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Bens Públicos. Vejamos o que dispõe o enunciado 287 da IV Jornada de Direito Civil da Justiça Federal sobre o tema:

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Bens Públicos

Inicialmente cabe ressaltar que o critério utilizado pelo legislador para classificação dos bens públicos foi o da titularidade, ou seja, os bens de titularidade das pessoas de direito público são públicos; os bens pertencentes às pessoas de direito privado são considerados privados.

Esse critério é conhecido como subjetivo, adotado pelo Código Civil e por grandes doutrinadores, como Carvalho Filho e Alexandre Aragão. Outra corrente, denominada de material considera que além dos bens integrantes das pessoas de direito público, também seriam considerados bens públicos aqueles integrantes das pessoas jurídicas de direito privado afetados à prestação de serviços público.

Apesar de não ter sido adotada pelo Código Civil, em alguma situações é adotada pela jurisprudência, ao afastar penhora sobre pessoas jurídicas de direito privado, inclusive as concessionárias e permissionárias, que estiverem vinculados à prestação do serviço público sofrerão a incidência de algumas limitações inerentes aos bens públicos.

Vejamos o que dispõe o enunciado 287 da IV Jornada de Direito Civil da Justiça Federal sobre o tema:

“O critério da classificação de bens indicado no art. 98 do Código Civil não exaure a enumeração dos bens públicos, podendo ainda ser classificado como tal o bem pertencente à pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à prestação de serviços públicos”.

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Domínio Eminente x Domínio Patrimonial:

De acordo com Rafael Oliveira, domínio eminente é a prerrogativa decorrente da soberania ou da autonomia federativa que autoriza o Estado a intervir, de forma branda (ex.: limitações, servidões etc.) ou drástica (ex.: desapropriação), em todos os bens que estão localizados em seu território, com o objetivo de implementar a função social da propriedade e os direitos fundamentais.

Vale ressaltar que o domínio eminente pode ser exercido sobre bens públicos, privados ou adéspotas (bens de ninguém). O Domínio Patrimonial, por outro lado, de acordo com Rafael, refere-se ao direito de propriedade do Estado, englobando todos os bens das pessoas estatais, submetidos ao regime jurídico especial de Direito Administrativo.

Aos bens públicos também é aplicável o princípio da função social da propriedade. Obviamente, os bem de uso comum e especial já possuem forte função social, visto que afetados a finalidade pública.

Por outro lado, os bens públicos dominicais possuem um cumprimento diferencial da função social, visto que não são afetados ao serviço público. Neste sentido, vejamos alternativa considerada CORRETA pela Vunesp:

A eles se aplica o princípio da função social da propriedade, em grau diferenciado, em relação aos bens dominiais.

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Afetação: De acordo com as lições do ilustre Professor Rafael Oliveira, a afetação é a atribuição de utilização pública de determinado bem. Os bens públicos afetados são os de uso comum do povo e de uso especial.

Vale ressaltar que a afetação pode ocorrer de diferentes maneiras, tais como: a) mediante lei; b) mediante ato administrativo e c) por meio de um fato administrativo.

Por outro lado, a desafetação é a perda da finalidade pública do bem, que pode ocorrer, à semelhança da afetação, por meio de lei; ato administrativo ou fato administrativo.

Assim, podemos concluir que tanto a afetação como a desafetação podem ser expressas ou tácitas. Quando forem formais, devem respeitar o princípio da simetria e hierarquia dos atos administrativos.

Importante saber o alerta que Rafael leciona em sua obra:

“A afetação e a desafetação não podem decorrer da utilização ou não de determinado bem público pelos administrados. Portanto, a passagem de veículos por bem dominical não o transforma em rua (bem de uso comum do povo) e a ausência de visitantes no museu público não lhe retira o caráter de bem público de uso especial, transformando-o em dominical”.

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Vunesp - Poá: “Quando um bem público é desativado, deixando de servir à finalidade pública anterior. Trata do seguinte instituto de Direito Administrativo: desafetação”.

Classificação dos bens públicos: Seguindo as classificações adotadas pelo Código Civil, temos o seguinte:

Art. 99. São bens públicos:

I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;

III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.

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Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.

Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

(CESPE - DP-DF) É possível a instituição de taxa para a utilização de bem de uso comum do povo. R: Correto!

(PGE/SP) Apenas bens imóveis podem ser apontados como bens de uso comum do povo. R: Falso! Exemplo dado pela doutrina: Obras de arte de titularidade do Estado. De acordo com a PUC/SP :1

Como bens de uso, tais objetos, móveis ou imóveis, devem ser compulsoriamente geridos como meios de satisfação direta de necessidades da coletividade. Trazendo-se tal noção para o campo dos bens públicos, é possível sustentar que a Administração Pública não deve estocá-los, vedar sua função

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primária de ser usado por alguém, nem mantê-los em seu patrimônio somente para fins especulativos ou de mero investimento. O não usar é omissão incompatível com o desejo do legislador.

Características dos bens públicos:

1) Alienabilidade condicionada: Significa que para ocorrer sua alienação, depende do cumprimento dos seguintes requisitos: a) desafetação dos bens públicos; b) justificativa; c) avaliação prévia (importante para fixar o valor dos bens) e d) licitação - concorrência para os bens imóveis, salvo as exceções citadas no art. 19, III, da Lei 8.666/1993,12 e leilão para os bens móveis (as hipóteses de licitação dispensada para alienação de bens imóveis e móveis encontram-se taxativamente previstas no art. 17, I e II, da Lei 8.666/1993) (Rafael Oliveira).

Importante!! Quando estivermos diante de bens imóveis, é preciso que exista também autorização legal!

Importante 2! Embora a regra seja a alienabilidade condicionada, temos duas hipóteses em que há indisponibilidade absoluta:

a) terras devolutas necessárias à preservação do ecossistema e

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(CESPE - TJ/PA) “terras públicas não incorporadas a patrimônio particular e que não estejam afetadas a qualquer uso público”. R: Correto! Essa foi a definição utilizada pela CESPE para as terras devolutas.

2) Impenhorabilidade: De acordo com Rafael Olivera: “Os bens públicos são impenhoráveis. A penhora pode ser definida como ato de apreensão judicial de bens do devedor para satisfação do credor”.

Justificativa para tanto: a continuidade dos serviços públicos e cumprimento dos requisitos legais para alienação. Vale ressaltar também que o pagamento dos débitos do Poder Público é realizado por meio de Precatório e RPV.

Atenção! Impenhorabilidade dos bens públicos dominicais - Carvalho Filho:

É bem verdade que há alguma doutrina que advoga a penhorabilidade de bens públicos dominicais, quando

estiverem sendo utilizados em caráter privado. Semelhante posição, contudo, além de minoritária, não encontra ressonância no ordenamento jurídico vigente; ao contrário, esbarra no princípio da garantia dos bens públicos, independentemente da categoria a que pertençam. O fato de serem objeto de uso por particulares, por se caracterizarem como bens dominicais, não elide a sua garantia, já que esse tipo de uso se insere na gestão normal dos bens públicos levada a efeito pelos entes titulares.

Atenção! O administrador público está autorizado por lei a valer-se do desforço imediato sem necessidade de autorização judicial, solicitando, se necessário, força policial, contanto que o faça preventivamente ou logo após a invasão ou

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ocupação de imóvel público de uso especial, comum ou dominical, e não vá além do indispensável à manutenção ou restituição da posse (art. 37 da Constituição Federal; art. 1.210, § 1º, do Código Civil; art. 79, § 2º, do Decreto-Lei n. 9.760/1946; e art. 11 da Lei n. 9.636/1998). Enunciado 2, CJF.

3) Imprescritibilidade: Os bens Públicos não podem ser adquiridos por meio de usucapião. Obs: Existe doutrina que considera como possível em relação a alguns bens, mas ela é minoritária e não deve ser defendida em concursos de Procuradorias.

Tanto o Código Civil como a Constituição Federal são no sentido da impossibilidade de usucapir bem público. Cuidado! Embora a usucapião não seja viável contra bem público, o ente público pode sim adquirir bem imóvel por meio de usucapião, como foi cobrado na Prova da PGM Fortaleza.

(CESPE - 2019) O Estado pode adquirir bens mediante usucapião, uma vez que não há norma que impeça tal benefício em favor do próprio Estado. Correto! O ente público pode sim adquirir bens por meio de usucapião, desde que satisfeitos os requisitos do Código Civil.

(AGU - 2015) De acordo com a doutrina dominante, caso uma universidade tenha sido construída sobre parte de uma propriedade particular, a União, assim como ocorre com os particulares, poderá adquirir o referido bem imóvel por meio da usucapião, desde que sejam obedecidos os requisitos legais. R: Correto!

Desta forma, o ente público deve comprovar o lapso temporal e os demais requisitos para a usucapião. Via de regra, tal comprovação acontece mediante oitiva de

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testemunhas, servidores públicos e registros documentais sobre o imóvel em questão.

4) Não onerabilidade: Não podem ser onerados com garantia real, haja vista a característica da alienabilidade condicionada e a regra constitucional do Precatório e RPV.

O que é cessão de uso? De acordo com Rafael Oliveira: “A cessão é a transferência de uso de bens públicos, de forma gratuita ou com condições especiais, entre entidades da Administração Pública Direta e Indireta ou entre a Administração e as pessoas de direito privado sem finalidade lucrativa”.

Sobre o tema, é interessante também verificarmos as lições de Carvalho Filho:

A grande diferença entre a cessão de uso e as formas até agora vistas consiste em que o consentimento para a utilização do bem se fundamenta no benefício coletivo decorrente da atividade desempenhada pelo cessionário. O usual na Administração é a cessão de uso entre órgãos da mesma pessoa. Por exemplo: o Tribunal de Justiça cede o uso de determinada sala do prédio do foro para uso de órgão de inspetoria do Tribunal de Contas do mesmo Estado. Ou o Secretário de Justiça cede o uso de uma de suas dependências para órgão da Secretaria de Saúde.

Atenção! as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao

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concessionário a propriedade do produto da lavra. Trata-se de dispositivo constitucional expresso sobre o tema e muito cobrado em provas de concursos públicos.

Atenção! Caso um Rio banhe mais de um Estado, será bem da União, conforme prevê a CRFB. Vejamos: Art. 20. São bens da União: III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais.

(CESPE - 2018) Rio que banhe os estados do Maranhão e do Piauí é um bem da União. R: Correto! Vide o item acima.

Agora vejamos Dicas elaboradas para revisão do tema e mostrar como o tema é cobrado em provas:

1. As terras tradicionalmente reservadas aos índios são consideradas bens públicos de uso especial da União. Do mesmo jeito, as terras indispensáveis à proteção ambiental, também são consideradas de uso especial.

1.1 (PGE/TO) Uma gleba de terras devolutas estaduais foi arrecadada por ação discriminatória e o Governo do Estado, por meio de lei, declarou-a como indispensável à proteção de um relevante ecossistema local, incluindo-a na área de parque estadual já constituído para esse fim. Tal gleba deve ser considerada bem de uso especial.

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1.2. (DPE/PE) As terras tradicionalmente reservadas aos índios são consideradas bens públicos de uso especial da União. Correto!

2. As terras devolutas, não se encontrando afetadas a nenhuma finalidade pública específica, são bens públicos dominiais.

2.1. (DPE/PE) Aos municípios pertencem as terras devolutas não compreendidas entre aquelas pertencentes à União. Falso! Pertencem aos Estados, conforme Art. 26, CRFB.

3. O Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência firme e consolidada no sentido de que a cobrança em face de concessionária de serviço público pelo uso de solo, subsolo ou espaço aéreo é ilegal (seja para a instalação de postes, dutos ou linhas de transmissão, por exemplo), uma vez que: a) a utilização, nesse caso, se reverte em favor da sociedade. AgInt no REsp 1482422/RJ

4. Bens dominicais são os de domínio privado do Estado, não afetados a finalidade pública e passíveis de alienação ou de conversão em bens de uso comum ou especial, mediante observância de procedimento previsto em lei.

5. Município pode adquirir bem por usucapião (PGM/FOR). Neste sentido (AGU): De acordo com a doutrina dominante, caso uma universidade tenha sido construída sobre parte de uma propriedade particular, a União, assim como ocorre com os particulares, poderá adquirir o referido bem imóvel por meio da usucapião, desde que sejam obedecidos os requisitos legais. Correto!

5.1. Vale ressaltar que usucapião é modalidade ORIGINÁRIA de aquisição da propriedade, não derivada (PGM/PARANAVAÍ).

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5.2 (DPE/AC) Salvo a hipótese de usucapião especial para fins de moradia prevista na CF, não é permitido usucapião de bens públicos. Falso! Não é possível usucapir bem público, em virtude da proibição constitucional.

5.3 (MPC - CESPE) “O Estado pode adquirir bens mediante usucapião, uma vez que não há norma que impeça tal benefício em favor do próprio Estado”. R: Correto! Ele pode usucapir, mas não pode ser usucapido, tendo em vista a proibição constitucional.

6. O ordenamento jurídico brasileiro permite que pertençam a particulares algumas áreas nas ilhas oceânicas e costeiras (TJ-SC).

7. É possível a alienação de bens móveis desafetados da administração pública direta se houver demonstração de interesse público, avaliação prévia do bem e prévia licitação.

7.1 (TRT 6 - FCC) Um Município pretende se desfazer de um prédio onde funciona uma unidade escolar, mediante alienação por meio de licitação, pois ela se insere em região que se tornou bastante valorizada para empreendimentos imobiliários. Editou decreto autorizando a licitação. Esse ato é ilegal, considerando que a alienação depende de lei autorizando a alienação e desafetando o bem de uso especial.

7.2. (VUNESP - 2018) alienação de bens imóveis, como regra, dependerá de autorização legislativa, de avaliação prévia e de licitação, realizada na modalidade de concorrência. Correto!

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8. Os bens de uso especial do Estado são as coisas, móveis ou imóveis, corpóreas ou não, que a administração utiliza para a realização de suas atividades e finalidades.

8.1 (TJDFT) Os bens de uso especial do Estado são as coisas, móveis ou imóveis, corpóreas ou não, que a administração utiliza para a realização de suas atividades e finalidades.

9. O ato mediante o qual a administração pública consente a utilização privativa de uso de bem público por um particular é ato unilateral e, como regra, discricionário e precário.

10. No caso de desapropriação cujo objetivo seja o repasse dos bens a terceiros, os bens desapropriados manterão sua condição de bens públicos enquanto não se der a sua transferência aos beneficiados.

11. Se os membros de uma comunidade desejarem fechar uma rua para realizar uma festa comemorativa do aniversário de seu bairro, será necessário obter da administração pública uma autorização de uso.

11.1 (FGV) Maria e João obtiveram do poder público consentimento para realizar seu casamento numa bela praia de Santa Catarina. No caso em tela, de acordo com a doutrina de Direito Administrativo, a utilização especial ou anormal do bem público deve ser instrumentalizada por meio da autorização de uso.

11.2 De acordo com parte da doutrina, na autorização de uso, prepondera o interesse privado, como festas de associações, comemorações privadas de casamento, etc.

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11.3 O ato mediante o qual a administração pública consente a utilização privativa de uso de bem público por um particular é ato unilateral e, como regra, discricionário e precário (CESPE).

11.4 (PGE-SC) Pode ser autorizado o uso privado de um bem público, de forma discricionária, a um particular não pertencente à Administração Pública.

12. Caso a administração pública tenha celebrado contrato de permissão de uso de imóvel com entidade sem fins lucrativos pelo prazo de dez anos e promova a rescisão contratual antes do termo fixado, entende o STJ que a providência demanda prévio processo administrativo.

13. É juridicamente impossível a prescrição aquisitiva de imóvel público rural por meio de usucapião constitucional pro labore, tendo em vista que os bens públicos são imprescritíveis. Neste sentido (PG-DF): É impossível a prescrição aquisitiva de bens públicos dominicais, inclusive nos casos de imóvel rural e de usucapião constitucional pro labore. Correto!

14. Como forma de compatibilizar o direito de reunião, previsto na CF, e o direito da coletividade de utilizar livremente dos bens públicos de uso comum, a administração, previamente comunicada a respeito do fato, pode negar autorização para a utilização de determinado bem público de uso comum, ainda que a finalidade da reunião seja pacífica, desde que o faça por meio de decisão fundamentada e disponibilize aos interessados outros locais públicos.

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15.1 O seu uso privativo pode ser transferido ao particular, normalmente por meio de enfiteuse (Art. 49, ADCT).

16. A alienação é regida pelo direito privado, não se caracterizando a alienação de bem público como ato de império, pois, nesse caso, a administração pública não atua em condição de superioridade sobre o particular.

17. As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira nacional feitas pelos estados antes da vigência da CF devem ser interpretadas como legitimação do uso, mas isso não se aplica à transferência do domínio de tais terras, em virtude da manifesta tolerância da União e de expresso reconhecimento da legislação federal.

18. A ocupação de bem público, ainda que dominical, não passa de mera detenção, caso em que se afigura inadmissível o pleito de proteção possessória contra o órgão público. No entanto, vale ressaltar que o STJ admite a proteção possessória em face dos particulares que tentem praticar o esbulho.

18.1 É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical (Informativo 594, STJ).

18.1 (PGM-Valinhos) “A ocupação indevida de bem público configura detenção, de natureza precária, sendo suscetível de retenção e/ou indenização por acessões e benfeitorias”. R: Falso! Não dá direito a indenizações.

18.2 (PGM-Bombinhas FEPESE) “A ocupação indevida de um bem público configura mera detenção de natureza precária, sendo insuscetível de retenção ou

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indenização por acessões e benfeitorias”. R: Correto! Jurisprudência pacífica do STJ sobre o tema.

Inclusive se for cobrado em eventual prova discursiva, sempre coloquem o tópico da ausência de indenização, visto que ocorre um esbulho e a ocupação não é consentida.

19. A concessão ou alienação de terras públicas situadas em faixa de fronteira depende de autorização prévia do Conselho de Defesa Nacional.

20. São considerados terrenos de marinha, as áreas situadas no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, além dos que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés. Vejamos a previsão normativa do tema:

Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831:

a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés;

b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés.

Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo a influência das marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5

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(cinco) centímetros pelo menos, do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano.

21. Bens imóveis da administração pública adquiridos em função de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento poderão, por ato da autoridade competente, ser alienados mediante procedimento licitatório na modalidade leilão.

22. No âmbito da classificação, os bens públicos que são de uso comum do povo, de uso especial e os dominicais são reconhecidos quanto ao critério da destinação.

23. (PGE/PE) De acordo com a conceituação dada pela doutrina pertinente, o ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual a administração consente na utilização privativa de bem público para fins de interesse público é denominado permissão de uso. Correto! Obs: Existe divergência doutrinária, mas a corrente majoritária entende que na autorização, o uso do bem público atende interesses privados, por exemplo, fechamento para aniversário.

23.1. Enquanto na permissão, o ato visa atender primordialmente o interesse público, por exemplo, banca de jornal. Como dito, há divergência doutrinária.

23.2 (PGM/SSA) Q: Por meio da permissão de uso, a administração permite que determinada pessoa utilize de forma privativa um bem público, atendendo assim a interesse exclusivamente privado. R: Falso! Como vimos acima, na permissão, visa atender primordialmente o interesse público. Não confunda com autorização.!

23.3 (VUNESP - 2018) Os bens públicos não comportam a possibilidade de uso privativo por particulares. Falso! Podem ser utilizados sim, por particulares.

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Atenção! Para parte da doutrina, na permissão de uso, há uma obrigação ao particular de utilizar o bem e não simplesmente uma faculdade, como ocorre na autorização de uso. Tal diferença já foi cobrada pela banca CESPE, que considerou FALSA a seguinte alternativa:

A permissão de uso de bem público cria para o permissionário uma faculdade de uso, e, não, uma obrigação.

Vale ressaltar que a permissão ocorre mediante ATO administrativo e não por meio de CONTRATO administrativo. Neste sentido, a CESPE considerou INCORRETA na PGF: Permissão de uso de bem público é o contrato administrativo pelo qual o poder público confere a pessoa determinada o uso privativo do bem, de forma remunerada ou a título gratuito.

24. (PGE/TO) O Governo do Estado pretende que a iniciativa privada administre, mediante contrato, os terminais de ônibus intermunicipais existentes no Estado, sendo que, em contrapartida dos gastos de manutenção, os empresários possam explorar, por prazo determinado, a área dos terminais com a construção de lojas, escritórios, hotéis etc. Pelas características anunciadas, o negócio deve ser enquadrado como concessão de uso de bem público. Correto! A concessão era a única hipótese da questão que precisava de contrato. Lembre: CONcessão --> CONtrato.

24.1 Geralmente as questões fazem a associação de concessão de uso de bem público com situações que exigem uma certeza maior, devido aos investimentos realizados.

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25. (CELESC) Assinale a alternativa que indica corretamente a característica do bem público que consiste na impossibilidade de o bem público ser gravado ou ofertado em garantia em favor de terceiro. Não onerabilidade.

25.1 (VUNESP - 2018) Os bens públicos de uso especial não permitem oneração por meio de hipoteca. Correto!

26. (PGM/PARANAVAI) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencer.

26.1 (CESPE) Q: O uso comum dos bens públicos deve ser sempre gratuito; por isso, a cobrança de valores por sua utilização caracteriza violação ao interesse social. R: Falso! Basta lembrar alguns espaços, que precisamos pagar para entrar, como museus, parques, etc.

27. (PGM/PARANAVAI) Os potenciais de energia hidroelétrica pertencem à União, mesmo se localizados em rios estaduais.

28. (PGM/PARANAVAI) Apesar de o Código Civil de 2002 não incluir no conceito de bens públicos aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de direito privado e atrelados à prestação de serviços públicos, o Superior Tribunal de Justiça reconhece a impenhorabilidade desses bens. Vale ressaltar que esse tema já foi alvo na prova discursiva da PGE/RS.

29. A Competência legislativa sobre bens públicos é da União (Direito Civil), o que não impede que os entes possam expedir leis específicas acerca de uso, ocupação e alienação de bens.

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30. O que é cessão de uso de bem público? normalmente feito entre órgãos ou entidades públicas, tem a finalidade de permitir a utilização de determinado bem público por outro ente estatal, para utilização no interesse da coletividade. Normalmente é firmado por meio de convênio ou termo de cooperação. Por exemplo, TJ destinar sala de apoio para a DPU.

31. Domínio eminente x patrimonial: Domínio eminente é a prerrogativa decorrente da soberania ou da autonomia federativa que autoriza o Estado a intervir, de forma branda (ex.: limitações, servidões etc.) ou drástica (ex.: desapropriação), em todos os bens que estão localizados em seu território; por outro lado, o domínio patrimonial é refere-se ao direito de propriedade do Estado, englobando todos os bens das pessoas estatais, submetidos ao regime jurídico especial de Direito Administrativo (Rafael Oliveira).

32. Quais são os bens que tem indisponibilidade absoluta? as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios e as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais (art. 225, § 5.º, da CRFB).

33. Atenção: A Lei de Locações NÃO É aplicável aos contratos de locação de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas autarquias e fundações públicas que continuam reguladas pelo Código Civil (arts. 565 a 578) e pelas leis especiais.

34. Atenção: A inexistência de registro imobiliário do bem objeto de ação de usucapião não induz presunção de que o imóvel seja público (terras devolutas),

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cabendo ao Estado provar a titularidade do terreno como óbice ao reconhecimento da prescrição aquisitiva (RECURSO ESPECIAL Nº 964.223 - RN).

35. Fique ligado: Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente público, alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse (Informativo 623, STJ).

36. O imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação deve ser tratado como bem público, sendo, pois, imprescritível (Informativo 594, STJ).

37. Concursos federais: É NULO o contrato firmado entre particulares de compra e venda de imóvel de propriedade da União quando ausentes o prévio recolhimento do laudêmio e a certidão da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), ainda que o pacto tenha sido registrado no Cartório competente (Informativo 589, STJ).

38. Cabe ao INCRA fazer a demarcação das terras devolutas da união.

39. A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional, exceto quando a alienação ou concessão de terras públicas tiver por finalidade reforma agrária (MP-MG).

40. Os bens do fundo garantidor tem natureza privada, não pública (PGE-MT).

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41. A faixa de fronteira não é, por si só, bem público e pode ser usucapida. STJ: O terreno localizado em faixa de fronteira, por si só, não é considerado de domínio público, consoante entendimento pacífico da Corte Superior. RECURSO ESPECIAL Nº 674.558 - RS. Caiu na PGM-Chapecó.

42. Os bens das pessoas jurídicas de direito privado integrantes da administração pública não são bens públicos, embora possam estar sujeitos a regras próprias do regime jurídico dos bens públicos quando estiverem sendo utilizados na prestação de um serviço público (ESAF).

43. A alienação de um bem móvel pode ocorrer mediante permuta entre entidades da administração pública. Conforme Artigo 17, Lei 8.666.

44. Os entes públicos podem adquirir bens mediante desapropriação ou por meio de determinação legal (PGR);

45. Construção ou atividade irregular em bem de uso comum do povo revela dano presumido à coletividade, dispensada prova de prejuízo em concreto (Jurisprudência em Teses - STJ);

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Súmulas do STF sobre bens públicos:

Súmula 340: Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.

Súmula 477: As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos estados, autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em relação aos possuidores.

Súmula 479: As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.

Súmula 650: Os incisos I e XI do art. 20 da CF não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto.

Súmulas do STJ:

Súmula 496: Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União.

Súmula 619: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.

Informativos - STJ:

Os bens da Fundação Habitacional do Exército - FHE são impenhoráveis (Informativo 662, STJ).

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São penhoráveis as verbas recebidas por escola de samba a título de parceria público-privada com a administração pública (Informativo 660, STJ).

Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente público, alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse (Informativo 623, STJ).

O imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação deve ser tratado como bem público, sendo, pois, imprescritível (Informativo 594,STJ).

É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical (Informativo 594, STJ).

Particulares podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via municipal (bem público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem (Informativo 590, STJ).

Bons Estudos! Equipe CTPGE.

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