• Nenhum resultado encontrado

1. REVISÃO DA LITERATURA

1.4. Sobrepeso e obesidade infantil

O excesso de peso e a obesidade têm sido um dos principais indicadores negativos de saúde da população (IBGE, 2009). A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultado de fatores como genes, ambiente, estilo de vida e fatores emocionais (BRASIL, 2011).

Existem várias definições de excesso de peso identificadas na literatura. Para Pollock; Wilmore (1993), é definido quando “o excesso de peso como a condição em que o peso excede a porcentagem ideal, sendo determinada, com base na estatura, sexo e biótipo” (POLLOCK, WILMORE, 1993 apud LEGNANI, et al., 2011). Para Frangipani; Peres (1996), pode ser definida como depósito excessivo de gordura no tecido adiposo, o qual indica que a porcentagem do peso corporal é maior que as condições normais.

Bancoff (2000) descreve como excesso de peso que causa problemas à saúde das pessoas. A OMS (WHO, 1995) cita ser doença crônica degenerativa caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal afetando negativamente a saúde (LEGNANI, et al., 2011).

Todas as definições referem o acúmulo anormal ou excessivo de gordura como principal marcador prejudicial à saúde. O que se destaca nesse contexto são os dados epidemiológicos recentes e preocupantes sobre a evolução do sobrepeso e obesidade na população mundial. A epidemia global de sobrepeso e obesidade está rapidamente se tornando um grande problema de saúde pública em muitas partes do mundo, denominado como “globesidade” (MALTA et al., 2009; YOKOTA et al., 2010).

Segundo Wilmore (1999), a maior parte dos gastos financeiros são gerados pelo excesso de gordura corporal, por isso a necessidade de desmistificar esse fenômeno e com isso tentar esclarecer as pessoas sobre os principais aspectos que geram a obesidade e que a prevenção ainda é o meio mais eficaz.

O excesso de peso representa o quinto fator de risco de morte em nível mundial, resultado de cerca de 2,8 milhões de mortes anualmente. O alto índice de obesidade já tem se tornado a principal causa de morbidade e mortalidade mundial em populações adultas. As últimas projeções indicam que, pelo menos, um adulto, em cada três, sofre com sobrepeso, e que um, em cada 10, é obeso (WHO, 2013).

No Brasil, crescente é a preocupação com o excesso de peso e a obesidade, o que se torna um grande desafio: a epidemia da obesidade. A proporção de adultos com excesso de peso tem aumentado de forma progressiva em todos os inquéritos realizados. Os dados mais recentes da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (pesquisa Vigetel, 2010 - BRASIL, 2011) são alarmantes, indicando a prevalência de excesso de peso nos adultos das capitais em 55,1% em homens e 44,3% em mulheres, enquanto a obesidade passou de 11,4% em 2006 para 15% em 2010 (BRASIL, 2011).

Na população de crianças e adolescentes, a avaliação nutricional na faixa etária de 5 a 9 anos de idade, estudada pelo POF 2008-2009, mostrou que o excesso de peso e a obesidade já atingem 33,5% e 14,3%, respectivamente, e que na população entre 10 e 19 anos de idade, cerca de um quinto dos adolescentes revela a prevalência de excesso de peso (BRASIL, 2011). De acordo com a OMS, a prevalência de obesidade infantil tem crescido em torno de 10% a 40% na maioria dos países europeus e no Brasil nos últimos dez anos, e este diagnóstico está em constante crescimento (LEGNANI, et al., 2011).

Observa-se que a prevalência da obesidade tem aumentado em diversas faixas etárias e em todos os segmentos sociais, retrato de diversos fatores correspondentes, entre eles, o elevado consumo de alimentos de alta densidade energética e a redução da prática da atividade física, causadores de distintas doenças na população (MALTA et al., 2009; YOKOTA et al., 2010).

Considerando o excesso de peso e a obesidade como problema a nível mundial, este fator também é responsável por desencadear diversas doenças crônicas não transmissíveis como: a hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemia (BRASIL, 2011). A OMS estimou que o excesso de peso é responsável por 58% de cargas de doenças relativas à diabetes tipo II, 39% de doença hipertensiva, 21% de infarto do miocárdio, 12% de câncer de cólon de útero e reto e 8% de câncer de mama (BRASIL, 2011). Nos Estados Unidos, a cada dia, são diagnosticadas 4.100 pessoas com diabetes e estima-se que, em 2015, 73% dos homens e 68% das mulheres terão sobrepeso (MENDES, 2011).

provocaram alterações nos hábitos e estilos de vida das pessoas. O padrão alimentar e o níve l de sedentarismo foram alterados gradativamente. Este processo de urbanização e modernização acelerado desenvolveu estratégias mercadológicas que contribuem consideravelmente para o acréscimo destes fatores (BRASIL, 2009; MENDES, 2011).

Importante salientar que uma das diretrizes do Plano Nacional de Saúde 2012- 2015 inclui a redução dos riscos e agravos à saúde da população, por meio de ações de promoção e vigilância em saúde. A orientação de esforços da sociedade, para que todos os cidadãos tenham igual oportunidade de fazer escolhas saudáveis e de cumprir plenamente para o seu potencial de saúde, na criação de ambientes físicos e sociais promotores de bem- estar, é enfatizada pelas políticas saudáveis em promover o direito à coletividade (BRASIL, 2011).

O Plano Nacional de Saúde em suas diretrizes inclui “redução e agravos à saúde da população, por meio de ações de promoção e vigilância em saúde” (BRASIL, 2011; BRASIL, Decreto 7508/11).

A vigilância epidemiológica, conforme está definida pela Lei nº 8.080/90, proporciona conhecimento, detecção ou prevenção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou populacional, a fim de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle das enfermidades e dos agravos.

Portanto torna-se fundamental avaliar quais fatores de risco existem no grupo estudado para posterior criação de estratégias para promoção da saúde (BRASIL, 1990). Conhecer como vivem os escolares possibilita revelar a distribuição destes fatores de riscos e proteção à saúde, aspecto essencial para orientar as políticas públicas voltadas à saúde das crianças e jovens. A adoção de hábitos saudáveis leva a comportamentos mais saudáveis à vida adulta, gerando uma sociedade menos exposta a estes fatores de risco populacional (BRASIL, 2006).

Documentos relacionados