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MODELOS COSMOL ´ OGICOS PARA O UNIVERSO ATUAL E PRIMORDIAL

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RUDINEI CELSO DE SOUZA JANTSCH

MODELOS COSMOL ´ OGICOS PARA O UNIVERSO ATUAL E PRIMORDIAL

Tese apresentada ao Curso de P´os-Gradua¸c˜ao em F´ısica do Setor de Ciˆencias Exatas da Uni- versidade Federal do Paran´a, como requisito parcial para a obten¸c˜ao do grau de Doutor em F´ısica

Orientador: Prof. Dr. Gilberto Medeiros Kremer

CURITIBA

2012

(2)

Resumo

Neste trabalho, investigamos modelos cosmol´ogicos gerais em que os campos de energia e mat´eria escuras s˜ao analisados em um ˆambito mais fundamental. A Teoria da Relatividade Geral e as teorias de gravita¸c˜ao generalizadas s˜ao consideradas.

Estudamos intera¸c˜oes no setor escuro e entre o setor escuro e o campo gravitacional, analisando a sua viabilidade. Nos primeiros trˆes modelos estudados, as poss´ıveis for- mas para as fun¸c˜oes indefinidas nas a¸c˜oes gerais s˜ao determinadas a partir da t´ecnica da simetria de Noether. Usando as propriedades de simetria, resolvemos as equa¸c˜oes de campo e os cen´arios resultantes s˜ao analisados pelo confronto das curvas te´oricas com os dados da astronomia observacional. No quarto modelo, estudamos as ge- neraliza¸c˜oes geom´etricas da Relatividade Geral, cuja aplica¸c˜ao se d´a `a investiga¸c˜ao dos campos de mat´eria e energia escuras como sendo efeitos geom´etricos efetivos.

Tentativas de solu¸c˜ao das equa¸c˜oes de campo generalizadas s˜ao feitas para corre¸c˜oes de primeira ordem com rela¸c˜ao `a gravita¸c˜ao einsteiniana. A ´ultima investiga¸c˜ao deste trabalho versa sobre perturba¸c˜oes cosmol´ogicas no Universo primordial. O modelo inflacion´ario considerado ´e do tipo lei de potˆencia, cujo inflaton ´e um campo escalar n˜ao canˆonico. Seus respectivos espectros de potˆencia s˜ao calculados para a verifica¸c˜ao de sua viabilidade.

(3)

Abstract

In this work, we investigate general cosmological models in which the dark matter and energy fields are analyzed in a more fundamental scope. The General Theory of Relativity and generalized gravitational theories are considered. We study the inte- ractions in the dark sector and between it and the gravitational field, analyzing their viability. In the first three models, the possible forms for the undefined functions in the general actions are determined from the Noether symmetry technique. Using the symmetry properties, we solve the field equations and the resulting scenarios are analyzed through the comparison of the theoretical curves with the data from the observational astronomy. In the fourth model, we study the geometrical generaliza- tions of the General Relativity, whose application is to investigate the dark matter and energy fields as being effective geometrical effects. Attempts for solutions of the generalized field equations are done to first order corrections with respect to the Einsteinian gravitation. The last investigation of this work runs upon cosmological perturbations in the primordial Universe. The considered inflationary model is the power-law-type one, whose inflaton is a non-canonical scalar field. Its respective power spectrums are calculated for the verification of its viability.

(4)

Agradecimentos

A todos que, de uma forma ou de outra, contribu´ıram para a realiza¸c˜ao deste trabalho.

(5)

O cientista n˜ao estuda a natureza por sua utilidade; ele a estuda por prazer, que adv´em do fato de a natureza ser bela. Se ela n˜ao fosse bela, n˜ao valeria a pena conhecˆe-la, se n˜ao valesse a pena conhecˆe-la, n˜ao valeria a pena viver.

HENRY POINCAR´E

(6)

Sum´ ario

1 Introdu¸c˜ao ix

2 Relatividade Geral 2

2.1 Princ´ıpio da equivalˆencia . . . 2

2.2 Dinˆamica da part´ıcula em Relatividade Geral . . . 4

2.3 Tensor de curvatura . . . 6

2.4 Tensor energia-momento . . . 8

2.5 Equa¸c˜oes de Einstein da gravita¸c˜ao . . . 9

3 Cosmologia 12 3.1 Observa¸c˜oes astronˆomicas e fundamentos da Cosmologia . . . 13

3.2 M´etrica de Friedmann-Robertson-Walker . . . 15

3.3 Determina¸c˜ao do tensor de Ricci e do escalar de curvatura . . . 16

3.4 Forma do tensor energia-momento . . . 18

3.5 Equa¸c˜oes do Modelo Padr˜ao da Cosmologia . . . 19

3.6 Parˆametros observacionais . . . 22

3.6.1 Distˆancia de luminosidade . . . 23

3.7 Sucessos e problemas do Modelo Padr˜ao . . . 25

3.8 Modelo do Universo inflacion´ario . . . 26

3.8.1 Acoplamento ao campo gravitacional . . . 30

3.9 Expans˜ao acelerada e energia escura . . . 32

3.9.1 Mat´eria escura . . . 34

(7)

4 Simetria de Noether 36

4.1 Teorema de Noether . . . 36

4.2 Condi¸c˜ao de existˆencia para a simetria de Noether . . . 38

4.3 Determina¸c˜ao da lagrangiana pontual e condi¸c˜ao de simetria . . . 42

5 Quintessˆencia n˜ao minimamente acoplada versus ΛCDM 45 5.1 Equa¸c˜oes de campo . . . 46

5.2 Fun¸c˜oes de Noether . . . 48

5.3 An´alise do sistema dinˆamico . . . 49

6 Campos escalares e espinoriais minimamente acoplados 55 6.1 Espinores em espa¸co-tempos curvos . . . 56

6.2 A¸c˜ao geral e equa¸c˜oes de campo . . . 60

6.3 Sele¸c˜ao dos potenciais . . . 62

6.4 F´ermions de Dirac como mat´eria escura . . . 64

6.5 Integra¸c˜ao do sistema . . . 65

6.6 An´alise da solu¸c˜ao geral . . . 69

7 Campos escalares interagentes n˜ao minimamente acoplados 76 7.1 Campos escalares canˆonicos interagentes . . . 77

7.1.1 A¸c˜ao geral e equa¸c˜oes de campo . . . 77

7.1.2 Potenciais e acoplamentos de Noether . . . 80

7.1.3 Solu¸c˜oes das equa¸c˜oes de campo . . . 82

7.2 Campos escalares canˆonicos e n˜ao canˆonicos interagentes . . . 88

7.2.1 A¸c˜ao geral e simetria de Noether . . . 88

7.2.2 Equa¸c˜oes de campo e trocas de energia . . . 91

7.2.3 Solu¸c˜oes cosmol´ogicas . . . 93

(8)

8 Generaliza¸c˜oes geom´etricas da Relatividade Geral 100

8.1 A¸c˜ao geral e equa¸c˜oes de campo . . . 102

8.1.1 Apˆendice . . . 109

8.2 Corre¸c˜ao de primeira ordem em f2(R) . . . 111

8.3 Corre¸c˜oes de primeira ordem em f1(R) e f2(R) . . . 116

9 Perturba¸c˜oes cosmol´ogicas para infla¸c˜ao taquiˆonica do tipo lei de potˆencia 121 9.1 Equa¸c˜oes de campo perturbadas . . . 123

9.2 Solu¸c˜ao do sistema n˜ao perturbado . . . 126

9.3 Solu¸c˜ao do sistema perturbado . . . 128

9.4 Determina¸c˜ao do espectro das flutua¸c˜oes . . . 131

9.4.1 Quantiza¸c˜ao das perturba¸c˜oes . . . 132

9.4.2 C´alculo do espectro de potˆencia . . . 136

9.4.3 Espectro de potˆencia para q n˜ao inteiro . . . 138

10 Conclus˜ao 141 10.1 Quintessˆencia n˜ao minimamente acoplada versus ΛCDM . . . 141

10.2 Campos escalares e espinoriais minimamente acoplados . . . 142

10.3 Campos escalares interagentes n˜ao minimamente acoplados . . . 142

10.4 Generaliza¸c˜oes geom´etricas da Relatividade Geral . . . 143

10.5 Perturba¸c˜oes cosmol´ogicas para infla¸c˜ao taquiˆonica do tipo lei de potˆencia . . . 144

Bibliografia 146

(9)

Cap´ıtulo 1 Introdu¸ ao

O modelo cosmol´ogico conhecido popularmente comoBig Bang, base- ado na Teoria da Relatividade Geral de Einstein, indubitavelmente teve ˆexito nas explica¸c˜oes de muitas observa¸c˜oes. No entanto, existem alguns fatos observacio- nais que esse modelo, em sua forma original – chamado de Modelo Padr˜ao –, n˜ao pode explicar. Naturalmente, isso exige uma reformula¸c˜ao das premissas envolvidas na constru¸c˜ao de tal modelo, ou talvez at´e mesmo corre¸c˜oes na pr´opria teoria da Relatividade Geral.

A cosmologia inflacion´aria [1, 2, 3] foi proposta com o intuito de se resolver alguns dos primeiros problemas enfrentados pelo Modelo Padr˜ao, e deu conta de resolver, com algum sucesso, os problemas daplanaridade do Universo e da homogeneidade da radia¸c˜ao c´osmica de fundo. Nessa classe de modelo, um campo escalar ´e o respons´avel pela fugaz expans˜ao acelerada do Universo primordial, que posteriormente ingressa num per´ıodo dominado pelo campo de mat´eria, passando ent˜ao para uma fase desacelerada.

As recentes observa¸c˜oes astronˆomicas, baseadas em dados das super- novas do tipo Ia, mostram que ap´os a fase desacelerada do Universo, segue uma nova fase acelerada [4, 5], a qual o Modelo Padr˜ao tamb´em malogrou em expli- car. Os dados observacionais indicam ainda que o valor do parˆametro de densi- dade est´a muito pr´oximo da unidade. Entretanto, verifica-se que os constituintes

(10)

conhecidos do Universo n˜ao d˜ao conta desse valor, o que, a princ´ıpio, leva-nos a postular a existˆencia de um constituinte ainda desconhecido para a Cosmologia.

Inevitavelmente, tal discrepˆancia com as observa¸c˜oes torna-se um grande enigma.

Desse impasse, concebeu-se a t˜ao famosa e enigm´atica energia escura, a qual deve compor quase 3/4 da densidade de energia do Universo para estar de acordo com as observa¸c˜oes. Possivelmente, a energia escura ´e o constituinte respons´avel pela expans˜ao acelerada do Universo, o que conecta o problema da acelera¸c˜ao c´osmica observada hoje com o problema do parˆametro de densidade.

Reviver o modelo da constante cosmol´ogica foi a primeira possibili- dade de explica¸c˜ao para a natureza da energia escura. Infelizmente, tal ideia logo apresentou inconsistˆencias [6] e novos modelos apareceram na literatura, mas at´e o momento nenhum deles provou ser o modelo definitivo [7]. Dentre esses mode- los, o mais conhecido ´e o modelo da quintessˆencia, que consiste num campo escalar m´ınima ou n˜ao minimamente acoplado `a gravidade [8, 9, 10]. Tal campo escalar pode apresentar v´arias formas aceit´aveis para os potenciais, propostos fenomenolo- gicamente ou inspirados por teorias fundamentais [11, 12, 13]. Modelos com campos de f´ermions [14, 15, 16], t´aquions [17, 18](k-essˆencia), g´as de Chaplygin [19, 20] e g´as de van der Waals [21, 22] s˜ao tamb´em alternativas `a constante cosmol´ogica. Es- sencialmente, todos esses modelos buscam descrever um fluido ex´otico com press˜ao negativa que comp˜oe a maior parte do Universo.

As teorias f(R) [23, 24, 25, 26], que consistem na generaliza¸c˜ao da a¸c˜ao de Einstein-Hilbert, prop˜oem uma explica¸c˜ao de origem geom´etrica para a ex- pans˜ao acelerada. Dentre essas teorias generalizadas, existem aquelas que levam em conta uma poss´ıvel propriedade de tor¸c˜ao do espa¸co-tempo [27], que tamb´em pode contribuir para a expans˜ao acelerada.

Um outro problema relacionado `a gravita¸c˜ao, consideravelmente an- tigo, que surgiu pelo estudo da curva de rota¸c˜ao das gal´axias, tem tamb´em um papel importante para a Cosmologia. Esse ´e o problema da mat´eria faltante [28], a qual ´e necess´aria `as gal´axias e aglomerados de gal´axias para explicar corretamente

(11)

a dinˆamica observada, uma vez que a mat´eria luminosa n˜ao ´e suficiente para tal.

Tendo em vista a causa desse problema, essa mat´eria faltante leva o nome de mat´eria escura, a qual deve apresentar somente intera¸c˜ao gravitacional ou intera¸c˜oes n˜ao gra- vitacionais muito fracas com a mat´eria luminosa. At´e o presente, n˜ao se sabe qual

´

e a natureza da mat´eria escura e a explica¸c˜ao mais aceita ´e de que a mesma seja composta por part´ıculas ainda desconhecidas.

Algumas teorias prop˜oem explicar a mat´eria escura como o efeito de uma corre¸c˜ao `a teoria da gravita¸c˜ao, tanto no contexto newtoniano como no eins- teiniano. Nesse escopo, as teorias que estendem as teorias f(R) por meio de uma outra fun¸c˜ao do escalar de curvatura acoplada `a mat´eria [29] buscam descrever a mat´eria escura como tendo tamb´em uma origem geom´etrica. Conclusivamente, para a F´ısica contemporˆanea, a mat´eria escura continua sendo t˜ao enigm´atica quanto a energia escura.

Neste trabalho, analisaremos primeiramente trˆes modelos gerais para a descri¸c˜ao do setor escuro. Estudaremos um modelo de quintessˆencia n˜ao minima- mente acoplada ao campo gravitacional na presen¸ca de mat´eria e radia¸c˜ao, sem nos preocuparmos com a natureza fundamental da mat´eria escura. Tal modelo ser´a comparado ao modelo da constante cosmol´ogica por meio de solu¸c˜oes expl´ıcitas das equa¸c˜oes de campo – o objetivo dessa compara¸c˜ao ´e mostrar de uma forma exata que podem existir equivalˆencias quase que completas entre as dinˆamicas cosmol´ogicas de teorias de gravita¸c˜ao fisicamente diferentes. A segunda investiga¸c˜ao compreender´a o estudo da energia e da mat´eria escuras em um n´ıvel mais fundamental. Campos escalares e espinoriais minimamente acoplados `a gravidade ser˜ao considerados neste estudo. Aqui ser´a visto o quanto a natureza dos campos escuros pode influir no com- portamento da expans˜ao cosmol´ogica. A ´ultima an´alise ser´a a de um modelo mais geral que os anteriores no que se refere `as intera¸c˜oes, onde os campos de mat´eria e energia escuras s˜ao representados por campos escalares que interagem entre si e com a gravidade. Este estudo nos indicar´a se as intera¸c˜oes no setor escuro e entre o setor escuro e o campo gravitacional s˜ao vi´aveis.

(12)

Partindo de uma a¸c˜ao geral que descreve um determinado modelo, podemos restringir as formas dos acoplamentos e potenciais por meio da exigˆencia de certas propriedades para a lagrangiana, tais como simetrias. As simetrias podem formalmente levar `a determina¸c˜ao das poss´ıveis formas para as fun¸c˜oes indefinidas em uma dada a¸c˜ao.

Nas an´alises desses trˆes modelos, exigiremos que a lagrangiana geral de cada um satisfa¸ca a simetria de Noether, a qual fornece uma quantidade con- servada associada ao sistema dinˆamico. Al´em de tal m´etodo nos dar uma vis˜ao mais profunda sobre potenciais e acoplamentos gravitacionais, o mesmo fornece fer- ramentas poderosas que podem levar `a integra¸c˜ao completa do sistema dinˆamico correspondente. Alguns trabalhos que se utilizaram da simetria de Noether para analisar modelos cosmol´ogicos podem ser encontrados nas referˆencias [18, 23, 24, 25, 26, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37].

Em seguida, estudaremos uma teoria que generaliza a Relatividade Geral geometricamente. Essa teoria ser´a aplicada `a descri¸c˜ao da mat´eria e da ener- gia escuras como efeitos geom´etricos em vez de fluidos ex´oticos. Consideraremos corre¸c˜oes geom´etricas tanto no setor gravitacional como no setor da mat´eria. Leva- remos em conta tamb´em a propriedade geom´etrica de tor¸c˜ao do espa¸co-tempo, uma vez que a ausˆencia de tal propriedade do espa¸co-tempo n˜ao ´e uma consequˆencia natural nessa classe de teoria.

Atrav´es da defini¸c˜ao de tensores energia-momento efetivos, faremos a investiga¸c˜ao de como as corre¸c˜oes geom´etricas poderiam gerar os mesmos efeitos do setor escuro descrito por fluidos. Esse estudo tem sua importˆancia no que concerne

`

a possibilidade de que a teoria de gravita¸c˜ao de Einstein seja um caso especial de uma teoria mais geral. Dessa forma, a expans˜ao acelerada do Universo e a falha na previs˜ao das curvas de rota¸c˜ao de gal´axias e da dinˆamica de aglomerados gal´acticos seriam as evidˆencias de uma teoria mais geral. Os efeitos que chamamos de mat´eria e energia escuras resultariam do comportamento da gravidade em larga escala, n˜ao existindo mais os entes ex´oticos que n˜ao irradiam ou que geram gravidade repulsiva.

(13)

A ´ultima investiga¸c˜ao deste trabalho tratar´a sobre o Universo pri- mordial. Ser´a considerado um modelo inflacion´ario do tipo lei de potˆencia, cujo campo gerador da expans˜ao acelerada ´e um campo escalar n˜ao canˆonico do tipo t´aquion. Primeiramente desenvolveremos as equa¸c˜oes de campo para as perturba¸c˜oes primordiais sem considera¸c˜oes quˆanticas, isto ´e, num contexto cl´assico. Uma vez que as solu¸c˜oes dos campos de perturba¸c˜ao cl´assicos s˜ao obtidas, passaremos ao tratamento quˆantico, a partir do qual se determinar´a as condi¸c˜oes iniciais para os campos tal que as flutua¸c˜oes m´ınimas de densidade de energia estejam de acordo com as flutua¸c˜oes do v´acuo. Tendo garantido as condi¸c˜oes iniciais corretas, calcula- remos o espectro do potencial gravitacional de perturba¸c˜ao a fim de verificarmos a viabilidade do modelo inflacion´ario considerado.

(14)

Cap´ıtulo 2

Relatividade Geral

Em 1915, Albert Einstein publicou sua Teoria da Relatividade Geral [38], a qual estendeu a Relatividade Restrita para uma teoria que incorpora campos gravitacionais. Desta feita, surgiu uma nova teoria da gravita¸c˜ao, que interpretou o campo gravitacional como uma manifesta¸c˜ao da curvatura do espa¸co-tempo devido

`

a presen¸ca de mat´eria-energia.

O fundamento da Relatividade Geral est´a noprinc´ıpio da equivalˆencia, o qual se refere `a equivalˆencia entre um campo gravitacional e um referencial n˜ao inercial. As consequˆencias de tal fundamento s˜ao desdobradas matematicamente atrav´es do princ´ıpio da covariˆancia geral: a equa¸c˜ao que descreve uma lei f´ısica deve ter a mesma forma em todos os referenciais – inerciais e n˜ao inerciais – ou, formalmente falando, deve ser escrita em forma covariante [39].

2.1 Princ´ıpio da equivalˆ encia

E fato que os campos gravitacionais tˆ´ em a propriedade de que todos os corpos se movem da mesma forma na presen¸ca destes (se as condi¸c˜oes iniciais forem as mesmas), independente da massa ou da carga. Como exemplo, todos os corpos sujeitos ao campo gravitacional da Terra sofrem a mesma acelera¸c˜ao, inde- pendente de suas massas.

(15)

Gra¸cas a essa propriedade dos campos gravitacionais, podemos fazer uma analogia entre o movimento de corpos num campo gravitacional e o movimento de corpos num referencial n˜ao inercial. A prop´osito, sabemos que o movimento li- vre dos corpos num referencial inercial se processa retil´ınea e uniformemente por todo o tempo. Ent˜ao, se observamos o movimento livre desses corpos a partir de um referencial n˜ao inercial, certamente os veremos moverem-se todos da mesma forma. Se observamos um corpo movendo-se livremente a partir de um referen- cial com acelera¸c˜ao constante, o veremos se mover com uma acelera¸c˜ao igual em m´odulo e em sentido oposto ao do pr´oprio referencial. Isso simula, por exemplo, o campo gravitacional da Terra sobre pequenas regi˜oes (o mesmo pode ser considerado constante em pequenas regi˜oes). Disso, conclu´ımos que as propriedades dos movi- mentos dos corpos num referencial n˜ao inercial s˜ao idˆenticas `as dos movimentos dos corpos num campo gravitacional, e podemos dizer que um referencial n˜ao inercial ´e equivalente a um certo campo gravitacional. Esse ´e o princ´ıpio da equivalˆencia.

Por outro lado, em cada ponto do espa¸co sujeito a um campo gravi- tacional, podemos definir um referencial localmente inercial. Isso ´e poss´ıvel porque os corpos se movem da mesma forma num campo gravitacional. Essa propriedade nos permite estabelecer um referencial que se move solidariamente aos corpos em queda livre nesse campo, isto ´e, um referencial que est´a em queda livre no campo gravitacional da mesma maneira que os corpos, a partir do qual n˜ao podemos per- ceber qualquer acelera¸c˜ao. Assim, nesse referencial localmente inercial, as leis da F´ısica devem ser as mesmas que aquelas num referencial em ausˆencia de campo gravitacional.

A partir do que foi exposto acima, escrevemos o princ´ıpio da co- variˆancia geral: uma equa¸c˜ao ´e v´alida num dado campo gravitacional se for v´alida tamb´em na ausˆencia deste. Em outras palavras, uma equa¸c˜ao ´e v´alida num campo gravitacional se estiver de acordo com a Relatividade Restrita e preservar sua forma sob transforma¸c˜ao geral de coordenadas.

(16)

2.2 Dinˆ amica da part´ıcula em Relatividade Geral

Consideremos uma part´ıcula em queda livre num campo gravita- cional, vista a partir de um sistema de coordenadas ξα solid´ario `a mesma. Esse sistema ´e localmente inercial, do qual n˜ao se observa qualquer acelera¸c˜ao da part´ıcula [39]. Portanto, conforme o princ´ıpio da equivalˆencia, as leis da Relatividade Restrita s˜ao v´alidas nesse sistema. Ent˜ao, a equa¸c˜ao de movimento que descreve a dinˆamica da part´ıcula ser´a

d2ξα

2 = 0, (2.1)

onde 2 =ds2/c2 ´e o tempo pr´oprio medido no referencial localmente inercial.

Tomemos agora um sistema coordenado xµ em repouso num campo gravitacional. Utilizando a regra da cadeia, podemos determinar a dinˆamica da part´ıcula vista a partir do referencial xµ

d

(∂ξα

∂xµ

∂xµ

∂τ )

= 0, (2.2)

que ap´os o desenvolvimento da derivada temporal, toma a forma d2xµ

2

∂ξα

∂xµ + 2ξα

∂xµ∂xν dxµ

dxν

= 0. (2.3)

Agora, multiplicando essa equa¸c˜ao por ∂xλ/∂ξα, obtemos d2xλ

2 + Γλµνdxµ

dxν

= 0, (2.4)

onde Γλµν ´e chamado de conex˜ao afim e definido como Γλµν = 2ξα

∂xµ∂xν

∂xλ

∂ξα. (2.5)

Uma vez que as derivadas de primeira ordem comutam, da equa¸c˜ao (2.5), segue que a conex˜ao afim ´e sim´etrica com rela¸c˜ao aos ´ındices inferiores

Γλµν = Γλνµ. (2.6)

Num referencial localmente inercial, valem as leis da Relatividade Restrita e n˜ao podemos perceber um campo gravitacional a partir deste. Mas, quando pas- samos para um referencial em repouso no campo gravitacional, percebemos que a

(17)

equa¸c˜ao de movimento (2.4) escrita a partir deste apresenta um termo adicional (

Γλµνdxµdxν )

, quando comparada `a equa¸c˜ao de movimento (2.1) escrita a partir do sistema localmente inercial. Isso justamente indica a presen¸ca de um campo gravita- cional, e ao mesmo tempo nos diz que o espa¸co-tempo ´e curvo. Portanto, podemos descrever um campo gravitacional a partir da curvatura do espa¸co-tempo, ou fa- lando de outra forma, atrav´es da geometria do espa¸co-tempo.

Num espa¸co-tempo curvo gen´erico, o elemento de linha tem a forma

ds2 =gµνdxµdxν, (2.7)

onde gµν ´e o tensor m´etrico – o qual ´e sim´etrico (gµν = gνµ) –, cujas componentes definem a geometria do espa¸co-tempo e, consequentemente, a dinˆamica num campo gravitacional.

O comprimento da curva descrita por uma part´ıcula em movimento entre os pontos gen´ericosa eb, parametrizada porτ (xµ=xµ(τ)), ´e ent˜ao dado por

s=

b a

( gµν

dxµ

dxν

)12

dτ. (2.8)

Agora, variando (2.8) com rela¸c˜ao a gµν e extremizando δ

b a

(

gµνdxµ

dxν

)12

= 0, (2.9)

obtemos a equa¸c˜ao (2.4) na forma d2xλ

2 +1 2gκλ

(∂gνκ

∂xµ + ∂gµκ

∂xν −∂gµν

∂xκ )dxµ

dxν

= 0, (2.10)

com

Γλµν = 1 2gκλ

(∂gνκ

∂xµ + ∂gµκ

∂xν ∂gµν

∂xκ )

, (2.11)

que expressa a conex˜ao afim em termos do tensor m´etrico, que nessa forma ´e cha- mada de conex˜ao de Levi-Civita ou s´ımbolos de Christoffel.

Sabemos que mat´eria-energia gera um campo gravitacional. Por outro lado, a partir do princ´ıpio da equivalˆencia, vimos que a dinˆamica de uma part´ıcula num campo gravitacional pode ser determinada pela geometria do espa¸co- tempo, que ´e curvada quando na presen¸ca de fontes de campo gravitacional. Da´ı,

(18)

conclu´ımos que a presen¸ca de mat´eria-energia causa uma curvatura no espa¸co-tempo, a qual ´e sentida pela part´ıcula como um campo de gravita¸c˜ao.

2.3 Tensor de curvatura

Em qualquer ponto do espa¸co-tempo, o tensor m´etrico ´e uma ma- triz sim´etrica de n´umeros reais. De acordo com a ´algebra das matrizes, existe uma transforma¸c˜ao que diagonaliza tal matriz, com todas as componentes da diagonal assumindo valores +1 ou –1. Mas, em geral, n˜ao ´e poss´ıvel encontrar um sistema de coordenadas no qual o tensor m´etrico reduz-se `a forma diagonal, com as compo- nentes tomando os valores +1 ou –1 em todo o espa¸co. A importˆancia de saber se existe tal sistema de coordenadas reside no fato de que se a m´etrica pode ser escrita nessa forma, significa que o espa¸co em quest˜ao ´e plano (ou n˜ao curvo) – nesse caso a m´etrica ´e dita plana.

A quest˜ao ´e: de que maneira podemos garantir que existe um sis- tema de coordenadas no qual a matriz do tensor m´etrico assume tal forma em todo o espa¸co? Ou, equivalentemente: de que maneira podemos garantir que a m´etrica ´e plana? A resposta a essa pergunta est´a no seguinte teorema

A nulidade do tensor de curvatura ´e condi¸c˜ao necess´aria e sufici- ente para uma m´etrica ser plana.

O tensor de curvatura ´e definido por Rλµνκ = ∂Γλµν

∂xκ −∂Γλµκ

∂xν + ΓλσκΓσµν ΓλσνΓσµκ. (2.12)

Essa necessidade prov´em do fato de que se existe um sistema coor- denado no qual o tensor m´etrico apresenta as propriedades descritas anteriormente (correspondendo a um espa¸co plano), o mesmo ser´a obrigatoriamente constante em todo o espa¸co e, ent˜ao, suas derivadas ser˜ao nulas, o que tamb´em leva os Γλµν e as

(19)

suas derivadas a se anularem (ver equa¸c˜ao (2.11)). Disso, segue que o tensor de curvatura ser´a nulo. Dessa forma, a defini¸c˜ao do tensor de curvatura ´e uma leg´ıtima defini¸c˜ao de medida da curvatura do espa¸co.

A seguir est˜ao listadas as propriedades fundamentais do tensor de curvatura







































i) Antissimetria com rela¸c˜ao `a troca de ´ındices do primeiro par de ´ındices:

Rλµνκ =−Rµλνκ;

ii) Antissimetria com rela¸c˜ao `a troca de ´ındices do segundo par de ´ındices:

Rλµνκ =−Rλµκν;

iii) Simetria com rela¸c˜ao `a troca do primeiro par de ´ındices com o segundo:

Rλµνκ =Rνκλµ.

Pela contra¸c˜ao do tensor de curvatura com o tensor m´etrico, defi- nimos um outro importante tensor, o tensor de Ricci

Rµκ =gλνRλµνκ =Rλµλκ. (2.13) Por sua vez, contraindo o tensor de Ricci com o tensor m´etrico, defi- nimos o escalar de curvatura (ou escalar de Ricci)

R =gµκRµκ. (2.14)

E importante notar aqui que´ R/2 ´e igual a conhecida curvatura de Gauss para uma superf´ıcie – o inverso do produto dos raios de curvatura principais.

Agora, a partir do tensor de Ricci e do escalar de curvatura, podemos construir um novo tensor sim´etrico

Rµν 1

2gµνR, (2.15)

(20)

chamado tensor de Einstein.

O tensor de Einstein satisfaz as chamadas identidades contra´ıdas de Bianchi

µ

(

Rµν 1 2gµνR

)

= 0, (2.16)

que, como veremos, desempenham um papel importante em Relatividade Geral, pois est˜ao associadas a uma lei de conserva¸c˜ao.

2.4 Tensor energia-momento

O tensor energia-momento, denotado por Tµν, representa o fluxo do quadrimomento pµ atrav´es da hipersuperf´ıcie que encerra as fontes do campo. O tensor energia-momento ´e um tensor sim´etrico,Tµν =Tνµ, cujas componentes levam consigo um significado f´ısico, a saber,











































































i)T00 – Componente temporal:

Densidade de energia;

ii)Ti0 =T0i – Componentes espa¸co-temporais:

Densidade da i-´esima componente de momento;

iii) Tii – Componentes espaciais (´ındices de mesmo valor):

Fluxo da i-´esima componente de momento atrav´es da superf´ıcie cuja dire¸c˜ao normal est´a na dire¸c˜ao i (press˜ao);

iv) Tij (i̸=j) – Componentes espaciais (´ındices de valores diferentes):

Fluxo da i-´esima componente de momento atrav´es da superf´ıcie cuja dire¸c˜ao normal est´a na dire¸c˜ao k.

(21)

A lei de conserva¸c˜ao do tensor energia-momento ´e satisfeita com a condi¸c˜ao de nulidade da derivada covariante de Tµν

νTµν = 0, (2.17)

onde a quantidade conservada concerne a todas as fontes do campo gravitacional considerado.

Um exemplo de tensor energia-momento muito importante ´e o de um fluido perfeito, com densidade de energia ρ, press˜ao pe quadrivelocidade Uµ= dxµ/dτ

Tµν = (

ρ+ p c2

)

UµUν −pgµν. (2.18)

2.5 Equa¸ oes de Einstein da gravita¸ ao

Na se¸c˜ao 2.2, vimos que um campo gravitacional pode ser inter- pretado como a curvatura do espa¸co-tempo devido `a presen¸ca de mat´eria-energia.

O problema fundamental ´e encontrar uma equa¸c˜ao que relaciona a geometria do espa¸co-tempo com a distribui¸c˜ao de mat´eria-energia.

Utilizaremos o princ´ıpio da m´ınima a¸c˜ao [40, 41] para encontrar esta rela¸c˜ao. Iniciamos de uma a¸c˜ao total ST, que ´e a soma da a¸c˜ao do campo gravita- cional SG com a a¸c˜ao do campo de mat´eria Sm

ST =SG+Sm = c3 16πG

R√

−gd4x+1 c

Lm

√−gd4x, (2.19)

onde Lm representa a densidade de lagrangiana da mat´eria e g ´e o determinante da matriz que representa o tensor m´etrico gµν. A forma √−gd4x ´e a generaliza¸c˜ao do volume diferencial num espa¸co plano para um hipervolume diferencial num espa¸co curvo.

Agora, aplicando o princ´ıpio da m´ınima a¸c˜ao a (2.28), devemos ter

δST =δSG+δSm = 0, (2.20)

onde a varia¸c˜ao ´e feita com rela¸c˜ao a gµν.

(22)

A varia¸c˜ao da a¸c˜ao do campo gravitacional com respeito a gµν nos leva a

δSG= c3 16πG

∫ (

Rµν 1 2gµνR

) δgµν

−gd4x, (2.21) pois δ√

−g = 12gµν

√−g δgµν e a integral 16πGc3 ∫ ( gµν

−g δRµν

)d4x se anula na fronteira de integra¸c˜ao.

Por sua vez, a varia¸c˜ao da a¸c˜ao do campo de mat´eria com respeito a gµν nos fornece

δSm = 1 2c

Tµνδgµν

−gd4x, (2.22)

onde Tµν ´e definido como

Tµν = 2

√−g δ√

−gLm

δgµν . (2.23)

Por fim, a varia¸c˜ao da a¸c˜ao total com rela¸c˜ao a gµν ser´a δST = c3

16πG

∫ (

Rµν 1

2gµνR+8πG c4 Tµν

) δgµν

−gd4x= 0, (2.24)

e como o termo δgµν ´e arbitr´ario, o princ´ıpio da m´ınima a¸c˜ao ´e satisfeito se Rµν 1

2gµνR =8πG

c4 Tµν. (2.25)

Estas s˜ao as equa¸c˜oes de Einstein da gravita¸c˜ao. O lado direito descreve a distribui¸c˜ao de mat´eria-energia e o lado esquerdo a resposta da geome- tria do espa¸co-tempo a essa distribui¸c˜ao. Podemos ver, tendo em vista as equa¸c˜oes (2.15) e (2.16), que o lado esquerdo das equa¸c˜oes de Einstein satisfaz as identidades contra´ıdas de Bianchi, o que implica na derivada covariante do lado direito tamb´em ser nula

µ

(

Rµν 1 2gµνR

)

=8πG

c4 µTµν = 0, (2.26)

ou seja, as fontes do campo gravitacional obedecem `as leis de conserva¸c˜ao, conforme (2.17). A princ´ıpio, isso indica uma consistˆencia de tal teoria geom´etrica da gra- vita¸c˜ao.

(23)

Um fato interessante ´e que, se adicionamos ao lado esquerdo da equa¸c˜ao (2.25) um termo linear em gµν, as identidades de Bianchi continuam sendo satisfeitas, haja vista que µgµν = 0, e as equa¸c˜oes de gravita¸c˜ao permanecem fisi- camente consistentes. Da´ı, podemos dizer que a forma mais geral das equa¸c˜oes de Einstein ´e

Rµν 1

2gµνR+ Λgµν =8πG

c4 Tµν, (2.27)

onde Λ ´e a famosa constante cosmol´ogica, introduzida inicialmente por Einstein com a finalidade de se obter solu¸c˜oes cosmol´ogicas que descrevem um Universo estacion´ario.

A a¸c˜ao cuja varia¸c˜ao com respeito a gµν reproduz, por meio do princ´ıpio da m´ınima a¸c˜ao, as equa¸c˜oes de campo (2.27) ´e a seguinte

S = c3 16πG

(R2Λ)

−gd4x+1 c

Lm

√−gd4x, (2.28)

onde a constante cosmol´ogica foi inclu´ıda arbitrariamente na parte gravitacional, figurando como parte da geometria. No pr´oximo cap´ıtulo, veremos que a constante cosmol´ogica como fonte de campo gravitacional e n˜ao como parte da geometria tem um papel muito importante para a Cosmologia.

(24)

Cap´ıtulo 3 Cosmologia

Com o advento da Relatividade Geral, pela primeira vez se teve em m˜aos uma teoria que possibilitava a descri¸c˜ao do Universo como um todo. Assim, a Cosmologia deixou de ser apenas uma especula¸c˜ao metaf´ısica para tornar-se um ramo da F´ısica. A Relatividade Geral permitia solu¸c˜oes de um Universo n˜ao est´atico e, em 1929, as observa¸c˜oes astronˆomicas de Edwin Hubble [42] mostraram que o Uni- verso estava em expans˜ao.

As observa¸c˜oes astronˆomicas permitiram estabelecer fundamentos v´alidos para todo o Universo, de onde nasceu um importante pilar para o desen- volvimento da Cosmologia, o chamado princ´ıpio cosmol´ogico, que estabelece ser o Universo homogˆeneo e isotr´opico em larga escala. Dessa forma, pˆode-se construir modelos te´oricos gerais que descrevem a evolu¸c˜ao do cosmos como um todo. Na d´ecada de 40, Gamow, Alpher e Herman [43] previram a existˆencia de uma radia¸c˜ao que permeava todo o Universo – hoje chamada de radia¸c˜ao c´osmica de fundo –, oriunda da ´epoca em que a radia¸c˜ao se desacoplou da mat´eria. Essa previs˜ao foi confirmada na d´ecada de 60 [44], consolidando a Cosmologia como Ciˆencia.

(25)

3.1 Observa¸ oes astronˆ omicas e fundamentos da Cosmologia

A mais importante observa¸c˜ao astronˆomica para a Cosmologia foi a que levou Hubble a concluir que o Universo est´a em expans˜ao. Em 1929, a partir das suas observa¸c˜oes de gal´axias long´ınquas, Hubble determinou que todos os objetos distantes est˜ao se afastando de n´os, e quanto mais distantes est˜ao, mais velozmente se afastam [42, 45]. A velocidade de recess˜ao desses objetos ´e proporcional `as suas distˆancias a n´os, sendo expressa pela lei de Hubble

v=H0r, (3.1)

onde H0 ´e aconstante de Hubble avaliada hoje, tendo como o melhor valor observa- cional 72±8 km s1 Mpc1[46].

Podemos, para simplificar nossa descri¸c˜ao, definir um sistema coor- denado que acompanha a expans˜ao, isto ´e, fixo na gal´axia da qual se observa a expans˜ao cosmol´ogica (ver Figura 3.1). Tal sistema ´e chamado desistema com´ovel, a partir do qual medimos a distˆancia dos objetos a n´os com o tempo por

r=a(t)x, (3.2)

onde r representa a distˆancia real, x a distˆancia com´ovel (que tem valor constante no tempo) e a(t) o fator de escala, que reescala a distˆancia entre os objetos com o tempo, descrevendo a expans˜ao do espa¸co.

Da equa¸c˜ao (3.2), podemos expressar a constante de Hubble (defi- nida por (3.1)) em termos do fator de escala

H= a˙

a, (3.3)

onde o ponto denota derivada com rela¸c˜ao ao tempo. Nessa express˜ao, a ”constante”

de Hubble ´e generalizada para qualquer tempo, uma vez que esta n˜ao ter´a sempre o mesmo valor H0 em virtude de que, em geral, a quantidade ˙a/a n˜ao apresenta um valor constante. Por esse mesmo motivo, daqui em diante, chamaremos H de

(26)

Figura 3.1: Distˆancia r entre dois objetos distantes num Universo em expans˜ao medida a partir de um referencial fixo num dos objetos.

parˆametro de Hubble, o que ´e mais adequado.

As velocidades de afastamento dos objetos distantes s˜ao medidas pelo redshift z (desvio para o vermelho) do espectro luminoso emitido pelos objetos. A partir do efeito Doppler para ondas luminosas, escrevemos

z = λobs−λem λem v

c, (3.4)

onde λem ´e o comprimento de onda da luz emitida pelo objeto e λobs ´e o compri- mento de onda da luz proveniente do objeto que observamos. Aqui, o efeito Doppler observado n˜ao ´e resultante de algum afastamento de origem cinem´atica, mas uma consequˆencia da expans˜ao do espa¸co. Ent˜ao, quando uma onda eletromagn´etica se propaga num espa¸co em expans˜ao, o seu comprimento de onda sofrer´a um estica- mento, o qual ser´a proporcional ao valor do fator de escala. Da´ı, podemos determinar o fator de escala a partir da medida do redshift (atrav´es da equa¸c˜ao (3.4))

1

a(tem) = a(tobs)

a(tem) = λobs

λem = 1 +z = a(z) = 1

1 +z, (3.5) onde a(tobs) = 1 por conven¸c˜ao, o que ´e equivalente a reescalar as coordenadas com´oveis pelo tamanho atual do Universo.

(27)

Das defini¸c˜oes anteriores, vemos que n˜ao existe um ponto privilegi- ado de onde se fazem as observa¸c˜oes, pois as coordenadas com´oveis eliminam essa possibilidade. Aqui est´a impl´ıcito um princ´ıpio muito forte da Cosmologia, o qual foi baseado nas observa¸c˜oes. Em larga escala o Universo pode ser considerado ho- mogˆeneo e isotr´opico, o que ´e equivalente a dizer que de qualquer ponto observamos o Universo sempre com as mesmas propriedades. Esse ´e o princ´ıpio conhecido como princ´ıpio cosmol´ogico.

3.2 etrica de Friedmann-Robertson-Walker

Tendo em vista o princ´ıpio cosmol´ogico, consideremos um espa¸co tri- dimensional homogˆeneo e isotr´opico. Em tal espa¸co, o qual pode estar se expandindo ou se contraindo, a m´etrica mais geral que pode ser constru´ıda apresenta a seguinte forma em coordenadas esf´ericas

ds2 =c2dt2−a(t)2

[ dr2

1−kr2 +r2(dθ2+ sin2θdϕ2) ]

, (3.6)

que ´e conhecida comom´etrica de Friedmann-Robertson-Walker[39], ondek´e acons- tante de curvatura.

A constante de curvatura est´a associada `as trˆes geometrias que sa- tisfazem o princ´ıpio cosmol´ogico, assumindo os seguintes valores correspondentes









k= 0 geometria plana, k >0 geometria esf´erica, k <0 geometria hiperb´olica.

A m´etrica de Friedmann-Robertson-Walker est´a escrita a partir de um sistema coordenado com´ovel. Tal sistema est´a fixo nas part´ıculas (gal´axias) do fluido cosmol´ogico, desse modo, acompanhando a expans˜ao ou contra¸c˜ao cos- mol´ogica, com suas coordenadas sendo reescaladas pelo fator de escala a cada ins- tante. Assim, xi = (r, θ, ϕ) s˜ao as coordenadas espaciais medidas a partir do sistema coordenado fixo numa part´ıcula qualquer desse fluido. Mede-se o tempo cosmol´ogico

(28)

ta partir de um rel´ogio tamb´em fixo nessa part´ıcula (t denota o tempo pr´oprio desse sistema).

Lembrando que a forma mais geral de um intervalo diferencial num espa¸co-tempo curvo ´e dada por

ds2 =gµνdxµdxν, (3.7)

podemos, por compara¸c˜ao com (3.6), determinar o tensor m´etrico, que em repre- senta¸c˜ao matricial se apresenta como

gµν = (gµν)1 =



















1 0 0 0

0 −a(t)2/(1−kr2) 0 0

0 0 −a(t)2r2 0

0 0 0 −a(t)2r2sin2θ



















. (3.8)

Daqui em diante, por comodidade, faremos os ´ındices gregos assumi- rem os valores (t, r, θ, ϕ). De (3.8), vemos que somente as componentes da diagonal n˜ao s˜ao nulas, ou seja, as componentes gtt, grr, gθθ e gϕϕ na nota¸c˜ao que adotamos aqui.

3.3 Determina¸ ao do tensor de Ricci e do escalar de curvatura

Para determinar o tensor de Ricci, devemos calcular todos os ele- mentos da conex˜ao afim. Uma vez que conhecemos a forma do tensor m´etrico (equa¸c˜ao (3.8)), fazemos isso atrav´es da equa¸c˜ao

(29)

Γλµν = 1 2gκλ

(∂gµκ

∂xν +∂gνκ

∂xµ ∂gµν

∂xκ )

. (3.9)

Lembrando da propriedade Γλµν = Γλνµ, de (3.9), temos Γtrr = aa˙

c(1−kr2), Γtθθ = aar˙ 2

c , Γtϕϕ= aar˙ 2sin2θ

c , (3.10)

Γrrr = kr

1−kr2, Γrθθ =−r(1−kr2), Γrϕϕ =−r(1−kr2) sin2θ, (3.11) Γϕθϕ = cotθ, Γθϕϕ =sinθcosθ, Γθ = Γϕ= 1

r, (3.12)

Γrtr = Γθ = Γϕ = 1 c

˙ a

a, (3.13)

sendo os elementos restantes nulos.

Com os Γλµν em m˜aos, determinamos o tensor de curvatura a partir de sua defini¸c˜ao

Rλµνκ = ∂Γλµν

∂xκ −∂Γλµκ

∂xν + ΓλσκΓσµν ΓλσνΓσµκ, (3.14) e lembrando da defini¸c˜ao do tensor de Ricci

Rµκ =gλνRλµνκ =Rλµλκ, (3.15) podemos calcular diretamente as componentes deRµν para a m´etrica de Friedmann- Robertson-Walker, obtendo

Rtt = 3 c2

¨ a

a, (3.16)

Rrr =−a¨a+ 2 ˙a2+ 2kc2

c2(1−kr2) , (3.17)

Rθθ =(a¨a+ 2 ˙a2+ 2kc2)r2

c2 , (3.18)

Rϕϕ =(a¨a+ 2 ˙a2+ 2kc2)r2sin2θ

c2 . (3.19)

As outras componentes do tensor de Ricci s˜ao nulas em decorrˆencia da forma dia- gonal do tensor m´etrico.

Agora, a partir da defini¸c˜ao do escalar de curvatura (ou escalar de Ricci)

R =gµκRµκ, (3.20)

(30)

como j´a conhecemos as componentes do tensor de Ricci, obtemos de modo direto R = 6

c2 [

¨ a a +

(a˙ a

)2

+kc2 a2

]

, (3.21)

que ´e o escalar de curvatura para a m´etrica de Friedmann-Robertson-Walker.

3.4 Forma do tensor energia-momento

Do lado direito das equa¸c˜oes de Einstein, temos o tensor energia- momento, que ainda devemos especificar. Consideraremos as fontes de campo gravi- tacional do Universo como um fluido perfeito, ent˜ao o tensor energia-momento que o representa, como j´a vimos, tem a forma

Tµν = (

ρ+ p c2

)

UµUν −pgµν. (3.22)

Como adotamos um sistema com´ovel para escrever a m´etrica, tal sistema move-se conjuntamente ao fluido, e a quadrivelocidade desse fluido ser´a Uµ= (c,0,0,0). Ent˜ao, da equa¸c˜ao (3.22), determinamos

Tµν =



















ρc2 0 0 0

0 p a(t)2/(1−kr2) 0 0

0 0 p a(t)2r2 0

0 0 0 p a(t)2r2sin2θ



















, (3.23)

e temos o tensor energia-momento de um fluido perfeito escrito para a m´etrica de Friedmann-Robertson-Walker.

(31)

3.5 Equa¸ oes do Modelo Padr˜ ao da Cosmologia

Nesta se¸c˜ao, determinaremos as equa¸c˜oes que descrevem a dinˆamica do Universo. Para isso, tomamos as equa¸c˜oes de Einstein na forma mais geral (2.27), nas quais aplicamos as componentes do tensor de Ricci (3.16), (3.17), (3.18) e (3.19), do tensor m´etrico (3.8) e do tensor energia-momento (3.23) e o escalar de curvatura (3.21).

Considerando primeiramente as componentes temporais dos tensores Rtt 1

2gttR+ Λgtt =8πG

c4 Ttt, (3.24)

chegamos `a seguinte equa¸c˜ao diferencial (a˙

a )2

= 8πG

3 ρ−kc2

a2 +Λc2

3 , (3.25)

conhecida como equa¸c˜ao de Friedmann.

Tomando as componentes espaciais dos tensores Rii 1

2giiR+ Λgii =8πG

c4 Tii, (3.26)

qualquer uma delas nos leva `a equa¸c˜ao diferencial (aqui n˜ao h´a soma com respeito aos ´ındices repetidos ii)

a a +

(a˙ a

)2

=8πG

c2 p− kc2

a2 + Λc2, (3.27)

a qual, utilizando-se de (3.25), pode ser escrita na forma

¨ a

a =4πG 3

( ρ+3p

c2 )

+Λc2

3 , (3.28)

que ´e conhecida comoequa¸c˜ao da acelera¸c˜ao.

Para resolver essas equa¸c˜oes de campo, ainda precisamos saber como ρ epevoluem com o tempo. Se aplicarmos a condi¸c˜ao que representa a conserva¸c˜ao do tensor energia-momento (

νTµν = 0)

ao tensor (3.22), obtemos

˙ ρ+ 3

(a˙ a

) ( ρ+ p

c2 )

= 0, (3.29)

(32)

que ´e chamada de equa¸c˜ao do fluido e ´e o an´alogo da equa¸c˜ao da continuidade.

Essa equa¸c˜ao n˜ao ´e independente, pois pode ser obtida pela combina¸c˜ao da equa¸c˜ao (3.28) com a derivada temporal da equa¸c˜ao (3.25).

A fim de resolver (3.29), necessitamos conhecer as equa¸c˜oes de estado dos constituintes do Universo. Supomos que as equa¸c˜oes de estado s˜ao barotr´opicas

p=c2ωρ, (3.30)

onde ω´e uma constante, a qual especifica a natureza do constituinte. Os casos mais comuns s˜ao: ω = 1/3, que representa a radia¸c˜ao; ω = 0, que representa mat´eria dilu´ıda; e ω =1, que representa a energia de v´acuo.

Considerando-se que os constituintes do Universo s˜ao n˜ao interagen- tes, cada um deles obedece `a equa¸c˜ao (3.29) separadamente. Ent˜ao, para a mat´eria dilu´ıda (pm = 0), de (3.29), temos a solu¸c˜ao

ρm ∝a3; (3.31)

para a radia¸c˜ao, pr =c2ρr/3, obtemos

ρr ∝a4; (3.32)

e para a energia de v´acuo, pv =−c2ρv, temos

ρv = constante, (3.33)

que pode ser relacionada `a constante cosmol´ogica. Pois, pelo fato de poder escrever a equa¸c˜ao de Einstein na forma

Rµν 1

2gµνR =8πG

c4 TµνΛgµν, (3.34) temos a liberdade de interpretar a constante cosmol´ogica como fonte de campo gravitacional, escrevendo TµνΛ = 8πGc4 Λgµν, quando a equa¸c˜ao de Einstein torna-se

Rµν 1

2gµνR=8πG

c4 (Tµν+TµνΛ). (3.35)

(33)

Ao comparar TµνΛ com o tensor energia-momento de um fluido perfeito, chegamos a ρΛ =−pΛ/c2 =c2Λ/8πG = constante.

Agora que conhecemos a evolu¸c˜ao temporal de ρ, estamos aptos a determinar a =a(t). Como foi dito anteriormente, Einstein introduziu a constante cosmol´ogica para obter solu¸c˜oes de um Universo est´atico, mas como foi observado por Hubble que o Universo estava em expans˜ao, tal ideia foi abandonada, n˜ao existindo mais raz˜ao alguma para manter a constante cosmol´ogica nas equa¸c˜oes. Isso sem contar o seu significado f´ısico obscuro na ´epoca. Por esse motivo, noModelo Padr˜ao da Cosmologia faz-se Λ = 0. Assim, procuraremos solu¸c˜oes para um Universo composto somente por mat´eria e radia¸c˜ao. No in´ıcio, quandoa(t) ´e pequeno, vemos, a partir de (3.25), que o termo com a constante de curvatura ´e desprez´ıvel frente ao termo que leva a densidade de energia dos constituintes, conforme as equa¸c˜oes (3.31) e (3.32). Da´ı, a equa¸c˜ao de Friedmann toma a forma

(a˙ a

)2

= 8πG

3 ρ. (3.36)

Resolvemos facilmente essa equa¸c˜ao quando analisamos ´epocas em que a densidade de energia do campo de mat´eria domina sobre a densidade de energia do campo de radia¸c˜ao e vice-versa, ou seja, quando uma ´e desprez´ıvel frente a outra. Para a era dominada pela mat´eria, temos a solu¸c˜ao

a(t)∝t2/3, (3.37)

e para a era dominada pela radia¸c˜ao

a(t)∝t1/2. (3.38)

Quando t→0, tamb´ema 0 e, consequentemente,ρ→ ∞. Ent˜ao, temos umasingularidade inicial, esta popularmente conhecida comoBig Bang. Con- forme as solu¸c˜oes do Modelo Padr˜ao, o Universo originou-se de um ponto com den- sidade e temperatura infinitas, resfriando-se `a medida que se expandiu. Mas, por outro lado, a F´ısica que conhecemos n˜ao pode mais funcionar pr´oximo ao momento do Big Bang, uma vez que estamos entrando no dom´ınio de escalas inferiores `a escala

(34)

de Planck ( 1033cm) e efeitos quˆanticos n˜ao s˜ao mais desprez´ıveis. Tendo isso em vista, o Big Bang deve representar o limite de validade do Modelo Padr˜ao da Cosmologia.

3.6 Parˆ ametros observacionais

A densidade cr´ıtica ρc ´e definida como a densidade necess´aria para que a constante de curvatura se torne nula, k = 0, correspondendo a um Universo com geometria plana. De acordo com a equa¸c˜ao de Friedmann, temos um valor de H correspondendo a cada valor de ρc, tal que podemos escrever para a densidade cr´ıtica

ρc(t) = 3H(t)2

8πG . (3.39)

Com o valor de H estimado hoje, a densidade cr´ıtica ´e da ordem de 1026kg m3. A partir do valor da densidade cr´ıtica medido observacionalmente, inferimos se o Uni- verso ´e fechado ou aberto. Se ρ > ρc, sabemos que o Universo ´e fechado (geometria esf´erica), e se ρ < ρc, que o Universo ´e aberto (geometria hiperb´olica).

A densidade cr´ıtica ´e usada para a parametriza¸c˜ao das medidas de densidade dos constituintes do Universo. Define-se o parˆametro de densidadei por

i = ρi

ρc, (3.40)

onde i expressa a densidade correspondente a cada constituinte do Universo que est´a sendo considerado. A defini¸c˜ao do parˆametro de densidade expressa uma com- para¸c˜ao entre uma dada densidade relacionada a algum constituinte com a densidade cr´ıtica.

A partir das equa¸c˜oes (3.25) e (3.40), podemos escrever Ωtotal = 1 + k

a2H2, (3.41)

onde Ωtotal denota o parˆametro de densidade relacionado `a densidade total do Uni- verso (a soma das densidades de todos os constituintes). Constatamos da equa¸c˜ao

(35)

(3.41), que se k = 0, Ωtotal = 1, e o mesmo permanece com esse valor por todo o tempo, uma vez que k ´e constante.

Uma outra grandeza importante ´e o parˆametro de desacelera¸c˜ao, re- lacionado `a varia¸c˜ao da taxa de expans˜ao do Universo com o tempo. O parˆametro de desacelera¸c˜aoq ´e definido por

q= 1 H2

¨ a a = 1

2 +3p

. (3.42)

Dessa defini¸c˜ao, vemos que q tem um valor positivo para um Universo desacelerado e um valor negativo para um Universo acelerado. Al´em disso, o parˆametro de desa- celera¸c˜ao depende da densidadeρe da press˜aoptotais do Universo. A defini¸c˜ao deq foi feita como o negativo da acelera¸c˜ao porque o Modelo Padr˜ao prevˆe que o Universo se expande desaceleradamente (o Modelo Padr˜ao considera um Universo composto somente de mat´eria comum, a qual ´e sempre atrativa), tal que esse parˆametro sem- pre mede o valor absoluto da desacelera¸c˜ao, tornando-se mais adequado para fins pr´aticos.

Um parˆametro observacional bastante usado pela astronomia obser- vacional ´e a diferen¸ca de magnitudes µ0, que ´e definida como a diferen¸ca entre a magnitude bolom´etrica aparentem e a magnitude absolutaM de uma determinada fonte. A express˜ao para µ0 ´e dada por

µ0 =m−M = 25 + 5 log10dL, (3.43) onde dL ´e a distˆancia de luminosidade, definida por

dL=c(1 +z)

z

0

dz

H(z), (3.44)

com H(z) sendo o parˆametro de Hubble em fun¸c˜ao do redshift.

3.6.1 Distˆ ancia de luminosidade

A distˆancia de luminosidade expressa a quantidade de luz recebida de um objeto distante, o que permite determinar indiretamente a que distˆancia

Referências

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