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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO 1

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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO1

JACOBI, Caren da Silva²; SANTI, Tiago³; VIERO, Natieli Cavalheiro4; BRUM, Crhis Netto5;SILVA, Rosângela Marion6.

1Trabalho de Graduação_UFSM.

2Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil.

3Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil.

4Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil.

5 Docente substituta da UFSM, Departamento de Enfermagem UFSM.

6 Mestre em Enfermagem. Departamento de Enfermagem UFSM.

E-mail: karen_sj88@hotmail.com; tiagosanti@hotmail.com; natieliviero@hotmail.com;

crhisdebrum@gmail.com; cucasma@terra.com.br;

RESUMO

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica qualitativa exigida como critério de aprovação no quinto semestre de graduação em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria. Objetivou analisar a relevância da educação em saúde no pré-operatório. Utilizou-se os descritores selecionados nas bases LILACS, SCIELO e BDENF. Classificou-se os resultados em cinco categorias: 1. Perda da autonomia do paciente - pela mudança no âmbito de convivência. 2. Conhecimento deficiente do perioperatório - leva a sentimentos negativos e retardo na recuperação. 3. Maior evidência do cuidado físico - há deficiências no cuidado psicobiológico pela pressa. 4. Orientação para o autocuidado do paciente - carência de orientações propicia complicações pós-cirúrgicas. 5. Falta de habilidade do enfermeiro para orientar - exige capacitação do profissional. Conclui-se que existem barreiras entre paciente-enfermeiro, isso dificulta a educação em saúde no pré-operatório levando ao abandono da humanização no cuidado.

Palavras-chave: Período pré-operatório; Cuidados de enfermagem; Assistência ao paciente;

Educação em saúde; Cuidados pré-operatórios.

1. INTRODUÇÃO

Dentre os vários motivos pelo qual o usuário procura atendimento hospitalar destaca-se a internação para realização de cirurgias como forma de tratamento para diversas patologias. Nesse âmbito, torna-se relevante a assistência de enfermagem no período perioperatório, pois, o paciente pode enfrentar o procedimento cirúrgico como uma cura ou ameaça. Dessa forma, podem emergir, sentimentos como o medo do desconhecido, insegurança, ansiedade e atitude defensiva (SILVA, 2005).

As dúvidas em qualquer processo cirúrgico provocam ansiedade, angústia, insegurança pela doença e por fatores emocionais. O paciente que espera por solução imediata para o seu problema ou tem sua cirurgia cancelada aumenta o tempo de internação e, portanto, podendo desencadear estresse decorrente do processo cirúrgico (SOUZA, 2005).

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Nesse sentido, orientar é uma atividade inerente aos profissionais da saúde, porém para o enfermeiro a educação do cliente é uma das suas funções. Esse geralmente esclarece as informações dadas por outros profissionais. É imprescindível conhecer as bases teóricas desenvolver o cuidado com intuito de proporcionar uma reflexão sobre a relação paciente-enfermeiro auxiliando a desvendar e propor novas maneiras de cuidado humanizado durante o pré-operatório (CHISTÓFORO, 2006).

A educação em saúde, desenvolvida pelo enfermeiro, é considerado um processo participativo que contribui para a formação e desenvolvimento de uma percepção crítica dos pacientes e familiares a respeito dos problemas de saúde. Estabelece uma relação de confiança entre paciente-enfermeiro- família respeitando seus conhecimentos e culturas (CHISTÓFORO, 2006).

O período pré-operatório divide-se em pré-operatório mediato e imediato, o primeiro abrange desde a internação até as últimas vinte e quatro horas antes da cirurgia, do término desse momento até o início da cirurgia tem-se o período imediato.

Nessa etapa ocorre a educação em saúde através da visita pré-operatória, que é considerada um procedimento técnico-científico planejado e executado pelo enfermeiro garantido pela lei do exercício profissional, no art. 8º, o qual determina ao enfermeiro participar de programas e atividades de educação sanitária, visando melhor a saúde do indivíduo, família e comunidade (COREN, 2001).

O Ministério da Saúde refere que a educação em saúde objetiva encorajar as pessoas a desenvolver padrões saudáveis de vida e adotar o compromisso com sua própria saúde, fortalecendo a responsabilidade social e construção do autocuidado, sendo estes requisitos fundamentais para a transformação do Sistema Único de Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

No período pré-operatório o enfermeiro, profissional responsável pelo cuidado, atua esclarecendo dúvidas do paciente e seus familiares, fornecendo a estes as informações necessárias e explicando as possíveis situações que virão a ser vivenciadas. No que diz a parte subjetiva da visita, acredita-se que o profissional enfermeiro tem de realizar suas orientações a partir das dúvidas que o paciente apresenta, para que desse modo não o preocupe com informações excessivas.

Para tanto, requer paciência, cautela e persistência do profissional. Para ocorrer o entendimento pelo usuário sobre os conhecimentos repassados a educação em saúde centra-se no diálogo para que essa prática não seja uma transmissão de informações nem se torne uma imposição, mas que as orientações dos indivíduos e grupos despertem nesses o sentimento de co-responsabilidade e autocuidado (SOUZA, 2005).

O agir do enfermeiro tem de ser criativo, dialógico e em constante renovação utilizando recursos como painéis ou bonecos ilustrativos que demonstrem o estar do paciente no pós-operatório. É relevante que o paciente possa tocar, sentir e visualizar o mais próximo da realidade (BAGGIO, 2001).

Aplica-se a educação em saúde a partir dos conceitos e contribuições de Paulo Freire, como estratégia para a implementação da assistência de enfermagem oportunizando o esclarecimento sobre o procedimento anestésico-cirúrgico. Esses fatores influenciam na diminuição dos fatores estressantes, as ações eficazes de enfermagem possibilitam a humanização da assistência para tranquilidade do cliente antes e depois da cirurgia. A assistência pode abranger ações de descontração e o lazer por meio da orientação e atenção individualizada.

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Outro objetivo dessa conduta é permitir que o enfermeiro elabore um plano de cuidados relacionado às reais necessidades do paciente e capacite sua equipe para um atendimento integral do usuário (GALDEANO, 2004).

Dentro das cirurgias eletivas a enfermagem atua mais nos preparos físicos do paciente com poucas orientações relacionadas ao procedimento cirúrgico, portanto, as práticas de enfermagem precisam ser reavaliadas no ambiente hospitalar. Muitas vezes o grau de estresse é independente da complexidade da cirurgia e da carência de informações relacionadas ao procedimento, anestesia e cuidados a serem executados. Esses cuidados ao paciente dependem do tipo de cirurgia realizada e dos conhecimentos específicos com base teórica, relacionados à operação, incluindo orientação, preparo físico e emocional, avaliação e encaminhamento ao bloco cirúrgico. Uma prática assistencial bem realizada com o paciente no pré-operatório torna o momento cirúrgico mais tranquilo, o que mostra que o papel do enfermeiro é importante no sentido de diminuir e prevenir os estressores do procedimento cirúrgico (CHRISTÓFORO, 2009).

É nesse âmbito que o enfermeiro enfrenta os desafios do aperfeiçoamento técnico numa dimensão mais ampla que busca entender a inter-relação do biológico, sócio-cultural, físico e espiritual criando vínculos de confiança.

Nesse sentido, este estudo almeja analisar a tendência da produção científica nacional sobre qual a influência da educação em saúde realizada pelo enfermeiro no período pré-operatório. Justifica-se o estudo a partir das vivências de acadêmicos do curso de enfermagem de uma instituição pública, perante uma unidade de clínica cirúrgica, nas orientações pré-operatórias e na repercussão positiva que estas trazem no pós-operatório.

2. METODOLOGIA

O presente artigo é uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo exigida como critério de aprovação na disciplina de Metodologia da Pesquisa do quinto semestre de graduação em enfermagem.

A pesquisa bibliográfica refere-se a uma revisão da literatura a respeito do referido tema, ou seja, realizar uma busca ativa em grande parte da bibliografia já publicada como livros, revistas, publicações impressas escritas ou avulsas (LAKATOS,2001).

Já a pesquisa qualitativa busca compreender de maneira singular do que estuda. Sua atenção é centralizada no específico, no peculiar, buscando mais a compreensão do que a explicação dos fenômenos estudados. Não significando, no entanto, que seus achados não possam ser utilizados para o entendimento dos outros fenômenos que tenham relação com o acontecimento ou situação estudada (MARTINS, 2004).

Foram utilizadas as seguintes bases de dados para a busca de estudos sobre o problema de pesquisa: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Base de dados bibliográfica especializada na área de Enfermagem (Bedenf) e Scientific Electronic Library Online (Scielo), no período compreendido entre 1999 e 2010. Tiveram-se como critérios de inclusão para a busca das produções: artigos disponíveis na íntegra na forma on-line e de livre acesso, em português, que se remetam somente ao âmbito do enfermeiro e pessoa adulta. Como critérios de exclusão

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utilizaram-se artigos referentes à pediatria, restritos a assinantes de periódicos, e que refiram a outras profissões.

O período destinado a coleta de dados foi de março a maio de 2010. O desenvolvimento do artigo ocorreu em junho de 2010. Com os descritores utilizados foram encontradas poucos artigos levando-nos a procurar por palavras que empregamos nas bases de dados as quais foram pré-operatório and enfermagem na forma permutada. Apenas com os descritores encontrou-se 123 artigos. Primeiramente estabeleceu-se a leitura dos títulos como primeiro critério de identificação dos trabalhos. Após, foi realizada a leitura dos resumos e quando aplicados os critérios de inclusão e exclusão e descartando as repetições localizaram-se 18 artigos sendo que destes quatro foram descartados novamente por referirem-se a pediatria, possuírem datas de publicação fora do recorte temporal ou não estarem disponíveis na íntegra na forma online. Assim, obteve-se um subgrupo mais específico de artigos constituído por 14 estudos. Realizou-se a classificação dos artigos encontrados evidenciando-se os aspectos mais relevantes em relação ao tema em estudo. Para esta análise foi realizado um quadro sinóptico separando os 14 artigos em: título, fonte, ano de produção, objetivos, metodologia, sujeitos, resultados e conclusões. Quando não encontrado algum desses componentes no resumo, o respectivo não foi preenchido. Após foi realizado uma leitura dos artigos a fim de separá-los em categorias.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir da análise agruparam-se os estudos em cinco categorias conforme abordassem: 1. Perda da autonomia do paciente; 2. Conhecimento deficiente sobre o perioperatório; 3. Maior evidência do cuidado físico; 4. Orientação para o autocuidado do doente; 5. Falta de habilidade do enfermeiro para orientar.

3.1 Perda da autonomia do paciente

Nesta categoria evidenciaram-se as fragilidades no cuidado ao paciente cirúrgico de forma que esse perdesse seu poder sobre seu próprio corpo no perioperatório.

No período pré-operatório o paciente pode apresentar estresse, sentimentos negativos, o que o torna vulnerável e dependente. Na internação ocorre o rompimento da sua rotina modificando a capacidade de cuidado pessoal. Durante a assistência ao paciente cirúrgico a enfermagem é responsável pelo preparo do paciente (CHRISTÓFORO, 2009).

Esse cuidado deve ser realizado de forma adequada respeitando sua individualidade, sem imposições, como no caso da retirada de roupa íntima, próteses, jóias ou na realização da tricotomia sem uma conversa explicativa para remoção ou garantia que será guardado com segurança. Quando o profissional da enfermagem realiza a retirada dos pertences dos pacientes de forma mecânica o paciente sente desconforto e sentimento de indiferença para consigo (BARRETO, 2008).

A higiene muitas vezes, não é mais realizada pelo paciente. Suas roupas são as padronizadas pelo hospital geralmente com aberturas nas costas, esses fatos rotineiros de uma unidade interferem no autocontrole do paciente. A recusa em retirar determinada jóia como aliança exige flexibilidade, como realizar lavagem cuidadosa das mãos para evitar infecção (CHRISTÓFORO, 2009).

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A dependência ou a perda de controle de si também surge em decorrência da relação assimétrica que existe entre os profissionais da saúde e o paciente: de um lado, o poder do profissional; de outro, a submissão do doente. Diante da fragilidade do paciente é comum o profissional assumir posturas de poder sobre o corpo do mesmo, sendo que este, por seu estado de fragilidade, não se percebe como um ser autônomo, não questionando nenhuma conduta tomada (CARNEIRO, 2009).

As orientações deficientes são outros fatores contribuem para a falta de autonomia do mesmo. Tais orientações são essenciais para o paciente participar do processo de tratamento de sua enfermidade e sua reabilitação (TETANI, 2007).

Deste modo, o desconhecimento do local faz com que o paciente não saiba como lidar, ficando dependente das pessoas que o rodeiam e aceitando a tudo que lhe é imposto (SOUZA, 2005).

Por isso, é necessário estimular o paciente a participar do tratamento e plano terapêutico. Percebe- se que muitas vezes não é necessário realizar o transporte do paciente na maca, nem deixá-lo despido totalmente. Os cuidados devem ser acompanhados de orientações e talvez a falha nesses sejam decorrentes da rotina dos profissionais para preparar os pacientes. Observa-se a carência da auto- avaliação da prática, de modo que, essa não seja realizada de forma imposta por médico ou instituição, mas realizar cuidados específicos para aquele paciente.

3.2 Conhecimento deficiente do paciente sobre o perioperatório

Indica-se que 76,5% dos pacientes apresentam diagnostico de enfermagem de déficit de conhecimento relacionado ao ato cirúrgico, doença e pós-operatório (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

A orientação dos pacientes influencia diretamente na independência e sensação de medo, ansiedade e pode tornar essas situações menos ameaçadoras e conflitantes (GALDEANO, 2007).

A ausência o enfermeiro no processo educativo do cliente pode estar ligada ao pouco entendimento com a equipe médica, desinformação acerca da doença, da cirurgia e das possíveis consequências (CHRISTÓFORO, 2009).

Nesse sentido estudos apontam que 70,5% dos pacientes no pré-operatório não foram acompanhados de orientação, sugerindo com isso que os profissionais são apressados em sua rotina diária e se esquecem das orientações. Afirmam ainda, que o preparo do paciente pelas ações educativas está relacionado com a redução das complicações pós-operatórias (CHRISTÓFORO, 2009).

O enfermeiro orienta, de maneira clara e objetiva atentando para o grau de escolaridade do paciente e compreensão. Dessa forma ele compreende seu problema de saúde e prepara-se para o pós- operatório. Essa prática influencia no restabelecimento e convívio com familiares (FOSCHIERA, 2004).

É de competência do profissional enfermeiro orientar como o paciente retornará do bloco cirúrgico, no que se refere a drenos, feridas operatórias e dispositivos externos. Além, de explicar da importância da sua colaboração durante os procedimentos. Essas orientações evitam o susto do paciente e previnem a baixa da auto-estima (MARUYAMA, 2005).

Acredita-se que essas orientações educativas interferem no pós-operatório proporcionando a redução do tempo de permanência na sala de recuperação anestésica ou hospitalar.

Consequentemente haverá uma redução nos custos por internações recidivas.

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3.3 Maior evidência do cuidado físico

Essa categoria tornou-se evidente pela carência de orientações psicobiológicas e comunicação a fim de auxiliar o paciente a enfrentar o medo e ansiedade que permeiam o ato cirúrgico.

São relevantes os esforços para obter uma melhor qualidade da assistência de enfermagem no pré- operatório. Existem deficiências no que tange a preparação psicológica, física e espiritual no pré- operatório, nesse âmbito a importância da atuação do enfermeiro merece destaque e torna-se importante realizar a busca pelo conhecimento teórico para elaboração de um plano de cuidados correspondente para cada paciente (CHRISTÓFORO, 2009).

Os pacientes cirúrgicos receberam orientações em sua maioria relativas somente a notícia de que iriam ser submetidos a um procedimento cirúrgico, sem especificamente saber como ocorria este, além de não receber atenção e apoio (TETANI, 2007).

Os cuidados realizados ao usuário que será submetido a procedimento cirúrgico estão voltados principalmente ao preparo físico do paciente, com poucas orientações em relação ao procedimento cirúrgico e aos cuidados de enfermagem efetuados (MARTINS, 2004).

A orientação permite que o enfermeiro diminua o estresse dos pacientes que se submeterão a cirurgia. Os pacientes demonstram confiança após encotrarem profissionais dispostos a esclarecer e dialogar antes da cirurgia. A ansiedade é o sentimento mais demonstrado pelo paciente, mas a forma como os profissionais tentam reduzir esse sentimento varia de acordo com os conhecimentos, percepções e valores. O enfermeiro trabalha os sentimentos de maneira mais científica (BERG, 2006).

Em 100% dos sujeitos o diagnóstico de enfermagem medo foi identificado em pacientes no pré- operatório. O enfermeiro deve saber lidar com a angústia numa assistência que abranja desde a doença até o planejamento focado na pessoa. A humanização hospitalar tem como agente importante o enfermeiro que deve considerar o comportamento emocional do paciente. É um desafio, porque exige que o profissional adentre nos sentimentos dos outros a partir de sua própria opinião (BACHION, 2004).

Os pacientes permanecem ansiosos e inseguros durante toda a internação por falta de orientação quanto ao ato cirúrgico e ausência de apoio da equipe de saúde. Buscam dessa equipe além as cura a segurança, afeto e solidariedade. Isso, porém, muitas vezes se restringe ao preparo para a cirurgia Essa categoria evidencia a pressa do enfermeiro devido a sua sobrecarga de trabalhos administrativos, controle de materiais e assistência deixando a educação para segunda ordem (SILVA, 2005).

3.4 Orientar para promover o autocuidado do paciente

Essa categoria tornou-se importante pela carência de orientações para o autocuidado referentes reintegração e reabilitação dos pacientes cirúrgicos, além do aumento de sua auto-estima a fim de evitar complicações pós-operatórias.

O autocuidado é definido como o conjunto de ações que a pessoa realiza para seu próprio benefício, com o propósito de manter sua saúde e bem-estar. O autocuidado, quando efetivo, contribui para o desenvolvimento humano (MENDONÇA, 2007).

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Neste sentido a carência de orientações que promovam o autocuidado propicia a ocorrência de complicações pós-cirúrgicas retardando a reabilitação. A aparência pessoal é uma das ansiedades básicas do ser humano. Esse aspecto intervém na recuperação e manutenção da auto-estima. O enfermeiro deve buscar estratégias para aprendizagem com o objetivo de capacitar o paciente a tomar decisões conscientes com relação aos seus cuidados e ter a opinião do paciente para elaborar um plano de cuidados (BARRETO, 2008).

Utilizando-se da humanização deve ser um processo recíproco da valorização, tanto de enfermagem para paciente, como de usuário cuidadores. A comunicação é um processo terapêutico essencial para promover o autocuidado do paciente, de modo a ouvir suas dúvidas e este interpretar corretamente as orientações que lhe sao repassadas (SILVA, 2005).

3.5 Falta de habilidade do enfermeiro para orientar

Esta categoria se caracteriza pelo inabilidade para orientar do enfermeiro que entre vários motivos destacam-se a falta de qualificação, a rotina, as barreiras de comunicação, relação de superioridade.

É de competência do enfermeiro orientar o paciente durante a visita pré-operatória e prepará-lo emocionalmente, explicando de que forma ele poderá participar do seu tratamento (BERG, 2006).

A finalidade dos cuidados pré-operatorios são relevantes para o paciente, pois pode detectar algum problema e corrigí-lo antes da cirurgia. A avaliação emocional é importante para que a cirurgia aconteça com maior grau de segurança. Com o estabelecimento de protocolos para a assistência de enfermagem direcionaria as ações implementadas levando apenas ao beneficio da clientela (SANTOS, 2007).

Nesse contexto, durante a visita que o enfermeiro pesquisa o histórico familiar, patologias ou cirurgias pregressas, alergias, uso de medicamentos, exame físico e laboratoriais (MENDONÇA, 2007).

A relação enfermeiro paciente é importante no período pré-operatório, pois o profissional tem aptidão técnica em relação a instrumentos e procedimentos a serem realizados, deve ainda ter conhecimento científico, ter competência para dialogar, escutar, perceber, tocar, vivenciar e ficar junto ao paciente.

Além disso, compreender os sentimentos do paciente pode buscar soluções provisórias que resolvam os sentimentos indesejáveis vivenciados pelo paciente, os quais podem interferir durante sua internação (CHISTÓFORO, 2005).

As barreiras na comunicação decorrem geralmente da falta de habilidade em ouvir, falar e compreender a mensagem recebida. Durante uma conversa deve-se repetir as idéias principais e verificar se elas foram entendidas. A linguagem intervém na forma de orientar do enfermeiro, ele deve usar palavras conhecidas do paciente. Há evidencias de que o profissional sem habilidade para lidar com o paciente usa frases falsas na tentativa de confortar o paciente (SILVA, 2005).

O despreparo do enfermeiro para orientar fica evidente quando as orientações são realizadas de forma rotineira. Tornou-se um ritual no qual todas as orientações são semelhantes independe do paciente ou da cirurgia que será realizada. Há uma carência de qualificações sobre como o enfermeiro deve realizar as orientações adequadas as necessidades individuais de cada paciente (KRUSE, 2009).

O planejamento dos cuidados a pacientes no pré-operatório exige atualizações e conhecimento para precaver as possíveis alterações emocionais que o paciente pode apresentar. O processo teórico

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quando aplicado a prática contribui para melhora do cuidar, com ênfase no humanismo e cientificidade.

A aquisição do conhecimento deve ocorrer conforme a necessidade de aprendizagem (SONOBE, 2001).

Corroborando com esses fatores há a indiferença do profissional em relação à sensibilização com o sofrimento físico, psíquico ou social do paciente ou as consequências que a doença e o posterior processo cirúrgico trará para sua vida (CARNEIRO, 2009).

Sendo assim inúmeras vezes os usuários se deparam com um vocabulário e com expressões desconhecidas, informações defasadas de profissionais envolvidos no cuidado, além do despreparo dos profissionais para transmitir informações (LOPES, 2009).

4. CONCLUSÃO

Em suma, percebe-se que o paciente perde sua autonomia durante a internação hospitalar e cabe ao enfermeiro adaptar os cuidados as reais necessidades do paciente. De modo que o paciente participe do desenvolvimento de seu plano terapêutico e reabilitação.

A falta de orientações no período pré-operatório interfere diretamente no perioperatório e recuperação levando ansiedade e medo do procedimento cirúrgico. É de competência do profissional enfermeiro orientar de maneira clara e objetiva, a cerca de todos os procedimentos realizados, dispositivos, feridas, recuperação e importância da colaboração do paciente durante o tratamento.

Os cuidados, geralmente referem-se ao preparo físico do paciente para a cirurgia, sendo que ficam pendentes orientações sobre a cirurgia e cuidados realizados, além da carência de atenção psicobiológica. Esses fatos decorrem da rotina e pressa dos profissionais decorrente da sobrecarga de trabalho, levando a educação em saúde ficar em segundo plano. Lembra-se que o enfermeiro possui papel fundamental no desenvolvimento da humanização hospitalar, a começar pelo processo de orientações pré-operatórias que deve abranger o comportamento emocional do paciente.

No que diz sobre orientações na promoção do autocuidado, essas interferem de forma ativa reabilitação dos pacientes cirúrgicos, além do aumento de sua auto-estima. As complicações pós- operatórias serão evitadas quando o paciente estiver orientado de forma eficaz quanto aos cuidados que deverá desenvolver, os quais se referem a cirurgia e tratamento.

A comunicação é essencial para estabelecer uma relação com o paciente, sendo que é um dos impasses que o profissional enfermeiro sente dificuldade em superar. Deve-se avaliar a eficácia da orientação que realizou e questionar as dúvidas persistentes.

A falta de qualificação, a rotina, as barreiras de comunicação e a relação de superioridade do enfermeiro caracteriza a falta de habilidade para orientar. Esse profissional deve ter competência científica para dialogar, saber ouvir e dar a devida importância as manifestações do paciente. Uma das maneiras de assegurar o conhecimento do usuário seria criar um programa de educação permanente para os enfermeiros almejando suprir a deficiência existente no desempenho das suas funções junto ao paciente cirúrgico.

Diante desse contexto, há uma necessidade de capacitações para os profissionais enfermeiros a fim de possam estarem repensando suas atuações diante da educação em saúde a partir de um suporte teórico. Consequentemente os profissionais eximem os pacientes de opinar sobre seu tratamento, sem

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o reconhecimento de seus direitos. Esses fatores contribuem para sua despersonalização tornando-os simplesmente objetos de manipulação do profissional de saúde.

Sendo assim, percebe-se que ainda existem diversas barreiras entre o paciente e o enfermeiro, que não valoriza o ser humano como principal objetivo da profissão. Isso dificulta o processo de educação em saúde no período pré-operatório como, a desvalorização do ser humano, consequentemente há o abandono da humanização no cuidado.

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