• Nenhum resultado encontrado

OS CRIMES FALIMENTARES SOB O CRIVO DA LEI Nº /2005. Willian Batista Casal 1 - Celer Faculdades Márcio Roberto Bitelbron 2 - Celer Faculdades

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "OS CRIMES FALIMENTARES SOB O CRIVO DA LEI Nº /2005. Willian Batista Casal 1 - Celer Faculdades Márcio Roberto Bitelbron 2 - Celer Faculdades"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 186 OS CRIMES FALIMENTARES SOB O CRIVO DA LEI Nº 11.101/2005

Willian Batista Casal1 - Celer Faculdades Márcio Roberto Bitelbron2 - Celer Faculdades

Resumo

Objetiva-se com o presente artigo expor os temas relacionados à esfera do direito penal e processual penal atinente aos crimes elencados na nova Lei de Falência (Lei nº 11.101/05), iniciando-se com a diferenciação dos institutos inseridos no artigo primeiro da referida lei, bem como demonstrando quem são os legitimados para figurar no polo passivo de uma demanda criminal, na esfera do direito falimentar. O artigo também buscará desenvolver um paralelo do instituto atual, disposto na nova lei, com os institutos da antiga Lei Falimentar Brasileira. Por fim, mas não menos importante, o artigo apresentará o rol de crimes em espécie dispostos na Lei nº 11.101/2005, conceituando-os e pormenorizando os seus principais aspectos legais. O artigo irá apresentar os principais efeitos penais desses crimes, os efeitos de uma condenação penal pela infração desses crimes e, também, o prazo para a prescrição da pretensão punitiva dos crimes descritos na Lei nº 11.101/2005.

Palavras-chave: Lei nº 11.101/2005. Nova Lei de Falência. Crimes Falimentares. Aspectos

penais e processuais penais. Efeitos penais dos crimes falimentares. 1. INTRODUÇÃO

A Lei nº 11.101/2005 é bastante conhecida pelos operadores do direito como “nova Lei de Falência”. Contudo, ela não cuida apenas do processo de falência, mas também da recuperação judicial e extrajudicial de empresas, além disso, ela tipifica alguns crimes.

Esta lei se aplica aos empresários e às sociedades empresárias, em qualquer de suas modalidades. A falência é uma penalidade imposta ao empresário ou à sociedade empresaria que não honra com suas obrigações. Por meio do processo de falência, o patrimônio da sociedade é liquidado para que sejam pagas as dívidas com os credores. É bem comum que o patrimônio

1 Estudante do Curso de graduação em Direito da Celer Faculdades, exerceu a função de estagiário de graduação em Direito junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, Procuradoria Seccional Federal de Chapecó – Santa Catarina e, também, junto ao Ministério Público do Estado de Santa Catarina. Atualmente, é estagiário de graduação em Direito no Tribunal de Regional do Trabalho – TRT da 12ª região na 2ª Vara do Trabalho de Chapecó/SC. E-mail: willian_casal@hotmail.com

(2)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 187

liquidado não seja suficiente para pagar todas as dívidas, e por isso a Lei estabelece a ordem de preferência nos pagamentos.

Quando uma empresa tem a sua falência decretada pelo juiz, a administração da massa falida passa para as mãos do administrator judicial, e não mais para o sindico, como era na legislação anterior. O administrador judicial será o responsável por contabilizar o patrimônio e inscrever os credores.

A recuperação judicial e a recuperação extrajudicial são alternativas anteriores à falência e tem o objetivo de possibilitar a sobrevivência do negócio por meio da renegociação das dívidas. Passado esse período de saneamento, a recuperação judicial ou extrajudicial pode ser encerrada e a empresa ou sociedade pode voltar a atuar no mercado normalmente.

2. EFEITOS PENAIS

Para efeitos penais, é importante salientar que o devedor, ou seja, empresário ou sociedade empresária, não comete crime falimentar sozinho. Conforme disposto no artigo 179 da Lei 11.101/2005, in verbis:

Art. 179. Na falência, na recuperação judicial e na recuperação extrajudicial de sociedades, os seus sócios, diretores, gerentes, administradores e conselheiros, de fato ou de direito, bem como o administrador judicial, equiparam-se ao devedor ou falido para todos os efeitos penais decorrentes desta Lei, na medida de sua culpabilidade.

Assim, tanto na falência como na recuperação, equiparam-se ao devedor os seus sócios, diretores, gerentes, administradores e conselheiros, de fato ou de direito, bem como o próprio administrador judicial. Assim, o leque de pessoas que pode integrar o polo passivo de uma demanda criminal falimentar é bem abrangente.

Entretanto, para que haja crime falimentar, deve haver imprescindivelmente processo de falência ou recuperação. Apesar de parecer óbvio é de suma importância destacar isso. Outro aspecto importante a ser trazido é que as condutas criminosas podem ocorrer antes ou depois da decisão de decretação da falência ou da concessão de recuperação judicial ou da homologação da recuperação extrajudicial.

Nesse sentido, exponho o que relata o artigo 180 da Lei de Falências.

(3)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 188

Art. 180. A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei.

Analisando criteriosamente o que dispõe o artigo supra, temos que: não pode haver punição por crime falimentar se não houver decisão que decrete a falência, conceda a recuperação judicial ou homologue a recuperação extrajudicial.

No entanto, mesmo que não haja falência ou recuperação é possível que a conduta seja considerada crime comum, punida com base em outras leis penais.

É, por isso, que o Ministério Público somente pode requisitar a instauração de inquérito policial ou promover a ação penal a partir da publicação da decisão.

Cumpre ainda destacar que os crimes falimentares são de ação penal pública incondicionada, sendo possível também a propositura de ação penal privada subsidiária da pública por qualquer dos credores habilitados ou pelo administrador judicial, respeitando sempre o prazo decadencial que é de 06 (seis) meses.

3. PRESCRIÇÃO DOS CRIMES FALIMENTARES

Art. 182. A prescrição dos crimes previstos nesta Lei reger-se-á pelas disposições do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, começando a correr do dia da decretação da falência, da concessão da recuperação judicial ou da homologação do plano de recuperação extrajudicial.

Parágrafo único. A decretação da falência do devedor interrompe a prescrição cuja contagem tenha iniciado com a concessão da recuperação judicial ou com a homologação do plano de recuperação extrajudicial.

No que tange à prescrição, é importante ressaltar que a lei anterior estabelecia uma regra bem diferente: a prescrição ocorreria no prazo de 02 (dois) anos, contados da decisão que colocava fim à falência ou à concordata (institui que antecedeu a recuperação).

Atualmente, deve ser observada a regra geral do Código Penal no que se refere ao cálculo do prazo prescricional, ou seja, deve se levar em consideração a pena máxima abstratamente cominada para o crime,

(4)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 189

comparando com os parâmetros estabelecidos pelo artigo 109 do Código Penal.

Assim, se a pena máxima para o crime for:

1. Menor que 01 (um) ano, o prazo prescricional será de 03 (três) anos; 2. Entre 01 e 02 anos, o prazo prescricional será de 04 anos;

3. Maior que 02 anos e menor que 04 anos, o prazo prescricional será de 08 anos;

4. Maior que 04 anos e menor que 08 anos, o prazo prescricional será de 12 anos;

5. Maior que 08 anos e menor que 12 anos, o prazo prescricional será de 16 anos;

6. Superior que 12 anos, o prazo prescricional será de 20 anos.

Ademais, o artigo 182 da “Nova Lei de Falências” determina ainda que a contagem do prazo prescricional deve se iniciar a partir da decisão que Decrete a falência, Conceda a recuperação judicial ou Homologue a recuperação extrajudicial.

E, no caso de recuperação seguida de falência, o prazo será interrompido e, portanto, sua contagem deve começar novamente a partir da nova decisão.

4. DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO

Os efeitos da condenação são 03 (três) e estão dispostos no artigo 181 da Lei 11.101/2005, in verbis:

Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial;

II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei;

III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio.

§ 1º Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal.

(5)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 190

§ 2º Transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado o Registro Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro em nome dos inabilitados.

Destarte, é importante frisar que esses efeitos não são automáticos e é necessário que sua declaração seja motivada na sentença condenatória.

Além disso, todos os efeitos estão de alguma forma relacionados com à atividade empresarial e por esse motivo o Poder Judiciário deve notificar o Registro Público de Empresas quando a sentença aplicar qualquer um dos efeitos elencados no artigo 181 da Lei Federal nº 11.101/2005.

5. DOS CRIMES EM ESPÉCIE

Os crimes elencados na nova Lei de Falências estão distribuídos entre os artigos 168 e 178 e, agora, passemos aos comentários de todos estes tipos penais:

5.1 FRAUDE A CREDORES (art. 168 da Lei 11.101/2005)

Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem.

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Aumento da pena

§ 1º A pena aumenta-se de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se o agente:

I – elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos; II – omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles deveria constar, ou altera escrituração ou balanço verdadeiros; III – destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais armazenados em computador ou sistema informatizado;

IV – simula a composição do capital social;

V – destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de escrituração contábil obrigatórios.

Contabilidade paralela

§ 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade se o devedor manteve ou movimentou recursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida pela legislação.

(6)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 191

§ 3º Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contábeis, auditores e outros profissionais que, de qualquer modo, concorrerem para as condutas criminosas descritas neste artigo, na medida de sua culpabilidade.

Redução ou substituição da pena

§ 4º Tratando-se de falência de microempresa ou de empresa de pequeno porte, e não se constatando prática habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, poderá o juiz reduzir a pena de reclusão de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) ou substituí-la pelas penas restritivas de direitos, pelas de perda de bens e valores ou pelas de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas.

Para melhor compreender o crime disposto no artigo 168, ou seja, fraude a credores, é importante perceber que três elementos precisam estar presentes para que ocorra a fraude a credores: 1º ato fraudulento; 2º prejuízo (ao menos potencial) aos credores; e 3º obter ou assegurar vantagem indevida.

Este crime é próprio do empresário falido ou em recuperação, sendo possível também o enquadramento de contadores, técnicos contábeis, auditores e outros profissionais que tenham concorrido para as condutas do tipo penal, mas ressalto, na medida de suas culpabilidades.

Por último, comento sobre o conteúdo do parágrafo quarto, que estabelece hipótese legal de redução de pena, aplicável apenas a falência de microempresa ou empresa de pequeno porte. Não havendo que se falar em redução de pena nos casos de recuperação judicial ou extrajudicial.

Sobre o tipo penal in tela cumpre dizer que este é o crime mais importante dentre os crimes falimentares dispostos na Lei 11.101/2005.

5.2 VIOLAÇÃO DE SIGILO EMPRESARIAL (art. 169)

Art. 169. Violar, explorar ou divulgar, sem justa causa, sigilo empresarial ou dados confidenciais sobre operações ou serviços, contribuindo para a condução do devedor a estado de inviabilidade econômica ou financeira:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Este crime pode ser cometido por qualquer pessoa e não há exigência de finalidade específica na conduta, ou seja, é o que a doutrina penalista chama de crime comum, aquele que pode ser cometido por qualquer pessoa não necessitando uma qualidade especifica do agente.

(7)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 192

Art. 170. Divulgar ou propalar, por qualquer meio, informação falsa sobre devedor em recuperação judicial, com o fim de levá-lo à falência ou de obter vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. O crime de divulgação de informações falsas pode ser praticado por qualquer pessoa, o sujeito passivo (vítima) precisa ser o devedor em recuperação judicial, não é possível que o crime seja cometido contra devedor em recuperação extrajudicial ou em falência.

O agente deve praticar a conduta descrita no tipo penal do art. 170 com a finalidade específica de levar o devedor à falência.

5.4 INDUÇÃO A ERRO (art. 171)

Art. 171. Sonegar ou omitir informações ou prestar informações falsas no processo de falência, de recuperação judicial ou de recuperação extrajudicial, com o fim de induzir a erro o juiz, o Ministério Público, os credores, a assembleia-geral de credores, o Comitê ou o administrador judicial:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Este crime pode ser praticado por qualquer pessoa que tome parte no processo de falência ou de recuperação, seja judicial, seja extrajudicial e que, por essa razão, seja chamada a prestar informações. Porém é necessário que haja por parte do agente a finalidade especifica de induzir a erro o juiz, o ministério público, os credores, a assembleia geral, o comitê ou o administrador judicial.

5.5 FAVORECIMENTO DE CREDORES (art. 172)

Art. 172. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar plano de recuperação extrajudicial, ato de disposição ou oneração patrimonial ou gerador de obrigação, destinado a favorecer um ou mais credores em prejuízo dos demais:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o credor que, em conluio, possa beneficiar-se de ato previsto no caput deste artigo.

(8)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 193

empresário falido ou em recuperação ou, ainda, os sócios, gerentes, diretores, administradores e conselheiros que disponham de poderes para onerar o patrimônio da sociedade.

Importante destacar que é necessário que haja a finalidade específica de favorecer um ou mais credores em prejuízo dos demais. E o mais interessante, se o credor beneficiado tiver agido em conluio com o agente, também será responsabilizado pelo crime.

5.6 DESVIO, OCULTAÇÃO OU APROPRIAÇÃO DE BENS (art. 173)

Art. 173. Apropriar-se, desviar ou ocultar bens pertencentes ao devedor sob recuperação judicial ou à massa falida, inclusive por meio da aquisição por interposta pessoa:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Este tipo penal exige uma atenta analise de sua literalidade, vejamos, inicialmente, que este crime é praticado por aquele que tem responsabilidade sobre os bens da massa falida ou do devedor em recuperação judicial.

Contudo, uma leitura desatenta pode fazer com que o leitor acabe em erro, visto que o tipo penal exclui o crime se o devedor estiver em recuperação extrajudicial.

5.7 AQUISIÇÃO, RECEBIMENTO OU USO ILEGAL DE BENS (art. 174)

Art. 174. Adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer à massa falida ou influir para que terceiro, de boa-fé, o adquira, receba ou use:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. O crime de aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens somente pode ser praticado contra a massa falida, e não contra o devedor em recuperação judicial ou extrajudicial.

Caso o agente criminoso seja o juiz, representante do parquet, o administrador judicial, o perito, o avaliador, o escrivão, o oficial de justiça ou o leiloeiro, haverá crime de Violação de Impedimento, que, inclusive, será analisado neste artigo.

(9)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 194

Art. 175. Apresentar, em falência, recuperação judicial ou recuperação extrajudicial, relação de créditos, habilitação de créditos ou reclamação falsas, ou juntar a elas título falso ou simulado:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. O sujeito ativo (autor do crime) é qualquer pessoa que tenha que apresentar documentos na falência ou recuperação judicial/extrajudicial e apresenta documento falso ou simula determinada relação de crédito. Exemplificando, seria o caso do pretenso devedor, que apresenta título falso ou com valor maior do que o crédito realmente devido.

5.9 EXERCÍCIO ILEGAL DE ATIVIDADE (art. 176)

Art. 176. Exercer atividade para a qual foi inabilitado ou incapacitado por decisão judicial, nos termos desta Lei:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. O crime de exercício ilegal de atividade (diga-se de passagem, atividade empresarial) é próprio, ou seja, somente pode ser praticado por aquele que já sofreu os efeitos extrapenais da condenação (vide o item 4 deste artigo, onde foi abordado um pouco sobre o tema disposto no artigo 181 da Lei 11.101/05).

5.10 VIOLAÇÃO DE IMPEDIMENTO (art. 177)

Art. 177. Adquirir o juiz, o representante do Ministério Público, o administrador judicial, o gestor judicial, o perito, o avaliador, o escrivão, o oficial de justiça ou o leiloeiro, por si ou por interposta pessoa, bens de massa falida ou de devedor em recuperação judicial, ou, em relação a estes, entrar em alguma especulação de lucro, quando tenham atuado nos respectivos processos:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Como já dito no subitem 5.7, este crime é próprio, pois somente pode ser cometido pelos legitimados descritos no tipo penal, ou seja, pelo juiz, representante do ministério público, administrador judicial, gestor judicial, perito, avaliador, escrivão, oficial de justiça, leiloeiro, por si ou por interposta pessoa.

5.11 OMISSÃO DOS DOCUMENTOS CONTÁBEIS OBRIGATÓRIOS (art. 178)

(10)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 195

Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios:

Pena – detenção, de 01 (um) a 02 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.

Este tipo penal é subsidiário, sendo aplicável apenas quando a conduta não constituir crime mais grave.

O tipo penal do artigo 178 da Lei 11.101/2005 não menciona quais são os documentos contábeis obrigatórios.

Por conseguinte, a depender do ramo de atividade da empresa, essas normas podem ser editadas por diversos órgãos diferentes, a título exemplificativo menciono: Receita Federal, Agências Reguladoras, Banco Central, etc.

Infere-se, portanto, que esse tipo penal se trata de uma norma penal em branco.

6. CONCLUSÃO

À face do exposto, depreende-se que os aspectos legais dispostos na “Nova Lei de Falência” ou, como também é conhecida, “Lei de Falência e Recuperações” (Lei Nacional nº 11.101/2005) vão muito além dos aspectos jurídicos civis e falimentares propriamente ditos, incluem uma hermenêutica legislativa, visto que englobam tanto os ramos do direito comercial, direito civil e processual civil como também o escopo do direito penal e processual penal, isso sempre voltado a luz do direito constitucional, a fim de não ferir princípios e regras que norteiam o Ordenamento Jurídico Brasileiro.

Os crimes em espécie previstos na Nova Lei de Falência (Lei nº 11.101/2005), estão dispostos do artigo 168 até o artigo 178 do mesmo diploma legal, exemplificam condutas em rol taxativo, e cominam penas, que aliás são bem rigorosas quando comparadas com outras dispostas no próprio Código Penal Brasileiro. Além de cominar penas, referida Lei ainda dispõe sobre os efeitos extrapenais da condenação, bem como sobre o prazo de prescrição desses crimes, além disso a Lei de Falências dispõe como efeito da condenação, para aqueles que praticarem as infrações penais nela tipificadas, a possibilidade de se impor uma restrição ao exercício da atividade

(11)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 196

empresarial, nos moldes do artigo 181 da Lei de Falência e Recuperações. A Lei nº 11.101/2005 se apresenta no cenário forense como forma de reprimir condutas que visem macular o instituto da falência, da recuperação judicial e também da recuperação extrajudicial, fazendo com que o instituto se aperfeiçoe e, assim, seja cumprida suas diretrizes e orientações que referendam o direito falimentar.

THE FALLING CRIMES UNDER THE CRITICAL OF THE LAW NUMBER 11.101/2005 Abstract

The objective of this article is to present the themes related to the criminal law and criminal procedure area related to the crimes listed in the new Bankruptcy Law (Law number 11.101/05), starting with the differentiation of the institutes included in article one of the aforementioned law, as well as demonstrating who are the legitimate ones to appear in the passive pole of a criminal suit, in the sphere of bankruptcy law. The article will also seek to develop a parallel of the current institute, established in the new law, with the institutes of the former Brazilian Bankruptcy Law. Last but not least the article will present the list of crimes in kind set forth in Law 11.101/2005 conceptualizing them and detailing their main legality aspects. The article will present the main criminal effects of these crimes, the effects of a criminal conviction for the infraction of these crimes, and also the deadline for prescribing the punitive claim for crimes described in Law 11.101/2005.

Keywords: Law number 11.101/2005. New Bankruptcy Law. Bankruptcy Crimes. Criminal and

procedural aspects. Criminal effects of bankruptcy crimes.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de falência e recuperação de empresas. 25 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Lei de recuperação de empresas e falências comentada: Lei 11.101/2005. 5. ed. São Paulo: RT, 2005.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 24 de maio de 2017.

BRASIL. Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 dez. 1940. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm>. Acesso em: 25 maio 2017.

BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 1ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 março 2015. Disponível em:

<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 25 maio 2017.

(12)

REVISTA CONVERSATIO – ISSN 2525-9709 Vol. 2 / Número 3 / Jan. / Jun. / 2017 197

CAMPINHO, Sérgio. Falência e recuperação de empresa. 3. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.

COELHO, Fábio Ulhôa. Comentários à nova lei de falências e de recuperação de empresas. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

FAZZIO JUNIOR, Waldo. Lei de falência e recuperação de empresas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

MAMEDE, Gladston. Falência e recuperação de empresas: Coleção Direito Empresarial Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. V. 4.

NEGRÃO, Ricardo. Aspectos objetivos da Lei de recuperação de empresas e de falências: Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

PRADO, Luiz Regis (Org.); DOTTI, René Ariel. Direito penal econômico e da empresa: direito penal empresarial, crime organizado, extradição e

terrorismo. São Paulo: RT, 2011.

REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

VENOSA, Silvio de Salvo. RODRIGUES, Cláudia. Direito empresarial. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2012.

Referências

Documentos relacionados

Em entrevista realizada pela Revista Rede FoodService (2020), empresários do ramo de comida japonesa avaliam como positivo os efeitos econômicos gerados pela

Nesta dissertação, me proponho a analisar o discurso veiculado pela Cultura Política, quanto ao entendimento traçado por ela, sobre o que seria na conjuntura do primeiro

1.1 .Contratação de empresa especializada no fornecimento de materiais para construção no segmento de pisos e revestimentos para atender as demandas do município

Para a análise sistemática e rigorosa das propostas das redes de ensino foram definidas categorias: ano de implantação da proposta; formas de implantação e de

COAÇÃO. JULGAMENTO DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDO. A coação tem previsão no art. 151 do Código Civil e caracteriza-se pela violência psicológica apta a influenciar a vítima a

A Grazziotin Financiadora foi constituída com o objetivo de financiar as vendas dos clientes das redes de varejo e oferecer crédito pessoal, em busca de sinergia

A base dessa construção estaria na possibilidade de transgressão da ordem instituída (como ordem que não permite avanço), na manutenção de um espaço de poder simbólico

* A bibliografia será renovada sempre que necessário, após atualização aprovada pelo Colegiado do Curso, sem.. significar alteração