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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Considerações iniciais

Para a melhor compreensão da importância do PRODETUR NORDESTE I como uma política de turismo e seus efeitos sobre a o nível de vida das comunidades locais, é importante observar o desempenho da região Nordeste com relação aos setores de abastecimento de água e coleta de esgotos ocorrido nos últimos anos de forma geral. É inegável que o Nordeste brasileiro começou a obter alguns indicadores importantes com relação a sua infraestrutura sanitária.

Conforme dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (2008), realizada pelo IBGE, a cobertura de água nos municípios brasileiros oscilou positivamente em comparação com 2001. O avanço na estrutura sanitária ocorreu notadamente no litoral brasileiro. Foi nas localidades com maior número de moradores que esse serviço apresentou os maiores índices de crescimento.

A variação mais expressiva aconteceu nas cidades com populações acima de quinhentos mil habitantes. Da mesma forma, nas localidades onde o número de moradores situava-se na faixa compreendida entre cem mil e meio milhão de habitantes o alcance atingiu índices superiores aos observados nos municípios com menos de cinquenta mil pessoas.

Esse fato se explica provavelmente pela dificuldade em se atingir os municípios com menor densidade demográfica nos quais geralmente se encontram localizadas as comunidades rurais do Brasil. somem-se a isso a dispersão dos distritos e a distância entre os domicílios o que restringe a atuação dos investimentos.

Esse tipo de assimetria também é perceptível quando são correlacionados os dados das grandes regiões brasileiras. O capital sanitário instalado no Nordeste e Norte do Brasil permanece aquém dos números verificados entre as áreas mais ricas do país. Fatos como esse apontam mais uma vez para o problema da desigualdade social e geográfica existente nacional e regionalmente.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, PNAD, (2001), naquele ano o Brasil contava com 46507196 domicílios permanentes, dos quais

praticamente nove milhões de unidades domiciliares não utilizavam água canalizada ligada diretamente a rede geral de abastecimento.

Da mesma maneira, mais da metade das unidades domiciliares não utilizava canalização ligada a um desaguadouro geral como forma de coleta de esgotos, Servindo-se de maneiras alternativas de captação. Nesse caso, percebe-se que o uso de fossas rudimentares ainda é uma realidade para muitas famílias brasileiras.

TABELA 5 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO BRASIL - 2001

SITUAÇÃO DOMICÍLIOS ATÉ UM SALÁRIO* M.V SALÁRIOS**

TOTAL 46507196 5425378 2299136 C. CANALIZAÇÃO INTERNA 40610016 3331983 2292836 REDE GERAL 36195214 2831469 2177374 OUTRO 4413429 500514 115462 SEM DECLARAÇÃO 1373 . . S. CANALIZAÇÃO INTERNA 5897180 2093395 6300 REDE GERAL 1507893 487214 1366 OUTRO 4384169 1605615 4934 SEM DECLARAÇÃO 5118 566 .

FONTE; PNAD, 2001. * ATÉ UM SALÁRIO MÍNIMO; ** MAIS DE VINTE SALÁRIOS MÍNIMOS

O acesso à água tratada é um forte indicativo de desenvolvimento sustentável. Entre os setores que integram o sistema sanitário esse, sem dúvida, é o mais importante. Segundo avaliação da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2012), a qualidade da água potável é um poderoso determinante ambiental para a saúde da comunidade.

De acordo com os dados, cerca de um bilhão e cem milhões de pessoas no mundo não tem acesso às fontes melhoradas de abastecimento de água. Esse problema atinge principalmente as populações dos países em fase de desenvolvimento que vivem em condições extremas de pobreza. Geralmente, o maior contingente de excluídos está localizado nas periferias urbanas e nas zonas rurais.

Quase todos os países pobres ainda enfrentam epidemias. Problemas como a cólera, esquistossomose e a malária são algumas das enfermidades que afetam essas comunidades. Conforme essa entidade, a cólera continua sendo uma ameaça global e um dos principais indicadores de desenvolvimento social. Ela é um desafio para as nações onde o saneamento e a água potável não podem ser garantidos.

Neste momento é necessário se observar a estreita relação existente entre a renda dos moradores e o acesso aos mecanismos de saneamento básico no Brasil. Essa discussão é de suma importância tendo em vista que, como já citado em capítulo anterior, o Nordeste brasileiro apresenta os piores indicadores econômicos do país.

Os números demonstram que entre a população com renda de até um salário mínimo, a quantidade de domicílios com acesso a rede geral de distribuição de água alcançava algo em torno de 61,1% do total. Da mesma maneira, apenas 3,3 milhões de residências possuem água canalizada para algum cômodo da casa.

Estudando-se as condições dos domicílios com renda superior a vinte salários, percebe-se que essa taxa passa para 94,7%. A parcela de moradias com canalização interna estava acima 99%. Em outras palavras, é notório o grau de exclusão social que ainda atinge os setores mais frágeis economicamente do país.

TABELA 6 – ESGOTAMENTO SANITÁRIO NO BRASIL - 2001

SITUAÇÃO DOMICÍLIOS ATÉ UM SALÁRIO* M.V SALÁRIOS**

TOTAL 46507196 5425378 2299136 TINHAM 42953441 4021731 2294556 REDE COLETORA 21120574 1229021 1697666 FOSSA SÉPTICA 9924891 755127 471999 OUTRO 11902004 2037583 124082 SEM DECLARAÇÃO 5972 . 809 NÃO TINHAM 3552590 1403647 4580 SEM DECLARAÇÃO 1165 . .

FONTE; PNAD, 2001. * ATÉ UM SALÁRIO MÍNIMO; ** MAIS DE VINTE SALÁRIOS MÍNIMOS

Quando se observam os dados referentes à coleta e tratamento de esgotos a situação não é diferente. As análises da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2012) afirmam que 2,4 bilhões de seres humanos não possuem acesso a qualquer tipo de instalação de saneamento básico. Mas uma vez percebe-se que as comunidades em situação de pobreza são as principais vítimas desse processo.

No caso brasileiro, a tabela seis revela que maior parte das residências possuía alguma forma de mecanismo de tratamento de resíduos. No entanto, do universo de lares que tinham saneamento, somente 45,4% estavam conectadas a rede coletora e 21,3% usavam fossas sépticas como forma de armazenamento dos detritos.

Percebe-se ainda pela tabela seis que aproximadamente onze milhões de domicílios brasileiros não faziam uso de nenhuma das formas citadas anteriormente. A situação das famílias sem acesso a qualquer tipo de tratamento sanitário chama a atenção. Em 2001, eram três milhões e meio de unidades habitacionais que não possuíam sistemas de captação de dejetos.

Verifica-se que um milhão e quatrocentos mil moradias com rendimentos de até um salario mínimo não tinham acesso a esgotamento sanitário. Da mesma forma, dois milhões utilizava-se de maneiras alternativas, ou seja, não contavam com sistema coletor ou fossas adequadas. Entre os moradores com rendas acima de vinte salários mínimos a cobertura sanitária atingia 99,8%. O emprego de malha coletora ou utensílios com melhores condições de promover a assepsia dos terrenos erram utilizados em 94,5%do universo das habitações contempladas.

Essa discussão ganha contornos mais dramáticos quando são analisados à utilização de banheiros ou sanitários pela população brasileira. Esse é um indicador bastante importante nesse contexto. Nas camadas inferiores da sociedade, mais de um milhão e quatrocentos mil unidades habitacionais eram desprovidas desse tipo de equipamento. Os lares do segundo grupo social, por sua vez, encontravam-se perto da universalização do uso esses bens.

Pelo gráfico um nota-se que no período compreendido entre os anos de 2001 e 2008 o abastecimento de água advinda diretamente da rede geral passou de 81,1% para 83,9%. Isso equivale à inclusão de milhões de domicílios brasileiros. Por razões óbvias, a Região sudeste acumula a maior taxa de capacidade instalada. São Paulo detém o melhor percentual somando mais de 96% de cobertura.

Observa-se ainda que as variações mais significativas ocorreram nas regiões Nordeste e Centro Oeste. Os nordestinos ampliaram o seu estoque passando de 69,2%para78% de unidades habitacionais atendidas. Entre os moradores do Centro Oeste a proporção dilatou-se de 75,5% para 81,3%.

No caso específico dos nordestinos, (PNDA, 2008), somente os estados de Sergipe e Rio Grande do Norte superaram a taxa média nacional com os índices de 88,5% e 87,9% respectivamente. De maneira divergente, Piauí, Maranhão e Alagoas obtiveram as piores taxas de capital sanitário instalado. O primeiro finalizou 2008 com

69,2%,o segundo com 69,9% e os alagoanos dispunham de 73,8%de moradias atendidas.

GRÁFICO 1 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR REDE GERAL – 2001, 2008

FONTE: PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIOS (PNAD). 2001; 2008

Certamente, esses resultados se refletem diretamente no padrão de vida da sociedade. De acordo com os Indicadores Socioeconômicos do Nordeste (BNB, 2011), em 2007 o Índice de Desenvolvimento Humano dessas unidades federativas eram os piores da região. Alagoas, por exemplo, auferira 0,722, mas a média regional era de 0,749 e, no Brasil, esse indicador alcançava 0,816.

Esses dados também sugerem aspectos importantes entre os estados com os maiores produtos internos brutos. O uso de rede de abastecimento de água ainda exclui 19,3% dos cearenses. Da mesma maneira, Pernambuco registra 23% de unidades habitacionais sem acesso a esse tipo de consumo. Na Bahia, a relação de excluídos chegou a 20,4%.

Os recursos sanitários aumentaram em todas as regiões do Brasil. O gráfico dois mostra que a quantidade de residências ligadas diretamente à rede de coletaoscilou de 45,4% para 52,5%nessa fase. Mesmo assim, a estrutura disponibilizada ainda se mostra aquém das grandes necessidades da população, principalmente nas áreas mais vulneráveis do país. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 BR N NE SE S CO 2001 2008

Esses números trazem à tona aspectos interessantes. Percebe-se que mesmo nas áreas mais desenvolvidas a coleta de esgotos ainda é um problema grave. Conforme ainda os dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (PNAD,2008) em 2008 aproximadamente metade dos lares situados na região Centro Oeste usava fossas rudimentares como forma de tratamento sanitário. No Nordeste e no Norte essa relação era de 29,4% e 28% nessa ordem.

GRÁFICO 2 - ESGOTAMENTO SANITÁRIO POR REDE GERAL – 2001, 2008

FONTE: PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIOS (PNAD). 2001; 2008

Ressalte-se, contudo, que nas duas últimas áreas citadas aumentou a parcela de moradias com acesso a fossas sépticas. Entre os nordestinos, por exemplo, do universo de unidades habitacionais existentes em 2001, algo em torno de 21%utilizavam esses equipamentos. No último ano pesquisado, 2008, essa fração havia subido para 22,9%.

A necessidade de intervenções torna-se mais evidente quando são observadas as condições sanitárias da sociedade nordestina de forma particular. Piauí, Alagoas e Maranhão contavam em 2008 com apenas 2,8%, 13,1% e 13,4% de moradias conectadas a rede geral. Da mesma maneira, o uso de fossas sépticas com alguma espécie de tratamento ou canalização para desaguadouros era utilizado por menos de 7% do conjunto de domicílios desses estados.

Nas áreas mais ricas da região a situação também é preocupante. Na Bahia, apenas 45,3%das moradias contavam com rede de coleta, enquanto 1,5% dispunham de

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 BR N NE SE S CO 2001 2008

fossas sépticas. No estado do Ceará, as mesmas variáveis atingiam 29,9% e 3,4%. Pernambuco auferia 42,4 e 3,6 por cem unidades domiciliares respectivamente.

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