PARECER TÉCNICO
Nº (SUPRAMZM) 356612/2009
Indexado ao Processo Nº: 02906/2004/001/2006 Tipo de processo:
Licenciamento Ambiental ( X ) Auto de Infração (___)
1. Identificação
Empreendimento (Razão Social) /Empreendedor (nome completo): LOTEAMENTO ALPHAVILLE
CNPJ / CPF:
65.271.538/0001-86
Empreendimento (Nome Fantasia) LOTEAMENTO ALPHAVILLE Município:
JUIZ DE FORA
Atividade predominante:
Loteamento do solo urbano para fins exclusiva ou predominantemente residenciais. Código da DN e Parâmetro
--- Atividade...:E.04.01-4 - Loteamento do solo urbano para fins exclusiva ou predominantemente residenciais.
Área Total (AT)...:218 ha Densidade Populacional Bruta.:29 hab/ha Porte do Empreendimento
Pequeno ( ) Médio ( ) Grande ( X )
Potencial Poluidor
Pequeno ( ) Médio ( X ) Grande ( ) Classe do Empreendimento
Classe – 5
Fase do Empreendimento
LP - LICENCA PRÉVIA
Localizado em UC (Unidades de Conservação)? ( X ) Não ( ) Sim
Bacia Hidrográfica: Paraíba do Sul Sub Bacia: São Pedro e Belo Vale
2. Histórico
O Loteamento Alphaville teve sua Licença Prévia concedida pela URC/COPAM Zona da Mata em 28/07/2008, sendo que a análise deste processo foi de responsabilidade da SUPRAM Central Metropolitana. No momento do julgamento, foi incluída a seguinte condicionante:
Rodovia Ubá/Juiz de Fora, km 02 – Horto Florestal – Ubá – MG
Condicionante 19: “Além da retirada das quadras
proposta no parecer único, solicita-se o estabelecimento de uma faixa tampão de pelo menos 100 metros de largura, que deve ser cercada e revegetada, ao longo de todas as áreas de preservação permanente e de todos os remanescentes presentes na área”.
Por meio de documento datado de 10/10/2008 e protocolado sob o nº 269339/2009, o empreendedor solicitou a reconsideração da condicionante que estabeleceu a criação de uma faixa tampão de 100 m de largura ao longo de todas
as áreas de preservação permanente – APP’s e de todos os remanescentes
florestais presentes na área do empreendimento. Neste documento, consta um “Termo de avaliação sobre a potencial presença no local do Alouatta guariba” (macaco barbado, bugio), uma imagem 3D da área do empreendimento e entorno e uma imagem de satélite da região onde é mostrada a gleba do Predial Godinho e Outros (proprietário da área) e sua relação com áreas protegidas próximas.
Após análise da documentação apresentada, em 27/04/2009, a SUPRAM ZM solicitou a apresentação de levantamento topográfico que retratasse a situação do empreendimento considerando a incidência da condicionante, cujo objetivo era avaliar o real impacto da condicionante sobre a área do empreendimento.
Em 05/06/2009, foram apresentados novos documentos onde constam uma ratificação ao “Termo de avaliação sobre a potencial presença no local Macaco Barbado” e o levantamento topográfico solicitado anteriormente.
3. Discussão
Este parecer se refere ao pedido de reconsideração da condicionante nº 19 da LP do empreendimento em tela, adicionada quando da concessão da LP.
A justificativa para solicitação desta reconsideração é que a manutenção da mesma implica inviabilização do empreendimento, tendo em vista a drástica redução da área disponível para ocupação. Para comprovar tal pleito, foi apresentado após solicitação dos autores deste parecer, material ilustrativo composto por levantamento topográfico planialtimétrico sobreposto a imagens de
satélite de alta resolução, que permitiram uma perfeita avaliação da situação do empreendimento se considerada a aplicação da condicionante.
Vale lembrar que tal condicionante foi sugerida pelo ex-conselheiro Gumercindo de Souza Lima, representando a UFV, dada a sua preocupação com a existência do primata Alouatta guariba nas imediações do empreendimento e
que poderia se utilizar daquela área para sua sobrevivência, ressaltando a sensibilidade desse animal quanto à presença humana. Diante disso, ficou estabelecido a criação de uma zona tampão de 100 m para as APP's e remanescentes presentes na área.
Relatório apresentado pela empresa de consultoria, sob a responsabilidade técnica do Biólogo Paulo Auricchio, especialista em primatologia, versando sobre a não-necessidade técnica de uma faixa adicional para a proteção do referido representante da fauna local (Alouatta sp), conclui pela provável inexistência desse animal no local e, principalmente, que a faixa tampão definida pela condicionante não trará ganhos para a sobrevivência desse primata no local.
O Alouatta guariba é um animal herbívoro que vive essencialmente sobre as copas das árvores, não tendo condições de segurança para se deslocar sobre o solo. Prefere, antes de qualquer outro tipo de biótopo, os biótopos ricamente florestados não presentes na área do Alphaville como demonstram os mapas e constatação em vistoria. De acordo com o especialista, nem mesmo com plantios de cortinas arbóreas densas seria possível dar, artificialmente, suporte para o referido Alouatta sp suprir sua necessidade de alimentação, que inclui diversas espécies de árvores ou vegetação no alto das copas, em áreas campestres como é a cobertura predominante da área do futuro loteamento do Alphaville.
O mesmo especialista questiona se realmente há a presença do animal no local, uma vez que o EIA não comprova a existência do mesmo por meio dos levantamentos realizados.
Toda a região do empreendimento está extremamente antropizada, restando apenas pastagens de baixa qualidade e os fundos de vale onde se pretende manter as áreas verdes (APP), também desprovida de vegetação significativa. A única faixa de vegetação arbórea, que poderia abrigar espécies animais mais
Rodovia Ubá/Juiz de Fora, km 02 – Horto Florestal – Ubá – MG
exigentes está fora da área do empreendimento. Isto porque a mesma fora utilizada ao longo das últimas décadas como área de pastagem, sofrendo todos os impactos de compactação, diminuição de biodiversidade, invasoras exóticas e intervenções antropogênicas (erosões, estradas, fogo, retirada grama, etc.), em detrimento da vegetação original, que atualmente possui vagos fragmentos na periferia do loteamento em pauta. No entanto, como faz divisa à área do loteamento, a proposta é que a Reserva Legal seja adjacente a esta área, o que realmente traria um ganho devido à continuidade do fragmento e, com a sua recomposição, haveria uma melhoria significativa em termos de área a ser
utilizada pela fauna.
Cabe ressaltar que o parecer único da LP já previa como condicionante a exclusão de algumas quadras e lotes conforme pode ser visto no texto da mesma:
Condicionante 08: Excluir do parcelamento as
quadras I e IV, assim como os lotes 1 e 2 da quadra XLIX e os lotes que estejam localizados em APP da zona de exudação como, por exemplo, lotes nas quadras XXI e XII, apresentando o projeto urbanístico revisado com o respectivo quadro de áreas após as alterações cabíveis. Prazo: Formalização da LI
Esta condicionante levou à redução de 34 lotes e uma diminuição da área privada de 923.136,19 m2 para 906.747,61 m2.
A aplicação simultânea das condicionantes 08 e 19 levou à redução de 399 lotes e uma diminuição da área privada de 923.136,19 m2 para 687.654,39 m2, ou seja, uma redução de 25,51%, sobre o projeto apresentado no EIA.
No entanto, o empreendedor propõe um novo arranjo do empreendimento, cuja proposta final, após a incidência da condicionante 08, levou à redução de 291 lotes. Este arranjo é o apresentado na Figura 4, onde parte da área loteada nas proximidades do fragmento florestal existente na divisa do loteamento, passou a incorporar a área a ser averbada como Reserva Legal. Porám, a aplicação das condicionantes 08 e 19, simultaneamente sobre a proposta final do loteamento, leva à redução de 524 lotes, o que, segundo o empreendedor, torna inviável a instalação do empreendimento.
A redução das áreas do projeto original com a aplicação simultânea das condicionantes 8 e 19, pode ser verificada na tabela a seguir:
Área total do Alphaville Juiz de Fora (m2) Área privada (m2) Total área pública (m2) No total de lotes No lotes excluídos Proposta original 2.178.296,99 923.136,19 1.225.160,80 1092 - Proposta final com condicionante 8 1.250.203,31 475.162,16 775.041,15 801 291 Simulação da aplicação das condicionantes 8 e 19 1.250.203,31 378.743,73 871.459,58 568 524
As figuras a seguir ilustram a situação do empreendimento após a incidência das condicionantes 08 e 19.
Rodovia Ubá/Juiz de Fora, km 02 – Horto Florestal – Ubá – MG Figura 2 - Projeto original com a aplicação da condicionante nº 08
Figura 3 - Projeto original com a aplicação simultânea das condicionantes nº 08 e 19.
Figura 4 – Proposta final, com locação da Reserva Legal.
Pelas informações apresentadas e aquelas obtidas durante vistoria local, conclui-se que a manutenção da condicionante 19 contribui apenas para a inviabilização econômica do empreendimento, não trazendo ganhos significativos para a preservação de espécies de primatas supostamente existentes na região. Diante disso, somos favoráveis à exclusão dessa condicionante, mantendo-se o projeto original, com a manutenção e recuperação das áreas de preservação permanentes situadas no interior do empreendimento e delimitação da área de reserva legal de forma contígua aos fragmentos florestais já existentes nos arredores do empreendimento. Da forma como se apresenta na proposta final (Figura 4), o empreendimento terá condições de aliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, uma vez que mantêm e recupera áreas de difícil ocupação, mas importantes para o ecossistema da região e ocupa áreas
Rodovia Ubá/Juiz de Fora, km 02 – Horto Florestal – Ubá – MG
já degradadas, sem a necessidade de abertura de novas áreas para a instalação de um empreendimento desse porte.
4. Conclusão
Diante do exposto acima, este parecer sugere à URC/COPAM Zona da Mata a exclusão da condicionante no 19 da Licença Prévia do empreendimento Loteamento Alphaville, pelas justificativas apresentadas no corpo deste parecer.
Permanecem inalteradas as demais condicionantes impostas na concessão da Licença Prévia, descritas no Parecer Único nº 276631/2008.
5. Parecer Conclusivo
Favorável: ( ) Não ( X ) Sim
6. Data / Equipe Interdisciplinar Data: 20/07/2009
Gláucio C. C. B. Nogueira Diretor Técnico
MASP: 1.197.093-6
Sandra Aparecida Moreira Scheffer Analista Ambiental
MASP – 1.184.000-6
Leonardo Sorbliny Schuchter Diretor Jurídico
MASP – 1.150.545-0