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JULIANA MARIA MITIDIERO PERFIL DO ESTADO NUTRICIONAL EM ESCOLARES DE 6 A 18 ANOS: UM ESTUDO DE CASO DO SESI-SP

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JULIANA MARIA MITIDIERO

PERFIL DO ESTADO NUTRICIONAL EM ESCOLARES DE 6 A 18

ANOS: UM ESTUDO DE CASO DO SESI-SP

Dissertação apresentada à Universidade de Franca, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Promoção de Saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Helena Siqueira Vassimon

FRANCA

2014

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Catalogação na fonte – Biblioteca Central da Universidade de Franca

Mitidiero, Juliana Maria

M669p Perfil do estado nutricional em escolares de 6 a 18 anos : um estudo de caso do SESI-SP / Juliana Maria Mitidiero ; orientador: Helena Siqueira Vassimon. – 2014

74 f. : 30 cm.

Dissertação de Mestrado – Universidade de Franca

Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestre em Promoção de Saúde 1. Promoção de saúde – Nutrição. 2. Estado nutricional. 3. Excesso de

peso infantil. 4. Saúde do escolar. I. Universidade de Franca. II. Título. CDU – 614:612.39

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DEDICO a minha querida e amada mãe, pelo

amor, carinho e pela dedicação em todos os dias da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a minha família pela compreensão e incentivo em todo o processo deste trabalho, ao meu pai Marco Antônio Mitidiero, minha tia Maria Aparecida Mitidiero, meu irmão Marco Antônio Mitidiero Júnior e minha querida avó Odette Veltri Mitidiero, sem eles, nada disso seria possível.

A minha Orientadora Prof. Dra. Helena Siqueira Vassimon, que com muita sabedoria, atenção e paciência me ajudou a desenvolver este trabalho, o qual sempre esteve disponível cooperando com minha formação.

Ao meu Coorientador Prof. Dr. José Eduardo Zaia, pela participação, colaboração e principalmente o grande auxílio na parte da estatística.

A todos os professores do Programa de Promoção de Saúde, em especial o Prof. Dr. Cassiano Merussi Neiva e ao Prof. Dr. Paulo Roberto Veiga Quemelo pelas sugestões valiosas e a riquíssima contribuição ao meu trabalho.

Agradeço a Cátia Cândida de Almeida e Angélica Silva Rocha que tanto me ajudaram em momentos decisivos do trabalho.

Aos meus amigos e parceiros de jornada que jamais esquecerei todas as histórias, Márcio José Borges, Luis Carlos Nobre de Almeida e Washington Rodrigues. Aos amigos que fiz durante o curso Aline Caixeta, Margareth Peixoto, Júnior Antoniassi, Marcelo Marques e todos os outros.

Aos meus amigos Renata Pace, Maria Thereza, Marcela Peres, Fernanda Barbosa, Edgard Freitas, Thiago Zambon, Patricia Mendonça, Ana Letícia, Maísa, aos meus compadres Gisele de Abreu Oliveira e Willians de Oliveira, e todos que contribuíram de alguma forma para conclusão deste grande sonho.

Agradeço ao apoio do SESI e do UNISALESIANO que acreditaram neste trabalho. E mais uma vez a minha querida e amada mãe Neusa Maria Clementino, pois sem ela nada disso teria acontecido.

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A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento.

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RESUMO

MITIDIERO, Juliana Maria. Perfil do estado nutricional em escolares de 6 a 18 anos: um

estudo de caso do SESI-SP. 2014. f. 74. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) –

Universidade de Franca, Franca.

Introdução: A prevalência de sobrepeso e de obesidade na população infantil tem sido

considerada como um problema mundial de saúde pública. Objetivo: Este estudo tem por objetivo avaliar o perfil do estado nutricional de seis unidades escolares do SESI-SP de Araçatuba e sua jurisdição e analisar as múltiplas associações entre estado nutricional, sexo, faixa etária e unidades escolares. Metodologia: Trata-se de análise descritiva de dados secundários que envolveram 2.653 estudantes com idade escolar entre 6 e 18 anos de idade. As variáveis utilizadas foram: idade, sexo, peso, estatura, índice de massa corporal (IMC) e unidades escolares. A classificação do estado nutricional foi realizada empregando-se o programa AnthroPlus® e considerando o IMC para a idade, segundo Curvas da Organização Mundial da Saúde 2006/2007. Os testes de associação entre categoria de classificação do estado nutricional (magreza, eutrófico, sobrepeso e obesidade), sexo, faixa etária e unidades escolares foram analisados pelo teste de qui-quadrado. Os resultados foram apresentados em frequência e porcentagem ou médias e desvios-padrões. Resultados: Entre 2.653 alunos, cerca de 40% apresentaram excesso de peso (sobrepeso somado à obesidade). Não foi observada nenhuma associação entre o estado nutricional e as unidades escolares (p= 0,71). Ao analisar o excesso de peso e sexo, foi detectada maior frequência no sexo masculino (43,42% %) do que no sexo feminino (36,68%) (p< 0,05). O indicador IMC para idade foi maior na faixa etária entre 6 e 10 anos de idade (p < 0,05). Comparando sexo, faixas etárias segundo nível de desenvolvimento motor e estado nutricional, notou-se associação entre obesidade e sexo masculino na faixa etária de 11 a 12 anos (p< 0,05). Conclusão: Este estudo apresenta resultados alarmantes de alta prevalência de sobrepeso e obesidade na população escolar, e, principalmente, na idade de 6 a 10 anos e no sexo masculino. Revela a necessidade de ações e políticas públicas direcionadas aos escolares, otimizando a perspectiva em relação à promoção de saúde e à qualidade de vida em crianças e adolescentes.

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ABSTRACT

MITIDERO, Juliana Maria. Profile of nutritional status of school children aged 6-18 years: a case

study at SESI-SP (SP, Brazil). 2014. f.74. Dissertation (Master's degree in Health Promotion) -

University of Franca, Franca (SP, Brazil).

Introduction: The prevalence of overweight and obesity in children is considered a public

health issue worldwide. Purpose: The purpose of the present study was to analyze the profile of the nutritional status of six SESI-SP school units in Araçatuba (SP, Brazil) and its jurisdiction, as well as the multiple associations among nutritional status, sex, age groups and school units. Methods: The descriptive analysis of secondary data involved 2.653 school children aged 6-18 years. The analyzed variables were: age, sex, weight, height, body mass index (BMI) and school units. The nutritional status classification was carried out using the AnthroPlus® software program, considering BMI-for-age and the 2006/2007 World Health Organization (WHO) curves. Association tests among classification of nutritional status (leanness, eutrophic, overweight and obesity), sex, motor development level and school units were analyzed by chi-square test. Results: The results were presented as frequency and percentage or means and standard deviations. The nutritional status presented excess weight (overweight and obesity) in 39.8% of school children. No association was observed between nutritional status and school units (p = 0.706). Significant association (p<0.05) was observed for sex and nutritional status, with higher tendency between obesity and male sex. The BMI-for-age predictor showed higher value in the age group 6-10 years (p<0.05). Comparing age groups and motor development level, an association was noticed for between obesity and male sex in the age group 11-12 years (p<0.05).Conclusion: This study demonstrated alarming results of a high prevalence of overweight and obesity in school children, with a positive association between obesity and male sex, and between obesity and children aged 6-10 years. Moreover it reveals the need for actions and public policies aimed at school children, to optimize the perspective regarding health promotion for children and adolescents.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa de localização da cidade de Araçatuba e sua jurisdição...37

Figura 2. Distribuição das idades de 6 a 18 anos dos alunos do Ensino Fundamental e Médio dos Centros Educacionais do SESI-SP da cidade de Araçatuba e sua jurisdição localizadas no Estado de São Paulo, no ano de 2011...42

Figura 3: Caracterização geral da prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes da Rede de Ensino Privada SESI-SP da cidade de Araçatuba e sua jurisdição, no ano de 2011...45

Figura 4. Índice de massa corporal para idade, segundo faixas etárias relacionadas à fase de desenvolvimento motor em escolares do SESI-SP da região de Araçatuba e sua jurisdição, no ano de 2011...47

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Classificação de IMC para idade, segundo a OMS (2007)...38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Sumário estatístico (média e desvio-padrão) das variáveis: peso, estatura e IMC, segundo as idades em escolares do SESI-SP da cidade de Araçatuba e sua jurisdição, no ano de 2011... 43

Tabela 2. Caracterização do estado nutricional, segundo as Unidades Escolares do SESI-SP da cidade de Araçatuba e sua jurisdição, no ano de 2011...44

Tabela 3. Variáveis: peso, altura e índice de massa corporal, de acordo com sexo em escolares do SESI-SP da cidade de Araçatuba e sua jurisdição, no ano de 2011...45

Tabela 4. Classificação do estado nutricional, segundo sexo em escolares do SESI-SP da cidade de Araçatuba e sua jurisdição, no ano de 2011...46

Tabela 5. Descrição do estado nutricional, segundo faixas etárias na fase de desenvolvimento motor em escolares do SESI-SP da cidade de Araçatuba e sua jurisdição, no ano de 2011...47

Tabela 6. Associação entre sobrepeso e sexo, de acordo com a fase de desenvolvimento motor em escolares do SESI-SP da cidade de Araçatuba e sua jurisdição, no ano de 2011...48

Tabela 7. Caracterização de obesidade, segundo fase de desenvolvimento motor em escolares do SESI-SP da cidade de Araçatuba e sua jurisdição, no ano de 2011...48

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LISTA DE ABREVIATURAS

CE Centro Educacional

DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis DEQV Divisão de Esporte e Qualidade de Vida DS Divisão de Saúde

ENDEF Estudo Nacional de Despesa Familiar EPS Escolas Promotoras de Saúde

HBSC Health Behavior in School-Aged Children HD-TAL Human Development Technical Assistance Loan IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IMC Índice de Massa Corporal

LDB Lei de Diretrizes e Bases OMS Organização Mundial da Saúde

PENS Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar PIB Produto Interno Bruto

PNPS Política Nacional de Promoção de Saúde POF Pesquisa de Orçamentos Familiares PSE Programa Saúde na Escola

SESI-SP Serviço Social da Indústria São Paulo SUS Sistema Único de Saúde

VIGITEL Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 14

1. REVISÃO DA LITERATURA ... 15

1.1. Definição de saúde... 15

1.2. Saúde do escolar e programas políticos ... 19

1.3. Indicadores de saúde em ambiente escolar ... 25

1.4. Sobrepeso e obesidade infantil ... 29

2. OBJETIVOS ... 32 2.1. Objetivo Geral ... 32 2.2. Objetivos Específicos ... 32 3. METODOLOGIA ... 3.1. Inserção de estudo ... 3.2. Delineamento... 3.3. Sujeitos ... 3.4. Caracterização dos locais de estudo... 3.5. Avaliação antropométrica... 3.6. Caracterização da variável de desfecho ... 3.7. Caracterização das variáveis independentes... 3.8. Análise de dados... 32 32 35 35 36 37 38 39 40 4. RESULTADOS ...

4.1. Características dos sujeitos da pesquisa... 4.1.1. Características dos sujeitos da pesquisa, segundo idade... 4.1.2. Caracterização dos sujeitos, segundo dados antropométricos... 4.1.3. Caracterização dos sujeitos da pesquisa, segundo estado nutricional e unidades escolares... 4.1.4. Caracterização do índice de massa corporal, estatura e peso, segundo sexo... 4.2. Avaliação do estado nutricional e suas associações ...

41 41 41 42 43 44 45

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4.2.1. Prevalência absoluta do estado nutricional dos escolares... 4.2.2. Associação do estado nutricional e sexo... 4.2.3. Associação do estado nutricional e faixa etária, segundo fase de desenvolvimento motor... 4.2.4. Associação entre sobrepeso e obesidade com sexo e faixas etárias, segundo fase de desenvolvimento motor...

45 46 46 48 5. DISCUSSÃO ... 49 6. CONCLUSÃO ... 60 7. REFERÊNCIAS ... 62 Anexo I ... 73

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INTRODUÇÃO

Compreender aspectos relacionados à saúde e caracterizar o seu conceito requer uma apropriação e compreensão abrangentes do seu significado, incorporando inúmeras definições do contexto atual. Há grande preocupação que envolve o esclarecimento de saúde na esfera mundial, a partir das perspectivas críticas e voz ativa em estabelecer julgamentos reflexivos em relação a sua própria saúde, reconhecendo como maior e melhor recurso para o desenvolvimento, assim como uma das mais importantes dimensões de qualidade de vida (BUSS, 2010).

É de extrema importância o assunto saúde nas escolas. No Brasil, crianças e adolescentes em período escolar, na faixa etária entre 6 e 18 anos correspondentes ao Ensino Fundamental e Médio, atingem aproximadamente 73 milhões de habitantes (INEP, 2013). Contextos promotores de vida saudável e favoráveis ao longo do ciclo de vida como: família, escolas, universidades, locais de trabalho, lugares de recreação, desporto e lazer são oportunidades expressivas para a construção e consolidação de modificações comportamentais em benefício da melhora da saúde (BRASIL, 2011).

O ambiente escolar tem influência decisiva na adoção de hábitos e práticas saudáveis, provocando mudanças nos comportamentos de crianças e jovens e estabelecendo as relações entre o processo de aprendizagem na compreensão da saúde. Alguns componentes, como o estímulo à alimentação saudável, o incentivo à prática da atividade física, podem ser apontados como importantes medidas de promoção de saúde (PORTUGAL, 2006).

Observa-se que a prevalência da obesidade tem aumentado em diversas faixas etárias e em todos os segmentos sociais, retrato de diversos fatores correspondentes, entre eles o elevado consumo de alimentos de alta densidade energética e a redução à prática da atividade física, causadores de distintas doenças na população (MALTA et al., 2009; YOKOTA et al., 2010).

A prevalência de obesidade e de sobrepeso na população infantil tem sido considerada como problema mundial de saúde pública (ANTONIO; MENDES, 2010). De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a projeção para 2020 é que cerca de 30% da carga mundial de morbidade serão atribuídas às enfermidades crônicas não transmissíveis, principalmente relacionadas aos hábitos de vida (WHO, 2002). No Brasil, cerca de 3 milhões

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apresentam obesidade (BRASIL, 2011).

A obesidade tem sido atribuída, em parte, à modernização e urbanização que provocaram alterações nos hábitos e estilos de vida das pessoas. O padrão alimentar e o nível de sedentarismo foram alterados gradativamente. O processo de urbanização e modernização acelerado desenvolveu estratégias mercadológicas que contribuem consideravelmente para o acréscimo destes fatores (BRASIL, 2009; MENDES, 2011).

Assim, o presente estudo tem como objetivo avaliar o perfil do estado nutricional em escolares de 6 a 18 anos de idade, e suas múltiplas associações entre sexo, faixa etária e unidades escolares, revelando a necessidade de ações e políticas públicas direcionadas aos escolares, para posteriormente desenvolver programas incorporados ao currículo da escola, no empoderamento de ações que se reflitam na qualidade de vida e promoção de saúde em um contexto social no âmbito escolar.

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1 REVISÃO DA LITERATURA

1.1 DEFINIÇÃO DE SAÚDE

Desde a Carta de Adelaide na Austrália, em 1988, na II Conferência de Promoção de Saúde, um dos grandes desafios do século 21 é incrementar as ações de saúde para a prevenção de fatores e condições de risco (BRASIL, 2005).

Caracterizar o conceito em relação à saúde requer uma apropriação da compreensão abrangente do seu significado, incorporando inúmeras definições do contexto atual, nas transformações ocorridas ao longo do tempo e na grande preocupação que envolve o esclarecimento de saúde na esfera mundial (BUSS, 2010).

O processo de discussão e construção desse conceito reúne argumentos e abordagens fundamentais de referência para profissionais envolvidos na área da saúde e nas questões pertinentes ao tema. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades e determina, para o século 21, a saúde como responsabilidade compartilhada a cuidados essenciais e de defesa coletiva contra as ameaças transnacionais (BRASIL, 2002).

A primeira Conferência Internacional de Promoção de Saúde, realizada em Otawa no Canadá, no ano de 1986, refere-se à promoção de saúde como “conceito positivo que enfatiza recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas” assim como recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal e importante dimensão da qualidade de vida” (BRASIL, 2002).

O custo da saúde no Brasil representa, atualmente, 10,2% do PIB nacional. O Ministério da Saúde investiu R$ 248,7 milhões em 2013 no desenvolvimento de pesquisas na área da saúde, sete vezes mais que em 2011, com o objetivo de incentivar pesquisadores na busca de soluções inovadoras para serem aplicadas no Sistema Único de Saúde (SUS) e no aprimoramento da assistência ao usuário (BRASIL, 2013).

No âmbito da saúde da população brasileira, o Brasil tem realizado ações provenientes do campo da saúde pública da sociedade civil, dirigidas à promoção e qualidade de vida, assim como outros países, transcendendo as ações de posições políticas do setor respectivo e considerando inúmeros fatores sociais, ambientais e culturais (BRASIL, 2011).

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princípio de ajuste econômico, o Brasil manteve-se fiel ao que também preconiza a Organização Pan-Americana da Saúde, defendendo o Estado como responsável pela garantia de acesso universal à saúde para os seus cidadãos. Atualmente para o desafio político, conclui-se como uma convocatória para ação que requer a participação ativa da sociedade, na perspectiva de assegurar a saúde para toda a população brasileira (MENDES, 2011; VICTORA et al., 2011).

Nos pré-requisitos para a saúde classificados pela Carta de Otawa (1986), referem-se algumas condições e recursos fundamentais como: paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema sustentável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade. A saúde resulta da interação de determinantes influenciáveis por diferentes níveis de intervenção (BRASIL, 2002; PORTUGAL, 2012).

No Brasil, o Plano Nacional de Saúde (PNS) configura-se como o instrumento básico para a saúde, com foco na promoção do acesso com qualidade às ações e aos serviços de saúde e no fortalecimento do Sistema Único de Saúde, assim podendo contribuir de forma efetiva para novos rumos na busca da ampliação e da qualificação do acesso aos serviços e às ações de saúde, no avanço em direção à equidade e na construção permanente da intersetorialidade das políticas (BRASIL, 2005).

Os Planos Nacionais de Saúde de um país têm como objetivo oferecer direcionamento, instrumentos e recursos de planejamento em saúde, estabelecer planos e estratégias, constituindo indicadores e metas, consolidando a missão de manter, melhorar ou recuperar a saúde de indivíduos e populações, assegurando a responsabilidade no contrato social e baseando-se em evidências científicas, com o objetivo de obter ganhos em saúde a médio e longo prazo (PORTUGAL, 2012; IBGE, 2009).

O Plano Nacional de Saúde 2012-2015 do Ministério da Saúde descreve, em sua primeira diretriz, a garantia de acesso da população a serviços de qualidade, com equidade e em tempo adequado ao atendimento das necessidades de saúde, mediante aprimoramento da política de atenção básica e da atenção especializada (BRASIL, 2011).

A saúde é construída no dia a dia de cada indivíduo, no convívio social no qual está inserido, estabelecida pelo cuidado de cada um consigo mesmo e com os outros, na competência de escolhas, decisões, autonomia e participação (empowerment), sobre circunstâncias da sua própria vida e as condições oferecidas pela sociedade que permitam obtenção de saúde a todos. A autopercepção do estado de saúde é um indicador subjetivo de conhecimento da qualidade em saúde de modo integral de cada sujeito (BRASIL, 2002; PORTUGAL, 2012).

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Retomando a célebre definição de Canguilhem (2000), a saúde tem a ver com os diferentes modos de andar a vida. A saúde e o bem-estar são resultados de condições básicas da interação complexa de múltiplos fatores que englobam políticas de saúde pública e as políticas de outros setores (WHO/DECLARAÇÃO DE JAKARTA, 1997). A trajetória individual da saúde requer necessidades específicas e momentos particulares importantes (WHO, 2009; PORTUGAL, 2012).

O acesso da população a ações e serviços de saúde de qualidade, na equidade, humanização, integralidade e na atenção às necessidades individuais e coletivas, é particularmente representado por crianças, adolescentes e jovens, homens e mulheres, idosos e trabalhadores (BRASIL, 2011).

A Constituição Federal defende a saúde como um dos direitos fundamentais do ser humano, segundo o Art. 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL,1988).

Ao compreender o seu potencial de saúde, os determinantes e as especificidades referentes a um ciclo de vida saudável, como: nascer com saúde, crescer com segurança, buscar uma juventude saudável, ter uma vida adulta produtiva, um envelhecimento ativo e uma morte com dignidade, é possível desenvolver conhecimento de atitudes, competências e responsabilidades que promovam a saúde e previnam a doença individualmente, dos seus familiares e da comunidade (PORTUGAL, 2012).

As situações das condições de saúde revelam uma importância relativa e crescente de condições crônicas no quadro epidemiológico de saúde, e a modificação dos padrões de comportamentos e atitudes não saudáveis vão se impondo e aumentando gradativamente, com o decorrer dos anos. O governo brasileiro deve reafirmar o seu compromisso com a melhoria da saúde, em particular, e priorizar as doenças e condições que estão crescendo aceleradamente (MENDES, 2011; BRASIL, 2011).

Segundo a Lei de Base de Saúde (Lei 48/90, Base1), a proteção à saúde constitui um direito dos indivíduos e da comunidade que se efetiva pela responsabilidade conjunta dos cidadãos, da sociedade e do Estado (BRASIL, 1990).

Para que uma sociedade conquiste saúde para todos os seus integrantes, é necessária uma ação intersetorial, com objetivo de garantir saúde, qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade dos riscos à saúde, em coerência com os determinantes sociais. A Comissão Nacional dos Determinantes Sociais da Saúde no Brasil em sua série de políticas e ações

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declara, como principal objetivo, a promoção de saúde (PAIM, 2011; BUSS, 2010).

Durante toda a vida as pessoas necessitam de condições favoráveis, água, ar puro, ambiente saudável, alimentação adequada, situações sociais, econômicas e culturais, para prevenção de problemas específicos de saúde, assim como a informação, a educação destes componentes. Contudo para o desenvolvimento da saúde será preciso enfrentar os seus desafios determinantes (BUSS, 2010).

A definição de promoção de saúde considera a interpretação do processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de saúde e qualidade de vida, incluindo maior participação no controle deste procedimento, na perspectiva da saúde como um recurso para vida, e não como objetivo de viver, que se combinam de forma particular em cada sociedade e em conjunturas específicas em populações mais ou menos saudáveis (BRASIL, 2002; BUSS, 2010).

A saúde, analisada como um conceito positivo, enfatiza recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. A promoção de saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, transcende a incorporação de estilos e hábitos saudáveis, na direção de um bem-estar global (BRASIL, 2002).

A compreensão da saúde refere-se a uma visão integral dos indivíduos e sua coletividade, na concepção da saúde como um processo e não como um estado, um modo de vida, no qual uma pessoa ou um grupo de pessoas tenham a possibilidade de vivenciar e compreender a autonomia para as suas escolhas (ANTONIO; MENDES, 2010).

Segundo Buss (2010), compreender aspectos relacionados à saúde, requer constatar a saúde na formação de sujeitos instituintes, com capacidade crítica e voz ativa em estabelecer julgamentos propositados e reflexivos sobre sua autossuficiência em relação a sua própria saúde, reconhecendo como maior e melhor recurso para o desenvolvimento, assim como uma das mais importantes dimensões de qualidade de vida.

A saúde é um direito humano fundamental reconhecido por todos os foros mundiais e em todas as sociedades, como tal, a saúde se encontra em pé de igualdade com outros direitos garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948: liberdade, alimentação, educação, segurança, nacionalidade entre outros (BUSS, 2010).

Apesar da notável evolução da atenção à saúde, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, até atingir os níveis de saúde vigente nas nações mais prósperas do mundo, na implementação eficaz de suas políticas públicas, e na ação concreta de suas diretrizes e propostas sugeridas, compreendendo a saúde como um processo participativo,

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holístico, intersetorial, equitativo, sustentável e baseado em combinações de múltiplas estratégias (WHO, 2001; VICTORA et al., 2011).

As condições de saúde da população brasileira, assim como de outras nações, transcendem o espectro de ação do setor respectivo, tendo em conta que resultam de inúmeros fatores sociais, ambientais e culturais. O desafio é enfrentar a extensão e a complexidade de novos e persistentes problemas, em confronto com o acesso à população a ações e serviços de saúde de qualidade que se traduzam na equidade, na humanização, na integralidade e na atenção às necessidades individuais e coletivas (BRASIL, 2011).

1.2 SAÚDE DO ESCOLAR E PROGRAMAS POLÍTICOS

A saúde e o ambiente escolar estão ligados pelo contexto socioeconômico do país. Grandes transformações, resultantes dos progressos políticos, econômicos, sociais, ambientais e avanços científicos alcançados, afetam a questão da saúde da população (BUSS, 1999).

A escola é um ambiente no qual os indivíduos estão inseridos em um contexto social, é um instrumento de construção de uma sociedade democrática, um espaço de transformações sociais e de constituição de conhecimentos e valores, estabelecendo a compreensão de saúde como uma aprendizagem integral, inserida no período de vivência escolar (BRASIL, 2006).

Transforma-se em espaço privilegiado a prática de ações de promoção de saúde, pois permite alcançar os estudantes individual e coletivamente, envolvendo o apoio do corpo docente e, consequentemente, o acesso aos pais e familiares (MALTA et al., 2009).

O espaço escolar é favorável à ampliação de conhecimentos, habilidades e autonomia para o autocuidado da saúde e prevenção de condutas de riscos, estimula uma análise crítica e reflexiva sobre os valores, condições sociais e estilos de vida, buscando assegurar a melhoria da saúde e o desenvolvimento humano em todas as oportunidades educativas (YOKOTA et al., 2010).

No período escolar, os educandos têm a possibilidade de explorar o desenvolvimento da consciência crítica, de forma a propiciar a aplicação de práticas para a promoção, manutenção e até a recuperação da própria saúde. A fase da infância e adolescência apresenta importantes aspectos para a formação e adoção de hábitos

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comportamentais, geradores de atitudes conducentes ao longo da vida (YOKOTA et al., 2010).

O âmbito escolar possibilita observar e constatar mudanças de vários comportamentos e é um potencializador para a produção de práticas à saúde, na construção de ações integradas a condições indispensáveis de condutas e valores adquiridos, ocasionando verdadeiros significados de educação para a saúde, com vista à integralidade, compreendendo um espaço de relações permanentes, na produção social da saúde (BRASIL, 2009; PORTUGAL, 2006).

Os olhares estão voltados para a saúde emergente dos escolares, na perspectiva da escola como grande e sustentável promotora de saúde e que tem a função de desenvolver e promover a capacidade de autonomia e conhecimento neste campo. O Ministério da Saúde e o da Educação enfatizam a necessidade da implementação de valores e atitudes que favoreçam as aprendizagens ao longo da vida, capazes de superar os novos desafios de educação, acesso e direito à saúde (BRASIL, 2006).

Além de considerar o ambiente escolar como importante local para promoção da saúde, o Estatuto da Criança e Adolescente na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, também delibera que a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência (BRASIL, 2013).

Na década de 1950, o Ministério da Educação e Saúde se desdobrou em dois Ministérios, da Saúde e no Ministério da Educação e Cultura, com autonomia institucional para a elaboração e execução de políticas nas suas áreas específicas. A partir dos anos de 1950 até o início dos anos 2000, passando pela redemocratização do Brasil e pela Constituição Federal de 1988, muitas foram as iniciativas e abordagens que pretendiam focalizar o espaço escolar (BRASIL, 2009).

A saúde adentrava na escola para administrar a percepção de aspectos relacionados à condução e a comportamentos diante da vida. A educação à saúde começa a se estabelecer efetivamente e a apoiar políticas públicas e propostas de ações intersetoriais que articulem as unidades de saúde às unidades escolares. É a produção do conhecimento em viver saudável, o qual centralizava no conceito ampliado de saúde, na integralidade e na produção de cidadania e autonomia (BRASIL, 2009).

No campo da saúde brasileira, a partir de 2003 com a inclusão da Educação Popular em Saúde como área técnica do Departamento de Apoio à Gestão Participativa, da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, do Ministério da Saúde, o tema saúde na

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escola passa a ter espaço institucionalizado entre as práticas desenvolvidas por outras áreas do Ministério da Saúde, desenvolvendo diversos projetos voltados à prevenção de doenças (BRASIL, 2006).

O Ministério da Saúde com a implantação do Decreto 7.508/11 e aprimoramento do Pacto pela Saúde estabeleceu, em suas diretrizes nacionais promover a atenção à saúde integral da mulher e da criança, com especial atenção as áreas e populações de maior vulnerabilidade (BRASIL, 2011).

Políticas públicas voltadas a estratégias de saúde na escola fortalecem a necessidade de ações específicas, para esta sociedade em particular, que objetivam alcançar um sistema de saúde universal, equânime e integral, consolidando ações de promoção de saúde e de intersetorialidade (BRASIL, 2009).

Os Programas de Saúde na Escola constituem diretrizes estabelecidas com objetivos direcionados a promover a saúde e cultura de paz, reforçando a prevenção e agravos à saúde, contribuindo para a constituição de condições para a formação integral dos educandos, enfrentando as vulnerabilidades, no campo da saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar (BRASIL, 2009).

Dessa forma, várias ações voltadas à promoção de saúde vêm contribuindo para modificar a perspectiva de atenção à saúde da população escolar, e projetos direcionados à alimentação saudável, estudos relacionados à redução da vulnerabilidade e riscos à saúde, ações educativas com diferentes enfoques e outras atuações colocam a comunidade escolar e seu entorno como sujeitos de produção de saúde (BRASIL, 2006).

Assim a promoção de saúde na escola, baseada num amplo leque de pesquisa, ações e práticas, tem evoluído constantemente durante as últimas décadas, acompanhando a evolução da promoção de saúde ao redor do mundo. As políticas de saúde reconhecem o espaço escolar distinto para atuações promotoras de saúde e educação à saúde (BRASIL, 2009).

O Programa Saúde Direito de Todos, lançado pelo Ministério da Saúde em 2008, é um exemplo claro e relevante destas iniciativas. Os projetos e ações de saúde na escola têm sido dirigidos para intervenções em áreas específicas para otimizar a qualidade de vida deste grupo populacional (BRASIL, 2009).

É de extrema importância conhecer como os escolares vivem e se comportam, observar quais são as necessidades existentes e possibilitar mensurar a magnitude de importantes fatores de risco e proteção à saúde atual e futura. Este processo é essencial para orientar políticas públicas voltadas para a saúde de crianças e adolescentes (MALTA et al.,

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2009).

Para atingir uma ação realizada conjuntamente por setores afins de uma mesma organização, em busca de objetivos e resultados em comum, é preciso ter uma cartografia da realidade escolar, diagnosticar suas expectativas, necessidades, riscos, problemas e recursos necessários para a população-alvo (BRASIL, 2009; PORTUGAL, 2006).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou em 1982 o sistema de vigilância em saúde dos escolares (Health Behavior in School Aged Children – HBSC), em três países europeus, hoje 43 países integram este sistema (HBSC, 2014). O sistema está direcionado à pesquisa em comportamentos de saúde em crianças em idade escolar e seu contexto social, em colaboração com diversas áreas da saúde, com o objetivo de desenvolver bases conceituais do estudo, investigar questões de pesquisa, decidir métodos e medidas a serem empregados e trabalhar em análise de dados e divulgação de resultados (MALTA et al., 2009).

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, fica garantido, como dever do Estado com a educação escolar pública, o atendimento ao educando, no Ensino Fundamental público, por meio de programas suplementares de assistência à saúde.

No Brasil, desde 2002, o Ministério da Saúde possui a tutela da Saúde Escolar, pretendendo elevar o nível de educação e de saúde da população. A escola, como grande promotora de saúde, requer novas estratégias, novas formas de gestão e novas formas de operacionalizar a saúde do escolar, enfrentando desafios existentes e diante das implicações de atuais conceitos relacionados à saúde dos educandos (BRASIL, 2006).

O Programa Saúde na Escola (PSE), instituído por Decreto Presidencial nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, é resultado do trabalho integrado entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, na perspectiva de ampliar ações peculiares de saúde, com finalidade de contribuir para a formação integral dos estudantes de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde. O objetivo do PSE é promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modo de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais (BRASIL, 2006).

Algumas ações citadas no Programa de Saúde Escolar como prioridades para promoção, prevenção e assistência em saúde, são: avaliação nutricional, promoção de alimentação saudável, educação permanente em saúde, atividade física e saúde, promoção de cultura de prevenção no âmbito escolar e inclusão de temáticas de educação em saúde no

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projeto político-pedagógico escolar (BRASIL, 2009).

O Programa de Saúde na Escola é um exemplo de ações intersetoriais, envolvendo saúde e educação para o enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens brasileiros. Essas iniciativas de ação e comprometimento com a saúde do escolar têm impactado positivamente na qualidade de vida dos educandos (BRASIL, 2012).

Um estabelecimento de ensino propicia a obtenção de ganhos em saúde e implica a ajustar estratégias de mudanças pessoais e ambientais que abranjam o maior número possível de indivíduos, numa perspectiva de equidade e responsabilidade social, no intuito de motivar e desenvolver uma cultura de saúde, na adoção e na ação de programas de saúde escolar. A proposta é desenhar um novo sistema de educação em saúde direcionado aos escolares e, consequentemente, à população em seu entorno (BUSS, 1999).

Domene (2008) cita que a existência de um ambiente promotor de vivências que valorizem práticas saudáveis é, portanto, propício para implantação de um programa bem-sucedido de educação, ou, como discute Boog (1999), de uma proposta pedagógica de ensino baseada na situação concreta da vida.

O trabalho educativo em saúde, vivenciado na escola, tem avançado consideravelmente através da incorporação de novas concepções teóricas da educação e da saúde, assim como na diversificação de seu campo de atuação. A partir da década de 1980, com o fortalecimento da democracia e a luta pela cidadania no país, este progresso possibilitou a inclusão de práticas educativas, no cotidiano didático-pedagógico das escolas, potencializando as ações educacionais em saúde nos espaços institucionais (BRASIL, 2006).

A Organização Pan-Americana da Saúde na Região das Américas, através da Iniciativa Regional, difundiu em 1995 o conceito de Escolas Promotoras de Saúde (EPS) como estratégia de promoção de saúde no âmbito escolar, fundamentada no desenvolvimento articulado e sinérgico de três componentes principais: educação para a saúde com enfoque integral, criação e manutenção de entornos e ambientes saudáveis, provisão de serviços de saúde, nutrição saudável e vida ativa (BRASIL, 2003).

Uma Escola Promotora de Saúde requer uma abordagem de educação para a saúde no próprio currículo escolar, e uma ação multissetorial e interdisciplinar deverá promover mudanças e inovações que proponham promover a saúde, mobilizando todas as esferas sociais no qual está inserido o educando e provocando ações que desenvolvam aspectos relacionados com a capacidade dos alunos em intervir nestas mudanças (SILVA, 2006).

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De acordo com a Declaração de Vilnius (2009), descrita por Ladeiras (2009), Escola Promotora de Saúde é uma acreditação em que a escola implementa planos sistemáticos e estruturados para a saúde, bem-estar e o desenvolvimento do capital social de todos os alunos, pessoal docente e não docente. A escola é identificada como um recurso comunitário promotor da redução das desigualdades na saúde e colaboradora em áreas como a juventude, as políticas sociais e o ambiente sustentável.

Escolas Promotoras de Saúde devem ter visão integral dos seres humanos, propiciando espaço favorável para a promoção de saúde e os estilos de vida saudáveis além de incorporar os conceitos de promoção de saúde e estender para todo o ambiente escolar (IPOLLITO – SHEPHERD, 2003; PORTUGAL, 2006).

O documento Health for all (Saúde para todos no século XXI) da Organização Mundial da Saúde apresenta a política global de saúde, reafirmando e atualizando a visão de Alma-Ata declarada em 1998, na Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. A13a meta do documento prevê que, em 2015, 95% das crianças frequentem escolas que integrem estabelecimentos de educação e ensino promotores de saúde (IBGE, 2009).

A escola como promotora de saúde torna-se um espaço privilegiado de aprendizagem para todos, desenvolvendo estratégias de melhoria da saúde das crianças e jovens e as estendendo para toda a comunidade. Os estudos de avaliação do custo-efetividade das intervenções preventivas têm demonstrado que 1 € gasto na promoção da saúde, hoje, representa um ganho de 14 € em serviços de saúde (BRASIL, 2006).

De acordo com a Política de Saúde na Escola, a maioria dos problemas de saúde e comportamentos de riscos estaria associada ao ambiente e aos estilos de vida, e os problemas poderiam ser consideravelmente diminuídos com programas efetivos para a saúde do escolar (BRASIL, 2006).

Várias experiências foram e estão sendo adotadas pelas escolas brasileiras, com relatos expressivos de estratégias de mudanças realizadas na ação em educação à saúde, tais como projetos voltados para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, alimentação saudável e estudos sobre a redução da vulnerabilidade e riscos à saúde, projetos estes subsidiados e de apoio às Redes Latino-Americanas de Escolas Promotoras de Saúde (BRASIL, 2006).

Em 2007, o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde lançam em sua primeira edição da coletânea Experiências de Escolas Promotoras de Saúde no Brasil, com abordagem em diversos setores relacionados à saúde desta população para subsidiar discussões a respeito do assunto. Dentre outros, o Programa de Alimentação Escolar

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como Estratégia de Promoção da Saúde e a Promoção da Saúde e a Prática de Atividades Físicas em Escolas na Cidade do Rio de Janeiro (BRASIL, 2007).

Os escolares constituem um grupo prioritário para a promoção de saúde, as doenças não transmissíveis são uma grande preocupação para as políticas públicas de um país, em razão dos comportamentos que os sujeitam às diversas situações de risco relacionadas à qualidade efetiva da saúde. Programas escolares eficazes contribuem consideravelmente para melhoras em custo benefício de um país, simultaneamente favorecem a educação e a saúde da população (BRASIL, 2006; BUSS, 1999).

Dentro do cenário do aumento acelerado de doenças crônicas não transmissíveis na esfera mundial, o sobrepeso e a obesidade são indicadores determinantes à saúde da população, os programas escolares são estratégias eficazes para reduzir e prevenir consideravelmente este fator, já diagnosticado anteriormente como um problema mundial e de saúde pública. Programas educacionais inovadores e planejados ampliam o conhecimento dos escolares para a compreensão de fatores de riscos para a saúde, a escola é um importante local para este trabalho (MELLO et al., 2004).

1.3 INDICADORES DE SAÚDE EM AMBIENTE ESCOLAR

A extrema importância do assunto saúde nas escolas é enfatizada pelo número elevado de crianças e adolescentes em todo o mundo. Nas Américas este grupo perfaz mais de 220 milhões na faixa etária de 5 a 18 anos de idade, destes, 103 milhões estão concentrados nos Estados Unidos da América do Norte e Canadá. No Brasil, crianças e adolescentes atingem aproximadamente 53 milhões de habitantes (IPOLLITO – SHEPHERD, 2003).

O Censo Escolar 2012 descreve que no Ensino Fundamental a participação das redes municipais corresponde a 68,2% das matrículas dos anos iniciais, cabendo às redes estaduais 16,3%, enquanto as escolas privadas atendem 15,5%. Já no Ensino Médio, a rede estadual continua a ser a maior responsável pela oferta de ensino, com 85% das matrículas. A rede privada atende 12,7%, e as redes federal e municipal atendem juntas pouco mais que 2% da rede estadual (BRASIL 2013).

O ambiente escolar tem influência decisiva na adoção e nas mudanças de hábitos saudáveis no comportamento dos escolares. Alguns componentes como o incentivo à prática de atividade física e alimentação saudável podem ser apontados como importantes

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medidas de promoção da saúde, estabelecendo um processo de aprendizagem na compreensão da sua própria saúde (PORTUGAL, 2006).

Fatores determinantes da qualidade de vida estão diretamente relacionados aos hábitos e estilos de vida adotada, na intenção de promover a saúde e diminuir substancialmente o aparecimento de doenças causadas por escolhas associadas às condutas, aos padrões de consumo e aos costumes adotados no dia a dia (PORTUGAL, 2006).

Os hábitos e estilos de vida estão intimamente associados às condições de saúde da população que constituem circunstâncias essenciais à qualidade de vida individual e coletiva. Evidências comprovam que comportamentos diferenciados resultam na proteção e promoção de vários aspectos ligados à saúde (BRASIL, 2011).

Contextos promotores de vida saudável e favoráveis, ao longo do ciclo de vida, são oportunidades expressivas para a construção e consolidação de modificações comportamentais em benefício da melhora da saúde (BRASIL, 2011). A decisão de mudanças de hábitos de vida saudáveis requer um empoderamento e autonomia nas diferentes escolhas geradoras de objetivos favoráveis à saúde.

Para Ipollito - Shepherd (2003), 80% dos resultados são obtidos através de intervenção nos 20% dos problemas mais importantes. É necessário reforçar que a adoção de comportamento saudável é um processo que as pessoas progridem ao longo de várias etapas, até o momento do novo comportamento chegar a fazer parte da vida cotidiana (IPOLLITO-SHEPHERD, 2003).

Compreender o que determina optar pela adoção ou não de um estilo de vida mais saudável tem sido tema de investigação científica de diversas disciplinas. Para explicar estes processos, vários estudiosos têm relacionado as modificações de comportamentos por etapas através da teoria de persuasão que consiste em uma associação imediata entre estímulo e resposta (IPOLLITO- SHEPHERD, 2003).

No século 21, o grande desafio é enfrentar o crescente e acelerado aumento das doenças crônicas não transmissíveis, enfermidades estas consideradas multifatoriais e relativas a particularidades não modificáveis como idade, sexo e etnia e as modificáveis destacando-se o consumo excessivo de sal, a ingestão insuficiente de frutas e verduras, o sobrepeso e a obesidade, a hipertensão arterial, a diabetes e a inatividade física (IPOLLITO-SHEPHERD, 2003).

De acordo com Organização Mundial da Saúde, a projeção para 2020 é que cerca de 30% da carga mundial de morbidade serão atribuídas às enfermidades crônicas não transmissíveis, principalmente relacionadas aos hábitos de vida (WHO, 2002).

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Os principais fatores determinantes do aumento das condições crônicas são as mudanças demográficas, as alterações no padrão de consumo e nos estilos de vida, a urbanização acelerada e as estratégias mercadológicas (MENDES, 2011).

A distribuição desses fatores de riscos e proteção à saúde são aspectos essenciais para orientar as políticas públicas voltadas à saúde das crianças e jovens. A adoção de hábitos saudáveis leva a comportamentos mais saudáveis para a vida adulta, gerando uma sociedade menos exposta a estes fatores de risco populacional (PORTUGAL, 2006).

Em 2009, o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constituíram parceria para a realização da primeira Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PENSE), com objetivo de prover de um sistema de monitoramento da população de escolares com base em inquéritos regulares realizados em amostras probabilísticas desse grupo populacional. A próxima divulgação da pesquisa será concretizada no ano de 2014, através da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), sob responsabilidade do IBGE (MALTA. et al., 2009).

O objetivo da pesquisa foi determinar a prevalência de fatores de risco e proteção para a saúde do adolescente, para orientar políticas públicas de promoção de saúde para este grupo etário entre 13 e 15 anos de idade, considerado hábil a responder a um questionário autoaplicável e por encontrarem suscetíveis as exposições de diversos fatores de risco (MALTA. et al., 2009).

Para essa mesma faixa etária, a OMS realiza um monitoramento bianualmente, constituído como um inquérito entre adolescentes de mais de 40 países no mundo, conhecido como Health Behavior in Scool-Aged Children (HSBS). Este período de monitoramento é considerado como importante momento para a adoção de novas práticas, comportamentos e ganho de autonomia, como também de exposição a diversas situações de risco, no presente e futuro para a saúde, sugerindo ações de enfrentamento a diversos aspectos relacionados à prática da promoção à saúde (MALTA. et al., 2009; IBGE, 2009).

Alguns indicadores foram utilizados para a pesquisa entre os escolares, identificados como comportamentos de proteção e de risco para a saúde. Os marcadores de comportamentos protetores para a saúde considerados na pesquisa foram: o consumo de frutas, hortaliças, feijão e a prática da atividade física.

Os comportamentos de risco considerados pela pesquisa foram: o consumo de refrigerantes e guloseimas, o tabagismo regular, o uso de álcool, o lazer sedentário, a ausência de atividade física e o excesso de peso (IBGE, 2009).

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Entre os hábitos considerados saudáveis, estudos apontam para o consumo de frutas e hortaliças como potencial fator de proteção para diversas doenças cardiovasculares, excesso de peso e diabetes tipo 2, dentre estes indicadores pesquisados constatou-se que 35% dos adolescentes de 13 anos de idade consumiam frutas diariamente e 27% deles bebiam algum tipo de refrigerante todos os dias (IBGE, 2009).

Diversos estudos comprovam a associação de determinados fatores com a saúde, a pesquisa do IBGE faz uma comparação com um inquérito nacional realizado na Espanha, retratando que, em 2005, 21,3% dos adolescentes consumiam verduras pelo menos uma vez ao dia, porém o consumo diário de frutas foi de apenas 9,9%. A investigação ainda informou que, sobre marcadores de alimentação saudável, 16,6% daquela população consumia doces diariamente e 14,0% tomavam algum tipo de bebida açucarada (IBGE, 2009). Outra pesquisa realizada na cidade de Piracicaba no Estado de São Paulo em adolescentes entre 10 e 17 anos de idade matriculados na rede pública de ensino, constituída por meio de um questionário de frequência alimentar semiquantitativo, revelou que o consumo energético e lipídico estaria associado ao quadro de sobrepeso e/ou obesidade desta população (IBGE, 2009).

Algumas atividades são identificadas como determinantes da saúde, a alimentação, a atividade física, o controle do estresse, entre outros, abordados de forma integrada, intersetorial e multidisciplinar, promovendo uma articulação indispensável co m o setor da educação (PORTUGAL, 2006).

Estimativas globais da OMS comprovam com evidências autênticas como o estilo de vida ativo e saudável protege os indivíduos de vários agravos à saúde. Como exemplo descrevem a inatividade física responsável por quase dois milhões de mortes em diversas doenças por isquemia do coração, diabetes, câncer, entre outros. A prática regular de atividade física tornou-se uma questão de saúde, muitos estudos enfatizam como sendo importante a realização da atividade física já na infância (BRASIL, 2011; IBGE, 2009).

As ações de atividade física no âmbito da saúde alcançaram escopo institucional nos últimos anos. Desde a publicação da Política Nacional de Promoção de Saúde (PNPS) em 2006, as práticas corporais/atividade física foram apontadas como um dos eixos prioritários para redução das desigualdades sociais em saúde e promoção e qualidade de vida. Alguns modelos de programas de atividade física no Brasil traçaram as linhas gerais de uma política que procura articular Ministério da Saúde dos Estados e municípios em uma perspectiva de promoção de atividade física (BRASIL, 2011).

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A população escolar constitui um grupo prioritário para a promoção de saúde e o desenvolvimento de ações e percepções de aspectos relacionados à promoção da saúde e qualidade de vida, as doenças não transmissíveis são uma grande preocupação para as políticas públicas de um país, em razão dos comportamentos que sujeitam os escolares às diversas situações de risco.

1.4 SOBREPESO E OBESIDADE INFANTIL

O excesso de peso e a obesidade têm sido um dos principais indicadores negativos de saúde da população (IBGE, 2009). A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultado de fatores como genes, ambiente, estilo de vida e fatores emocionais (BRASIL, 2011).

Existem várias definições de excesso de peso identificadas na literatura. Para Pollock; Wilmore (1993), é definido quando “o excesso de peso como a condição em que o peso excede a porcentagem ideal, sendo determinada, com base na estatura, sexo e biótipo” (POLLOCK, WILMORE, 1993 apud LEGNANI, et al., 2011). Para Frangipani; Peres (1996), pode ser definida como depósito excessivo de gordura no tecido adiposo, o qual indica que a porcentagem do peso corporal é maior que as condições normais.

Bancoff (2000) descreve como excesso de peso que causa problemas à saúde das pessoas. A OMS (WHO, 1995) cita ser doença crônica degenerativa caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal afetando negativamente a saúde (LEGNANI, et al., 2011).

Todas as definições referem o acúmulo anormal ou excessivo de gordura como principal marcador prejudicial à saúde. O que se destaca nesse contexto são os dados epidemiológicos recentes e preocupantes sobre a evolução do sobrepeso e obesidade na população mundial. A epidemia global de sobrepeso e obesidade está rapidamente se tornando um grande problema de saúde pública em muitas partes do mundo, denominado como “globesidade” (MALTA et al., 2009; YOKOTA et al., 2010).

Segundo Wilmore (1999), a maior parte dos gastos financeiros são gerados pelo excesso de gordura corporal, por isso a necessidade de desmistificar esse fenômeno e com isso tentar esclarecer as pessoas sobre os principais aspectos que geram a obesidade e que a prevenção ainda é o meio mais eficaz.

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O excesso de peso representa o quinto fator de risco de morte em nível mundial, resultado de cerca de 2,8 milhões de mortes anualmente. O alto índice de obesidade já tem se tornado a principal causa de morbidade e mortalidade mundial em populações adultas. As últimas projeções indicam que, pelo menos, um adulto, em cada três, sofre com sobrepeso, e que um, em cada 10, é obeso (WHO, 2013).

No Brasil, crescente é a preocupação com o excesso de peso e a obesidade, o que se torna um grande desafio: a epidemia da obesidade. A proporção de adultos com excesso de peso tem aumentado de forma progressiva em todos os inquéritos realizados. Os dados mais recentes da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (pesquisa Vigetel, 2010 - BRASIL, 2011) são alarmantes, indicando a prevalência de excesso de peso nos adultos das capitais em 55,1% em homens e 44,3% em mulheres, enquanto a obesidade passou de 11,4% em 2006 para 15% em 2010 (BRASIL, 2011).

Na população de crianças e adolescentes, a avaliação nutricional na faixa etária de 5 a 9 anos de idade, estudada pelo POF 2008-2009, mostrou que o excesso de peso e a obesidade já atingem 33,5% e 14,3%, respectivamente, e que na população entre 10 e 19 anos de idade, cerca de um quinto dos adolescentes revela a prevalência de excesso de peso (BRASIL, 2011). De acordo com a OMS, a prevalência de obesidade infantil tem crescido em torno de 10% a 40% na maioria dos países europeus e no Brasil nos últimos dez anos, e este diagnóstico está em constante crescimento (LEGNANI, et al., 2011).

Observa-se que a prevalência da obesidade tem aumentado em diversas faixas etárias e em todos os segmentos sociais, retrato de diversos fatores correspondentes, entre eles, o elevado consumo de alimentos de alta densidade energética e a redução da prática da atividade física, causadores de distintas doenças na população (MALTA et al., 2009; YOKOTA et al., 2010).

Considerando o excesso de peso e a obesidade como problema a nível mundial, este fator também é responsável por desencadear diversas doenças crônicas não transmissíveis como: a hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemia (BRASIL, 2011). A OMS estimou que o excesso de peso é responsável por 58% de cargas de doenças relativas à diabetes tipo II, 39% de doença hipertensiva, 21% de infarto do miocárdio, 12% de câncer de cólon de útero e reto e 8% de câncer de mama (BRASIL, 2011). Nos Estados Unidos, a cada dia, são diagnosticadas 4.100 pessoas com diabetes e estima-se que, em 2015, 73% dos homens e 68% das mulheres terão sobrepeso (MENDES, 2011).

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provocaram alterações nos hábitos e estilos de vida das pessoas. O padrão alimentar e o níve l de sedentarismo foram alterados gradativamente. Este processo de urbanização e modernização acelerado desenvolveu estratégias mercadológicas que contribuem consideravelmente para o acréscimo destes fatores (BRASIL, 2009; MENDES, 2011).

Importante salientar que uma das diretrizes do Plano Nacional de Saúde 2012-2015 inclui a redução dos riscos e agravos à saúde da população, por meio de ações de promoção e vigilância em saúde. A orientação de esforços da sociedade, para que todos os cidadãos tenham igual oportunidade de fazer escolhas saudáveis e de cumprir plenamente para o seu potencial de saúde, na criação de ambientes físicos e sociais promotores de bem-estar, é enfatizada pelas políticas saudáveis em promover o direito à coletividade (BRASIL, 2011).

O Plano Nacional de Saúde em suas diretrizes inclui “redução e agravos à saúde da população, por meio de ações de promoção e vigilância em saúde” (BRASIL, 2011; BRASIL, Decreto 7508/11).

A vigilância epidemiológica, conforme está definida pela Lei nº 8.080/90, proporciona conhecimento, detecção ou prevenção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou populacional, a fim de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle das enfermidades e dos agravos.

Portanto torna-se fundamental avaliar quais fatores de risco existem no grupo estudado para posterior criação de estratégias para promoção da saúde (BRASIL, 1990). Conhecer como vivem os escolares possibilita revelar a distribuição destes fatores de riscos e proteção à saúde, aspecto essencial para orientar as políticas públicas voltadas à saúde das crianças e jovens. A adoção de hábitos saudáveis leva a comportamentos mais saudáveis à vida adulta, gerando uma sociedade menos exposta a estes fatores de risco populacional (BRASIL, 2006).

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar estado nutricional em escolares de 6 a 18 anos de idade, em seis unidades escolares do SESI-SP de Araçatuba e sua jurisdição.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar a possível existência de múltiplas associações entre estado nutricional, sexo, faixa etária e unidades escolares.

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3 METODOLOGIA

3.1 INSERÇÃO DO ESTUDO

Este projeto de pesquisa está vinculado ao Serviço Social da Indústria (SESI-SP) “Programa Escola Saudável” da antiga Divisão de Saúde (D.S) que atualmente é denominada Divisão de Esporte e Qualidade de Vida (DEQV).

O SESI-SP, dentro de suas diversas áreas de abordagens, direciona especificamente suas diretrizes e procedimentos para ações relacionadas à saúde do escolar. Como fundamento geral, institui o atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais da Rede de Ensino do Serviço Social da Indústria São Paulo, estabelecendo um regimento comum da Rede Escolar SESI-SP (Decreto-lei nº 3/2008 – Ministério da Educação).

Dentre os objetivos gerais e específicos, estabelece diretrizes e metodologias para o desenvolvimento de ações relacionadas à promoção e atenção da saúde do escolar, em parceria e apoio às campanhas de saúde nas unidades escolares de todo o Estado.

O SESI-SP tem uma das maiores redes privadas de ensino do Estado, compostas por 178 unidades escolares localizadas em todo o Estado de São Paulo, acessíveis para os filhos de trabalhadores e para os próprios trabalhadores da indústria do Estado de São Paulo. A rede de ensino do SESI é composta por Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Profissional Técnico de Nível Médio e Educação de Jovens e Adultos, sendo composta por 185 mil alunos.

A Campanha Escola Saudável promovida pelo SESI-SP foi baseada nos conceitos das Escolas Promotoras de Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Programa de Saúde do Escolar (PSE) do Ministério da Saúde e Educação do Brasil, integrando as Divisões de Saúde, Educação, Alimentação e do Esporte e Lazer do SESI-SP.

A proposta da Campanha é que junto à comunidade escolar sejam promovidas ações direcionadas para autocuidado e bem-estar físico, psíquico e social. Em suas definições sanciona a promoção de saúde como ações e processos para a capacitação da comunidade na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo a maior participação neste processo, promovendo atividades dirigidas à transformação dos comportamentos dos indivíduos, com foco no estilo de vida saudável.

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Considera os programas e iniciativas de promoção de saúde em componentes educativos que direcionam os indivíduos a adotar aspectos positivos em relação à sua própria condição de saúde, como: padrão adequado de alimentação; nutrição e habitação; saneamento; boas condições de trabalho; oportunidades de educação ao longo da vida; ambiente físico limpo; apoio social para as famílias e indivíduos; estilo de vida responsável; e um espectro adequado de cuidados de saúde.

O objetivo geral da Campanha Escola Saudável foi promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidades e riscos à saúde relacionados aos fatores que a condicionam (meio ambiente, alimentação, atividade física, habitação, educação, lazer, cultura e acesso a serviços essenciais). Basicamente trata de levantamento de dados sobre saúde e estilo de vida dos alunos para posterior execução de ações necessárias com periodicidade a cada dois anos.

A Campanha, seguindo o modelo das Escolas Promotoras de Saúde, enfatiza a articulação de ações e esforços para fazer de uma escola um lugar saudável, apresentando programas de fomento à saúde para a comunidade escolar como: programas de nutrição, vigilância dos alimentos, oportunidades de educação física, recreação e apoio social.

A Campanha teve início no segundo semestre de 2011 e foi dividida em três fases subsequentes: (A) Vigilância em Saúde, (B) Ação e Resultados e (C) Educação em Saúde.

A primeira fase foi realizada no segundo semestre de 2011, denominada Vigilância em Saúde, foi composta pela avaliação da acuidade visual, auditiva, saúde bucal e qualidade da alimentação, aferição das medidas antropométricas e da pressão arterial e observação da regularidade da carteira de vacinação em todos os alunos da Rede Escolar do SESI-SP.

A segunda fase ocorreu ao final do segundo semestre de 2011, denominada Ação e Resultados, e constituiu duas etapas subsequentes: na primeira etapa, foi realizado um levantamento de todos os alunos que apresentavam fatores de riscos para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como sobrepeso e obesidade, alteração na medida da pressão arterial, da circunferência abdominal e da glicemia e colesterol.

Na segunda etapa, foram realizadas algumas ações específicas: devolutiva dos resultados para os pais e devolutiva dos resultados coletivos para as unidades escolares por meio de relatório, encaminhamento das alterações clínicas para atendimento especializado e monitoramento dos encaminhamentos dos alunos devido às alterações encontradas.

Na terceira fase, realizada no primeiro semestre de 2012, “Educação em Saúde”, houve uma conscientização da comunidade escolar. Para o coordenador pedagógico

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de cada unidade, foi determinado o desenvolvimento de oficinas com o tema “Estilo de Vida Saudável” e apoio técnico no Portal Educação. Para os pais, foi entregue um kit de material educativo com temas de promoção à saúde, além de dicas de saúde disponíveis no site do SESI. Procedendo às ações, os alunos desenvolveram uma cartilha com o tema “Prevenção ao excesso de peso” e receberam um DVD “Estilo de Vida Saudável”, além da disponibilização de jogos educativos no Portal de Educação.

Na finalização da terceira fase no segundo semestre de 2012, foram propostas ações conjuntas para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como: o estímulo à atividade física na escola para o aluno desenvolver estilo de vida saudável (educação física, vivências esportivas e esporte escolar), a promoção da alimentação saudável nas escolas por meio da educação nutricional e o fortalecimento à abordagem à promoção de saúde nas atividades curriculares (cartilhas, manuais, site, jogos educativos).

3.2 DELINEAMENTO

Este é um estudo descritivo analítico realizado com dados secundários, provenientes dos resultados da Campanha Escola Saudável realizada pelo SESI-SP. Os dados utilizados para esta pesquisa foram coletados na primeira fase da Campanha “Vigilância em Saúde” no 2º semestre de 2011, sendo: peso, altura, sexo, unidades escolares e idade.

A autorização para utilização dos dados secundários foi assinada e carimbada pelo diretor da Divisão de Saúde do SESI-SP (Anexo I). Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Franca, sob número CAAE: 07360212.30000.5495(Anexo II). Por se tratar de dados secundários, a pesquisa dispensou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

3.3 SUJEITOS

Os sujeitos da pesquisa foram crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos de idade de ambos os sexos, regularmente matriculados na Rede de Ensino SESI-SP no Ensino Fundamental e Médio, no ano de 2011.

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Para a presente pesquisa, o SESI-SP autorizou o uso dos dados de seis unidades escolares, localizadas três na cidade de Araçatuba, e as outras nos municípios de Andradina, Guararapes e Mirandópolis, totalizando 2.653 alunos, de um total de 99.059 do Estado de São Paulo, no ano de 2011.

No ano de 2011, o Estado de São Paulo registrou o número de 1.216.651 matrículas do Ensino Fundamental e Médio. O SESI-SP representou 8,14% desta população, o presente estudo abordou 2,68%. Os dados foram extraídos por amostra de conveniência.

3.4 CARACTERIZAÇÃO DOS LOCAIS DE ESTUDO

O estudo foi realizado no município de Araçatuba e região, abrangendo as cidades de Andradina, Mirandópolis e Guararapes, todas localizadas no interior do Estado de São Paulo.

A população de Araçatuba SP é de 190.536 (cento e noventa mil, quinhentos e trinta e seis) habitantes, em uma área de 1.167,438Km² estimados em 2013 (IBGE/2011). O município de Araçatuba possui 75 escolas de Ensino Fundamental (22 privadas / 25 públicas / 28 municipais), no total de 21.627 matrículas. No Ensino Médio, são 37 escolas (15 privadas / 22 públicas), no total de 7.396 matrículas (IBGE/2010). A Rede de Ensino abordada para este estudo equivale a 4% do Ensino Fundamental e a 8% do Ensino Médio do município de Araçatuba SP.

As outras cidades associadas compreendem um total de 117.926 habitantes (cento e dezessete mil, novecentos e vinte seis) habitantes (IGE/2011), possuem 40 escolas de Ensino Fundamental e 23 escolas de Ensino Médio. A Rede de Ensino do SESI-SP representa 7,5% do Ensino Fundamental e 13% do Ensino Médio, no total das três cidades.

Referências

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