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Lit. Monitor: Bruna Saad

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Academic year: 2021

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Professor: Diogo Mendes

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Pós-Modernismo - poesia

08

set

RESUMO

Em seu estudo Quadro sintético da literatura brasileira (1956), Alceu Amoroso Lima incluiu a expressão

Pós-modernismo, com o significado sobretudo cronológico como diferença em relação ao Modernismo, que apresentava sinais de desgaste.

Devido a multiplicidade de tendências, a certeza de que o Pós-modernismo representa a ruptura e não a continuidade do Modernismo é pouco nítida: em razão das especificações culturais e históricas e das diferenças artísticas no contexto brasileiro, o conceito de Pós-modernismo é difuso e impreciso. A heterogeneidade das formas artísticas, as expressões pouco comuns, os hibridismo, as tentativas de novas formas de expressão são inerentes à pós-modernidade. Deste modo, a definição de pós-modernidade é controversa e polêmica devido à sua complexidade e à pluralidade de elementos que envolve.

O Pós-modernismo não se deu só na literatura. O termo passou a designar as mudanças ocorridas nos campos das artes, das ciências, da filosofia a partir do final da década de 60. A crítica brasileira elegeu Clarice Lispector, e Guimarães Rosa, na prosa e João Cabral de Melo Neto, no verso como os precursores do Pós-modernismo no Brasil.

Características da poesia pós-moderna:

• Pesquisa estética da linguagem (experimentalismo);

• Identificação com os Modernistas da primeira geração: o caráter renovador e experimental reaparece; • Caráter vanguardista da poesia: concretismo, poema-processo, poesia-práxis, poesia-social.

Movimentos da poesia pós-moderna:

Geração de 45

João Cabral de Melo Neto

Tecendo a Manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de armação. A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão.

(João Cabral de Melo Neto)

O Relógio

Ao redor da vida do homem há certas caixas de vidro,

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dentro das quais, como em jaula, se ouve palpitar um bicho.

Se são jaulas não é certo; mais perto estão das gaiolas ao menos, pelo tamanho e quadradiço de forma.

Umas vezes, tais gaiolas vão penduradas nos muros; outras vezes, mais privadas, vão num bolso, num dos pulsos.

Mas onde esteja: a gaiola será de pássaro ou pássara: é alada a palpitação, a saltação que ela guarda;

e de pássaro cantor, não pássaro de plumagem: pois delas se emite um canto de uma tal continuidade.

(João Cabral de Melo Neto)

Uma Faca só Lâmina

Assim como uma bala enterrada no corpo, fazendo mais espesso um dos lados do morto;

assim como uma bala do chumbo mais pesado, no músculo de um homem pesando-o mais de um lado;

qual bala que tivesse um vivo mecanismo,

bala que possuísse um coração ativo

igual ao de um relógio submerso em algum corpo, ao de um relógio vivo e também revoltoso,

relógio que tivesse o gume de uma faca e toda a impiedade de lâmina azulada;

assim como uma faca que sem bolso ou bainha se transformasse em parte de vossa anatomia;

qual uma faca íntima ou faca de uso interno, habitando num corpo

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como o próprio esqueleto

de um homem que o tivesse, e sempre, doloroso

de homem que se ferisse contra seus próprios ossos.

(João Cabral de Melo Neto) Poesia Concreta

Revista Noigrandes, 1958(São Paulo): o manual da Poesia Concreta foi publicado. Assinado pelos poetas Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, o manifesto foi batizado - ironicamente - de

Plano Piloto Para Poesia Concreta. As propostas dos idealizadores eram : poesia concreta: produto de uma evolução crítica de formas dando por encerrado o ciclo histórico do verso (unidade rítmico-formal), a poesia concreta começa por tomar conhecimento do espaço gráfico como agente estrutura. espaço qualificado: estrutura espácio-temporal, em vez de desenvolvimento meramente temporístico-linear, daí a importância da idéia de ideograma, desde o seu sentido geral de sintaxe espacial ou visual, até o seu sentido específico (fenollosa/pound) de método de compor baseado na justaposição direta analógica, não lógico-discursiva

de elementos. Pós-tudo Augusto de Campos Velocidade Ronaldo Azeredo Ferreira Gullar

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Traduzir-se

Uma parte de mim é todo mundo:

outra parte é ninguém: fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão:

outra parte estranheza e solidão.

Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.

Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta. Uma parte de mim é permanente: outra parte

se sabe de repente. Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem.

Traduzir-se uma parte na outra parte

que é uma questão de vida ou morte será arte?

(Ferreira Gullar)

Os mortos

os mortos vêem o mundo pelos olhos dos vivos

eventualmente ouvem, com nossos ouvidos, certas sinfonias algum bater de portas, ventanias

Ausentes de corpo e alma

misturam o seu ao nosso riso se de fato

quando vivos

acharam a mesma graça

(Ferreira Gullar)

Poema Brasileiro

No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78 morrem antes de completar 8 anos de idade

No Piauí

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78 morrem antes de completar 8 anos de idade

No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78 morrem antes de completar 8 anos de idade

antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade

(Ferreira Gullar)

O Açúcar

O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema

não foi produzido por mim

nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro e afável ao paladar

como beijo de moça, água na pele, flor

que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim.

Este açúcar veio

da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.

Este açúcar veio

de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio

e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana

e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital nem escola,

homens que não sabem ler e morrem de fome aos 27 anos

plantaram e colheram a cana que viraria açúcar.

Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura

produziram este açúcar branco e puro

com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

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EXERCÍCIOS DE CASA

1.

Cidade, City, Cité

atrocaducapacaustiduplielastifeliferofugahisto- riloqualubrimendimultipliorganiperiodiplasti- publirapareciprorustisagasimplitenaveloveravi- vaunivoracidade city cité compõe

Com base nessa obra, é CORRETO afirmar que

a) Poesia Concreta defendia o êxodo urbano, ou seja, a fuga da cidade para o campo em busca de condições mais saudáveis de vida.

b) o caráter cosmopolita de Poesia Concreta se pode ilustrar com a presença plurilíngue de vocábulos

c)

-nova e da Tropicália, respectivamente.

d) os poemas concretistas privilegiaram o trabalho com versos de métrica regular e bastante extensos (como

e)

monótono e homogêneo que a cidade possui.

2.

Texto I

O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria;

como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias, mas isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias?

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Texto II

João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre partilhados por outros homens.

SECCHIN, A. C João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento).

Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema

A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da

a) descrição minuciosa dos traços biográficos do personagem-narrador.

b) construção da figura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua situação. c) representação, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilham sua

condição.

d) apresentação do personagem-narrador como uma projeção do próprio poeta, em sua crise existencial.

e) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias.

3.

Analise a imagem a seguir:

Fonte: SERPA, I. Arte brasileira. Colorama Artes Gráficas, s/d p. 90.

Com base na imagem e nos conhecimentos sobre a arte brasileira contemporânea (1950- 1980), é correto afirmar:

a) A arte brasileira sofreu novas e diversas direções, quando artistas como Renina Katz e Lygia Clark ligaram-se a diferentes movimentos estéticos como o abstracionismo e o concretismo.

b) O uso de materiais tradicionais permaneceu na concepção da arte ao priorizar temas como animais estranhos e cavaleiros medievais, ricos em detalhes realistas e pormenores incrustados. c) Ligada à estética do realismo mágico e propondo uma reconstrução ilógica da realidade, Tomie

Ohtake compõe quadros com formas e cores suaves.

d) Preocupados com os princípios matemáticos rígidos, os abstracionistas como Manabu Mabe, registraram temas vinculados à realidade social com desenhos e composições gritantes em grandes telas.

e) O concretismo privilegiou elementos plásticos relacionados à expressão figurativa em murais, tematizando tradições populares brasileiras em manifestos com experiências intuitivas da arte. 10) (UEL-2007) Com base nos conhecimentos

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4.

Antiode

Poesia, não será esse o sentido em que ainda te escrevo: flor! (Te escrevo: flor! Não uma flor, nem aquela flor-virtude em disfarçados urinóis).

Flor é a palavra flor; verso inscrito no verso, como as manhãs no tempo.

Flor é o salto da ave para o voo: o salto fora do sono quando teu tecido

se rompe; é uma explosão posta a funcionar,

como uma máquina, uma jarra de flores.

(MELO NETO, J.C. Psicologia da composição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997)

A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da linguagem, sem

necessariamente explicá-lo. Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação poética de

a) uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim de assumir novos significados.

b) um urinol, uma referência às artes visuais ligadas às vanguardas do início do século XX.

c) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem historicamente ligada à palavra poética.

d) uma máquina, levando em consideração a relevância do discurso técnico-científico pós-Revolução Industrial.

e) um tecido, visto que sua composição depende de elementos intrínsecos ao eu lírico.

5.

Considere as afirmações de três críticos literários brasileiros a respeito da poesia de Carlos Drummond de Andrade, de João Cabral de Melo Neto e do Concretismo:

I. Partindo-se do dado histórico de que foi No meio do caminho da renovação da poesia brasileira que a obra de Drummond começou a aparecer como portadora de uma lição poética mais sólida, embora, inicialmente, na direção nacionalista de seus contemporâneos, é possível ver o conjunto de sua obra através de duas atitudes estilísticas. Na verdade, são atitudes complementares, dois estágios que se prolongam: da objetividade e da preocupação social. O poeta é realmente objetivo, mas no sentido de que se encontra mais próximo das coisas. A exibição de termos e construções do português brasileiro vai-se diluindo à medida que se aproxima de 1945, quando começam a predominar a contenção expressiva e a experiência técnica, quase desconhecida dos primeiros livros. Realmente, é com Sentimento do mundo e principalmente com A rosa do povo que os grandes temas sociais e populares atingem os mais altos arremessos da poesia social no Brasil, desde Castro Alves (Gilberto Mendonça Teles).

II. É com O engenheiro (1945) e Psicologia da composição (1947) que o poeta atinge a maturidade criativa. João Cabral passará a se distinguir pelo combate sistemático ao sentimentalismo e ao irracionalismo em poesia, através de um processo de desmistificação dos mitos que a cercam. Ao mesmo tempo que desaliena a poesia, exibindo-lhe as entranhas, João Cabral procede a uma auto-análise da composição poética, chegando a dissociar a imagem física da palavra, do seu conceito.

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Além disso, o poeta-engenheiro fraciona os versos com uma técnica precisa de cortes que lhes confere uma estrutura, por assim dizer, arquitetônica, funcional. Não há, entretanto, em João

joguete de sentimentalismos epidérmicos e a busca do verdadeiramente humano na linguagem, tomada em si mesma, como fonte de apreensão sensível da realidade (Augusto de Campos). III. A poesia concreta, ou Concretismo, impôs-se, a partir de 1956, como a expressão mais viva e

atuante de nossa vanguarda estética. No contexto da poesia brasileira, o Concretismo afirmou-se como antítese à vertente intimista e estetizante dos anos 40 e repropôs temas, formas e, não raro, atitudes peculiares ao Modernismo de 22 em sua fase mais polêmica e mais aderente às vanguardas europeias. Os poetas concretos entenderam levar às últimas conseqüências certos processos estruturais que marcaram o futurismo (italiano e russo), o dadaísmo e, em parte, o surrealismo. São processos que visam explorar as camadas materiais do significante. A poesia concreta quer-se abertamente antiexpressionista. Em termos mais genéricos: o Concretismo toma a sério, e de modo radical, a definição de arte como techné, isto é, como atividade produtora (Alfredo Bosi).

a) Apenas II e III estão corretas. b) Apenas I e II estão corretas. c) Todas as afirmações são corretas. d) Apenas III está correta.

e) Nenhuma afirmação está correta.

6.

da sua memória mil e mui tos out ros ros tos sol tos pou coa pou coa pag amo meu

ANTUNES, A. 2 ou + corpos no mesmo espaço. São Paulo: Perspectiva, 1998

Trabalhando com recursos formais inspirados no Concretismo, o poema atinge uma expressividade que se caracteriza pela

a) interrupção da fluência verbal, para testar os limites da lógica racional. b) reestruturação formal da palavra, para provocar o estranhamento no leitor. c) dispersão das unidades verbais, para questionar o sentido das lembranças. d) fragmentação da palavra, para representar o estreitamento das lembranças. e) renovação das formas tradicionais, para propor uma nova vanguarda poética.

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7.

Sobre o poema concreto de Augusto de Campos, estão corretas as proposições: I. Em Miragem que em mim mira temos um exemplo de catacrese.

II. A oração eu tento tântalo pode ser compreendida como a forma coloquial eu tento tanto. É possível perceber que o poeta faz uma brincadeira com o nome da personagem mitológica por meio de uma paronomásia.

III. No poema é possível perceber a preocupação com o efeito ótico, recurso comum na poesia concreta.

IV. No poema de Augusto de Campos não há preocupação em romper com a estrutura discursiva do verso tradicional.

a) II e III estão corretas. b) I e IV estão corretas. c) II, III e IV estão corretas. d) Todas estão corretas.

QUESTÃO CONTEXTO

Explique por que a brincadeira representada no “tweet” acima está, de fato, relacionada às características

literárias.

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GABARITO

Exercícios de casa

1. b 2. c 3. a 4. a 5. c 6. d 7. a

Questão Contexto

o amor também era tratado de forma mística. Assim como o Modernismo tinha como característica o uso de metáforas. O humor se da, principalmente, pela definição de amor no contexto pós-moderno. Atualmente, as pessoas possuem relações menos sólidas e uma expressão utilizada para fazer referência aos (muitos) -moderna, é possível perceber que o amor não é tratado de maneira romantizada. A forma da poesia e o caráter social têm mais importância.

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