.19), (2.3.20) e (2.3.22), devemos ter que R, T0 sejam tais que, R > (ku(T0)kHs + kut(T0)kHs)C2+ 1

R = C2(1 + T0)(ku(T0)kHs + kut(T0)kHs+ C|α|RpT0)

(50)

para algum 0 < k < 1. Deste modo, por (2.3.25) podemos tomar R, T10 que verifiquem, R > ( sup t∈[0,T0) (ku(t)kHs + kut(t)kHs))C2+ 1 R = C2(1 + T10)( sup t∈[0,T0) (ku(t)kHs + kut(t)kHs) + C|α|RpT10) k = C(1 + T10)T10Rp−1

assim, considerando este T10, para qualquer T ∈ [0, T0) o problema de Cauchy (2.3.27)

tem solu¸c˜ao v ∈ B(R, T10) ⊂ C1([0, T0 1]; Hs(R)). Em particular, para T 0 2 = T0− T0 1 2 vamos

considerar v a solu¸c˜ao do problema de Cauchy

vtt− avxx+ vxxxx+ vxxxxtt = α|vx|px

v(0) = u(T20) vt(0) = ut(T20)

definindo, ent˜ao, u :h0, T0+ T10 2 i → R por u(x, t) =    u(x, t); 0 ≤ t ≤ T20 v(x, t − T20); T20 ≤ t ≤ T0+ T10 2

teremos que u ´e solu¸c˜ao do problema de Cauchy (2.3.17) e u ∈ C1h0, T 0+

T10 2

i

; Hs(R),

contrariando a maximalidade de T0. Portanto T0 = ∞.

(51)

Cap´ıtulo 3

EXISTˆ

ENCIA E N ˜

AO

EXISTˆ

ENCIA DE SOLUC

¸ ˜

AO

GLOBAL

Assim como vimos no Teorema 2.3.2, o problema de Cauchy

utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt = ϕ(ux)x (2.0.1)

u(0) = u0, ut(0) = u1 (2.0.2)

onde ϕ(z) = α|z|p, α 6= 0 e p > 1 inteiro, admite uma ´unica solu¸c˜ao u ∈ C1([0, T0); Hs(R))

quando consideramos u0, u1 ∈ Hs(R) e 32 < s < p + 1. Neste cap´ıtulo abordaremos

o problema de existˆencia e n˜ao existˆencia de solu¸c˜ao global, ou seja, estudaremos os casos onde se pode garantir que existe solu¸c˜ao u ∈ C1([0, ∞); Hs(R)) ou n˜ao. Para tal

prop´osito faremos uso do m´etodo do po¸co potencial, seguindo as ideias de [30] na se¸c˜ao 3.2. ´E interessante observar que, na se¸c˜ao 3.2, obtemos, sob as hip´oteses adequadas, que a solu¸c˜ao u ∈ C1([0, T0); Hs(R)) explode (tem blows-up) em tempo finito, isto ´e, existe

T1 < ∞ tal que

lim

t→T1

ku(t)kHs = ∞.

(52)

3.1

Funcional de energia e o po¸

co potencial

Teorema 3.1.1. Suponha que 2 ≤ s < p + 1, u0, u1 ∈ Hs(R) e [0, T0) o intervalo maximal

de existˆencia da solu¸c˜ao u ∈ C1([0, T0); Hs(R)) do problema de Cauchy (2.0.1) e (2.0.2).

Defina E(t) = 1 2 kut(t)k 2 L2 + akux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2 + kuxxt(t)k2L2 + α p + 1 Z R |ux(t)|pux(t)dx

ent˜ao, vale que E(t) = E(0), para todo t ∈ (0, T0), onde,

E(0) = 1 2 ku1k 2 L2 + aku0xk2L2 + ku0xxk2L2 + ku1xxk2L2 + α p + 1 Z R |u0x|pu0xdx.

Demonstra¸c˜ao: Temos que, dado u ∈ Hs(R), s ≥ 2, u ∈ H2, pois Hs(R) ,→ H2(R).

Al´em disso, d dtE(t) = (ut(t), utt(t))L2 + a(ux(t), uxt(t))L2 + (uxx(t), uxxt(t))L2 + +(uxxt(t), uxxtt(t))L2 + α Z R |ux(t)|puxt(t)dx = (ut(t), utt(t))L2 + (aux(t), uxt(t))L2 + (uxx(t), uxxt(t))L2 + +(uxxt(t), uxxtt(t))L2 + (ϕ(ux(t)), uxt(t))L2

onde ϕ(ux(t)) = α|ux(t)|p observe que,

uxxxx= d2 dx2  d2 dx2u  e d 2 dx2  d2 dx2utt  onde uxx, uxxtt ∈ L2(R), pois u ∈ H2(R) e utt = A1u + Lf ∈ H2(R)

sendo assim, por ut∈ H2(R),

(53)

3.1 Funcional de energia e o po¸co potencial 53

do mesmo modo, como utt, ux, ϕ(ux) ∈ L2(R),

hutt, utiH−2,H2 = (utt, ut)L2

hϕ(ux)x, utiH−2,H2 = −(ϕ(ux), uxt)L2

hauxx, utiH−2,H2 = −a(ux, uxt)L2

logo,

d

dtE(t) = h(utt− auxx+ uxxxx+ uxxxxtt− ϕ(ux)x)(t), ut(t)iH−2,H2 e, por (2.0.1),

d

dtE(t) = 0

portanto, integrando a express˜ao acima de 0 a t, t ∈ (0, T0),

E(t) = E(0).

 No que segue, vamos considerar o funcional J (energia potencial) definido por,

J (u(t)) = 1 2 akux(t)k 2 L2 + kuxx(t)k2L2 + α p + 1 Z R |ux(t)|pux(t)dx.

Deste modo, para todo t ∈ [0, T0),

J (u(t)) ≤ E(t) = E(0),

al´em disso, como p > 1, o corol´ario 1.6.7 garante que, para todo u ∈ H2(R),

kux(t)kLp+1 ≤ K kux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2

12 ≤ K1 akux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2

(54)

vamos, ent˜ao, denotar por C0 = sup 06=u∈H2(R) kux(t)kLp+1 akux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2 12

onde C0 ´e uma constante que independe de t.

Afirmamos que, 1 2 akux(t)k 2 L2 + kuxx(t)k2L2 − |α| p + 1C p+1 0 akux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2 p+12 ≤ J(u(t)). Com efeito, −α p + 1 Z R |ux(t)|pux(t)dx ≤ |α| p + 1 Z R |ux(t)|p+1dx ≤ |α| p + 1C p+1 0 akux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2 p+12 assim, − |α| p + 1C p+1 0 akux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2 p+12 ≤ α p + 1 Z R |ux(t)|pux(t)dx logo, 1 2 akux(t)k 2 L2 + kuxx(t)k2L2 − |α| p + 1C p+1 0 akux(t)k2L2+ kuxx(t)k2L2 p+12 ≤ ≤ 1 2 akux(t)k 2 L2 + kuxx(t)k2L2 + α p + 1 Z R |ux(t)|pux(t)dx = J (u(t)). Defina a fun¸c˜ao g : [0, ∞) → R g(y) = 1 2y − |α| p + 1C p+1 0 y p+1 2 e note que g0(y) = 1 2 − |α|C0p+1 2 y p−1 2

assim g0(y) = 0 se, e s´o se,

(55)

3.1 Funcional de energia e o po¸co potencial 55

al´em disso, g0(y) > 0 se y ∈ [0, y0) e g0(y) < 0 se y ∈ (y0, ∞) , donde segue que g ´e

estritamente crescente em [0, y0) e g ´e estritamente decrescente em (y0, ∞). Portanto,

d = max y∈[0,∞) g(y) = g(y0) onde, g(y0) = p − 1 2(p + 1)|α| − 2 p−1C −2(p+1) p−1 0

observe tamb´em que,

y0 =

2(p + 1) p − 1 d.

Para uma melhor compreens˜ao do comportamento da fun¸c˜ao g, apresentamos abaixo o seu gr´afico quando p = 4 e α = 35

C5 0

.

Figura 3.1: Gr´afico da fun¸c˜ao g

Definimos os conjuntos est´avel (po¸co potencial) e inst´avel como

W =  u(t) ∈ H2(R); akux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2 < 2(p + 1) p − 1 d  V =  u(t) ∈ H2(R); akux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2 > 2(p + 1) p − 1 d  .

Lema 3.1.2. Suponha que u0, u1 ∈ H2(R) e u ∈ C1([0, T0); H2(R)) ´e a ´unica solu¸c˜ao

do problema de Cauchy (2.0.1) e (2.0.2), onde T0 ´e o tempo m´aximo de existˆencia da

solu¸c˜ao. Assuma que E(0) < d. Ent˜ao, para todo t ∈ [0, T0),

(i) u(t) ∈ W , se u0 = u(0) ∈ W .

(56)

Prova: Em primeiro lugar observe que, para todo t ∈ [0, T0),

J (u(t)) ≤ E(t) = E(0) < d

isto ´e, J (u(t)) < d. Suponha ent˜ao que u0 = u(0) ∈ W , deste modo,

akux(0)k2L2 + kuxx(0)k2L2 <

2(p + 1) p − 1 d, e que exista t ∈ (0, T0) tal que u(t) /∈ W , assim,

akux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2 ≥

2(p + 1) p − 1 d,

logo, pela continuidade da aplica¸c˜ao t 7→ akux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2, existe t0 ∈ (0, T0)

tal que,

akux(t0)k2L2 + kuxx(t0)k2L2 =

2(p + 1) p − 1 d uma vez que d = 2(p+1)p−1 y0, temos,

akux(t0)k2L2 + kuxx(t0)k2L2 = y0 sendo assim, J (u(t0)) = 1 2 akux(t0)k 2 L2 + kuxx(t0)k2L2 + α p + 1 Z R |ux(t0)|pux(t0)dx ≥ 1 2 akux(t0)k 2 L2 + kuxx(t0)k2L2 − |α| p + 1C p+1 0 akux(t0)k2L2 + kuxx(t0)k2L2 p+12 = 1 2y0− |α| p + 1C p+1 0 y p+1 2 0 = g(y0) = d

ou seja, d ≤ J (u(t0)), no entanto, assim como observamos acima, por hip´otese

J (u(t0)) < d, temos assim um absurdo!

Por outro lado, suponha que u(0) ∈ V e que exista t ∈ [0, T0) tal que u(t) /∈ V , assim,

akux(t)k2L2 + kuxx(t)k2L2 ≤

Referências

Documentos relacionados

No ´ ultimo cap´ıtulo deste trabalho, Cap´ıtulo 5, usaremos o grau to- pol´ ogico para mostrar a existˆ encia de solu¸ c˜ oes para um sistema de equa¸ c˜ oes diferenciais n˜

No cap´ıtulo 3, estudaremos a existˆ encia e unicidade de solu¸c˜ ao do problema linear. Para a obten¸c˜ ao da solu¸c˜ ao regular ou solu¸c˜ ao forte utilizamos dois m´ etodos,

J´ a no cap´ıtulo 3, mostraremos a existˆ encia, tamb´ em usando o m´ etodo de Faedo-Galerkin, a unicidade, e o decaimento exponencial de solu¸c˜ oes para a equa¸c˜ ao

A assistência da equipe de enfermagem para a pessoa portadora de Diabetes Mellitus deve ser desenvolvida para um processo de educação em saúde que contribua para que a

servidores, software, equipamento de rede, etc, clientes da IaaS essencialmente alugam estes recursos como um serviço terceirizado completo...

na educação. A partir das propostas desses autores, são apresentadas as principais características dos blogs e discutidas as suas possíveis consequências

Determinar a variação de energia interna de um sistema num aquecimento ou arrefecimento, aplicando os conceitos de capacidade térmica mássica e de variação de entalpia mássica

O pão nosso de cada dia, nos daí hoje; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do