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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO PSICOPEDAGOGIA AVM FACULDADE INTEGRADA

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AVM FACULDADE INTEGRADA

INCLUSÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO AMBIENTE ESCOLAR

SONIA FERREIRA PEREIRA

Orientador Profª Magaly Vasques

Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “PSICOPEDAGOGIA”

AVM FACULDADE INTEGRADA

INCLUSÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO AMBIENTE ESCOLAR

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia.

Prof.ª Magaly Vasques.

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Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças para continuar e não desistir diante das dificuldades e aos meus parentes, professores e amigos que sempre me incentivaram a persistir nesta caminhada.

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DEDICATÓRIA

.... Dedico essa monografia a todos que acreditam no processo de inclusão como garantia de direitos, mas também para o fortalecimento de um mundo melhor.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO --- 08

CAPÍTULO I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA NA ESPÉCIE HUMANA ---12

1.1 – A Família e a Criança Portadora de Necessidades Especiais---14

CAPÍTULO II - DEFICIÊNCIA NO MUNDO E NO BRASIL---15

2.1 – Congresso de Medicina e a reflexão sobre o grau de Inteligência das Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais---20

2.2 – Movimento em Brasília em prol das Pessoas Deficientes--- 20

2.3 – Incentivo aos Esportes---21

2.4 – Regulamentações favorecendo a Inclusão da Pessoa Deficiente---23

CAPÍTULO III - FUNDAMENTOS DO ENSINO INCLUSIVO E A EDUCAÇÃO ESPECIAL DO BRASIL --- -28

3. 1 - Declaração de Salamanca---30

CAPÍTULO IV – A ESCOLA E O AMBIENTE INCLUSIVO---34

CONCLUSÃO---36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA --- -39

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RESUMO

Por acreditar na possibilidade do processo de inclusão, principalmente no âmbito escolar é que surgiu meu interesse pelo tema proposto. Observo a real importância do resgate e a reflexão crítica sobre a inclusão no contexto da escola e da sociedade, como uma possibilidade de integração plena.

Desse modo tratei no primeiro capítulo de um resgate histórico da deficiência na sociedade desde os tempos mais remotos, buscando refletir sobre as novas possibilidades nos dias atuais, através das lutas e desafios que eram e são impostos as pessoas com deficiência.

No segundo capítulo tratei do processo histórico da deficiência no contexto mundial e no Brasil, realizando um caminho ainda histórico, dos avanços e retrocessos na luta por igualdade de condições principalmente no contexto da inclusão educacional. Através da busca histórica é possível entender a realidade atual das pessoas portadoras de necessidades especiais, desmistificar a exclusão como algo enraizado na sociedade desde longas décadas. Rompendo assim com o conservadorismo existente em todos os meios sociais.

Já no terceiro capítulo busquei ênfase no contexto brasileiro sobre os fundamentos do ensino inclusivo e a educação especial e procurei estabelecer uma linha norteadora sobre a trajetória das pessoas com deficiência, para servir de suporte ao desenvolvimento de estudos e informações sobre o tema da inclusão no contexto escolar.

Buscando assim informação e conhecimento sobre o tema, contribuindo para a sensibilização e conscientização da sociedade brasileira sobre o processo de inclusão do ensino e aprendizagem no ambiente escolar, levantando a questão da inclusão como um processo ainda em construção que necessita de um enfrentamento por parte de toda a sociedade, não somente dos profissionais que atuam na escola.

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A presente pesquisa tem por objetivo conhecer as metodologias utilizadas nas escolas que recebem os portadores de necessidades especiais, bem como os avanços em relação ao tema proposto. Sugerimos que o assunto seja mais explorado para uma melhor qualidade no processo de inclusão no contexto da escola.

A pesquisa foi realizada através de referências bibliográficas com autores variados.

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METODOLOGIA

A Presente monografia foi realizada através de pesquisa bibliográfica, a partir de uma reflexão sobre literaturas disponíveis sobre a história dos Portadores de Necessidades Especiais e as dificuldades encontradas para a inclusão tanto no âmbito escolar, como no contexto social.

Compreendem nesta monografia análise da Deficiência, entendida como uma limitação, mas não como uma incapacidade para aprender, sendo apenas uma limitação que com boa vontade e preparo pode ser vencido no processo de inclusão, principalmente no ambiente escolar. Desde que seja oportunizado metodologias adequadas, recursos, condições estruturais da escola e educação continuada aos profissionais, com a finalidade de capacitar os profissionais envolvidos no contexto da escola.

Sendo uma pesquisa caracterizada como indireta, com delineamento bibliográfico. Gil (2002, p.59).

A pesquisa bibliográfica, como qualquer outra modalidade de pesquisa, desenvolve ao longo de uma série de etapas. Seu número, assim como seu encadeamento, depende de muitos fatores, tais como a natureza do problema, o nível de conhecimentos que o pesquisador dispõe sobre o assunto, o grau de precisão que se pretende conferir à pesquisa, etc.

Sendo assim, o autor relata que o pesquisador ao realizar uma monografia, não é meramente um consultor de livros, mas busca respostas ao problema questionado segundo o objetivo que foi proposto inicialmente.

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INTRODUÇÃO

Atualmente em meio à contradição entre os novos modelos de desenvolvimento na sociedade, ainda estamos vivenciando todas as questões relacionadas à Defesa dos Direitos Humanos principalmente das pessoas portadoras de necessidades especiais. Para que o sujeito possa ter seus direitos garantidos, é preciso lutar para a efetivação dos mesmos, fazendo uso muitas vezes dos meios legais.

As discussões sobre a inclusão perpassam por todas as camadas sociais, buscando novas formulações, novas formas de construir uma sociedade mais justa e igualitária, dando oportunidades a todos indistintamente, como preconiza a constituição brasileira. Proporcionando assim, aos portadores de necessidades especiais oportunidades iguais, a fim de garantir que todos possam ter condições de aprender de forma igual, desde que dentro dos limites de cada um, respeitando suas limitações.

No caso das pessoas portadoras de necessidades especiais, vem crescendo a cada ano o número de pessoas portador de algum tipo de necessidade, segundo a Organização Mundial de Saúde, requerendo assim, mas atenção especialmente no contexto da escola.

Esse é um problema antigo e faz se necessário que os governantes vejam com mais atenção às políticas que são implantadas aos portadores de necessidades especiais. Verificando se essas políticas tem sido articulada em prol dos portadores de deficiência, sendo formuladas dentro das condições de cada deficiência, atendendo de acordo com a necessidade de cada indivíduo.

Assim, as formas de garantir condições de acesso e propiciar um estilo de aprendizagem de acordo com as necessidades individuais, atendendo as condições especiais de cada aluno, modificando tanto as estruturas físicas como o preparo dos professores e todos os profissionais envolvidos. Mediante suporte técnico científico que possa atender de forma plena os postadores de necessidades especiais e assim esteja incluso integralmente no ambiente escolar, participando do processo ensino aprendizagem em igualdade de condições.

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Em meio a toda essa complexidade, observamos o despreparo dos profissionais envolvidos, bem como políticas públicas ineficazes e temos como consequência dessas políticas, os alunos com necessidades especiais, colocados em salas de aula apenas para manter a aparência de inclusão, mas não é o que acontece de verdade, não há adequação suficiente para o recebimento desse aluno de forma plena, a fim de que seja incluso integralmente.

É possível verificar também, despreparo técnico dos docentes e a falta de estrutura física que atenda cada aluno portador alguma necessidade de forma individualizada. Pois não há como colocar alunos com necessidades especiais diferentes num mesmo ambiente, como exemplo não se pode colocar um portador de deficiência visual e com deficiência mental na mesma sala e muitas vezes sob a orientação de um único professor que também terá que dar conta de mais uns 30 alunos. Como propor o aprendizado diante dessas divergências?

Verifica-se que no âmbito escolar, além da falta de especialização dos professores e capacitação para os outros profissionais envolvidos diretamente na escola, também a forma como a política de inclusão é imposta aos funcionários acontece de forma arbitrária. A partir do pressuposto de que não há capacitações para os envolvidos, nem a estrutura física favorece esse processo, menos ainda os métodos de ensino, além de ser humanamente impossível um único professor dentro de um mesmo espaço físico, conseguir dar conta de tantos alunos e ainda ser capaz de propor metodologias adequadas de inclusão e ainda com necessidades especiais diferentes.

Constatamos também através da pesquisa bibliográfica que no seguimento educacional, existem contradições entre os planos apresentados pelo Governo, às condições da sala de aula, da disposição dos educadores, dos dirigentes da unidade escolar e as metodologias voltadas à inclusão.

Identifica-se que se faz necessário uma articulação com todos os seguimentos sociais, alunos, famílias, comunidade, escola e todos os envolvidos, uma integração nas políticas de inclusão, configurando-se como uma ferramenta que promova igualdade para todos, com dignidade, respeito, que favoreça o Direito e não esmola e favores. Fazendo uso da promoção de um

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diálogo constante com toda a sociedade, para que se possam produzir conhecimentos de forma prática, resgatando a dignidade dos portadores de necessidades especiais e buscando meios de integrar esses alunos em igualdade de condições. Proporcionando assim, sensibilização da sociedade da comunidade escolar para as questões da inclusão, quebrando tabus e vários preconceitos. Criando suporte técnico científico e incorporação teórica e metodológica no contexto da escola.

Enfim para mostrarmos os caminhos na busca constante do Direito ao processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais é que fazemos um paralelo entre as bibliografias disponíveis para a identificação dos problemas reais enfrentados pelos profissionais envolvidos, bem como os Direitos não garantidos aos portadores de necessidades especiais e as metodologias utilizadas na escola.

É uma pesquisa bibliográfica que busca resgatar, explicitar, o processo de inclusão no âmbito escolar:

Realizando um levantamento do cenário brasileiro sobre os portadores de necessidades especiais;

Buscando um levantamento do histórico da Deficiência no Brasil;

Atuação profissional dos professores e todos os profissionais das escolas em relação ao processo de inclusão;

Os entraves no processo de inclusão no sistema de ensino brasileiro;

Construção da trajetória da construção do processo de implantação dos Direitos dos Portadores de necessidades especiais, em que situação encontra-se a inclusão no contexto escolar.

Assim, como primeiro capítulo buscamos desenvolver uma pesquisa que possa levar o leitor a refletir sobre o processo de inclusão existente na sociedade brasileira, buscando promover a sensibilização sobre a sua própria atuação nesta importante discussão. Processo este, ainda em construção e necessita da participação de todos para vencermos o entrave que nos é posto desde há muito tempo, como o preconceito e a discriminação.

Buscamos analisar o que bloqueia e não deixa avançar as políticas de inclusão e as formas de intervenções dos profissionais envolvidos,

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principalmente o profissional Psicopedagogo no meio escolar e como as políticas de inclusão acontecem na prática dentro do ambiente da escola.

Trabalhar a identidade pessoal em uma turma de inclusão para alunos portadores de necessidades especiais pode ser à primeira vista, uma tarefa árdua e entende-se que a problemática maior a ser pesquisada neste estudo, seria como contribuir para que alunos que muitas vezes se sentem “diferentes”, e que tem a auto estima fragilizada, possam ser incluídos dentro do sistema educacional sem se sentirem discriminados, por causa de suas limitações. E como os profissionais da educação podem contribuir para a melhoria da qualidade da inclusão e de que forma as políticas públicas podem ser implementadas de forma coesa no contexto escolar. E assim, o aluno que possui limitações possa ter condições que favoreçam seu aprendizado com qualidade e dignidade.

Também se procura verificar a inclusão e sua estrutura, na busca de identificar e exaltar as capacidades e possibilidades dentro da sala de aula, sem colocar as possíveis limitações em primeiro e único plano, refletindo sobre as alternativas viáveis na ampla discussão da inclusão.

Pretende-se analisar a partir de uma postura positiva de incentivo e através do desenvolvimento das habilidades dos alunos, perceber seu potencial produtivo no processo ensino aprendizagem. A partir de uma política de inclusão individualizada dentro do contexto da escola.

Partindo dos estudos oferecidos por Stainback, Susan, Brandão, Barbosa, Gimeno, torres, santomé, dos Parâmetros Curriculares Nacionais e outros, analisar-se-á criticamente o tema proposto e as possíveis sugestões para a melhoria do processo ensino e aprendizagem, inclusiva no contexto escolar.

CAPÍTULO I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA NA ESPÉCIE HUMANA

A deficiência sempre existiu na espécie humana e desde os primórdios era considerado um problema social para o grupo, pois como os homens viviam

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em grupos como nômades, de um lado para outro, e sem abrigo, vivendo em cavernas e sendo essas cavernas feitas de forma que os protegesse das intempéries. Assim, uma pessoa com limitações prejudicava o bem estar de todo o grupo, além da crença de que uma pessoa portadora de deficiência seria uma pessoa amaldiçoada, trazendo maldição para todo o grupo. Então muitos eram abandonados à própria sorte ou mortos ao nascer, segundo Silva (1986).

Com o surgimento da sociedade industrial, onde tudo é medido segundo a capacidade de produção individual, as pessoas tendem a ser niveladas segundo suas capacidades de produção dentro da cadeia de produção. E os portadores de necessidades especiais mais uma vez ficam fora do contexto da produção na sociedade atual como aquele que não é capaz de produzir.

Hoje embora as leis de proteção aos portadores de necessidades especiais, lei de inclusão, ainda estamos longe de alcançar o que seria ideal como forma de garantir os Direitos dos cidadãos portadores de limitações, principalmente no ambiente escolar onde dá início a vida social e é realizado o preparo da criança para o futuro produtivo, e ainda trabalha na formação de conceitos de toda a sociedade.

Neste contexto o ser humano com deficiência viveu e ainda vive as margens da sociedade, recebendo “esmolas e sendo tratados como coitados”, como pessoas incapazes. Pessoas que na visão dessa sociedade atual, não tem condições de produzir dentro do contexto do capitalismo.

E ainda Marta Relvas vai dizer que:

“A criança com necessidades especiais é aquela que se desvia do “normal” físico social ou mental, a ponto de precisar de cuidados especiais, seja por algum tempo ou permanentemente, podendo apresentar-se como atraso mental, lentidão na aprendizagem e altas habilidades”. (Relvas, Marta Pires, pag. 84, 2011).

Por tanto a autora define a criança com necessidades especiais, como a criança que se difere do padrão considerado “normal”, dentro dos conceitos pré- estabelecido do seja essa “normalidade”.

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E a exclusão da criança portadora de necessidades especiais perpassa por vários conceitos já estabelecidos na sociedade, do que seja considerado como padrão de normalidade e também pelo passado histórico, enraizado na sociedade. E como tudo que é histórico é difícil de quebrar, vencer de ultrapassar, bem como o preconceito existente faz-se necessário ampliação e incorporação de suporte teórico e metodologias apropriadas no contexto da escola, para que promova a formação de novos conceitos em relação ao

“diferente”.

Dentro das limitações de cada um, de cada particularidade, observa-se que todos são capazes de produzir e contribuir com seus saberes, aprender e tornar-se cidadão de direitos e ainda viver com de forma digna como cidadãos de portadores de direitos.

Assim, desde que seja dado a eles a oportunidade de desenvolver seu potencial, com igualdade de condições de aprendizagem dentro de suas limitações e mesmo aquele que não tem condições de produzir para a sociedade produtiva, seus direitos precisam ser respeitados como todo cidadão brasileiro, para que possa viver dignamente de acordo com suas singularidades.

E a criança com limitações tem além de vencer suas limitações, ainda precisa lidar com o preconceito, despreparo dos profissionais da educação e a falta de informação das pessoas em relação a inclusão. A ação profissional ainda trás em seu bojo o conservadorismo e a acomodação.

1.1 – A Família e a Criança Portadora de Necessidades Especiais

Todas as vezes que numa família nasce uma criança com alguma limitação, observamos que cada membro reage de uma forma diferente (Relvas, Marta Pires, 2011). Assim a autora vai dizer que:

...De um momento para outro, as pessoas se encontram com uma realidade que não era esperada, surgindo um grande sentimento de perda e de sonhos desfeitos. Com isso, desenvolvem-se algumas questões pertinentes, tais como:

A aceitação ou não da gestação, quando descobre problemas com a criança;

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O relacionamento do casal antes e depois da gravidez;

Nível de expectativas;

Nível de preconceitos;

• Posição do filho na prole;

• Tipo de relacionamento entre os familiares.

E assim a autora cita que cada membro da família vai reagir de uma forma diferente, tentando achar a causa da “diferença” ou o porquê da criança ter nascido com determinada limitação. E passam a viver uma angústia pelo futuro daquela criança, numa expectativa quanto ao desenvolvimento e a capacidade de aprendizado dessa criança, gerando sofrimento em todo o grupo familiar.

Portanto a autora vai dizer também que:

Podemos entender a família como um sistema aberto que se autogoverna, traçando diretrizes, regras que definem padrões e mantêm interdependência entre os membros no que diz respeito a trocas de informações. O importante de tudo é que ser

“doente” ou pessoa que apresenta problema é apenas um representante de todo o sistema. (Relvas, Marta Pires, 2011, pag. 76).

O texto em questão promove a reflexão de que as famílias é que determinam e definem os padrões entre os seus membros. E quando nessa família chega uma criança portadora de necessidades especiais, vai ser revelado todo o sistema de conceito familiar, determinando o futuro da criança que necessita de cuidados especiais.

Assim, dependendo dos conceitos previamente estabelecidos por cada família, é o que define o destino e o futuro da criança portadora de necessidades especiais, pois se a família não entender que mesmo diante das necessidades especiais de cada um, é possível propor aprendizado, a inclusão dessa criança vai estar comprometida.

CAPÍTULO II - DEFICIÊNCIA NO BRASIL

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No Brasil, os portadores de necessidades especiais que eram trazidos na época do descobrimento, embora não haja dados específicos sobre o total existente dessa população. Os mesmos eram trazidos para que aqui trabalhassem, produzissem e muitas eram “jogadas” aqui, numa terra estranha, sem nenhuma condição de um tratamento digno, por não dizer, humano. E muitos desses deficientes não eram capazes de trabalhar dentro das suas limitações, sendo discriminados e marginalizados. Suas limitações não eram avaliadas, menos ainda consideradas, então neste contexto viviam marginalizados e discriminados.

Assim tendo em vista as condições culturais dos povos colonizadores foi- se perpetuando a cultura de que “deficiente” não é capaz de produzir para o contexto de uma sociedade produtiva. Criou-se assim o conceito de que o portador de deficiência não era capaz de produzir para a sociedade capitalista, vivendo então da caridade ou da família ou dos mais próximos.

A primeira notícia que se tem no Brasil, de uma pessoa com deficiência está registrada na Obra de Antônio Francisco Lisboa em “O Aleijadinho” (1730 a 18147). Na obra do artista encontra-se registrado como o “Aleijadinho”, um homem que superava seus limites, amarrando suas ferramentas nas mãos para poder esculpir, já que suas mãos eram atrofiadas, mostrando ao mundo do que era capaz de realizar mesmo com suas limitações. Bastando mesmo que de forma rudimentar, como amarrar as ferramentas nas mãos, fazendo uso de uma adaptação, era capaz de produzir.

As limitações e incapacidades que vem acompanhando o movimento histórico no Brasil desde os séculos XVI a XIX vêm demostrando os problemas enfrentados pelos que possuíam algum tipo de deficiência, tendo em vista que até então a medicina no Brasil ainda trabalhava apenas em função da doença e da cura de ferimentos. Estando assim, os portadores de deficiência fora deste contexto.

Durante o período do Império a questão relativa à deficiência começa a causar preocupações ao Estado e a Sociedade. Surgindo assim em 1835 a primeira proposição de autoria do Deputado Cornélio Ferreira França, destinada especificamente as pessoas cegas e surdas-mudas. Denominado Instituto dos

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Meninos Cegos, criado por D. Pedro II em 17 de setembro de 1854, que mais tarde se transformou em Instituto Benjamim Constant.

Preocupado com os soldados que retornavam com alguma deficiência derivada do campo de batalha, o general Duque de Caxias leva o Governo Imperial suas preocupações, sendo assim inaugurado no dia 29 de julho de 1868, “O Asilo dos Inválidos da Pátria”, no Rio de Janeiro. Neste local eram trazidos os soldados já idosos ou os mutilados, para o abrigamento e ali também era promovida a educação aos filhos dos soldados mortos (Figueira, 2008, p.

63).

O asilo funcionou por 107 anos, sendo desativado no ano de 1976, contribuindo mesmo que não de forma plena, funcionando como caridade e não como direito.

Durante muito tempo esses locais eram considerados depósitos de indigentes, um problema que a sociedade da época queria esconder. Mas a importância desses locais era a visibilidade que eles davam para o problema social, já que ali se concentravam um grande número de portadores de necessidades especiais, que de outra forma ficava invisível para a sociedade.

Pois a partir do momento que todos os portadores de deficiências eram colocados juntos num mesmo local, o problema ganhava maiores proporções e mais visibilidade.

A representação desse problema dava a dimensão da responsabilidade do Estado com essas pessoas excluídas socialmente, deixando de ser apenas um problema da família. Causando assim, constrangimento, incômodo para a sociedade.

No ano de 1857, foi criado no Brasil por D. Pedro II, o Instituto dos Surdos - Mudo transformado posteriormente em Instituto Nacional de Educação de Surdos, conhecido por INES.

A criação desse instituto se deu devido ao fato de Ernesto Huel e seu irmão virem para o Brasil no ano de 1855 a fim de lecionar para dois alunos, surdos. Observa-se que os direitos ainda não eram garantidos de forma plena e em igualdade de condições para todos, mas criavam-se decretos com a finalidade de beneficiar alguém de relevada importância na sociedade da época.

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Durante um tempo após essas inciativas do Estado outras foram surgindo de forma fragmentada, sempre buscando o favorecimento de alguém importante da época. Identifica-se que a área da deficiência que mais teve avanço ainda foi a dos portadores de cegueira, trazendo oportunidades na área da educação, principalmente com o surgimento do IBC no início do século XX. O IBC (Instituto Benjamim Constant – criado em 1854) foi um marco importante na garantia do direito das pessoas cegas, pois proporcionou educação a esses indivíduos, garantindo assim, mesmo que apenas em parte a inclusão dos portadores de necessidades visuais condições de acesso a educação. Embora de modo segregado da educação básica, acontecendo de forma separada dos ditos

“alunos normais”.

Depois começam a surgir no Brasil outros locais de atendimentos aos portadores de outras deficiências, mais são ações pontuais ligadas a profissionais e pessoas que tinham alguém com alguma deficiência na família, a qual queria favorecer. Pelo fato de ter alguém portador de necessidades especiais e desejando sensibilizar as pessoas e o poder público para a questão da deficiência.

Durante muito tempo no Brasil o sistema que atendia as pessoas portadoras de alguma deficiência era sempre voltado à separação, isolamento, em forma de abrigo, asilo, etc. O que favorecia a segregação das pessoas com deficiência e não se trabalhava a questão da autonomia do sujeito, o “deficiente”

sempre era vistos como alguém que necessitava de cuidados, um ser incapaz de viver de forma autônoma e muito menos de contribuir com algum de tipo de conhecimento para a sociedade. Os abrigos também favorecia “camuflar” o problema diante da sociedade, já que nos abrigos os mesmos ficavam isolados, separados do convívio social.

Após as guerras, é que começou a se pensar nas condições das pessoas portadoras de necessidades especiais, pois após a guerra um grande número de soltados voltava para suas casas amputados, mutilados, tornando-se assim um indivíduo portador de algum tipo de deficiência. Foi quando Organização Mundial da Saúde resolveu estudar a questão, devido expressão social que a questão ganhava na época.

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O problema da deficiência passa a ser visto sobre outro ângulo e o Estado passa a ser cobrado por sua responsabilidade, de inclusão dessas pessoas, como portadoras de direitos. E ainda assim, vários organismos internacionais e estudos, são realizados na intenção de propor condições de acesso e participação de todos os sujeitos envolvidos tanto os que possuem limitações como os que não precisam dessas ferramentas inclusivas.

Assim, vários estudos começam a ser feitos verificando a possibilidade da participação dessas pessoas na sociedade e na produção.

Depois da década de 50 outras organizações foram criadas em apoio a pessoas portadoras de deficiência como: Manual de Estilo CORDE (1996), Conselho Brasileiro para o Bem Estar dos Cegos, no ano de 1954; Federação Nacional das APAES em 1962; Federação Nacional das Sociedades Pestalozzi em 1970; Federação Brasileira de Excepcionais em 1974 e associação Nacional de Desporto para Deficientes em 1975.

No ano de 1979, começa um movimento internacional pelos direitos das pessoas portadoras de deficiência, tendo em vista que a Organização Mundial de Saúde diagnosticar a inexistência de políticas públicas voltadas aos

“deficientes”. E como marco histórico foi criado o Ano Internacional da Pessoa Deficiente em 1981, promovendo assim, visibilidade a questão.

Esta proposição legal determinava a criação de lugares específicos tanto na capital quanto nas províncias, de uma classe para essas pessoas portadoras de necessidades especiais. Através da existência desse marco, foi trazido para o legislativo, vindo mostrar que a sociedade estava evoluindo, tendo uma maior preocupação com essa população excluída, mesmo que de forma separatista.

Mas foi somente no século XIX que começou a criação de organizações que atendesse de forma mais específica esses indivíduos. E ainda segundo o autor Silva (1986), “as pessoas deficientes eram problema das famílias”, cabendo a família o cuidado dos indivíduos deficientes.

Assim, se questionarmos a visibilidade de mais de 20 anos de muitos brasileiros vitimados por algum tipo de limitação, iremos verificar que eles agora não são mais problema das famílias e sim um problema social. E na atualidade

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essa responsabilidade perpassa pela família, Estado e toda a sociedade, sendo um problema comum a todos.

Mazzotta relata que em 1874 no estado da Bahia, havia um hospital denominado Juliano Moreira que tinha começado a atender pessoas portadoras de deficiências mentais, onde os médicos pesquisavam buscando respostas para a demência. Assim, com a reforma Benjamim Constant, de 08 de novembro de 1890, através do decreto nº 981, com a proposta de gratuidade nas escolas de ensino básico e liberdade de ensino.

Começando assim uma reforma também no ensino brasileiro, oportunizando aos portadores de deficiência visual condições de aprendizagem nas escolas de ensino regular. Mesmo que as condições ainda eram precárias e sem muitas metodologias diferenciadas segundo as particularidades dos deficientes visuais.

2.1 – Congresso de Medicina e a reflexão sobre o grau de Inteligência das Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais.

Começa-se a pensar no cenário brasileiro através dos congressos de medicina, a busca por uma reflexão sobre o grau de inteligência das pessoas portadoras de necessidades especiais. Acontecendo em 1900 o IV Congresso de Medicina e Cirurgia, quando então o médico Dr. Carlos Eiras expôs sua monografia com o título “Da Educação e tratamento Médico pedagógico dos idiotas”. O trabalho tratava das pessoas com deficiência mental e tinha como foco a educação e inclusão dos portadores de necessidades especiais no contexto escolar. Mazzotta (2005, p.30-31).

Assim no ano de 1950, Mazzotta (ibidem, p.31), descreve:

Quarenta estabelecimentos de ensino regular mantidos pelo poder público, sendo um federal e os demais estaduais, que prestavam algum tipo de atendimento escolar especial a deficientes mentais. Ainda, catorze estabelecimentos de ensino

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regular, dos quais um federal, nove estaduais e quatro particulares, atendiam também alunos com outras deficiências.

Havendo assim uma significativa melhora, segundo o autor, nos atendimentos educacionais dos portadores de deficiências. Mas ainda não era suficiente para o atendimento de tantas pessoas com deficiência, pois os atendimentos aconteciam em prédios anexos aos hospitais e eram poucos os hospitais que realizavam atendimento especializado. Pois os sistemas de ensino existentes na época, não atendiam os portadores de necessidades especiais em sua plenitude.

2.2 – Movimento em Brasília em prol das Pessoas Deficientes.

Então em 1980 inicia-se um movimento no Brasil realizado em Brasília reunindo mais de 1.000 (mil) pessoas, incluindo portadores de necessidades especiais, e outras que apoiavam a questão da inclusão, mesmo sem portar necessidades especiais, marcando assim o I Encontro Nacional de Entidades de Pessoas deficientes. Neste encontro vieram pessoas de todo o país, representando toda a sociedade, dando visibilidade aos portadores de necessidades especiais, como um problema social.

Na ocasião foi criada a Coalizão Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes; definiu-se a agenda Política a ser adotada no Ano Internacional da Pessoa com Deficiência; Aprovada a primeira pauta de lutas relativas aos portadores de necessidades especiais. Todo esse cenário contribuiu para dar visibilidade e voz aos portadores de necessidades especiais e em 1984 foram fundados várias organizações de garantia de direitos aos portadores de necessidades especiais, como: A Federação Brasileira de Entidades de Cegos – FEBEC; A Organização Nacional de Entidades de Deficientes Físicos ONEDEF;

A federação Nacional de Educação e Integração dos surdos – FENEIS; O movimento de Reintegração dos Hansenianos – MORHAN; Conselho Brasileiro de entidades de Pessoas deficientes.

Durante muitos anos esse foi um seguimento esquecido pela sociedade e pelo Estado, sendo então um ano de despertamento, de emancipação de todos

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inclusive até mesmo dos portadores de deficiência, que passaram a entender-se como portadores de direitos.

As pessoas portadoras de necessidades especiais passaram a se perceber como cidadão portador de direitos e acreditar nas suas capacidades e possibilidades de concretizar sonhos e desejos. Passaram a enxergar que também podiam ser inseridos no contexto da sociedade atual, como pessoas capazes de produzir e viver dignamente.

2.3 – Incentivo aos Esportes.

No ano de 1985 foi criada a Sociedade Brasileira dos Ostomizados – SOB e no ano de 1987 a Associação de Paralisia Cerebral do Brasil – APCB.

A partir de então começa no Brasil o incentivo aos esportes de forma adaptada para pessoas portadoras de deficiências, como foram de inclusão e socialização. Os vários seguimentos esportivos passaram a se adaptarem criando modalidades específicas para os portadores de algum tipo de limitação, como exemplos têm o basquete dos cadeirantes, lançamentos de dardo também para cadeirantes e outras variedades esportivas.

E assim, no ano de 1989 surge a Lei 7853 de 24 de outubro, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.

Lei nº 7.853 de 24 de outubro de 1989:

Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. Art. 2º. Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Parágrafo Único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgão e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos desta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: I – na área da educação: a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação

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precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação própria; b) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial em estabelecimentos públicos de ensino; c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimentos públicos de ensino; d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial em nível pré-escolar e escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a um (um) ano, educandos portadores de deficiência;

e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsa de estudo; f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem ao sistema regular de ensino.

Mediantes os elementos apresentados na lei que apresenta a ampliação e incorporação de amparo metodológicos aos portadores de necessidades especiais, como forma de garantia da efetividade dos direitos.

2.4 – Regulamentações favorecendo a Inclusão

Na década de 90 sob pressão das entidades representativas dos portadores de necessidades especiais, várias regulamentações surgem para a efetivação dos direitos dos deficientes, como:

Lei 10.048/00 - Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento prioritário.

• Decreto 3.298/99, Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, estabelece alguns princípios dos portadores de necessidades especiais, como:

Art.5o A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, em consonância com o Programa Nacional de Direitos Humanos, obedecerá aos seguintes princípios. I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto socioeconômico e cultural. II - estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e operacionais que assegurem às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciam o seu bem-estar pessoal, social e econômico. III - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem receber igualdade de oportunidades

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na sociedade por reconhecimento dos direitos que lhes são assegurados, sem privilégios ou paternalismos.

Lei 10.098/00 estabelece as normas gerais e os critérios relativos à acessibilidade das pessoas portadoras de necessidades especiais, como nos diz o Art. 1O Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.

Lei 8.112/90 dispõe sobre o Regime Jurídico dos servidores públicos civil da União, das autarquias e das fundações públicas federais, assegurando o direito em concursos públicos, como diz o § 2o As pessoas portadoras de deficiência são asseguradas o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras;

para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

• Lei 8.213/91 dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. Art. 1º A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. Lei 8.742/93 – LOA estabelece em seu Art. 1º - d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária - e) a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.

Lei 9.394 – LDB – estabelece no Art. 4º. O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

• II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

• III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.

Durante muito tempo os portadores de necessidades especiais, não puderam vislumbrar a possibilidade da concretização dos seus direitos. E mesmo já estalecida várias lei e decretos, com respeito ao deficiente, ainda assim, a efetivação dos mesmos só é efetivada quando acionada a justiça.

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Sendo sempre, um grupo “excluído” socialmente, sem direito a trabalho, educação, saúde, etc. Até mesmo o acesso a vários lugares, lhes era negado, como rampa e elevadores de acesso, considerada coisas mais simples.

Até que no início do século XXI, vários portadores de deficiência no Brasil, se uniram para se fortalecerem e para o amadurecimento de suas lutas por direitos. Mesmo os portadores de deficiência, muitas vezes não se viam como cidadão de direitos, aceitando até então de forma resignada o que lhes era oferecido.

Com o avanço das novas tecnologias, a diversidade social entra em voga e vários seguimentos sociais entram na luta pelos direitos dos portadores de necessidades especiais. E através dos fóruns internacionais as questões sociais relativas à garantia dos direitos dos portadores de necessidades especiais entram na pauta das políticas governamentais, levantando questionamentos por todo o país. Até então as políticas eram pontuais e a visibilidade não era suficiente para mudar o panorama histórico da deficiência.

Assim, alguns documentos foram produzidos, pela população principalmente dos mais envolvidos, como aqueles que tinham alguém com limitações ou mesmo alguns portadores de necessidades especiais, resultando nas primeiras Convenções Internacionais que davam explicações para a superação das questões levantadas. Além dos familiares, alguns portadores de necessidades especiais, puderam expor suas limitações e suas possibilidades no que tange a questão do processo inclusivo.

Vários assuntos foram levantados na produção dos documentos como, Direitos Humanos, Integração Social, Defesa da Criança e do Adolescente, Defesa da Mulher, Igualdade de oportunidades para as pessoas portadoras de deficiência, Defesa das Populações indígenas, Proteção ao Idoso, etc.

Assim, começa a luta dos portadores de necessidades especiais, na busca por igualdade. Surgindo vários mecanismos governamentais de inclusão dos grupos mais vulneráveis pela luta por igualdade de condições de acesso, principalmente no âmbito escolar.

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E no cenário da educação especial, houve marcos que colaboraram para a garantia dos direitos como o “Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990”. Assegura que:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral a criança e ao adolescente. Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre doze e dezoito anos de idade. Art. 53º A criança e o adolescente tem direito a educação, visando o pleno exercício da cidadania e qualificação para o trabalho assegurando-lhes: I – igualdade de condições de acesso e permanência na escola; III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.

Ainda hoje no Brasil, se discute a questão dos direitos, e a noção histórica de ampliação de cidadania sempre esteve presente na sociedade brasileira, sempre marcada por avanços e retrocessos. E como bem coloca Weffort (1981), a concepção de igualdade ainda encontra-se longe de serem alcançados na perspectiva do direito, a garantia da cidadania. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB- Lei nº 9394/1996), em seu artigo 58, capítulo V, define a Educação Especial:

“Como modalidade escolar para educandos portadores de necessidades especiais preferencialmente, na rede regular de ensino deverão assegurar, entre outras coisas, professores especializados ou devidamente capacitados para atuar com qualquer pessoa especial em sala de aula. Admite também que, nos casos em que necessidades especiais do aluno impeçam que se desenvolva satisfatoriamente nas classes existentes, este teria o direito de ser educado em classe ou serviço especializado”.

E o capítulo V fala sobre educação especial nos artigos.

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial. 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. 3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na

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faixa de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59.

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender as suas necessidades; II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder público. Parágrafo único. O poder público adotará como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.

Cabe aos governos a responsabilidade da aplicação de medidas de execução da lei, para o cumprimento da mesma.

Segundo Viana (1983), a nação se “estatiza”, já que não se organiza. E o desenvolvimento no Brasil, como garantia de direitos insere num processo de desigualdade e acumulação capitalista, sempre de forma desigual que subordina a população empobrecida aos interesses de quem detém o poder, perpetuando o processo histórico nesse país de subordinação intensificando a desigualdade e por consequência a exclusão.

E assim, na sociedade brasileira percebe-se cada vez mais a assistência privada, se fortalecendo, tendo em vista a má administração do poder público na política de assistência social e garantia de direitos, repassando a responsabilidade do Estado para setores privados, favorecendo uma assistência fragmentada, desqualificando o Estado como sendo o principal detentor das políticas de direitos.

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Assim, diante do exposto as relações sociais diante deste contexto desfavorecem os portadores de “deficiência”, ficando refém do assistencialismo e sem a garantia muitas vezes do cumprimento dos direitos, garantidos na Constituição brasileira de 1988.

A exclusão social acaba afastando ainda mais os deficientes, marginalizando-os, de sua cidadania, colocando-os a margem da sociedade, tendo em vista que para que seus direitos sejam garantidos, fazem-se necessária muitas vezes força judicial. Observando-se o quanto ainda é preciso avançar em relação aos questionamentos apresentados.

CAPÍTULO III - FUNDAMENTOS DO ENSINO INCLUSIVO E A EDUCAÇÃO ESPECIAL DO BRASIL

Segundo informações no século XVIII começou-se a pensar e pesquisar nas pessoas portadoras de necessidades especiais, pois até então toda pessoa que nascia com alguma deficiência eram excluídas socialmente e até mesmo no seio familiar era mal tratada, isolada, abandonada e muitas vezes morta pela ignorância das pessoas por acharem que se a pessoa nasceu com determinada deficiência é amaldiçoada ou prejudicial para o grupo ou o convívio familiar.

Conceitos familiar repassados há gerações.

Segundo Mazzotta (2005, p.16).

“... as noções a respeito da deficiência eram basicamente ligadas a misticismo e ocultismo, não havendo base científica para o desenvolvimento de noções realistas. O conceito de diferença individual não era compreendido ou avaliado”.

Observamos que a religião era muito influente neste período e interferia na vida das pessoas, alterando seus conceitos e valores. Tendo em vista o conceito religioso sempre em voga na vida das pessoas, pois a bíblia faz menção do ser humano como imagem e semelhança de Deus, então as pessoas imaginam Ele (Deus), como uma pessoa “normal” sem defeitos físico, forte e saudável. E de modo algum podia associar Deus com alguém que possuía limitações, possuidores de deficiências.

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Os indivíduos portadores de deficiência não eram considerados como seres humanos, ficando excluídos socialmente.

Sendo assim iniciou um movimento para despertar o mundo sobre as pessoas portadoras de necessidades especiais e a luta por mudança de conceitos de que a pessoa com deficiência nada podia contribuir para a sociedade. E a lutar por mudança de pensamento começando um movimento primeiramente na Europa, garantindo os direitos as pessoas portadoras de necessidades especiais conforme o Artigo I. Dos Direitos Humanos, assinado por representantes do mundo todo, na França em 1948.

Art. I “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.

Assim, o ensino inclusivo é um direito e faz parte dos direitos humanos e as crianças portadoras de “deficiência” deve fazer parte da escola segundo Susan Stainback e William Stainback (pag, 21).

Os autores afirmam que os portadores de necessidades especiais devem fazer parte da escola como qualquer outra criança dita “normal” e ainda declaram a mensagem transmitida pela “Conferência Mundial de 1994 da UNESCO sobre Necessidades Educacionais Especiais”.

Ainda segundo os autores Susan Stainback e William Stainback (1988):

“Os benefícios dos arranjos inclusivos são múltiplos para todos os envolvidos com as escolas, todos os alunos, professores e a sociedade em geral. A facilitação programática e sustentadora da inclusão na organização e nos processos das escolas e das salas de aula é um fator decisivo no sucesso”.

Nas palavras dos autores o processo de inclusão favorece a todos os envolvidos e nas salas de aula, acontece um enriquecimento entre os alunos, pois todos passam a ter a vivência com a diferença, e até os professores segundo os autores são influenciados pelo processo da inclusão. Tornando-se um aprendizado constante para todos os envolvidos, mas principalmente a garantia do direito.

Assim, os autores Stainback & Stainback (1998, p. 21) afirmam que quando os alunos portadores de alguma necessidade são colocados num

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mesmo ambiente da escola, ambos são favorecidos, possuem ganhos, pois favorecem a integração, socialização e a aceitação pelos ditos “normais” dos que possuem alguma deficiência. As crianças que não possuem limitações passam a formar conceitos positivos em relação aos portadores de necessidades especiais e assim nas gerações futuras haverá maior probabilidade de inclusão com eficiência.

E ainda que os professores que atuam com alunos portadores de necessidades especiais, podem com essa convivência, segundo os autores desenvolver habilidades profissionais, garantindo o acesso de toda a comunidade escolar uma tomada de consciência em relação ao processo inclusivo. Mesmo ainda a procurar por habilitações para maior qualificação profissional, afim de melhor lidar com a questão, através de metodologias apropriadas.

3.1 - Declaração de Salamanca

A Educação Inclusiva teve início nos Estados Unidos através da Lei Pública 94.142, de 1975, encontrando-se na segunda década de sua implementação. Assim através do contexto da Declaração de Salamanca diz que:

“proporcionar uma oportunidade única de” colocação da educação especial dentro da estrutura de ‘educação para todos’

firmada em 1990 [...], ela promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia de inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nessas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa

sociedade de aprendizagem (UNESCO, 1994, p.15).

As políticas de inclusão configuram-se como ferramentas que promovem a igualdade, proporcionando novas oportunidades de inclusão.

Mas as décadas de 60 e 70, a educação dos portadores de necessidades especiais fica delegada as ONGs, embora as leis regulamentando a responsabilidade do Estado na questão relacionada a educação dos Portadores de Necessidades.

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