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A literatura na educação infantil e sua contribuição na formação de alunos leitores

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Academic year: 2022

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA CONTRIBUIÇÃO NA FORMAÇÃO DE ALUNOS LEITORES

KARINA SANTANA GUIMARÃES

BRASÍLIA – DF

2014

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

KARINA SANTANA GUIMARÃES

A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA CONTRIBUIÇÃO NA FORMAÇÃO DE ALUNOS LEITORES

Monografia apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia, à Comissão Examinadora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, sob a orientação da professora Dra.

Maria Emília Gonzaga de Souza.

BRASÍLIA – DF

2014

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GUIMARÃES, Karina Santana.

A Literatura na Educação Infantil e sua contribuição na formação de alunos leitores / Karina Santana Guimarães. – Brasília, 2014.

Monografia – Universidade de Brasília, Faculdade de Educação, 2014.

Orientadora: Dra. Maria Emília Gonzaga de Souza

1. Educação Infantil. 2. Literatura Infantil. 3. Práticas Pedagógicas.

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Monografia apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia, à Comissão Examinadora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, sob a orientação da professora Dra.

Maria Emília Gonzaga de Souza.

Comissão Examinadora

Professora Dra. Maria Emília Gonzaga de Souza (Orientadora) Faculdade de Educação da Universidade de Brasília - UnB

Professora Dra. Maria Alexandra Militão

Faculdade de Educação da Universidade de Brasília - UnB

Professora Dra. Solange Alves de Oliveira Mendes Faculdade de Educação da Universidade de Brasília - UnB

Brasília, novembro de 2014

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por tudo o que Ele tem feito por mim, pelo seu cuidado, seu amor, sua força e inspiração a mim efetuados, pois eu não estaria aqui se não fosse sua infinita graça sobre minha vida. Obrigada, Senhor.

A minha mãe, Cleonides, e meu pai (in memoriam) que sempre acreditaram em minha capacidade, sempre me amaram e me educaram com muito esforço para que eu fosse a pessoa que sou hoje.

A meu padrasto, Bosco, meus irmãos, Rafael e Kamylla, a meu namorado, Junior, pela enorme compreensão para comigo, enfim, a toda minha família pelo incentivo e companheirismo a mim prestados.

A minha orientadora, Maria Emília Gonzaga de Souza, por toda a dedicação, paciência e atenção e por me incentivar a superar minhas limitações.

Agradeço às amizades que foram construídas ao longo dos anos de faculdade.

Especialmente Kristy Hellen, Fátima e Mikaela, companheiras de todas as horas, na alegria, na tristeza, enfim, por todos os momentos que passamos juntas.

A cada pessoa, a cada professor, a cada amigo que estiveram comigo por um determinado tempo, ensinando-me e ajudando-me a ser melhor.

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Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.

Provérbios 22:6

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RESUMO

A literatura possui uma forte contribuição na formação de alunos leitores, dessa forma esse trabalho foi produzido com a intenção de analisar como vem sendo praticada a literatura na educação infantil. Tendo como objetivo específico identificar as atividades pedagógicas que influenciam positivamente na formação do aluno leitor, analisando as atividades propostas pelo professor e visando a essa formação e ao conhecimento das concepções das professoras acerca da importância da literatura na educação infantil. Contemplando aspectos históricos sobre a educação e a literatura infantil, ressaltando alguns conceitos relacionados à criança e seu mundo, bem como o surgimento da segunda colaborou para o desenvolvimento da criança. Foram apontadas algumas práticas pedagógicas, com destaque na educação infantil, que visam à formação de alunos leitores. Fundamentando-se nos autores Frantz (2011) e Garcez (2008) que se interessam por essa área de pesquisa. Este se realiza por meio de pesquisa de caráter qualitativo, realizada em uma instituição de ensino pública de Brasília/DF.

A pesquisa estruturou-se em dois instrumentos, que no geral, obteve ótimos resultados: um roteiro de observação realizado com 20 crianças e duas professoras da turma em questão; e um questionário que foi respondido por cinco professoras da educação infantil. A literatura quando é utilizada intencionalmente traz fundamentais benefícios ao desenvolvimento da criança, como na leitura e escrita. Dessa forma, para que se desenvolvam futuramente bons leitores, é importante que os profissionais da educação infantil se comprometam a introduzir a literatura em suas práticas educacionais, incentivando a leitura e a paixão pelos livros.

Palavras-chaves: Educação Infantil. Literatura Infantil. Práticas Pedagógicas.

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SUMÁRIO

MEMORIAL EDUCATIVO...9

DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO DA PESQUISA...15

INTRODUÇÃO...16

1 ARCABOUÇO TEÓRICO...18

1.1 CONHECENDO UM POUCO A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL...18

1.2 LITERATURA INFANTIL: APONTE PARA A FORMAÇÃO DO ALUNO LEITOR...21

1.2.1 A criança e o livro: o professor como mediador...24

1.2.2 Quem conta histórias encanta ouvintes...26

1.3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO DO ALUNO LEITOR...29

1.3.1 Uma boa leitura implica bons resultados...33

2 CAMINHOS METODOLÓGICOS...35

2.1 CONHECENDO A ESCOLA E OS SUJEITOS COLABORADORES...36

2.1.1 Características da escola...36

2.1.2 Características da turma...36

2.1.3 Características das professoras...37

3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS...38

3.1 ESCOLA: UM LUGAR DE APRENDIZAGEM E PESQUISA...38

3.2 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COMO OBJETO DE ANÁLISE...38

3.3 PERCEPÇÕES DAS EDUCADORAS COM RELAÇÃO À LITERATURA INFANTIL...47

CONSIDERAÇÕES FINAIS...55

REFERÊNCIAS...58

ANEXO...60

APÊNDICE...62

PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS...63

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MEMORIAL EDUCATIVO

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Formação básica

Nasci no dia 27 de outubro de 1992, em Brasília. Meu pai faleceu quando eu era ainda pequena, apenas quatro anos, desde então minha mãe vem criando a mim e a meus dois irmãos mais velhos com bastante esforço. Agradeço a ela pela educação que me proporcionou, pelos princípios transmitidos, pois tudo o que sou hoje devo a ela por ter me ensinado.

Tinha cinco anos de idade quando entrei em minha primeira escola, Escola Batista do Paranoá, que atualmente não existe mais. Não gostava muito de ir, lembro-me de um episódio muito triste que aconteceu, quando umas meninas, que eram da minha turma, zombavam de mim por alguma coisa, não me lembro de que ao certo. Às vezes, até inventava para minha mãe que estava doente somente para não ir à escola. Uma das brincadeiras de criança que eu mais gostava era a de escolinha, em que eu e meu primo éramos alunos da minha irmã, que era a mais velha e nos ensinava. Gostei muito de minha infância, posso declarar veemente que tive infância, brinquei muito com minha irmã, meus primos e meus amigos. Durante toda minha infância e adolescência, ia para a casa de meus avós, pois a família se reunia para conversar e, enquanto isso, nós íamos brincar. Brinquei e me diverti muito, uma infância diferente da que temos hoje na sociedade. Amo minha família, tenho orgulho de fazer parte dela.

Em toda minha trajetória de estudante, sempre estudei em escola pública, sempre fui uma boa aluna, esforçada. Meus professores sempre me elogiavam nas reuniões de pais.

Adorava tirar boas notas, jamais fui reprovada. Gostei do colegial, ainda hoje sinto bastante falta do tempo no ensino médio, de minha escola, de meus professores e amigos. Certa vez, ouvi dizer que temos saudade de tudo o que passou, pois, quando estamos no ensino fundamental II, sentimos falta do anterior, quando estamos no ensino médio acontece do mesmo modo e assim sucessivamente.

Em 1999, fui estudar no CAIC Madre Santa Paulina. Fiz muitos amigos, uns até hoje permanecem e outros nos encontramos por acaso, mas sem cumprimentos. Existia uma professora que eu amava nessa escola, e as aulas dela também, a professora Helena. Estudei com ela minhas duas primeiras séries iniciais. No ano seguinte, fiquei com outra professora que, sempre ao final de cada aula, nos ensinava a fazer docinhos de leite ninho. Eu gostava muito de fazê-los e ainda mais de comê-los porque eram muito gostosos. Durante o tempo que passei nessa escola, sempre era aluna destaque por minhas notas e meu comportamento.

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Lembro que nessa escola havia uma biblioteca, mas que não era utilizada por nós alunos;

durante todos os anos que nessa escola permaneci, minha mãe comprava um livro que era pedido pela escola na lista de material escolar a cada início de ano, mas a professora não trabalhava com eles em sala nem como tarefa de casa. Não tinha o costume de ler, raramente lia alguns gibis que havia ganhado da minha mãe. Não tive um bom relacionamento com os livros até o segundo ano do ensino médio, pois, a partir daí, com influência de minha irmã, comecei a ler livros de romance, livros cristãos e desde então nunca mais parei. Minha leitura e minha escrita não eram muito boas, mas a partir do momento que comecei a ter uma relação com os livros, pude ver meu progresso.

Em 2004, fui estudar no Centro de Ensino Fundamental 1 do Paranoá. Tudo mudou.

Agora havia mais disciplinas e muitos professores. Meu ensino fundamental foi divertido, aconteceram algumas coisas inusitadas, conheci novos amigos. Lembro que caí no corredor várias vezes, em pleno recreio, e todos riram de mim, inclusive eu. Lembro-me de que estudei com uma professora de história, nossa! Amava aquela professora, ela explicava a matéria tão bem. Na 8.ª série, tive aula com duas professoras que, mais tarde no ensino médio, seriam minhas diretoras. Durante os quatro anos que fiquei nessa escola, todo bimestre ganhava certificado de Honra ao Mérito, por ter tirado ótimas notas e até hoje os guardo com muito carinho. Amava isso!

Em 2008, ingressei no Centro de Ensino Médio 1 do Paranoá, e algumas coisas novas vieram. Foram desmembradas algumas disciplinas, como as ciências naturais que se tornaram Química, Física e Biologia, outras disciplinas também foram incorporadas no currículo, Filosofia e Sociologia. O primeiro ano do ensino médio para mim foi complicado porque foram muitas mudanças, não consegui manter meu ritmo de antes em ciências naturais porque, além de os professores não ensinarem muito bem, a matéria era complicada, mas depois consegui prosseguir com meu ritmo de antes. Continuei sendo uma das melhores da sala, mesmo não indo tão bem em Física. Meu primo estudava comigo na mesma sala e sempre competíamos para ver quem tirava a maior nota. Às vezes empatávamos, às vezes eu ganhava e outras ele ganhava, era muito divertido.

No segundo ano, já era conhecida por praticamente toda a escola e também pelos professores. Havia um professor de Matemática que ninguém gostava dele, pelo fato de ele explicar a matéria sempre olhando para baixo ou para o quadro, mas eu gostava dele, aprendia muito, sempre o defendia, tirava sempre as maiores notas. Certa vez até ganhei uma calculadora científica. Quando estava no segundo ano, lembro-me de que o governo iniciou um projeto para muitas escolas, um passeio oferecido aos melhores alunos da escola. Iríamos

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ficar hospedados num hotel em Brasília e, durante esses três dias, iríamos aos principais pontos turísticos daqui de Brasília e um desses pontos foi a Universidade de Brasília (UnB).

Foi excelente! Não tinha muito conhecimento sobre a UnB até então.

Durante toda a minha educação básica, a não ser no ensino médio, não gostava de ler nem me interessava por livros, independente de qual era o gênero. Comecei a me interessar por livros por intermédio da minha irmã que me apresentou alguns best seller. Aí começava meu relacionamento com os livros que vieram a aumentar no nível superior com indicações de professores e de amigas. Sinto pesarosamente que minha formação como leitor tenha se iniciado no último nível da educação básica e não por incentivo de professores, mas de outros.

Como sempre estudei em escolas públicas, minha mãe achou por bem me colocar num cursinho preparatório para o PAS, o Alub, as minhas tardes de terça e quinta não eram mais as mesmas. Os professores faziam parecer as matérias tão fáceis, eles eram ótimos! Fiz amigos lá que hoje os encontro pela UnB. Esse cursinho me ajudou bastante, não consegui passar pelo PAS, mas consegui passar pelo vestibular na segunda tentativa; na primeira, havia colocado Psicologia, mas não atingi a pontuação suficiente para conseguir a vaga. Porém, hoje, percebo que meu lugar é realmente na Educação. Nem acreditei quando soube que havia passado, nesse mesmo momento, estava cursado Pedagogia em uma faculdade particular com Bolsa Prouni. Minha irmã estava mais curiosa que eu para ver o resultado, tanto que quem me deu a notícia da aprovação foi ela. Foi muito emocionante!

Curso superior

Creio que o sonho de qualquer pessoa é ter uma boa formação em sua graduação e a Universidade de Brasília nos possibilita isso. Você convive com diferentes tipos de pessoas, diferentes etnias, estilos, etc., tudo o que há na Universidade contribui para uma ótima formação porque você afirma quem você é de fato e o que quer realmente de seu curso e de seu futuro. O espaço da UnB é maravilhoso, a natureza presente em cada canto, às vezes até dentro da sala de aula. Essa experiência foi uma das melhores de minha vida e jamais a esquecerei. Tenho a plena certeza que, quando me formar, sentirei saudade de tudo o que vivi.

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Escolha do curso

Desde pequena, sonhava em ser veterinária. Junto com minha irmã e meu primo abriríamos uma clínica veterinária e ali iríamos trabalhar juntos. Esse pensamento prevaleceu até a adolescência. Gosto bastante de falar com as pessoas, de dar conselhos e por isso me identifiquei bastante com o curso de Psicologia. Fiz o vestibular da UnB, mas não consegui passar e desisti. Logo, iniciei o curso de Pedagogia em uma faculdade particular e comecei a me interessar pelo curso, percebi que sempre gostei do ambiente escolar e que queria trabalhar com alunos. Fiz o vestibular da UnB novamente por insistência da minha mãe e passei para o curso de Pedagogia.

Formação acadêmica

No segundo semestre do ano de 2011, estava iniciando meu curso de Pedagogia. Era tudo tão diferente, me sentia como um peixe fora d’água como um espaço que não me era familiar. Com o passar dos dias, fui me adaptando a minha nova realidade e logo me familiarizei com o espaço da Faculdade de Educação que hoje considero como minha segunda casa, pois é o segundo lugar onde passo mais tempo.

Cursei todas as matérias que me foram ofertadas nos oito semestres que fiquei na UnB, gostei de praticamente todas. Muitas me marcaram, como a disciplina Oficina Vivencial que me possibilitou diferentes experiências e o maior envolvimento da turma; Antropologia da Educação, em que aprendemos a respeitar as diversas culturas existentes; Libras, uma língua de sinais para os surdos se comunicarem; Matemática 1, em que pude ver a Matemática de uma maneira bastante diferente; Psicologia da Educação, em que a Makeline, professora dessa disciplina, falava dos autores com um prazer imenso e isso me chamava bastante atenção; Educação em Geografia, com a qual pude aprender um modo de ensinar e aprender a Geografia que jamais vi enquanto cursava o ensino básico. Por fim, os projetos, principalmente os da fase 4, por meio das quais pude ir para o ambiente escolar que me proporcionou diversas experiências boas e ruins, compreendendo qual tipo de educador quero ser. Considero tudo que vi, vivi e ouvi um enorme aprendizado.

Segui meu fluxo corretamente, peguei matérias de módulo livre no Instituto de Música, Canto Coral, foi ótimo!

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Cursei as disciplinas de Projeto, foi um aprendizado e tanto, ter experiência no ambiente escolar é algo maravilhoso, ter a aproximação das crianças, das professoras, não tenho palavras para expressar o sentimento dessa experiência.

Encontrei-me nesse curso como pessoa e como profissional e tenho em mente o que desejo ser e o que não quero ser de maneira alguma.

Tenho a ideia de que todos deveriam fazer o curso de Pedagogia antes de qualquer outro, pois nos possibilita uma visão mais ampla de nossa sociedade e um sentimento de humanização, de reconhecimento dos outros, independente de como são e de qual classe pertencem.

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DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO DA PESQUISA

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é resultado de uma pesquisa realizada no curso de Pedagogia e tem como foco verificar como a literatura contribui na formação de alunos leitores.

É fundamental que educadores tomem conhecimento da importância da leitura em sala de aula para crianças no início de escolarização. Quanto mais cedo houver essa aproximação, melhor será sua formação como futuro leitor.

A partir do conhecimento adquirido nas disciplinas e atividades de campo no curso de Pedagogia, percebeu-se quão deficitário está o ensino nas escolas públicas no quesito leitura.

Um dos grandes problemas que se encontram, geralmente, são alunos que não possuem o apreço pela leitura nem pelos livros. Frantz (2011) sugere que os livros sejam apresentados às crianças desde seus primeiros anos de vida, sejam com seus pais, responsáveis, sejam em instituições de ensino. Mesmo as crianças não sabendo ler é essencial que adentrem ao mundo da literatura, por meio de ilustrações presentes nos livros, história que lhes é contada, entre outras maneiras.

A literatura possui um papel de suma importância no desenvolvimento da criança.

Quando ela possui um contato logo cedo com os livros, construindo um relacionamento, terá mais chances de obter sucesso, pois sua leitura e escrita serão bem desenvolvidas, visto que teve uma aproximação com o aroma das páginas desde sua infância. De acordo com Frantz (2011), a educação de qualidade só será alcançada, se de fato, a escola conseguir formar leitores. Vários pesquisadores veem na leitura a chave para o exercício da cidadania. E, para iniciar essa tarefa, nada melhor que começar na primeira etapa da educação básica, atraindo as crianças, provocando-as para entrar no universo da literatura que tem tudo a ver com elas, uma vez que lá encontram a possibilidade de imaginar, de criar e fantasiar por meio das histórias que lhes são contadas pelos adultos.

A partir dessa problematização, tem-se como objetivo geral nesta pesquisa analisar como os professores de educação infantil estão utilizando a literatura em suas práticas pedagógicas para formar futuros leitores.

A seguir, apresentam-se os objetivos específicos.

 Identificar atividades pedagógicas que influenciam positivamente na formação do aluno leitor.

 Analisar as atividades propostas com base na formação do aluno leitor.

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 Conhecer as concepções das professoras acerca da importância da literatura na educação infantil.

A justificativa de ter realizado a pesquisa nessa área se fundamenta na relação que a pesquisadora obteve com a leitura/literatura nos anos iniciais de escolarização, considerando um tema a ser levado a sério nas instituições de ensino, pelo fato de interferir no desenvolvimento da criança por toda a vida. A partir do Projeto 4, percebeu-se que as crianças precisam se relacionar mais com os livros, pois se observa atualmente adultos que não sabem ler nem escrever corretamente por não possuírem o hábito da leitura, tendo em vista que a relação entre o ser humano e os livros precisa ser constante para que haja um melhor desenvolvimento em sua construção como cidadão consciente e crítico. Portanto, a aproximação da criança com os livros desde cedo possibilitará a formação de um futuro leitor que descobrirá o encantamento e a magia que está presente a cada página virada de um bom livro.

Este trabalho está estruturado da seguinte forma: memorial; desenvolvimento temático da pesquisa; e perspectivas profissionais.

O memorial é constituído pela história de vida da autora, com destaque em sua formação escolar, a escolha do curso de Pedagogia e os momentos mais significativos de sua trajetória acadêmica e, por fim, os motivos que a influenciaram optar pelo tema desse trabalho.

O desenvolvimento temático da pesquisa inicia-se com a introdução, seguida de três capítulos e encerrando-se com as considerações finais. O primeiro capítulo aborda um pouco sobre a trajetória da educação infantil, a literatura como a ponte na formação de futuros leitores e as práticas pedagógicas na formação do aluno leitor. Posteriormente, têm-se uma análise de observações que identifica as práticas pedagógicas dos professores na formação de alunos leitores e, em seguida, a análise do questionário aplicado às professoras conhecendo a importância que elas atribuem à literatura em suas práticas em sala de aula. Encerrando-se essa parte com as considerações finais.

E, por último, são apresentadas as perspectivas profissionais da autora.

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1 ARCABOUÇO TEÓRICO

Este capítulo apresenta, primeiramente, alguns conceitos ligados à trajetória da educação infantil, em especial no Brasil. Em seguida, aborda a literatura como um fator que contribui na formação de crianças leitoras, a importância do professor como mediador nesse processo de formação e o grande valor que a contação de histórias possui no processo de construção de um leitor.

1.1 CONHECENDO UM POUCO A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Para se entender a história da educação infantil, é necessário que se leve em consideração seu início e trajetória até chegar ao modelo de educação atual, uma vez que essa parte da história não pode ser dispensada, pois para entender o presente é necessário que se conheça as bases em que esta educação foi estruturada para que não se torne práticas irrefletidas (KUHLMANN JR., 2011).

A concepção de infância atual nem sempre fez parte do ser humano, muito pelo contrário, é bastante recente. De acordo com Silva (2011, p. 1):

[...] a criança parece se situar como um sujeito que detêm seu espaço na sociedade, um indivíduo exigente, questionador, possuidor de mercado consumidor, leis, programas televisivos e ciências dedicadas a elas. Mas a ideia de infância é extremamente moderna.

Durante séculos, a educação da criança estava sob a responsabilidade da família, ela era educada por seus membros, aprendendo as normas e regras da sua cultura, a ela não era atribuída muita importância, vista apenas como um mini adulto. O autor Áries (1981 apud SILVA, 2011) afirma que “[...] o sentimento da infância não existia [...]”, uma vez que esse sentimento correspondia à consciência da particularidade infantil, como a separação: criança, jovem e adulto. O tratamento era o mesmo, em nada se diferenciava. O que importava para a família era a força de trabalho, quanto mais crianças mais dinheiro se conseguia, “[...]

concebida como um objeto descartável, sem valor intrínseco de ser humano” (RIZZO, 2003, p. 37, apud PASCHOAL; MACHADO, 2009, p. 82).

A taxa de mortalidade infantil era altíssima, pois não havia nenhum tipo de higiene, e, com isso, as doenças se propagavam rapidamente e acabavam por matar os indivíduos. A primeira infância era marcada pela aprendizagem de um ofício, ou seja, qual seria a sua mão

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de obra. Contudo, havia uma diferenciação nesse modelo de aprendizagem, uma vez que, na nobreza, as crianças tinham uma formação totalmente diferente das camadas populares, porque a estes eram ensinados a utilização de sua mão de obra e àqueles as artes da guerra ou os ofícios eclesiásticos.

Machado e Paschoal (2009, p. 82) afirmam que “Diferentemente dos países europeus, no Brasil, as primeiras tentativas de organização de creches, asilos e orfanatos surgiram com um caráter assistencialista, com o intuito de auxiliar as mulheres que trabalhavam fora de casa e as viúvas desamparadas”. Essas instituições foram criadas para dar apoio às mães que estavam entrando no mercado de trabalho para sustentar a família ou para ajudar o marido e com isso não tinham onde deixar seus filhos foi então que se deu a criação dessas instituições.

Foram criadas, em meados do século XIV, casas com o intuito de ajudar aos pobres, para abrigar crianças desfavorecidas socialmente, tinham o objetivo de cuidar, higienizar, alimentar, dentre outras necessidades envolvidas; no entanto, no Brasil além do caráter assistencialista, tinha também por objetivo o caráter pedagógico, isso era o que o diferenciava de outros países (MACHADO; PASCHOAL, 2009).

Com a transição do feudalismo para o capitalismo no continente europeu, ocorreu a passagem do modo de produção doméstico para o fabril, essa mudança causou alterações na estrutura familiar, pois antes a mulher ficava em casa para educar os filhos, mas, agora, com esse novo modelo, ela também sairia para trabalhar juntamente com seu marido e até com seus filhos maiores, deixando a educação dos filhos menores a cargo de terceiros.

O nascimento da indústria moderna alterou profundamente a estrutura social vigente, modificando os hábitos e costumes das famílias. As mães operárias que não tinham com quem deixar seus filhos, utilizavam o trabalho das conhecidas mães mercenárias. Essas, ao optarem pelo não trabalho nas fábricas, vendiam seus serviços para abrigarem e cuidarem dos filhos de outras mulheres (PASCHOAL; MACHADO, 2009, p. 80).

No final do século XIX, houve forte imigração no País e iniciou-se a República; com isso, ocorreram iniciativas de proteção à infância para impedir o alto índice de mortalidade infantil. As crianças, nessa época, começaram a frequentar instituições escolares, entretanto, o ensino era diferenciado entre as classes sociais, ou seja, a educação era baseada nas necessidades que cada classe possuía, em consonância Kramer (1995 apud PASCHOAL;

MACHADO, 2009, p. 84) afirma que:

[...] as crianças das classes menos favorecidas eram atendidas com propostas de trabalho que partiam de uma idéia de carência e deficiência, as crianças das classes sociais mais abastadas recebiam uma educação que privilegiava a criatividade e a sociabilidade infantil.

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Com o passar do tempo, a criança passou a ser vista como um ser que precisava de atenção e cuidados especiais dos adultos, uma educação fora da instituição familiar, uma instituição de ensino formal que lhe fornecesse subsídios necessários à educação de qualidade, que proporcionasse seu desenvolvimento intelectual, cognitivo, motor, entre outros. As creches passaram a ter uma nova visão que, além de cuidar das crianças, prioritariamente teriam de desenvolver um trabalho educacional; e um novo tutor, o Estado. No artigo 208, o inciso IV, consta que “O dever do Estado para com a educação será efetivado mediante a garantia de oferta de creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade” (BRASIL, 1988 apud PASCHOAL; MACHADO, 2009, p. 85).

A criança é um ser capaz de aprender, em que há um enorme potencial, cabendo ao adulto saber trabalhar com ela para que esse potencial possa se desenvolver da melhor maneira possível. Uma vez que:

A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca (REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL, v. 1, 1998).

Cada sociedade forma o indivíduo que a identifica, cada criança possuirá a identidade do lugar onde vive. Aprendendo desde seu nascimento a cultura, as regras, as crenças e os hábitos relativos àquela comunidade, identificando-o como um indivíduo que a ela pertence;

no entanto, “A criança, assim, não é uma abstração, mas um ser produtor e produto da história e da cultura” (FARIA, 1999 apud BRASIL, 2006, p. 13).

As crianças são seres que se apropriam do mundo de um jeito único, significativo para elas. Em consonância com essa afirmativa, Paschoal e Machado (2009, p. 79) corroboram que

“Na sociedade contemporânea, por sua vez, a criança tem a oportunidade de frequentar um ambiente de socialização, convivendo e aprendendo sobre sua cultura mediante diferentes interações com seus pares”. Portanto, a criança possui direitos que precisam ser respeitados e levados em conta para a sua formação.

Foi aprovado, dois anos depois da Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, que assegurou à criança e ao adolescente os direitos fundamentais à pessoa humana, com acesso ao “[...] desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade” (BRASIL, 1994 apud PASCHOAL; MACHADO, 2009, p. 85). A partir dessa lei, as crianças adquiriram vários direitos, como por exemplo, o “[...] direito ao afeto, direito de brincar, direito de querer,

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direito de não querer, direito de conhecer, direito de sonhar” (idem, 2009, p. 85), possibilitando-lhes o domínio de seu desenvolvimento como ser humano. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, foi definida a educação infantil como a primeira etapa a ser cumprida na educação básica, o primeiro nível, possuindo a finalidade de desenvolver a criança em seus aspectos: físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Essa modalidade será oferecida em creches e pré-escolas até os seis anos de idade, completado seis anos a criança já estará sendo introduzida na classe de alfabetização.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998a) sugere que as atividades devem ser oferecidas para as crianças não só por meio das brincadeiras, mas aquelas advindas de situações pedagógicas orientadas.

Nesse sentido, a integração entre ambos os aspectos é relevante no desenvolvimento do trabalho do professor, uma vez que: educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros, em uma atitude de aceitação, respeito e confiança, e o acesso pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural (BRASIL, 1998a, p. 23, apud PASCHOAL; MACHADO, 2009, p.

86).

As crianças possuem um enorme potencial quando o assunto é aprendizagem, sendo

“[...] um ser humano único, completo e, ao mesmo tempo, em crescimento e desenvolvimento” (BRASIL, 2006, p. 14). Quando expostas a um leque de possibilidades interativas, seu universo pessoal se amplia em significados se o ensino for contextualizado e de qualidade, “não importando sua origem social, pertinência étnico-racial, credo político ou religioso, desde que nascem” (BRASIL, 2006, p. 15).

Logo, “Os novos paradigmas englobam e transcendem a história, a antropologia, a sociologia e a própria psicologia resultando em uma perspectiva que define a criança como ser competente para interagir e produzir cultura no meio em que se encontra” (BRASIL, 2006, p. 13), ou seja, pode-se verificar que houve mudanças significativas que deram um novo rumo à educação infantil, uma nova face em relação ao que se tinha quando surgiram as primeiras instituições educacionais.

1.2 LITERATURA INFANTIL: A PONTE PARA A FORMAÇÃO DO ALUNO LEITOR

A literatura infantil nasceu juntamente com a Pedagogia. Seus primeiros textos escritos eram produzidos por pedagogos com fins pragmáticos, ou seja, com o intuito de

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ensinar algo por meio deles (FRANTZ, 2011). Às vezes utilizada para a transmissão, propagação de regras, comportamentos moralizantes para que as crianças se tornassem indivíduos de acordo com a vontade dos adultos. Assim, servindo de instrumento cultural e moralizante a esses pequenos seres, a literatura popular era adaptada em livros, carregada de advertência (BURKE, 1989 apud GARCIA, 2011).

A literatura infantil se originou na Europa, por volta do século XVIII; devido às transformações sociais, a criança passou a ser vista de outra forma deixando no passado a concepção de mini adultos que a ela era atribuída. “A partir de então, obteve um novo status [...], no novo cenário ganhou um espaço literário só para ela” (CHRISPIM, 2013, p. 1). A ampliação do mercado de livros infantis tem crescido nos últimos tempos, isso significa que o hábito da leitura tem alcançado as crianças. Muitos projetos e programas têm sido criados para incentivar o hábito da leitura não só pelas crianças, mas também pelos pais. Visto que, o hábito da leitura desperta o senso crítico e colabora no aprendizado desta.

O marco da literatura no País aconteceu a partir da década de 1970, por meio da obra do autor Monteiro Lobato, sendo o pioneiro, o primeiro a escrever com qualidade para as crianças brasileiras. Pois, com a influência da literatura europeia clássica, os livros somente eram traduzidos para o português, ou seja, a identidade do País não existia nessas obras. A partir dessa data, a literatura brasileira tomou um novo rumo com novas propostas e formas, com um novo caminho a trilhar. Tendo em vista que, segundo as autoras Rosa e Nunes (2011, p. 2):

A literatura infantil é importante, primeiramente, porque insere a criança no mundo simbólico, no qual muitas vezes ela se coloca no lugar das personagens, fazendo uma viagem a outros mundos [...]. Depois porque os livros concedem às crianças a possibilidade de observar não só os padrões da língua escrita, mas também as imagens e seus significados, os quais revelam comportamentos e atitudes, e mostram formas diferentes de o homem representar o mundo e a realidade.

O uso da literatura no cotidiano escolar proporciona ao aluno a abertura de portas para o mundo da leitura, já que, “[...] o texto literário é fator imprescindível no processo de formação do leitor” (FRANTZ, 2011, p. 16, grifos da autora). A educação que está proposta no Plano Curricular Nacional (PCN) e na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) pretende formar um indivíduo que transforme o meio em que está inserido, sem preconceitos, que seja democrático e que atue com consciência nas diversas situações da vida, mas, para que isso venha acontecer é necessário que se repense a prática escolar no quesito leitura, pois é por meio desta que o aluno fará sucesso em sua formação. A autora Frantz (2011, p. 17) afirma que “[...] a escola tem falhado, e muito, na condução desse processo, no que se refere à

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formação do leitor”, de maneira que, no geral, não há momentos nem espaços que auxiliem o aluno para que ele venha ser um futuro leitor e, se existe, não é realizada intencionalmente, mas somente como uma maneira de passar o tempo. Geralmente o aluno não consegue enxergar na leitura algo que lhe venha proporcionar prazer, pensa-se que seja perda de tempo, de maneira que, não irá ter proveito algum. Talvez essa falta de interesse aconteça pela inexistência de um exemplo por perto que o incentive e que mostre o quão gratificante é ter esse relacionamento com o livro. Pois:

[...] se o professor das séries iniciais tiver sucesso em iniciar seus alunos pelos caminhos da leitura através da literatura, e os professores das etapas seguintes derem continuidade a esse trabalho, temos certeza de que a escola brasileira conseguirá dar um grande salto de qualidade [...] (FRANTZ, 2011, p. 18).

A literatura possui um papel fundamental, ela é a base, o alicerce, para a construção de um futuro leitor, não é apenas uma história para ser contada, de maneira que, mexe com toda a estrutura cognitiva da criança, fazendo-a compreender a vida real por meio da história. É nela que se encontram respostas para as inúmeras indagações do mundo infantil (FRANTZ, 2011). O texto literário por possuir uma linguagem conotativa possui vários significados a fim de serem interpretados pelas crianças que o ouve e pelo professor que o conta. Vale salientar que Rosenfeld (1976, p. 53, apud FRANTZ, 2011, p. 36) assegura que “A obra de arte literária é a organização verbal significativa da experiência interna e externa, ampliada e enriquecida pela imaginação e por ela manipulada para sugerir as virtualidades dessa experiência”. Por meio da literatura, é possível ao aluno perceber o mundo com uma concepção diferente, descobrindo novos sentidos que o ajudam a compreender a realidade a partir da contação de uma história e a relação que há entre ambos. É essencial que a história faça sentido para quem a escuta, que o que está sendo contado se transforme em cores que simbolizem sentimentos. Assim como afirma Alves (2004, p. 1, apud GARCIA, s/d, p. 4),

“[...] o lugar da literatura não é a cabeça: é o coração. A literatura é feita com as palavras que desejam morar no corpo”. A escrita produz sentimentos, alimenta a imaginação, aumenta a criatividade, torna o ser humano mais conhecedor da palavra e do mundo que o cerca.

É apropriado que a literatura seja trabalhada no cotidiano escolar com a intenção de formar alunos leitores, contudo, essa prática deve obter a ajuda de todos os personagens da instituição como também da família, principalmente dos pais, sendo parceiros nesse trajeto para a constituição de leitores.

As escolas precisam assumir a formação do leitor literário como um compromisso institucional. Portanto, prever como deverá ser a organização do espaço e do tempo dentro da instituição, para alcançar esse objetivo. Isso

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inclui organização de bibliotecas, equipagem das salas de aula (com tapetes, almofadas, estantes adequadas etc.). Implica pensar o que cada instituição já dispõe e o que falta conseguir para ter os espaços adequados (KAERCHER, 2010, p. 135).

A literatura proporciona o prazer, a viagem por meio das palavras. É como ouvir uma música que provoca uma mudança interior e que, quanto mais se ouve, mais se quer ouvir, assim também é com a literatura. Pois “Essa experiência prazerosa e lúdica tende a se transformar em hábito, [...] por mobilizar emoções, inspirar prazer, exige repetição contínua e pesada” (FRANTZ, 2011, p. 40, apud AGUIAR, 1988, p. 27). A literatura por si mesma traz uma beleza em suas palavras, seus ritmos, suas rimas e imagens. É por meio dos textos escritos com qualidade que a criança mergulha no mundo da literatura, resgatando o prazer de maneira lúdica sem se preocupar com a gramática.

A literatura proporciona conhecimento, melhorias na oralidade, na escrita e no posicionamento crítico diante de determinado grupo social. “Uma educação transformadora e humanizante passa necessariamente pela prática da leitura e tem nela seu objetivo maior”

(FRANTZ, 2011, p. 41), os benefícios que a prática da leitura pode proporcionar são inúmeros, de maneira que muda o cenário interior e consequentemente o exterior. Há autores que dizem que a literatura é a mais rica, mais completa e a mais gratificante por conter em sua leitura inúmeros sentidos e sentimentos. Ainda a mesma autora (2011, p. 47) assegura que:

A brincadeira, o jogo, a fantasia, são formas utilizadas pela criança para explorar, conhecer e explicar o mundo. Com o auxílio da fantasia, da imaginação ela penetra mundos os mais desconhecidos e distantes em busca de respostas para suas inúmeras indagações. Por tudo isso, acreditamos, nenhum outro texto pode realizar essa tarefa melhor do que a literatura dirigida para as crianças, uma vez que nela esses aspectos são igualmente considerados essenciais.

A escola segue os padrões, as regras e as normas da sociedade, assim também são os livros, eles são carregados de uma cultura, de um patrimônio que revela características do meio social seja implicitamente ou explicitamente.

1.2.1 A criança e o livro: o professor como mediador

A prática do professor, sua metodologia, diz muito sobre quem ele é e qual tipo de aluno deseja formar, de maneira que, “A prática pedagógica do professor revela necessariamente a sua visão de educação” (FRANTZ, 2011, p. 61). Não é possível incentivar

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os alunos a terem interesse pelos livros e mantê-lo se o próprio professor não é um leitor habitual que não sente prazer na leitura. Pois, como provocar hábitos em terceiros, se a própria pessoa não possui, como falar de algo de que não se conhece? Daí a importância de o professor ser um apaixonado pelos livros.

Para que possa haver o encontro e o encanto dos alunos com os livros, é necessário que o professor crie condições para que isso aconteça, seja na biblioteca, seja num espaço reservado em sala de aula, que proporcione aconchego, confiança, um local agradável e convidativo a quem vê e a quem está lá. É preciso separar um tempo para esse momento, mostrando aos alunos a importância deste, e o quão é fundamental que eles também se apropriem daquela rotina, “Por isso, para incutir o gosto pela leitura, ele deve, primeiramente, ser um grande leitor e contador de histórias” (GARCIA, s/d, p. 3).

É interessante que ao se escolher determinado livro para ler, é apropriado que o professor explique o porquê da escolha, do que se trata a história e se tem alguma ligação com determinado tema atual. Ao revelar essas características, as crianças obterão conhecimento e poderão escolher entre diversas opções o que se deseja ler ou ouvir. É bom explorar, tudo o que está presente na história e nas ilustrações do livro lido.

Ao ler um livro para as crianças é conveniente usar postura adequada, a entonação da voz que é essencial na hora da narração, pois são aspectos que dão vida para a história que está sendo contada, colher as opiniões de cada um sobre o que mais gostaram na história, se tiveram algum sentimento à medida que a história estava sendo narrada, entre outros. Esse momento é muito importante, pois, dessa forma, elas aprenderão a ouvir o que o outro tem a dizer. A hora da leitura, como muitos educadores chamam, não deve reter muito tempo para que a criança não se chateie, mas apenas alguns minutos e, conforme eles forem progredindo, aumenta-se o tempo com histórias mais longas.

Geralmente, alguns professores expressam não sentir muito interesse pela leitura, por conta do cansaço, pela falta de tempo, pelo elevado preço dos livros e outros, esquecendo eles que esses aspectos se repercutem nas crianças pela relação que existem entre eles. Com isso, Cunha (1998, p. 49, apud ROSA; NUNES, 2011, p. 2) analisa:

Argumentar a falta de tempo e o cansaço para justificar a pouca (ou nenhuma) leitura é desconhecer que exatamente o cansaço nos obriga a criar um tempo para o descanso, para o lazer. E esse tempo é realmente criado por todos, só que não é ocupado com a leitura. Quer dizer: o livro (sobretudo o de literatura) não é uma opção de lazer, não significa prazer para o adulto.

Para que na prática o professor, no quesito formação de leitor, possa ter êxito, é apropriado que ele venha ter clareza em sua metodologia com a literatura infantil em sala de

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aula, para despertar vários questionamentos e promover a construção de novos significados (PAIVA; OLIVEIRA, 2010). Dessa forma, o educador obtendo clareza de seus objetivos com a literatura estabelecerá uma metodologia adequada para alcançar resultados positivos quanto aos objetivos propostos.

Para que a prática da leitura torne um hábito entre as crianças, é necessário elencar algumas atitudes que, de acordo com Garcez (2008, p. 13, grifos da autora), o professor precisa ter:

convívio contínuo com histórias, livros e leitores;

valorização social da leitura pelo grupo social;

disponibilidade de acervo de qualidade e adequado aos interesses, horizontes de desejo e aos diferentes estágios de leitura dos leitores;

tempo para ler, sem interrupções; espaço físico agradável e estimulante;

ambiente de segurança psicológica e de tolerância dos educadores em relação ao percurso individual de superação de dificuldades;

oportunidades para expressar, registrar e compartilhar interpretações e emoções vividas nas experiências de leitura;

acesso à orientação qualificada sobre por que ler, o que ler, como ler e quando ler.

1.2.2 Quem conta histórias encanta ouvintes

Na educação infantil, as crianças vão aprendendo a ler por meio do mundo letrado, e podem ser introduzidas, nessa fase, no mundo mágico da literatura; é importante que já se inicie um trabalho contínuo para que elas se sintam pertencentes a esse universo da leitura. A figura central nesse momento é o professor, certo que, ele será o porta-voz, o mediador.

Coelho (2005 apud GARCIA, s/d, p. 4) afirma que,

[...] quem lê para criança não lhe transmite apenas o conteúdo da história;

promove seu encontro com um modelo de leitor, ao fazê-la captar a entonação, as pausas, a posição do corpo, a maneira de segurar o livro, os comentários que o adulto faz ao ler, para logo poder imitá-lo em atividades de simulação de leitura.

A arte de contar histórias vem desde o início da humanidade, em que os mais velhos se reuniam para contar as histórias dos antepassados, essa prática auxiliava no aprendizado, já que regras, comportamentos, atos de heroísmo, entre outros, eram relatados às crianças e jovens daquele grupo. A época se modificou, mas esse hábito ainda perdura até os dias atuais.

O primeiro contado da criança com a leitura se inicia por meio das histórias lidas pelos adultos. Barbosa (1999, p. 22, apud FRANTZ, 2011, p. 68) acredita que:

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Para a criança, ouvir histórias estimula a criatividade e formas de expressão corporal. Sendo um momento de aprendizagem rica em estímulos sensoriais, intelectuais, dá-lhe segurança emocional. Ouvir histórias também ajuda a criança a entrar em contato com suas emoções, supre dúvidas e angústias internas. Através da narrativa a criança começa a entender o mundo ao seu redor e estabelecer relações com o outro – socialização. Consequentemente, são mais criativas, saem-se melhor no aprendizado e serão adultos mais felizes.

Para ser um bom contador de histórias, Garcez (2008, p. 14) postula algumas questões como:

Escolha cuidadosamente a história. Consulte o quadro de interesses.

Faça um relaxamento, respire profundamente e concentre-se.

Prepare as crianças motivando-as com uma conversa introdutória.

Mostre o livro, fale do autor, do ilustrador, da editora, da coleção.

Combine se poderá haver interrupção ou não (depende de você).

Antecipe um pouco do tema e associe com a vida.

Leia ou conte de memória com expressividade.

Intercale, quando for o caso, com cantigas.

Prenda a atenção usando um tom de voz agradável – nem muito alto nem muito baixo, modulando sem ser monótono. Não exagere.

Diferencie a voz dos personagens.

Faça sons e onomatopeias imitando os personagens e os acontecimentos.

Crie suspense com a voz.

Faça da “Hora do conto” um momento mágico e desejado pelas crianças.

[...]

A literatura, quando levada a sério na prática de sala de aula, proporciona ao aluno um melhor desenvolvimento. Portanto, é necessário que a literatura seja escolhida de maneira consciente, com qualidade e que se adeque à faixa etária do público que se quer atingir.

É por meio da linguagem oral que se estimula a criação de imagens visuais únicas naquele que as ouve (FRANTZ, 2011). O ato de contar histórias cria laços afetivos entre as pessoas envolvidas, pois à medida que a história está sendo contada, está acontecendo a interação entre as partes, ou seja, acontece uma troca e não apenas a recepção. Coelho (1991, p. 11, apud ROSA; NUNES, 2011, p. 6) fala da sensação de ambas as partes envolvidas nesse processo de leitura, que são os ouvintes e quem conta a história:

A força da história é tamanha que o narrador e os ouvintes caminham juntos na trilha do enredo e ocorre uma vibração recíproca de sensibilidades, a ponto de diluir--se o ambiente real ante magia da palavra que comove e enleva. A ação se desenvolve e nós participamos dela, ficando magicamente envolvidos com os personagens, mas sem perder o senso crítico que é estimulado pelos enredos.

Como enfatiza Frantz (2011, p. 78), “Quem conta um conto aumenta o encanto pela palavra-vida dentro de si mesmo e também na imaginação criadora de seu ouvinte”. Em

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consonância com a afirmativa acima, Amarilha (2012) reitera que com a contação de história é possível à criança experimentar sensações que os personagens da história vivenciam, uma vez que traz para seu dia a dia sentimentos que ela um dia irá viver, pois com isso conseguirá reagir de forma espontânea e natural sabendo lidar com as mais variadas situações e solucioná-las mediante sua autonomia que foi construída ao longo de sua formação. Quando uma história faz sentido para a criança, certamente ela pedirá repetidas vezes que seu professor a leia constantemente, pois é significativo para ela.

[...] é por essa razão que muitas vezes a criança solicita a repetição de uma mesma história, principalmente, crianças pré-escolares. Visto que não dominam ainda os esquemas e convenções da escrita, elas precisam ter um apoio para aprenderem as novidades da linguagem literária- os ritmos das frases, o jogo de sonoridade, a arrumação das palavras são para elas pontos de referência no acesso à escrita (AMARILHA, 2012, p. 48).

Há quem diga que uma história simplesmente é uma história, que não traz nenhum significado dentro dela, sendo um equívoco pensar dessa maneira, pois “A história é recreação e terapia, suporte de cultura e, o mais importante, elemento de comunicação, mas, sobretudo um instrumento de diálogo entre a criança e o adulto” (GARCIA, s/d, p. 4). Um dos benefícios da literatura infantil é possibilitar a criança por intermédio de leituras ser um bom leitor e um bom ouvinte e consequentemente a constituição de ser um bom escritor.

Segundo Abramovich (1998, p. 2, apud ROSA; NUNES, 2011, p. 3):

É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade e tantas outras mais, viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário.

Antes de dar início à história, é importante que o contador motive a criança para aquele momento, que ela venha se sentir curiosa para saber o que há naquelas páginas até então fechadas. Citar o nome do autor, do ilustrador e outros, para que elas venham tomar conhecimento que aquelas pessoas tiveram o trabalho e a criatividade em produzir aquele livro.

Um dos objetivos da literatura, atualmente, é conscientizar os educandos em relação ao interesse pela leitura. A escola cumprindo esse objetivo da literatura com seus alunos formarão leitores que refletem, que criticam e que transformam a sociedade com suas práticas.

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1.3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO DO ALUNO LEITOR

A formação de leitores é uma tarefa que se inicia antes mesmo da alfabetização e que se estende por toda a vida escolar do indivíduo. A leitura significa para muitos algo que não possui prazer, que não é divertido, e esse tem sido o grande problema de praticamente toda população brasileira, pois se esquecem de que o ato de ler os possibilitará entretenimento, informação, encantamento, diversão e até pode-se dizer que representa uma fuga da realidade, visto que “[...] por meio do livro o leitor é capaz de projetar-se ao mundo da ficção. A leitura é a passagem do mundo real para o mundo encantado dos livros” (PAIVA; OLIVEIRA, 2010, p. 25). Em consonância com essa afirmativa, é possível concluir que o livro não somente é formado por letras, mas por sentimentos e sensações que invadem a alma de quem o lê.

Sugere-se que a leitura seja inserida desde a infância, antes mesmo de entrar na educação infantil. É apropriado que os pais leiem livros, comprem livros com ilustrações que chamem a atenção da criança. Fazer a criança ler ou que faça da leitura um hábito, requer um costume no dia a dia por parte dos pais como também dos professores. Ziegler (2012, p. 1) afirma que “É dever de todo professor, desde a Educação Infantil, incentivar o desenvolvimento de comportamentos leitores antes mesmo de a turma aprender formalmente a ler”, visto que as crianças necessitam dessa aproximação. Dessa forma, a leitura pode ser utilizada por todas as idades sem restrições.

De acordo com Linardi (2012, p. 1) a leitura “[...] trata-se de um hábito mais que saudável, a ser preservado e disseminado [...]”. Dessa forma, a escola possui um papel fundamental nesse processo, principalmente o professor por estar em contínuo contato com o aluno, possuindo a responsabilidade de despertar nele o prazer da leitura. Ele pode usar a leitura em diversas atividades, como em debates a respeito de determinado livro que já foi lido para a turma.

Andrade (2012, p. 1) afirma que “A leitura, como prática social, pode ser ensinada em situações em que a turma toda participe, comentando o que foi lido, levantando e explicitando hipóteses, debatendo ideias”. Essas atitudes revelam um comportamento leitor que pode ser desenvolvido por meio de pessoas mais experientes que os rodeiam. Os pais e os professores possuem um papel fundamental, pois eles irão conduzir as crianças para um mundo espetacular, o da leitura.

Quando a criança conhece, ainda que oralmente, histórias escritas lidas por seus pais ela capitaliza- na relação afetiva com seus pais – estruturas textuais que poderá reinvestir em suas leituras ou nos atos de produção escrita.

Assim, o texto escrito, o livro, para a criança, faz parte dos instrumentos, das

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ferramentas cotidianas através dos quais recebe o afeto de seus pais. Isto significa que, para ela, afeto e livros não são duas coisas separadas, mas que são bem associadas (LAHIRE, 2004, p. 20, apud PAIVA; OLIVEIRA, 2010, p. 29).

Há crianças que vivem em ambientes alfabetizadores e esses favorecem a introdução da leitura no cotidiano da criança, tornando o ato de ler e escrever regular, por causa das ações dos parentes e amigos. Por outro lado, as crianças que não obtiveram a mesma oportunidade precisam de bastante ajuda da instituição escolar, uma vez que não possuem influências a esse respeito.

Todos que participam do processo de desenvolvimento da criança como leitor possuem responsabilidades que não podem ser negadas, por isso é conveniente que cada um assuma sua parte com seriedade. Contudo, ao aplicar uma atividade com a leitura, é apropriado se ter um objetivo a ser alcançado, pois essa ação precisa ser intencional, não basta somente ler sem se importar em contextualizar a história com as crianças. Visto que Prudêncio (apud ANDRADE, 2012, p. 1) afirma:

É preciso, porém, ter em mente a intenção da leitura. Não basta simplesmente fazer uma sessão por dia sem propósito comunicativo. Quando o professor lê, tem de considerar sua ação como prática social que entretém, emociona, informa e diverte. Mas também deve estar ciente dos objetivos didáticos a que ela se destina - por exemplo, diferenciar a linguagem escrita da falada ou conhecer o estilo de um autor.

Os objetivos devem estar claros quando implantados, pois o simples ato de ler sem ter metas a serem alcançadas com aquela leitura não ajuda muito na formação de um leitor.

Não existe uma receita pronta para introduzir os livros e tampouco a leitura nos planejamentos de sala de aula, pois não deve ser algo mecânico e sem vida, mas sim que favoreça a criatividade e o prazer por esse momento. É conveniente que essas crianças tenham contato com os livros, com suas ilustrações presentes em cada página, mesmo não sabendo decodificar as letras presentes ali, elas conseguem compreender, realizar uma leitura somente pelo fato de ler as imagens desenhadas.

Além de aproximar as crianças do mundo letrado, a leitura alimenta o imaginário e incorpora essa experiência à brincadeira, ao desenho e às histórias que todos os pequenos gostam de contar. “Através da leitura de histórias, esse pequeno leitor aprende que a linguagem dos livros tem suas próprias convenções, e que as palavras podem criar mundos imaginários [...]” (GARCIA, s/d, p. 4).

Conseguir que as crianças insiram a leitura em seu cotidiano não é impossível como alguns pensam; pelo contrário, iniciando desde cedo essa prática como algo que traz prazer, que a faça sentir bem, possibilitará a ela o gosto pela leitura e não irá desistir desta conforme

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for crescendo. Para formar futuros leitores, é importante que exista na sala de aula um ambiente propício a essa prática, ambientes reservados e em boas condições.

Muitos especialistas faz menção que a escola possui um papel fundamental para garantir o contato com os livros desde a primeira infância. De acordo com Meireles (2012, p.

1):

Nessa fase, o que importa é deixar-se levar pelas histórias sem nenhuma preocupação em ensinar literatura. Ler para os pequenos e comentar a obra com eles é fundamental para começar a desenvolver os chamados comportamentos leitores. Mesmo antes de aprender a ler, as crianças devem ser colocadas em contato com a literatura. Ao ver um adulto lendo, ao ouvir uma história contada por ele, ao observar as rimas (num poema ou numa música), os pequenos começam a se interessar pelo mundo das palavras. É o primeiro passo para se tornarem leitores literários - percurso que vai se estender até o fim do Ensino Fundamental.

É fundamental que a palavra escrita e as ilustrações presentes no livro estejam ao alcance das crianças desde cedo; ou seja, estimular a leitura dentro do berçário, com bebês que ainda nem aprenderam a falar, pode ser o caminho mais curto para a formação de um futuro leitor. Abramovich(1989, p. 14, apud GARCIA, s/d, p. 4) afirma:

O primeiro contexto sócio cultural de interação da criança é a família, e é nela que quase sempre ocorrem as primeiras práticas de leitura, onde os adultos contribuem para o desenvolvimento do conhecimento da criança sobre a linguagem escrita e sua estrutura.

A literatura, diante do processo de aprendizagem da criança na formação de um leitor, constitui-se como um alimento, alimento no qual a criança precisa ser nutrida. A literatura é uma arte, pois atrai a criança por sua beleza e intensidade construindo uma relação íntima com o sujeito. A criança por ter uma curiosidade pelo belo e pelo novo encontra na literatura o alimento adequado para seus desejos. Assim, como afirma Meireles (1984, p. 32, apud PAIVA; OLIVEIRA, 2010, p. 24), “[...] literatura não é, como tantos supõem, um passatempo. É uma nutrição”.

Na formação de um aluno leitor é indicado que o trabalho aconteça coletivamente tanto da instituição escolar como da instituição familiar. Contudo, é a transmissão desse capital cultural que existe dentro da família que motivará o sucesso escolar da criança (PAIVA; OLIVEIRA, 2010). É no âmbito familiar que a criança irá aprender a cultura, as regras e os hábitos da família, portanto esse processo de construção de leitor se inicia com os familiares para depois alcançar a escola. Lahire (2004, p. 20, apud PAIVA; OLIVEIRA, 2010, p. 29) explicita que:

A construção do sucesso escolar da criança não se limita à ausência ou presença de livros em casa. Mas estão ligadas às dinâmicas internas de cada

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família: a afetividade entre os membros da família, a ordem doméstica, formas de autoridade familiar, as formas de investimento pedagógico, as formas familiares da cultura e da escrita.

O livro vem acompanhando a humanidade desde que surgiu a escrita, uma forma de registrar fatos que aconteceram, depois houve outros direcionamentos com a escrita por meio dos gêneros textuais. “No entanto, o livro nunca perdeu sua magia” (PAIVA; OLIVEIRA, 2010, p. 25).

É importante também que o professor, como mediador desse processo, aproxime os alunos dos diferentes gêneros literários, disponibilizando situações que as crianças possam atuar como leitores e abrir um espaço para debates, impressões e percepções para que cada um se expresse.

A literatura possui características muito ricas que servem para a formação da criança como leitor. Há vários gêneros disponíveis, por isso é conveniente que, em sua prática pedagógica, o educador possa explorar em sala de aula cada um para que a criança se identifique, os conheça e declare suas impressões, pois assim despertará a criatividade por meio deles. O mundo da literatura é rico, mas depende do educador saber desfrutar dessa riqueza. “No espaço escolar é necessário aproximar a prática pedagógica e o gênero literário, em benefício da formação de uma nova mentalidade leitora” (ROSA; NUNES, 2011, p. 3). Os gêneros: fábula, poesia, lenda, quadrinhos, dentre outros, possuem “[...] um caráter socializador, contribuindo assim para o desenvolvimento social da criança” (ROSA; NUNES, 2011, p. 3). Um dos gêneros que os professores mais exploram em sala de aula é a fábula, que tem por característica: narrativas curtas, cujos personagens são seres inanimados que ganham vida e no fim é dotada de uma moral, trazendo um ensinamento para aqueles que a leem e a escutam. Geralmente, a fábula não possui a necessidade de ser discutida pelos alunos, mas apenas para que eles se identifiquem com a moral posta pela fábula. Habitualmente, “as crianças deslumbram com o fabuloso, pois o gosto pelo mistério, fantasia, prazer e emoção são inerentes a criança” (PAIVA; OLIVEIRA, 2010, p .25).

Ainda, Sousa (1978, p. 37, apud ROSA; NUNES, 2011, p. 25) confirma que,

O livro interessante para criança deve recorrer ao caráter imaginoso:

traduzidos em mitos, aparições da antiguidade, monstros ou realidades dos tempos modernos; exposto numa forma expressiva qualquer: lenda, conto, fábula, quadrinhos, etc.; descrito com beleza poética e ilustrações que mais sugerem do que dizem.

A história desperta o imaginário da criança, instiga-a a pensar, a criar, a viver a história que está sendo contada. As autoras Rosa e Nunes (2011, p. 26) afirmam que “É por meio do imaginário que a criança reconhece suas próprias dificuldades e aprende a lidar com

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