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Estresse ocupacional e sofrimento no trabalho: um estudo com caminhoneiros

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Academic year: 2018

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Revista de Psicologia

RESUMO

ESTRESSE OCUPACIONAL E SOFRIMENTO NO

TRABALHO: UM ESTUDO COM CAMINHONEIROS

OCCUPATIONAL STRESS ANO SUFFERING IN niE WORKPLACE: A SlUDY WITH TRUCK DRIVERS

Magali Costa Guimarães1, Lucimara de Souza Landim e Hélia Rosa da Silva Aparecida2

A melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores e a diminuição do estresse no ambiente de trabalho têm sido ternas de inúmeras pesquisas no âmbito acadêmico e vêm tornando-se foco de atenção por parte de algumas empresas. Visando contribuir para a compreensão do estresse,

o presente trabalho tem corno objetivo conhecer e analisar o estresse ocupacional vivenciado por motoristas de caminhão. Busca-se compreender corno é organizado o trabalho dos motoristas

e corno esta organização afeta o bem-estar dos mesmos. Objetiva-se tanto a compreensão dos aspectos relacionados com as condições de trabalho causadores de estresse, bem corno, aqueles relacionados à organização do trabalho causadores de sofrimento psíquico. Trata-se de um estudo de caso realizado em urna empresa de transportes de grãos localizada no Noroeste de Minas Gerais. O estudo revela urna categoria profissional exposta a inúmeros e diversos fatores potenciais de estresse e sofrimento. Palavras-Chave: estresse; sofrimento no trabalho; caminhoneiro.

ABSTRACT

lrnprovernent in the quality of life of workers and the reduction of stress in the workplace have been the object of countless acadernic research papers, becorning the focus of attention on the part of some cornpanies. Seeking to contribute towards the understanding of stress, the objective of this

study isto understand and analyze occupational stress faced by truck drivers. We seek to understand how drivers' work is organized and how this organization affects their well-being. Research

focuses on understanding the aspects related to those working conditions that induce stress, as well as those related to the organization of work that induce psychic suffering. This is a case study conducted in a grain transportation cornpany located in the Northwest of Minas Gerais. The study reveals several potential stress and suffering factors faced by this professional category.

Key-Words: stress; suffering in the workplace; truck drivers.

1 Doutoranda em Psicologia (UnB), Mestre em Administração e Psicóloga. E-mail: magali-guimaraes@uol.com.br

2 Acadêmicas do último período do Curso de Administração de Empresas do Instituto de Ensino Superior Cenecista (IN ESC).

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Revista de Psicologia Magali Costa, Lucimara de Souza e Hélia Rosa

1 - INTRODUÇÃO

A melhoria na qualidade de vida dos traba-lhadores e a diminuição do estresse no ambiente de trabalho têm sido temas de inúmeras pesquisas no âmbito acadêmico e vêm tornando-se foco de aten-ção por parte de diversas organizações. Tais pesqui-sas apontam para a necessidade de humanização do trabalho e buscam revelar faces sutis do trabalho que geram sofrimento no trabalhador em todos os níveis da organização.

Estudiosos enfatizam a importância de se am-pliar o estudo do estresse para as diversas categori-as profissionais e não centralizar somente em funções executivas. Reforçam a idéia de que o estresse en-contra-se presente em quase todos os contextos de trabalho e nos diversos níveis hierárquicos dentro de uma organização (SANT' ANNA; COSTA; MOKAES, 2000) .

O caminhoneiro, categoria objeto de estudo desta pesquisa, encontra-se exposto a diferentes situ-ações que podem gerar estresse. Enfrentando proble-mas e estando exposto às mais diversas dificuldades -estradas em má conservação, perigo de vida em aci-dentes e assaltos, problemas de saúde e perda do status profissional (OLIVEIRA, 2002) - o caminhoneiro re-presenta uma categoria profissional ímpar e ainda pouco estudada. Entretanto, os problemas e dificul-dades enfrentados por eles prejudicam, não somente sua saúde física e mental, mas também os ganhos das empresas.

Portanto, este estudo justifica-se, principalmen-te, por ser o caminhoneiro uma importante categoria profissional, na medida em que, grande parte dos pro-dutos brasileiros é transportada por estes, através do transporte rodoviário.

Um outro aspecto importante que motivou esta pesquisa se refere à concentração desta categoria pro-fissional na região estudada (Unaí/Noroeste de Mi-nas Gerais), sendo a cidade uma importante produtora e escoadora de grãos (soja, feijão, milho) do País.

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 -A Importância do Transporte Rodoviário e do Profissional "Caminhoneiro" Segundo Fleury (2000) o transporte se constitui em uma das três mais importantes funções logísticas. Para ele a logística é ao mesmo tempo uma das ativi-dades econômicas mais antigas e um dos conceitos ad-ministrativos mais modernos, sendo vista como uma

importante atividade estratégica. Figueiredo et al. (2000), concordando com o autor acima, afirma que a logística hoje é considerada como uma das principais armas competitivas das empresas.

Para Nazário (2000, p. 126), além de ser uma das principais funções logísticas, o transporte repre-senta a maior parcela dos custos logísticos, tendo tam-bém papel fundamental no desempenho de diversas dimensões do serviço ao cliente. Para ele, "mesmo com o avanço de tecnologias que permitam a troca de in-formações em tempo real, o transporte continua sen-do fundamental para que seja atingisen-do o objetivo logístico, que é o produto certo, na quantidade certa, na hora certa, no lugar certo ao menor custo ".

Dentre os modais de transporte básicos, o mais utilizado no Brasil é o rodoviário, conforme demons-trado no QUADRO 1 (em anexo).

Nazário (2000) diz que o modal rodoviário pre-domina na matriz de transportes de cargas do Brasil, mesmo para produtos/trechos onde é menos compe-titivo. Ele prejudica a competitividade em termos de custos de diversos produtos, como das commoditties para exportação.

Assim, apesar de revelar-se dispendioso de-vido também as distâncias continentais existentes no Brasil, o transporte rodoviário é predominante no es-coamento da soja e de outros tipos de grãos em di-versas regiões produtoras como, no Centro-oeste, no Norte, no Nordeste e em Minas Gerais. (GONÇAL-VES, 2001).

Pode-se perceber a partir do exposto, a impor-tância do transporte rodoviário no Brasil e, conseqüen-temente, daqueles que trabalham conduzindo caminhões e cargas pelo país afora. Os "caminhonei-ros" e "carretei"caminhonei-ros" , como são chamados os motoris-tas de caminhões e de carremotoris-tas, constituem-se, portanto, em uma categoria profissional importante e representativa. A frota de caminhões é estimada em 1,6 milhões em todo o Brasil (GERALDO; SIQUEIRA, 2001) e, conforme ressalta a União Brasil Caminho-neiro (2002), "o país é dependente do transporte ro-doviário de carga".

Apesar de sua importância, estes profissio-nais enfrentam normalmente uma carga de traba-lho excessiva e sofrem com as péssimas condições das estradas (GUIMARÃES, 2001). Outro problema grave enfrentado pelos motoristas é o roubo de car-gas. O medo de ser assaltado tem assombrado uma boa parte destes profissionais (SUBC, 2002). Tais di-ficuldades reforçam a importância e a necessidade do estudo do estresse e do sofrimento vivenciados pelos motoristas.

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2.2 - O Conceito de Estresse

Segundo Selye (1974) estresse é uma resposta não-específica do organismo a uma demanda feita a ele. É uma resposta natural do organismo e essencial para sua sobrevivência. Ausência total de estresse se-ria a morte, pois todo organismo passa a todo mo-mento por mudanças que exigem constantes adaptações e reajustamentos.

Para Selye (1974) o estresse pode ser causado por diferentes fatores como a perda de um ente queri-do e as diferentes exigências no trabalho. Ele ressalta que os fatores produtores de estresse, tecnicamente chamados de estressares, são diferentes, contudo, to-dos eles extraem essencialmente a mesma resposta de tensão biológica do organismo que busca adaptar-se a esta situação (retornando ao seu estado de equilí-brio anterior).

Selye (1974) ressalta que, do ponto de vista da produção do estresse ou da atividade estressara, não importa se o agente ou situação que o sujeito enfrenta é agradável ou desagradável, pois o que conta é a in-tensidade da demanda para reajustamento ou adap-tação do mesmo à situação. Tanto uma situação de alegria extrema quanto de tristeza pode ser geradora de estresse. Segundo ele os resultados específicos dos dois eventos, tristeza e alegria, são completamente diferentes e mesmo opostos um ao outro, entretanto, o seu efeito estressar pode ser o mesmo.

Contudo, Selye (1974) ressalta que quando um estímulo estressar é respondido de forma negativa, ou seja, com uma resposta adaptativa inadequada po-dendo inclusive originar doenças, o sujeito estaria pas-sando por um estresse excessivo ou distress.

Ao conjunto de modificações não-específicas que ocorrem no organismo, diante de uma situação de estresse, Selye (1974) deu o nome de Síndrome Geral de Adaptação, que consiste em três fases: re-ação de alarme, fase de resistência e fase de exaustão. Em cada uma destas fases o organismo passa por alterações psicofisiológicas que atingem todo o corpo produzindo taquicardia, sudorese, ten-são muscular, boca seca, entre outros sintomas. Se a reação ao agente estressar for muito intensa ou se o agente causador do estresse for muito potente e/ ou prolongado, pode haver, como conseqüência, o surgimento de doenças.

Vários estudos têm demonstrado a influên-cia de estressares no desenvolvimento de doenças. Córdova (1988) aponta em seus estudos que as im-posições do mundo atual, as mudanças e progres-sos tecnológicos exigindo constante adaptação e tomada de decisões importantes em tempo cada vez

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mais curto são poderosos estressares. Seus estudos confirmam uma relação positiva entre as emoções patológicas e estressantes com as doenças coronarianas.

Outros estudos como o de Malagris (1992) con-firmam a relação entre úlceras gastroduodenais e estresse. House apud Pinheiro (1993) encontrou rela-ções positivas entre estressares ocupacionais e pro-blemas de angina, úlcera péptica, sintomas neuróticos, alergia e hipertensão arterial.

Limongi França e Rodrigues (1996) salientam que o estresse por si só não é suficiente para causar enfermidades orgânicas e disfunções significativas na vida de uma pessoa. A vulnerabilidade orgâni-ca, bem como, a forma de avaliar e enfrentar a situ-ação estressante são condições para que isto ocorra. Neste sentido, Lipp (1996) afirma que existem estressares externos e internos. Os externos se refe-rem a mudanças políticas no país, acidentes e qual-quer outra situação que independe da pessoa, enquanto que os internos são aqueles determina-dos pelo jeito de ser da pessoa, se ela é ansiosa, tí-mida, depressiva etc.

2.2.1 - O Estresse Ocupacional

Cooper; et al apud Sant' anna; Costa; Moraes, (2000) definem estresse ocupacional como um proble-ma negativo, de natureza perceptiva, resultante da in-capacidade do indivíduo de enfrentar as fontes de estresse presentes no contexto de trabalho que prejudi-ca sua saúde físiprejudi-ca e mental e a "saúde" da organização.

como:

Aubert (1993, p.165) define estresse ocupacional

O processo de perturbação engendrado no indivíduo pela mobilização excessiva de sua energia de adaptação para o enfrentamento das solicitações de seu meio ambiente pro-fissional, solicitações estas que ultrapassam as capacidades atuais, físicas ou psíquicas, deste indivíduo.

Segundo ele, a persistência do estresse pode desencadear desordens psíquicas dando origem ao que ele denominou "neurose profissional".

Estudos têm comprovado que as excessivas demandas no ambiente de trabalho são fontes gera-doras de estresse. A carga de trabalho, a insatisfação nos relacionamentos interpessoais, as exigências de atualização constante, a falta de possibilidade de

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cimento e a baixa qualidade de vida no trabalho es-tão positivamente relacionadas ao estresse (SANTOS; MORAES; KILIMNIK, 1999).

Baseando-se nos estudos de Coope., r et al, Robins (2002) cita como fontes potenciais de estresse no trabalho: os fatores ambientais - incertezas ambientais que influenciam a estrutura organizacional que por sua vez influencia os níveis de estresse entre os empregados desta organização; os fatores organizacionais- incluem-se aqui as exigências da ta-refa (dimensionamento do cargo, condições de traba-lho, grau de autonomia, ritmo, riscos potenciais), as exigências do papel (ambigüidade, conflitos e expec-tativas de papel), as exigências interpessoais (proble-mas de relacionamento, falta de apoio social dos colegas), a estrutura organizacional (regras excessi-vas, falta de participação nas decisões etc.), o estilo de liderança (principalmente líderes que criam um clima de tensão, medo e ansiedade, que pressionam por desempenho em curto prazo); os fatores indivi-duais -nestes incluem-se os eventos pessoais fora do trabalho, os problemas familiares, as dificulda-des de conciliação trabalho-família, os problemas econômicos pessoais e as características inerentes à personalidade.

Com relação à personalidade, os estudos rea-lizados por Friedman e Rosenman apud Córdova (1988) demonstram que pessoas com características de personalidade, denominada como padrão de con-duta tipo A, estão mais sujeitas a estresse e a enfer-midades coronárias. Trata-se de pessoas com grande necessidade de reconhecimento, que buscam cons-tantemente superar a si mesmas, com forte tendên-cia competitiva e desejos de vencer. Geralmente envolve-se em várias atividades mesmo tendo pou-co tempo.

Pesquisas no Brasil têm confirmado a ligação deste padrão de conduta com o estresse.

Vários estudos têm sido realizados no Brasil objetivando avaliar os determinantes de estresse ocupacional nas mais diversas profissões. Sant' Ana, Costa e Moraes (2000) buscaram compreender o ní-vel de propensão ao estresse ocupacional de profes-sores da pré-escola, ensino fundamental, médio e pré-vestibular. Ayres, Brito e Feitosa (1999) objetivaram identificar agentes estressares em docen-tes universitários com cargos de chefia intermediá-ria. Santos, Moraes e Kilimnik (1999) analisaram os níveis de estresse e de Qualidade de Vida no Traba-lho em gerentes e operários de uma indústria automotiva. O estresse entre policiais foi estudado por Romano (1996) e Covolan (1996) buscou estudar o estresse em psicólogos clínicos.

2.3 - A Abordagem Psicopatológica e o Sofrimento no Trabalho

Além das pesquisas sobre o estresse ocupacional, outros estudos têm buscado compreender aspectos re-levantes do trabalho que geram problemas na saúde mental do trabalhador.

Os estudos da psicopatologia do trabalho têm demonstrado que

[ ... ] o que torna nocivo e perigoso não é o próprio trabalho, mas a forma como este é organizado e gerenciado pelos próprios in-divíduos (MORAES; MARQUES; KILIMNIK, 1996).

Neste sentido, torna-se importante a compre-ensão do significado que o trabalhador confere ao seu trabalho e a relação que estabelece com este.

Segundo Dejours (1994) o trabalho pode ser fonte de prazer ou de sofrimento isto dependerá se ele permite ou não a diminuição da carga psíquica. Ele define como carga psíquica os elementos qualita-tivos, afetivos e relacionais existentes no trabalho. Para ele, um trabalho livremente escolhido ou livremente organizado oferece vias de descargas mais adaptadas às necessidades e desejos do trabalhador, o que torna o trabalho um fator de equilíbrio e satisfação. Entre-tanto, a realidade da organização do trabalho muitas vezes entra em conflito com o desejo do trabalhador impondo um modo operatório prescrito, que pode ser claramente identificado em uma linha de montagem. Codo, Sampaio e Hitomi (1993, p. 161-162) re-tratam bem esta situação:

O trabalhador aparece na organização ocu-pando um cargo e desempenhando uma fun-ção. Ele já encontra, à sua espera, uma série de tarefas que deve cumprir. Encontra, tam-bém, os objetivos e os meios com os quais terá que produzir uma utilidade, um produ-to. Em outras palavras: o seu trabalho já está determinado. A ele só resta trabalhar. Para Dejours (1994), quanto mais a empresa impõe um modo operatório ao trabalhador, maior a carga psíquica o os sentimentos de desprazer e ten-são, gerando sofrimento e possibilitando a instalação de patologias psíquicas.

A perda do significado do trabalho imposta pelo modo de produção capitalista tem sido destacada como um dos fatores importantes de conflitos e de insatisfação no ambiente de trabalho. Bouchard (1996), utilizando como exemplo motoristas de ônibus

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ceses, revela que a racionalização imposta pela em-presa reduziu os motoristas à simples operadores, fa-zendo com que estes perdessem o status profissional construído ao longo de anos de trabalho, tornando-os invisíveis e sem importância. Tal condição foi consi-derada por ele como responsável por insatisfações e desmotivações em relação ao trabalho, bem como, por diversos conflitos entre patrões e empregados e por dezenas de greves ocorridas na França.

Segundo Dejours (1994) as condições de traba-lho - pressões físicas, mecânicas, químicas e biológi-cas do posto de trabalho - atingem o corpo do trabalhador, podendo gerar desgaste, envelhecimen-to e doenças somáticas. Já a organização do trabalho-implica na divisão do trabalho: divisão de tarefas, repar-tição, cadências, ou seja, o modo operatório prescrito; e a divisão de homens: repartição das responsabilida-des, hierarquia, comando, controle etc.- mobiliza as relações entre as pessoas e a afetividade, sendo, por-tanto, causadoras de sofrimento psíquico.

Dejours (1999) afirma que o medo da incompe-tência, de não estar à altura das imposições da orga-nização, a pressão para trabalhar mal (muitas vezes criada pela imposição dos colegas de trabalho ou pela própria organização), a vivência de injustiça, bem como, a falta de reconhecimento pelo trabalho são fa-tores importantes que também geram sofrimento psí-quico no trabalho.

3 - METODOLOGIA

Os dados foram colhidos através de entrevis-tas semi-estruturadas, buscando conhecer aspectos do trabalho dos caminhoneiros que poderiam ser fontes de estresse e de sofrimento no trabalho.

Foram entrevistados 10 caminhoneiros dos 16 de uma empresa de transportes, localizada em Unaí/ MG. Uma das dificuldades enfrentadas pelas pesqui-sadoras foi de encontrá-los disponíveis para serem en-trevistados, na medida em que viajam com bastante freqüência. Além dos motoristas, o proprietário da empresa também foi entrevistado.

Foram colhidos alguns dados biográficos como: estado civil, número de filhos, tempo de trabalho como motorista de caminhão. Os motoristas também foram solicitados a atribuir uma nota de 1 a 10 a alguns fato-res específicos à sua profissão, conforme consideras-sem como muito estressantes ou não. Dentre estes

fatores estão: ficar longe da família; longas viagens; medo de assalto; medo de que ocorra algum acidente consigo; medo de que ocorra algum acidente com co· legas; sobrecarga de trabalho; pressão por parte da empresa; responsabilidade com a carga; responsabili-dade com o caminhão; multas; viajar à noite; condi-ções da estrada e trânsito; salário; discriminação em relação à profissão e espera de carga (fila).

As perguntas restantes centralizaram em detec-tar outros fatores que também podem gerar estresse e sofrimento no trabalho, conforme ressaltado na lite-ratura científica: horário de trabalho, dificuldades enfrentadas durante o trabalho, sentimentos de valo-rização, apoio da família, controle por parte da em-presa, condições de trabalho, satisfação em relação à profissão, nível de responsabilidade etc.

Algumas entrevistas foram realizadas anterior-mente (pré-teste) com motoristas não pertencentes à empresa estudada com o objetivo de verificar a ade-quação da mesma. Sendo que, os motoristas entrevis-tados sugeriram incluir nos fatores que poderiam ser fontes de estresse e de sofrimento a discriminação em relação à profissão e a espera de carga (fila).

A análise dos dados, apesar de revelar alguns aspectos quantitativos, privilegia uma abordagem qualitativa.

3.1 -A Empresa Pesquisada

Os caminhoneiros entrevistados são funcioná-rios registrados de uma empresa transportadora de grãos, localizada em Unaí/MG. A empresa possui 16 caminhoneiros que recebem um salário fixo mais co-missão. O proprietário considera que essa comissão acaba forçando-os a trabalharem mais, a buscarem um desempenho melhor.

O proprietário também foi caminhoneiro e abriu sua empresa em 1987. O roteiro de transporte é prin-cipalmente dentro do estado de Minas Gerais e às vezes São Paulo. Os motoristas percorrem uma dis-tância de 。ーイックゥュ。、。ュ・セエ・@ 1000 Km por viagem.

As carretas são seguradas e possuem rastreadores via satélite que podem cortar o ftmcionamento da car-reta em caso de necessidade (assalto). A empresa está sempre em contato com os motoristas através de celu-lar ou rádio. Segundo o proprietário, somente as mul-tas relativas às infrações são repassadas para os motoristas.

3 TEIXEIRA, R.[Compositor). Frete. In: _ _ _ . O essencial de Renato Teixeira. [S.I.]: BMG Brasil, 1999. 1 CD (ca. 60 min.). Faixa 18 (3

min. 10s). Remasterizado em digital.

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Ele considera que os principais motivos de estresse para os motoristas de caminhão são ficar lon-ge da família, a falta de segurança nas estradas e pro-blemas financeiros. Segundo ele, alguns de seus funcionários não conseguem fazer o controle eficaz de suas economias e estão constantemente envolvi-dos com dívidas.

4-ANÁLISE DOS RESULTADOS

Mas quando eu me lembro lá de casa ... A mulher e os filhos esperando.

Sinto que me morde a boca da saudade ... 3

Todos os entrevistados são casados e a maioria está há bastante tempo na profissão: quatro

caminho-ョセゥイッウ@ estão exercendo a profissão há vinte anos ou

mais, o restante está há mais de oito anos. Não foram identificadas correlações entre a idade ou o tempo de trabalho e as notas atribuídas pelos caminhoneiros às diversas fontes potenciais de estresse.

Os caminhoneiros entrevistados revelaram senti-mentos antagônicos em relação à sua profissão. Cinco deles revelaram que sempre quiseram ser caminhonei-ros, alguns disseram que "era sonho de criança" onde ter um caminhão era percebido como algo importante e imponente. Entretanto, mesmo estes que sempre quise-ram ser caminhoneiros, assim como os demais, demons-traram, em sua maioria, irlsatisfeitos com a profissão.

Entre os motivos relatados estão: a desvalori-zação da profissão, o medo de assaltos, a carga de tra-balho, os problemas com a fiscalização devido ao excesso de carga e falta de tempo para família.

Apesar de gostarem de ser caminhoneiros res-sentem com tudo isto, o que parece gerar um desgosto pela profissão. Alguns revelaram uma certa desespe-rança dizendo que às vezes pensam em mudar de pro-fissão, mas "não sabem fazer outra coisa ... " . Outro afirma que: "depois de 20 anos de profissão é continu-ar e não gostcontinu-ar ... não tem mais jeito de mudcontinu-ar".

Costumam trabalhar mais de 11 horas por dia. Alguns relataram 13, 16 ou até 18 horas diárias de tra-balho. Sobre esse aspecto, também revelam posições antagônicas. A maioria diz que fazem seu próprio horário: param quando estão cansados, em lugares perigosos param mais cedo para evitar o assalto etc.

Esse fato parece ser um aspecto positivo da pro-fissão, pois conforme afirma Dejours (1994) a liberda-de e a autonomia auxiliam na diminuição da carga psíquica, e isto é sentido pelos caminhoneiros. Con-tudo a empresa paga por produtividade o que acaba

por gerar em alguns a expectativa e o intento de via-jar mais para poder ganhar mais. Um dos entrevista-dos assim revelou: "às vezes até não ter horário força", outro também destacou que "a empresa não exige, mas a gente acaba forçando" [para trabalhar mais] .

A produtividade acaba aparecendo como um controle sutil sobre o desempenho dos caminhonei-ros. Um deles, em relação à carga horária, expressa da seguinte forma "não exige, mas espera" . Sente que não é exigido claramente pela empresa o cumprimento de determinada hora de trabalho, mas espera-se que ele cumpra os prazos de entrega e de retorno.

Quanto a esse excesso de carga de trabalho, um dos entrevistados percebendo a impossibilidade de mudança, expressou da seguinte forma sua desilusão: "existe uma ilusão de que motorista ganha bem, mas na verdade trabalha muito mais ... o sistema acaba so-brecarregando sempre o mais fraco". Outro, solicita-do a responder o que seria necessário fazer para melhorar suas condições de trabalho, sente dificulda-de dificulda-de respondificulda-der. Após um tempo pensando diz: "te-ria que ser a carga horá"te-ria, mas não muda ... as empresas perdem se a gente trabalhar oito horas, não tem jeito", sente-se sem saída para o problema .

Apesar de relatarem insatisfação em relação à carga horária e o excesso de trabalho, a carga de tra-balho não obteve uma pontuação alta pelos caminho-neiros (Cf. TABELA 1}.

A carga psíquica parece ser atenuada pelo caráter de liberdade próprio à organização do trabalho do cami-nhoneiro, mas isto não pode ser afirmado em relação à carga física. A liberdade e a autonomia são fatores impor-tantes que geram satisfação em relação à profissão:

tenho horário para dormir, comer, rodar, por-tanto, viajo com tranqüilidade; porque faço meu controle, não viajo tarde da noite, não passo à noite em lugares perigosos, não te-nho hora marcada para levantar ... ". Outro aspecto importante e gerador de satisfação em relação à profissão é o fato de permitir conhecer novos lugares e pessoas. Nesse sentido, no seu trabalho, diferentemente de uma linha de montagem onde prevalece sempre a mesma coisa e a rotina, o caminhoneiro lida com situações, ambientes e pessoas novas e isto é relatado como um dos principais aspectos positivos da profissão. Na expressão de um deles são "turistas forçados" . Além deste aspecto, um deles expressou que viajar permite o alívio dos problemas: "do patrão nervoso, da esposa nervosa ... ". O trabalho acaba permitirldo um alívio temporário dos problemas familiares cotidianos .

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Este alívio, entretanto, não é conseguido ple-namente, pois ficar longe da família se constitui para os caminhoneiros no principal gerador de estresse. As-sim, não é somente na canção de Renato Teixeira, ci-tada anteriormente, que a saudade da família "mexe" com o caminhoneiro. A saudade e a preocupação apa-recem na fala da maioria dos entrevistados, conforme representado na TABELA 1. (em anexo)

Alguns revelaram que a família dá apoio e aceita o seu trabalho, mas mesmo os que têm apoio da família se ressentem de ficar longe, de não poder estar em casa nos finais de semana e participar dos compromissos e atividades sociais com a família . Outros disseram que as esposas e filhos se preocu-pam muito e ligam para firma para saber notícias. Aqueles que já foram assaltados, além de sentirem grande medo, também sofrem com o receio da famí-lia: "por eles eu já tinha largado, principalmente de-pois do assalto".

O medo de acidentes aparece como o segundo fator mais estressante e logo a seguir as condições das estradas e trânsito. As estradas são consideradas pela maioria como "perigosas" e geram preocupação cons-tante e receio de acidentes. Além das estradas ruins existe o receio em relação aos "motoristas irresponsá-veis", que fazendo uso de estimulantes químicos e/ ou naturais acabam colocando em risco a vida dos outros.

A responsabilidade com o caminhão e com a carga também são fatores de tensão e de preocupação para boa parte dos caminhoneiros. Apesar dos cami-nhões serem segurados eles expressam que se sentem bastantes responsáveis pelos mesmos: "cuido doca-minhão como se fosse meu", ressalta um deles, outro, em relação a essa responsabilidade, diz que "com a carga é mais, porque algumas não têm seguro, o ca-minhão tem seguro, a vida não". Expressa aqui, sua preocupação também com a própria vida, pois nunca sabem se irão retornar.

O medo de assalto é outro forte fator de estresse. Os que já foram assaltados (dois deles) sentem-se traumatizados com o ocorrido. Contam como foi o assalto e demonstram sofrerem ainda com o fato. Via-jam com constante medo: "toda viagem fico pensan-do e fico preocupapensan-do ... procuro viajar sempre com movimento" [estradas movimentadas].

O medo, portanto, é uma constante na vida de motoristas, seja ele de acidentes, de assaltos ou de não chegar no prazo previsto etc. Para Dejours (1999) o medo é uma vivência subjetiva e um sofrimento psi-cológico. Quando atinge um certo grau pode tornar-se incompatível com a continuação do trabalho. Para

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poder continuar trabalhando é necessário que o tra· balhador utilize estratégias defensivas, evitando a cri· se psíquica e a doença mental.

Outro aspecto importante é o sentimento de desvalorização em relação à profissão, examinado no item discriminação . Os caminhoneiros reforçam a afir· mação de Oliveira (2002) em relação à perda do status profissional. Alguns consideram que a profissão já foi valorizada, mas hoje não é mais. Em relação a esta desvalorização um dos entrevistados afirma que "nem chapa4 respeita a gente" e continuou contando um

caso em que se sentiu extremamente humilhado por um chapa. Um outro também comparou seu trabalho com o do chapa, que para ele está num nível bem mais baixo que o seu: "Os chapas pelos menos estão em casa 5 horas, assistindo Sílvio Santos e eu não". Outro acha que alguns motoristas têm comportamentos ina· dequados [malandros], e as pessoas generalizam como se todos fossem do mesmo jeito. Para um deles, o sa-lário é pouco pelo tanto que costuma trabalhar, consi-derando-se mal remunerado pela empresa e, portanto, desvalorizado.

Parece repetir com os caminhoneiros a mesma perda de importância descrita por Bouchard (1996) em relação aos motoristas de ônibus na França. Tal perda é sentida pelos motoristas como desvaloriza-ção e discriminadesvaloriza-ção.

Outros fatores que podem contribuir para ge-rar estresse nos motoristas e que apareceram em suas falas foram: o cansaço físico, o sono, o excesso de aten-ção exigida pelas estradas e pelas viagens noturnas, o barulho do motor, a postura e, para alguns, a espera na "fila" é considerada como fator que gera "nervo-sismo". Esta "espera" é percebida como uma depen-dência em relação aos outros: têm que esperar para carregar, descarregar, esperar para "acertar" com o patrão etc.

Percebe-se, através das análises anteriores, que são muitos os fatores- ambientais, organizacionais e individuais - que, conforme ressaltam Cooper et ai. apud Robins, (1999), podem se constituir em fontes potenciais de estresse no trabalho. Além disto, perce-be-se também diversos fatores que podem se consti-tuir em fontes de sofrimento psíquico no trabalho conforme relatado Dejours (1994).

5- CONCLUSÃO

(8)

Hélia Rosa

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Revista de Psicologia Magali Costa, Lucimara de Souza e Hélia Rosa

perceber estressares potenciais - tanto ambientais, ocupacionais, físicos e psicossociais - que contribu-em para o aumento da tensão, da insatisfação e de sentimentos negativos vividos pelos caminhoneiros.

A pesquisa revelou que os caminhoneiros, as-sim como outras categorias profissionais, estão expos-tos a muiexpos-tos e diversos fatores estressantes ligados à sua atividade profissional.

A pesquisa detectou que entre as fontes potenci-ais de estresse e de sofrimento estão: o fato de ficarem longe da família; os medos e sentimentos de insegu-rança vivenciados pelos motoristas (principalmente de acidentes e assaltos) que acabam ampliando a respon-sabilidade que sentem em relação ao caminhão carga e a percepção de que são discriminados (desvalorização da profissão). Além destes, o sentimento de impotên-cia e desesperança, bem como, a impossibilidade de rever:er a situação atual, puderam ser percebidos. São sentimentos passíveis de aumentar tanto o estresse quanto o sofrimento psíquico no trabalho.

É evidente que, conforme a enfatiza a literatu-ra científica, a forma como cada um irá avaliar e en-frentar essas dificuldades será determinante no surgimento de patologias.

Sendo o transporte rodoviário o principal moda! na matriz de transporte brasileiro, a pesquisa chama a atenção para a necessidade de se repensar o trabalho desta importante categoria profissional. Leva a uma reflexão sobre as condições de trabalho no qual se encontram.

Algumas mudanças foram percebidas durante as entrevistas, principalmente no que se refere ao uso da tecnologia: alguns possuem caminhões com ar con-dicionado, com sistema computadorizado que infor-mam sobre problemas no veículo etc. Contudo, é necessário repensar a carga de trabalho e a valoriza-ção da profissão. Dejours (1999) ressalta que todo tra-balho implica em dedicação, esforços, decepções, angústias e sofrimento. Entretanto, quando o traba-lho é reconhecido e valorizado, possibilita a realiza-ção do ego, ou seja, o fortalecimento da identidade e a elevação da auto-estima. Quando isto não ocorre, afirma ele, resta somente o sofrimento ao trabalha-dor. Portanto, é necessário reconhecer e resgatar a auto-estima destes profissionais.

Apesar de tratar-se de um grupo pequeno e da pesquisa constituir-se em um estudo de caso, algu-mas dessas fontes potenciais de estresse e de sofri-mento parecem estar presentes em qualquer trabalho

de caminhoneiro e, mesmo daqueles que possuem seu próprio caminhão.

Outros aspectos seriam relevantes em futuras pesquisas como, por exemplo, identificar quais ases-tratégias defensivas são utilizadas por estes profissi-onais para lidar com todas essas dificuldades . Contudo, vai além do proposto por esta pesquisa .

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Hélia Rosa Revista de Psicologia Magali Costa, Lucimara de Sou za e Hélia Rosa

セウエイ。エ←ァゥ。@

JEIREDO,

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brasi-Quadro 1

ortância

Participação (%) dos modais .na Matriz 、セ@ Transporte .

. Logística 94 95 96 97 98

-·- - - · · - · - - - -

-

-

--lo: Atlas, Aéreo 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3

Aquaviário 10,3 11,5 11,5 11,6 12,8

DS. Revista Dutoviário 4,0 4,0 3,8 4,5 4,4

I

Ferroviário 23,3 22,3 20,7 20,7 19,9

isponível Rodoviário 62,1 61,9 63,7 62,9 62,6

soem: 11

·--·

Fonte: Nazário (2000. p. 131)

,res

I

Brasília: ília, 1993.

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Tabela 1

abr. 2002 .

. São Pau- I

Pontuações dadas pelos motoristas aos diversos fatores considerados como fontes

• proposta potenciais de estresse e de sofrimento .

P, M.E.N.

I

MOTORISTAS A

B

c

D E F

G

H I J TOTAL

e,

ocupa-11996. p. FATORES ESTRESSANTES

Ficar longe da família 8 9 5 10 10 10 10 10 10 8 82

ORAES, Medo gue ocorra acidente consigo 10 10 8 6 10 10 10 10 5 6 79

a análise cッョ、ゥセ￵・ウ@ das estradas e trânsito 8 4 4 10 10 10 10 10 10 8 76

PAD,24 ., Reseonsabilidade com o caminhão 5 10 7 10 5 10 9 9 10 10 75

1ANPAD, Medo de assalto 5 3 6 10 10 10 10 10 10 10 74

Medo gue ocorra acidente e/colegas 8 10 4 7 10 10 10 8 6 8 73

f'JIK,

Z.M. Reseonsabilidade com a carga 1 10 9 10 5 10 10 7 10 6 72

acionai e o Discriminação em relação à

セエッイ@ auto- erofissão 1 6 5 9 10 10 10 10 10 6 71

99, Foz do Sobrecarga de trabalho 2 7 3 9 5 10 8 7 8 8 59

セNcdN@ Multas 9 2 1 10 5 10 2 10 9 6 58

-ippincott, Eseera de carga サヲゥャ。セ@ 1 4 10 2 10 10 1 9 10 10 57

Longas viagens 7 1 10 2 8 5 5 6 9 6 53

mível em: i Viajar à noite 1 4 3 9 10 5 8 5 8 10 53

).gov.br> .

I

Salário 8 4 8 3 1 5 8 6 8 10 51

Pressão por parte da empresa 1 6 2 1 1 5 1 5 8 6 30

Referências

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