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CÁLCULO DE DOSE EQUIVALENTE EM ÓRGÃOS DEVIDO A FOTONÊUTRONS PROVENIENTES DE ACELERADORES CLÍNICOS

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2005 International Nuclear Atlantic Conference - INAC 2005 Santos, SP, Brazil, August 28 to September 2, 2005 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA NUCLEAR - ABEN ISBN: 85-99141-01-5

CÁLCULO DE DOSE EQUIVALENTE EM ÓRGÃOS DEVIDO A

FOTONÊUTRONS PROVENIENTES DE ACELERADORES CLÍNICOS

Robson C. de Castro1, Ademir X. da Silva1, Alessandro Facure2, Marco A. F. Lima3 Rossana C. Falcão2 , Verginia R. Crispim1

1 [PEN/COPPE – DNC/EE]/UFRJ

Centro de Tecnologia, Bloco G, sala 206 21945-970 Rio de Janeiro, RJ, Brasil

rcastro@con.ufrj.br

2 Comissão Nacional de Energia Nuclear

R. Gal. Severiano 90, sala 416, 22294-900 Rio de Janeiro, RJ, Brasil afsoares@cnen.gov.br

3 Laboratório de Radiobiologia e Radiometria - Departamento de Biologia Geral

Universidade Federal Fluminense

Outeiro de São João Batista, s/n Caixa Postal 100.436 24001-970 Niterói RJ, Brasil

egbakel@vm.uff.br

RESUMO

A radioterapia com feixe de fótons e elétrons é atualmente uma das técnicas mais difundidas no tratamento do câncer. O aumento da eficiência desta técnica relaciona-se ao aumento da energia do feixe, gerando assim, nêutrons rápidos no feixe radioterápico que contribuem com uma dose indesejada para o paciente. Neste trabalho, foram calculadas, utilizando o código computacional de transporte de radiação MCNP4B e um fantoma matemático antropomórfico, as doses equivalentes em órgãos devido aos fotonêutrons gerados em cabeçotes de aceleradores lineares de uso médico, que operam nos potenciais 15 MV, 18 MV, 20 MV e 25 MV. Os valores calculados para as doses equivalentes em órgãos, estabelecidos pela publicação nº 74 da ICRP, apresentaram variações entre 0,11 mSv.n Gy-1 e 7,03 mSv.n Gy-1, para o acelerador que emprega feixes

terapêuticos de 18 MV, estando em boa concordância com os valores existentes na literatura.

1. INTRODUÇÃO

Em teleterapia, os tratamentos são efetuados com feixes de fótons, produzidos por unidades de quilovoltagem, fontes radiativas (60Co, 137Cs) ou aceleradores lineares de elétrons. Nesses últimos, os feixes de fótons são produzidos devido a interação dos elétrons primários com um alvo, gerando espectros contínuos de fótons com energias máximas entre 4 MeV e 25 MeV, dependendo do equipamento. A interação dos feixes de fótons com energias maiores que 10 MeV com o cabeçote do acelerador, composto de elementos com alto número atômico como tungstênio ou chumbo, irá produzir nêutrons, que contaminam os feixes terapêuticos. Os nêutrons assim produzidos são denominados de fotonêutrons e são emitidos do cabeçote dos aceleradores de maneira isotrópica.

O objetivo deste trabalho foi calcular a dose equivalente em órgãos de pacientes devido aos fotonêutrons produzidos em cabeçotes de aceleradores clínicos, utilizando o método de Monte Carlo e um fantoma matemático antropomórfico. Para tanto, foram selecionados quatro modelos de aceleradores lineares que operam nos potenciais de 15 MV, 18 MV, 20 MV e 25 MV, e utilizado o código de Monte Carlo MCNP, versão 4B(1), que simula o transporte de radiação, a fonte e a geometria de irradiação; e o pacote computacional

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BodyBuilder/Sabrina para a geração e visualização do fantoma matemático antropomórfico

que simula o corpo humano.

2. METODOLOGIA COMPUTACIONAL 2.1. Espectro de Nêutrons

Os nêutrons gerados em aceleradores podem ser classificados em dois grupos: o primeiro possui uma distribuição Maxweliana de energia e é composto por nêutrons de evaporação(2). O segundo grupo é composto por nêutrons diretos, que são produzidos pela interação direta entre o fóton e o nêutron no núcleo do átomo alvo. Assim, o espectro total de energia dos fotonêutrons, é dado pela expressão(3),

( )

−       +       + +       − = 7,34 0 2 34 , 7 ln 34 , 7 ln 1071 , 0 5 , 0 exp 5 , 0 8929 , 0 máx E n n máx n máx n n n dE E E E E E E dE dN (1)

onde Emáx é a máxima energia dos fótons que são gerados no alvo correspondendo à máxima

energia dos elétrons que atingem o alvo e o fator 0,5 no denominador da expressão acima é a temperatura nuclear para a produção de nêutrons no tungstênio (MeV).

A tabela 1 apresenta os valores da intensidade dos nêutrons produzidos no cabeçote (Q), fornecidos pelo fabricante de cada equipamento, por Gy de fótons no isocentro, para os modelos selecionados.

Tabela 1- Valores das intensidades dos nêutrons produzidos no cabeçote (Q) por Gy de fótons no isocentro(4).

Fabricante Modelo Potencial (MV) Q (nêutrons/Gy)

GE Saturne 43 25 2,40 x 1012

Siemens KD 20 0,92 x 1012

Varian 1800 18 1,22 x 1012

Varian 1800 15 0,76 x 1012

2.2. O Código de Transporte de Radiação MCNP

O código de transporte de radiação MCNP, baseado no método de Monte Carlo, é atualmente um dos códigos computacionais mais utilizados mundialmente na área de transporte de radiação envolvendo nêutrons, fótons e elétrons. A versão 4B do MCNP foi utilizada neste estudo, para os cálculos das doses equivalentes em órgãos e para a modelagem do cabeçote do acelerador.

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O cabeçote foi modelado de maneira simplificada, como sendo uma esfera de tungstênio com 10 cm de raio que circunda uma fonte pontual isotrópica de nêutrons na qual emergem os espectros de fotonêutrons (descrito pela equação 1) provenientes dos aceleradores clínicos considerados neste estudo. Essa aproximação para o modelo de fonte reduz, em muito, a complexidade e o tempo computacional para se obter os espectros dos fotonêutrons gerados nos aceleradores considerados. Vários pesquisadores(5)(6)(7) têm modelado o cabeçote desta maneira para a obtenção dos feixes de fotonêutrons.

2.3. Simuladores Matemáticos de Corpo Humano

O fantoma antropomórfico usado neste trabalho foi desenvolvido por Cristy e Eckerman, no Laboratório Nacional de Oak Ridge, EUA (ORNL - Oak Ridge National Laboratory) utilizando os trabalhos de Snyder et al(8) e Cristy(9), obtendo um catálogo denominado “BobyBuilder” que contém uma série de simuladores de corpo humano para diferentes idades, pesos e tamanho(10) .

No programa BodyBuilder, o corpo humano é simulado usando formas geométricas descritas por equações quadráticas e planos que representam os órgãos, em três tipos de tecidos diferentes em composição e densidade para pulmão, esqueleto e tecido mole. Neste estudo foi modelado um fantoma matemático representando um homem adulto com 21 anos, 179 cm de altura e 73 kg de massa, onde para o cálculo de dose equivalente foram considerados nove órgãos ou tecidos: gônadas, medula óssea, pulmão, estômago, fígado, esôfago, tireóide, pele e superfície óssea.

3. RESULTADOS

Os espectros de fotonêutrons emergentes dos cabeçotes dos aceleradores de 15 MV, 18 MV, 20 MV e 25 MV foram obtidos, de acordo com o modelo de fonte descrita na seção 2.2. A Figura 1 apresenta os espectros emergentes dos cabeçotes simulados. Esses espectros também foram obtidos por Facure(11) .

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 10-5 10-4 10-3 10-2 10-1 15 MV 18 MV 20 MV 25 MV dN/ d E Energia (MeV)

Figura 1- Espectros normalizados de nêutrons transmitidos por 10 cm de tungstênio para os aceleradores simulados.

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Os espectros transmitidos apresentados na Figura 1 foram usados como dados de entrada no código MCNP para os cálculos de dose em órgãos do simulador matemático antropomórfico adulto, nas geometrias de irradiação AP e PA.

Utilizando o código MCNP4B, modelou-se uma fonte pontual, que emprega os espectros de nêutrons transmitidos, a uma distância de 70 cm do fantoma matemático, localizado na origem do sistema de coordenadas. Para a obtenção de dose absorvida, foram utilizados os fatores de conversão de fluxo em dose encontrados na publicação nº 74 da ICRP(12). Com

isso, ponderamos os valores de dose absorvida, DT, pelo fator peso da radiação, wR, para a

determinação dos valores de dose equivalente em órgãos. Os fatores peso da radiação, em função da energia dos nêutrons w(En) foram obtidos pela equação 2, descrita abaixo(13),

wEn = 5 + 17 exp      − 6 )) 2 (ln( 2 n E (2)

Na tabela 2, são mostrados os valores de dose equivalente em órgãos devido aos fotonêutrons, nas geometrias AP e PA.

Tabela 2- Dose equivalente em órgãos (mSv.n por Gy do fótons) devido aos fotonêutrons nas posições AP e PA.

Órgãos Dose Equivalente (mSv.n Gy-1)

15 MV 18 MV 20 MV 25 MV AP PA AP PA AP PA AP PA Gônadas 4,36 0,63 7,03 1,03 5,32 0,79 14,0 2,13 M. Óssea 0,17 0,30 0,28 0,50 0,22 0,38 0,66 1,04 Pulmão 0,25 0,29 0,41 0,48 0,32 0,37 0,87 1,01 Estômago 0,78 0,27 1,29 0,46 0,98 0,35 2,64 0,97 Fígado 0,43 0,30 0,72 0,50 0,55 0,38 1,49 1,04 Esôfago 0,06 0,08 0,11 0,13 0,08 0,10 0,25 0,30 Tireóide 0,44 0,07 0,74 0,12 0,56 0,09 1,55 0,28 Pele 0,85 0,84 1,37 1,36 1,04 1,03 2,73 2,73 S. Óssea 0,19 0,24 0,32 0,39 0,25 0,30 0,68 0,82

Observa-se que os valores de dose equivalente na medula óssea, pulmão, esôfago e superfície óssea para a geometria PA são sempre maiores, quando comparados com os valores obtidos para a posição AP, para todos os modelos de aceleradores investigados. Enquanto que para a pele, valores iguais de dose são observados.

Em um tratamento de radioterapia hipotético, onde a dose total para o tratamento completo atinge o valor de 60 Gy, as doses equivalentes em órgãos, devido aos fotonêutrons gerados no cabeçote do acelerador de 18 MV, podem apresentar variações entre 6,6 mSv a 422 mSv, para a projeção AP.

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Na tabela 3, são apresentados, para efeitos de comparação, os valores de dose equivalente devido a fotonêutrons em órgãos calculados com o MCNP para frações diárias de dose de fótons de 2 Gy, projeção AP, e os obtidos experimentalmente por Vanhavere et al(14), para o acelerador Varian Modelo 1800 que opera no potencial de 18 MV.

Tabela 3 – Valores de dose de equivalente nêutrons em órgãos (mSv) para frações diárias de dose de 2 Gy de fótons, calculados no presente trabalho e existentes na

literatura, para um acelerador de 18 MV. Órgãos Fantoma Alderson Rando IMRT(14) Fantoma Plexiglass IMRT(14) Fantoma Plexiglass 10 x 10 cm2 (14) Presente Trabalho Gônadas 10 14 5,8 14 M. Óssea 1,4 - - 0,56 Pulmão 1,6 0,5 0,4 0,82 Estômago 7,0 1,8 1,2 2,58 Fígado 4,0 1,1 0,8 1,44 Esôfago 1,0 0,4 0,2 0,22 Tireóide 4,2 1,2 0,8 1,48 Pele 5,5 3,3 2,2 2,74 S. Óssea - - - 0,64

Pode ser observado que os valores de doses equivalentes obtidos no presente trabalho estão na mesma ordem de grandeza, portanto coerentes com aqueles determinados por Vanhavere

et al(14). Estes resultados mostram, de modo global, que a metodologia adotada para o cálculo de dose usando o código MCNP foi adequada.

4. CONCLUSÕES

Com a metodologia adotada foi possível se determinar valores de dose de nêutrons em órgãos de pacientes submetidos a tratamentos radioterápicos e os resultados poderão ser utilizados para estimar o risco de surgimento de tumores secundários causados por nêutrons que contaminam o feixe terapêutico.

A partir da análise da tabela 2, conclui-se que a dose de nêutrons em órgãos não depende apenas do aumento do potencial do acelerador linear de uso médico, mas, também, dos valores da intensidade de nêutrons produzidos no cabeçote (Q).

Como pode ser visto na tabela 3, os resultados de dose equivalente em órgãos devido aos fotonêutrons gerados no cabeçote de um acelerador de 18 MV obtidos no presente trabalho, estão na mesma ordem de grandeza com os recentes resultados publicados na literatura sobre o assunto. Esses resultados confirmam, de modo global, a metodologia de cálculo adotada, e atestam a adequação dos espectros de nêutrons utilizados para a computação de doses equivalentes em órgãos de pacientes.

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REFERÊNCIAS

1. Briesmeister, J. F., MCNP – A General Monte Carlo N-Particle Transport Code, Version

4B. Los Alamos, NM: Los Alamos National Laboratory; LA – 12625-M, March (1997).

2. National Council on Radiation Protection and Measurements, Neutron contamination

from medical accelerators, Bethesda, MD: NCRP Report nº 79 (1984).

3. Tosi,G., Torresin, A., Agosteo, S., Folgio Para, A., Sangiust, V., Zeni, L., Silari, M., “Neutron measurements around medical electron accelerators by active and passive detection techniques”, Med. Phys., 18(1), pp. 54-60 (1991).

4. McGinley, P. H. “Shielding techniques for radiation oncology facilities”, Med. Phys.

Publishing, Madison, Wiscon Sin (1998).

5. Agosteo, S., Foglio Para, A., Maggioni, B., “Neutron fluxes in radiotherapy rooms”, Med.

Phys., 20(2), pp. 407-414 (1993).

6. Carinou, E., Kamenopoulou, V., “Evaluation of neutron dose in the maze on medical accelerators”, Med. Phys., 26(12), pp.2520-2525 (1999).

7. Barquero, R., Mendez, R., Vega-Carrilo, H.R., Iniguez, M. P., Edwards, T.M., “Neutron spectra and dosimetry features around an 18 MV linac accelerators”, Health Physics,

88(1), pp.48-58 (2005).

8. Snyder, W. S., Ford, M. R., Warner, G.. G., Watson, S. B., A tabulation of dose equivalent

per microcurie-day for source and target organs of an adult for various radionuclides: part I, Oak Ridge National Laboratory Report ORNL-5000 (1974)

9. M.Cristy., Mathematical phantoms representing children of various ages for use in

estimates of internal dose, U.S. Nuclear Regulatory Commission Report

NUREG/CR-1159 (Also Oak Ridge National Laboratory Report ORNL/NUREG/TM-367) (1980). 10. Kenneth, A. Van Riper, BodyBuilder user´s guide, White Rock Science. Los Alamos, NM

87544, USA (2002).

11. Facure, A., Falção, R.C., Silva, A.X. da, Crispim, V.R., Vitorelli, J.C., “A study of neutron spectra from medical linear accelerators”, Applied Radiation and Isotopes,

vol.62, pp.69-72 (2005).

12. International Commission on Radiological Protection, Conversion coefficients for use in

radiological protection against external radiation. ICRP Publication 74, New York,

Pergamon Press, USA (1995).

13. International Commission on Radiological Protection, Recommendations of the

international commission on radiological protection. ICRP Publication 60, New York,

Pergamon Press, USA (1991).

14. Vanhavere, F., Huyskens, D., Struelens, L., “Peripheral neutron and gamma doses in radiotherapy with an 18 MV linear accelerator”, Radiation Protection Dosimetry, vol.110

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