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Situação financeira dos estados

brasileiros após a renegociação das

dívidas de que trata a Lei n° 9.496/97

(Versão 2)

Darcy Francisco Carvalho dos Santos Auditor de finanças públicas , contador e economista Dezembro-2003

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RESUMO

Situação financeira dos estados brasileiros após a

renegociação das dívidas de que trata a Lei n° 9.496/97

O presente trabalho tem por objetivo verificar a situação financeira dos estados brasileiros após a renegociação da dívida ocorrida em decorrência da Lei n° 9.496/97.

A análise financeira ficou limitada à disponibilidade dos dados existentes nos “sites” da STN e de algumas secretarias estaduais de fazenda, o que impediu um exame mais detalhado de algumas situações.

A análise centrou-se na evolução, no período 1995-2002, do comprometimento da receita corrente líquida com os principais agregados de despesa, dando ênfase ao serviço da dívida e à capacidade atual dos estados para suportar esse encargo.

A excessiva expansão do IGP/DI tem contribuído para a redução menor do estoque da dívida e o aumento do valor das prestações para aqueles estados que, por ventura, não atingiram o limite contratual da receita liquida real. O maior problema está, no entanto, na própria situação financeira dos estados, que não geram resultado primário satisfatório. Os gastos com as despesas correntes, especialmente com pessoal, deixam um excedente reduzido para os investimentos e o pagamento da dívida. E, esse fenômeno aparece de maneira bem mais acentuada em alguns estados que fogem à média.

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Os estados encontram-se dentro de uma contingência: ou pagam a dívida e não investem ou investem (e pouco) e não pagam a dívida.

Também é verdade que, por mais pesado que sejam os encargos da dívida após a renegociação e são, sem ela seria muito pior, e que a causa principal da crise financeira por que passam os estados está na própria unidade federada, embora muitos atribuam à renegociação. É da nossa cultura atribuir aos outros a culpa por nossas mazelas.

Os estados brasileiros passam por grande crise estrutural nas suas finanças, que só pode ser vencida através de um prolongado ciclo de crescimento econômico que assegure um incremento contínuo da arrecadação tributária, por vários anos, além de um controle rígido sobre as despesas públicas.

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Sumário

INTRODUÇÃO ... 3

ANTECEDENTES ... 4

ASPECTOS CONCEITUAIS E METODOLÓGICOS... 8

2.1 CONCEITOS... 8

Pessoal e encargos sociais ... 8

Serviço da dívida ... 8

Outras despesas correntes – ODC ... 9

Transferências legais e constitucionais aos municípios ... 9

Investimentos ... 9

Receita corrente líquida ... 9

Receita líquida real ... 10

2.2 DEFLACIONAMENTO DOS VALORES... 11

REFINANCIAMENTO DAS DÍVIDAS DOS ESTADOS E FINANCIAMENTO DOS BANCOS PÚBLICOS ESTADUAIS... 12

EVOLUÇÃO DAS FINANÇAS DO CONJUNTO DOS ESTADOS BRASILEIROS NO PERÍODO 1995-2002... 16

4.1 EVOLUÇÃO DOS PRINCIPAIS AGREGADOS DE DESPESA EM FUNÇÃO DA RCL, NO PERÍODO 1995-2002... 18

a)Pessoal e encargos sociais ... 19

b)Outras despesas correntes – ODC ... 21

c) Serviço da dívida ... 22

c.1 – Relação dívida assumida/receita corrente líquida... 26

d) Investimentos ... 26

SITUAÇÃO FINANCEIRA EM 2002 DE OITO ESTADOS SELECIONADOS ... 29

5.1 ESTADO DE SÃO PAULO - SP ... 29

5.2 ESTADO DO RIO DE JANEIRO - RJ ... 32

5.3 ESTADO DE MINAS GERAIS - MG... 34

5.4 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - RS... 36

5.5 ESTADO DE SANTA CATARINA - SC... 38

5.6 ESTADO DE GOIÁS - GO ... 41

5.7 ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL – MS ... 43

5.8 ESTADO DA BAHIA – BA ... 44

CONSIDERAÇÕES FINAIS... 47

CONCLUSÃO ... 51

BIBLIOGRAFIA E LEGISLAÇÃO... 53

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Introdução

Este trabalho tem por finalidade a análise da situação financeira dos estados brasileiros em 2002, assim como sua evolução a partir de 1995, enfatizando o reflexo do serviço da dívida, antes e após a renegociação ocorrida com base na Lei n° 9.496/97.

A presente análise adota como parâmetro a receita corrente líquida, verificando seu comprometimento pelos grandes agregados de despesa definidos no item 2.1 do capítulo 2, caracterizando essa situação antes e após os investimentos, dando o mesmo tratamento ao serviço da dívida. Também é enfatizada a capacidade para novos investimentos pelos estados e o resultado primário dos mesmos.

Os dados utilizados na análise financeira estão limitados às informações obtidas junto aos “sites” da Secretaria do Tesouro Nacional – STN e de algumas secretarias de fazenda estaduais, não sendo possível, com isso, a obtenção de todos os detalhamentos e especificações necessários a uma conclusão mais abrangente.

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1

Antecedentes

A crise dos estados e a conseqüente necessidade de renegociação de suas dívidas não começou com o Plano Real, embora tenha se agravado a partir de 1995.

Os desequilíbrios financeiros dos governos subnacionais vêm da década de 80, ou mais longe ainda, e eram gerados por diversos motivos. Em virtude desses desequilíbrios, a União iniciou um processo de auxílio aos estados, em 1987, visando a atender ao refinanciamento de dívidas vincendas até o final daquele ano e suprir recursos destinados ao financiamento de déficits originados por despesas correntes de exercícios anteriores, até o ano citado. Esses procedimentos foram autorizados pela Lei n° 7.614, de julho de 1987.

Em 1989, através da Lei n° 7.976/89, a União concedeu financiamentos aos governos subnacionais para que estes honrassem seus compromissos decorrentes de operações de crédito externas e aqueles que eram garantidos por ela (a União).

Outra renegociação das dívidas dos estados pela União ocorreu através da Lei n° 8.727, de 5 de novembro de 1993, que renegociou os saldos devedores em 30/09/1993 da dívida contratada até 30 de setembro de 1991, abrindo a

possibilidade, em seu art. 6º, à renegociação da dívida mobiliária, cujos critérios e

mecanismos seriam definidos pelo Banco Central. Inicialmente, foram feitas trocas de letras financeiras dos estados por letras do Banco Central, visando a uma maior

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aceitação pelos tomadores e à conseqüente redução dos juros a serem suportados pelas unidades federadas.

Além dessas, foram editadas a Lei n° 8.212/91, relativa às dívidas para com o INSS e a Lei n° 8.620/1993, que trata das dívidas junto ao FGTS.

Em 1995, foi instituído o Programa de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste

Fiscal dos Estados, instituído pelo Voto CMN 162/95, com o objetivo de

proporcionar o equilíbrio orçamentário das unidades federadas, bem como ações que promovessem o equacionamento e a insuficiência de recursos. Para isso foram criadas linhas de crédito através da Caixa Econômica Federal, destinadas à quitação de dívidas vencidas até 30 de novembro de 1995, ao custeio de programas de redução da despesa de pessoal e à transformação de operações ARO junto ao sistema financeiro, em dívida fundada.

Com vista ao alongamento das dívidas estaduais, assim como a adoção de medidas que visassem a corrigir os desequilíbrios orçamentários, surgiram diretrizes que culminaram com a Medida Provisória n° 1.560/96, que após sucessivas reedições deu origem à Lei n° 9.496, de 11 de setembro de 1997.

Durante os anos 80 e até meados da década de 90, o alto índice inflacionário contribuía para a redução do déficit público, através da compressão do gasto real e da obtenção de ganhos no mercado financeiro, além da possibilidade de contrair novas operações de crédito, inclusive através de operações por antecipação de receitas – AROS.

Com a estabilização, desapareceram os efeitos inflacionários citados sobre as finanças dos estados, ao mesmo tempo que cresceram as despesas com pessoal,

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pelo peso crescente dos inativos, devido às aposentadorias precoces e pelo aumento dos salários, estes últimos provocados pelos governos que saíram em 1994 e pelos que ingressaram em 1995, que não conseguiram resistir às reivindicações, muitas delas causadas pela ilusão monetária de antes.

Na ausência da inflação e na impossibilidade de contrair novas dívidas, a solução encontrada foi a privatização de ativos, que, como se sabe, é uma receita de duração efêmera.

Neste contexto, e atendendo a uma reivindicação antiga dos governadores, é que surgiu, finalmente, a Lei n° 9.496/97, que refinanciou a dívida mobiliária dos estados, e a Medida Provisória n° 1.773/98, que criou o Programa de Estímulo à Redução do Setor Público na Atividade Bancária – Proes.

Mesmo que as condições de negociação tenham sido favoráveis aos estados, o alto valor financiado e a excessiva variação posterior do indexador, o IGP/DI, causada pelas desvalorizações cambiais de 1999 e de 2002, tornaram as prestações excessivamente altas. Para aqueles estados cujas prestações superaram o limite estabelecido em função da receita líquida real (geralmente 13%), o crescimento excessivo do IGP/DI não alterou o valor da prestações pagas, embora tenha contribuído para o crescimento do estoque da dívida.

A maior dificuldade, porém, decorre da própria situação financeira dos estados que, mesmo que lhes fosse zerado o pagamento da dívida, ainda lhes restaria uma parcela insuficiente para os investimentos necessários ao atendimento das carências crescentes da população.

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Diversas outras medidas foram tomadas pelo governo federal visando ao controle e à redução do déficit dos estados, tais como o fim do uso dos bancos estaduais para o financiamento dos tesouros, o maior controle sobre as antecipações das receitas orçamentárias, entre outras.

Outro fator importante foi a Reforma Constitucional de 1998, que deu aos estados condições de cumprir com os dispositivos da denominada “Lei Camata”, que permitiu limitar a despesa com pessoal em 60% da receita corrente líquida, o que veio a ser aperfeiçoado, inclusive com limite por Poder, pela Lei Complementar n° 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal.

Interpretações posteriores, inclusive dos Tribunais de Contas estaduais, ao proporcionarem a retirada de diversos itens do cômputo da despesa com pessoal, fizeram com que diversos estados constem como adequados à Lei de Responsabilidade Fiscal nesse item, sem, contudo, estarem. E, aí, reside uma das causas básicas do desequilíbrio da contas públicas estaduais do período pós-ajuste fiscal.

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2

Aspectos conceituais e metodológicos

2.1 Conceitos

Os agregados de despesa referidos são os seguintes: Pessoal e encargos sociais

Serviço da dívida

Outras despesas correntes Investimentos

A determinação dos agregados de despesa referidos e da receita corrente líquida obedeceu aos seguintes critérios:

Pessoal e encargos sociais

Formado pelos seguintes itens: pessoal ativo, pessoal inativo, pensionistas, salário-família, outras transferências a pessoas, obrigações patronais, contribuição ao Pasep e demais despesas de pessoal.

Serviço da dívida

Composto pela amortização e pelos juros e encargos da dívida. Esse montante, quando deduzido das operações de crédito realizadas, constitui o serviço da dívida líquido.

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Outras despesas correntes – ODC

Formado por serviços de terceiros e encargos, outros custeios, demais transferências correntes e diversas despesas correntes, tudo deduzido das transferências legais e constitucionais aos municípios.

Transferências legais e constitucionais aos municípios

Para o exercício de 2001, esse dado era omisso na fonte utilizada. Seu valor foi estimado com base na relação dessas transferências com a receita tributária em 2000.

Em 2002, as transferências aos municípios aparecem pelo seu total, não especificando as legais e constitucionais. Por isso, seu valor foi calculado com base nos percentuais constitucionais aplicados a cada tributo, atribuindo-se 40% ao salário-educação, que passou a ser dividido entre os municípios, tendo em vista as

disposições da Emenda Constitucional n° 14/961 (Tabela 4 do Anexo).

Investimentos

Estão considerados no sentido amplo. São toda a despesa de capital menos a amortização da dívida fundada.

Receita corrente líquida

A receita corrente líquida – RCL, por seu turno, não é aquela considerada para efeito da Lei de Responsabilidade Fiscal, que, além de sofrer inclusões e exclusões, cada estado adota uma interpretação própria.

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O conceito de RCL utilizado neste trabalho é o resultado da diferença entre o valor das receitas correntes e o das transferências constitucionais e legais aos municípios. É aquela parcela da receita corrente que pertence a cada unidade federada.

No exercício de 2002, em função da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Portaria Federal n° 163/2001, foram cancelados empenhos e despesas inscritas em restos a pagar em anos anteriores, que inflaram o seu valor e, em decorrência, o resultado do exercício. Ocorreram, ainda, antecipações de receitas do exercício de 2003 em alguns estados, que também provocaram idêntico efeito nos parâmetros referidos. As exclusões desses valores não puderam ser feitas, porque os dados utilizados não apresentam essa informação. No caso do RS, onde essas situações são conhecidas, não foram feitas as citadas exclusões, para manter-se a uniformidade de critério com os demais estados.

Receita líquida real

A receita líquida real – RLR serve como base para o cálculo do limite mensal do pagamento da dívida. Como parâmetro de comparação entre os agregados de despesa e outros foi adotada a receita corrente líquida – RCL, que é a variável utilizada pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

A RLR introduzida pela Resolução do Senado n° 69, de 14.12.1995 e adotada pela Lei n° 9.496/97, foi alterada pela Medida Provisória n° 1.816/99, que introduziu o desconto do valor bruto do Fundef na apuração de seu valor. Com isso, ela passou a representar entre 85% e 90% da RCL e, pela ausência de uniformidade de critério

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para sua apuração, deixou de ser o parâmetro ideal para comparação entre exercícios diversos.

2.2 Deflacionamento dos valores

Para a comparação de valores de exercícios diferentes utilizou-se o IGP/DI, através dos dois procedimentos seguintes:

a) Para as variáveis fluxo, utilizou-se o índice médio do ano de 2002 sobre o índice médio do ano correspondente, assim:

Valor a preços de 2002 = Valor do ano-t / IGP/DI médio do ano-t X IGP/DI

médio 2002.

b) Para as variáveis estoque, utilizou-se o índice do mês de dezembro de 2002 sobre o índice do mês em que ocorreu o fenômeno, assim:

Valor a preços de dezembro/2002 = Valor do mês-t / IGP/DI do mês-t X IGP/DI

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3

Refinanciamento das dívidas dos Estados e

financiamento dos bancos públicos estaduais

Com base na Lei n° 9.496 de 11 de setembro de 1997, o governo federal assumiu a dívida pública mobiliária dos estados e do Distrito Federal e os empréstimos por estes tomados junto à Caixa Econômica Federal, entre outros, conforme expresso em seu artigo primeiro.

A maioria da dívida foi refinanciada em 30 anos, a uma taxa de 6% ao ano mais IGP/DI. O comprometimento da receita líquida real - RLR com o serviço da dívida variou entre 11,5% e 15%. Para muitos estados, foi estabelecido um comprometimento menor nos dois primeiros anos do acordo, conforme Tabela 1 do Anexo.

O valor da prestação que exceder os limites referidos, terão seus pagamentos postergados para o momento em que o serviço da dívida ficar inferior aos limites

estabelecidos, conforme dispõe o art. 6º, § 2º .

Os valores excedentes aos limites de comprometimento da RLR, denominados “resíduos”, poderão ser renegociados com as mesmas condições do

contrato original, conforme dispõe o § 5º do art. 6º, a seguir:

§ 6º - Eventual saldo devedor resultante da aplicação do disposto neste artigo

poderá ser renegociado nas mesmas condições previstas nesta Lei, em até 120 (cento e vinte) meses, a partir do vencimento da última prestação do contrato de financiamento.

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Pelo menos no caso do RS este foi o procedimento adotado.

O objetivo deste trabalho, no entanto, é constatar a situação dos estados antes e após a renegociação, no tocante ao serviço da dívida.

O valor despendido pela União na assunção da dívida dos estados e do Distrito Federal foi de R$ 183,9 bilhões, a preços de dezembro/2002, conforme Tabela 1 do Anexo. Foram beneficiados 25 estados, já que dois, Amapá e Tocantins não refinanciaram suas dívidas.

Quanto aos bancos estaduais, o valor despendido, a preços de dezembro de 2002, através do Programa de Estímulo à Redução do Setor Público na Atividade Bancária - Proes, foi de R$ 106,3 bilhões, conforme Tabela 1.1 do Anexo. Ambos os financiamentos totalizam R$ 290,2 bilhões, a preços de dezembro de 2002.

É importante destacar que dos R$ 183,9 bilhões assumidos, 95% desse valor foi destinado a oito estados, mais 4% a outros nove, e 1% aos restantes oito estados. Dois estados, conforme referido, não refinanciaram suas dívidas (Tabela 2 do Anexo).

Os três grupos de estados referidos com a respectiva participação na receita total nacional estão expressos no Gráfico 1.

Analisando esses grupos, constata-se que aqueles estados de maior receita não só foram beneficiados com um financiamento maior em termos absolutos como também em relativos. O conjunto de estados que detém 66% da receita total foi beneficiado com um refinanciamento que representou 95% dos recursos. Já aquele outro conjunto que detém 15% da receita foi beneficiado com apenas 1% dos recursos. Numa posição intermediária estão aqueles que detêm 19% da receita

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nacional, representando seu refinanciamento 4% do montante global do de que trata a Lei n° 9.496/97.

Os oito principais estados beneficiados com o refinanciamento de dívidas, representando 2/3 da receita orçamentária nacional dessa esfera, estão relacionados na Tabela 1.

Tabela 1

Principais beneficiados com o refinanciamento das dívidas – Lei n° 9496/97

Valores em R$ 1.0000 de dezembro/2002

ORDEM ESTADOS DÍVIDA ASSUMIDA % RECEITA %

VALOR ATUALIZADO TOTAL

1 SP 97.219.788 52,8 53.038.998 28,0 2 RJ 29.981.811 16,3 19.204.878 10,1 3 MG 20.585.492 11,2 16.313.227 8,6 4 RS 17.453.551 9,5 12.239.654 6,5 5 SC 2.870.214 1,6 6.983.128 3,7 6 GO 2.478.168 1,3 5.083.561 2,7 7 MS 2.285.662 1,2 2.565.540 1,4 8 BA 1.794.445 1,0 9.868.801 5,2 TOTAL 174.669.132 95,0 125.297.787 66,0 BRASIL 183.954.873 189.746.974100,0 100,0 Fonte: Tabela do Anexo.

Gráfico 1 - Grupos de estados e sua participação nas operações de refinanciamento da dívida e na receita totais

95% 4% 1% 66% 19% 15% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Grupo 1 - 8 estados Grupo 2 - 9 estados Grupo 3 - 8 estados Op.crédito Part.receita

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Os quatro principais estados, SP, RJ, MG e RS, responsáveis por 53% da receita orçamentária da esfera estadual, foram beneficiados com 90% dos recursos.

No tocante ao financiamento dos bancos estaduais, cinco estados SP, RJ, MG, PR e RS foram beneficiados com 88,4% dos recursos, recebendo R$ 93,9 bilhões dos R$ 106,3 bilhões financiados, a preços de dezembro/2002 (Tabela 1.1 do Anexo).

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4

Evolução das finanças do conjunto dos estados

brasileiros

2

no período 1995-2002

Considerados em conjunto, os 27 estados brasileiros apresentaram em 2002 um resultado orçamentário, desconsiderando-se o serviço da dívida e os investimentos, na ordem de 21,6 bilhões, ou 14,5% da receita corrente líquida - RCL. Isso mostra quanto é reduzida a parcela da RCL disponível para investimentos e serviço da dívida.

Incluindo-se os investimentos, que corresponderam a 12,9% da RCL, restaram

tão-somente 1,6% para o serviço da dívida. Como seu montante significou 11,2%

da RCL, restaram 9,7% para serem financiados com receita de capital. Como essas atingiram 6,8%, permaneceu um déficit orçamentário de R$ 4,3 bilhões, ou de 2,9% da RCL (Tabela 2).

Na realidade, a situação financeira dos estados ainda é bem pior que a referida, porque a receita corrente líquida considerada neste trabalho é maior que a real, pelo fato de não ter sido excluída a receita escritural de anulação de restos a pagar, com alta incidência no exercício de 2002, conforme referido no item próprio.

Se o serviço da dívida é pesado para os estados, mesmo sem esse encargo, sua situação financeira não permitiria um nível de investimento adequado, diante do

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alto comprometimento com as demais despesas correntes, que será analisado mais adiante.

Tabela 2

Estados brasileiros – Comprometimento da receita corrente líquida em 2002

Deu-se mais ênfase a este método de análise do que o do resultado primário, porque este último exclui as receitas de capital, mas inclui os investimentos realizados com ela, distorcendo, em parte, a análise.

A Tabela 5 do Anexo, entretanto, apresenta o resultado primário dos 27 estados brasileiros, sendo de R$ 4,557 bilhões em 2002. Como o total do serviço da dívida foi de R$ 16,776 bilhões, restaram R$ 12,218 bilhões como insuficiência de

receita primária.

Invertendo-se a ordem entre o serviço da dívida e a dos investimentos, conforme Tabela 3, constata-se que, no exercício de 2002, restou apenas 3,3% da RCL para financiar os investimentos. A obtenção de 6,8% de receita de capital, que

R$1.000,00 %

1. Receita corrente líquida 149.304.668 100,0 2. Desp.correntes exceto enc.dívida 127.656.227 85,5 2.1 Despesas com pessoal 89.699.758 60,1

2.2 Outras despesas correntes 37.956.468 25,4

3. Resultado sem serviço da dívida -e s-em Inv-estim-entos (1-2) 21.648.441 14,5 4. Investimentos 19.319.215 12,9

5. Resultado sem serv.dívida (3-4) 2.329.225 1,6 6. Serviço da dívida 16.776.279 11,2 6.1 Juros e encargos da dívida 10.014.499 6,7

6.2 Amortização da dívida 6.761.780 4,5

7. Result. sem as Rec.Capital (3-4) (14.447.054) (9,7) 8. Receitas de capital 10.114.285 6,8

9. RES.ORÇAMENTÁRIO (5+6) (4.332.769) (2,9) Fonte: Tabelas 4 e 5 do Anexo.

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pode ser mais endividamento ou venda de patrimônio, permitiram com que o déficit orçamentário final ficasse na ordem de 2,9% da RCL.

Tabela 3

Estados brasileiros – Parcela da RCL disponível para investimentos Exercício de 2002

4.1 Evolução dos principais agregados de despesa em função da RCL, no período 1995-2002

No período 1995-2002, em termos reais, as receitas correntes cresceram 27,3%. Como o crescimento das receitas de capital foi de 19%, as receitas totais expandiram-se em 21,3%. Nesse mesmo período, a despesa total cresceu 14,8%. A despesa com pessoal e encargos sociais foi a que mais cresceu, 24,7%. As transferências legais e constitucionais aos municípios cresceram 20,5%. As outras despesas correntes - ODC, basicamente as despesas de manutenção, expandiram-se 8,1%. Os investimentos, por expandiram-seu turno, cresceram 12,7%.

O único item que apresentou redução foi o serviço da dívida, na ordem de 14,9%. Entretanto, quando se trata do valor líquido, ou seja, com a subtração das

ESPECIFICAÇÃO R$1.000,00 %

1. Receita corrente líquida 149.304.668 100,0 2. Despesas sem investimentos 144.432.506 96,7 2.1 Despesa com pessoal 89.699.758 60,1 2.2 Outras despesas correntes 37.956.468 25,4 2.3 Serviço da dívida 16.776.279 11,2 3. Rec.correntes para investimentos (1-2) 4.872.162 3,3 4. Investimentos 19.319.215 12,9 5. Receitas de capital 10.114.285 6,8 6. RES. ORÇAMENTÁRIO (3-4+5) (4.332.769) (2,9) Fonte: Tabelas 4 e 5 do Anexo.

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operações de crédito, a situação é bem diferente, conforme será tratado na análise específica desse item (Tabela 7 do Anexo).

a) Pessoal e encargos sociais

A despesa com pessoal e encargos sociais em relação à receita corrente líquida, depois de alcançar um mínimo de 56,2%, em 1999, passou a crescer, alcançando 60,1%, em 2002, somente dois pontos percentuais a menos que a marca alcançada no início da série, em 1995.

Alguns estados estão enquadrados nos limites da LRF. Outros, porém, só se “enquadraram”, porque excluíram alguns itens do cômputo da despesa com pessoal, inclusive por decisão dos Tribunais de Contas estaduais.

Na Tabela 8 do Anexo consta o comprometimento da receita corrente líquida com diversos itens de despesa. De acordo com os critérios utilizados no mesmo, os percentuais de comprometimento da RCL variaram de 77% a 40,6%. Os cinco estados com maiores percentuais em 2002 foram: MG (77,0%), RS (69,0%), PE (65,7%), DF (65,4%) e GO (64,4%).

No tocante aos inativos e pensionistas, o percentual variou de 30,9% a 0,3%. Os estados com maiores percentuais foram: RS (30,9%), MG (29,7%), RJ (23,2%), SP (22,2%) e GO (21,2%).

O comprometimento global da RCL com a despesa de pessoal mais encargos está expresso no Gráfico 2.

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A inflação e os salários

A inflação, com seu efeito nefasto sobre os ganhos fixos, contribuía para o equilíbrio das contas públicas de duas maneiras: pelos rendimentos das aplicações no mercado financeiro e pela queda real das despesas, especialmente os salários e proventos das aposentadorias, que são os itens mais representativos.

Para se ter uma idéia, só no período compreendido entre dezembro/1989 e dezembro/1994, a inflação atingiu uma média mensal de 24%. Isso dá uma dimensão do ganho do erário com esse processo. O Gráfico 2.1 ilustra, hipoteticamente, esta situação, sendo a linha contínua para o reajuste bimestral e a pontilhada para os reajustes trimestrais.

Os ganhos do erário eram tanto maiores quanto maiores fossem os índices de inflação e a periodicidade dos reajustes.

Gráfico 2 - Estados brasileiros - Despesa com pessoal/RCL, 1995-2002 65,1 62,1 60,1 56,5 57,9 56,2 59,5 62,0 50,0 55,0 60,0 65,0 70,0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

(23)

A área dos triângulos formados em cada situação representava os ganhos do tesouro estadual provocados pela inflação e, em contrapartida, as perdas dos servidores ativos e inativos.

Com o fim da hiperinflação, desapareceu a possibilidade de redução dos gastos de pessoal, por essa forma. Tendo em vista o crescimento do número de inativos e das vantagens funcionais, ficou muito difícil a redução da folha de pagamento. A reduzida queda de participação na RCL deu-se pelo aumento desta , já que a folha aumentou a partir de 1995.

b) Outras despesas correntes – ODC

São basicamente as despesa de manutenção mais as transferências, excluídas as legais e constitucionais, que constituem item próprio.

‘Em relação aos exercícios de 1995 e 1996, quando representaram 30,3% e 28,4% da RCL, respectivamente, este item representou, em 2002, 25,4%. Pode-se

Gráfico 2.1- Evolução do ICMS e salários num regime inflacionário 0 100 200 300 400 500 1 2 3 4 5 6 7 8

ICMS Salários_2m Salários_3m %

(24)

dizer que de 1998 para cá há uma tendência de queda, conforme se observa no Gráfico 3.

O comprometimento da RCL com este item variou de 36,4% a 15,0%, conforme Tabela 8 do Anexo. Os estados que apresentaram maiores percentuais foram: AP (36,4%), MS (31,7%), AL (31,7%), MA (31,1%), MT (30,9%), MG (30,1%). As causas dessas disparidades não puderam ser identificadas.

c) Serviço da dívida

São as amortizações mais os encargos da dívida.

Antes do acordo de renegociação da dívida, grande parte do serviço da dívida era rolado através de novas operações de crédito, de forma que o custo efetivo da dívida era representado pela diferença entre a despesa com amortizações e encargos e as novas operações de crédito. O valor assim apurado era o serviço da dívida líquido.

Esse fato fazia com que o peso do serviço da dívida na despesa pública fosse menor. Ocorre que isso tinha um limite, que era a impossibilidade de fazer novas rolagens ou, então, fazê-las a custos excessivamente altos, elevando o estoque da dívida a dimensões insustentáveis.

Gráfico 3 - Estados brasileiros - Outras despesas correntes/RCL, 1995-2002 25,4 27,2 27,1 22,9 29,2 25,1 28,4 30,3 -10,0 20,0 30,0 40,0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 %

(25)

Esse fato acentuou-se a partir de 1991, quando a política monetária passou a ser ativa, isto é, com a substituição do financiamento monetário pelo financiamento mediante dívida mobiliária. Além disso, a política tornou-se ativa com juros reais. A partir de 1991, a taxa Selic/over real, ajustada pelo IGP/DI, foi: 1991, 9,78%; 1992, 31,13%; 1993, 12,53%; 1994, 24,17%; 1995, 33,37%; 1996, 16,53%; 1997, 16,09% e

1998, 26,64%.3

Conforme se observa no Gráfico 4, o serviço da dívida, depois de alcançar um máximo de 72,3% da RCL em 1997, passou a decrescer, atingindo 19,6% em 1998, caindo sistematicamente a partir de então, para atingir 11,2% em 2002. Certamente, se não houvesse ocorrido a renegociação da dívida, os estados há muito tempo estariam insolventes, porque não teriam quem tomasse seus títulos e, tendo que resgatá-los, absorveriam toda ou quase toda sua receita líquida com essa operação.

Embora o comprometimento médio da RCL com o serviço da dívida em 2002 fosse de 11,2%, tal percentual variou de 21,7% a 1,1%. Os estados com maiores percentuais foram: AL (21,7%), PI (17,5%), MT (15,4%), MS (15,1%), SC (14,7%). A

3 CALAZANS, Roberto, SANTOS, Darcy F.C.dos Santos, obra citada, p.93, apud SANTOS, Gilton

Gráfico 4 - Estados brasileiros - Serviço da dívida bruto/RCL, 1995-2002 17,7 72,3 11,2 10,6 12,4 13,9 19,6 17,0 -20,0 40,0 60,0 80,0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 %

(26)

maioria desses estados negociaram suas dívidas com um limite de comprometimento maior que 13%, sendo 15% para AL, MT e MS (Tabela 8 do Anexo).

As outras razões do alto valor do serviço da dívida são o fato de haver pagamentos decorrentes de contratos que ficaram fora do cômputo do limite no acordo de renegociação (dívidas extralimites) e de operações de crédito efetuadas posteriormente.

Mas, talvez, o maior problema seja a indexação ao IGP/DI, índice que, por causa das duas superdesvalorizações cambiais ocorridas em 1999 e 2002, cresceu muito mais que os índices ao consumidor. Tomando como base o IPCA, por exemplo, verifica-se que a variação média do IGP/DI foi praticamente o dobro deste último, no período de 1998 (quando foram assinados a maioria dos contratos de renegociação) a 2002. Tal relação foi de 58,7% do IGP/DI para, apenas, 30% do IPCA. No entanto, para aqueles estados que atingiram o limite contratual, geralmente de 13%, esse crescimento a maior do IGP/DI, no tocante às prestações, não teve influência, o mesmo não ocorrendo em relação ao estoque da dívida, que foi decisivamente influenciado por ele.

Conforme foi salientado, as rolagens da dívida proporcionavam grande redução no desembolso efetivo dos recursos para o pagamento dos serviços, mas conforme já referido, tratava-se de um modelo já esgotado, que não podia mais continuar.

Para chegar-se ao serviço da dívida líquido deduzimos todas as operações de crédito, mesmo as que não tiveram a finalidade de rolagem, por dois motivos: primeiro, porque os dados disponíveis não fornecem esse detalhamento; segundo,

(27)

porque o custo da dívida deve ser encarado como um fluxo líquido de recursos, porque as novas operações, mesmo as não destinadas a rolagem, liberam mais recursos próprios para o pagamento do serviço da dívida. O Gráfico 5 ilustra o serviço da dívida em termos líquidos.

A redução do serviço da dívida decorrente do aumento da rolagem constitui uma vantagem no curto prazo, mas implica aumento do estoque da dívida. Por outro lado, a ausência de rolagem, embora implique aumento de despesa no presente, contribui para a redução do estoque da dívida.

Convém salientar que contribuiu bastante para os valores negativos do serviço da dívida líquido, principalmente nos exercícios de 1997 a 1999, a operação de crédito destinada ao financiamento dos bancos estaduais, através do Proes. Da mesma forma, os repasses desses recursos pelos estados aos bancos constituiu uma inversão financeira, daí se explicam, também, os altos investimentos, no conceito amplo, realizados pelos estados nesses exercícios.

Quando se examina a relação dívida consolidada líquida/ receita corrente líquida – CDL/RCL, constata-se que nos oito estados selecionados ela

cresceu 19,6% e no conjunto dos estados, 14,2% (Tabela 10 do Anexo).

Gráfico 5 - Estados brasileiros - Serviço da dívida líquido/RCL, 1995-2002 0,04 8,65 9,23 9,74 (1,57) (9,30) 0,98 5,17 (15,00) (10,00) (5,00) -5,00 10,00 15,00 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 %

(28)

A razão disso está no fato de os estados estarem pagando as obrigações decorrentes dos contratos com a União, mas, por insuficiência de recursos para investimentos e até para o custeio, estarem contraindo novas dívidas, além do fato de parcela significativa das prestações estarem ficando como resíduos por superarem o valor da receita líquida real, que foi reduzida a partir de 1999, com a exclusão da parcela do Fundef.

c.1 – Relação dívida assumida/receita corrente líquida

Conforme se observa na Tabela 2.1 do Anexo, a relação do valor da dívida assumida com o da receita corrente líquida, calculada em 2002, variou de 240,2% a 1,8%. Em cinco estados, esta relação variou de 240,2% a 114,7%. Mais quatro estados, tal relação oscilou de 71,7% a 57,2%. Em mais seis estados esta variação foi de 42% a 20% e 10 deles ficaram com índice inferiores a 15%, sendo seis com menos de 7,5%.

Embora muitas outras dívidas tenham sido colocadas como intralimites no acordo com a União, os percentuais referidos levam a crer que muitos estados ficaram com prestações abaixo dos limites estabelecidos (geralmente de 13%), tendo, por isso, sofrido influência da variação do IGP/DI, que teve efeito inócuo no tocante às prestações para aquelas unidades federadas cujo valor das prestações ultrapassou o referido limite contratual.

d) Investimentos

O nível de investimentos atingiu uma média de 14,5% da RCL nos exercícios 1995 e 1996, subindo para uma média de 32% no biênio 1997-1998. Após,

(29)

começou a declinar, passando de 16,6% em 1999, 14% em 2000, para, finalmente, situar-se num patamar um pouco inferior a 13% nos exercícios de 2001 e 2002, conforme se observa no Gráfico 6.

Convém salientar que contribuiu para esse desempenho, nesses exercícios, principalmente, os financiamentos dos bancos estaduais através do Proes, que foram repassados pelos estados como inversões financeiras, consideradas investimentos no conceito amplo adotado neste trabalho.

Mas esse desempenho deveu-se às receitas de capital. No período 1995-1999 o destaque se deve às operações de crédito, especialmente no exercício de 1997, quando foram 9,3% superiores ao valor do serviço da dívida. As alienações de bens foram significativas no período 1996-2000, especialmente nos exercícios 1997-1998. Como essas operações cobriam e até ultrapassavam o serviço da dívida, sobravam mais recursos para investimentos que, ainda, podiam ser aumentados com a receita de privatização. O resultado dessa política contribuiu para o crescimento da dívida líquida do setor público em nível estadual.

Gráfico 6 - Estados brasileiros - Investimentos/RCL, 1995-2002

12,9 12,7 13,9 16,6 32,1 31,7 14,3 14,8 -10,0 20,0 30,0 40,0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 %

(30)

Considerando por unidade federada, constata-se que o percentual dos investimentos sobre a receita corrente líquida variou de 54,3% (TO) a 4,6% (RS), numa média de 12,9%. Para que fosse obtido esse desempenho, os estados utilizaram receita de capital na ordem de 6,8% da RCL. Com isso, pode-se dizer que menos da metade dos investimentos foi feita com recursos classificados em receita corrente.

Os estados com maiores índices de investimentos foram: TO (54,3%), SC (32,2%), CE (24,1%), ES (23,9%), PB (23,3%) e AC (22,1%). Na realização desses investimentos, esses mesmos estados utilizaram receita de capital na ordem de: TO (23,9%), SC (29,1%), CE (11,1%), ES (5,4%) , PB (1,8%) e AC (10,4%).

Os estados com menores níveis de investimentos foram: DF (7,4%), PI (6,6%) e RS (4,6%). Mesmo assim, utilizaram recursos oriundos de receita de capital na ordem de: DF (2,7%), PI (5,1%) e RS (3,9%) (Tabela 8 do Anexo).

O reduzido nível de investimentos com recursos próprios tem origem na dimensão do gasto com pessoal e, secundariamente, nas outras despesas correntes e no serviço da dívida.

(31)

5

Situação financeira em 2002 de oito estados

selecionados

Conforme constante da Tabela 1 do capítulo 3, oito estados foram beneficiados com 95% dos recursos do refinanciamento das dívidas estaduais, de que trata a Lei n° 9.496/97.

Este capítulo se ocupará da análise da situação financeira destes, por ordem decrescente de valor de financiamento. Nos quatro primeiros, a ordem citada coincide com a do valor de sua receita orçamentária. São eles: SP, RJ, MG e RS. Os quatro seguintes, embora não haja a coincidência referida, nem são os de maior receita orçamentária, tratam-se de estados importantes no contexto de suas regiões e no nacional. Isso está a demonstrar que a boa situação financeira de um ente público ou de qualquer outro, por extensão, está mais no gastar bem do que no receber mais. A seguir, os estados pela ordem citada.

5.1 Estado de São Paulo - SP

A assinatura do contrato de renegociação da dívida do estado de SP foi em 22.05.1997. O valor da dívida assumido pela União, a preço de dezembro de 2002, foi de R$ 97,2 milhões, para pagamento em 30 anos, a uma taxa de juros de 6% ao ano mais IGP/DI, tendo como limites da receita líquida real os percentuais de 8,86%

(32)

a 13%. O estado de SP representou quase 53% do refinanciamento das dívidas dos estados de que trata a Lei n° 9.496/97.

O serviço da dívida em relação à RCL, com exceção do ano de 1997, que atingiu 157,1%, situou-se numa média de 18% até 1999, declinando a partir de então para um patamar inferior a 11%.

Em termos líquidos, ou seja, descontando as operações de crédito, foi pouco mais de 3% no biênio 1995-1996 e negativo, na ordem de 47,5%, em 1997. Isso se deve ao financiamento dos bancos públicos estaduais, que atingiu R$ 68 bilhões, a preços de dezembro/2002.

A partir de 1998, houve pouca redução do serviço da dívida em função de novas operações de crédito. O percentual líquido despendido com a dívida no triênio 2000-2002 ficou próximo a 9%, o que corresponde a um valor bem suportável.

Tabela 4

Estado de SP - Serviço da dívida em % da RCL, 1995- 2002

A situação das finanças em 2002 está expressa na Tabela 5.

INDICADORES 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Serviço da dívida 17,9 17,7 157,1 18,6 18,2 9,9 11,0 10,5 Serviço dívida líquido 3,6 3,1 -47,5 17,3 17,0 9,0 10,4 7,9 Fonte: Tabela 9 do Anexo.

(33)

Tabela 5

Estado de SP – Situação financeira em 2002

O valor despendido com pessoal e ODC representou 81,6% da RCL, restando, em decorrência, 18,4% de recursos próprios para investimentos e serviço da dívida. Como foi investido 9,2%, ficou disponível para o serviço da dívida também 9,2%. Como foi despendido 10,5% com essa finalidade, o ingresso de 2,8% de receita de capital permitiu um superávit de 1,5% da RCL, equivalente a R$ 618,3 milhões.

Deduzindo-se primeiro o serviço da dívida, restou 7,9% da receita corrente líquida para investimentos, que puderam ser aumentados com a participação das receitas de capital.

O estado de SP está numa situação de equilíbrio, embora o percentual dos investimentos fosse reduzido, mesmo que tenha representado a expressiva soma de R$ 3,7 milhões.

O resultado primário do estado foi de R$ 2,407 bilhões. Como foram pagos R$ 4,249 bilhões de serviço da dívida, ficou a descoberto de receita primária R$ 1,842

ESPECIFICAÇÃO R$1.000,00 %

1. Receita corrente líquida 40.477.649 100,0 2. Desp.correntes exceto enc.dívida 33.027.476 81,6 2.1 Despesas com pessoal 23.913.323 59,1

2.2 Outras despesas correntes 9.114.154 22,5

3. Resultado sem serviço da dívida

e sem investimentos (1-2) 7.450.173 18,4 4. Investimentos 3.729.120 9,2

5. Resultado sem serv.dívida (3-4) 3.721.053 9,2 6. Serviço da dívida 4.249.243 10,5 6.1 Juros e encargos da dívida 3.411.744 8,4

6.2 Amortização da dívida 837.499 2,1

7. Result. sem as rec.capital (3-4) (528.190) (1,3) 8. Receitas de capital 1.146.519 2,8

9. RES.ORÇAMENTÁRIO (5+6) 618.328 1,5

(34)

bilhão. O critério de apuração do resultado primário, ao excluir receitas sem excluir os investimentos realizados com elas, pode levar a conclusões que não são as mais adequadas. Isso decorre do fato de que muitos investimentos só são realizados pelo fato de existirem as receitas que lhe dão suporte, seja alienação de bens, sejam operações de crédito. Sem essas receitas não existiriam as despesas correspondentes, mas só estas últimas são consideradas no cálculo do resultado primário.

5.2 Estado do Rio de Janeiro - RJ

O estado do RJ refinanciou sua dívida em setembro/1999, num valor de R$ 30 bilhões, a preços de dezembro/2002. O prazo foi de 30 anos e a taxa de juros de 6% ao ano mais IGP/DI. O limite de comprometimento da receita líquida real acordado foi de 13%. O comprometimento da receita corrente líquida no período 1995-2002 está expresso na Tabela 6.

De uma média de 31% sobre a RCL no período 1995-1999, o serviço da dívida baixou para 10,5% no triênio 2000-2001. Em termos líquidos, cresceu o dispêndio com a dívida após a renegociação, conforme se observa na Tabela 6 referida. O alto percentual negativo de 1997 deve-se à operação de crédito de financiamento do banco público estadual.

O crescimento do serviço da dívida líquido após a renegociação ocorreu em quase todos os estados, mas nunca é demais repetir que o modelo anterior estava esgotado, pois conduzia a um endividamento insustentável. A vantagem referida era só no curto prazo.

(35)

Tabela 6

Estado do RJ – Serviço da dívida em % da RCL, 1995- 2002

O estado do RJ despendeu, em 2002, 87,9% da receita corrente líquida com despesa com pessoal mais ODC, restando para o serviço da dívida e investimentos, apenas 12,1%. Como os investimentos representaram 10,1% da RCL, sobraram apenas 2% para o serviço da dívida, que representou 12,8% do parâmetro citado.

Em decorrência, a insuficiência da RCL para o atendimento da despesa foi de 10,8%. As despesas de capital representaram 3,2% da RCL, restando um déficit orçamentário de 7,6%, ou R$ 1,192 bilhões.

Por outro lado, toda a despesa corrente mais a amortização da dívida implicaram déficit de 0,7% da RCL. Os investimentos, na ordem de 10,1% da RCL, só puderam ser feitos por meio de receitas de capital e de déficit orçamentário (Tabela 7).

O resultado primário foi negativo, na ordem de R$ 823,4 milhões. Como o serviço da dívida foi de R$ 1,998 bilhão, o déficit de receita primária foi de R$ 2,822 bilhões, conforme Tabela 5 do Anexo. Cabe, aqui, como para os demais estados, o comentário feito sobre esse assunto na análise do estado de SP.

INDICADORES 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Serviço da dívida 17,4 24,9 46,7 36,0 30,3 8,3 10,5 12,8 Serviço dívida líquido 5,2 3,0 -53,7 -1,2 3,8 7,5 9,7 10,1 Fonte: Tabela 9 do Anexo.

(36)

Tabela 7

Estado do RJ – Situação financeira em 2002

5.3 Estado de Minas Gerais - MG

O estado de MG refinanciou sua dívida em 18.02.1998 por um prazo de 30 anos, a uma taxa de juros de 7,5% mais IGP/DI. O comprometimento da receita líquida real variou de 6,79% a 13%. A dívida assumida pela União foi de R$ 20,585 bilhões, a preços de dezembro/2002 (Tabelas 1 e 2 do Anexo).

O valor do financiamento do Proes foi de R$ 8,025 bilhões, a preço de dezembro/2002, conforme Tabela 1.1 do Anexo.

O serviço da dívida baixou de uma média de 35,4% no quadriênio 1995-1998 para 14,7% no quadriênio 1999-2002, sendo que no exercício de 2002 tal percentual foi de 11,5%. Em termos líquidos, ocorreu crescimento significativo do desembolso com a dívida após a renegociação, conforme se observa na Tabela 8.

ESPECIFICAÇÃO R$1.000,00 %

1. Receita corrente líquida 15.636.712 100,0 2. Desp.correntes exceto enc.dívida 13.747.198 87,9 2.1 Despesas com pessoal 9.367.944 59,9

2.2 Outras despesas correntes 4.379.254 28,0

3. Resultado sem serviço da dívida

e sem investimentos (1-2) 1.889.515 12,1 4. Investimentos 1.583.404 10,1

5. Resultado sem serv.dívida (3-4) 306.110 2,0 6. Serviço da dívida 1.998.885 12,8 6.1 Juros e encargos da dívida 1.489.941 9,5

6.2 Amortização da dívida 508.943 3,3

7. Result. sem as rec.capital (3-4) (1.692.775) (10,8) 8. Receitas de capital 500.720 3,2

9. RES.ORÇAMENTÁRIO (5+6) (1.192.055) (7,6)

(37)

Deve ser salientado, no entanto, que o valor negativo do serviço da dívida apurado em 1998 deve-se à operação Proes, cujo recurso foi repassado ao sistema financeiro, não sendo utilizada na rolagem da dívida, nem em qualquer outra finalidade na Administração Direta.

Nunca é demais salientar que esse gasto a menor antes da renegociação não podia se prolongar por mais tempo, devido ao excessivo crescimento do estoque da dívida. Por isso, era uma vantagem de duração efêmera.

Tabela 8

Estado de MG – Serviço da dívida em % da RCL, 1995- 2002

O estado de MG despendeu, em 2002, 107,1% da RCL somente com pessoal mais ODC. Como os investimentos foram de 12% da RCL, o déficit antes do serviço da dívida, computando-se somente a receita corrente, foi de 19,1%.

Adicionando-se o serviço da dívida, o resultado negativo antes da receita de capital foi de 31,8% da RCL. Como as receitas de capital significaram 13,6% da RCL, o resultado orçamentário negativo ficou em 18,2%, que representou R$ 2,156 bilhões (Tabela 9).

Adicionando-se o serviço da dívida à despesa com pessoal mais ODC, chega-se a uma deficiência de recursos correntes na ordem de R$ 2,350 bilhões, antes do investimentos, portanto. Estes, na ordem de R$ 1,422 bilhão, foram realizados em

INDICADORES 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Serviço da dívida 25,5 25,9 50,6 39,4 17,1 16,0 13,1 12,7 Serviço dívida líquido 6,4 -3,9 2,0 -41,9 15,9 14,7 12,7 12,2 Fonte: Tabela 9 do Anexo.

(38)

função da receita de capital em valor maior, ou seja, de R$ 1,616 bilhão, que acabou financiando parte do gasto corrente.

O resultado primário foi negativo na ordem de R$ 575,3 milhões. Como o serviço da dívida representou R$ 1,509 bilhão, o déficit de receita primária foi de R$ 2,085 bilhões (Tabela 5 do Anexo).

Tabela 9

Estado de MG – Situação financeira em 2002

5.4 Estado do Rio Grande do Sul - RS

O Estado do RS negociou sua dívida em 15.04.1998, num prazo de 30 anos, com encargos de 6% ao ano mais IGP/DI. O valor assumido pela União foi de R$ 17,4 bilhões, atualizados para dezembro/2002. O limite variou de 12% a 13% da receita líquida real. O valor recebido do Proes foi de R$ 3,675 bilhões a preços de dezembro/2002 (Tabelas 1,1.1 e 2 do Anexo).

ESPECIFICAÇÃO R$1.000,00 %

1. Receita corrente líquida 11.843.956 100,0 2. Desp.correntes exceto enc.dívida 12.684.334 107,1 2.1 Despesas com pessoal 9.116.048 77,0

2.2 Outras despesas correntes 3.568.287 30,1

3. Resultado sem serviço da dívida

e sem investimentos (1-2) (840.378) (7,1) 4. Investimentos 1.422.271 12,0

5. Resultado sem serv.dívida (3-4) (2.262.649) (19,1) 6. Serviço da dívida 1.509.229 12,7 6.1 Juros e encargos da dívida 1.077.532 9,1

6.2 Amortização da dívida 431.697 3,6

7. Result. sem as rec.capital (3-4) (3.771.879) (31,8) 8. Receitas de capital 1.615.941 13,6

9. RES.ORÇAMENTÁRIO (5+6) (2.155.937) (18,2)

(39)

O serviço da dívida passou de uma média de 30% no quadriênio 1995-1998 para 12% no relativo a 1999-2002. Como aconteceu com os demais estados, no

entanto, o serviço líquido da dívida cresceu muito após a renegociação4. O valor

negativo apurado em 1998 deve-se à operação do Proes, que não representou recurso utilizado pela Administração Direta do Estado, já que foi integralmente repassado ao sistema financeiro (Tabela 10).

Tabela 10

Estado do RS – Serviço da dívida em % da RCL, 1995- 2002

O estado do RS despendeu, em 2002, 90,5% de sua receita corrente líquida só com despesa de pessoal e ODC, restando apenas 9,5% para atender as despesas com investimentos e com o serviço da dívida.

Como foi despendido 4,6% da RCL com os investimentos, restou 4,8% para o pagamento do serviço da dívida, que representou 12,6%. Com isso, antes das receitas de capital, a deficiência de receita corrente foi de 7,8% da RCL. Como as receitas de capital representaram 3,9%, restou um resultado orçamentário negativo

na ordem de 3,9% da RCL, que totalizou R$ 380 milhões.5

4 No caso do RS, quando se compara o período de quatro anos imediatamente anterior à renegociação, houve aumento de encargos com ela. Entretanto, quando o período comparado é de 1983-1998, houve redução, mesmo que pequena, de encargo líquido.

5 Contribuiu positivamente para esse resultado o recebimento antecipado do recurso para a manutenção das estradas federais (R$ 258,4 milhões), a antecipação líquida de ICMS e IPVA (R$ 166,25 milhões) e a anulação de restos a pagar (R$ 595

INDICADORES 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Serviço da dívida 30,8 25,7 33,3 29,4 11,9 12,1 12,0 12,6 Serviço dívida líquido 7,3 0,8 2,8 -32,5 9,4 7,9 10,4 11,2 Fonte: Tabela 9 do Anexo.

(40)

Somando-se às despesas correntes a amortização da dívida, houve um déficit de recursos, antes dos investimentos, na ordem de 3,2% da RCL. Estes só foram realizados com a participação das receitas de capital (3,9%) e a permanência de um déficit orçamentário de 3,9% da RCL (Tabela 11).

Tabela 11

Estado do RS – Situação financeira em 2002

O resultado primário foi positivo, na ordem de R$ 286,5 milhões.6 Como o

serviço da dívida correspondeu a R$ 1,219 bilhão, o déficit de receita primária foi de R$ 932,5 milhões.

5.5 Estado de Santa Catarina - SC

O estado de SC renegociou sua dívida em 31.03.1998, com um prazo de 30 anos para pagamento, taxas de juros de 6% ao ano, mais IGP/DI e o limite ente 12%

6 Vale para este item as mesmas observações da nota 5.

ESPECIFICAÇÃO R$1.000,00 %

1. Receita corrente líquida 9.643.929 100,0 2. Desp.correntes exceto enc.dívida 8.731.370 90,5 2.1 Despesas com pessoal 6.649.727 69,0

2.2 Outras despesas correntes 2.081.643 21,6

3. Resultado sem serviço da dívida

e sem investimentos (1-2) 912.558 9,5 4. Investimentos 445.344 4,6

5. Resultado sem serv.dívida (3-4) 467.214 4,8 6. Serviço da dívida 1.218.958 12,6 6.1 Juros e encargos da dívida 274.464 2,8

6.2 Amortização da dívida 944.493 9,8

7. Result. sem as rec.capital (3-4) (751.743) (7,8) 8. Receitas de capital 371.759 3,9

9. RES.ORÇAMENTÁRIO (5+6) (379.985) (3,9)

(41)

e 13% da receita líquida real. O valor assumido pela União foi de R$ 2,870 bilhões a preços de dezembro/2002.

O serviço da dívida atingiu uma média de 24,6% no triênio 1995-1997. Após, com exceção dos exercícios de 2000, onde atingiu 26,5%, e 2002 com 14,7%, nos demais exercícios manteve-se numa média pouco superior a 10%.

Em termos líquidos, ao contrário dos demais estados, houve redução do serviço da dívida após a renegociação (Tabela 12).

Tabela 12

Estado de SC – Serviço da dívida em % da RCL, 1995- 2002

O estado de SC, em 2002, despendeu 86,9% de sua receita corrente líquida com despesa com pessoal mais ODC, restando somente 13,1% para atender aos investimentos e ao serviço da dívida.

O serviço da dívida foi 14,7% da RCL, de forma que, mesmo antes dos investimentos, houve um déficit de 1,6% da RCL.

Os investimentos representaram 32,2%, mas 29,1% foram financiados por receita de capital, restando um déficit de 4,6% da RCL, correspondente ao valor de R$ 207,7 milhões (Tabela 13).

O resultado primário foi de R$ 804,5 milhões negativos. Como o serviço da dívida foi de R$ 664,7 milhões, restou um déficit de receita primária na ordem de R$ 1,469 bilhão.

INDICADORES 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Serviço da dívida 18,3 26,5 29,0 10,8 10,4 26,5 10,0 14,7 Serviço dívida líquido 9,6 -11,3 11,1 9,0 0,3 2,8 9,8 -8,2 Fonte: Tabela 9 do Anexo.

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Tabela 13

Estado de SC – Situação financeira em 2002

Esse déficit de receita primária deve ser analisado com cuidado, porque ele ocorreu por causa de um montante de investimentos atípico, na ordem de R$ 1,454 bilhão, tendo ocorrido R$ 1,318 bilhão de receita de capital, sendo R$ 1,034 bilhão operações de crédito.

Conforme já salientado, a sistemática de cálculo do resultado primário exclui as receitas de capital, mas inclui as despesas financiadas por elas. Por isso, sem se fazer essas considerações, pode-se chegar a conclusões equivocadas.

Isso não quer dizer que o estado de SC está no equilíbrio, porque antes dos investimentos, qualquer que fosse seu valor, já ocorrera um déficit em termos de receita corrente líquida. Mas dimensões desse déficit são bem menores, porque os investimentos em causa só ocorreram porque havia as operações de crédito para sua realização.

ESPECIFICAÇÃO R$1.000,00 %

1. Receita corrente líquida 4.524.022 100,0 2. Desp.correntes exceto enc.dívida 3.931.121 86,9 2.1 Despesas com pessoal 2.657.769 58,7

2.2 Outras despesas correntes 1.273.352 28,1

3. Resultado sem serviço da dívida

e sem investimentos (1-2) 592.901 13,1 4. Investimentos 1.454.498 32,2

5. Resultado sem serv.dívida (3-4) (861.597) (19,0) 6. Serviço da dívida 664.744 14,7 6.1 Juros e encargos da dívida 284.616 6,3

6.2 Amortização da dívida 380.128 8,4

7. Result. sem as rec.capital (3-4) (1.526.341) (33,7) 8. Receitas de capital 1.318.628 29,1

9. RES.ORÇAMENTÁRIO (5+6) (207.713) (4,6)

(43)

5.6 Estado de Goiás - GO

O estado de GO renegociou sua dívida em 25.03.1998, para pagamento em 30 anos, à taxa de 6% ao ano mais IGP/DI, com os limites de 13% a 15% da receita líquida real. O valor assumido pela União, a preço de dezembro/2002, foi de R$ 2,478 bilhões (Tabelas 1 e 1.1).

O valor financiado nos termos da Medida Provisória n° 1.773/98 para o banco público do estado foi de R$ 778 milhões, a preços de dezembro/2002.

O serviço da dívida baixou de uma média de 21% no quadriênio 1995-1998 para 11% no quadriênio 1999-2002. Considerado em termos líquidos, houve aumento após a renegociação, cabendo, aqui, entretanto, os mesmos comentários sobre esse fato feito no caso dos demais estados. O valor negativo em 1999 deveu-se, em grande parte, ao ingresso dos recursos provenientes do financiamento ao banco público estadual, que, no entanto, não foi utilizado pela Administração Direta (Tabela 14).

Tabela 14

Estado de GO – Serviço da dívida em % da RCL, 1995- 2002

O Estado de GO despendeu, em 2002, 93,2% de sua receita corrente líquida com o pagamento da despesa de pessoal mais outras despesas correntes – ODC, restando, em decorrência, apenas 6,8% para o pagamento do serviço da dívida e os investimentos.

INDICADORES 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Serviço da dívida 18,3 24,5 19,0 21,9 11,5 11,1 10,4 11,1 Serviço dívida líquido 11,8 4,7 6,8 10,6 -12,6 8,3 10,3 10,3 Fonte: Tabela 9 do Anexo.

(44)

Como os investimentos representaram 9% da RCL, antes do serviço da dívida já ocorreu uma insuficiência de recursos correntes, na ordem de 2,2%. Como o serviço da dívida foi de 11,1%, o déficit sem as receitas de capital atingiu 13,3% da RCL. O resultado orçamentário foi de apenas 1,6% da RCL, porque ingressaram receitas de capital na ordem de 11,7% (Tabela 15).

Descontando-se da receita corrente toda a despesa corrente mais a amortização da dívida, chega-se a um montante negativo de R$ 162,6 milhões antes dos investimentos, que só puderam ser realizados através da receita de capital.

O resultado primário foi positivo na ordem de R$ 292,6 milhões. Como o serviço da dívida foi R$ 422,1 milhões, restou uma deficiência de receita primária de R$ 129,5 milhões (Tabela 5 do Anexo).

Tabela 15

Estado de GO – Situação financeira em 2002

ESPECIFICAÇÃO R$1.000,00 %

1. Receita corrente líquida 3.790.344 100,0 2. Desp.correntes exceto enc.dívida 3.530.796 93,2 2.1 Despesas com pessoal 2.439.374 64,4

2.2 Outras despesas correntes 1.091.423 28,8

3. Resultado sem serviço da dívida

e sem investimentos (1-2) 259.548 6,8 4. Investimentos 342.052 9,0

5. Resultado sem serv.dívida (3-4) (82.504) (2,2) 6. Serviço da dívida 422.142 11,1 6.1 Juros e encargos da dívida 250.255 6,6

6.2 Amortização da dívida 171.888 4,5

7. Result. sem as rec.capital (3-4) (504.647) (13,3) 8. Receitas de capital 445.056 11,7

9. RES.ORÇAMENTÁRIO (5+6) (59.591) (1,6)

(45)

5.7 Estado de Mato Grosso do Sul – MS

O estado de MS renegociou sua dívida em 30.03.1998, para pagamento num prazo de 30 anos, a uma taxa de 6% ao ano mais IGP/DI e com os limites entre 14% e 15% da receita líquida real. O valor assumido pela União foi de 2,286 bilhões, a preços de dezembro/2002 (Tabelas 1 e 2 do Anexo).

O serviço da dívida baixou de uma média de 16% no período 1995-1998 para 11% no período 1990-2002. Entretanto, no exercício de 2002, o serviço da dívida foi de 15,1% ou 14%, em termos líquidos, voltando a patamares próximos ao período anterior à renegociação (Tabela 16).

Tabela 16

Estado de MS – Serviço da dívida em % da RCL, 1995- 2002

O estado de MS despendeu em 2002 com despesa de pessoal mais ODC 84,5% de sua receita corrente líquida. Incluindo os investimentos, na ordem de 11,8%, restou 3,7% da receita corrente líquida para o serviço da dívida, que foi de 15,1%.

O ingresso de receitas de capital (10,2%), permitiu o fechamento do exercício com 1,2% da RCL de déficit orçamentário (Tabela 17).

INDICADORES 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Serviço da dívida 22,1 15,7 11,3 14,9 10,5 9,1 8,8 15,1 Serviço dívida líquido 22,1 8,3 6,5 12,5 8,9 8,4 7,7 14,0 Fonte: Tabela 9 do Anexo.

(46)

Todas as despesas, exceto investimentos, atingiram 100,4% da receita corrente líquida. Os investimentos puderam ser realizados com o concurso das receitas de capital.

O resultado primário foi positivo na ordem de R$ 165,7 milhões. Como o serviço da dívida foi de R$ 299,8 milhões, restaram R$ 134,1 milhões de deficiência de receita primária (Tabela 5 do Anexo).

Tabela 17

Estado de MS – Situação financeira em 2002

5.8 Estado da Bahia – BA

O estado da BA renegociou sua dívida em 01.12.1997, para pagamento num prazo de 30 anos, a uma taxa de 6% ao ano mais IGP/DI. Os limites para o pagamento foram de 11,5% a 13% da receita líquida real. O valor assumido pela União atingiu a R$ 1,794 bilhão, a preços de dezembro de 2002 (Tabelas 1 e 2 do Anexo).

ESPECIFICAÇÃO R$1.000,00 %

1. Receita corrente líquida 1.991.910 100,0 2. Desp.correntes exceto enc.dívida 1.683.783 84,5 2.1 Despesas com pessoal 1.051.920 52,8

2.2 Outras despesas correntes 631.863 31,7

3. Resultado sem serviço da dívida

e sem investimentos (1-2) 308.127 15,5 4. Investimentos 234.185 11,8

5. Resultado sem serv.dívida (3-4) 73.942 3,7 6. Serviço da dívida 299.869 15,1 6.1 Juros e encargos da dívida 139.355 7,0

6.2 Amortização da dívida 160.514 8,1

7. Result. sem as rec.capital (3-4) (225.927) (11,3) 8. Receitas de capital 202.427 10,2

9. RES.ORÇAMENTÁRIO (5+6) (23.500) (1,2)

(47)

O financiamento do banco estadual atingiu o montante de R$ 2,501 bilhões, atualizados para dezembro/2002 (Tabela 1.1 do Anexo).

O serviço da dívida baixou de uma média de 19,7% no quadriênio 1995-1998 para 14,7% no período 1999-2002.

O serviço líquido da dívida aumentou com a renegociação, porém com isso reduziu-se sensivelmente o ritmo do crescimento da dívida. O valor negativo do serviço da dívida apurado em 1998 deve-se à operação de financiamento do banco público estadual, através do Proes (Tabela 18).

Tabela 18

Estado da BA – Serviço da dívida em % da RCL, 1995- 2002

O estado da BA despendeu, em 2002, 78% de sua receita corrente líquida com despesa com pessoal mais ODC, restando 22% para investimentos e o serviço da dívida. Como os investimentos foram de 15,4%, ficou disponível para o serviço da dívida, 6,6% da RCL. Como foi despendido com a despesa citada 13,3% da RCL, o déficit antes da receita de capital foi de 6,7%. Com o ingresso de receita de capital na ordem de 9,7% da RCL, o resultado orçamentário foi positivo de 3% (Tabela 19).

O montante da despesa, exceto investimentos, atingiu 91,3%. Com isso, restou 8,7% da RCL para investimentos, que representou 15,4% da mesma. Com o

INDICADORES 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Serviço da dívida 24,9 18,6 12,2 22,9 18,1 13,9 13,3 13,3 Serviço dívida líquido 10,2 4,2 6,4 -21,1 10,2 7,3 6,6 7,5 Fonte: Tabela 9 do Anexo.

(48)

aporte de receitas de capital, foi possível encerrar o exercício com 3% da RCL de resultado positivo.

Tabela 19

Estado da BA – Situação financeira em 2002

O resultado primário foi positivo, na ordem de R$ 630,6 milhões. Como o serviço da dívida foi de R$ 1.027,7 bilhão, a deficiência de receita primária foi de R$ 397 milhões (Tabela 5 do Anexo).

ESPECIFICAÇÃO R$1.000,00 %

1. Receita corrente líquida 7.745.869 100,0 2. Desp.correntes exceto enc.dívida 6.043.985 78,0 2.1 Despesas com pessoal 4.104.101 53,0

2.2 Outras despesas correntes 1.939.884 25,0

3. Resultado sem serviço da dívida

e sem investimentos (1-2) 1.701.884 22,0 4. Investimentos 1.192.984 15,4

5. Resultado sem serv.dívida (3-4) 508.900 6,6 6. Serviço da dívida 1.027.667 13,3 6.1 Juros e encargos da dívida 475.998 6,1

6.2 Amortização da dívida 551.669 7,1

7. Result. sem as rec.capital (3-4) (518.767) (6,7) 8. Receitas de capital 754.882 9,7

9. RES.ORÇAMENTÁRIO (5+6) 236.115 3,0

(49)

6

Considerações finais

Antes da renegociação da dívida, os estados apresentavam contínuo crescimento do seu serviço da dívida, que, na sua maioria, não era pago, mas, simplesmente, rolado. Isso, se por um lado, aliviava o orçamento do exercício corrente, por outro, fazia crescer o estoque da dívida, que trazia como conseqüência um serviço da dívida cada vez maior. Houve exercícios, entretanto, como no caso do RS, que, a despeito de grandes dispêndios líquidos com o serviço da dívida, o estoque desta ainda cresceu em grandes proporções.

O crescimento do serviço da dívida ocorria por duas razões: primeiro, porque os encargos incidiam sobre um estoque de dívida cada vez maior; segundo, porque quanto maior fosse o montante da dívida, maior era o risco e, portanto, maiores eram os juros pagos nas sucessivas rolagens.

A situação já estava insustentável, até que, finalmente, adveio a Lei n° 9.496/97 e, com ela, a renegociação, aliada ao financiamento dos bancos públicos estaduais, através da Medida Provisória n° 1.773/98.

Com a renegociação, reduziu-se, sensivelmente, o valor do serviço da dívida, mas, em termos líquidos, aumentou o desembolso dos estados, que não puderam mais contrair novos empréstimos como faziam antes, principalmente depois do

(50)

advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabeleceu limites rígidos para o endividamento.

Hoje, os estados atravessam difícil situação financeira que é atribuída, equivocadamente, por muitos, à renegociação da dívida.

Na realidade, as prestações ficaram altas, não porque as condições do acordo da dívida fossem ruins, mas porque os estoques da dívida negociada eram muito altos. Além disso, o reajustamento das mesmas pelo IGP/DI, tendo em vista o crescimento subseqüente desse índice em proporção bem superior ao IPCA, por exemplo, também contribuiu para o crescimento das prestações. No intervalo de tempo entre 1998 e 2002, o crescimento médio do IGP/DI foi o dobro do relativo ao IPCA, ou seja, de 59% para 30%.

O crescimento excessivo do IGP/DI, no entanto, contribuiu para o aumento do estoque da dívida de todos os estados. Já, quanto às prestações, somente foram atingidos aqueles estados cujo valor das mesmas não superaram o limite contratual em função da receita líquida real, geralmente de 13%.

Entretanto, a maior dificuldade para o pagamento da dívida está na própria situação financeira dos estados, que é grave, mesmo sem o pagamento do serviço da dívida. Em outros termos, está na insuficiência de superávit primário.

Isso decorre do alto comprometimento com a despesa de pessoal, motivado, principalmente, pela grande incidência da folha de inativos. A exclusão de diversos itens que a compõem dos limites estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, por alguns estados, contribuiu para agravar a situação. Além disso, as outras

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