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SP<» WW<R> w. Orgam da Associação. REVISTA MENSAL Director litterario: - "Dario Vellozo. 'AA^*#tfM%-W«MMMVi

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MifóÈi

TI1ÂM11

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Redaccâo

Leoncio Corrciu. Silveira Netto. Júlio Pernetta. i

Orgam da Associação

REVISTA MENSAL

Director litterario: - "Dario Vellozo.

*»i^i^ -, —,— -

w 1irM1Lnui 'AA^*#tfM%-W«MMMVi

Coritiba, 15 do Maio de 48(1(5

Sff9

Instrucçao e Recreio

Distribuição gratuita aos sócios

N. 5 ANNO VII

Si-Kiiiiila tiporlia

DIRECTORIA DO CLUB

Presidonto—Gyro Velloso

Vice-presidente—Joaquim rio Andrade? ].• S» cietuiio—Mario «lorrein

« • Sccrctiirio-Joilo M, Btu no'. 1.' Tlioy.ouroiro—CIium CuidHro

»•• Ttiezoureiro—Augusto liou rei o. !.• Orador—Loonciu Corrr<j:i

2.é Orador—Dr. Sérgio do Castro Júnior

luado quo possa resultar da vitali-dade de um povo e das forças pos-tas em jogo numa êpocha.

A confirmação da superioridade Ivpica do seo caracter e de sua

in-aes, uns tragos deslumbrantes das synlheseslargasqueearaeterisavam seos discursos ferieis em pensa-mentos profundos e elegância de fôrma. Deste período luminoso res

|.« «v.v. w uv oimiir mmiii.i, UC31C jjri lUUUIUIMHIOSUieS

iividualidade artística, vamos en-1 iam somente os sulcos inaoacaveis

——-wêibbbêêê—TTiry

clüb cosiimo

VIANNA RIBEIRO

Esta pagina dedicada por mim. como homenagem merecida e tri-buto affectuoso, ao mais intimo dos meos amigos e ao mais franco dos meos companheiros, destina-se por direito ás almas boas em quem vi-bram sentimentos finos e que es-tremecem ás delicadezas siibtis do pensamento.

Para os leitores communs,o nome de Vianna Ribeiro nào passará de um relâmpago que fulgurou, por vezes, desprendendo centelhas de talento na imprensa: para ellas, será a recordação saudosa e doce dum bello espirito, cheio de luz,de força, de bondade e de esperanças. Dizer quem foi Vianna Ribeiro — morto aos vinte c quatro annos só-mente —seria descrever todas as agitações de nossa pátria nos ulti-mos annos, eqüivaleria a registrar a vida nacional, em todas as suas gradações —desde a doce paz cam-pestre, ao cahir da tarde, nas (lo-restas magestosas do Norte, ouviu-do osqueixumes ouviu-dos rios caudalo-sos c das arapongas melancholicas; desde as paixões ardentes dos ser-toes abrasadores, entre vaqueiros, no fundo dos. ranchos, nas fazem-das, ao desabrochar da vida, em pleno sol; até as modernas con-quistas do pensamento, as grandes idéas do progresso, os levantes, as esperanças e osdesconsolos,ascon-tracções e as dores da grande alma popular, A obra litterana quedei-xou, tem de serfatalmente adorada pela critica, como a manifestação viva de sua lei fundamental, como o produeto mais fortemente

accen-contrai-a nitidamente esboçada na | narração de suas tendências, de

suas relações, de sua vida intima e de seos traços mais

profundos.

No Maranhão, onde nasceo, nas-sou elle toda a meninice, embebido na contemplação duma natureza opulenta e festiva, eahi viodeper-to o trabalho em suas multiplas producções bafejando-se de ar puro e de virtudes mansas, deixando sua ; alma de poeta crescer embalada pelas orchestras dos pássaros c pe-os fulgores duma atmosphera translúcida, muitas vezes sosinho, pensativo e triste, a olhar para aquelle retraio bellissimo e terno , de sua mãe, essa adorável senhora ! que se chamara Cecília eque nunca, nunca poderá sequer beijar... Ale que um dia o pae, trabalhador ho-nestoe infeliz, mandou-oáeschola, na capital. Foi quando começou a luctar. O menino indomável,creado ao sol e ao ar livre, solto entre ho-risontes largos e o infinito das pai-zagens, resentio-se depressadosvs-! tema acanhado dos collegios e da tyrannia degradante da férula. Seo orgulho rebellou-se esahio-lhedo peito o primeiro grito de liberdade e protesto. Adquirio então de seo professor, para gloria sua e eterna vergonha dos imbecis dessa casta, o recommendavelconceitode — es-; tupidoque nada faria. | Mais tarde, quando matriculou- j se no Lyceo e a propaganda aboli- ' cionista ia alta, seo nome subscre-l veo artigos incendiados, em jornaes! de estudantes, e mostrou com van- ! tagem, uma feição de seo talento—!

a oratória. j

Erabeílovel-o,moço,muitomoço, I imberbe ainda, da janella do thea-! tro, nas festas da abolição, a falar j com unia eloqüência extranha para j a multidão commovida,dominando-1 a com os arrojes de sua imaginação j fogosa e emmbldurando idéas geni-1

(|ue deixou traçados para sempre, na memória de seos amigos.

Finalmente veio para a capital fe-deral. nesse tempo ainda a corte do Império.

Se linha já, da propaganda abo-licionista, feito prodígios de enthu-siasmo e eloqüência, nessa épocha então, envolveo-se na propaganda republicana mais ardentemente ainda, arrastado pelo amor da li-herdade, que talvez fosse seo senti-mento mais arraigado.

1 E' característico este episódio: Quando alumno da Escola Militar, assistindo um dia um Irote em bi-chos, a vaia nos calouros, como era de uso em todos os estabeleci-mentos de ensino, elle, de repente, nervoso, arquejante, tremulo e suado, correo para soltar um rapaz duma gaiola, onde o tinham pren-dido, por troça, e onde se debatia freneticarnente.

Voltando-se depois, disse-me : - Faz-me um grande mal vèr alguém preso e principalmente quando esse alguém tem a forte consciência da liberdade.

Era tão predominante n'elle este sentimento que, d'outra vez, impe-dido por dous dias, por causa cru-ma resposta independente a umsu-perior grosseiro, elle, que habi-tualmente nâosahia daeschola,ado-eeeo, somente por ver constrangida sua liberdade ao dever da discípli-na, por tão curto espaço de tempo, aliáz.

Mas, retomando-o no tempo da propaganda, assim como bateo-se donodadamente na imprensa, diri-ginclo no Rio de Janeiro um jornal, propriedade d'um amigo de bom gosto e rico,—a idéa republicana veio encontral-o ao raiar do dia 15 de Novembro de espingarda ao hombro, alerta e firme, nas fileiras patrióticas do batalhão acadêmico.

Depois, como alumno da Eschola

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CI.ÜBCORtTIBANQ Militar, foi sempre dos mais

enlhu-siastas o dos mais dedicados, nos muitos lances om que ella tem jo-gado a vida, com franqueza, hero-ismo, desprendimento e lealdade, i

!So intimo da vida cscbòlar, seos 1 escolhidos eram os rapazes mais l. talentosos, mais espirituosos e mais

distinctos quo podessem haver j

num núcleo adiantado,paracon*-tituira selecta roda — de illuslra-ção sem pedantismo, de força sem exhibição. de generosidade sem vangloria, de orgulho sem vaidade, de hábitos simples, bondosos, tole-rantes o sóbrios.

Nas suas palestras;! tarde, reu-, nido o bond, a roda dos Íntimos, j deitados uns. sentados outros sobre os velhos canhões do baluarte.! olhando o mar em frente e a ma-gestade das montanhas aos lados.os f assumptos fervilhavam, surgiam e ] multiplicavam-se e por fim eram J atirados á banda, torcidos c retor-Gidospelaanalyse, elevadosá ailmi-! ração ou jogados ao ridículo por um I piparoto da pilhéria.

Aquellas reuniões ao ar livrei eram feitas á vontade e cada um podia atirar á cara do outro os pa- I radoxos.e,eonjunclanionte,as bafo-' radas do cigarro. Tudosediscutia alli: sciencia, moral, religião,poc-sia, theatro, política, tudo.

Um dia, quando a palestra já ti-nha esmiuçado todos os assumptos — planos de revistas e projectos de livros, opiniões novas e theorias velhas,duvidastranscendentese pro. blemas insoluveis— uma idéa saltou insistente e forte, e, logo um mez depois, a Palcomania, sociedade theatral, levava á scena, num thea-trinho construído pelos próprios actores que se tinham transformado, para esse fim, em exímios carpin-teiros e scenographos, a bella re-vista de Vianna Ribeiro — Con-xamblança — muzica acommodada por elle mesmo, que teria feito successo estrondoso nos theatros da cidade, se o seocampo de obser-vação não fosse acontecimentos e hábitos escholares.

Mas tinha-se revelado nova face de seo talento, e, pouco depois, es-lava escripto um bMWoitte bellis-simo — os Empata ... — que tam-bem não foi levado á scena; primei-ro porquedissolveo-sea companhia que ia represental-o,a única de ai-gum gosto; depois, porque os inte-resses pecuniários das outras pre-feriam as bambochatas a Vicente

baixa do exercito, collaborou então muito nos jornaes da capital, sob vários pseudônimos, entre osquaos

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alegro, a palestrar pelos theatros, a contemplar o revolver festivo da Ouvidor, a perscrutar as torturas e o do Donaro, «pio subscrovoo. balas podridões da vida fluminense uns quatro annos, trechos deuuro.! canlamlo às vezes n'um soneto uni

Levava ontão nina exisiencia in-

treihodepaizaftem.ouommolduraii-• i ¦ i i . I i i . . ll.tu._i_ _..__.! __._-_ * ___ 1 m a

descriplivel. Perseguido por todos os insuecossos. batido em Iodas as pretenções, foi mergulhando cada vez maisn' uma philosophia alegre o realista, com umas leves lonali

donfuma bella prosa uma inanifes-tação psychologica, até tomar a re-solução definitiva de publicai* um

livro.

Começou então a serie

esplendi-._.. ....„w<,wvv» »v.-».i- '•'""i'M.uriii«iua mm-ip espiemil

dades do lauser faire dos descreu- da de contos, de que o pai: publi-tos. Tinha sempre nos lábios um cou alguns, tendo em meio jà um gracejo e um sorriso para atordoar outro livro «Meo Álbum » recorda-os males; mas. no fundo, um tem- ções. descripções. biographias de peramonto impressionável o deli- amigos, entre as quaes foram nu-cadoqueo fazia solfrer dolorosa- blicadas as de Gustavo Sampaio,

roonle. Horário Lopes, Vicente de

Azeve-Eraolypo mais completo do ho- do, Belforl Duarte, rapazes ignora-hemio o lambem da dignidade mais dos e distinctos, levados ao túmulo perfeita, mais sensível, mais vibra- pelo turbilhão devastante da revol-til. Antipathisava com Gerardo de ia da esquadra e da lucta

rio-^ran-Picrval, e Murger não passava do denso. °

nina celebridade indigna, com as Quando rebentou aquella,

Yian-ffJSS" tlT i°"V Sr" ,,;i Ribeir0- manquejando, apre

n-honestidade e sem pudor. Tinha, em alto grão. o melindre da honra' e nem mesmo desculpava a cm -briaguez, tão em voga em certas rodas de litteratos, ainda hoje.

Reis.

Mas, até aqui, temos visto Vianna Ribeiro somente nos prelúdios de sua vida litteraria. Depois de dar

«Quem procura perdera elevada e nobre faculdade da intelligencia é

um mizeravel que não tem direitos

á existência)),—muitas vezes me disse elle, referindo-se a esse pon-to. Era profundamente irrequieto e precisava de aspectos novos com aanciedade do mais febril dos re-quintados; d'ahi a origem de sua vida bohemia, ao encontro de todas as sensações e de todos os gostos, admirando com sinceridadeos ar-tistas de tempera, procurando-os e prendendo-oscom a palestra ale-gre, original escintillante de espi-rito.

Quanta neroe, quanta argúcia, quantaironia, quanto humor, quan-ta bondade não derramou esse ra-paz obscuro e superior na sua pas-sagem luminosa o agitada !...

Tem episódios únicos, profundos de graça e de philosophia, cm que transparecia sempre um desalento ou uma esperança, algum desgosto ou umasatyra.

Uma oceasião, sentindo-se doen-te e passando pelo consultório d'u-ma notabilidade medica, subio a pedir-lhe um exame. O medico na-da lhe disse de definitivo, mas de-pois, a pedido d'outro, declarou que elle soffria do coração.

Ao saber, por insistência, do dia-gnostisco, respondeo sorrindo :

—Afinal tenho certeza de pos-suir semelhante órgão. Vou tomar cuidado com os olhares femininos.. » Passou alguns annos essa vida

lou-se, como patriota ao Governo e esteven'uma das posições

fortili-cadas do littoral. até'não poder

mais suster-se de pé, derribadopor um tumor branco no joelho èsquer-do.

Passou seis mezes de cama, seis mezes terríveis para o seo tempera-mento agitado. Mscreveo então mui-tos dos seos conmui-tos, sobre a impres-são melancholica do isolamento e dainacção. Pobre Vianna-!

Como era devorado pela noslal-gia da vida da infância ! Como não te torturavam as recordações d'a-quelle tempo, lá, muito longe, ou-vindo o chiar dos carros desenha, ao despontar do dia, quando as boiadas passam sob os ferrões dos vaqueiros vestidos de couro ; as mu-llieres cantam ; os trabalhadores cavam ; florescem as roças ; e quando, na curvada estrada, um bando infantil brinca a bocca de forno ou lano rio'àcjallinhfi gorda, espreitados pelos papagaios empo-leirados nos ramos, alongando os

olhos das cabecinhas multicores

pelo panorama em fora, cujo pito-resco grandioso se quebra á es-querda na região tristíssima da queimada, onde perpassa com rui-do o vôo rastejante das pequeninas rolas!...

Tu, melhor do que ninguém, sou-beste dizer tudo isto n'esses contos soltos que andam por ahi,—quem sabe onde?—n' essas paginas quen-tes de estyloe imaginação, vivas e francas, palpitantes de verdade e de sentimento, que rescendem ao cheiro acre da terra e ao forte olor da realidade.

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CLUB CORITIBANO

r aàíafe'--g?í^Fr?rT^^SS^^™

Só ellas bastariam para atirar â posteridade o nome de Vianna Ri-beiro e, no omianlo, foram escrip-Ias sob a terrível impressão dessa moléstia falai que, no (im de seis mezes. levou-o a me escrever, con-vidando-me a assistir ;i amputação da sua perna esquerda, um bilhete lacônico, mas firmemente traçado, calmo o até com uma allus&o ironi-ca. Na manha d'esse dia innenar-ravelelle tinha acabado de escrever um conto jovial—A volta—dedica-do a um nosso amigo commum, bello conto faceto, rubro de ale-gria e fulgurante de graça e vida.

Bem profunda a bella phrase de Giordano Bruno:«/// Itüaritale Im-lis, inlristiiia hilaris.))

Depois, eu vim para cá e elle vi-zitava-me sempre com as suas ado-raveis cartas dc amigo verdadeiro, communicando-mc suas intenções c seos infortúnios.

Estava escrevendo ejá devia ter prompto um livro, cujos traços ge-raes possuo ecuja publicação en-tregava ao meo cuidado, se a morte o não deixasse leval-a a e/feito...

Sem medo de errar, chego a di-zer (pie essa obra—se umdia Eôr encontrada—marcará uma epocha na nossa litteratura.

Depois,cahio vencido por uma fe-bre pulha esuas cartas cessaram... para sempre. Tudo acaba assim— num dia, n'uma hora, n' um mo-mento... Elvzeo Montarroyos. ( Do^Jornal doCommcrcio'') LIGEIROS ESTUDOS SOBRK Hygiene Popular

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DRKNAMKNTO

Conforme a configuração topo-graphica que apresentam os terre-nos, estes, são mais ou menos em-bebidos de agoas estagnadas, quer sejam elles frios ou quentes. D'ahi a origem de muitas habitações pa-ludosas e insalubres.

E' desumma importância o tra-balho da disseccação nas cidades, por que d'elle depende a saúde dos nossos concidadãos.

Logo que se pensa em construir uma habitação, as nossas vistas de-vem se voltar, antes de tudo, para o terreno onde se vae construir, e disseccal-o applicandoa drenagem, esse delicado e importante invento, propagado pela Bélgica eaperfeiço-ado pela Inglaterra e cuja idéapar-tiu dos celebres agrônomos romã-nos, Columella e Palladio, os pri-meiros que falaram sobre a

possi-bilidade dos fossos e canaes sub-terraneos.

E' um fado axiomatico que as agoas estagnadas na superfície ou no interior dos terrenos, produz o atrophiamonlo physico do Homem, isto í, empobrece o sangue da Hu-manidade tirahdò-lhé a actividade e encurtando-lhe a vida.

Enxugal-os, por meio de canali-saçao subterrânea, eis o que é ne-cessario.

E, para se chegara conslruir um terreno bom, emprega-se o drenar mento, cujo nome tem origem nos vocábulos inglézes Io d min.

Para vos demonstrar a importam lancia da drenagem, citarei aqui o exemplo de M. Martinelli, dado em uma de suas prelecções neste as-sumpto. a Vôdeáquelle vaso dello-res n1 áquelle jardim? Porque tem elle um orifício no fundo? A exis-tencia desse orifício revela neces-sariamente, uma importante theo-ria agrícola. Permitte a renovação da agoa, escoando-a, â proporção que ella entra.

E para(pie se renova a agoa ? Porque esta produz a vida ou a morte. A vida, se passa só pela su-perliciè da camada de terra, deixan-do os bons elementos para a nutri-çãoda planta e a morte, se se infil-tra no interior do vaso, corrompem do e apodrecendo as raízes e impe-dindoo renovamento d'agoa».

Este assumpto do grande Marti-nelli, nosattesla a importância da drenagem (pie tem produzido es-plendidos e benéficos resultados para a saúde publica, pois, jatemos visto, em cidades onde haviam fe-bres endêmicas, estas desappare-ceiem com a approximação do sa-neamento dos terrenos.

A applicação do drenamento, è de transcendente utilidade nos ter-renosimpermeiaveise nos de cons-trucção argilosa. Estes concentrão a agoa das chuvas, impedindo o seo natural renovamento, transfor-mando-se, na estação do estio, em vastos lodaçaes,fontesde micróbios, e tornando mephyticae rarificada a atmosphera, devido a exalações fe-tidas dos vapores da terra. Aquel-les produzem uma vegetação lan-guida, em virtude de seo constante estado de humidade, que muito consome e estraga os materiaes para construcção.

Não cabe nestes ligeiros estudos, filhos do meo labor de gabinete, a descripção do processo a seguir para sanear uma cidade.

Em todo caso muito rapidamente direi que os trabalhos de dissecca-ção de terrenos, começa pela

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dagem afim dose conhecer a natu reza du subsolo sua permeabili-dade e consistência.

Depois de íeilo esle primeiro es-tudo, que pôde, muitas vezes nos dar, mais ou menos, a idéa do quan-tose vae gastar no dmtammto, le-vanta-se o plano, no terreno, fa/.eu-do-secorrer um nivelamento rigo-roso de modo a se conhecer exacta-mente, os seos accidentes e delle-xõese calcular-se a eollocaçao dos drenos, deaccõrdo com a declivi-dade, para o bom escoamento das agoas.

Depois d'isto feito e abertas as vallas, começa-se a dispor, topo a topo.no fundo dos dmiosMxhos cy-lindricos, de barro, ligados porcol-lares, onde se encaixam as suas ex-iremidades.

E' na juncçâo dos tubos (pie se opera a penetração da agoa infiltra-da no suh-.sólo.

Os assentamentos dos drenos ê um trabalho muito delicado e deve ser feito coma maior attenção ezelo possíveis.

Tratem os poderes administrati-vos do saneamento das nossas ei-dadés, que encontrarão o apoio e applauso decoração do povo.

Sancm\ élazer saúde, e fazer sau-de é fazer a actividasau-de, a vida e a felicidade dos povos.

São Paulo.

.Marques Leite. IMIAXTASIA

Mamian—creança loura, de olhos azues, a fronte engrinaldada de ro-sas e madresilvas. nos lábios osor-riso da innocencia e da candura.

Meio-dia—joven alegre e traqui-nas, a fronte aureoladade esperan-ças e illusões, nos lábios o sorrizo da ternura e do amor.

Tarde—donzella meiga e pensa-Uva, a fronte dobrada ao peso de uma coroa de saudades, nos lábios o sorrizo da descrença e da duvida.

Noite—viuva desolada e nostal-gica, a fronte pendida para o sepul-chro, nos lábios o triste sorrizo das illusões mortas.

Coritíba, 45—4—96.

Emílio Viscontiní. CHROMO

Lembra-me... foi em Novembro, Por entre muzica e flores, Que o nosso encontro se deo; Lembra-me... foi em Novembro. Quanto tempo é já passado,

E o eeo guarda as mesmas cores... Lembra-me, foi em Novembro, Por entre muzica e flores.

L.KOCADIO CORREIA

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CLUB COK1TIHANO

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i AH >MARI<» M-\nTIN«.

Morreste.eu sei: mas, viva te contemplo. Divina encarnação. tortura minha :

Tudo desfeilo está, deserto o Templo, E a minha alma tristíssima o sozinha. Partisle ! Ainda tâo cedo. e já partiste, E nem sequer o Adcos da despedida Pude le dar, e, solitário e Irisle.

Enclausurei na mágoa a minha vida. Hirto, plàhgente, como sons funereos, De sepulturas ede cemitérios.

O vento ulula e vem bater-me á porta. Como um mendigo daafTeiçào humana, Da mágoa mais profunda e mais insana. Soluça na minha alma a crença morta. Quando passaste, Santa, em teo caixão. Quando passaste em teo caixão de pinho, Minha alma te seguio, cheia de uncção, Pelas areias brancas do caminho.

Morta!... Perdida!.. Para sempre morta !... Nunca mais le hei de ver, Santa, ao meo lado. Sonho, [Ilusão. — que valem, que me importa. Se entre os homens eu sou táo desgraçado? Não mais o teo carinho, o teo sorrizo,

Que era o ceo da minha alma. o paraizo Dos meos sonhos de gloria e de ventura; Nada mais!... Sou um reprobo da sorte... O teo sorriso me roubou a Morte,

Negou-me o teo carinho a Desventura.

Júlio Pernetta.

Idolatria

O cérebro me escalda uma ambição suprema : A febre de saber, que espera, e que blasphema. Ebrio, porém, de amor que inda ninguém sentio. Águiascindindo o espaço em africano estio,

Não ouço da materia a lingoa escura e parva, Na destra o bisturi, e na sinistra a larva.

Antes, mvdiun extranho, a excelsa turba invoco Dos vates idos já, e ao luminoso foco

Demando a inspiração que o verso meo requer, O qual, nervoso, atiro a um collo de mulher! Certo dia. porém, ao plectro vaporoso

Pedindo um madrigal subtil, harmonioso, Nada, nada senti, se não que voz extranha,

A qual,— feroz, no ouvido ainda se me entranha : «Se fosse puro o amor que o teo delírio aceuza, Viras no charo objecto a verdadeira muza!..,))

Coritiba, 96. Ricardo de Lemos.

ÜVEoi^otonia... Recox^claçfío Para cantar-te,filha, já nâo tenho

A lyra e o plectro em chammas, como tinha. Se uma canção, porem, fazcr-lo venho,

Bem vés, não venho como dantes vinha. Canta (piem lem de azul a alma replecta

Enâo perdeo uma illusâo sequer.

Porque ella é como uma janella aberta De onde somente o sol se \í* nascer. Esta saudade, esta melanrholia, É o começo de uma enfermidade.

Que cm nossas almas cresce, dia a dia, E nâo se sonto na primeira edade.

A lagrima nos olhos apparccc Logo que morre a ultima illusâo. Brilha nos olhos edesanparece... —Filha das sombras e do coração.

Vinte e dous annos tens e, sem que o queiras, A pouco e pouco vaes envelhecendo,

E revés em silencio, horas inteiras,

Os mesmos quadros que eu estou revendo. Debalde em cada flor a alma repousas,

Debaldo em cada estrella o olhar descanças. Estão em toda a parte as mesmas cousas, Mas não lemos as mesmas esperanças. Falta-te aquelle mysterioso lume,

Falta-te aquelle duplo resplendòr,

A virgindade — (pie era o teo perfume, o irradiamento que era o teo amor. Múltiplas formas tem o mesmo objecto,

E o véo que o envolve, é sempre o mesmo véo; Mas se o olhar de iílusões está replecto,

Não ha nuvem que tolde o azul do ceo. Antigamente era o luar mais bello,

E a terra inteira um vasto paraizo, Porque os via atravez do teo cabello Porque os via atravez do teo sorrizo. Voltam ainda os mesmos trovadores,

E com seos cantos o ar e o bosque accordam ; As suas pennas tem as mesmas cores

E eni arco-iris de xacaras transbordam... Falta-nos essa eterna cantilena,

Que só a infância sabe gorgear,

Que é leve como a luz, ou como a penna, Que cáe da aza de um pássaro a cantar... Nossa existência era tranquilla e calma... Meo desejo era sempre o seo desejo.

Quando n-um beijo enviava-lhe a minh'alma, Ella a su'alma enviava-me n'um beijo.

Dos meos sonhos, na verde ramaria, SÔ ficaram a morte e a solidão...

E fora d?alma — esta monotonia, E dentro d'alma —esta recordação.

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CLUB CORITIBANO

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O mais felix

— Oquc invejo em li. Lauro, disse o bacharel ao Poeta, é o teo gênio alegre. Andas sempre tão bi-lariante!

Ah! mal sabia esse Doutor que o riso dos Artistas é como o fogo fa-tuo

que corre, á noite, as sepultei-ras desoladas!.. E tinha razão não Invejando o Talento, essa cruz in-tangível, marlellada pelos cravos roxos das dores obscuras!

. Nunca hei de me esquecer desse meo lio que me deixou o seu nome por herança (nome de baptismo, já se vô) e a recordação das pancadas pelas causas mais insignificantes o, ás vezes, sem causa alguma.

E1 verdade que ou lhe comia os feijões, ou antes, o clássico peixe cosido temperado com azeite, e, ás vezes, lhe surrupiava algum dez reischancban dos que erm reserva-dos aos santos do Chico Garcia, o clássico esmolante de opa o de sac

5

Talento! Cruzmerencoria abrin-i i. i, , , " ' , ;

do os braços sobro a pedra niia dei ™* 5 wi, í , ' VCn,i" *'i

Ulll ConeAo Inrlnriiln' Rnaena iIaI011111,1 UH P,lc,e alTí»Zer a UIU tal

um coiaçâo ioiIiimiIu. Rmçu» do|systemado viver aos trambulhOes.

cruz quo chamam os espíritos er-rantese gemedores á leitura desses hyreogliphos despedâçadores (pie a mão engelhada o tremula de todas as Agonias Humanas traçou eterna-1

mente no coração do Poeta!... i

Tinha razão o bacharel: é bem melhor folhear uns autos do quees-1 crevercom lagrimas os versículos deJobi...

A Lua.naapotheosemelancholica de sua Tristeza immorlal, roçava o rosto macilento por entre os espi-nhos palpitantes do seo Horto vio-laceo e mvsterioso...

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E o Poeta, olhando o bacharel que invejava a sua alegria, umsor-riso de piedade nos lábios, via a sua alma escabujando de estrella em estrella, numa loucura de la-grimas, num desespero de dores...

Leongio Correia.

Contos da minha terra

RECORDAÇÕES

A.'digna Professora Ü. Julia Wanderley Petrich.

Eu tive um tio que era,ao mesmo tempo, meo padrinho e meo algoz.

Deos lhe perdoe.

Portuguez, dos que vinham para o Brazil, não para tornar ares, mas para ganhar patacos.elle conseguio, á custa de trabalho e economia, (honra lhe seja feita) ganhar algu-ma cousa com que chegou a con-struir dous ou trez prédios na cida-de cida-de Paranaguá, oncida-de eu nasci, graças a meo pae e a minha mãe.

Floresceo no tempodoRamalho, do Zé Não BrinquesvdoPão Sovado, do Careca, do Labrègo, do Lona,do

Escota e de muitos "outros

portu-guezes, que já não tèm permane-centes porque o ultimo, creio,foram o estimado commerciante Caetano Gomes e o Senhor Meo Amo, esse velho millionario que foi carpintei-ro ribeira e que ha poucos mezes deixou de existir,em conseqüência de um acto traiçoeiro da morte.

Pois, bom ainda seria se a causa ficasse só em casa. Na eschola iam-bem o mestre Decio e os decoriões nâo davam o seo quinhão ao diabo : nunca mo pouparam as orelhas eas mãos. e, ainda em cima. procura-vam matarem mim o brio e a cora-gem expondo-me ao ridículo com um barreie enorme e uma tranca ás costas, ou mo fechando cm um quarto escuro e solitário onde devia mcappareecr o l'aeCoMjO,o Igua-rio dos Reis ou alguma alma do outro mundo.

Que vida, Santo Deos!

Mais duro,porem, seria para mim o solTrimento, se, em casa, fosse eu o único caixão de pancadas.

Éramos três sócios no martyrio : eu, a Felizarda e o Pampulha.

A Felizarda !... verdadeira anti-tbese do nome, alem deescrava,era escrava de meo tio e padrinho.

O Pampulha!... era também afi-lbado e sobrinho de rneo tio; e, mais infeliz do que eu, era ainda seo caixeiro e discípulo.

Apanhava por não pronunciar correctamente venda com b ; por que, lá uma vez ou outra,esquecia-se do regimen e punha-outra,esquecia-se a conver-sar com os freguezes: por não estar sempre alerta ás 4 da madrugada afim de servir os bebedores de café; por ter-se esquecido de assentar o biulem da cevola vendida ao fre-guez de caderno e por mileousas, ernfim, com que eu, felizmente, nada tinha que ver.

Mao grado meo, porem, minha madrinha (que também Deos lhe fale na alma) entendia muitas ve-zèsde me tomar, á noite, lições de catecismo que ella sabia de cor e salteado—como sabia as historias de Bella e de Fera, do Príncipe dos Três Dezejos e outras que naquelle tempo constituíam um livro predi-lecto das mães de família e das pro,-fessoras que por acaso sabiam ler.

Quando as minhas respostas não estavam de accordo com as pergun-tas, o que sempre acontecia,

chu-'

para com o próprio catecismo pela cabeça, somndo-me por essa for-; ma. esse livro, de instrumento de duplo castigo: intellectual e phy-sico.

Por isso (e para cumulo de caipo-rísrao) meos sonhos eram povoados de visões aterradoras.

Via o Padre Eterno, na figura de meo padrinho, de jaqueta e chapeo di» Chile, catadura ameaçadora de Iodadas coleras; minha madrinha transformada em santa, catecismo imu punho ateando o fogo da cal-deira de Pedro Botelho para nejla afogar os que não soubessem as lições de seo livro de rezas e de mys-terios theologicos; via o meo pro-fessor de ferula em punho e os de-coriões transformados em sal rapas e beleguins do purgatório, todos ru-gindo ameaças contra mim. todos; ao mesmo tempo transformados em fúriasinfernaesque me perseguiam! Nem dormindo podia descançar! Os meos sonhos eram pesadellos horríveis e eu estava na edade dos sonhos encantados, dos sonhos da infância côr de rosa !

E' dahi (pie me nasceo aversão ao catecismo e a todas as embustei-rices da egreja (pie o povo explora-do julga ter alguma relação com Deos e com o Ceo.

Sem embargo. Um dia meo pa-drinho chamou-me : ó Alriiio,bem vd! E mandou-me levar um maço de peixes ao Dr. Filastro que se fazia considerar e respeitar por trez qualidades distinetas que possuía : era medico, advogado e professor de latim.

Morava, porém, muito longe, lá perto do Estaleiro, onde eu tinha preguiça de ir e mesmo não gostava de ir, porque a eschola ficava para aquelle lado e eu desejaria vel-a o menos possível Em conseqüência disso e porque em caminho

encon-trei-me com o Virgílio, meo

condiscipulo, que acceitou a troca dos peixes por um pião da fabrica de Mestre Acacio, o Dr. Filastro ficou sem os peixes.

Dias depois averigou-se o caso ; houve um delicto grave e instaurou-se o processo que foi summarissi-moenãomedeo direito de razões nem de defeza.

Também, quem é que me havia de defender ?

Em poucas palavras fui condem-nado a pena de duas dúzias de bo-los, duas dúzias só, mas daquelles de esticar a palmatória pegando-lhe bem pelo extremo do cabo.

O carrasco, ou antes o executor obrigado era o Pampulha (pobre Pampulha) e quando a sensibilidade

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6

o levava a nao se haver bom na execução, era elle (pie chupam outro tanto e esses nâo deixava^ duvida.

Que me lembre, foi o único casti-go dos tantos que solTri contra o mial nada tenho que dizer em favor do minha innocencia ; mas quanta falta de perdão, quanta severidade para uma falta que a ingenuidade explica o justifica.

Attenda-se que a posse de um pião daquelles que só Mestre Aca-cio sabia fazer, bem torneado, ron-cador c de ferrão aguçado, era um encanto para mim. uma cousaideal. uma seducção que fazia perder a cabeça a muitos meninos, ao passo que aquelles peixes, embora da pre-dileeçáo do Dr. Filastro, para mim era cousa que só o cheiro me cnfas-tiava por que eu estava ha muito farto de comel-os cosidos e tempe-rados com azeite, o que era caso obrigado.

E ha quem fale da educação de hoje ! quem se lembre com saúda-de saúda-desses tempos que nos approxi-mavam mais da inquisição que da humanidade!

Eha espíritos amarrados aos pre-conceitosque bocejâm sandices con-tra as nossas conquistas de liberda-de, contra o novo regimen educa-dor e que desejam a restauração do passado !...

Sim ! Hoje que a heresia aug-menta consideravelmente, o mestre eschola, os tutores e os pães de flia são menos algozes e mais ami-gos das creanças" e estas têm mais saúde, são menos perversas e mais amorosas e ladinas.

As creanças também vão tendo a sua emancipação.

Eu não conservo recordações gra-tas e saudozas senão dos que'me estimaram, dos que souberam tole-rar as minhas puerilidades, osmeos erros de creança.

Este sentimento creio ser innato em todos os homens, razão pela qual a perversão recua e a educação melhora. Taes recordações vão con-tribuindo para que sejam corrigi-dos os erros corrigi-dos nossos antepask-dos.

E é justo dizer-se que o mal não vemdòsbomensdepersi;vemdacol-lectividade, daeschola onde apren-dem, do meio em que vivem, da epocha em que florescem.

Por isso estas Rexordaçõesnàoex-primem ódios nem magoas porque é justo reconhecer naquelles que nenhum carinho verdadeiramente humano tiveram commigo — para victimas como eu do bárbaro sys-temade educação daquelle tempo—

CLUB CORITIBANO

# v Tr^dQHHmn mm>

que, entre nós, nem os Pestalozzi, nem os Proebel. nem os Spencer tinham conseguido transformar esse systema humano ou racional do

educação.

A lucta ainda continua renhida, mas a victoria linal e completa ha de ser da luz contra as trevas, das verdades scientiliras contra os erros preconcebidos.

A razão humana ha doabolir para sempre esses dous instrumentos de castigo:—a ferula c o catecismo.

Albino Silva.

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a confissão; instituíram o cilicio! decretaram a solidão.

Eram os

padres...

A Judéa definhava já quando o Christo appareceó. Correram para Elle as donzellas e os mancebos; estenderam seos mantos sobre as passagens: acclamaram-no e cir-mudaram do palmas os caminhos. Foi no domingo do Ramos...

«O que quereis que vos di\ povo que mo acclamaos; om troca de tantas provas de venerarão?)) — perguntou o Christo, amoroso e

meigo.

«Rabbi. dae-nos o amor que nos roubaram os falsos Messias!»— I os Judeos responderam.

Jerusalém foi o theatro do verda-! Mas, tão fundo tinha se

entra-deiro amor, e a pátria da alegria nhado n'alma daquelle povo a

dou-ineffavel. trina peccaminosa que condemna

Moças morenas egraciosas passa-! o amor, que nem o exemplo do vam a vida cantando ás margens do l Christo amando Magdalena os res-Mar Morto; o Monte Líbano era co- taurou sequer !...

berto por frondosos cedros e accla- j Egoístas e incapazes de avaliar a rado eternamente, ou pelos raios grandeza desse sentimento, que, dourados do sói, ou pela luz morna . entretanto, teve no Oriente a sua e prateada da lua... Por detraz do ; mais bella manifestação ; —

cruci-Líbano estendia-se calmo o Medi- ' ficaram a Jesus !... E o verdadeiro

terraneo, que então só banhava as amor, renascido com o Christo, costas septentrionaes da Europa e está hoje como o Mediterrâneo con-as praicon-as ardentes do Norte da Afri- \ fundido e disperso !...

TKAXSICCAO

ca, e prolongando-se para Leste atravessava os logares onde hoje demoram Smirna, Dardanellos e Constantinopla, até ao Mar Morto, onde o Caucaso circumscreve o seo domínio.

Hoje tudo mudou!...

Suez, rasgado pelo bistufi da Sciencia como se fora uma pústula, extravasou as agoas do Mediterra-neo no Mar Vermelho até ao das In-dias, e as boceas do Nilo, — apezar de voltadas para o Sul da Europa,— fazem as suas agoas, dirigidas para Leste, acompanhar as que seguem em direcção ao Golpho d'Oman, beijando de passagem o Monte Sinai, Djcddah, Honcida e Moka...

Já alli as morenas orientaesnão cantam e nem amam... Frontes pen-didas sobre os seios flaccidos e sem calor, ellas são hoje apenas phan-tasticas sombras do que eram antes daeraChristan.

Eu vou contar-lhes porque a tristeza e o desanimo ensombrou aquellas almas outr'ora arroubadas e felizes.

Esperava-se, por todo o Oriente, o annunciado Messias. Este, porém, tardava, e em seo logar apparece-ram falsos prophetas, que trafica-ram a crença do povo ingênuo.

Fizeram prédicas, onde abateram as inclinações gracis e alegres que brotavam dos corações dos moços e das donzellas; pregaram o jejum e

Romário Martins

O Brazil tem datas extraordina-riamente grandes, datas que as-sombram, que fulguram diade-mando a fronte sublime da Liber-dade.

Muito poucas tem sido as revo-luções, que tôm abalado o solo da Pátria, porem essas symbolisam sempre a comprehensão perfeita do Direito natural, difíinem o caracter altivo do povo.

43 de Maio, essa divina epopea escripta com o sorriso dos filhos e as lagrimas da mãe escrava, esse desfecho esplendido da tragédia do soffrimento de milhares de seres humanos, tem a eloquencia mani-festa d'essa grande verdade.

13 de Maio foi também o prólogo luminoso da revolução política de 45 de Novembro, que veiosubsti-tuir o carcomido throno catholico, pela republica livre.

Quando a Sra. D. Izabel,princeza imperial, coagida pela assombrosa propaganda republicana, que assu-mia proporções extraordinárias,as-signou a lei que decretava a extin-cção da nefanda escravidão no Bra-zil, não o fez por benemerencia, nem por patriotismo, e tão somente

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CLUB CORITIBANO

para tentar ver se se cercava da sympathia popular, para qtio o dia fatal do seo exílio se prolongasse.

Panada illus.10 !

Estou convencido de qtiu se o i /ir daltussia fosse rei naAmori-ca» nao seria absoluto : porque a America mais que todas as outras partes do mundo, sonhe sempre comprohender o seo verdadeiro destino ; e o americano, mais (pie todos os outros povos, è essencial-mente republicano.

13 de Maio é oprodurin da ovo-luçao natural do progresso, elle havia do ser feito, porque a oscra-vidAo era um attentado ás leis da natureza : ser escravo na America, onde a Liberdade sopra a tuba de ouro da confraternisaçãodospovos, onde a Liberdade tem um altar im-maculo em cada coração, onde ella canta e ri no farfalhar magestoso das nossas florestas: ser escravo na America, onde um punhado sublime de homens, como os cubanos,con-quislam aautonomiadasuapatria,a liberdade do seo povo,assigna!ando o solo. palmo a palmo com o seo sangue : ser escravo na America,

era uma ironia pungentemente

dolorosa.

Felizmenteosoldo século xx,d'es-se século do Socialismo, nâo illu-minará as chagas asquerosas que minaram porlongo lempo o coração da Pátria brazileira: a escravidãoe a monarchia. Não mais se descorti-narão aos nossos olhos, scenas de cannibalismo humano, homens que dispunham de homens como de um inútil objecto, thronos absolutos, princezas beatas e loucas, que

ani-pilavam toda a aspiração liberal

do povo. em beneficio de um ho-mem — O rei. —Tudo por terra ! Hoje somente paira por sobre os destinos d'esta grande Pátria, como uma águia extraordinária de azas abertas, a Liberdade, a suprema Liberdade.

Ás grandes epochas de assombro tyrannico, de instituições nefandas, suecedem-se bellos dias de sol,bel-los dias de tranquillidade.

Júlio Pernetta.

posto em zlg-zag, deixando a des-1 coberto cachinhos em cupula, som- I brinhas de estrellas, estrellinhas sem brilho: bordando a parede, o caxilho da janulla, onde por noites de luar costuma pousar um casal de

pombos muito brancos, ideaes, uni-dos como as estrellinhas sem brilho da Flor de cera, os seios d' Ella

E a lua, no ceo aberto, muito azul, picado por muitos pontos

bri-Ihanles, luminosos. — estrellas,

maculado por pequenas manchas! brancas,—nuvens; vae sonambuli-cartientesubindo... subindo... eil luminando tudo com sua luz prate-ada muito pallida. Tela sublime !

WL«*>i,Jl*-*'3

A FLOR DE CERA

A Romário Martins

Estrellinhassembrilho. Florinhas despidas de toda e qualquer vaida-de, muito delicadas, reunidas em conchegointimocomo o pensamento de corações que se comprehendem. De simples, modesto vaso de barro começa de desenrolar-se o corpo flexível e esguio: vae vagarosamente se apoderando de um cordel

dis-Viaima Ribeiro. —-Transere-vemos na primeira pagina, deste numero, substancioso e aprimorado Folhetim do nosso sempre querido e lembrado Elyzeo Montarroyos, á morte de Vianna Ribeiro.

Vianna Ribeiro é, para a mor parte de nossos leitores, inteira-mente desconhecido; entretanto o «Paiz», da Capital Federal, publi-cou por vezes trabalhos seos, e mais de um litterato de reputação indis-cutivel fez-lhe devida justiça aolu-cido e brilhantíssimo espirito.

Elyzeo Montarroyos que também sabe analysar e comprohender o coração humano, e acompanhou a evolução litteraria de Vianna Ribei-ro, rendeo-lhe, em uma das folhas de Porto Alegre, eloqüente home-nagem ao talento e ao caracter.

A a Revista Club Coritibano)) pe-de venia ao sympathico auetor do Folhetim para subscrever também essa bellissima e vibrante pagina lit-teraría, — levando, por esse modo, umagrinalda de saudades roxas ao túmulo impassível de Vianna

Ri-beiro.

Consta-nos que o CcnacuXo, em Pallidas e meigas noites de luar !

Une de encantos encerram as franjas de tua veste rica, rendilha-da de estrellas!

Que de leeordações vens desper-lar nos corações amantes!

E' então que EÍfa, afronte altiva pende encantadoramente, fitando a Flor de cêra,e, pelos seos pensa-I menlos embalada talvez recorde

todo um passado... j

E de seos olhos azues, azues

como turquezas, desprende-se uma i lagrima apaixonada <pie vae perder-! se por entre as sombrinhas de es- j trellas, estrellinhas sem brilho da

Flor de cera.

Leocadio Correia.

NOTICIÁRIO

"

soo terceiro volume, pretende daro

retrato do impeccavel Vencido,

morto para a Carne e para a Tortu-ra,acompanhando-o do alguns tra-ços biographicos, firmados vicio-riosamente por Elyzeo Montarroyos.

Padre Alberto «losê

(«OU-(•alves—Seguio ultimamente para a Capital Federal, afim de tomar parte nos trabalhos do Congresso, o illustre senador da Republica! Reverendissiino Padre AlbertoJosé Gonçalves, vigário deMaparochia.

Odislinclo sacerdote foi porlon-go tempo um dos nossos mais es-forçados companheiros, acompa-nliando sempre, com toda a lucidez de sua bella inlelligencia. o

evol-ver litterario o philosophico desta

Remia que, fielmente, procura seguir a progressista cruzada do Século.

Dario Vellozo, — como Director* litterario deste orgam.—fez justiça aos dotes intellectuaes de S. Ex.. em artigo de fundo inserido no nu-mero passado.

Vem a pello dizer que, por des-cuido apenas, esse nosso collega (pie não regateiadistineçõesaquém quer que seja, omittio o titulo a que tem direito o Exmo Sr. Senador Pa-dre AlbertoJosé Gonçalves.

Consta-nos, alguns despreoceu-pados quizeram ver nessa omissão uma offensa ao preclaro sacerdote. Mas... quem não sabe que a ma-lidicencia e a intriga são, geral-mente, o patrimoniodos obtusos e perversos?

A responsabilidade exclusiva dos artigos de fundo, não assignados, pertence ao Director-litterario.bem assim a destas linhas. Demais, — não será baldado repetir, — a Redacçao desta Revista foi, é, e será sempre solidaria.

Quem não quiz ver os termos

cavalheirosos em que nos

di-rigimos io Sr. Padre Alberto Gon-çalves, em nosso artigo de fundo do numero passado, e procurou ler, entre-linhas, intenções chatas ere-les, saiba, ao menos agora, inter-pretar claramente o sentido das phrases que aqui ficam impressas. Qualquer dos Redactores desta Revista tem a independência ne-cessaria para dizer o que pensa e sente, firmando com a assignatura de seo nome a responsabilidade de suas palavras.

Seguiram também para a Capi-tal Federal os nossos dignos conso-cios, Senador Dr. Vicente Machado, e Deputados Federaes Drs, Francis-co de Almeida Torres, Lamenha Lins e Alencar Guimarães.

(8)

8 CI.UB COR ITI BA NO

EXPEDIENTE

•¦WMirfMW.-iMVTn.''1' «' n.oi-in ninuratr rt^nnif^in—¦"^\f^^— — ——¦— — — - —— — ——¦—¦ ¦*-•*--**• *^,»*

exi*osiçAo

Apresentada pelo Presidente do

Club Coritibano, à Assembléa Geral de Sócios, em sessão de 40 de Abril de i ¦!¦*..

Srs. Sócias do Club Corilibano*

Em observância ao que deter-mina o § (J.° art. 2o dos nossos Es-talutos. venho trazer ao vosso co-nhecimento o estado da Associação em 31 de .Março ultimo, c o que nella occorrco durante o primeiro trimestre do corrente anno.

Jío dia (> de Janeiro foi solenne-mente empossada a actual Directo-ria, eleita em sessão de Assembléa Geral de 22 de Dezembro do anno próximo findo.

Os Srs. Directores teem com lodo zelo exercido os seos respectivos cargos, por cujo motivo sâo dignos de sinceros elogios e agradeciinen-los.

A Revista do Club, sob a mesma Redacção e Direeção do anno pas-sado, foi publicada com a possivel regularidade.

Os Srs. Sócios retiraram da Bi-bliotheca para leitura cm suas casas (S57 volumes de lilteralura e consultaram 50 obras diversas.

Serve de bibliothecario o nosso

consocio Romário Martins, que

exerce esse cargo com zelo.

Têm sido recebidos com regula-ridade, jornaes d'este e de outros Estados e da Capital Federal da Re-publica.

A freqüência de sócios e convi-dados nos salões do Club durante o trimestre, deo a media diária de 5G pessoas.

A Directoria reunio-se cm Irez sessões ordinárias e uma extraor-dinária, tratando em todas de as-sumptos relativos á Associação,con-forme consta das actas publicadas na Revista do Club.

Em sessão deo d'estemez,abi-rectoria nomeou para examinar e conferir as contas apresentadas pelo Sr. I.° Thesoureiro, relativas ao L° trimestre, os sócios: João Pereira da Fonseca, João Saturnino de Freitas Saldanha e Celso cie Oli-veira.

Esses prestimosos consocios ac-ceitaram tão espinhosa commissao, e a desempenhando com todo es-crupulo e zelo, lavraram o parecer que será submettido á vossa deli-beraçâo na presente sessão.

Pelo balancete da lhe/ouraria vereis que a receita do trimestre foi de tis. 3:578$00ü o a despeza de Ils. l:73d$990 passando para o seguinte trimestre o saldo do Rs.... (Ii5§4!)0 por ler passado do anno

Gndo o do Rs. 4:799$i8ü.

Na despesa acha-se incluída a quantia de Rs. í:40J$üuO paga por amortisação do empréstimo contraindo para a compra do edifi-cio social e a de Rs. &2í §25 i naga de juros do mesmo empréstimo. Pelos documentos annexos ao ba-lancete podereis verificar a exâcti-dílo das quantias arrecadadas e das despendidas. Pelaescripturaçâo po-dereis conhecer do estado financeiro da Associação.

Durante o trimestre realisaram-se dous bailes carnavalescos e Irez sarâos dançantes.

No dia 6 de Janeiro houve sessão magna e baile em commeinoração ao 14 anniversario da installação do Club.

O Sr. Arthur Euclidesservio como pianista do Club.

Durante o trimestre foram sor-teados vinte oito titulos da divida do Club, para serem resgatados.

O nosso consocio José JulíoFran-co, continua a fazer corn todo zelo e desinteresse a escripturação do Club.

O serviço do botequim e todo mais serviço do Club, acha-se a car-go do nosso consocio Vicente Fer-reira Dias (pie foi (piem maior van-tagem offereceo na concurrencia aberta em Janeiro para arremata-ção d'esses serviços. Tem servido a contento da Directoria e dos Srs. sócios em geral.

O movimento de sócios durante o trimestre foi o seguinte :

Passaram de 1^93 3ÍH Matriculados no trimestre \\ 405 Falleceram 2 Pedio demissão 3 Existiam em 31 de Março 402

Dos existentes eram:

Beneméritos 20 Fundadores 2 Honorários 3 Correspondentes o Extraordinários 17 iectivos Achando-se: Presentes Ausentes 355 403 Os presentes eram: Beneméritos 18 Fundador 4 Honorários 8 Extraordinários I KITeclivos 242 2(ii Os ausentes: Beneméritos á Fundador 4 Honorário I Correspondentes 5 Extraordinários 16 ElTcctivos 143 I :*S 402

Os sócios fallecidos foram os ef-fedi vos José Secundino de oliveira e Dr. Francisco ItacianoTeixeira. Pedio demissão o efíeclivo Wil-Iam Paul.

São estas as informações que jul-guei de necessidade trazer ao vosso conhecimento.

Achareis a Directoria sempre dis-posta a dar-vos os esclarecimentos de que necessitardes.

Concluindo peço que vos digneis auxiliar a Directoria no desempe-nho da missão (pie lhe confiastes.

Sala das sessões do Club Coriti-bano, 19 de Abril de 4896.

Cyro Velloso.

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Sessão ordinária de

Assem-bica Geral dc Sócios em

19 dé Abril de 1890.

Presidência do Sr. Cyro Velloso Secretario—.Mario Correia

Aos dezenove dias do mez de Abril do anno de mil oito centos e noventa e seis, ás duas horas da tarde achando-se no Club CorUibano, sessenta eoitu sócios cujas assignaturas se acham inscríptas no livro de presença, o Presidente declarou aberta a primeira sessão ordinária do presente anno.

Foram lidas e sem discussilo approvadas as actas das sessões de h e 6 de Janeiro d'este anno.

Pelo Presidente íoi apresentada a exposição dos factos occoiTidos na Associação durante o primeiro trimestre dó presente anno.

Pelo Secretario foi lido o seguinte PARECER:

A commissao abaixo assignada, nomeada pela Directoria do Club Coritibano, tendo examinado as contas apresentadas pelol.0 Thézoureiro do mesmo Club e tendo em vista o presente balancete, livros e documentos apresentados pelo mesmo Thézoureiro achou de conformidade as respectivas contas é é de parecer que sejam approvadas, louvando o modo correcto porque foram prestadas as contas pelo Thézoureiro. relativamente ao primeiro trimestre do corrente anno. Coritiba 13 de Abril de 1896 — Assignados. João Saturnino de Freitas Saldanha, João Pereira da Fonseca-e Celso de Oliveira.

Posto em discussão,é o pareeerapprovado.flcando assim approvadas as contas do Sr. Thézoureiro, relativas ao primeiro trimestre d'este anno. O Pre-sidente declara em discussão os interesses sociaes. Não havendo quem pedisse a palavra foi encerrada a discussão e em seguida a sessão.

E para constar eu, Mario Correia, 1.° Secretario, lavrei a presente acta que assigno com o Presidente.

Cyro Velloso Mario Correta.

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