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Ação de recuperação ambiental em Área da Marinha do Brasil

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Academic year: 2021

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UNISANTA BioScience – p. 208 – 213; Vol. 3 nº 4, (2014) Página 208

Ação de recuperação ambiental em Área da Marinha do Brasil

Carlos R. A. Bastos* Márcia F. Inácio ** Fábio Giordano* & Mara A. G. Magenta * *PPG-ECOMAR - Universidade Santa Cecília, Santos, BR

**

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ Autor para contato: bastos_naval@hotmail.com

Resumo: O acelerado ritmo na degradação do meio ambiente torna indiscutível a

importância das ações para reverter ou pelo menos minimizar esse quadro. Este trabalho avaliou o estágio inicial de um projeto de recuperação ambiental de área de Mata Atlântica degradada por ação antrópica continuada (agricultura e pecuária) no Complexo Naval do Guandu do Sapê, Rio de Janeiro, RJ. O monitoramento foi feito através da avaliação de alguns aspectos das árvores plantadas, como sua fitossanidade e sua resistência ao capim-colonião (Panicum maximum Jacq.). A medição dos parâmetros biométricos nas áreas de plantio foi realizada entre abril e julho de 2014. Com os resultados obtidos, foi feita análise de valores extremos e efetuado teste de normalidade (teste de Jarque-Bera). Os resultados elencaram cinco espécies com os melhores indicadores (Schinus terebinthifolia, Caesalpinia ferrea, Eugenia uniflora, Bixa orellana, Syagrus romanzoffiana e Cecropia hololeuca) e, subsidiariamente, a importância da disponibilidade hídrica.

Palavras chave: Recuperação de áreas degradadas; Mata Atlântica; Complexo Naval.

______________________________________________________________________

Recovery of Degraded Areas in the Guandu Sapê Naval Complex

Abstract: The increased pace in environmental degradation makes unquestionable the

importance of actions to revert or at least minimize this problem. This study evaluated the initial stage of an environmental recovery project of Atlantic Forest degraded by continuous human action (agriculture and livestock) at the Naval Complex Guandu Sapê, Rio de Janeiro, RJ. The monitoring was done by evaluating some aspects of planted trees, as their health and their resistance to “capim-colonião” (Panicum maximum Jacq.). The measurement of biometric parameters in plantation areas was conducted between April and July 2014. With the results, we did an analysis of outliers and a normality test (Jarque-Bera). The results showed five species (Schinus terebinthifolia, Caesalpinia ferrea, Eugenia uniflora, Bixa orellana, Syagrus romanzoffiana e Cecropia hololeuca) with better indicators and, additionally, the importance of water availability.

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UNISANTA BioScience – p. 208 – 213; Vol. 3 nº 4, (2014) Página 209

Introdução

Ainda não existe um consenso sobre a melhor metodologia de monitoramento para avaliação da recuperação de áreas degradadas, de forma que possa atender as diferentes características de cada local, como apontado por Belloto et al. (2012).

A opção pelo emprego de manejo ou pela regeneração natural pode ser decidida por fatores bióticos ou abióticos, como a existência de barreiras naturais como a presença de exóticas agressivas, como Panicum maximum Jacq., Brachiaria decumbens Stapf (entre outras), degradação do solo (aterros, mineralogia, etc.) ou necessidades sociais de uso da área (defesa nacional, habitação popular, usinas hidroelétricas, etc.).

Posse da terra, pressão demográfica, dimensões da propriedade, subsídios e financiamentos são exemplos de fatores de conflitos, levando as necessidades ambientais e ecológicas para segundo plano. Mesmo áreas protegidas, como instalações militares, apresentam fatores que podem determinar a opção pelo manejo para reversão de degradação ambiental ou aumento da biodiversidade.

Por iniciativa da Marinha do Brasil (MB) e do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) foram iniciadas pesquisas de recuperação de áreas degradadas, visando, entre outros objetivos, identificar técnicas e métodos adequados a serem adotados em áreas de interesse das instituições.

No Complexo Naval do Guandu do Sapê (CNGS), a competição agressiva de P. maximum apresentava um obstáculo para o estabelecimento de espécies arbóreas de forma natural, impedindo que a recuperação natural avançasse. O presente artigo pretende apresentar uma avaliação dos resultados iniciais dos trabalhos em desenvolvimento no Projeto MB/JBRJ-CNGS, em quatro áreas de plantio localizadas neste Complexo, realizados entre dezembro 2011 e julho de 2014.

Material e Métodos

Entre 21 de setembro e 21 de dezembro de 2011, em uma área ciliar da margem direita do Rio Guandu do Sapê (Área ALFA), foram plantadas 648 mudas de 28 espécies arbóreas, pertencentes a 12 famílias.

Em áreas contíguas foram realizados mais dois plantios; um entre abril e maio de 2012, com 442 mudas de 29 espécies de 14 famílias (Área DELTA) e outro entre junho

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UNISANTA BioScience – p. 208 – 213; Vol. 3 nº 4, (2014) Página 210 e julho do mesmo ano, com 395 mudas de 18 espécies de 14 famílias arbóreas (Área CHARLIE).

Em 5 de junho de 2013, foram plantadas 1.125 mudas de árvores de 40 espécies de 18 famílias. (Área BRAVO). Em todos os plantios a metodologia obedeceu ao conceito de Plantio em Área Total e com espécies de todos os estágios sucessionais.

A partir de abril de 2012 até julho de 2014, a área ALFA passou a receber mudas de enriquecimento em quincôncio (98 mudas de 24 espécies de 15 famílias).

Entre abril e julho de 2014 foram medidos e catalogados 946 indivíduos (221, 441, 89 e 101, respectivamente nas áreas ALFA, BRAVO, CHARLIE e DELTA). Também foram medidos e catalogados 65 indivíduos do enriquecimento.

Foram registrados diversos parâmetros, entre os quais o Diâmetro na Altura da Base (DAB) e a Fitossanidade (sadia, doente, morta, etc.).

A área ALFA recebeu manutenção periódica (coroamento das mudas e corte do capim-colonião). As áreas BRAVO, CHARLIE e DELTA não receberam manutenção no verão de 2013/2014, e foram dominadas pela presença de P. maximum.

Resultado e Discussões

As condicionantes físicas e os fatores bióticos e abióticos da área criaram particularidades próprias ao Projeto MB/JBRJ-CNGS. Buscando uma equalização que permitisse a avaliação e comparação entre variáveis distintas, foram escolhidos dois indicadores: a avaliação da fitossanidade das espécies em cada plantio, e das espécies que melhor resposta apresentaram à competição agressiva de P. maximum.

Sete espécies que ocorreram com maior frequência nas quatro áreas apresentaram índices de fitossanidade superiores às demais, independente da área de plantio: Schinus terebinthifolia Raddi e Caesalpinia férrea C. Mart. aparecem em todas as áreas e, no total, apresentam, respectivamente, 98% e 99% de mudas saudáveis. Eugenia uniflora L. e Bixa orellana L. aparecem em quatro das cinco áreas e apresentam, respectivamente, 98% e 100% de mudas saudáveis. Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman e Cecropia hololeuca Miq. aparecem em três das cinco áreas e apresentam 100% de mudas saudáveis. Finalmente todas as nove mudas de Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong existentes em duas das três áreas se apresentam saudáveis.

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UNISANTA BioScience – p. 208 – 213; Vol. 3 nº 4, (2014) Página 211 S. terebinthifolia e C. ferrea se destacam por também terem apresentado um alto índice de sobrevivência na vertente Norte do Maciço Gericinó-Mendanha (ROPPA, 2009).

Em um projeto de reflorestamento na mesma região geográfica e em um estudo sobre a regeneração de sub-bosque foi verificada a competitividade e agressividade do P. maximum (MANTOANI et al. 2012; ROPPA, 2009). A capacidade dessa gramínea de exercer uma ação limitante, quase uma “barreira física” ao avanço da sucessão das comunidades, representa uma “tendência inercial de degradação”.

Na avaliação da melhor resposta à competição com P. maximum, a análise dos dados evidenciou a influência de uma maior disponibilidade de água para o desenvolvimento das espécies de um modo geral.

Considerando que a área ALFA recebeu maior manutenção mecânica, a comparação quanto à melhor resposta deveria ficar restrita as áreas BRAVO, CHARLIE e DELTA. Entretanto, as figuras 1 a 4 apresentam os dados relativos aos valores médios do DAB nas quatro áreas, onde se verifica que os indicadores da penúltima área apresentam valores superiores ao da primeira, mesmo com diferentes idades e manutenção.

Figura 1: Valores de diâmetro à altura da base (DAB) na área ALFA.

Figura 2: Valores diâmetro à altura da base (DAB) na área BRAVO.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 0 10 20 30 40 50 60 Series: DAB_A Sample 1 800 Observations 187 Mean 29.05063 Median 29.00000 Maximum 62.00000 Minimum 1.000000 Std. Dev. 14.23743 Skewness 0.178009 Kurtosis 2.396930 Jarque-Bera 3.821362 Probability 0.147980 0 10 20 30 40 50 60 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Series: DAB_B Sample 1 800 Observations 282 Mean 12.60284 Median 11.00000 Maximum 42.00000 Minimum 2.000000 Std. Dev. 7.829481 Skewness 1.123542 Kurtosis 4.167158 Jarque-Bera 75.33683 Probability 0.000000

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UNISANTA BioScience – p. 208 – 213; Vol. 3 nº 4, (2014) Página 212

Figura 3: Valores de diâmetro à altura da base (DAB) na área CHARLIE.

Figura 4: Valores de diâmetro à altura da base (DAB) na área DELTA.

O teste de igualdade das médias reforça essa evidência, onde os valores para a área CHARLIE (DAB_C) são superiores ao da área ALFA (DAB_A) (Fig. 5).

Figura 5: Teste de igualdade das médias (JARQUE-BERA, 1980).

Os piores resultados corresponderam à área BRAVO, ficando a área DELTA com valores intermediários. Resultado semelhante é encontrado quando comparada a fitossanidade dos indivíduos nas áreas, como pode ser observado na figura 6.

O índice de mudas mortas na área BRAVO foi bem superior ao da área DELTA (respectivamente 33,6% e 6%), aparentemente devido à largura (frente) do plantio da Área BRAVO, afetando os indivíduos com maior distância do Rio Guandu do Sapê.

A área CHARLIE, que também não recebeu manutenção, apresentou melhores indicadores de fitossanidade (91% das mudas saudáveis) e sem perdas (mortas).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 Series: DAB_C Sample 1 800 Observations 61 Mean 34.62618 Median 35.00000 Maximum 60.00000 Minimum 3.000000 Std. Dev. 15.15391 Skewness -0.068352 Kurtosis 2.223813 Jarque-Bera 1.578765 Probability 0.454125 0 2 4 6 8 10 12 14 16 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 Series: DAB_D Sample 1 800 Observations 84 Mean 23.02381 Median 22.00000 Maximum 56.00000 Minimum 3.000000 Std. Dev. 12.07504 Skewness 0.523558 Kurtosis 2.636118 Jarque-Bera 4.301015 Probability 0.116425

Teste de igualdade das médias entre series Data: 09/20/14 Time: 11:02/ amostra: 1 800/

observações incluídas: 800

Categoria Estatísticas

VARIÁVEL QUANT. MÉDIA DESVIO PADRÃO ERRO PADRÃO

DAB_A 187 29,05063 14,23743 1,041144

DAB_B 282 12,60284 7,829481 0,466239

DAB_C 61 34,62618 15,15391 1,940259

DAB_D 84 23,02381 12,07504 1,317495

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UNISANTA BioScience – p. 208 – 213; Vol. 3 nº 4, (2014) Página 213

Figura 6: Comparação dos níveis de fitossanidade dos indivíduos nas áreas de plantio.

Conclusões

As espécies Schinus terebinthifolia, Caesalpinia ferrea, Eugenia uniflora, Bixa orellana, Syagrus romanzoffiana e Cecropia hololeuca apresentaram melhor fitossanidade entre as espécies plantadas. Também apresentaram melhores condições iniciais de competição com a invasora P. maximum. A maior disponibilidade de água acarretou uma diferenciação significativa entre as áreas de plantio, podendo ser uma alternativa de manejo em substituição a mão-de-obra.

Referências

BELLOTTO, A.; VIANI, R.A.G.; NAVE, A.G.; GANDOLFI, S. RODRIGUES, R.R. Monitoramento das áreas restauradas como ferramenta para avaliação da efetividade das ações de restauração e para definição metodológica. In: RODRIGUES R.R. (Coord.) Pacto pela restauração da Mata Atlântica. São Paulo: LERF/ESALQ, 2009.

MANTOANI, M. C.; ANDRADE, G. R.; CAVALHEIRO, A. L.; TOREZAN, J. M. D. In: Seminário: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, jan./jun. 2012. Efeitos da

invasão por Panicum maximum Jacq. e do seu controle manual sobre a regeneração de plantas lenhosas no sub-bosque de um reflorestamento. Anais...

Londrina, Paraná: UEL, v. 33, n. 1, p. 97-110.

ROPPA, C. Avaliação da Dinâmica de Restauração de Ecossistemas Perturbados

da Mata Atlântica em uma Região de Exíguos Atributos Ambientais, Nova Iguaçu – RJ. Rio de Janeiro: UFRRJ, 2009. 129p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós

Graduação em Ciências Ambientais e Florestais, Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.bibliotecaflorestal.ufv.br/handle/123456789/7026. Consultado em 01 de junho de 2014.

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DOENTES SAUDÁVEIS CORTADAS MORTAS

Referências

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