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JOSÉ ARNALDO DE OLIVEIRA BEZERRA OS IMPACTOS DO PRODETUR NORDESTE I SOBRE O CAPITAL SANITÁRIO DO LITORAL NORDESTINO

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE

E SECRETARIADO EXECUTIVO

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

JOSÉ ARNALDO DE OLIVEIRA BEZERRA

OS IMPACTOS DO PRODETUR NORDESTE I SOBRE O CAPITAL SANITÁRIO

DO LITORAL NORDESTINO

FORTALEZA

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OS IMPACTOS DO PRODETUR NORDESTE I SOBRE O CAPITAL SANITÁRIO

DO LITORAL NORDESTINO

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Professor Dr. José de Jesus Sousa Lemos

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JOSÉ ARNALDO DE OLIVEIRA BEZERRA

OS IMPACTOS DO PRODETUR NORDESTE I SOBRE O CAPITAL SANITÁRIO

DO LITORAL NORDESTINO

Esta monografia foi submetida à coordenação do curso de ciências econômicas, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de bacharel em economia, outorgado pela Universidade Federal do Ceará UFC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica.

Data da aprovação: 19 / Outubro / 2012

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Professor Dr. José de Jesus Sousa Lemos (orientador) Universidade Federal do Ceará UFC

____________________________________________ Professora Sandra Maria Santos

Universidade Federal do Ceará – UFC

____________________________________________ Professora Sandra Maria Guimarães Callado

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Agradeço especialmente a Deus. Em verdes pastagens Ele me faz repousar; para fontes tranquilas me conduz e restaura minhas forças. Ele me guia por bons caminhos, por causa do seu nome.

Sou grato aos meus pais, José Marques e Maria de Oliveira. Cada qual ao seu modo tornou-se fonte de amor e vida eternos. Da mesma forma, reverencio a todos os meus familiares e amigos.

Saúdo com especial alegria aos professores da Universidade Federal do Ceará, aos seus funcionários e aos inúmeros colegas do curso de ciências econômicas.

Ao Professor José de Jesus Sousa Lemos pela dedicação na realização deste trabalho, que sem sua importante contribuição não teria sido concretizado. Agradeço também as professoras Sandra Santos e Sandra Callado pela gentil participação na banca examinadora.

Ao grupo de jovens da Seicho-No-Ie de Fortaleza onde dei os primeiros passos em busca da minha identidade espiritual. Aos preletores e amigos, os quais guardo com particular amizade e carinho.

Os meus reconhecimentos à Comunidade Católica Shalom de Fortaleza. O apoio que encontrei foi decisivo nessa fase da minha vida. Agradeço especialmente ao padre Antônio Furtado.

Quero aqui deixar registrado um agradecimento bastante especial e oportuno à amiga Rita Grigorowitschs. O seu incentivo e amparo espiritual durante a realização deste trabalho tornaram-se fontes de constante inspiração.

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Nas últimas décadas, o turismo aumentou significativamente no Brasil. A região Nordeste foi uma das áreas mais visitadas, principalmente devido à enorme quantidade de investimentos em infraestrutura feitos desde os anos de 1990. A combinação de capital público e privado, as mudanças políticas e econômicas que aconteceram dentro da sociedade brasileira e a busca por um novo tipo de identidade para o turismo na região possibilitaram que várias mudanças importantes ocorressem durante esse período. O Programa para o Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR NORDESTE I) tornou-se uma das principais referências da época. A quantidade de obras realizadas permitiu que várias áreas da infraestrutura regional fossem estendidas, particularmente o sistema de saneamento básico. A realização deste trabalho teve como objetivo básico avaliar os principais indicadores de crescimento neste setor, especialmente os serviços de abastecimento de água potável e esgoto. Dessa forma, foi realizado um estudo descritivo através de dados coletados nos arquivos do Banco do Nordeste e direcionados para os aspectos centrais do tema. Os resultados sugerem que o PRODETUR contribuiu para a melhoria das condições sanitárias da região, mas com diferentes formas de interação dos estados participantes.

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In recent decades, tourism has increased strongly in Brazil. The Northeast region was one of the most visited areas, mainly due to the huge amount of infrastructure investments made since the 1990s. The combination of public and private capital, the political and economic changes that took place within Brazilian society and the search for a new kind of identity for tourism in the region have enabled several important changes to take place during that period. The programme for the Development of Tourism in the Northeast (PRODETUR NORDESTE I) became one of the main references of that time. The amount of work carried out allowed several areas of regional infrastructure to be expanded, particularly the sanitation system. The realization of this work had the basic objective of evaluating the main indicators of the growth in the sector, especially the services of water and supply sewage. Thus, a descriptive survey was developed using data collected in the archives of Banco do Nordeste and driven to the central aspects of the theme. The results suggest that PRODETUR contributed to the improvement of sanitary conditions in the region, but with different forms of interaction among the participating states.

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TABELAS

Tabela 1: Turismo no mundo...20

Tabela 2:Turismo internacional por regiões (Milhões de desembarques)...21

Tabela 3: Receitas cambiais (Bilhões de Dólares)...22

Tabela 4: Turismo no Brasil...24

Tabela 5: Abastecimento de água no Brasil, 2001...40

Tabela 6: Esgotamento sanitário no Brasil, 2001...41

Tabela 7: Investimentos em saneamento básico (Dólares)...45

QUADROS Quadro 1: Fatores de avaliação...38

GRÁFICOS Gráfico 1: Abastecimento de água por rede geral – 2001, 2008...43

Gráfico 2: Esgotamento sanitário por rede geral – 2001, 2008...44

Gráfico 3: Rede de distribuição e de adutoras (KM)...47

Gráfico 4:Abastecimento de água – ligações domiciliares...49

Gráfico 5: Rede coletora e de emissários / interceptores (KM)...50

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BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BNB Banco do Nordeste do Brasil

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo

GTDN Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano OMS Organização Mundial Da Saúde OMT Organização Mundial do Turismo PIB Produto Interno Bruto

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico PSDB Partido da Social Democracia Brasileira

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1. INTRODUÇÃO...11

1.1 Objetivos do trabalho...13

1.1.1 Objetivo geral...13

1.1.2. Objetivo específicos...13

1.2 Justificativa...13

2. RFERENCIAL TEÓRICO...15

2. 1.Conceituando o turismo...15

2.2. O turismo moderno...18

2.3. O turismo na atualidade...19

2.4. Turismo no Brasil...22

2.5 A economia do turismo...25

2.6 O turismo sustentável...27

2.7 Planejamento turístico no Nordeste...29

3. FONTE DE DADOS E METODOLOGIA...36

3.1 Fonte de dados...36

3.2 Metodologia...37

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES...39

4.1 Considerações iniciais...39

4.2 O caso específico do PRODETUR NORDESTE I...45

4.2.1 O subsetor água potável...47

4.2.2 O subsetor esgotamento sanitário...49

4.3 Considerações parciais...53

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...55

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1. INTRODUÇÃO

No início dos anos de 1990 foi lançado no litoral nordestino o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste, PRODETUR NORDESTE. O projeto estava em consonância com a nova política econômica dos governos neoliberais do PSDB. O arcabouço do programa tinha como finalidade o desenvolvimento do turismo regional como forma de alavancar a economia nordestina por meio de um complexo plano de investimentos em infraestrutura envolvendo estados e municípios.

Para Fonseca (2005, p. 97), as políticas implantadas no Nordeste nessa época tinham como objetivo:

A implementação de uma política de turismo para o Nordeste visava inserir essa região, economicamente periférica e marginal, nas rotas do turismo doméstico e internacional. Para captar parte do mercado turístico, especialmente o internacional, tornava-se necessário um enorme esforço no sentido de adequar o território com infraestrutura turística moderna e outros serviços básicos (segurança pública, saúde, saneamento básico, sistema de comunicação, etc.), de modo a atender à potencial demanda consumidora do produto turístico em elaboração.

Na verdade, a melhoria do padrão das atividades turísticas era apenas um dos aspectos do vasto alcance que se pretendia promover em termos de estrutura regional. O plano previa o crescimento do produto interno local, o aumento nas taxas de emprego e renda, a inclusão social de parte dos residentes, o aumento da capacidade dos estados beneficiados de acompanhar a demanda por serviços básicos e a ampliação do capital fixo do Nordeste.

Segundo o Relatório Final de Projeto (2005), o cronograma foi planejado com a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Social, Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, Banco do Nordeste do Brasil, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Ministério do Esporte e Turismo e governos estaduais. O projeto foi financiado pelo BID tendo como órgão executor o Banco do Nordeste atingindo todos os estados nordestinos e também o norte de Minas Gerais e Espírito Santo.

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Apesar das críticas e as aparentes contradições, o PRODETUR deixou um saldo de investimentos consideráveis na infraestrutura litorânea. O sistema aeroportuário foi modernizado e ampliado permitindo que o número de usuários crescesse em todos os estados. Além do mais, os investimentos em rodovias estruturantes facilitaram o escoamento do tráfego turístico e o surgimento de novos locais de visitação como as áreas adjacentes a Porto Seguro na Bahia, Porto de Galinhas em Pernambuco, Praia da Pipa no Rio Grande do Norte, Jericoacoara e Mundaú no Ceará.

Da mesma maneira, foram implantas organizações institucionais em âmbito estadual e municipal com pessoal treinado para organizar, planejar e desenvolver a atividade turística. Nessa época surgiram também planos diretores e a criação de parques ecológicos em várias cidades.

No período compreendido entre 1996 e 2004, o fluxo de visitantes nas capitais passou de cerca de cinco para dez e meio milhões de turistas. Da mesma forma, as receitas turísticas oscilaram de 2,7 para 4,3 bilhões de dólares. O número de empregados nas principais atividades turísticas também demostrou desempenho superior aos dados nacionais, variando de 168.895 para 215.563 entre os anos de 1994 e 2003.

Mas o aspecto mais importante do programa diz respeito à construção de uma infraestrutura geral capaz de incluir os mais variados setores da comunidade extrapolando muitas vezes a seara do mercado turístico. Dentro do planejamento do projeto foram inseridos varias ações voltadas para a ampliação dos serviços de saneamento básico. Provavelmente, essas intervenções tornaram-se os componentes mais importantes para as comunidades locais.

O impacto sobre a capacidade sanitária se traduz na diminuição na taxa de mortalidade infantil, na expectativa de vida e, de forma geral, no padrão de saúde dos residentes. Como será demostrado posteriormente, essa é uma discussão de suma importância para as comunidades carentes do Nordeste do Brasil.

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1.1 Objetivos do trabalho

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo geral desta pesquisa é averiguar a relação entre uma política pública de turismo e o desenvolvimento social sustentável. Como referência foi escolhida à região Nordeste do Brasil e o Programa para o Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR NORDESTE I). A escolha desse assunto teve como origem a grande capacidade que o turismo desempenha como multiplicador de investimentos nas regiões receptoras. Para tanto, foi selecionado o setor de saneamento devido ao seu largo alcance social.

1.1.2 Objetivos específicos

Descrever e avaliar a variação verificada no aumento do fornecimento de água e esgoto na região Nordeste entre 1999 e 2008, observando-se o investimento total realizado, o número de moradores locais atendidos nesse período e a distribuição por estado do Nordeste.

1.2 Justificativa

O desempenho da economia brasileira nos últimos anos, ainda que aquém das possibilidades, contribuiu para mudar a vida de milhões de pessoas e alterou a própria geopolítica mundial. A estabilidade econômica conquistada a partir de 1994 com o plano Real permitiu que várias camadas da população ascendessem diminuindo o largo fosso que as separava do tão almejado desenvolvimento. É perceptível, entretanto, que os nossos desafios ainda estão longe de serem solucionados.

Entre os mais preocupantes encontra-se a defasagem da infraestrutura nacional a qual se mostra como um dos principais entraves à construção de um país realmente moderno. Neste momento grandes investimentos estão sendo realizados em todo o Brasil como forma de tentar compensar as graves deficiências observadas nessa área.

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Essa fase é especialmente profícua para o surgimento de novas leituras sobre as políticas públicas até aqui desenvolvidas no país. No Nordeste, esse aspecto é ainda mais relevante devido à primariedade estrutural que se verifica nessa região. Como será descrito posteriormente, o desenvolvimento econômico ainda é uma realidade bastante distante da sociedade nordestina.

Geralmente o comportamento do turismo é analisado dando-se prioridade ao visitante ou observando-se os impactos na vida das comunidades residentes. O foco na maioria das vezes diz respeito ao resultado em áreas como a geração de emprego e renda, a oscilação do produto interno local ou a atividades características do turismo. Além do mais, os danos sociais e ambientais recebem grande destaque em trabalhos especializados.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Conceituando o turismo

O século XX foi marcado pelo crescimento do turismo em todo o mundo. O avanço da infraestrutura de transportes, hospedagem, comunicações entre outros proporcionou que o hábito de viajar se tornasse um dos mais lucrativos negócios contemporâneos. Somente no ano 2000 o turismo internacional gerou mais de 650 milhões de desembarques deixando um saldo positivo nas receitas cambiais em torno de 480 bilhões de dólares.

Essa atividade é hoje uma importante fonte de transferência de renda entre as sociedades modernas ao mesmo tempo em que se transformou em um forte ingrediente de crescimento econômico para as áreas receptoras. Praticamente todas as nações industrializadas procuraram desenvolver políticas públicas para aumentar o número de visitantes em seus territórios.

No mesmo sentido, o mercado de viagens passou a ser também uma fonte de preocupação constante para os governos. Como toda indústria de massas, a atividade turística trouxe consequências ambientais e sociais no mesmo ritmo em que crescia. O turista moderno é um semeador de transformações notáveis nas áreas em que visita, alterando o meio ambiente, a economia, a cultura e os valores sociais.

O turismo como componente das ciências sociais, mobilizou uma gama expressiva de pesquisas nos últimos anos e ganhou espaço significativo nos debates acadêmicos. É perceptível, entretanto, que mesmo entre os mais destacados autores não existe ainda um consenso sobre a verdadeira natureza do fenômeno turístico. As definições relacionadas à indústria de viagens podem ser tão diversas e abrangentes como as próprias áreas em que ela esta envolvida.

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A oferta turística, por exemplo, não revela apenas mais um produto ou grupo de produtos a ser comercializados, mas, na maioria dos casos, o próprio meio onde as pessoas vivem, sua cultura e estilo de vida. Os bens e serviços desse mercado são consumidos no próprio local onde se encontram, esse fato pode representar, na realidade, a apropriação de ativos sociais e materiais construídos ao longo do tempo por várias gerações de ancestrais.

Santos (1986 apud FONSECA 2005, p. 35) afirma que:

o espaço geográfico é o local onde se realiza e se manifesta a vida social. A dinâmica social materializa-se no espaço, imprimindo-lhe uma forma-conteúdo. Como o espaço é um produto histórico, o espaço atual contém formas pretéritas, as

„rugosidades‟, que se impõem à dinâmica social atual. Assim, ao mesmo tempo em

que é produto, o espaço é também condição para a organização social, sendo dotado de uma inércia dinâmica.

Por outro lado, a demanda que desencadeia o processo turístico não está totalmente compreendida. As motivações que levam milhões de pessoas a participarem desse complexo mercado ainda dividem opiniões no meio dos especialistas. Sem falar nos impactos positivos e negativos advindos do aumento da indústria de recreação em grande escala os quais ainda promove uma severa arena de discursões entre os estudiosos.

Lage e Milone (2000, p. 26) apresentam uma visão convergente com o pensamento anteriormente exposto quando argumentam que “Hoje, é impossível limitar uma definição específica de turismo. Sem dúvida é uma atividade socioeconômica, pois gera a produção de bens e serviços para o homem visando à satisfação de diversas necessidades básicas e secundárias [...] o turismo moderno não precisa de um conceito absoluto, mas importa no conhecimento do mecanismo dinâmico que integra”.

Obviamente, toda matéria quando submetida à análise, carece de uma série de variáveis que seja capaz de diferenciá-la de outros fenômenos periféricos; com o turismo não é diferente. Nesse sentido, vários pesquisadores procuram caracterizar o processo de viagens levando-se em consideração algumas particularidades específicas dessa atividade.

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domicílio, na medida em que este deslocamento satisfaz, no lazer, uma necessidade cultural da civilização industrial”.

Sobre a atividade turística, Dias (2003, p. 27) faz os seguintes comentários:

É uma atividade que envolve o movimento constante de pessoas, que se deslocam de um local de origem a um destino e vice-versa. O deslocamento e a permanência das pessoas longe de seu local de moradia provocam profundas alterações econômicas, políticas, culturais, sociais e ambientais numa proporção que poucos fenômenos sociais conseguiram gerar ao longo da historia da humanidade. Essa atividade complexa tornou-se atualmente, do ponto de vista econômico a maior do planeta, suplantando setores tradicionais, tais como a indústria automobilística, a eletrônica e a petrolífera.

Arendit (2002, p. 21), apresenta o que o próprio autor considera como uma das melhores definições sobre a natureza do turismo. O argumento é de Wahab (1991) e define o assunto da seguinte forma:

Turismo é uma atividade humana intencional que serve como meio de comunicação e como elo da interação entre povos, tanto dentro de um mesmo país como fora dos limites geográficos dos países. Envolve o deslocamento temporário de pessoas para outra região, país ou continente, visando à satisfação de necessidades outras que não o exercício de uma função remunerada. Para o país receptor, o turismo é uma indústria cujos produtos são consumidos no local, formando exportações invisíveis. Os benefícios originários deste fenômeno podem ser verificados na vida econômica, política, cultural e psicossociológica da sociedade.

Nos últimos anos surgiram várias entidades em todo o mundo com o objetivo de racionalizar e criar formas estatísticas de mensurar os impactos da indústria do lazer nas economias modernas. Determinados setores tendem a utilizar-se de padrões específicos de observação metodológica como os governos, as empresas e o meio acadêmico.

A Organização Mundial do Turismo (OMT), com sede em Madri, Espanha, é uma instituição intergovernamental ligada a Organização das Nações Unidas (ONU). Conta com a participação de mais de 150 países e é o principal órgão consultivo com relação ao turismo no mundo. A OMT (2003) recomenda, entre outros, os seguintes conceitos e definições referentes à prática turística:

 TURISMO: Atividade das pessoas que viajam e permanecem em lugares fora de seu ambiente habitual por período inferior a um ano para lazer, negócios ou outros objetivos. Pode ser emissivo, receptivo, doméstico, interno, nacional, internacional.

 TURISTA (VISITANTE COM PERNOITE): Um Visitante que permaneça, no mínimo,

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 VISITANTE DOMÉSTICO: O termo é utilizado para descrever qualquer pessoa que

resida em um país e viaje para um lugar dentro dos limites do território e fora de seu ambiente usual, por um período que não ultrapasse doze meses, e cuja visita não tenha como objetivo principal o exercício de uma atividade remunerada no local visitado.

 VISITANTE INTERNACIONAL: O termo visitante internacional é utilizado para

descrever qualquer pessoa que viaje para um país no qual não possua residência usual, mas que esteja fora de seu ambiente normal por um período que não ultrapasse doze meses, cujo objetivo principal da visita não seja o exercício de uma atividade remunerada dentro do país visitado.

2.2 O turismo moderno

Embora existam vestígios de atividade turística desde os mais remotos tempos, foi no século XVIII que o mercado de viagens ganhou as principais características modernas. O aumento da produção industrial em grande escala desencadeou uma série de novas nuances sociais e econômicas bastante significativas. Entre elas pode ser citado a nova compreensão e o valor do tempo livre, fator decisivo para a consolidação do processo e viagens tal qual o conhecemos. Dias (2003, p.47) afirma:

Podemos considerar a revolução industrial do século XVIII, na Inglaterra, como o acontecimento mais importante na transformação geral no conceito de viagens. Com a revolução industrial chegaram à urbanização e as horas de trabalho limitadas. Também o ócio começou a ter valor mais importante que antes, quando a maioria das pessoas vivia no campo e trabalhava na agricultura; anteriormente o conceito de tempo livre, como o conhecemos hoje, não existia, por que o conceito de trabalho era diferente daquele que viria a estabelecer-se com a consolidação da indústria; não havia divisão muito clara entre o tempo de trabalho e o tempo de não-trabalho, este dedicado ao lazer e ao descanso.

Sob essa perspectiva, Arendit (2002) reforça a importância da classe média como agente determinante para a história do turismo contemporâneo. O aumento de renda ampliou a participação econômica e política de boa parte da população criando novas necessidades e aspirações sociais. Esse fator foi de suma importância para o declínio da atividade turística como privilégio das classes mais abastadas dando margem ao surgimento do turismo de massas que ganharia grande relevância posteriormente.

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áreas de comércio, indústria, serviços e na recolocação de mão de obra. As pessoas deixaram de trabalhar na terra e passaram a fazê-lo nas indústrias de manufatura, depois nos transportes, especialmente na ferrovia e, finalmente no setor terciário ligado à navegação”.

Em seguida a autora cita outras causas importantes que contribuíram para o desenvolvimento do turismo nessa fase tais como o aumento da segurança, o crescimento nas taxas de escolaridade e das condições de saneamento as quais possibilitaram a diminuição de doenças contagiosas aumentando o fluxo de visitantes. A autora também destaca a importância dos ganhos dos trabalhadores em termos de tempo livre o qual poderia ser usado para o lazer e autorealização. Esses argumentos reforçam a tese que o crescimento do turismo esteve ligado diretamente às melhorias das condições socioeconômicas verificadas nos últimos anos.

2.3 O turismo na atualidade

O início do século XX foi marcado por diversos conflitos em varias partes do mundo. Embora a atividade turística tenha apresentado sinais de crescimento nessa época, foi na segunda metade daquele século que o mercado turístico ganhou proporções avassaladoras.

Conforme Harvey (1989 apud BARRETO, 2001, p. 54): “Depois de 1945, a internacionalização da economia no mundo ocidental por meio dos investimentos feitos pelos Estados Unidos na Europa arrasada (plano Marshall e outros), assim como a generalização do fordismo como sistema de produção, trouxeram a formação de mercados de consumo de massa globais, incrementando uma série de atividades internacionais, dentre elas o sistema bancário e o turismo”.

Nas últimas décadas esse processo foi ainda mais intenso. A disposição dos governos em ampliar os mercados internacionais favorecendo as transações econômicas aumentou de forma expressiva a participação do turismo na economia mundial. Conforme os argumentos de Avelino, Brown e Hunter (2004, p.508):

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TABELA 1 TURISMO NO MUNDO

ANOS CHEGADAS (MILHÕES) RECEITAS (BILHÕES US$)

1950 25.3 2.1

1960 69.3 6.9

1965 112.9 11.6

1970 165.8 17.9

1975 222.3 40.7

1980 278.1 104.4

1985 320.1 119.1

1990 439.5 270.2

1995 540.6 410.7

2000 687.0 481.6

FONTE: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO, 2006.

Percebe-se pela tabela um o grande incremento ocorrido com a cadeia turística mundial nesse período. O crescimento médio anual entre 1950 e 2000 foi de aproximadamente 6,8%. No início dessa fase o número de desembarques internacionais estava na casa dos 25,3 milhões enquanto que as receitas chegaram a 2,1 bilhões de dólares. Cinquenta anos mais tarde, foram registrados 687 milhões de chegadas e as receitas turísticas alcançaram a marca de 481,6 bilhões.

Segundo a Organização Mundial do Turismo (2006), a taxa de crescimento médio nos anos de 1950 ficou por volta de 10,6% caindo para 9,1% na década seguinte. Entre 1970 e 1980 o crescimento das viagens esteve por volta de 5,3% apresentando nova desaceleração na fase posterior e fechando a penúltima década do século com 4,7%. Nos anos de 1990 a variação apesar de se manter positiva, apresentou números na casa de 4,6%. Esses resultados demonstram que o mercado mundial de viagens apesar de ter ascendido continuamente, apresentou taxas decrescentes nos últimos anos pesquisados.

A tabela dois demonstra que o turismo ainda está centralizado nas regiões mais ricas do mundo notadamente nos Estados Unidos e nas nações europeias. Sobre a predominância dos europeus, Cooper (2003) argumenta que a liderança da Europa no circuito turístico deve-se as altas taxas de renda disponíveis resultado dos elevados salários dos cidadãos residentes.

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Reino Unido, França e Alemanha concede grande prioridade às férias em países estrangeiros. O autor afirma ainda que a pequena distância entre os países, riquezas naturais e artificiais e a infraestrutura de uma grande indústria turística satisfazem a demanda por viagens ao exterior.

TABELA 2 - TURISMO INTERNACIONAL POR REGIÕES - MILHÕES DE DESEMBARQUES

ANOS ÁFRICA AMÉRICAS A. PACÍFICO EUROPA O. MÉDIO

1950 0.5 7.5 0.2 16.8 0.2

1960 0.8 16.7 0.9 50.4 0.6

1970 2.4 42.3 6.2 113.0 1.9

1980 7.2 62.3 23.0 178.5 7.1

1990 15.2 92.8 56.2 265.6 9.6

2000 28.3 128.1 110.5 395.9 24.2

FONTE: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO, 2006.

Não obstante, os dados revelam que o interesse dos turistas aumentou com relação a países da Ásia, África e Oriente Médio sugerindo que essa atividade está passando por uma desconcentração geográfica. Embora no final do século XX a Europa novamente tenha se colocado a frente da indústria turística mundial com 57,6% do total geral de desembarques, os resultados mostram uma diminuição do mercado turístico europeu quando comparado com décadas passadas; em 1950 o velho mundo detinha 66,6% dos desembarques globais.

Da mesma forma, a participação fracionaria do continente americano arrefeceu nesse período. No início, as Américas detinham aproximadamente 29% do turismo mundial, passando, no entanto, para 18,6% no final do período observado.

Com relação aos aspectos econômicos, a tabela três mostra que a Europa liderou em termos de arrecadação de receitas fechando o período com um montante de 232 bilhões de dólares seguido pelo continente americano e pela região da Ásia e Pacífico os quais concluíram o último ano com 130,8 e 90,2 bilhões concomitantemente. Oriente médio e África foram as áreas com as menores taxas de arrecadação chegando ao ano 2000 com apenas 17,6 e 10,5 bilhões de dólares auferidos respectivamente.

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algo por volta de 2% do total das receitas globais em 1950, passando, entretanto, para 18,7% no final da analise.

TABELA 3 – RECEITAS CAMBIAIS (BILHÕES DE DÓLARES)

ANOS ÁFRICA AMÉRICAS A. PACÍFICO EUROPA O. MÉDIO

1950 0.1 1.1 0.04 0.9 0.03

1960 0.2 2.5 0.2 3.9 0.1

1970 0.5 4.8 1.2 11.0 0.4

1980 3.4 24.7 11.2 61.6 3.5

1990 6.4 69.3 46.5 142.9 5.1

2000 10.5 130.8 90.2 232.5 17.6 FONTE: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO, 2006.

De forma consonante, o Oriente Médio dilatou a sua participação fracionária passando de 1,4% para 3,6%. A atividade turística na Europa também mostrou rendimentos positivos nessa fase fazendo com que o velho continente conseguisse aumentar a sua participação no cenário mundial oscilando de 42,8% para 48,2%.

A África e as Américas seguiram em sentido inverso ao demonstrado pelas outras regiões. Embora essas áreas tenham apresentado taxas paulatinas de crescimento, percebe-se que em termos comparativos elas refletiram os piores resultados da pesquisa. No primeiro caso, as receitas cambiais dos povos americanos minguaram de 52% para menos de 30% do turismo internacional. Da mesma maneira, os números do turismo no continente africano mostram que a geração de divisas passou de aproximadamente 5% para cerca de 2% do total arrecadado no mundo.

2.4 Turismo no Brasil

Somente nas últimas décadas do século passado a atividade turística brasileira começou a inserir-se verdadeiramente no contexto mundial. Foi a partir dos anos de 1960 que o turismo passou a compor o planejamento estratégico brasileiro de forma pragmática. Alguns fatores são determinantes para a expansão das viagens nessa fase especialmente nos anos de 1990.

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principais regiões brasileiras notadamente os atrativos naturais e culturais que são matérias básicas para a estratégia de atração de turistas oriundos do hemisfério norte. Os investimentos estrangeiros e a forte participação do setor público também assumiram participação de destaque dentro deste contexto.

É necessário se reforçar o papel das políticas públicas sobre a curva ascendente demonstrada ate aqui. A criação de uma legislação específica para a indústria de recreação mostrou-se bastante oportuna para as condições estruturais surgidas no Brasil recentemente. Esse conjunto de regras normativas, entidades governamentais e mecanismos de natureza econômica tem relação com o modelo internalizado sob a ótica da produção, da capacidade instalada e do padrão de mercado que se desejava implantar no país.

Todavia, os grandes esforços públicos e privados não são garantia suficiente de equiparidade com outros centros receptores. Percebe-se que até recentemente, o hábito de visitar o Brasil estava ligado fundamentalmente ao conceito dos chamados paraísos tropicais. As cidades brasileiras mais visitadas encontram-se geralmente no litoral do país confirmando que o produto turístico interno ainda se baseia em uma oferta de serviços bastante primária. Mas os dados também revelam que o turismo brasileiro vem apresentando mudanças importantes.

Segundo o relatório Estudo da Demanda Turística (2002), Em 1998, por exemplo, aproximadamente 71%do universo de viajantes entrevistados apontaram o lazer como motivo principal da visita ao nosso país. Entretanto, quatro anos depois essa relação havia diminuído para 51,2%. Em sentido inverso, o turismo de negócios ascendeu passando de 26,7 para 28,3 para cada grupo de cem pessoas pesquisadas.

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TABELA 4 TURISMO NO BRASIL

ANOS CHEGADAS (MILHÕES) RECEITAS (BILHÕES US$)

1996 2,7 0,8

1997 2,8 1,1

1998 4,8 1,6

1999 5,1 1,6

2000 5,3 1,8

2001 4,8 1,7

2002 3,8 2,0

2003 4,1 2,5

2004 4,8 3,2

2005 5,4 3,9

FONTE: MINISTÉRIO DO TURISMO, 2006.

Ressalte-se, todavia, que os dados verificados revelam somente que o Brasil começa a inserir-se como importante centro captador de turistas. Na verdade, nosso país seguiu a tendência mundial de crescimento do mercado de viagens. Sendo assim, o julgamento das perspectivas nacionais levando-se em conta as nações mais visitadas demonstraria rapidamente o fosso que ainda nos separa de uma indústria turística realmente consistente.

Dados do Anuário Estatístico (2006), publicado pelo Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), confirmam esses fatos. A França é um dos principais destinos turísticos do mundo. No ano 2000, os franceses receberam 76,5 milhões de visitantes. Na mesma data, o Brasil auferiu apenas 5,3 milhões de desembarques. Mesmo assim, os números apontam que no período compreendido entre os anos de 1996 e 2005, a participação do Brasil no turismo mundial passou de 0,45% para 0,67%. Com relação à América do Sul, o turismo nacional subiu de 20,9% para 29, 8% no mesmo intervalo.

(25)

2.5 A economia do turismo

A participação moderna do mercado turístico como gerador e multiplicador de investimentos torna-o indispensável para que os governos desenvolvam estratégias compatíveis com suas necessidades. Definindo-se economia, percebe-se claramente a estreita relação que essas duas atividades podem alcançar.

Economia é a ciência que estuda os fenômenos sociais através da alocação, produção e distribuição de bens e serviços socialmente necessários. Nas palavras de Marshal citado por Rossetti (1977, p.45), “É o estudo das condições materiais da vida em sociedade e dos motivos que levam os homens as ações que têm consequências econômicas. São seus objetos de estudo a pobreza, enquanto estudo das causas da degradação de uma grande parte da humanidade; das ações individuais e sociais ligadas a obtenção do bem estar”.

Trazendo esses conceitos para o plano do mercado de recreação, Beni faz as seguintes observações (2003, p. 65):

O turismo move-se na esfera do econômico. A conjuntura econômica é condicionante permanente de sua evolução, tanto na ordem micro quanto na macroeconômica. [...] merecem atenção os destacados efeitos econômicos que ele causa, de expressiva importância para o processo de desenvolvimento da economia e, por sua vez, dos índices sociais e do padrão de vida da população.

Compreendido dessa forma, a indústria do lazer possui influência direta sobre a socioeconomia das nações. O mercado turístico tem impacto na composição do produto agregado uma vez que os recursos alocados para o setor influenciam o consumo, os investimentos, os gastos do governo, as exportações nacionais e, consequentemente, o nível de preços.

No que se refere ao balanço internacional de pagamentos, o saldo líquido das transações correntes motivado por meio das importações de produtos destinados ao abastecimento do mercado interno é um forte componente de ingressos de capitais nas economias contemporâneas. Além do mais, o turismo também altera a balança de serviços ao expandir o fluxo de viagens internacionais entre outros.

(26)

Da mesma maneira, a arrecadação tributária direta e indireta que incide sobre a cadeia produtiva do turismo se revela determinante para o crescimento das receitas públicas. Essa atividade também se apresenta como geradora de industrialização e processos urbanizadores. De forma correspondente, estima-se que 10% da força de trabalho mundial estejam ligadas ao mercado de viagens.

Do ponto de vista da microeconomia, as atividades características do turismo mostram-se bastante heterogêneas. Geralmente, o conceito de oferta turística está correlacionado a todo o aparato disponibilizado para o provimento do mercado de viagens como os atrativos, os equipamentos e serviços, e a infraestrutura de apoio turístico. O mercado comumente se apresenta como concorrência imperfeita assumindo-se que cada componente muitas vezes interage com os demais através de estruturas próprias. É o caso dos hotéis, agências de viagens e companhias aéreas, por exemplo.

Além das consequências que o turismo causa na população economicamente ativa de uma região notadamente como grande gerador de postos de trabalho ou os impactos na renda dos governos, é preciso se destacar também os efeitos parcimoniosos que a indústria do lazer provoca nas áreas receptoras. Sobre o assunto, Cooper (2003) esclarece que a renda gasta pelos turistas espalha-se por toda a encomia atingindo toda a cadeia produtiva local de forma direta, indireta e induzida.

No primeiro caso, o efeito direto está ligado aos gastos dos visitantes menos as importações de produtos voltados para o abastecimento interno do mercado. Esse item diz respeito às unidades que trabalham absolutamente com o visitante especialmente o setor de alojamentos.

Em segundo lugar, o mercado turístico está ligado em âmbito local, regional e mesmo nacional aos demais setores produtivos adjacentes. Os estabelecimentos turísticos precisam adquirir bens e serviços de outros componentes da economia. Os efeitos indiretos ocorrem quando a renda auferida pelo mercado turístico espalha-se para outros ramos da indústria. Dessa forma, com o aumento da demanda, cresce também as relações econômicas entre o mercado turístico e os outros mercados locais promovendo a transferência de parte das receitas de um setor para o outro.

(27)

região. Sendo assim, após a captação e transferência de receitas, uma parte da renda é apropriada pelos residentes sob a forma de salários, alugueis juros e outros. Esses novos recursos disponíveis se inserem dentro da estrutura econômica da localidade proporcionando novas ondas de investimentos.

É lógico que a atividade turística trás consigo efeitos negativos como qualquer outro agente modificador das estruturas sociais e ambientais. Para Benevides (1998), os impactos negativos ocorrem principalmente no aumento da carga inflacionária, no aumento da dependência econômica de produtos não fabricados na área receptora e na degradação dos recursos naturais devido ao processo exploratório trazido pelo mercado de lazer. Some-se a isso, a descaracterização das culturas locais, os problemas relacionados à degeneração de valores sociais e o colonialismo cultural.

2.6 O turismo sustentável

O turismo já é uma realidade para a maioria das nações. A forma como os povos se relacionam com ele parece ser o verdadeiro cerne da questão. Além do mais, a experiência mostra que a atividade turística quando planejada e executada de forma correta pode mostrar-se um forte mecanismo de desenvolvimento regional capaz de amenizar o problema da exclusão social.

Obviamente, nos últimos anos varais formas de enquadrar o turismo dentro das

novas perspectivas de sociedade sustentável foram realizadas. Antes de se abordar esse tema é necessário se definir primeiro os conceitos de crescimento e desenvolvimento econômico.

Na economia moderna poucos assuntos foram tão debatidos como esses dois tópicos. Em linhas gerais, crescimento econômico quer dizer aumento de riqueza, crescimento do produto interno de uma região, enquanto desenvolvimento é um conceito muito mais complexo. Nas palavras de Serra (1995, p.31), por exemplo:

(28)

A definição de desenvolvimento econômico opõe-se a simples ideia de acumulação do capital como sugerido historicamente pelo modo de produção capitalista. Incluir as várias camadas sociais nesse novo conceito de economia não é tarefa fácil. Mesmo assim, várias ações estão sendo desenvolvidas no mundo todo como tentativa de resposta aos graves problemas sociais modernos.

Recentemente as nações unidas lançaram um programa objetivando fomentar o desenvolvimento humano nos 190 países membros. Chamado de Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, o projeto foi estruturado em torno de dezoito metas das quais podemos citar entre as mais importantes à diminuição da pobreza, o crescimento dos níveis de escolaridade, a redução da taxa de mortalidade infantil e materna, o combate à proliferação de doenças contagiosas, o aumento da quantidade de famílias com acesso a água tratada e esgotos sanitários, a integração de princípios de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade ambiental.

Naturalmente, o turismo como fenômeno social passou a ter papel fundamental em vários aspectos relacionados com esse tema. As definições de turismo sustentável para a Organização Mundial do Turismo (2003, P. 23):

O desenvolvimento do turismo sustentável atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para o futuro. É visto como um condutor ao gerenciamento de todos os recursos, de tal forma que as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural, dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos sistemas que garantem a vida.

Pearce (apud BENI 2003, p. 61), conceitua o turismo sustentável como a “Maximização e otimização da distribuição dos benefícios do desenvolvimento econômico baseado no estabelecimento e na consolidação das condições de segurança sob as quais serão oferecidos os serviços turísticos, para que os recursos naturais sejam mantidos, restaurados e melhorados”.

(29)

A ideia de desenvolvimento sustentável aplicada ao Nordeste é uma preocupação que ganha destaque cada vez maior. A capacidade de carga verificada na região contrasta com o fluxo de visitantes auferido nas décadas recentes. O problema é o uso racional do espaço disponível e o custo social dos projetos turísticos que demandam ativos cada vez mais caros para a população local. No artigo de Siqueira publicado na Revista do BNDES (2001, p. 92), temos:

A implantação de um processo de desenvolvimento em condições sustentáveis no Nordeste depende do estabelecimento de medidas para a preservação de seus vários ecossistemas, entre as quais se destacam o fortalecimento dos sistemas de informação e dos órgãos de fiscalização ambiental, a implantação de corredores ecológicos e de unidades de conservação, a constituição de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e de áreas de proteção ambiental, o apoio aos projetos de uso sustentável da fauna e da flora, a melhoria da gestão dos recursos hídricos, a ampliação das reservas estratégicas de água, as medidas para combater o processo de desertificação decorrentes de praticas agrícolas inadequadas e a melhoria dos sistemas de acompanhamento dos processos de expansão urbana, visando a redução do impacto ambiental nos entornos das cidades.

2.7 Planejamento turístico no Nordeste

A atividade turística no Brasil está umbilicalmente ligada ao setor estatal. É perceptível que sem a ajuda dos governos, em especial nos últimos anos, a infraestrutura brasileira teria avançado com bem menos vigor do que o demonstrado recentemente. A construção do que hoje chamamos de traed turístico nacional necessitou de um esforço cooperativo de governos e iniciativa privada onde esta última sempre teve papel coadjuvante.

A capacidade empreendedora dos setores particulares também merece reconhecimento, no entanto, percebe-se que a atividade turística contemporânea continua dependente da visão estratégica, dos papeis e responsabilidades dos governos como qualquer outro setor vital para as economias modernas.

Ademais, os governos atuam através de vários mecanismos e esferas de poder para atenuar ou resolver as demandas ocasionadas pelos desníveis sociais. Para Pereira (2005, p. 4), “O Estado é o instrumento de ação coletiva por excelência da sociedade. É a forma através da qual a sociedade busca alcançar seus objetivos políticos fundamentais: A ordem ou estabilidade social, a liberdade, o bem-estar, e a justiça social”.

(30)

que a compõem. Para Souza (2006, p.26), “políticas públicas, após desenhadas e formuladas, desdobram-se em planos, programas, projetos, bases de dados ou sistema de informações e pesquisas. Quando postas em ação, são implementadas, ficando daí submetidas a sistemas de acompanhamento e avaliação”.

As políticas públicas de turismo, de forma geral, seguem as mesmas definições. Para Beni (2003, p.101), as linhas da PPT arranjam-se como o “conjunto de fatores condicionantes e de diretrizes básicas que expressam os caminhos para atingir os objetivos globais para o turismo do país; determinam as prioridades da ação executiva, supletiva ou assistencial do estado; facilitam o planejamento das empresas do setor quanto aos empreendimentos e as atividades mais suscetíveis de receber apoio estatal”.

As políticas públicas de turismo lançadas no Nordeste nos anos recentes está inserida fundamentalmente a dois fatores básicos. A tentativa de combater as desigualdades regionais brasileiras foi à primeira causa desencadeadora desse processo. Em segundo lugar, a chamada internacionalização da economia passou a exigir a entrada de novos componentes no cenário mundial.

Nos últimos séculos o desempenho socioeconômico verificado entre os nordestinos tornou essa região uma espécie de problema crônico para o país não só pelos desastrosos índices de desenvolvimento demonstrados como também pela sua aparente falta de capacidade para resolvê-los.

Segundo números fornecidos pelo Banco do Nordeste do Brasil (2011), em 2007, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da população nordestina era o mais baixo do país ficando em torno de 0,749 enquanto nas regiões mais ricas essa marca ficava acima de 0,83.

De maneira similar, em 2008, o Produto Interno Bruto per capita do Brasil era de 15990 Reais enquanto no Nordeste esses valores foram da ordem de 7448. Em termos de comparação, isso quer dizer que uma pessoa residente nessa região dispunha de menos da metade da renda média disponibilizada pelo universo de moradores de outras localidades.

(31)

23% das pessoas pesquisadas foram consideradas pobres. Todavia, os dados mostram que entre a população nordestina essa relação chegou 42%.

A pesquisa também demonstrou que o estoque de educação no Nordeste é preocupante. A quantidade de analfabetos (pessoas de dez anos ou mais) supera em muito a média nacional. Constatou-se que 17,7% dos nordestinos eram analfabetos naquele ano. No Brasil, essa proporção foi de 9,2%, enquanto isso, no sul do país, a amostra revelou que apenas 5% da sociedade não sabiam ler nem escrever.

Da mesma forma, os padrões sanitários regionais estão bem longe de atender as necessidades da população. Tomando-se como exemplo a taxa de mortalidade infantil ocorrida na região, percebe-se o fosso que ainda separa os meninos e meninas nordestinos das demais crianças brasileiras.

Em 2009 a parcela de crianças nascidas vivas que não atingiram um ano de idade no território brasileiro foi 22,5‰. No Nordeste, a situação foi ainda pior, do total de nascimentos ocorridos naquele ano, 33,2‰ dos lactentes não completaram o primeiro aniversário. No conjunto dos estados da região Sul a quantidade de óbitos ficou em 15,1‰ e no Sudeste essa relação atingiu 16,6 para cada grupo de mil crianças nascidas vivas.

Certamente, é desnecessário dizer que o homem no Nordeste vive menos. A esperança de vida ao nascer dos residentes locais era de 70,4 anos em 2009. Nessa data, no entanto, a expectativa de um morador do Sudeste era de 74,6, assim como no Sul, as pessoas viviam em média cinco anos a mais.

Apesar dos fatos, nas décadas recentes algumas tentativas de incluir a região Nordeste ganharam folego em nível nacional. Oliveira e Sousa (2006, p. 111), citam o trabalho realizado pelo economista Celso Furtado e o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN) como um dos esforços mais importantes para o planejamento estratégico da região. Entre outros, o estudo receitava como alternativa para o desenvolvimento regional um consistente processo de industrialização. Mas não era só isso, o GTDN previa ainda:

(32)

substituição de importações, reestruturar a propriedade do semi- árido e estimular relações capitalistas no campo a promover a agricultura comercial e reduzir a de subsistência.

Da mesma maneira, Para Ferreira (2006, p. 49), por exemplo, a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), a qual resultou do trabalho de Celso Furtado, durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek, foi um dos primeiros passos adotados pelo governo federal nesse sentido:

A partir da década dos anos de 1960, com a criação da superintendência de desenvolvimento do nordeste (Sudene), em 1959, foi levado a cabo um projeto de planificação econômica e social cujo conteúdo explicitado no discurso visava desarraigar as condições determinantes da miséria avassaladora de parte substancial da população nordestina, tanto rural quanto urbana.

Todavia, a edificação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste não atingiu os objetivos planejados. As condições políticas e administrativas parecem ter sido determinantes para os resultados insuficientes que foram auferidos. Mesmo assim, a SUDENE é um símbolo vigoroso para o planejamento estratégico da região Nordeste.

O estudo da economia nordestina é assunto bastante complexo e não é objetivo deste trabalho abordá-lo aqui. No entanto, é incluso nessa conjuntura que se inserem as novas estratégias de planejamento para o turismo nessa região. Ou de outra forma, a atividade turística passou a ser encarada pelas elites políticas e empresariais como uma das variáveis capazes de redimir uma parte dos problemas nordestinos.

Os governos estaduais, com a participação e coordenação da presidência da república, procuraram estimular o mercado de lazer baseado na oferta de sol e mar e na capitalização financeira dos territórios litorâneos. Algumas das soluções propostas previam a melhoria do gerenciamento governamental e a captação de investimentos internacionais.

(33)

Os Investimentos visavam aumentar a extensão da rede hoteleira na região e prover o Nordeste de uma infraestrutura condizente com as novas necessidades do turismo moderno. Ainda conforme a autora, essa proposta esta em consonância com o modelo de indústria turística internacional o qual possui características tais como a criação de infraestrutura, condições de habitabilidade, energia, comunicação entre outras. Junte-se a isso também, a adaptação do mercado de trabalho e a ampliação da participação do estado em funções como gerador de credito e segurança, por exemplo.

Conforme Cruz (2000), o modelo dos Megaprojetos adotado no Nordeste foi baseado no exemplo de Cancun, no México. Percebe-se, no entanto, que apenas os estados do Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba, Bahia e Pernambuco fizeram opção por este modelo de empreendimento. Os principais fatores condicionantes foram à carência de infraestrutura adequada e a falta de condições de atendimento da demanda potencial verificada.

Os megaempreendimentos apresentaram durante a sua execução características tais como a forte participação dos agentes públicos, o grande deslocamento de recursos para o setor de hotelaria e o uso de espaços concentrados como forma de melhorar a capacidade gerencial financeira e a diminuição de custos operacionais da iniciativa privada.

Já o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste foi confeccionado como uma politica complementar às construções hoteleiras. Conforme os argumentos de Cruz (2000, p. 11):

O PRODETUR NORDESTE, ao contrário da política de megaempreendimentos, foi instituído por diploma legal e abarca todos os estados da região. Trata-se de uma política de turismo que faz às vezes de uma política urbana, pois se restringe à criação de infraestrutura urbana em localidades consideradas, pelos respectivos estados envolvidos, relevantes para o desenvolvimento do turismo regional. O PRODETUR surge, no inicio da década de 1990, com um caráter de complementariedade à politica de megaprojetos.

(34)

Para Benevides (1998, p. 48), o Nordeste insere-se em um paradigma de turismo mundial onde as economias industrializadas passaram a consumir esse produto de uma forma calcada em novos valores socioeconômicos:

esse redescobrimento e essa revalorização podem ser compreendidos por uma nova função que essas regiões tropicais têm no sistema mundo. Diante da predominância de uma sociedade do trabalho e do ócio bem remunerado, o hemisfério Norte passa a estabelecer uma nova simbiose com o hemisfério Sul. Esta reside no fato de que, face à intensificação do modelo consumista, à aceleração da entropia, à degradação ambiental, à insegurança, à mesmice e ao medo nas grandes metrópoles, urge preservar os paraísos tropicais.

É perceptível, com tudo, que esse novo turismo estava muito mais estruturado em termos ideológicos do que calcado na realidade. O incremento do fluxo turístico na América Latina trouxe consigo vários fatores negativos como a prostituição infantil, a violência, o tráfico de drogas e a degradação ambiental para citar apenas alguns.

Bernal (2006, p. 323) afirma que “o padrão de desenvolvimento adotado no Nordeste, que prioriza o turismo de lazer, com o apoio do BID e de outras instituições multilaterais, vem contribuindo para o crescimento econômico, porém com o endividamento dos Estados do Nordeste e para o agravamento das desigualdades sociais, tendo como consequência o aumento da pobreza e da marginalidade urbana”.

No mesmo trabalho a professora elenca ainda uma série de problemas associados às politicas de turismo na região. Entre eles os parcos resultados alcançados pelo turismo no que se refere ao mercado de trabalho devido à baixa capacidade de absorção da atividade nos setores menos especializados do mercado.

Em segundo lugar, o turismo de lazer veio acompanhado de uma reordenação espacial que contribuiu fortemente para o deslocamento das comunidades nativas e a exploração dos moradores através da segregação social e da especulação imobiliária. Conforme a pesquisadora, as comunidades formadas por indígenas e quilombolas não participaram como agentes ativos das decisões adotadas além de terem sofridos impactos socioambientais graves.

(35)

Para finalizar, recorre-se mais uma vez ao trabalho de Cruz (2000, p.11). A pesquisadora afirma que do ponto de vista nacional as políticas nordestinas assumem ainda o viés econômico onde as ações desenvolvidas pelo setor público não atingem as esferas mais profundas da sociedade:

Política de megaprojetos e Prodetur – NE traduzem o objetivo comum dos poderes públicos estaduais (dos estados que compõem a região) e do poder público federal de promover o desenvolvimento regional, minimizando desigualdades econômicas inter-regionais, por meio do turismo. Os „recursos naturais turísticos‟ da Região, que

correspondem a expectativas de parte significativa dos fluxos turísticos contemporâneos, associadas ao binômio sol-mar, são tomados como estratégias do discurso e da ação política. A natureza hostil do sertão nordestino contrapõe-se, em se tratando de turismo, à natureza paradisíaca do litoral da região. Se de um lado essa natureza é problema, de outro configura-se como solução. Mais uma vez, de qualquer modo, é a natureza que está orientando as políticas regionais de desenvolvimento para o Nordeste. Esse paradigma naturalista permeia as politicas de turismo no Nordeste, perpetuando uma historia antiga e malfadada de desenvolvimento regional, apoiados em estratégias que tomam a natureza ora como problema ora como solução dos problemas regionais e desconsidera necessárias alterações na estrutura socioeconômica regional como condição sine qua non para qualquer possível desenvolvimento.

(36)

3. FONTE DE DADOS E METODOLOGIA

3.1 Fonte de dados

Como parte do PRODETUR NORDESTE I, BNB (2005), o subcomponente saneamento foi estruturado visando melhorar os serviços de abastecimento de agua e tratamento de esgotos nas áreas abrangidas pelo programa. O objetivo principal era aumentar concomitantemente o consumo de agua potável e o esgotamento sanitário entre os moradores dessas regiões através de captação de agua, poços, adutoras, estações de tratamento, reservatórios de distribuição, ligações domiciliares com medição, bombas e outros equipamentos de tratamento e manutenção.

Este trabalho compõe-se de uma pesquisa documental descritiva onde se optou pelo processo de levantamento e observações. Como base de estudos, foram utilizados os relatórios finais contendo todos os indicadores referentes à implantação do Programa para o Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR NORDESTE I). As informações selecionadas foram extraídas dos arquivos do Banco do Nordeste do Brasil, a saber:

a) Relatório um: Relatório Final de Projeto. Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste, primeira fase. Memorando do Banco do Nordeste do Brasil. Órgão executor.

b) Relatório dois: Relatório Final de Projeto. Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste, primeira fase. Anexos do Memorando do Executor.

Como fonte secundária foram utilizados três trabalhos disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. Dessa vez foram escolhidos os seguintes documentos:

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2001.

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2009.

(37)

3.2 Metodologia

Essa seção pode ser dividida em duas partes. No primeiro momento buscou-se averiguar a recente evolução da infraestrutura sanitária do Brasil ocorrida no período compreendido entre os anos de 2001 e 2008. Monitorou-se a oscilação da oferta de distribuição de água canalizada e de coleta de esgotos observando-se a proporção de unidades domiciliares que são atendidas com esses serviços.

Foram analisadas as condições de saneamento nas grandes regiões do Brasil levando-se em consideração a forma como o tecido sanitário se distribui nacionalmente, e de forma especial, no Nordeste do país. Esses dados servem como base de comparação com a infraestrutura auferida pelo PRODETUR NORDESTE no litoral brasileiro.

Na última parte tratou-se especificamente do PRODETUR NORDESTE I. Procurou-se medir a proporção dos investimentos alocados para o sistema sanitário tendo como níveis de avaliação a quantidade de equipamentos destinados para cada subsetor incluído no programa. Para tanto, o levantamento utilizou-se dos seguintes expedientes de aferição:

A. Água encanada

Expansão da rede de distribuição

Expansão da rede de adutoras

Quantidade de estações de tratamento instaladas

Quantidade de ligações domiciliares efetivadas.

B. Rede de esgotos:

Expansão da rede coletora

Expansão da rede de emissários e interceptores

Quantidade de estações de tratamento de esgoto construídas

Número de ligações realizadas em domicílios.

(38)

QUADRO 1- FATORES DE AVALIAÇÃO

SANEAMENTO BÁSICO Conjunto de ações com o objetivo de alcançar níveis crescentes de salubridade ambiental, nas condições que maximizem a promoção e a melhoria das condições de vida dos meios urbanos e rural, compreendendo o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo das águas pluviais e o manejo dos resíduos sólidos.

ABASTECIMENTO DE

ÁGUA A provisão desse bem através de rede geral ou outra forma (água proveniente de chafariz, bica, mina, poço particular, carros pipas, cisternas cursos d‟água etc.). REDE DE DISTRIBUIÇÃO

DE ÁGUA

Conjunto de tubulações interligadas, instaladas ao longo das vias públicas ou nos passeios, junto aos edifícios, conduzindo a água aos pontos de consumo (moradias, escolas, hospitais etc.).

REDES DE ADUTORAS Tubulações para o transporte de água, que geralmente se estendem da captação até as estações de tratamento e reservatórios. Podem ser de água bruta ou tratada. No primeiro caso, o produto é proveniente de uma fonte de abastecimento, antes de receber qualquer tratamento. No segundo, a água é submetida a um tratamento prévio através de processos físicos, químicos ou biológicos com a finalidade de torna-la apropriada ao consumo humano.

ESTAÇAO. DE

TRATAMENTO DE ÁGUA

Conjunto de instalações e equipamentos destinados ao tratamento de água bruta. Compõe-se, basicamente, de casa química, e pelo menos de uma dessas etapas de tratamento: floculadores, decantadores, filtros, correção de PH, desinfecção ou cloração, e fluoretação. REDE COLETORA DE

ESGOTOS

Conjunto de canalizações que operam por gravidade e que tem a finalidade de coletar os despejos domésticos e especiais a partir de ligações prediais ou de outros trechos de redes encaminhados a interceptores local de tratamento ou lançamento final.

EMISSÁRIOS Canalizações edificadas sob a água de rios ou mares. Com o objetivo de conduzir os detritos para longe das margens e praias.

INTERCEPTORES Canalizações que operam por gravidade e que tem por finalidade a coleta de despejos domésticos e especiais da comunidade, exclusivamente a partir de outros trechos de redes, encaminhando-os ao local de tratamento ou lançamento final.

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

Conjunto de instalações e equipamentos destinados a realizar o tratamento de esgotos produzidos. Basicamente, são compostos de grade, caixa de areia, decantador primário, lodo ativado e/ou filtro biológico, decantador secundário e secagem de lodo proveniente de decantadores.

(39)

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Considerações iniciais

Para a melhor compreensão da importância do PRODETUR NORDESTE I como uma política de turismo e seus efeitos sobre a o nível de vida das comunidades locais, é importante observar o desempenho da região Nordeste com relação aos setores de abastecimento de água e coleta de esgotos ocorrido nos últimos anos de forma geral. É inegável que o Nordeste brasileiro começou a obter alguns indicadores importantes com relação a sua infraestrutura sanitária.

Conforme dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (2008), realizada pelo IBGE, a cobertura de água nos municípios brasileiros oscilou positivamente em comparação com 2001. O avanço na estrutura sanitária ocorreu notadamente no litoral brasileiro. Foi nas localidades com maior número de moradores que esse serviço apresentou os maiores índices de crescimento.

A variação mais expressiva aconteceu nas cidades com populações acima de quinhentos mil habitantes. Da mesma forma, nas localidades onde o número de moradores situava-se na faixa compreendida entre cem mil e meio milhão de habitantes o alcance atingiu índices superiores aos observados nos municípios com menos de cinquenta mil pessoas.

Esse fato se explica provavelmente pela dificuldade em se atingir os municípios com menor densidade demográfica nos quais geralmente se encontram localizadas as comunidades rurais do Brasil. somem-se a isso a dispersão dos distritos e a distância entre os domicílios o que restringe a atuação dos investimentos.

Esse tipo de assimetria também é perceptível quando são correlacionados os dados das grandes regiões brasileiras. O capital sanitário instalado no Nordeste e Norte do Brasil permanece aquém dos números verificados entre as áreas mais ricas do país. Fatos como esse apontam mais uma vez para o problema da desigualdade social e geográfica existente nacional e regionalmente.

(40)

praticamente nove milhões de unidades domiciliares não utilizavam água canalizada ligada diretamente a rede geral de abastecimento.

Da mesma maneira, mais da metade das unidades domiciliares não utilizava canalização ligada a um desaguadouro geral como forma de coleta de esgotos, Servindo-se de maneiras alternativas de captação. Nesse caso, percebe-se que o uso de fossas rudimentares ainda é uma realidade para muitas famílias brasileiras.

TABELA 5 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO BRASIL - 2001

SITUAÇÃO DOMICÍLIOS ATÉ UM SALÁRIO* M.V SALÁRIOS**

TOTAL 46507196 5425378 2299136

C. CANALIZAÇÃO INTERNA 40610016 3331983 2292836 REDE GERAL 36195214 2831469 2177374

OUTRO 4413429 500514 115462

SEM DECLARAÇÃO 1373 . .

S. CANALIZAÇÃO INTERNA 5897180 2093395 6300

REDE GERAL 1507893 487214 1366

OUTRO 4384169 1605615 4934

SEM DECLARAÇÃO 5118 566 .

FONTE; PNAD, 2001. * ATÉ UM SALÁRIO MÍNIMO; ** MAIS DE VINTE SALÁRIOS MÍNIMOS

O acesso à água tratada é um forte indicativo de desenvolvimento sustentável. Entre os setores que integram o sistema sanitário esse, sem dúvida, é o mais importante. Segundo avaliação da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2012), a qualidade da água potável é um poderoso determinante ambiental para a saúde da comunidade.

De acordo com os dados, cerca de um bilhão e cem milhões de pessoas no mundo não tem acesso às fontes melhoradas de abastecimento de água. Esse problema atinge principalmente as populações dos países em fase de desenvolvimento que vivem em condições extremas de pobreza. Geralmente, o maior contingente de excluídos está localizado nas periferias urbanas e nas zonas rurais.

Imagem

TABELA 1  –  TURISMO NO MUNDO
TABELA 2 - TURISMO INTERNACIONAL POR REGIÕES - MILHÕES DE DESEMBARQUES  ANOS   ÁFRICA  AMÉRICAS   A
TABELA 3  –  RECEITAS CAMBIAIS (BILHÕES DE DÓLARES)
TABELA 4  –  TURISMO NO BRASIL
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