• Nenhum resultado encontrado

Maria do Rocio Luz Santa Ritta RELATORA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Maria do Rocio Luz Santa Ritta RELATORA"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Apelação Cível n. 2013.036020-5, de Rio Negrinho Relatora: Desa. Maria do Rocio Luz Santa Ritta

INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.

CANCELAMENTO DE VOO EM FUNÇÃO DE NEVASCA.

EXTRAVIO DE BAGAGEM. AUTOR QUE PASSOU 13 DIAS

SEM SEUS PERTENCES. RELAÇÃO DE CONSUMO

EVIDENCIADA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA COMPANHIA AÉREA. DEVER DE INDENIZAR PELOS DANOS MATERIAIS E MORAIS CARACTERIZADO. RESSARCIMENTO DEVIDO. VALOR DA INDENIZAÇÃO, PELOS DANOS MATERIAIS E MORAIS, ADEQUADAMENTE FIXADO.

RECURSOS DESPROVIDOS.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n.

2013.036020-5, da comarca de Rio Negrinho (1ª Vara), em que é apte/rdoad Deutsche Lufthansa AG, e apdo/rtead Silvio Simonetti:

A Terceira Câmara de Direito Civil decidiu, por unanimidade, negar provimento aos recursos. Custas legais.

O julgamento, realizado nesta data, foi presidido pelo Exmo. Sr. Des.

Fernando Carioni, com voto, e dele participou o Exmo. Sr. Des. Marcus Tulio Sartorato.

Florianópolis, 24 de setembro de 2013.

Maria do Rocio Luz Santa Ritta RELATORA

(2)

RELATÓRIO

Trata-se de apelação cível interposta por Deutsche Lufthansa AG contra sentença do Dr. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da comarca de Rio Negrinho que, em ação de indenização por danos materiais e morais ajuizada por Silvio Simonetti, julgou parcialmente procedente o pedido inicial (art. 269, I, CPC), nos termos do seguinte dispositivo (fl. 133):

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados na inicial para CONDENAR a requerida ao pagamento, em favor do autor, de: (a) indenização por danos morais, considerados critérios de quantização como a capacidade econômica das partes, a intensidade do sofrimento psicológico e a função admonitória da verba, arbitrada no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), corrigida monetariamente (INPC) e acrescida de juros de mora (1% a.m), ambos incidentes a partir da presente data; (b) indenização por danos materiais no valor de (b.1.) R$ 303,65 (trezentos e três reais e sessenta e cinco centavos), representados pela conversão de E 136,78 (cento e trinta e seis euros e setenta e oito centavos de euro), segundo o câmbio de 2,22 (dois vírgula vinte e dois) na data de 07/12/2010, conforme documento em anexo, e (b.2) R$ 66,07 (sessenta e seis reais e sete centavos), ambos corrigidos monetariamente (INPC) desde a data dos respectivos desembolsos pelo autor e acrescidos de juros de mora (1% a.m) desde a citação.

Considerando que o autor decaiu de parte mínima do pedido, CONDENO a requerida ao pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios fixados em 15%

(quinze por cento) sobre o valor da condenação. Publicada em audiência. Presentes intimados. Registre-se. Transitada em julgado, e nada requerido, arquive-se.

Em suas razões recursais, sustenta a apelante a inexistência do dever de indenizar, uma vez que o cancelamento do voo decorreu da forte nevasca na Europa, durante o mês de dezembro de 2010, "vedando a decolagem e/ou aterrissagem de todo e qualquer voo - e não apenas aquele do apelado" (fl.145).

Alega ainda que "o apelado não sofreu imensos danos ou abalo psicológico", uma vez que "tomou todas as providências que se encontravam ao seu alcance para minimizar ou subtrair as consequências, transportando o Apelado e devolvendo sua bagagem tão logo localizada" (fl. 145). Alternativamente, requer a minoração do valor indenizatório fixado pelo magistrado a quo.

Por sua vez, o autor interpôs recurso adesivo, no qual pugna pela majoração do quantum arbitrado a título de indenização por danos morais.

Com as contrarrazões, ascenderam os autos a este Tribunal.

(3)

VOTO

Os recursos serão analisados em conjunto.

Alega a empresa ré que os transtornos suportados pelo autor foram originados, exclusivamente, pela forte nevasca ocorrida no continente europeu em novembro e dezembro do ano de 2010, e que o fato se enquadra no art. 393 do Código Civil, que prevê:

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

Por certo, não se tem como responsabilizar a empresa pelo cancelamento do voo em função da nevasca, já que não poderia prosseguir com a decolagem de aeronaves sem condições climáticas que permitissem a realização do trajeto.

Porém, in casu, está evidente o defeito ou falha da prestação de serviços da apelante, não pelo cancelamento do voo em si, mas sim pelo extravio da bagagem do autor, que ficou sem sua mala por um período de treze dias, e ainda pela falta de assistência prestada diante do cancelamento do voo, já que só foram dados € 10,00 (dez euros) ao autor (fato alegado e não impugnado pela ré), e por ter passado uma noite alojado no saguão do aeroporto, o que torna manifesta a responsabilidade objetiva da companhia aérea.

Relevante ressaltar que o autor estava em viagem, a caminho do trabalho, quando teve sua bagagem extraviada, e tal fato ocasionou diversas repercussões negativas nos treze dias em que passou sem a posse de seus pertences.

Em primeiro lugar a busca pela bagagem, e todos os procedimentos que tiveram de ser efetuados no aeroporto, após ser confirmado o extravio, quase lhe fizeram perder o navio no qual deveria embarcar. Além disso, diversos incômodos passou por ficar sem seus pertences, entre eles, o de ter que pedir a colegas de trabalho, mesmo sem ter intimidade, roupas emprestadas para trabalhar. Ademais, teve que adquirir diversos produtos de higiene pessoal e vestuário nas paradas do navio, tempo em que poderia estar descansando. Tais transtornos ultrapassam o mero incômodo e geram o dever de indenizar.

Configurado o direito à indenização, cabe verificar a extensão dos danos sofridos pelo autor.

No que diz respeito aos danos materiais, o autor alega que teve que comprar diversos itens pessoais, os quais se mostraram necessários durante os treze dias que permaneceu sem sua bagagem. Por sua vez, a recorrente aduz não haver provas dos prejuízos do autor, tendo o magistrado fixado a indenização por danos materiais "por "estimativas" e "senso comum".".

Pois bem. Ao contrário do que alega a demandada, foram colacionados aos autos documentos, às fls. 26 e 27, comprovando os gastos do autor e, em sentença, baseando-se em tais documentos, determinou o togado a quo o pagamento

(4)

de indenização apenas pelos danos materiais devidamente comprovados, estes no valor de R$ 303,65 (trezentos e três reais e sessenta e cinco centavos), representados pela conversão de € 136,78 (cento e trinta e seis euros e setenta e oito centavos de euro) e R$ 66,07 (sessenta e seis reais e sete centavos).

1

Quanto aos danos extrapatrimoniais, é sabido que para a caracterização do dano moral basta a consciência de que determinado ato atinge a moralidade de outrem, infligindo-lhe sofrimento e aflição.

2

É o caso dos autos, pois o extravio de bagagem e a noite mal dormida no saguão do aeroporto provocam dissabor e dor íntima a qualquer pessoa que se vê privada dos seus pertences e de sua intimidade. Assim, a situação é suficiente para ensejar dor moral, a qual merece compensação, conforme anotado pelo Juízo a quo.

3

Outrossim, o dano moral independe de prova específica, não necessitando o autor, dessa forma, demonstrar o sofrimento que lhe acometeu o extravio da mala. Carlos Alberto Bittar (in Reparação civil por danos morais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 129/130), a respeito, explica:

Na prática, cumpre demonstrar-se que, pelo estado da pessoa, ou por desequilíbrio e, sua situação jurídica, moral econômica, emocional ou outras, suportou ela conseqüências negativas advindas do ato lesivo. A experiência tem mostrado, na realidade fática, que certos fenômenos atingem a personalidade humana, lesando os aspectos referidos, de sorte que a questão se reduz, no fundo, a simples prova do fato lesivo. Realmente, não se cogita, em verdade, pela melhor técnica, em prova de dor, ou de aflição, ou de constrangimento, porque são fenômenos ínsitos na alma humana como reações naturais a agressões do meio social. Dispensam, pois, comprovação, bastando, no caso concreto, a demonstração do resultado lesivo e a conexão com o fato causador, para responsabilização do agente.

Por outro lado, no que diz respeito ao valor arbitrado a título de indenização pelo dano moral, tem-se que esse encontra-se adequado ao caso em questão.

É cediço que os danos morais devem ser fixados ao arbítrio do juiz, que, analisando caso a caso, estipula um valor razoável, mas não irrelevante ao causador do dano, dando azo à reincidência do ato, ou exorbitante, de modo a aumentar consideravelmente o patrimônio do lesado. Deve, pois, conforme Maria Helena Diniz, ser "proporcional ao dano causado pelo lesante, procurando cobri-lo em todos os seus aspectos, até onde suportarem as forças do patrimônio do devedor, apresentando-se para o lesado como uma compensação pelo prejuízo sofrido"

(Código Civil Anotado 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 650).

O Superior Tribunal de Justiça assentou:

DANO MORAL. REPARAÇÃO. CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DO VALOR.

CONDENAÇÃO ANTERIOR, EM QUANTIA MENOR.

Na fixação do valor da condenação por dano moral, deve o julgador atender a certos critérios, tais como nível cultural do causador do dano;

condição sócio-econômica do ofensor e do ofendido; intensidade do dolo ou grau da culpa (se for o caso) do autor da ofensa; efeitos do dano no

(5)

psiquismo do ofendido e as repercussões do fato na comunidade em que vive a vítima. RESP 355392 / RJ, rel. Min. Castro Filho, j.26.03.02)

Bem, na hipótese dos autos, atendendo aos critérios supra mencionados, a indenização no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais) se apresenta adequada para dissuadir a ré da prática de novo fato antijurídico e, por outro lado, para propiciar uma compensação ao ofendido a fim de mitigar o transtorno sofrido.

À vista do exposto, o voto é pelo desprovimento de ambos os recursos.

Referências

Documentos relacionados

delicadeza dos sentimentos, e, durante um tempo mais ou menos longo, ocuparão as camadas inferiores do mundo espiritual, tal como acontece na Terra; assim.. permanecerão

b) julgo procedente o pedido de indenização por danos materiais, para condenar a CEF a ressarcir ao autor as despesas comprovadas às fls. 50/53 dos autos, bem como os

Ante o exposto, ACOLHO PRELIMINAR DE VÍCIO "CITRA PETITA" E DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO para (i) condenar a ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor

[r]

b) Espaços de Ocupação Turística (EOT) – com base nas áreas actualmente ocupadas por empreendimentos turísticos – daí a importância da delimitação destes

Por todo o exposto, a sentença deve ser parcialmente reformada, condenando-se a ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$25.000,00 (vinte e

Ante o exposto, julgo PROCEDENTES EM PARTE os pedidos, com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, para CONDENAR o

Face ao exposto, e considerando o mais que dos autos, Julgo também procedentes em parte os pedidos formulados na ação de consignação em pagamento apresentada por USINA CAETÉ S/A