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Associação entre sobrepeso e obesidade com sexo e faixas etárias, segundo

2. OBJETIVOS

4.2. Avaliação do estado nutricional e suas associações

4.2.4. Associação entre sobrepeso e obesidade com sexo e faixas etárias, segundo

As Tabelas 6 e 7 referem-se respectivamente ao sobrepeso e à obesidade, segundo faixas etárias do nível de desenvolvimento motor e sexo. Comparando as faixas etárias, notou-se que não existe associação entre sobrepeso, sexo e faixa etária. Em contrapartida, observou-se associação entre obesidade, sexo e faixa etária no sexo masculino, nas idades de 11 a 12 anos.

Tabela 6 – Associação entre sobrepeso e sexo, de acordo com a fase de desenvolvimento

motor em escolares do SESI-SP da cidade de Araçatuba e sua jurisdição, no ano de 2011

Idade 6 a 8 anos 9 a 10 anos 11 a 12 anos 13 a 14 anos 15 a 17 anos Feminino 54/279 (19,3%) 67/241 (27,8%) 70/286 (24,4%) 59/324 (18,2%) 45/222 (19,2%) Masculino 49/258 (18,9%) 43/206 (20,8%) 73/300 (24,3%) 74/330 (22,4%) 43/205 (20,9%) P Valor 0,930 0,225 0,975 0,320 0,977 Teste qui-quadrado * p valor < 0,05

Tabela 7 – Caracterização de obesidade, segundo fase de desenvolvimento motor em

escolares do SESI-SP da cidade de Araçatuba e sua jurisdição, no ano de 2011

Idade 6 a 8 9 a 10 11 a 12 13 a 14 15 a 17 Feminino 60/279 (21,5%) 51/241 (21,1%) 34/286 (11,8%) 35/324 (10,8%) 21/222 (9,4%) Masculino 72/258 (27,9%) 63/206 (30,5%) 68/300 (22,6%) 57/330 (17,2%) 22/205 (10,7%) P Valor 0,215 0,099 0,005 0,051 0,815 Teste qui-quadrado * p valor < 0,05

DISCUSSÃO

O presente estudo revela o estado nutricional de 2.653 crianças e adolescentes no período escolar, na faixa etária de 6 a 18 anos de idade. O trabalho epidemiológico apresenta resultados alarmantes de alta prevalência de excesso de peso, cerca de 40%, associação entre obesidade e sexo masculino e entre obesidade e idade de 6 a 10 anos. Ao avaliar junto às variáveis sexo, faixa etária segundo desenvolvimento motor e estado nutricional, foi observada associação entre obesidade com o sexo masculino na faixa etária de 11 a 12 anos.

Dados nacionais da epidemiologia da obesidade infantil confirmam esta alta prevalência de excesso de peso (sobrepeso somado à obesidade) em crianças e adolescentes em período escolar (IBGE 2009). Dutra; Araújo; Bertoldi (2006), em estudo transversal realizado na cidade de Pelotas RS, avaliando 810 crianças e adolescentes na faixa etária de 10 a 19 anos, encontraram prevalência de sobrepeso de 19,8%, inferior aos presentes dados. Para Triches et al. (2005), em uma população brasileira de 573 alunos de escolas públicas entre 8 e 10 anos de idade do Estado do Rio Grande do Sul, a prevalência de excesso de peso em 2003 foi 75%, dados superiores ao presente trabalho.

Leão et al. (2003) encontraram prevalência de excesso de peso em 30% de 387 alunos matriculados em escolas privadas de 5 a 10 anos, na cidade de Salvador (BA). Monteiro; Conde (2000) compararam três inquéritos que incluíam mais de 3.000 crianças na cidade de São Paulo e observaram aumento da prevalência do sobrepeso entre 3% e 4% e da obesidade de 3,2% para 3,8% ao longo dos inquéritos, entre o período de 1973/74 para 1995/96.

Costa; Cintra; Fisberg (2006) encontraram 18% de obesidade em 10.822 crianças entre 7 e 10 anos residentes na cidade de Santos (SP). Ronque et al. (2005), ao avaliarem 522 escolares da mesma faixa etária de ambos os sexos da cidade de Londrina (PR), observaram prevalência isolada de 14% de obesidade.

Os dados de prevalência de excesso de peso (sobrepeso + obesidade) do presente estudo corroboram outros autores, em torno de 24% a 50%. Na pesquisa de Silva (2010), foram avaliados 319 escolares com idades entre 6 e 10 anos, matriculados em escolas da rede pública e privada do município de Fernandópolis (SP), e o resultado apresentado foi de 43% de excesso de peso. Balaban; Silva (2001) observaram frequência menor, de 26,2%

de excesso de peso em estudo com 762 estudantes (332 crianças e 430 adolescentes) da escola de classe média/alta de Recife, no ano de 1999. Em hipótese, os autores acreditam que esse valor pode ser devido ao local da pesquisa, pois o Estado de Pernambuco ocupa o 17º lugar com maior incidência de pobreza no Brasil e 16,1% da população vive em extrema pobreza, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2010.

No estudo de Rinaldi (2009), foi encontrada prevalência de 35,1% de excesso de peso, resultado equivalente à atual pesquisa. O estudo abordou universo de 702 crianças matriculadas em escolas públicas, privadas e filantrópicas do Ensino Fundamental nos anos de 2007 e 2008, no município de Botucatu (SP). Outro estudo realizado por Ferrari (2009), com objetivo de descrever um panorama da obesidade em crianças e adolescentes nos últimos dez anos, encontrou valores para excesso de peso em crianças entre 7,4% e 53,3%, e em adolescentes de 9,0% a 45,4%.

Rossato (2011) identificou 26,1% dos adolescentes como sobrepeso e 9,1% como obesos, em amostra de 88 alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, com idades entre 14 e 16 anos, da escola Amélio de Paula Coelho da cidade de Cristais Paulista, situada no extremo norte do Estado de São Paulo.

Em outra pesquisa com 662 escolares, com predomínio na faixa etária de 11 a 15 anos, Vanzelli et al. (2008) observaram prevalência de sobrepeso em 17% e de obesidade em torno de 9%, em estudo transversal que utilizou dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Educação do município de Jundiaí SP.

Diante da revisão da literatura, um dos estudos mais importantes sobre estado nutricional da população brasileira é o estudo populacional realizado pelo IBGE. Os dados do IBGE têm sido coletados desde 1974, havendo até o presente momento cinco pesquisas efetuadas. Em 1974-1975, o estudo foi intitulado como Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF), porém nos seguintes inquéritos (1987-1988, 1995-1996, 2002-2003, 2008-2009) a denominação foi alterada para Pesquisa de Orçamentos Familiares, sendo que a última pesquisa foi realizada em 2008-2009 e existe previsão de novo inquérito para o ano de 2014 (IBGE, 2010).

O objetivo dessa coleta de dados do IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde e o Banco Mundial no âmbito do Projeto de Assistência Técnica de Desenvolvimento Humano (Human Development Technical Assistance Loan - HD TAL), foi fornecer informações sobre antropometria e estado nutricional da população residente no país, bem como informações diretamente associadas à estrutura orçamentária e a várias características dos domicílios e famílias do Brasil, conciliando com temas fortemente relacionados à

qualidade e às condições de vida (IBGE, 2010).

A avaliação nutricional da última pesquisa realizada pelo IBGE (2008-2009) em crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos de idade apresentou quadro de excesso de peso em cerca de 30% de sobrepeso e 14,3% de obesidade. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro- Oeste, essa prevalência foi mais acentuada, oscilou entre 32% e 40% (IBGE 2010).

A presente pesquisa assim como outras têm observado que o sobrepeso e a obesidade vêm sofrendo uma crescente e acelerada evolução entre crianças e adolescentes no período escolar. No passado, os trabalhos estavam mais direcionados para subnutrição do país. Escoda, (2002), em pesquisa realizada em 1988, detectou que dois terços das famílias brasileiras consumiam uma dieta de baixa adequação calórica, e que esse consumo significava uma situação de fome crônica, a qual afetava gravemente o estado nutricional, acarretando um quadro de subnutrição.

De acordo com dados populacionais brasileiros do IBGE em crianças de 5 a 10 anos, a prevalência estimada de déficit de peso em 5% em 1974/1975 foi ligeiramente superior a 1989, havendo declínio para cerca de 2% e ascendendo para cerca de 4% em 2008- 2009. Por outro lado, a prevalência de excesso de peso apresentou ascensão constante e aumentou drasticamente para crianças e adolescentes no mesmo período (IBGE, 2010).

Ao longo dos inquéritos, a prevalência de excesso de peso está aumentando continuamente. Esta diferença entre perdas e ganhos de peso e estado nutricional está sendo alterada radicalmente nos últimos anos (IBGE, 2010). Esta mudança do estado nutricional da população tem sido definida como transição nutricional.

Transição nutricional é um termo complexo que vem sendo utilizado como sendo alterações nos padrões dietéticos e nutricionais da população brasileira de todos os estratos sociais e faixas etárias, caracterizada pela redução nas prevalências dos déficits nutricionais e aumento excessivo de sobrepeso e obesidade (BATISTA FILHO e RISSIN, 2003). No entanto, a transição nutricional no Brasil apresenta notável singularidade, pois existe a junção de duas situações opostas: a carência nutricional e a condição típica de excessos alimentares, representada pela obesidade (BATISTA FILHO et al., 2008).

Pinheiro; Freitas; Corso (2004) citam transição nutricional como o processo de modificações sequenciais no padrão de nutrição e consumo, que acompanham mudanças econômicas, sociais e demográficas, e do perfil de saúde das populações.

O excesso de peso tem sido considerado como epidemia mundial, atingindo todas as faixas etárias e em especial as crianças (VANZELLI et al., 2008). Nos Estados Unidos, foi verificado que a prevalência de sobrepeso em jovens de 6 a 14 anos praticamente

dobrou nos últimos 30 anos, tanto no sexo masculino como no sexo feminino, e que a obesidade, no mesmo período, teve um aumento maior que 100%. Estes dados não diferem do Brasil, que apesar da incidência ser menor em valores relativos, a proporção do aumento nos últimos 30 anos é bem semelhante (FERRARI, 2009).

Vários fatores têm sido associados à obesidade infantil, interferindo consideravelmente na qualidade de vida deste grupo. A obesidade por si só é considerada fator de risco grave para o aparecimento de outras doenças crônicas não transmissíveis e alterações metabólicas, como hipertensão arterial sistêmica e doenças cardiovasculares. As doenças cardiovasculares são responsáveis por 31% do total de óbitos por causas conhecidas no Brasil e consideradas a principal causa de morte no mundo atual (RECH et al., 2007).

Diversos autores têm estudado fatores de risco para desenvolvimento do excesso de peso. Basicamente a obesidade tem sido associada a fatores genéticos ou ambientais, sendo potencializada principalmente pelo sedentarismo e maus hábitos alimentares (RECH et al., 2007).

Marques-Lopes et al. (2004), também, relacionaram o excesso de peso com o estilo de vida (dieta e exercício físico) com alterações neuroendócrinas e o componente hereditário. Currie et al. (2008) definiram que “ O mecanismo primário para o sobrepeso e obesidade é o aumento da ingestão de energia e redução dos gastos energéticos. O tempo gasto em atividades sedentárias reduz o dispêndio de energia e consequentemente leva ao sobrepeso e à obesidade”.

Para Goulart de Andrade (2006), a informação é de que o excesso de peso está instalado em aproximadamente 25% da população estudada, em 492 alunos de ambos os sexos com idades entre 6 e 10 anos do Ensino Fundamental de escolas particulares, estaduais e municipais da cidade de Franca-SP. O sedentarismo e a preferência por alimentos fontes de energia extra é a realidade da maioria das crianças. O estudo revelou que 24,6% das crianças apresentavam excesso de peso, 11,6%, sobrepeso e 13%, obesidade.

Entre os fatores de risco para obesidade mais estudados constam: sedentarismo e hábito alimentar inadequado. Em relação ao sedentarismo, autores reforçam que a prática da atividade física está diretamente ligada ao aumento do sobrepeso e obesidade dos escolares (CURRIE et al., 2008).

É conclusivo que a mudança de hábitos e de estilo de vida no combate ao sedentarismo está diretamente relacionada a resultados positivos na diminuição do excesso de peso (CURRIE et al., 2008). A definição de prática de atividade física é considerada como “qualquer movimento corporal com gasto energético acima dos níveis de repouso, incluindo

as atividades diárias” (JOHNSON, 1996 apud ARAÚJO, 2000). O exercício físico de forma planejada, dirigido, estruturado e repetitivo junto ao lazer ativo como inserção da prática da atividade física nos momentos livres são fatores contribuintes para o combate ao crescimento da obesidade e sobrepeso da população (PIMENTEL, 2012).

O lazer ativo é fundamental para a qualidade de vida de crianças e adolescentes. Baruki et al. (2006) observaram que crianças eutróficas gastaram menos tempo em atividades como assistir à televisão por mais de três horas/dias e jogar videogame por mais de duas horas/dias do que crianças com sobrepeso e obesidade, sustentando evidências de que estes fatores estão diretamente relacionados com sobrepeso e obesidade. O estudo constatou que crianças que assistem à televisão por mais de quatro horas/dias são menos ativas e mais obesas, ou mais propensas ao sobrepeso, uma correlação positiva entre o tempo gasto nessa atividade.

Rodriguez et al. (2011) pontuaram alguns motivos pelos quais crianças e adolescentes têm sido menos ativos: tempo maior em frente à televisão, internet e videogame, tempo menor de aula de educação física nas escolas e menor opção de lazer ativo. Segundo Currie et al.,(2008), o tempo em frente à televisão está associado ao consumo de alimentos calóricos, refrigerantes e baixo consumo de frutas e vegetais.

A Pesquisa de Saúde do Escolar realizada pelo IBGE (2009) cita a recomendação da OMS: que crianças não devam estar mais que uma ou duas horas em frente à televisão e ao videogame diariamente. Apesar desta recomendação, dados significativos da Pesquisa Nacional de Saúde dos Escolares (IBGE, 2009) mostraram que 79,5% dos escolares frequentando o 9º ano do Ensino Fundamental assistiam à televisão por duas ou mais horas diárias, podendo explicar parcialmente os resultados brasileiros de aumento da prevalência de excesso de peso. O estudo retrata que o tempo livre de crianças e adolescentes tem sido preenchido com atividades que demandam baixo gasto energético e não correspondem à prática de atividade física recomendada (SILVA, 2010).

A ausência de atividade física no tempo livre foi considerada como fator predominante para aumento acelerado de excesso de peso na população de crianças e adolescentes em período escolar. Em uma pesquisa realizada por Silva, (2010) em 319 alunos com idades entre 6 e 9 anos, foi perguntado o que escolar prefere fazer no seu tempo livre, 59% responderam que é a opção de jogar videogame, assistir à TV ou utilizar o computador.

Considerando o que a OMS recomenda para crianças e jovens na faixa etária de 5 a 17 anos, a prática de atividade física moderada ou intensa de, pelo menos, 60 minutos diários, o estudo reforça que estas crianças e adolescentes não estão seguindo as

recomendações necessárias para a saúde (WHO, 2010).

As recomendações da OMS são aplicáveis para todas as crianças e jovens, independente do sexo, etnia ou renda A falta de atividade física em frequência e tempo adequados tem sido considerada como um dos fatores associados ao excesso de peso. A falta de atividade física é um fator que pode influenciar diretamente nos resultados obtidos em relação à alta prevalência de sobrepeso e obesidade nos escolares (WHO, 2010).

Leão et al. (2003), em uma amostra de 387 crianças entre 5 e 10 anos, observaram que 57,3% eram consideradas sedentárias. Rech et al. (2007), após análise em 1.442 escolares de 7 a 12 anos de idade de ambos os sexos em uma cidade serrana do Rio Grande do Sul, observaram que a prática esportiva fora do horário escolar apresentou associação estatisticamente positiva (p<0,01) com excesso de peso, 41% dos alunos que não praticavam esporte fora do período escolar apresentaram mais probabilidade de excesso de peso.

No estudo de Alves et al. (2005), foi observado que mais da metade dos adolescentes leva uma vida sedentária, sendo em número maior as do sexo feminino. No Brasil, quase que a metade dos escolares não tem aulas regulares de atividades físicas. Silva e Malina (2000), em sua análise em escolas públicas do Rio de Janeiro, apontaram índice de sedentarismo de 85% entre adolescentes do sexo masculino e de 94% do sexo feminino.

A PNSE, 2009, realizada pelo IBGE citou que 20% dos adolescentes de 13 anos realizavam atividade física com duração de uma hora ou mais, variando de 15% para as meninas e de 25% para os meninos (IBGE 2009). No estudo de Guedes et al., (2001), o tempo de dedicação à prática de esporte e exercício físico em escolares foi em média 48 minutos por semana para adolescentes e 3 horas e 20 minutos por semana para os do sexo feminino.

Nesse contexto Rech et al. (2007) citaram como fatores associados à obesidade: tempo assistindo à televisão, número de refeições diárias e tomar café da manhã ou não. Em hipótese relatou que o número de refeições diárias e o consumo do café da manhã estão relacionados à alimentação, considerada como outro fator básico de risco para excesso de peso.

Castro et al. (2008) destacaram que o hábito de consumir doces, balas e refrigerante está presente diariamente em 46,7% de 2.087 alunos matriculados no Ensino Fundamental da rede municipal de uma escola do Rio de Janeiro, bem como o consumo de salgado, hambúrguer ou cachorro-quente e batata frita que representou 10% de consumo diário nesta população.

Dados do IBGE comprovam que a grande maioria dos alunos brasileiros consome alimentos de alto valor energético de cinco ou mais vezes na semana. O consumo de alimentos marcadores de alimentação não saudável como guloseimas, frituras e refrigerantes faz parte dos indicadores negativos associados à obesidade. O consumo de refrigerante, segundo pesquisa do IBGE, foi de cinco dias ou mais na última semana em 37,2% dos escolares (IBGE, 2009).

Outro alimento considerado não saudável e altamente calórico são os embutidos, consumidos por 18,8% dos escolares do sexo feminino e 19,5% do sexo masculino de escolas privadas (IBGE, 2009). Castro et al. (2008) observaram, em 2.087 alunos matriculados na 8ª série da rede pública municipal do Ensino Fundamental da cidade do Rio de Janeiro, o consumo de doces/balas e refrigerantes em, respectivamente, quase metade (46,7%) em um terço (33%) dos adolescentes. Salgados, hambúrguer ou cachorro- quente e batata frita eram consumidos por mais de 10% dos adolescentes por semana.

Leão et al. (2003) avaliaram a alimentação de alunos entre 5 e 10 anos de idade em escolas públicas e privadas da cidade de Salvador (BA) através de questionário de frequência alimentar e, em ambas as escolas, foi observado alto consumo de leites, carnes, pão, margarina e balas e baixo consumo de frutas, verduras e folhosos. Consumo alto de balas e margarina e baixo de verduras e frutas poderia contribuir para alimentação inadequada e obesidade.

O número de refeições diárias é outro fator associado ao excesso de peso, quanto menor o número de refeições realizadas, maior prevalência de excesso de peso (DUTRA; ARAÚJO; BERTOLDI, 2006). A omissão de refeições durante o dia está diretamente associada ao excesso de peso, concentrando grande consumo calórico em poucas refeições, quando o mais adequado seria o fracionamento da dieta em quantidades reduzidas em calorias por refeição (SILVA, 2010).

Segundo Silva (2010), dentre as principais refeições realizadas pelos escolares com excesso de peso, o almoço representou 99%, o jantar, 97%, seguidos pelo café da manhã em 81% e o lanche noturno em 36%. Triches et al. (2005) revelaram que a omissão do café da manhã e a baixa frequência do consumo de leite foram práticas significativamente associadas à obesidade.

Outro aspecto contribuinte para o agravo do sobrepeso e da obesidade infantil é o estado nutricional dos pais. Ramos; Barros Filho, (2003), em sua pesquisa com 1.334 adolescentes na faixa etária de 11 a 18 anos da Rede Estadual de Ensino da cidade de Bragança Paulista (SP), observaram alta prevalência de excesso de peso em adolescentes que

possuíam pai e mãe obesos (36,1%). A pesquisa revelou que o IMC e o estado nutricional dos pais estão relacionados ao excesso de peso dos adolescentes.

Diversos autores mostram que há fortes correlações entre obesidade de pais e filhos, existindo um risco potencial para as próximas gerações. Quando os pais são obesos, a chance é duas vezes maior de excesso de peso para crianças e adolescentes (RAMOS; BARROS FILHO, 2003).

No estudo de Rodrigues et al. (2011), há um outro fator que está diretamente relacionado ao excesso de peso, a associação entre o marketing de produtos alimentares de elevada densidade energética e obesidade infantil. Para Chaud; Marchioni, (2004), os meios de comunicação influenciam substancialmente o consumo de alimentos, pois a alimentação engloba tanto a necessidade quanto o desejo do indivíduo. Alguns estudos têm sugerido consistentemente que a exposição a anúncios de produtos alimentares leva ao aumento da energia total ingerida pela criança (RODRIGUES et al., 2011).

Dentro dos resultados do presente estudo, é importante destacar a associação entre sexo masculino e obesidade. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar revelaram que, nos 34 anos decorridos desde 1974, o excesso de peso no sexo masculino aumentou, de forma acelerada, em 6 vezes de 3,7% para 21,7% (IBGE, 2009). Diferente das meninas que apresentaram aumento de 3 vezes, de 7,6% para 19,4%.

Ferrari (2009), ao estudar o estado nutricional na fase escolar em crianças e adolescentes, observou dados de obesidade em respectivamente 53,3% e 45,4%, com maior incidência no sexo masculino. Em crianças, o excesso de peso foi similar, entretanto em adolescentes foi observado no sexo masculino 53,3% de excesso de peso, enquanto no sexo feminino, 44,4%. Resultados indicam que o sexo masculino está atualmente mais suscetível ao aumento de peso corporal do que o sexo feminino.

Balaban; Silva (2001), também, concluíram, em estudo composto por 152 (45,8%) crianças e adolescentes do sexo masculino e 180 do sexo feminino (54,2%) em fase escolar, que o resultado entre sexos expressou um alto índice de sobrepeso e obesidade nos meninos de 34,6%, o que diferenciou do sexo feminino, no qual foi encontrado o valor de 20,6%, sugeriram que poderia ser devido à elevada preocupação com a imagem corporal no sexo feminino, uma das hipóteses para explicar maior prevalência de excesso de peso no sexo masculino.

Santos; Bellucci; Moisés Junior, (1999) observaram em indivíduos de 7 a 21 anos que frequentavam clínicas de emagrecimento em São Paulo, 49,9% não eram obesos, apresentavam apenas sobrepeso ou até mesmo IMC dentro da faixa de normalidade, e, destes,

79,9% eram do sexo feminino. Como o sexo feminino tem maior preocupação com a imagem corporal, o excesso de peso traz preocupação maior neste grupo, podendo, por isso, procurar hábitos de vida mais saudáveis, enquanto o sexo masculino tem menor preocupação e poderia estar mais susceptível ao excesso de peso.

Em relação à associação do estado nutricional e faixa etária considerando de 6 a 18 anos de idade, o presente estudo observou maior prevalência de obesidade nas faixas etárias de 6 a 10 anos (49,5%), fase de desenvolvimento motor que corresponde à

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