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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0079.12.043571-8/001

Número do Númeração 0435718-

Des.(a) Arnaldo Maciel Relator:

Des.(a) Arnaldo Maciel Relator do Acordão:

19/07/2016 Data do Julgamento:

21/07/2016 Data da Publicação:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C RESTITUIÇÃO DE VALORES E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL - CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL - ATRASO SIGNIFICATIVO E INJUSTIFICADO NA ENTREGA DO BEM - LUCROS CESSANTES - DIREITO RECONHECIDO - DANO MORAL CONFIGURADO - INDENIZAÇÃO - FIXAÇÃO EM QUANTIA RAZOÁVEL - JUROS DE MORA - RELAÇÃO CONTRATUAL - INCIDÊNCIA A PARTIR DA CITAÇÃO.

Restando incontroverso que a parte autora foi privada de receber frutos ou utilizar-se do bem por culpa da ré, em razão do injustificado atraso na construção e entrega do imóvel objeto da avença, cabível a fixação de indenização no percentual mensal de 0,5% sobre o valor do contrato desde a data em que o bem deveria ter sido entregue. O atraso injustificado da construtora ré na conclusão das obras e entrega da unidade imobiliária adquirida pela promitente compradora, frustrando o cumprimento do contrato de compra e venda e causando-lhe imensuráveis transtornos e indignação, ultrapassa em muito a categoria do simples descumprimento contratual e do mero aborrecimento, dando causa à configuração de um verdadeiro dano moral passível de reparação. A indenização por danos morais deve ser fixada segundo critérios de razoabilidade e proporcionalidade, com observância das peculiaridades do caso e sempre buscando atingir os objetivos do instituto do dano moral, quais sejam, compensar a parte lesada pelos prejuízos vivenciados, punir o agente pelo ilícito já praticado e inibi-lo na adoção de novas condutas lesivas. Tratando-se de relação contratual, a indenização por danos morais deverá ser acrescida de juros de mora a partir da citação, nos termos do artigo 405 do Código Civil.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0079.12.043571-8/001 - COMARCA DE

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C O N T A G E M - A P E L A N T E ( S ) : C O N S T R U T O R A T E N D A L T D A - A P E L A D O ( A ) ( S ) : V I C E N T I N A R O D R I G U E S D O A M A R A L

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 18ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO.

DES. ARNALDO MACIEL RELATOR.

DES. ARNALDO MACIEL (RELATOR)

V O T O

Trata-se de recurso de apelação interposto pela CONSTRUTORA TENDA LTDA contra a sentença de fls. 136/140-verso, proferida pelo MM.

Juiz José Venâncio de Miranda Neto, que julgou parcialmente procedentes

os pedidos formulados nos autos da "Ação Rescisória c/c Indenizatória (Dano

Moral e Perdas e Danos)" ajuizada por VICENTINA RODRIGUES DO

AMARAL, para decretar a rescisão do contrato de compra e venda de imóvel

firmado entre as partes, condenar a ré a restituir a integralidade dos valores

pagos pela requerente, corrigidos monetariamente pelo índice da CGJ/MG,

desde cada desembolso, e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, estes

a contar da citação, condená-la ao pagamento de indenização pela não

fruição do imóvel, desde a configuração da mora (28/03/2012) e até a

restituição das parcelas pagas, fixada em 0,5% sobre o valor do imóvel, bem

como de indenização por danos morais, na quantia de R$8.000,00, acrescida

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de correção monetária pelo mesmo índice anteriormente fixado a contar da sentença e juros de mora de 1% ao mês desde o atraso, condenando-a ainda no pagamento das custas e dos honorários, fixados em 10% sobre o valor da condenação.

Nas razões recursais de fls. 153/176, aduz o apelante a impossibilidade de incidência da multa compensatória de 0,5% ao mês, por ter sido determinada a rescisão do contrato e a devolução dos valores pagos e por inexistir previsão de multa rescisória no contrato em questão, sob pena inclusive de enriquecimento ilícito da apelada, acentuando, por fim, que não teria restado configurada qualquer circunstância que desse ensejo à sua condenação por danos morais, pois os fatos narrados pela autora demonstram ter ela sofrido meros aborrecimentos, dissabores ou contrariedades, não tendo havido nenhuma lesão à sua honra ou à sua dignidade, assim como sendo inexistente a comprovação de que a ré tenha agido com dolo ou culpa, salientando que a jurisprudência adota entendimento no sentido de que o mero inadimplemento contratual não é capaz de configurar os danos morais, mas requerendo, eventualmente, a redução da indenização para um patamar razoável e que evite o enriquecimento sem causa da apelada, assim como a modificação do termo inicial dos juros de mora que irão incidir sobre tal indenização.

Preparo recursal comprovado às fls. 177-verso e recurso recebido às fls.

183.

Apesar de devidamente intimada, a apelada não ofertou contrarrazões, consoante certidão de fls. 188.

MÉRITO

Inicialmente, faço consignar que, a despeito da entrada em vigor do Novo

Código de Processo Civil de 2015, tenho que o julgamento do presente

processo deverá se submeter às normas da lei revogada, qual seja, o Código

de Processo Civil de 1973, considerando a data da publicação da decisão

que motivou a interposição do recurso ora analisado, em observância ao

Enunciado 54 deste Egrégio Tribunal de

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Justiça e à regra insculpida no art. 14 da nova lei, que dispõe sobre o direito intertemporal, cuja transcrição segue abaixo:

Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.

Pelos documentos de fls. 30/46, vislumbra-se que as partes firmaram um Contrato de Compromisso de Venda e Compra de Unidade Autônoma referente ao apartamento nº 202, do Residencial São Domingos Life, situado em Contagem/MG, com prazo de entrega previsto para setembro de 2011, que poderia ser prorrogado por até 180 dias, escoando-se em março de 2012.

Já de início, cumpre constatar que o imóvel objeto do contrato não foi entregue mesmo após ultrapassados os prazos para a entrega e de prorrogação, conforme constante da sentença, não havendo insurgência recursal quanto à caracterização da mora da construtora ré, restando pendente discussão acerca do cabimento da sua condenação no pagamento de quantias relativas a lucros cessantes e ainda da viabilidade de imposição à ré da obrigação de pagar quantia pelos danos morais que a autora afirma ter sofrido.

Primeiramente, quanto ao recebimento dos danos materiais, os quais, da leitura da peça inicial, consubstanciam em lucros cessantes correspondentes aos aluguéis que a parte autora deixou de receber a título de frutos do imóvel de sua propriedade, entendo que razão não assiste à construtora ré, ora apelante, uma vez que tais valores não foram fixados a título de multa rescisória, como quer fazer crer a apelante, mas sim para compensar a promitente compradora pela não fruição do imóvel adquirido, em decorrência do atraso na entrega ajustada, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça e amplamente adotado na jurisprudência pátria, senão vejamos:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO. ATRASO ENTREGA DE IMÓVEL. CULPA DA RÉ PELO ATRASO. FATO INCONTROVERSO.

MULTA

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PELA DEMORA. RESSARCIMENTO DE ALUGUÉIS E TAXA DE CONDOMÍNIO. POSSIBILIDADE. DANOS MORAIS. OCORRÊNCIA.

SENTENÇA REFORMADA. I - A estipulação de cláusula penal em desfavor de apenas uma das partes configura desequilíbrio contratual, possibilitando sua fixação pelo Judiciário, sobretudo, com base na regra disposta no art.6º do Código de Defesa do Consumidor. Constatado o descumprimento contratual por parte da ré, que não entregaram o imóvel no prazo convencionado, ultrapassando, inclusive, o limite de prorrogação entabulado, deve arcar com a multa contratual em razão do atraso. II - A multa por atraso não afasta o direito ao ressarcimento dos prejuízos materiais do consumidor, sendo certo que a penalidade tem caráter autônomo e não se destina a tarifar de forma prévia as perdas suportadas pelo consumidor. III - Remansosa jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem entendido que, nos casos de atraso na entrega do imóvel, por fato atribuível à construtora, como no caso dos autos, o promitente comprador poderá pleitear, indenização correspondente aos lucros cessantes pela não fruição do imóvel, durante o período da mora da promitente vendedora, prejuízo que se considera presumível nessa situação. IV - O atraso por mais de 02 anos e a ausência de indícios de que a obra será concluída, sem qualquer justificativa e por culpa da construtora, configura ofensa à honra ou à integridade, que enseja obrigação de indenizar por danos morais. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.13.178879-6/003, Relator(a): Des.(a) João Cancio, 18ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 10/11/2015, publicação da súmula em 17/11/2015) (GRIFADO)

EMENTA: COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. ATRASO. PRAZO DE

ENTREGA DA OBRA MAIS BENÉFICO AO CONSUMIDOR. DANOS

MORAIS. EXISTÊNCIA. LUCROS CESSANTES. Nos contratos envolvendo

relação de consumo a interpretação das cláusulas deve ser sempre realizada

em favor do consumidor (inteligência do art. 47 do CDC). Assim, havendo

previsão de dois prazos distintos para entrega do bem, deverá ser

considerada a data que, no caso concreto, se revele mais benéfica ao

consumidor. O atraso na entrega do imóvel enseja lesão a direito de

personalidade do comprador. Conforme jurisprudência consolidada no

Superior Tribunal de Justiça, descumprido o prazo para entrega do

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imóvel objeto do compromisso de compra e venda, é cabível a condenação da Construtora por lucros cessantes. (TJMG - Apelação Cível 1.0701.13.009195-5/001, Relator(a): Des.(a) Estevão Lucchesi , 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 23/02/2016, publicação da súmula em 02/03/2016) (GRIFADO)

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL, COM PEDIDO DE MULTA E LUCRO CESSANTE - COMPRA E VENDA DE IMÓVEL - ATRASO NA ENTREGA - LUCROS CESSANTES - VALORES DE ALUGUEIS QUE PODERIAM TER SIDO AUFERIDOS - ALTERAÇÃO DE ENCARGOS MORATÓRIOS - IMPROCEDÊNCIA. As alterações nas circunstâncias ou conjunturas diretamente ligadas à atividade empresarial da parte, tal como a abundância ou escassez de mão de obra para o setor da construção civil, constituem fortuito interno, inerente ao risco do negócio por meio do qual ela pretende obter lucro, que não afastam sua responsabilidade pelos danos ocasionados em virtude de atos ilícitos por ela praticados. O comprador tem direito ao ressarcimento do valor correspondente ao aluguel mensal do imóvel que deixou de ser entregue na data estabelecida no contrato, uma vez que referido prejuízo decorre do descumprimento contratual, caracterizado pela injustificada demora na entrega do imóvel habitacional adquirido. Os encargos moratórios previstos para uma e outra parte, conquanto distintos, atendem ao fim a que se destinam, sendo certo que seus valores não seriam substancialmente diferentes ou discrepantes entre si, tendo-se em vista a diversa base de cálculo sobre a qual cada um incidiria em caso de mora.

Recurso parcialmente provido. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.11.342241- 4/001, Relator(a): Des.(a) Veiga de Oliveira, 10ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 11/03/2016, publicação da súmula em 15/04/2016) (GRIFADO)

Ora, o fato de ter sido determinada a rescisão da avença e a devolução

dos valores pagos em nada prejudica a conclusão acima, na medida em que

a natureza e origem da indenização por lucros cessantes se distinguem por

completo de eventual multa rescisória, razão pela qual deve ser mantida a

sentença de 1º Grau quanto ao ponto.

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Da mesma forma, em que pesem as alegações tecidas pela apelante, tenho que irretocável a bem lançada sentença de 1º Grau no que tange à indenização por danos morais, senão vejamos.

Já de início, entendo necessário salientar que a situação dos autos, por envolver a aquisição de um bem imóvel, não pode ser encarada como um simples descumprimento contratual, na medida em que tal descumprimento atinge o sonho da contratante à casa própria.

Ora, a conduta da ré causou não só transtornos de toda ordem à autora, como também indignação, insegurança e enorme frustração em relação a um planejamento que não se faz do dia para a noite, pois como é de conhecimento notório, a aquisição de um imóvel não se trata de uma decisão ou de um negócio simples.

A respeito do tema, outro não vem sendo o posicionamento consolidado por este Tribunal, como se depreende dos exemplos abaixo transcritos:

EMENTA: AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM

INDENIZAÇÃO - ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL - CLÁUSULA DE

CARÊNCIA E CLÁUSULA PENAL - RAZOABILIDADE - INDENIZAÇÃO

SUPLEMENTAR - IMPOSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DE PACTUAÇÃO -

PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 416 DO CC - DANOS MORAIS -

OCORRÊNCIA - FIXAÇÃO - RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE -

APELAÇÃO À QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO. É válida a cláusula de

tolerância em contrato de compra e venda de imóvel em construção, desde

que expressamente pactuada, e fixada com prazo razoável para o atraso na

entrega. A cláusula penal implica arbitramento prévio das perdas e danos em

caso de inadimplemento. O contratante faz jus apenas ao valor contratado,

caso não tenha sido estipulada indenização suplementar. Incidência do

parágrafo único do art. 416 do Código Civil de 2002. O descaso da

construtora, representado pela não entrega do imóvel no prazo contratado,

implica desrespeito ao consumidor, além de meros aborrecimentos, a ensejar

danos morais indenizáveis. Na fixação do quanto indenizatório o juiz deve se

pautar

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pelos critérios da razoabilidade e da proporcionalidade. (APELAÇÃO CÍVEL N º 1 . 0 1 4 5 . 1 1 . 0 5 2 5 8 2 - 4 / 0 0 1 - C O M A R C A D E J U I Z D E F O R A - APELANTE(S): JONATHAN MORATORI - APELADO(A)(S): API SPE 26 PLANEJAMENTO DESENVOLVIMENTO EMPREEND IMOBILIARIOS LTDA - RELATOR: DES. MARCELO RODRIGUES) (GRIFADO)

EMENTA: AÇÃO INDENIZATÓRIA. PROMESSA DE COMPRA E VENDA.

CONSTRUTORA. ENTREGA DO IMÓVEL. ATRASO INJUSTIFICADO.

FORÇA MAIOR. NÃO OCORRÊNCIA. INDENIZAÇÃO DANOS MATERIAIS.

TERMO INICIAL. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. QUANTUM. 1) Não configura força maior o problema decorrente da negligência da Construtora ao planejar a execução de suas obras. 2) A condenação da construtora ao pagamento da multa contratual ao comprador inocente, em razão da inexecução do contrato, impede a cobrança de reparação pelos alugueis pagos, sob pena de se punir duplamente a construtora que deixou de entregar o imóvel no prazo contratado (art. 916 CC/16 e 408 CC/02). 3) Caracteriza dano moral indenizável a conduta da Construtora de procrastinar, sem motivo justificado, a entrega da obra, frustrando o sonho do comprador de ter a casa própria. 4) A quantificação do dano moral obedece ao critério do arbitramento judicial, que, norteado pelos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, fixará o valor, levando-se em conta o caráter compensatório para a vítima e o punitivo para o ofensor. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.11.021178-6/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - APELANTE(S): PABLO CESAR GOMES PEREIRA - 1º APELANTE:

CLEIDINEIA FERREIRA PACHECO E OUTRO(A)(S) - 2º APELANTE:

CONSTRUTORA TENDA LTDA - APELADO(A)(S): PABLO CESAR GOMES PEREIRA, CLEIDINEIA FERREIRA PACHECO E OUTRO(A)(S), CONSTRUTORA TENDA LTDA - RELATOR: DES. MARCOS LINCOLN) (GRIFADO)

EMENTA: AGRAVO RETIDO - INDEFERIMENTO PROVA ORAL - NÃO

ESSENCIAL - NEGAR PROVIMENTO - APELAÇÃO CÍVEL - COMPRA DE

IMÓVEL - PRORROGAÇÃO DO PRAZO DE ENTREGA PREVISTO NO

CONTRATO - RAZOÁVEL - LEGALIDADE - ENTREGA DO BEM APÓS O

PRAZO DE PRORROGAÇÃO - INADIMPLEMENTO CONTRATUAL -

CONFUGURADO - MULTA - CABÍVEL - DANO MORAL - POSSIBILDIADE

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- ALTERAÇÃO PREJUDICIAL DA DISPOSIÇÃO DAS VAGAS DE GARAGEM APÓS A REALIZAÇÃO DO NEGÓCIO - DANOS MORAIS - CONFIGURADOS. O julgamento sem a produção de prova oral não implica cerceamento de defesa quando esta não é necessária à resolução da lide.

Conforme art. 130 do CPC, ao julgador incumbe indeferir, mesmo de ofício, a prova que não seja útil, porquanto destinatário real da prova. É legal a cláusula contratual que prevê a prorrogação do prazo razoável para entrega do imóvel, considerando o princípio pacta sunt servanda. O atraso na entrega do imóvel, após o prazo de prorrogação, por culpa dos promitentes vendedores, caracteriza inadimplemento contratual, podendo incidir multa.

Há dano moral se a construtora, de modo injustificado, atrasa, por longo período, a entrega de imóvel, impedindo o comprador de dele tomar posse na data aprazada. A modificação prejudicial da disposição das vagas de garagem do imóvel após a realização do negócio gera dano moral.

(APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.10.279905-3/004 - COMARCA DE BELO H O R I Z O N T E - 1 º A P E L A N T E : H A B I T A R E C O N S T R U T O R A INCORPORADORA LTDA - 2º APELANTE: MARCELO MELGAÇO DE MORAIS - APELADO(A)(S): MARCELO MELGAÇO DE MORAIS, HABITARE CONSTRUTORA INCORPORADORA LTDA - RELATOR: DES. EVANDRO LOPES DA COSTA TEIXEIRA) (GRIFADO)

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AUSÊNCIA DE ENTREGA DO IMÓVEL NO P R A Z O P R O M E T I D O - A L U G U É I S D E V I D O S - D A N O M O R A L RECONHECIDO - PROVIMENTO PARCIAL. Deixando a construtora de efetuar a entrega do imóvel prometido à venda, deve responder pelos aluguéis pelo tempo de descumprimento da obrigação. Evidenciado o abalo psicológico frente à frustração decorrente da ausência de entrega do imóvel comprovado, impõe-se o reconhecimento do dano moral indenizável.

(APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0145.11.042834-2/001 - COMARCA DE JUIZ DE FORA - APELANTE(S): NEMÊNCIO LUDTKE NUNES - APELADO(A)(S):

A P I S P E 2 6 P L A N E J A M E N T O E D E S E N V O L V I M E N T O D E EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁR, ASACORP EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A - RELATOR: DES. LUIZ CARLOS GOMES DA MATA) (GRIFADO)

De tal sorte, restaram incontestes não só a responsabilidade da ré,

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como também os danos morais suportados pela apelada, danos que superaram em muito a categoria de mero aborrecimento, bem como o nexo de causalidade entre um e outro, do que se verifica pela presença de todos os requisitos necessários para a configuração do dever reparatório.

No que diz respeito ao quantum indenizatório, necessário inicialmente anotar que a sua quantificação, por não possuir critérios fixos e determinados, dever ser feita com o prudente arbítrio do Julgador, com a observância dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, e sempre tendo em vista os objetivos do instituto do dano moral, quais sejam, reparar os danos causados à parte lesada, punir o agente pela conduta já adotada e inibi-lo na adoção de novas práticas levianas e ilícitas, devendo ainda ser levando em conta o grau de culpa, o nível socioeconômico da parte lesada e o porte econômico do agente.

Sopesando-se todas as considerações acima feitas, há que se reconhecer a adequação da indenização arbitrada pelo digno Magistrado a quo, por ser a que mais se amolda aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, às peculiaridades do caso e aos valores usualmente fixados por este Tribunal em situações análogas, sendo ainda a que melhor atende os objetivos do instituto do dano moral acima mencionados.

Em contrapartida, entendo pela necessidade de reforma do decisum primevo quando o tema se volta para o temo inicial dos juros de mora devidos sobre a indenização por danos morais já discutida, mas não exatamente para acolher a pretensão da apelante, qual seja, de incidência do referido encargo a partir da sentença.

Isso, porque a reparação moral ora discutida tem como fundamento o

não cumprimento de um contrato de compra e venda de imóvel firmado entre

as partes, do que se tem que a indenização se funda em relação contratual,

situação na qual não se aplica o preceito da Súmula 54 do STJ, mas sim o

do art. 405 do CC, que determina a incidência dos juros de mora a partir da

citação, situação que impõe a

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modificação parcial da sentença de 1º Grau, para que os juros de mora devidos sobre a indenização por danos morais fixada incidam apenas a partir da citação da apelante.

Diante do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso e reformo em parte a sentença de 1º Grau, para determinar que os juros de mora devidos sobre a indenização por danos morais fixada incidam a partir da citação, mantendo-se quanto ao mais a respeitável decisão hostilizada.

Como a modificação da sentença primeva não implicou em qualquer alteração do direito reconhecido em favor da autora/apelada, deverá a apelante suportar também as custas recursais.

DES. JOÃO CANCIO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. MOTA E SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO."

Referências

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