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Técnicas de Diagnóstico e Classificação de Anomalias por Perda de Aderência em Rebocos

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Técnicas de Diagnóstico e Classificação de Anomalias por Perda de

Aderência em Rebocos

Pedro Lima Gaspar Faculdade de Arquitectura

Univ. Técnica de Lisboa Portugal pmgaspar@fa.utl.pt

Inês Flores-Colen I.S.T

Univ. Técnica de Lisboa Portugal ines@civil.ist.utl.pt

Jorge de Brito I.S.T.

Univ. Técnica de Lisboa Portugal jb@civil.ist.utl.pt

Resumo: As anomalias por perda de aderência em rebocos correspondem ao estado último da vida útil das argamassas e traduzem-se pelo destacamento de material ou pela perda de coesão da argamassa. Quando ocorre, a perda de aderência origina uma profunda degradação da qualidade visual da superfície e constitui um factor de risco para os utentes e para o paramento que, nas zonas afectadas, passa a ficar sob a acção directa dos agentes atmosféricos. Nesta comunicação, faz-se uma síntese das anomalias associadas ao destacamento e à perda de coesão de rebocos, das causas possíveis, técnicas de diagnóstico e respectivas técnicas de reparação.

Palavras-chave: aderência, destacamento, perda de coesão, técnicas, diagnóstico.

1. INTRODUÇÃO

A perda de aderência entre a argamassa e a parede manifesta-se através do destacamento da argamassa em relação do suporte ou pela perda de coesão do material que constitui o reboco. Esta anomalia representa o final da vida útil do reboco, dado que a) este deixa de cumprir a sua função de protecção do suporte – que, deste modo, fica exposto à acção directa dos elementos atmosféricos; b) existe um risco efectivo para a segurança e saúde dos utentes decorrente da queda de partes da argamassa; c) com a deterioração do reboco, ocorre a degradação da qualidade visual da fachada como um todo e do meio onde esta se insere, como se ilustra na figura 1.

Importa, por isso: a) conhecer os mecanismos de aderência das argamassas ao suporte; b) tipificar as manifestações deste tipo de anomalia; c) entender a sua evolução desde as primeiras manifestações do problema de modo a antecipar o seu aparecimento ou, sempre que tal não seja possível, reparar a zona afectada – um pouco à semelhança de idênticos trabalhos desenvolvidos para as manchas [1-3] e para a fissuração [4] de rebocos correntes em fachadas.

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Figura 1 – Para além da perda de desempenho das funções de protecção do suporte, as manifestações de perda de aderência contribuem de forma decisiva para a percepção da

degradação das fachadas e do meio onde estas se inserem

2. A ADERÊNCIA DE ARGAMASSAS AO SUPORTE

A aderência das argamassas ao suporte resulta de uma combinação entre acções mecânicas – que são predominantes no caso dos rebocos – e a aderência específica dos materiais – que funciona por colagem das superfícies e que pode ser potenciada, por exemplo, através de aditivos à argamassa [5]. Após a aplicação da argamassa sobre o suporte, a aderência processa-se por penetração capilar da água de amassadura nos poros do suporte, arrastando os elementos mais finos da argamassa [6]. Para potenciar este fenómeno, as bases têm de apresentar características que favoreçam as ligações, quer de forma natural (porosidade), quer induzidas de forma mecânica (juntas avivadas, superfície rugosa ou picada), quer complementadas por materiais que favoreçam a ligação e/ou tornem contínua a superfície de contacto (como redes metálicas, acrílicas ou adjuvantes). Durante a aplicação, a argamassa deve ainda ser firmemente talochada contra o suporte, de modo a evitar a existência de ocos entre as superfícies de contacto [7].

Durante o processo de aplicação, ocorre a perda de água da argamassa por evaporação e por absorção do suporte e, com ela, a perda de plasticidade da pasta que assim obtém uma ligação mecânica ao suporte. Do ponto de vista da durabilidade, uma boa aderência entre o reboco e a base de assentamento permite controlar a ocorrência de fendilhação - uma vez que as tensões internas que se geram durante a retracção são distribuídas de forma equilibrada por toda a argamassa. Assegura ainda uma maior resistência a movimentos diferenciais entre os dois materiais e, a prazo, permite evitar o descolamento do reboco em relação à alvenaria ou à camada subjacente.

3. TIPIFICAÇÃO DE ANOMALIAS POR PERDA DE ADERÊNCIA

As anomalias relacionadas com a perda de aderência entre a argamassa e a base de assentamento podem decorrer de situações de destacamento entre as duas superfícies ou por perda de coesão da argamassa que, deste modo, se solta da fachada. Cada um destes tipos de anomalia tem, por sua vez, diversas manifestações que importa conhecer e que

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permitem a tipificação do problema. 3.1 Destacamento

Quando a argamassa perde a sua capacidade de aderência ao suporte, dá-se o seu descolamento em relação à base de assentamento, numa primeira fase, geralmente seguido pelo empolamento do reboco, até atingir a fase de desprendimento. Do ponto de vista da terminologia, cada uma destas fases pode ser descrita do seguinte modo [8, 9]:

• descolamento: afastamento do reboco em relação ao suporte (paramento ou camada subjacente), passível de ser identificado através do som cavo que emite quando percutido; nestes casos, é a tensão superficial da argamassa que a mantém coesa;

• deformação ou empolamento: variação da geometria do reboco (por uma variação à planura), geralmente pela formação de convexidades para o exterior (abaulamentos), como se ilustra na figura 2a, ou para o interior (esmagamento); a primeira situação dá-se pelo agravamento do descolamento da argamassa, sobretudo em argamassas pouco rígidas, e antecede a queda do material; a segunda ocorre devido a causas fortuitas, por acção mecânica;

• desprendimento: separação definitiva da argamassa em relação ao seu suporte, por queda, provocando descontinuidades na superfície, como se pode ver na figura 2b; este fenómeno ocorre geralmente em rebocos fracturados ou descolados do suporte, através da queda de porções da argamassa; nestas situações, devido ao efeito da gravidade e às deformações do material, originam-se fracturas na argamassa por incapacidade de funcionamento aos esforços de flexão e torção que se criam na camada rígida do revestimento, particularmente no caso de ocorrência de abaulamentos; em consequência, o reboco cai, sob a forma de placas rígidas de geometria irregular;

• lacunas: caso particular dos destacamentos, que resulta da perda de material (por exemplo, em esquinas, varandas ou platibandas, como se ilustra na figura 2c) por acção mecânica ou, mais frequentemente, pelo aumento de volume decorrente da corrosão de elementos metálicos no interior do suporte (ou da argamassa).

Figuras 2a, 2b e 2c - Da esquerda para a direita, exemplos de deformação, de desprendimento e de lacunas

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A perda de coesão corresponde à desunião ou desagregação dos componentes da argamassa, seguida pela perda das partículas que a compõem. Este fenómeno é mais frequente em argamassas antigas, por oposição às argamassas de cimento, sobretudo após o destacamento da camada superficial do reboco (mais endurecida e que, ao desaparecer, deixa expostas ao ambiente as camadas interiores do reboco). A perda de coesão manifesta-se geralmente por três tipos de fenómenos [9]:

• pulverização (figura 3a): desagregação dos vários componentes da argamassa, que se esfarela e conduz ao desprendimento de material sob a forma de pó ou de grânulos;

• arenização ou desagregação granular (figura 3b): perda ou lavagem das partículas finas da argamassa caracterizada pelo fácil destaque de partículas de dimensão da areia mesmo com esforços mecânicas de fraca intensidade;

• erosão (figura 3c): corresponde à perda localizada de massa de superfície do material por acção dos elementos atmosféricos, podendo originar um efeito localizado de escavação da argamassa; este fenómeno, embora raro, regista-se no caso de argamassas antigas, muito espessas e com perda de ligante, geralmente após a perda da camada exterior de protecção (como a cal).

Figuras 3a, 3b e 3c - Da esquerda para a direita, exemplos de pulverização, de arenização e de erosão

4. LEVANTAMENTO VISUAL

Uma descrição visual completa da perda de aderência e da perda de coesão pode ser resumida nos seguintes parâmetros principais:

• localização (zona da fachada);

• extensão (área da fachada afectada pela anomalia);

• identificação das camadas afectadas pela perda de aderência ou de coesão; • descrição do tipo e das características superfície exposta (base de assentamento,

planeza, rugosidade, coesão);

• descrição da natureza do material desagregado, no caso das situações de perda de coesão;

• outras anomalias relacionadas com o destacamento ou com a perda de coesão; • contexto.

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5. EVOLUÇÃO DA PERDA DE ADERÊNCIA DAS ARGAMASSAS

Ao contrário do que acontece no caso das fissurações ou das manchas, verifica-se que os destacamentos raramente ocorrem de forma isolada, mas resultam de estados patológicos (isto é, uma combinação de anomalias e de agentes de degradação) por vezes complexos. Nas argamassas à base de cal, o processo de degradação por perda de aderência pode ser precedido de fendilhação na zona afectada. Nestas situações, verifica-se frequentemente o destacamento da camada de acabamento do reboco (esboço), mais rígida do que as camadas precedentes devido a uma carbonatação mais prolongada dos seus constituintes. A perda desta camada deixa exposta aos agentes atmosféricos a camada de emboço, geralmente de maior espessura e menos rígida, logo mais susceptível a degradação por perda de coesão, como se ilustra na figura 4.

Figura 4 - Fases de degradação por perda de material em argamassas de cal ou pouco ricas em cimento: inicialmente, dá-se a fissuração da argamassa (1), conduzindo ao descolamento e desprendimento da camada de acabamento, mais carbonatada, logo mais rígida (2); as camadas interiores do reboco ficam expostas e sujeitas a fenómenos de perda

de coesão e de lavagem dos constituintes da argamassa (3)

No caso dos rebocos à base de cimento, mais rígidos e de menor espessura, a perda de aderência decorre da existência de esforços de corte entre a argamassa e o suporte, podendo ou não ser precedidos de fendilhação [10]. Nestas situações, dá-se o descolamento e queda de porções do reboco, ficando exposta a base de assentamento e a camada de salpico.

6. PRINCIPAIS CAUSAS DA PERDA DE ADERÊNCIA

A perda de aderência pode ocorrer por descolamento em relação à base de assentamento (geralmente por questões relacionadas com as características da argamassa, do suporte ou decorrentes da fase de aplicação da argamassa) ou por retracção da argamassa que origine a rotura por corte relativamente ao suporte. De entre as principais causas para a ocorrência desta anomalia, destacam-se as seguintes [6, 7, 10-14]:

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• aplicação de rebocos demasiado rígidos sobre suportes não homogéneos ou constituídos por camadas, com menor capacidade de aderência entre si e que são “arrancadas” à própria parede;

• deficiente preparação do suporte: falta de rugosidade do suporte ou de limpeza (por vezes decorre da aplicação de um revestimento sobre outro existente);

• dosagem inapropriada do traço da argamassa (pouco ligante), sobretudo quando conjugada com a aplicação em tempo seco;

• deficiente aderência da argamassa ao suporte devido a uma má cura daquela na fase de aplicação, conduzindo a: a) uma dessecação do suporte e à criação de uma superfície pulverulenta entre a argamassa e a base de assentamento; b) salpisco mal hidratado ou, inversamente; c) excesso de água de amassadura;

• espessura excessiva do reboco;

• humidificação prolongada da parede;

• presença de sais infiltrados na zona de interface;

• movimentos diferenciais entre o suporte e o revestimento. A deformação da argamassa pode ocorrer nas seguintes situações:

• acção da gravidade numa argamassa previamente descolada; • humidificação prolongada da parede ou da argamassa;

• entrada e eventual acumulação de água entre a argamassa e o suporte; • dilatação de sais na argamassa ou na interface entre o reboco e o suporte; • criptoflorescências;

• acções mecânicas fortuitas (no caso do esmagamento). Por sua vez, o destacamento pode dever-se a:

• deformações do suporte, especialmente devidas ao aumento de volume de elementos metálicos, por corrosão destes;

• ocorrênciadetensõesde corte na argamassa ou na interface entre esta e o suporte; • uma combinação das causas anteriormente listadas que conduza ao agravamento

das situações de descolamento e deformação da argamassa.

A perda de coesão afecta sobretudo rebocos antigos ou com reduzida percentagem de cimento e pode ocorrer quando existe:

• humidade seguida de cristalização de sais;

• humidade retida na argamassa devida a pinturas com pouca permeabilidade ao vapor de água;

• lavagem do ligante, especialmente em situações de argamassas com baixa dureza superficial;

• deterioração biológica, através de ataque químico resultante das substâncias expelidas pelo metabolismo de microrganismos e organismos (ácidos gerados que atacam a argamassa);

• reacção química entre os constituintes do reboco e os compostos naturais ou artificiais contidos na atmosfera, que originam reacções que geram novas estruturas moleculares;

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• humidade que, infiltrada nos poros, pode levar à dissolução de alguns componentes da argamassa; pode igualmente conduzir ao aumento diferencial de volume das camadas mais superficiais do reboco em relação às camadas mais internas, conduzindo ao aparecimento de microfissuração no interior e à desintegração da camada superficial do reboco.

A tabela 1 apresenta uma síntese das causas mais prováveis para a ocorrência de perda de aderência, para rebocos antigos (ligante à base de cal) e correntes (rebocos cimentícios). A análise desta tabela revela que a fase de execução condiciona muito fortemente o desempenho dos rebocos do ponto de vista da aderência.

7. TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO

O levantamento visual de anomalias relacionadas com a perda de aderência é geralmente fácil a partir do momento em que ocorrem deformações ou destacamentos do reboco. Em superfícies aparentemente em bom estado, podem ser usadas técnicas relativamente simples para perceber se há desligamento entre o revestimento e o suporte (como a percussão, à procura de um som ‘oco’), o que naturalmente implica a possibilidade de acesso à zona da fachada a inspeccionar.

Tabela 1 – Matriz de correlação entre as anomalias de rebocos por perda de aderência e principais causas D1 D2 D3 D4 PC1 PC2 PC3 Causas A N A N A N A N A N A N A N Fase C01 ● ● ● ● ● ● ○ ● - - - E C02 ○ ● ● ● ● ● - - - - ○ - - - P C03 ○ ● - - - ● - - - - ○ - - - E C04 ● ● - - ● ● - - ● ○ ● ○ ● - E C05 ● ● ● ● ○ ○ ○ ○ ● ○ ● ○ ○ - E C06 ● ● ○ ○ ● ● - - ○ ○ ○ ○ ● - E C07 ● ● - - ● ● - - - E C08 ● ● ○ ○ ● ● - - ○ ○ ○ ○ - - E C09 ○ ○ ● ● ○ ○ - - ○ ○ ● ● ● - U / A C10 ● ● - - ● ● - ○ - - - P / A C11 - - ○ ○ - - - - ● ● ● ● - - U / M C12 ● ● ● ● ○ ○ ○ ○ ○ - - - A C13 ○ ○ ● ● ● ● ● ● ● - - - P / A C14 - - - ○ ○ ○ ○ ○ - A C15 ○ ○ ● ● ○ ○ ● ● - - - U / M C16 - - - ○ - ○ - ● - A

Legenda: D1 descolamento; D2 deformação; D3 destacamento; D4 lacunas; PC1 Pulveri-zação; PC2 areniPulveri-zação; PC3 erosão; ‘A’ rebocos antigos; ‘N’ rebocos correntes (cimentí-cios); correlação elevada ‘●’, correlação possível ‘○’, correlação baixa ou nula ‘-’Fases: P

(projecto); E (execução); U/M (utilização / manutenção); A (ambiente) (continua)

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Tabela 1 (continuação) – Matriz de correlação entre as anomalias de rebocos por perda de aderência e principais causas

Causas:

C01 Suportes pouco homogéneos; C02 Suportes pouco ou demasiado rígidos;

C03 Pouca rugosidade própria do suporte ou induzida em obra;

C04 Dosagem inadequada dos constituintes da argamassa (relação água / ligante, traço); C05 Utilização de água com sais solúveis;

C06 Desrespeito pelas regras de aplicação e pelo projecto de execução (como a espessura das camadas ou os tempos de espera entre a aplicação de cada camada);

C07 Preparação e estado do suporte (existência, por exemplo, de poeiras ou sais, humedeci-mento do suporte, execução de juntas, entre outras);

C08 Condições climatéricas nas fases de aplicação e de cura (tempo frio, húmido, alterações bruscas de temperatura, entre outras);

C09 Humedecimento contínuo ou alternado (ciclos de molhagem / secagem); C10 Movimentos diferenciais do suporte;

C11 Pouca permeabilidade da parede (por exemplo, devido ao tipo de pintura exterior); C12 Criptoflorescências;

C13 Corrosão de elementos metálicos presentes no suporte ou embebidos na argamassa; C14 Acções biológicas;

C15 Acções mecânicas fortuitas;

C16 Acção dos ventos predominantes (em função da direcção).

Caso se queira quantificar ou verificar a aderência entre a argamassa e o suporte, podem ser usados meios complementares de diagnóstico, de entre os quais se destacam:

• ensaios de pull-off [3, 15, 16]; • ultra-sons [3, 17];

• esclerómetro pendular [3, 18].

Enquanto que a técnica pull-off permite a quantificação da resistência ao arrancamento do reboco ao suporte, os ultra-sons e o esclerómetro pendular são técnicas que podem complementar a análise de outras anomalias, as quais podem conduzir a destacamentos ou perda de coesão (por exemplo, fissuração ou pulverulência).

Nas situações em que se verifica desagregação da argamassa, pode ser necessário recorrer a análises espectrográficas para identificar as causas prováveis da anomalia [19].

8. RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS

Quando se detectam anomalias relacionadas com a perda de aderência de rebocos, exclui-ndo as situações de uma manifestação muito pontual (localizada numa zona bem precisa da fachada e, por isso, geralmente de diagnóstico mais fácil e passível de uma intervenção localizada), pode dizer-se que o reboco atingiu o limite do seu tempo de serviço.

Na maior parte dos casos, a resolução dos problemas de perda de aderência ou de perda de coesão implica refazer a zona afectada do reboco. Assim, numa primeira fase, faz-se a remoção das áreas não aderentes ou com desagregação (com picagem e raspagem da argamassa, incluindo uma área circundante à zona afectada), seguida da eliminação de

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vestígios de primário de aderência existentes no suporte com jacto de areia e água a alta pressão. Por fim, procede-se à aplicação de um novo revestimento [20].

9. CONCLUSÃO

No presente artigo, tipifica-se e descrevem-se as anomalias relacionadas com a perda de aderência em argamassas de reboco, propondo-se uma subdivisão deste tipo de anomalias em a) destacamentos e b) perda de material. No primeiro grupo, incluem-se as manifestações de descolamento, deformação, desprendimento e lacunas. No segundo grupo, que afecta sobretudo os rebocos antigos, incluem-se fenómenos como a pulverização, arenização e erosão da argamassa.

A manifestação de anomalias relacionadas com a perda de aderência ou de material dos rebocos representa o final da sua vida útil pois este deixa de cumprir os requisitos de protecção das alvenarias, de segurança e de qualidade visual das superfícies das fachadas. As técnicas de diagnóstico que incluem a percussão dos paramentos, o ensaio de pull-off, os ultra-sons e esclerómetro pendular, permitem avaliar qualitativamente, quantificar ou complementar o diagnóstico da perda de aderência, associado muitas das vezes a outras anomalias. A resolução de problemas de destacamento e de perda de coesão passa geralmente pela substituição do reboco, que pode ser feita de forma localizada ou geral. Apesar de o conhecimento das anomalias do por perda de aderência ter consequências relativamente limitadas do ponto de vista da prevenção e manutenção das fachadas (uma vez que, detectada a anomalia, se requer a substituição da zona afectada), a sua detecção precoce pode favorecer uma mais rápida resolução do problema, sem riscos para a integridade dos utentes (por exemplo, por queda de partes da argamassa). Por outro lado, a clara identificação e a descrição destas anomalias permitem complementar o levantamento da condição global de fachadas, em conjunto com a informação relacionada com anomalias do tipo fissuração e manchas [2, 4, 21].

10. REFERÊNCIAS

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[2] Flores-Colen, I.; Brito, J. de; Freitas, V.P. Técnicas de diagnóstico e de manutenção para remoção de manchas em paredes rebocadas, 1º Congresso Nacional de Argamassas de Construção, Lisboa, Portugal, 24 - 25 Novembro 2005, em CD, comunicação 03/05. [3] Flores-Colen, I.; Brito, J. de; Freitas, V.P. Expedient in situ test techniques for predictive maintenance of rendered façades. Journal of Building Appraisal, 2(2), June 2006, pp. 142-156.

[4] Gaspar, P.; Flores-Colen, I.; Brito, J. de. Técnicas de diagnóstico e classificação de fissuração em fachadas rebocadas. PATORREB 2006 - 2º Encontro sobre Patologia e Reabilitação de Edifícios, FEUP / Universidade Politécnica da Catalunha, Porto, Portugal, 20-21 Março 2006, pp. 541-550.

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[9] Henriques, F. Rodrigues, J.D.; Aires-Barros, L.; Proença, N. Materiais pétreos e similares - terminologia das formas de alteração e degradação. Informação Técnica, Patologia e Reabilitação das Construções 2, Lisboa, LNEC, 2004.

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[20] Biga, N.; Abrantes, V.; Execution of premixed mono-plaster. 2nd International Symposium in Lisbon, L.N.E.C., Lisboa, Portugal, 6-8 Novembro 2003, pp. 299-308. [21] Gaspar, P.; Brito, J. de. Service life estimation of cement-redered facades. Building Research and information, accepted for publication.

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