Ventilação Domiciliar
Marcelo Alcantara Holanda
Prof Associado, Terapia Intensiva/Pneumologia, Universidade Federal do Ceará Idealizador e fundador da plataforma Xlung – www.xlung.net
Ventilação [Não Invasiva (VNI)]
Domiciliar
Marcelo Alcantara Holanda
Prof Associado, Terapia Intensiva/Pneumologia, Universidade Federal do Ceará Idealizador e fundador da plataforma Xlung – www.xlung.net
Ventilação Não Invasiva (VNI) domiciliar na insuficiência respiratória crônica
Marcelo Alcantara Holanda
Prof Associado, Terapia Intensiva/Pneumologia, Universidade Federal do Ceará Idealizador e fundador da plataforma Xlung – www.xlung.net
• O Problema
• Quando e porquê indicar
• Como iniciar – técnica
• Perspectivas
Ventilação Não Invasiva (VNI) na insuficiência respiratória crônica
Holanda, MA; Winkeler GFP, SBPT 2006
Insuficiência respiratória: falência do sistema respiratório integrado,
incluindo os pulmões, parede torácica e cérebro, em manter oxigenação adequada do sangue arterial e eliminar CO2
Insuficiência ventilatória crônica: PaCO2 > 46-50 mmHg mantida sem
acidemia, por compensação renal (elevação do bicarbonato, BE), por semanas ou meses e sem exacerbações
Tipos de insuficiência respiratória
Insuficiência respiratória
hipoxêmica aguda
Insuficiência respiratória hipercápnica
aguda Disfunção
Pulmonar
• PaO
2• PaCO
2 N/Disfunção da “bomba”
Ventilatória (muscular)
• PaO
2• pH PaCO
2Tipos de insuficiência respiratória
Insuficiência respiratória
hipoxêmica crônica
Insuficiência respiratória hipercápnica
crônica Disfunção
Pulmonar
• PaO
2• PaCO
2 N/Disfunção da “bomba”
Ventilatória (muscular)
• PaO
2• pH PaCO
2Tipos de insuficiência respiratória
Insuficiência respiratória
hipoxêmica crônica
Insuficiência respiratória hipercápnica
crônica Disfunção
Pulmonar
• PaO
2Disfunção da “bomba”
Ventilatória (muscular)
• PaO
2• pH PaCO
2Mista (DPOC)
Sintomas & sinais de insuficiência respiratória crônica
Holanda, MA; Winkeler GFP, SBPT 2006
• Cefaleia (matinal)
• Alterações de memória
• Hipersonolência
• Distúrbios do sono
• Dispneia
• Edema
Sintomas & sinais de insuficiência respiratória crônica
Holanda, MA; Winkeler GFP, SBPT 2006
• Cefaleia (matinal)
• Alterações de memória
• Hipersonolência
• Distúrbios do sono
• Dispneia
• Edema
• Tremor de extremidades
• Vasodilatação cutânea
• SpO2 < 95%
• Taquipneia
• Uso de mm. acessória
• Mov. resp. paradoxal
Sintomas & sinais de insuficiência respiratória crônica
Holanda, MA; Winkeler GFP, SBPT 2006
• Mov. resp. paradoxal
Objetivos terapêuticos da VNI domiciliar
Holanda, MA; Winkeler GFP, SBPT 2006
• Reduzir o trabalho muscular respiratório
• Melhorar a troca gasosa, “normalizar?” a PaCO2
• Melhorar a qualidade do sono
• Atenuar sintomas diurnos relacionados à hipercapnia
• Prevenir ou atenuar cor pulmonale
• Prevenir exacerbações agudas
• Aumentar a sobrevida
• Melhorar a qualidade de vida
Adição de PS + CPAP (BiPAP) à resp. esp.:
PS + PEEP/CPAP
www.xlung.net
IPAP
EPAP
Principais cenários com indicação de VNI domiciliar
Holanda, MA; Winkeler GFP, SBPT 2006
• Doenças neuro-musculares (DNM)
• DPOC avançada (hipercápnica)
• Sd de obesidade/hipoventilação
• Doenças restritivas/deformidades da caixa torácica
• Bronquiectasias e fibrose cística
• Pós-decanulação (TQT)
Lloyd-Owen SJ et al, Eur Respir J 2005
Principais cenários com indicação de VNI domiciliar
Holanda, MA; Winkeler GFP, SBPT 2006
Doenças neuro-musculares (DNM)
• DPOC avançada (hipercápnica)
Ventilação Mecânica nas Doenças Neuromusculares
Medula espinhal Topografia de lesão
Neurônio motor Nervos periféricos
J. neuromuscular Músculos
Exemplos
Mielite transversa, trauma Esclerose Lateral Amiotrófica
Polirradiculoneurite aguda Miastenia gravis
Miopatias
Recomendações brasileiras de ventilação mecânica - Parte 2.
Jornal Brasileiro de Pneumologia, 2013
Mais de 120 patologias !
• Provas de função pulmonar
– Espirometria
– Pressões Respiratórias Máximas
• Função neuro-muscular
– Pdi – ENM
• Imagem
– Raio-X de tórax – US
– TC – RNM
Avaliação do Diafragma nas doenças neuromusculares
Fluxo
Volume Volume
Tempo
CVF: Capacidade Vital Forçada
Bellia V, Pistelli R, Catalano F, Antonelli-Incalzi R, Grassi V, Melillo G, Olivieri D, Rengo F. Quality control of spirometry in the elderly. The S.A.R.A. study. Am J Respir Crit Care Med 2000;161:1094.
PFE: Pico de Fluxo Exp
Disfunção diafragmática
Sentada
Deitada
(CVFsent – CVF deitada)/ CVF sentada
> 10-30% diferença - anormal
Normal
Disfunção diafragmática na espirometria
• Espirometria: sentada vs deitada
Avaliação espirométrica da disfunção do Diafragma
Nogueira A & Holanda, MA Resplab, UFC, 2017
Paciente com Pompe de Início Tardio e Insuficiência Respiratória Crônica
1,3mm
1,1mm
A B
1,1mm
Flow x Volume curves Volume x Time curves
0 1 2 3 4 5 6 7
1 2
3
2 4 6 Vol (L)
4
-4
0 Seated
Supine Seated
Supine
Time (s)
PEF
FEV1drop
FVC drop
Nogueira A & Holanda, MA Resplab, UFC, 2017
DNM e sono
Bye PT et al, 1990
Pompe tardio SASO grave + hipoventilação
Bourke SC. et al. Lancet Neurol 2006, 5:140-147
non-bulbar bulbar
Windisch W. Eur Respir J 2008; 32:1328-1336
• COPD
• Restrictive thoracic diseases
• Obesity-Hypo.Syndrome
• Neuromuscular disorders
• Miscellaneous N = 137
Survival in Patients with ALS managed in a Center for NIV Support 15 year experience, VENT-LAR Group
Vidigal-Lopes M., Trindade G., Bernardes S., Isensee R., Amatto B., Almeida L., Prata T., Arantes R., and Guedes R.
Vent-Lar - Center for Nonivasive Ventilatory Support - Julia Kubitschek Hospital –FHEMIG, Minas Gerais–Brazil
79 pacientes VNI – 62%
Sobrevida 5a > 40%.
VNI
VNI + TQT TQT
n.s.
VNI nas doenças neuromusculares - DNM
Holanda, MA; Winkeler GFP, SBPT 2006
Dicas:
• Avaliação e tratamento do comprometimento da tosse - PFT< 270l/min, considerar assistência mecânica
• Regulagem de parâmetros com atenção para:
- Expansão adequada da caixa torácica (pediatria) - Modo pressórico, tipo BiPAP, com f de backup - PEEP (4-6cmH2O) e um VC 8-12ml/kg
• Controle da sialorreia
- Atropina, toxina botulínica, adesivo de escopolamina
• Cuidados especiais com a interface (pediatria)
• Decanulação em traqueostomizados
VNI nas doenças neuromusculares - DNM
Adaptado de NICE guideline nice.org.uk/guidance/ng42 e da German National Guideline for Treating Chronic Respiratory Failure with Invasive and Non-Invasive Ventilation – Revised Edition 2017: Part 2 Respiration Jun, 2018
Sintomas & Sinais de fraqueza muscular: CV < 70% ou diferença
CV sentada e deitada > 10%
• PaCO2 (diurno) > 45mmHg
• PaCO2 (noturno)> 50mmHg
• ΔPTcCO2 > 10mmHg
• CVF < 50%, ou queda rápida
• Polissonografia com hipoxemia noturna
(SpO2<88% - mais de 5 min)
não
Reavaliação – cada 3-4 meses
sim VNI domiciliar é
factível? sim
VNI prolongada
não
VM invasiva?
Cuidados - fim de vida
SpO2 < 95% em ar ambiente ou SpO2 < 93% se doença
pulmonar +
Principais cenários com indicação de VNI domiciliar
Holanda, MA; Winkeler GFP, SBPT 2006
Doenças neuro-musculares (DNM)
DPOC avançada (hipercápnica)
Alterações fisiopatológicas na DPOC avançada
– Aumento do trabalho muscular respiratório
– Hiperinsuflação pulmonar – Hipercapnia e hipoxemia
– Aumento do tônus simpático, disfunção cardiovascular
– Limitação ao exercício físico – Comprometimento do sono
Casaburi R, ZuWallack R. N Engl J Med 2009;360:1329-1335
Sintomas & sinais de insuficiência respiratória crônica
Holanda, MA; Winkeler GFP, SBPT 2006
• Sinal de Hoover
Carrey, Z. e col. Chest, 97:150; 1990
PS na DPOC, trabalho respiratório
Determinantes da PaCO
2durante a ventilação mecânica
PaCO
2PvCO
2Hemodinâmica, DC
Produção de CO2 (VCO2) pelos tecidos
VA = VE (1-VD/VTphys)
P A CO
2VCO
2PaCO
2α
VA VE = VC x f
Quais os efeitos da pressão positiva sobre o parênquima pulmonar
na DPOC ?
Without CPAP CPAP of 5cmH2O
CPAP effects on regional lung aeration in COPD patients: a HRCT study
Holanda MA et al. Chest, 2010
34.7% 31.6%
Hiperaeração
<-950UH
PEEP ou CPAP < 5cmH2O pouco altera a hiperinsuflação e pode desinsuflar algumas regiões hiperaeradas dos pulmões
CPAP effects on regional lung aeration in COPD patients: a HRCT study
Hiperaeração
<-950UH
Holanda MA et al. Chest, 2010
VNI de Alta Intensidade vs Baixa Intensidade na DPOC
• ECR, 15 pacientes, hipercápnicos
• PaCO2 > 45 – dia,
> 50 – noite
Dreher M et al, Thorax 2010
Dreher M et al, Thorax 2010
VNI de Alta Intensidade vs Baixa Intensidade na DPOC
• ECR, 15 pacientes, hipercápnicos
• PaCO2 > 45 – dia,
> 50 – noite
P.B. Murphy, N. Hart / Arch Bronconeumol. 2018;54(3):149–154
Kohnlein T et al. Noninvasive positive pressure ventilation for the treatment of severe stable chronic obstructive pulmonary disease: a
prospective, multicentre, randomised, controlled clinical trial
• 195 pacientes - DPOC grave
- PaCO2 > 53mmHg - GOLD IV, estáveis - Não-obesos
- Sem cardiopatia
Lancet Respir Med. 2014;2:698–705
GRUPO VNI
IPAP 22 +/-5 cmH2O EPAP 5 +/-2 cmH2O
f de back up: 16 +/- 4rpm
Kohnlein T et al. Noninvasive positive pressure ventilation for the treatment of severe stable chronic obstructive pulmonary disease: a
prospective, multicentre, randomised, controlled clinical trial
• 195 pacientes - DPOC grave
- PaCO2 > 53mmHg - GOLD IV, estáveis - Não-obesos
- Sem cardiopatia
Lancet Respir Med. 2014;2:698–705
GRUPO VNI
IPAP 22 +/-5 cmH2O EPAP 5 +/-2 cmH2O
f de back up: 16 +/- 4rpm
VNI domiciliar na DPOC
Holanda, MA; Winkeler GFP, SBPT 2006
Dicas:
• Após exacerbação hipercápnica, reavaliando a necessidade 3- 4 semanas após
• Parâmetros:
- Modo pressórico, BiPAP, com f de backup - Alta intensidade (reduzir a PaCO2)
- Baixa PEEP, IPAP elevada (20 a 30cmH2O) - PC com ciclagem a tempo - opção
- Correção de assincronias paciente-ventilador
• Uso de pelo menos 4.5h por dia
• Uso durante exercícios de reabilitação pulmonar, ou prevenindo exacerbações (cirurgias eletivas)
Esforços inefetivos
Paciente com DPOC grave durante o sono e com VNI – MODO BIPAP
Vasconcelos, Lino, Holanda, RespLab UFC 2019
VNI na prevenção de exacerbação perioperatória
DPOC grave, colecistite crônica litiásica, tto cirúrgico
Anestesia peridural BiPAP no perioperatório
Holanda MA, arquivo pessoal Lar, doce lar
VNI domiciliar na DPOC
Adaptado de German National Guideline for Treating Chronic Respiratory Failure with Invasive and Non-Invasive Ventilation – Revised Edition 2017: Part 2 Respiration Jun, 2018
• PaCO2 > 53 mmHg
(>14 dias após exacerbação)
• Sintomas e sinais de insuf.
resp. crônica
• PaCO2 (diurno) > 50mmHg
• PaCO2 (noturno) > 55mmHg
• ΔPTcCO2 noturno > 10mmHg
• Polissonografia com hipoxemia noturna
(SpO2<88% - mais de 5 min)
Reavaliação – cada 4-12 meses
sim VNI
prolongada
não
Mac Intyre. Respir Care 2012;57(10):1611–1618
Fases da VM na exacerbação da DNM
Admissão Alta
“ Pensar ” no desmame
Avaliar aptidão (readiness)
para o início
Teste de ventilação espontânea
Extubação Re-intubação VNI
Tratamento da
IRespA VNI
VNI
Caso de decanulação e VNI no Brasil
• Mulher, 27a, grave DNM (Sd de Escobar)
• UTI de Hospital regional (interior) por pneumonia, insuf. resp.
hipercápnica, IOT e VM
• Traqueostomizada
• Desmame prolongado – 45 dias
• Médico assistente e família:
• “Achamos que valeria a pena uma avaliação por especialistas
em VM, quem sabe se obtém um milagre”.
De Sobral para Fortaleza
Colaboração do Fisioterapeuta Miguel Gonçalves
– Univ. do Porto, Portugal
Colaboração do Fisioterapeuta Miguel Gonçalves
– Univ. do Porto, Portugal
De Fortaleza para Granja (D7-8)
Cinco anos depois…
• VNI noturna em casa:
• Treinamento da família e paciente
• Sem exacerbações
• Casamento
Cuidando de pacientes com insuficiência respiratória crônica
Centros especializados
em VM
marceloalcantara@xlung.net www.xlung.net